Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA 1 GERENCIAMENTO DE CUSTOS EM PROJETOS Prof. David Ascher 02 CONVERSA INICIAL Por que o controle de custos é tão importante para um projeto? A resposta parece meio óbvia: “Porque temos recursos escassos e necessidades infinitas”. Isso está correto, mas não é o mais relevante. Vejam nosso primeiro vídeo e reflitam um pouco sobre a importância do gerenciamento de projetos. Este gerenciamento de custos em projetos não se resume a um controle entre valores previstos e valores gastos; ele assume uma posição importante em todas as etapas do projeto, desde seu desenho inicial até depois da entrega final. Em alguns casos é comum que projetos sejam interrompidos por conta de falhas na definição e controle de seus custos. Como coloca Kerzner (2011), empresas menores podem sofrem ainda mais devido a um projeto fracassado, colocando toda a empresa em risco. Dessa forma, o gerenciamento de custos em projetos não deve ser um processo somente para grandes empresas; deve ser objeto de estudo e análise de qualquer organização. Assim, o que veremos nesta matéria será de extremo valor. Mesmo que você não esteja alocado no controle de custos de seu projeto, as preocupações, as metodologias e os processos aqui mostrados também se aplicam e devem ser seguidos e compreendidos por todos os stakeholders de um projeto bem gerenciado. CONTEXTUALIZANDO Você já se imaginou como um gerente de custos de um projeto ou como um cost manager? E qual a primeira coisa que você precisaria saber para fazer o planejamento e o controle dos custos? Não se pode negar que estamos falando de um conjunto grande de informações, e isso exigirá um esforço não somente do gerente de custos, mas de todos os demais envolvidos para que o levantamento, a análise e o controle de custos do projeto possam acontecer como definido e esperado. Os demais participantes do projeto devem ter consciência de que precisam passar todas as informações possíveis para que não haja viés no tratamento dos custos durante o planejamento, e seu papel, como cost manager, será o de construir a estrutura e os modelos (inputs) para controlar e informar corretamente 03 todos sobre como está o uso de recursos deste projeto por meio de um plano de gerenciamento de custos de projeto1. TEMA 1 – INTRODUÇÃO O que as empresas demandam em um gerenciamento de custos de projeto? Segundo Souza e Clemente (2011, p. 1), “Cabe aos gestores tomarem as decisões para a criação de valor para a empresa”. Nesta linha, o princípio de qualquer decisão, incluindo a decisão de fazer ou não um projeto, deve seguir este mesmo conceito: o de criar o valor da empresa. Saiba mais Criação de valor tem vários significados dependendo da área de atuação. Em uma visão financeira, seria trazer resultados (receitas) superiores aos gastos e investimentos feitos. Para mais informações, veja esta interessante matéria sobre criação de valor: <http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/criacao- de-valor-por-empresas-brasileiras/65355/>. 1.1 Por que o gerenciamento de custos é importante em um projeto? Em todo o processo de gerenciamento de projetos é necessário um gerenciamento de custos eficiente. Assim, quem está planejando e controlando os custos deve estar bem alinhado com o gestor do projeto, ou o PMO (Project Manager Officer), acompanhando de perto alterações e decisões do dia a dia. Qualquer decisão – seja de redução de escopo, aumento, mudança de quadro, atraso, antecipação de entrega ou qualquer outra – tem impacto direto nos custos do projeto. O PMI2 (2013, p. 193) fala da importância desse processo ao apontar “que o gerenciamento de custos em projetos inclui processos de planejamento, estimativas, orçamento, financiamento, gerenciamento e controle de custos para que um projeto possa ser finalizado dentro da expectativa de gastos inicialmente prevista”. A Figura 1 mostra uma visão geral de um projeto no modelo do PMI 2013: 1 Ver Guia PMI (2013), cap. 7: “Gerenciamento de custos de projeto”. 2 O livro do PMI – o Guia PMBOK 2013, 5a ed. – foi utilizado como referência para esta aula. http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/criacao-de-valor-por-empresas-brasileiras/65355/ http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/criacao-de-valor-por-empresas-brasileiras/65355/ Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 04 Figura 1 – Ciclo do gerenciamento de custos de projetos Kerzner (2011) ainda define que o objetivo do controle de custos não é apenas de monitorar e registrar variações, e sim de avaliar e propor ações corretivas evitando que o projeto se torne inviável ou fora de controle. 