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GESTAO DE CUSTOS Nesta vida estamos sempre em busca de crescimento, não é mesmo? E por vezes nos sentimos podados por um único motivo: dinheiro! Se desejarmos um crescimento profissional, por exemplo, precisaremos investir em cursos e treinamentos. Aliás, se você não nasceu em um berço de ouro, é bem provável que boa parte das preocupações e aflições da vida esteja diretamente relacionada aos custos, não é verdade? Em todas as atividades que realizamos sempre haverá um custo associado. Em projetos não é diferente! Tanto que custo é considerado um dos pilares de sustentação de um projeto. Se ao definir o nosso escopo do projeto desejarmos uma alta qualidade, isto quer dizer que precisaremos investir um pouco mais, teremos um pouco mais de custos. Se desejarmos terminar o projeto o mais rápido possível, precisaremos de muito mais recursos disponíveis, o que envolve um custo maior também. Toda atividade a ser realizada normalmente precisará de recursos (mão-de- obra, suprimentos, equipamentos etc.) e estes geram custos. Se custos tem tamanho impacto em um projeto, sem dúvida nenhuma, é preciso gerenciá-lo! O objetivo do gerenciamento dos custos é “garantir que o capital disponível será suficiente para obter todos os recursos para se realizarem os trabalhos do projeto” (VARGAS, 2009, p. 68). Aqui estamos falando de custos fixos, custos variáveis, custos diretos e custos indiretos. Vamos recordar um pouco estes custos: TIPOS DE CUSTOS Variáveis São custos que irão variar conforme a quantidade de trabalho ou produção. Fixos São custos que NÃO irão variar conforme a quantidade de trabalho ou produção. Diretos São os custos atribuídos diretamente ao trabalho do projeto. Indiretos São as despesas gerais e/ou custos que irão beneficiar um ou mais projetos. Isto quer dizer que poderemos ter custos de materiais, mão-de-obra, luz, aluguel do imóvel, serviço de limpeza, material de escritório, viagens, compras de materiais do projeto etc. São vários os custos que podem ser encontrados nos projetos. Por este motivo a gestão de custos é considerada uma área interativa, já que todas as atividades possuem custos a ela associados. A gestão dos custos, por sua natureza, é uma das áreas mais ativas do projeto, tendo origem na própria fase de iniciação, quando os custos totais do projeto são estimados, e terminando apenas nos últimos momentos da fase de encerramento” VALERIANO (2005, P. 187) Na fase de iniciação será preciso desenvolver o termo de abertura do projeto e um escopo preliminar, já nesta fase será preciso, portanto, ter uma noção do montante a ser despendido no projeto. Na fase de encerramento, será preciso verificar se todas as obrigações contratuais com os fornecedores foram cumpridas e os pagamentos realizados. Ao longo do ciclo de vida de um projeto podemos visualizar duas situações: a possibilidade de reduzir custos e os custos de modificação durante o projeto. O gráfico abaixo apresenta estas situações. Como pode ser observado no gráfico, na fase de iniciação (concepção do projeto) ainda existe uma alta possibilidade de redução dos custos do projeto, mas esta possibilidade vai caindo à medida que o projeto é desenvolvido. Da mesma forma, na fase de iniciação não há muitos custos de modificação no projeto, mas se o processo começar a ser desenvolvido este custo irá aumentar significativamente. Por este motivo projetos precisam ser gerenciados apropriadamente desde o seu início, de forma a minimizar solicitações de mudanças, o que geraria altos custos para o mesmo. Para Vargas (2009, p. 69), falhas no gerenciamento de custos podem ser atribuídas a elementos externos, tais como: • Interpretação errada do trabalho a ser realizado; • Omissão na definição do escopo do trabalho; • Cronograma pobremente definido ou excessivamente otimista; • Fracasso na avaliação de riscos; • Estrutura analítica do projeto mal definida; • Parâmetros de qualidade mal estabelecidos; • Fracasso na estimativa dos custos indiretos e administrativos do projeto. Podemos perceber que o sucesso da gestão dos custos está diretamente relacionado à correta gestão do escopo, dos riscos, da qualidade e do tempo. Para todas estas gestões o guia PMBOK sugere um conjunto de processos que busca manter uma correta gestão dessas áreas de conhecimento. A mesma coisa ocorre na gestão dos custos. O guia PMBOK (2013, p. 193) traz um conjunto de processos que tem por objetivo incluir processos de “planejamento, estimativas, orçamentos, financiamentos, gerenciamento e controle dos custos, de modo que o projeto possa ser terminado dentro do orçamento aprovado”. Planejar o gerenciamento dos custos Para gerir eficientemente os custos é preciso que o escopo do projeto, desde seu início, esteja