1.2 O que precisamos para um bom gerenciamento de custos Segundo Kerzner (2011, p. 391) o processo de controle de custos implica o bom gerenciamento dos custos, que deve incluir, entre outras coisas: A estimativa dos custos. A contabilidade de custos. O fluxo de caixa do projeto. O fluxo de caixa da empresa. O custeio de mão de obra. O custo da taxa de overhead. Outras táticas, como incentivos, penalizações e participação nos resultados. O gerenciamento de custos em projetos está presente em todas as fases de um projeto, do planejamento ao relatório final. Assim, ele deve começar com a própria concepção do projeto, no início de seu ciclo de planejamento, indo até o final do ciclo operacional do projeto. Assim, “é comum que o ciclo de planejamento seja chamado de planejamento e controle e o ciclo operacional seja chamado de custo e controle” (Kerzner, 2011, p. 391, grifo nosso). O correto emprego de recursos se dá principalmente porque os custos de hoje são, na sua maioria, consequências de decisões de investimentos tomadas no passado (Souza e Clemente, 2011, p.15), e por isso não podem ser alterados, 1 Planejar 2 Estimar3 Orçar 4 Controlar Candido Marcelo Realce 05 apenas aceitos e analisados. Dessa forma, o correto dimensionamento de custos antes de iniciar um projeto é um dos fatores mais importantes no seu início. Fazer planejamento de custos e suas estimativas não é uma tarefa fácil. Mudanças no mercado, no escopo do projeto, atrasos e outros problemas que alteram de uma maneira ou de outra a rotina de um projeto quase sempre alteram também seus custos. O tamanho desses desvios dependerá da capacidade de os gestores do projeto dimensionarem corretamente os recursos necessários, quantificá-los financeiramente e, em um segundo momento, controlá-los de forma clara e objetiva. Em muitos casos, o cumprimento à risca dos custos projetados torna-se um dos principais indicadores para mensuração do sucesso ou fracasso de uma iniciativa dentro de uma organização, sendo inclusive parte de processos de avaliação para bonificação de funcionários. Em resumo, ter um bom controle de custos pode ser bom para a empresa e excelente para quem está realmente preocupado em manter um planejamento assertivo e um controle adequado dos custos de seus projetos. TEMA 2 – A IMPORTÂNCIA DOS CUSTOS DENTRO DO PMBOK O modelo PMBOK não é o único utilizado para gerenciamento de projeto, mas é a referência da metodologia do PMI (Projeto Management Institute), que é quem emite a certificação PMP (Project Management Professional). Assim, ele será sempre referenciado durante nossas aulas, junto a outras obras relevantes dentro de projetos e custos. Se você pretende tirar a certificação PMP3, então esta matéria será um excelente começo para seus estudos. Mesmo que sua empresa ou área não utilize essa metodologia, o uso deste modelo de gerenciamento de custos é extremamente recomendado para criar uma cultura de planejamento e controle de custos em sua organização, o que pode acabar melhorando a estrutura de controle deprojetos como um todo. A Figura 2 apresenta uma estrutura detalhada das quatro etapas do gerenciamento de custos de um projeto dentro do PMI (2013). 3 Para mais informações visite: <https://brasil.pmi.org/brazil/CertificationsAndCredentials/PMP.aspx>. Candido Marcelo Realce 06 Figura 2 – Visão do gerenciamento de custos em projetos Fonte: PMI, 2013 p. 194. Podemos ver que a visão de gerenciamento de custo no PMI (2013) se divide em 4 etapas: Planejamento: quando estabelecemos todos os parâmetros para gestão dos custos em um projeto. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 07 Orçamento: quando apuramos monetariamente os recursos necessários para o projeto. Determinação: quando os custos são organizados e as estimativas se transformam em uma estrutura de custos com recursos físicos e humanos. Controle: quando o monitoramento e as ações de atualização e revisão do orçamento são feitos. Como dito anteriormente, quanto antes os custos forem avaliados, maior é a precisão e a chance de montar corretamente a estrutura de custos. O PMI (2013) também fala que os custos já devem ser verificados nos estágios iniciais do projeto, durante as saídas do escopo inicial4. TEMA 3 – PRINCÍPIOS DO GERENCIAMENTO DE CUSTOS EM PROJETOS Os princípios do gerenciamento de custos em projetos estão diretamente ligados à correta mensuração dos recursos a utilizar, bem como ao cálculo financeiro resultante deste uso. O cálculo de custos de projeto fica complexo na medida em que um projeto necessita de mais recursos. Processos com tamanho e escopo reduzidos podem ser orçados e executados a partir de um processo unificado e utilizando uma pessoa em um tempo relativamente curto (PMI, 2013). Porém, diversos fatores – como complexidade do projeto, tamanho, tempo e risco – pedem por um processo de controle mais amplo e pelo envolvimento de mais recursos para seu controle de custos e estruturação do planejamento. É muito comum que o cálculo dos custos de projetos acabe incluindo ou excluindo custos erroneamente de sua estrutura pelos mais diversos motivos: Falta de informações relevantes sobre os objetivos do projeto. Mensuração incorreta de utilização de recursos (físicos e humanos). Dificuldade em segregar custos da estrutura da organização. Dificuldade em promover rateios. Falta de entendimento do ciclo de vida de um projeto. Inclusão tardia de etapas e eventos fora da linha-mestra do projeto. 4 Além do capitulo 7, alguns detalhes do controle de custos também estão na seção 3, seção 5.3 e no Anexo A1 do PMBOK. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 08 Apesar de ser uma falha grave que pode levar à inviabilidade do projeto, não é comum que equipes de projeto passem por esses problemas. Cabe ao gestor de custos ter a capacidade de saber identificá-los antes do projeto iniciar. Para Barbosa et al. (2012), todo projeto começa a partir de uma definição clara de seu alinhamento com as estratégias da empresa e de sua viabilidade econômico-financeira, salvo quando estamos falando de projetos ditos “mandatórios”, principalmente daqueles com riscos envolvidos. 3.1 Como começar a quantificar o que é e o que não é custo de projeto? Existe um critério bem simples para começar a quantificar o que faz e o que não faz parte do pool de custos de um projeto: o princípio do com ou sem projeto. Esse critério parte do seguinte pressuposto: Quais são as alterações na estrutura de gastos que terei em minha empresa com a execução e a entrega deste projeto? Exemplo: se nossa empresa tem 5 fornos industriais e, devido ao projeto em questão, teremos de comprar mais 2 fornos, o projeto deve não somente incluir os custos de compra dos dois fornos, mas também os custos de reformas das instalações, aumento no consumo de gás, contratação de mão de obra adicional para operar os fornos etc. Esse processo simples funciona muito bem em empresas pequenas e em pequenos projetos nos quais a complexidade é bem baixa e os custos fáceis de auferir. Em grandes corporações, em que há alocações de recursos, rateio e alocação de horas de pessoal, esse processo se torna mais difícil. Nesse caso, é aconselhável fazer um alinhamento com cada área afetada e verificar quais os recursos adicionais a fim de fazer o projeto e manter a operação pós-entrega. 3.2 Ciclo de vida do projeto Segundo Barbosa et al. (2012 p. 25), “O ciclo de vida de um projeto é o intervalo que engloba desde seu início até seu encerramento”. O tamanho e a quantidade de fases de um projeto dependem da estrutura, do tipo e do tamanho tanto da empresa quanto do próprio projeto. Normalmente, o ciclo de vida básico de um projeto é composto de 4 fases: 1. Início do projeto; 2. Organização; 3. Execução do projeto; Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 09 4. Encerramento A Figura 3 trata de um gráfico mostrando o ciclo de vida de um projeto. A linha tracejada representa o esforço de pessoas e os custos no projeto. Como falamos anteriormente, mesmo no início do projeto já existem alocações de custos e de pessoas que precisam ser devidamente apuradas e inseridas no planejamento de custos do projeto. Figura 3 – Ciclo de vida de um projeto Fonte: Grisa (2016). Além disso, o início de um projeto pode ser diferente dependendo de quando a empresa entende que ele começa. Exemplo: em uma empresa de marketing, o ciclo de vida pode começar durante a concepção inicial do projeto, ainda em sua fase inventiva. Em uma indústria, pode iniciar depois de seu escopo inicial ser aprovado por um comitê. Em ambos os exemplos é importante ter muito claro este início, pois é a partir dele que os custos passam a ser contados. TEMA 4 – PLANEJAMENTO DE CUSTOS Todo projeto deve ter um plano de gerenciamento de custos. O Guia PMI (2013) aponta que o processo de gerenciamento de projetos deve estabelecer todas as políticas e a documentação para o planejamento e a gestão dos custos, investimentos e despesas de um projeto. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 010 4.1. Quais os insumos para o planejamento de custos de um projeto? O planejamento de custos deve ter início a partir não somente de informações do projeto, mas da empresa e do mercado. Dentro desse espectro, quatro informações são essenciais para iniciarmos a construção do plano de gerenciamento de custos (Item 7.1 do PMI): Plano de gerenciamento de projetos; Termo de abertura de projeto; Fatores ambientais da empresa; Ativos de processos organizacionais; Vale lembrar que, em empresas cada vez mais enxutas e eficientes, todo o tempo de seus colaboradores é exigido para alguma atividade. Assim, se achamos que recursos cedidos para a descrição inicial de um projeto não precisam ser quantificados financeiramente, este projeto já começa com um custo defasado. E mais: conforme a complexidade do projeto aumenta, o tempo e o esforço necessários para o desenho deste projeto e de sua estrutura de custos aumentam na mesma magnitude. O que acaba criando um outro desafio ao planejamento de custos: a alocação prévia de recursos em projetos que ainda estão sendo desenhados! Isso parece estranho, mas empresas que trabalham com muitos projetos já devem dimensionar suas equipes durante o desenho do orçamento do próximo ano. Assim, em muitas delas é preciso haver o conhecimento prévio das iniciativas do próximo ano para que uma alocação prévia de recursos seja feita e não falte mão de obra não somente para executar o projeto, mas também para controlá-lo. 4.2 Do que precisamospara realizar o planejamento de custos de um projeto? Inicialmente, é preciso colher informações sobre os históricos de projetos e custos da empresa – neste caso, a opinião especializada dos gestores das áreas envolvidas no projeto pode dar as informações necessárias para seu planejamento. As