bem definido. Isto quer dizer que todo o trabalho do projeto, e somente ele, está determinado no escopo. E este permitiu a construção de uma estrutura analítica do projeto (EAP) que dará toda a base para determinar as atividades a serem desenvolvidas e planejar os custos associados a cada uma destas. O processo de planejar o gerenciamento dos custos tem como principal benefício “o fornecimento de orientação e instruções sobre como os custos do projeto serão gerenciados ao longo de todo o projeto” (PMBOK, 2013, p. 195). O plano de gerenciamento de custos deve incluir os seguintes elementos: Unidades de medida Cada unidade usada em medições (como horas e dias de pessoal ou semanas para medidas de tempo, ou metros, litros, toneladas, quilômetros ou jardas cúbicas para medidas de quantidade, ou importância global em forma de moeda) é definida para cada um dos recursos. Nível de precisão O grau em que as estimativas dos custos das atividades serão arredondadas para cima ou para baixo (Exemplo, US$100.49 para US$100, ou US$995.59 para US$1,000), com base no escopo das atividades e magnitude do projeto. Nível de exatidão A faixa aceitável (Exemplo, ±10%) usada na determinação das estimativas realísticas de duração das atividades é especificada e pode incluir uma quantidade para contingências. Associações com procedimentos organizacionais A estrutura analítica do projeto (EAP) fornece a estrutura para o plano de gerenciamento dos custos, permitindo a consistência nas estimativas, orçamentos e controle de custos. O componente da EAP usado para a contabilidade de custos do projeto é chamado de conta de controle. Cada conta de controle recebe um código único ou número(s) de conta que se conecta(m) diretamente ao sistema de contabilidade da organização executora. Limites de controle Limites de variação para monitoramento do desempenho de custo podem ser especificados para indicar uma quantidade de variação combinada a ser permitida antes que alguma ação seja necessária. Normalmente os limites são expressos como percentagem de desvio da linha de base do plano. Regras para medição do desempenho As regras para medição do desempenho do gerenciamento do valor agregado (EVM em inglês) são estabelecidas. Por exemplo, o plano de gerenciamento dos custos pode: 1) Definir os pontos na EAP onde as medidas das contas de controle serão feitas; 2) Estabelecer as técnicas de medição do valor agregado (por exemplo, marcos ponderados, fórmula fixa, percentagem completa, etc.) a serem empregadas; e 3) Especificar as metodologias de acompanhamento e as equações computacionais de gerenciamento do valor agregado para o cálculo do gerenciamento do valor agregado para determinar as previsões projetadas da estimativa no término (ENT) para fornecer uma verificação de validade da estimativa “bottom-up” de cálculo da ENT. Formatos de relatórios Os formatos e frequências para vários relatórios de custos são definidos. Descrições dos processos As descrições de cada um dos outros processos de gerenciamento dos custos são documentadas. Detalhes adicionais Os detalhes adicionais sobre as atividades de gerenciamento dos custos incluem, mas não estãolimitados, a descrição de escolhas de financiamento estratégicas, procedimento para considerar flutuações nas taxas de câmbio, e procedimento para registro dos custos do projeto. O plano de gerenciamento de custos deverá fazer parte ou ser um plano auxiliar do plano de gerenciamento do projeto. Vargas (2009, p. 72) ainda diz que no plano de gerenciamento de custos deve estar documentado: • Título do projeto; • Nome da pessoa que elaborou o documento; • Descritivo dos processos de gerenciamento de custos (regras gerais); • Descrição das reservas gerenciais e da autonomia em sua utilização; • Sistema de controle de mudanças de prazos (Time Change Control System); • Frequência de avaliação do orçamento do projeto e das reservas gerenciais; • Alocação financeira das mudanças no orçamento; • Nome do responsável pelo plano; • Frequência de atualização do plano de gerenciamento de custos; • Outros assuntos relacionados ao gerenciamento de custos não previstos no plano; • Registro de alterações no documento; • Aprovações. ESTIMAR OS CUSTOS Os recursos monetários necessários para executar as atividades do projeto precisam ser estimados. Assim é importante neste processo estimar os custos de todas as atividades. “O principal benefício deste processo é a definição dos custos exigidos para concluir os trabalhos do projeto” (PMBOK, 2013, p. 200). Ao estimar os custos será preciso considerar as informações disponíveis no plano de gerenciamento dos custos, no plano de gerenciamento dos recursos humanos, na linha de base do escopo, no cronograma do projeto, no registro dos riscos, nos fatores ambientais