formas de financiamento também devem ser avaliadas, pois os custos dessas opções de financiamentos também devem fazer parte do planejamento de custos. Como o próprio PMI (2013) aponta, decisões financeiras podem afetar tanto o cronograma quanto o tamanho do risco do projeto. Assim, a utilização de Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 011 técnicas analíticas pode incluir várias análises de cunho econômico-financeiro, como: Fluxo de caixa descontado (FCD ou DCF); Taxa interna de retorno (TIR ou IRR); Retorno sobre investimento (RSI ou ROI); Payback e payback descontado; Valor presente líquido (VPL ou NPV). Por último, é necessário realizar reuniões com a equipe de projeto a fim de definir quais serão os critérios básicos para planejamento e controle. Ainda segundo o PMI (2013), o patrocinador do projeto, demais stakeholders interessados e o responsável pelo controle de custos do projeto devem estar presentes nessa reunião. Nesse momento será feito o esboço do plano de gerenciamento e custos, definindo quais serão as métricas de análise e controle. 4.3 O que devemos entregar no planejamento financeiro? A entrega de um planejamento financeiro de custos deve envolver clareza e principalmente método, alinhados com as possibilidades e limites de controle e informação da empresa. O plano de gerenciamento de custos deve ser feito com muito rigor dentro de alguns limites e métricas que irão nortear o processo de controle e manutenção deste plano até o final do projeto. Para o PMI (2013), esses limites estão definidos em 6 critérios: Unidade de medida: todas as unidades devem estar claras e bem definidas para cada um dos recursos utilizados (horas, dias, litros, metros). Nível de precisão: devemos ter consciência de que trabalhar com números muito quebrados pode se tornar um problema grande na hora de controlar custos. Por isso, utilizamos um nível de precisão adequado ao projeto e aos recursos. Exemplo: 1 tonelada do produto à custa de 10.587,00 arredonda-se para 10.600,00. Lembrem de que o arredondamento ajuda os stakeholders a memorizarem os números com mais facilidade para o dia a dia. Nível de exatidão: nenhum planejamento irá acertar “na mosca” o uso de recursos de um projeto; assim, deve definir um limite mínimo e máximo aceitável para variação das estimativas de uso de recurso, como, por Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 012 exemplo, ±5% de utilização da capacidade de produção de um determinado equipamento. Associações com procedimentos organizacionais: com certeza, você deve ter estudado nas matérias anteriores sobre como criar uma estrutura analítica do projeto (EAP)5. Pois bem, essa estrutura será o molde do seu plano de gerenciamento de projetos. É importante deixar claro que essa estrutura de controle e seus subitens devem estar alinhados com as contas do sistema de contabilidade da empresa. Se isso não ocorre, é praticamente impossível controlar os custos de um projeto6. Limites de controle: os limites são definidos como uma forma de alerta para os custos do projeto – é uma linha de gastos que limita os desvios do que foi planejado. Quando essa linha é ultrapassada, o plano normalmente é revisto. Regras para medição de desempenho: muitas empresas utilizam o controle de custos como ferramenta de medição de sucesso de um projeto. Uma forma de medir esse desempenho é a partir do gerenciamento do valor agregado do projeto7 (GVA ou EVM). Essas métricas devem ser desenhadas e bem especificadas sempre no início do projeto para evitar qualquer tipo de contestação futura dos executores. TEMA 5 – SISTEMAS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE Uma visão sistêmica de gerenciamento de custos em projeto permitirá à empresa ter uma administração mais alinhada e permitir o alcance de seus objetivos. Segundo Kerzner (2011), um sistema de planejamento e controle de custos deve promover informações que: Sejam práticas para os gestores do projeto; Mostrem um quadro real do projeto; Informem corretamente o desempenho dos custos; Identifiquem riscos e desvios em relação ao planejamento; 5 Assista a este vídeo no Youtube para que você possa entender a importância de definir bem o escopo do projeto: <https://www.youtube.com/watch?v=vh7LJzRK-ws>. 6 Normalmente, definem-se códigos de conta dentro das chamadas “contas de controle”. Cada conta de controle tem um código único que conversa com a contabilidade. Um projeto pode ter uma ou várias contas de controle dependendo de sua complexidade. 7 Veremos com mais detalhes isso nas próximas aulas, mas deixamos aqui um link bem interessante com excelentes exemplos: <http://blog.mundopm.com.br/2013/09/12/gestao-do- valor-agregado-parte1/>. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 013 Sejam claras na definição de pontos de controle e principalmente, que sejam auditáveis. Para isso, um sistema de planejamento e controle deve ser dividido em fases dentro dos ciclos de planejamento e de operacional para que as informações estejam completamente alinhadas com os critérios básicos de mensuração, controle e auditoria. A Figura 4 mostra cada uma das fases que devem ser seguidas para um sistema de gestão de custos em projetos. Figura 4 – Fases de um sistema de controle e gestão de custos em projetos Fonte: adaptado de Kerzner (2011). FINALIZANDO Nesta primeira aula tivemos um contato inicial com a estrutura básica de um gerenciamento de custos em projeto. Vimos também sobre como começar um planejamento de custos em um projeto, analisando que esse processo de planejamento começa antes mesmo do próprio projeto, junto com as definições de seu escopo e objetivo. Agora, você, gestor de custos, já sabe por onde começar seu planejamento. Siga as orientações e modelos aqui descritos e, primeiramente, preocupe-se em entender perfeitamente o projeto antes de começar a estimar valores, pois a fase de planejamento é que irá ditar o ritmo e os limites do controle de custos. É importante mencionar que a tarefa de planejamento exige esforço, mas as tarefas de estimar custos e controlá-los são as que demandam maior esforço do gerente – e esse esforço será ainda maior se o planejamento não for realizado de maneira correta, ou se estiver incompleto. Por fim, indicamos um vídeo do Youtube que traz mais informações sobre este nosso assunto e um exemplo de planilha de custos de projetos de um edital público. Veremos ao longo de nosso curso que, apesar de haver vários modelos de planilhas e controle de custos, o que muda é somente o visual, pois o conteúdo Planejamento FASE I Autorização do trabalho e liberação FASE II Agrupamento e relatório dos dados de custos FASE III Contabilidade de custos FASE IV Relatório para o cliente e para a administração FASE V Ciclo de planejamento Ciclo operacional Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 014 e os pontos de controle serão sempre muito parecidos. Acesse clicando em: <https://www.youtube.com/watch?v=WvG6Frwzckw> e em <http://www.cohapar.pr.gov.br/arquivos/File/programa_sub50/documentos_tecni cos_assistencia_social/Anexo6_Planilha_de_custos.pdf>. 015 REFERÊNCIAS BARBOSA, C. et al. Gerenciamento de custos em projetos. 4. ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2012. ESPINHA, R. G. Ciclo de vida de projetos. Artia, 18 set. 2017. Disponível em:<http://artia.com/blog/ciclo-de-vida-de-projetos/>. Acesso: 6 fev. 2018. KERZNER, H. Gerenciamento de projetos: uma abordagem sistêmica para planejamento, programação e controle. São Paulo: Blucher, 2011. PMI – Project Management Institute. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos: Guia PMBOK®. 5. ed. Pensilvanya: PMI, 2013. SOUZA, A. & CLEMENTE, A. Gestão de custos: aplicações operacionais e estratégicas. 2. ed. São Paulo: Atlas: 2011. AULA 2 GERENCIAMENTO DE CUSTOS EM PROJETOS Prof. David Ascher 02 CONVERSA INICIAL Você sabia que os custos podem ter classificações distintas em relação à sua ocorrência e variação? E que o mesmo custo pode ter classificações diferentes em diferentes projetos e empresas? À primeira vista, essas diferenças podem ser irrelevantes ao gerenciamento de custos em projeto, mas são essenciais para que o gestor possa ter previsibilidade e conhecimento de qual é a natureza de sua estrutura e sua sazonalidade de custos. Isso possibilita o desenvolvimento de orçamentos de projetos mais fidedignos, além de melhorar a capacidade de controle dos gestores em projetos extremamente complexos, com diversos tipos e origens de custo. Souza e Clemente (2011) apontam que a forma de uso da informação de custos é o que determina sua forma de classificação. Entretanto, a classificação de custos não deve seguir qualquer padrão ou o padrão mais favorável ao projeto; ela deve sempre seguir o modelo de classificação de custos que a organização já adota. Assim, a classificação de custos de um projeto deve ser o espelho da classificação de custos da empresa. Esse alinhamento com a organização facilitará a transposição do orçamento do projeto para o orçamento da empresa e trará visibilidade a todos os stakeholders, pois todos adotaram a mesma linguagem e critério para interpretar a estrutura de custos. Essa classificação também deve estar descrita no plano de gerenciamento de custos quando este for desenhado. CONTEXTUALIZANDO Você está desenvolvendo o orçamento de seu primeiro projeto e recebe as seguintes informações de custos: Quadro 1 – Lista de custos do projeto Tipo de custo Periodicidade Valor R$ Custo com locação de equipamentos Mensal 3.500,00 Custos com energia elétrica Mensal 1.050,00 Custo de mão de obra (horas) Mensal 10.500,00 Custo com viagens Mensal 2.500,00 Perdas com materiais Único 1.500,00 Compra de um equipamento para produção Único 200.000,00 Alocação de custos administrativos Mensal 1.000,00 Insumos para o processo produtivo Unidade prod. 10,00 Custos de limpeza e manutenção da linha Mensal 2.500,00 Custo com água Mensal 70,00 Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 A seguir, você deve fazer um orçamento projetando esses valores para os próximos 18 meses de projeto. Além disso, seu gestor espera que você segregue os custos entre aqueles diretamente ligados ao projeto e aqueles que, apesar de ocorrem por conta do projeto, não são diretamente ligados a ele. E agora? Será que eu tenho tudo para fazer essa