da empresa e nos ativos de processos organizacionais. Ao estimar os custos podemos utilizar a EAP e o gráfico de Gantt. A EPA fornecerá os pacotes de serviços que deverão ser entregues no projeto e por meio destes serão estimadas uma lista de atividades e seus respectivos tempos de duração e recursos necessários para o seu desenvolvimento, o que possibilitará montar um cronograma, que poderá ser elaborado em forma de gráfico de Gantt. Segundo Carvalho (2015, p. 177) neste processo deverá ser estimado o custo de todos os recursos, considerando: • Pessoas contratadas pela empresa; • Materiais a serem utilizados; • Fornecedores terceirizados ou consultores contratados; • Máquinas e equipamentos a serem adquiridos ou alugados; • Viagens a serem realizadas. As estimativas de custos serão parte essencial para a elaboração do orçamento do projeto e podem ser normalmente realizadas das seguintes formas: 1. Estimativa top-down – Geralmente mais rápida e menos dispendiosa, a estimativa top-down ou análoga de custos “usa os valores como escopo, custo, orçamento e duração ou medidas de escala como tamanho, peso e complexidade de um projeto anterior semelhante como base para estimar o mesmo parâmetro ou medida para o projeto atual” (PMBOK, 2013, p. 204). 2. Estimativa bottom-down – é um método para estimar um componente do trabalho. “O custo de pacotes de trabalho individuais ou atividades é estimado com o maior nível de detalhes especificados. O custo detalhado é então resumido ou repassado para níveis mais altos para ser utilizado em subsequentes relatórios e rastreamento. O custo e a precisão da estimativa de custos "bottom-up" geralmente são influenciados pelo tamanho ou complexidade da atividade individual ou pacote de trabalho” (PMBOK, 2013, p. 205). O quadro abaixo apresenta as principais vantagens e os pontos de atenção de cada um destes métodos. Método Vantagens Pontos de Atenção Estimativa top-down - É mais fácil e rápido trabalhar com estimativas a partir de projetos anteriores, assim o esforço para obter os valores estimados são menores. - É utilizado um menor nível de detalhamento, que facilita um melhor entendimento do projeto como um todo, ao focar nas informações essenciais e básicas do projeto. - Apresenta um panorama geral dos custos do projeto, fornecendo aos gestores uma visão mais abrangente dos níveis de expectativa das partes interessadas. - Pode oferecer menor precisão, devido ao fato de considerar dados de projetos anteriores, nos quais as premissas são diferentes. - É possível que as estimativas sejam preparadas com informações ou entendimento limitados, resultando em valores pouco precisos. - Há maior dificuldade em entender os custos do projeto quando as incertezas são elevadas ou as estimativas requerem conhecimentos dificilmente acessíveis para entendimento de como o projeto deve ser conduzido e realizado de maneira adequada. Estimativa Bottom- down - Pode oferecer maior precisão ao desenvolver o custo a partir do valor referente a cada recurso das atividades. - É baseado em uma análise detalhada do projeto, fornecendo maior precisão às estimativas de custos. - Há a necessidade de engajamento e interação da equipe do projeto para que os custos dos recursos das atividades sejam estimados de acordo com a realidade. - O detalhamento do custo por recurso das atividades aproxima o gerenciamento dos custos ao gerenciamento do tempo, facilitando o monitoramento e o controle do projeto. - Uma vez que apresenta maior precisão, é um método que requer maiores esforços de tempo, custo, recursos e pessoas para desenvolvimento das estimativas. - Depende do entendimento claro e detalhado do escopo do projeto (o que muitas vezes não ocorre). - A partir do momento em que os recursos são previstos individualmente, há um máximo nível de detalhamento, podendo haver superdimensionamento das estimativas. - Existe uma tendência a colocar valores com margens de segurança para cada recurso da atividade. E quando somados, esses valores podem inflar as reais necessidades do projeto. Precisamos ainda lembrar que: As taxas de custos dos recursos e serviços são outras informações que devem ser conhecidas ou identificadas e avaliadas. Elas indicam os custos por unidade de tempo de determinados profissionais (hora de torneiro de precisão, de analista sênior etc.), de serviços ou de uso de determinado equipamento (hora de computador, por exemplo), o custo de unidade de material (peso, volume, área, comprimento etc.), dentre outras coisas. Na falta dos valores reais, são empregadas estimativas, o que introduz os riscos. Devem ser consideradas taxas de inflação, variações cambiais, manutenção, seguro etc. sempre que aplicáveis.” VALERIANO (2005, P. 189) Tendo as estimativas de custos poderemos passar