projeção e essa separação? Ainda não! Vamos utilizar os valores acima para entender como cada um deles pode ser corretamente classificado dentro da estrutura de custos de sua empresa. É importante colocar que muitas vezes a informação deverá vir de sua própria pesquisa interna e de elementos que você colherá durante o processo de planejamento e estimativa. Então, mãos à obra. TEMA 1 – GASTOS, CUSTOS, DESPESAS, PERDAS E INVESTIMENTO Quando iniciamos os estudos de gerenciamento de custos e projetos, a primeira grande dúvida é: Como utilizar corretamente a nomenclatura de classificação para não ser mal interpretado dentro da estrutura de custos utilizada? A confusão de classificação de custos não é uma exclusividade do gerenciamento de projeto, já que é um problema presente em toda a organização, até mesmo dentro de áreas de contabilidade e finanças. Como vimos anteriormente, cada empresa pode adotar sua estrutura de custos, mas podemos ter um problema quando, por exemplo, temos um novo membro da equipe que veio de outra empresa. Ele certamente tinha outra forma de classificação de custos em seus projetos. Assim, cabe aos membros do grupo mostrar ao novo integrante como funciona a estrutura de custos da empresa e dos projetos nos quais ele será alocado. Se possível, com o apoio da área contábil ou financeira. Mas em todas as empresas o mainstream deve ser sempre o mesmo: O que define um custo? Para responder a essa pergunta vamos entender alguns conceitos da contabilidade de custos. 1.1 Gastos O gasto é a representação mais abrangente de um dispêndio de recursos financeiros que tenham alguma finalidade dentro da organização. É de extrema Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 04 importância entender que o gasto é também uma representação contábil de pagamento efetivo, assim, ele somente é reconhecido oficialmente quando lançado no DRE ou no Balanço Patrimonial. Como assim? Lançamento efetivo no DRE e no Balanço Patrimonial? Isso mesmo! Os gastos podem aparecer no DRE e no Balanço Patrimonial com nomenclaturas distintas: custos, despesas, perdas e investimentos. Além disso, temos também outro tipo de gasto, não diretamente ligado ao projeto, mas que é igualmente importante dentro da organização: os gastos não operacionais, oriundos de operações mais atípicas que não são parte do negócio da empresa, como recebimento de empréstimos, distribuição de lucros e venda de bens que não são de uso da empresa. Cada um desses gastos tem uma origem e uma forma de classificação distinta dentro dos livros contábeis da empresa. O mais importante para você, gestor de projeto, é saber que essa classificação pode afetar a forma como a empresa enxerga a efetividade de suas estratégias e definir se um projeto cria ou não valor para a empresa. Além disso, como o próprio PMBOK (2013) define, todo a metodologia de apuração de custos e suas devidas métricas devem constar no plano de gerenciamento de custos. 1.2 Custos Segundo Souza e Clemente (2011), custos são os valores de todos os bens e serviços consumidos no processo de fabricação de um bem ou serviço. Assim, eles não contemplam valores antes ou depois do processo de fabricação. Nesta mesma vertente, os custos de projetos são a aplicação de recursos diretamente ligados a uma atividade que está sendo executada; dessa forma, ele é um gasto, mas só se transforma em custo quando devidamente utilizado. Exemplos de custos são: Matéria-prima consumida; Mão de obra direta; Mão de obra indireta; Depreciação de máquinas e equipamentos; Candido Marcelo Realce 05 Manutenção da estrutura produtiva. Imagine que você comprou uma máquina de R$ 600.000,00 depreciável em 60 meses (5 anos) de R$ 1.000,00. Quanto será o gasto? O gasto será sempre de R$ 60.000,00, porém, distribuído entre investimento e custo ao longo dos meses, conforme o Gráfico 1 a seguir: Gráfico 1 – Evolução de um gasto dividido entre investimento e custo ao longo dos meses No gráfico observa-se que o total do gasto é sempre o mesmo (R$ 60.000,00), mas, ao longo dos meses, o valor investido fica cada vez menor e o custo mensal acumulado (depreciação acumulada) cada vez maior, demonstrando essa mutação entre as diferentes formas de classificação de um gasto. 1.3 Despesa Despesas são gastos que não estão ligados ao processo produtivo ou, no caso de projeto, as atividades diretamente ligadas a um projeto, como, por exemplo, as atividades contábeis, administrativas e de venda da empresa. São os custos do processo de gestão e organização da empresa (Souza & Clemente, 2011). Exemplos de despesas em projetos são: Custos de áreas administrativas e contábeis; Material de escritório consumidopelo projeto; Comissões de vendas; Salário de vendedores. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 06 Entretanto, empresas de serviços costumam ter uma visão diferente, agregando despesas com vendas (salários e comissões) como sendo parte da estrutura de custos; uma vez que não há processo produtivo, a produção seria a própria comercialização. Temos de ter um cuidado especial ao classificar custos em empresas de serviço. Um gasto classificado como uma despesa em um projeto pode ser classificado em outro projeto como custo? Isso mesmo! Vimos que a classificação do que é despesa e do que é custo não é única, podendo variar dependendo do ramo de atuação da empresa e, às vezes, devido à própria estrutura que a empresa entenda ser a mais interessante para avaliar seu desempenho. 1.4 Perda Diferente de um custo ou de uma despesa, a perda é um gasto gerado por algum erro durante o projeto. Para Barbosa et al. (2012 p. 23), “é um bem ou serviço consumido de maneira anormal e involuntária”. Em custos de projetos temos, por exemplo, a contratação de serviços não utilizados para medição de um terreno para construção de uma planta, equipamentos extraviados durante algum transporte ou sobras de materiais utilizados na produção. A perda pode ocorrer por dois aspectos: Ociosidade, que ocorre a partir de recursos não utilizados e descartados. Exemplo: quando se joga fora parte dos insumos devido à perda da validade ou porque não foram utilizados no processo produtivo previsto no projeto. Ineficiência, que ocorre devido à má utilização do recurso. Exemplo: quando é necessário refazer um estudo de campo que teve de ser descartado, pois não atendia aos requisitos do projeto. 1.5 Investimento O investimento é um gasto que não é lançado diretamente no resultado da empresa. Apesar de representar um desembolso, ele não figura um custo ou mesmo uma despesa, pois seu uso ocorrerá por um determinado período de tempo. Assim, esse investimento entra como um ativo da empresa. Um exemplo Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 07 é a aquisição de um caminhão para transporte de insumos. O desembolso pode ser à vista, mas será lançado ao longo da vida útil do caminhão. Com esses conceitos podemos voltar ao nosso quadro inicial e verificar o que conseguimos buscar junto aos diversos stakeholders para ajudar a entender melhor a estrutura deste projeto. Tabela 2 – Lista de custos do projeto e classificação (parte 1) Custo do projeto Periodicidade Valor R$ Tipo Custo com locação de equipamentos Mensal 3.500,00 Custo Custos com energia elétrica Mensal 1.050,00 Custo Custo de mão de obra (horas) Mensal 10.500,00 Custo Custo com viagens Mensal 2.500,00 Despesa Perdas com materiais Único 1.500,00 Perda Compra de um equipamento para produção Único 200.000,00 Investimento Alocação de custos administrativos Mensal 1.000,00 Despesa Insumos para o processo produtivo Unidade prod. 10,00 Custo Custos de limpeza e manutenção da linha Mensal 2.500,00 Custo1 Custo com água no processo produtivo Mensal 70,00 Custo TEMA 2 – CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS A definição de custos diretos e indiretos está ligada à forma de apropriação dos custos dentro do projeto ou processo produtivo. Segundo Bórnia (2009), a facilidade de alocação do custo é o que o define como direto e indireto. 2.1 Custos diretos São aqueles mais facilmente associados com o processo produtivo ou projeto, ou seja, onde não há necessidade de um cálculo para separar a parte que é pertencente ao produto, projeto ou processo. Exemplo de custos diretos mais relevantes são: mão de obra do projeto, custos de insumos do processo produtivo, custos com outros insumos necessários a este projeto (somente). 2.2 Custos indiretos Diferentemente do custo direto, o custo indireto não poder ser atribuído às unidades ou ao projeto em questão. Ele sempre advém de um critério de distribuição ou alocação de custo. Esses critérios de alocação variam de empresa para empresa e dependem exclusivamente do critério de custeio adotado pelas 1 Neste caso ele pode ser tanto um custo como uma despesa. Se este for um serviço terceirizado, ele entra no custo como custo de serviços terceiro. Se for feito por pessoas da empresa, pode ser classificado como uma despesa, uma vez que o pessoal de limpeza não faz parte do processo produtivo. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 08 empresas2. Exemplos de custos indiretos estão ligados a custos divididos com outras áreas ou projetos, como aluguel, energia elétrica, água e despesas administrativas. Sabendo agora das facilidades de cada um dos custos, verificadas junto à contabilidade da empresa, podemos novamente voltar ao nosso quadro de custos do projeto (Tabela 2). Tabela 2 – Lista de custos do projeto e classificação (parte 2) Custo do projeto Periodicidade Valor R$ Tipo Alocação Custo com locação de equipamentos Mensal 3.500,00 Custo Indireto Custos com energia elétrica Mensal 1.050,00 Custo Indireto Custo de mão de obra (horas) Mensal 10.500,00 Custo Direto Custo com viagens Mensal 2.500,00 Despesa Direto Perdas com materiais Único 1.500,00 Perda Direto Compra de equipamento para produção Único 200.000,00 Investimento Direto Alocação de custos administrativos Mensal 1.000,00 Despesa Indireto Insumos para o processo produtivo Unid. prod. 10,00 Custo Direto Custos de limpeza e manutenção da linha Mensal 2.500,00 Custo3 Indireto Custo com água no processo produtivo Mensal 70,00 Custo Indireto Então uma despesa também pode ser direta se for oriunda do projeto ou do produto analisado? Isso mesmo! TEMA 3 – CUSTOS FIXOS E VARIÁVEIS Esta é a parte mais interessante e complexa da tipologia dos custos: a classificação pela variabilidade. Conhecer a variabilidade do produto é uma das informações mais importantes para não errar a projeção de cálculo futuro de cada linha. Diferentemente dos custos fixos e variáveis, aqui a diferença entre eles não é dada pelas limitações ou estrutura da empresa, mas pela própria morfologia do custo. 