para o próximo processo, a orçamentação. DETERMINAR O ORÇAMENTO No processo determinar o orçamento é colocado as estimativas de custos para cada uma das atividades ou nos pacotes de trabalhos, individualmente. “O principal benefício deste processo é a determinação da linha de base dos custos para o monitoramento e controle do desempenho do projeto” (PMBOK, 2015, p. 207). A linha de base dos custos é um orçamento divido em fases, que segundo Muto e Taveira (2008, p. 175), “contém a estimativa do montante a ser gasto por período, sendo exibida, geralmente através de uma curva S. É usada para medir, controlar e monitorar os custos gerais do projeto”. A figura abaixo representa a linha de base de custos, gastos e requisitos de recursos financeiros. Como pode ser observado na figura, o orçamento do projeto deve considerar um reserva gerencial. Como todo projeto envolve riscos, é importante identificar e aprovar medidas como respostas contingentes ou mitigadores destes riscos, e essas podem envolver custos. Dessa forma, ao incluir esta reserva contingencial (reserva gerencial) na linha de base do orçamento, estaremos nos precavendo financeiramente para os riscos do projeto. CONTROLAR OS CUSTOS O monitoramento e controle do projeto será realizado por meio do processo controlar os custos. Aqui, toda e qualquer modificação necessária na linha de base dos custos serão analisadas e serão feitas as devidas atualizações por meiodo gerenciamento de mudanças. “O principal benefício deste processo é fornecer os meios de se reconhecer a variação do planejado a fim de tomar medidas corretivas e preventivas, minimizando assim o risco” (PMBOK, 2013, p. 214). O sistema de controle dos custos, segundo Valeriano (2005, p. 191), consiste em: • Acompanhar a evolução dos custos no projeto; • Levantar e medir os desvios em relação ao previsto nas linhas de base; • Prevenir alterações nas linhas de base sem as devidas autorizações; • Efetuar as correções e as alterações necessárias conforme plano da gestão dos custos; e • Informar as alterações formais às partes interessadas. Para o guia PMBOK (2013, p. 215), o controle dos custos inclui: • Influenciar os fatores que criam mudanças na linha de base de custos autorizada; • Assegurar que todas as solicitações de mudança sejam feitas de maneira oportuna; • Gerenciar as mudanças reais quando e conforme elas ocorrem; • Assegurar que os desembolsos de custos não excedam os recursos financeiros autorizados por período, por componente de EAP, por atividade, e no total do projeto; • Monitorar o desempenho de custos para isolar e entender as variações a partir da linha de base de custos aprovada; • Monitorar o desempenho do trabalho em relação aos recursos financeiros gastos; • Evitar que mudanças não aprovadas sejam incluídas no relato do custo ou do uso de recursos; • Informar as partes interessadas apropriadas a respeito de todas as mudanças aprovadas e custos associados; e • Levar os excessos de custos não previstos para dentro dos limites aceitáveis. Segundo Carvalho (2015, p. 185), um dos principais métodos usados para o controle do custo é o AVA (Análise do Valor Agregado), que ajudará a equipe de gerenciamento a avaliar e medir o desempenho do projeto em três métricas: valor planejado –VP (“conjunto de valores monetários que foram definidos e aprovados no orçamento do projeto”), valor agregado – VA (“conjunto de valores monetários equivalentes ao que realmente foi realizado no período de tempo e do escopo determinados, sendo medido na execução do projeto”) e custo real –CR (“todo e qualquer custo real necessário para a realização do valor agregado na execução do projeto”). Vimos então que, para manter uma gestão de custo será preciso estimar os custos, determinar o orçamento e controlar os custos. Todos os detalhes relacionados a esta gestão estarão no plano de gerenciamento dos custos. Mas, para realizar a correta gestão dos custos, Vargas (2009, p. 71), ressalta a importância de prestar atenção aos seguintes fatores: • Em projetos sob contrato, é importante diferenciar estimativas de custos de precificação: custos são resultantes das necessidades de recursos etc do projeto, enquanto o preço é uma decisão de estratégia de negócio da organização; Qualquer estimativa de custos deve vir acompanhada por sua memória de cálculo; • Bancos de dados comerciais sempre podem ser utilizados na estimativa de recursos e custos, bem como registros obtidos em projetos anteriores; • Muitas empresas patrocinam seus projetos, mesmo com os custos não sendo recuperados, porque têm interesse em atingir uma meta de longo prazo para a organização. Dessa forma estaremos melhor preparados para realizar a gestão dos custos de um projeto.
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