2 Em algumas empresas é comum que o projeto não “aloque” custos indiretos, deixando somente despesas e custos diretos, mas isso é uma decisão que deve ser da empresa, e não do gestor do projeto. 3 Neste caso ele pode ser tanto um custo como uma despesa. Se este for um serviço terceirizado, ele entra como custo de serviços terceiro. Se for feito por pessoas da empresa, pode ser classificado como uma despesa, uma vez que o pessoal de limpeza não faz parte do processo produtivo. Candido Marcelo Realce 09 3.1 Custos fixos Custos fixos são aqueles que não sofrem variação devido à atividade, ou seja, independentemente de haver ou não produção, de trabalhar mais ou menos horas em um projeto, o custo será sempre o mesmo, imutável. O melhor modelo desse tipo de custo são os custos com aluguel. A Figura 1 mostra um exemplo de evolução de um custo fixo conforme a quantidade produzida aumenta ou conforme o uso de capacidade em um projeto. Figura 1 – Evolução de um custo fixo por quantidade produzida ou uso 3.2 Custos variáveis Custos variáveis são aqueles que sofrem variação devido à atividade executada, ou seja, os custos aumentam na mesma medida que produtos são produzidos ou recursos utilizados. Em um processo produtivo, o custo variável mais evidente são insumos; já em projeto temos o custo de horas de projeto ou horas-homem. Quanto mais horas você utilizar em um mês, maior será o custo com mão de obra. A Figura 2 mostra um exemplo de evolução de um custo variável conforme há o aumentoda quantidade produzida ou do uso de horas-homem em um projeto. Figura 2 – Evolução de um custo variável por quantidade produzida ou uso Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 010 3.3 Custos semivariáveis Custos semivariáveis têm uma característica mais parecida com o custo variável do que com o custo fixo. Ele também cresce com o aumento da quantidade produzida ou dos recursos utilizados, mas somente a partir de uma determinada quantidade. Assim, ele teria a característica de um custo fixo e, a partir de um dado momento (gatilho), ele passa a ser variável. Além disso, os custos semivariáveis podem incluir aqueles que possuem algum ganho em escala; assim, quanto mais você utiliza o recurso, mais barato é o custo unitário, mas não na mesma proporção. Em projeto, os custos semivariáveis podem ser vistos em gastos com água ou em alguns insumos que têm valores mínimos e passam a ser escalonados depois de um determinado montante. A Figura 3 mostra um exemplo da evolução de um custo semivariável totalizado ao longo da escala produtiva. Figura 3 – Evolução de um custo semivariável por quantidade produzida ou uso 3.4 Custos semifixos Ao contrário do custo semivariável, o custo semifixo tem uma característica de escalonamento, ou seja, ele sobe em degrau e não tem relação direta com a quantidade produzida, e sim com o esgotamento da capacidade de uso de um determinado recurso. Em um processo produtivo, podemos lançar a locação ou compra de um determinado equipamento. Esse equipamento tem um limite operacional e, se somente for utilizado para aquele produto ou projeto, permanecerá com o mesmo custo enquanto sua capacidade estiver suprindo a demanda de trabalho. A partir do momento em que o equipamento não supre mais a demanda, um segundo equipamento é comprado, e assim por diante. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 011 A Figura 4 mostra outro exemplo da evolução de um custo semifixo, que escalona seu aumento conforme a quantidade de produção ou de serviço aumenta. Figura 4 – Evolução de um custo semifixo por quantidade produzida ou uso 3.5 Custos “pegajosos” Custos pegajosos também são chamados de custos erráticos. Para esse tipo de custo não existe um critério a ser adotado que permita sua projeção, pois suas oscilações não obedecem a nenhum padrão de produção ou modelo fixo (Souza & Clemente, 2011). São custos extremamente difíceis de prever e normalmente têm valores menores. O melhor processo para esse tipo de custo é buscar seu desmembramento, pois normalmente ele pode esconder dois custos com comportamento distintos. Um exemplo desse tipo de custo são despesas com viagens que, apesar de previstas, podem ser necessárias em momentos que não foram delimitados. O tratamento desse tipo de custo deve ser feito através de um orçamento (budget), limitando um teto de gasto para o período, deixando a sazonalidade agir. A Figura 5 mostra um exemplo da evolução de um custo pegajoso ao longo da quantidade produzida. Figura 5 – Evolução de um custo pegajoso por quantidade produzida ou uso Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 012 Agora temos todas as informações necessárias para classificação da estrutura de custos conforme mostrado no Quadro 4. Com essas definições já é possível elaborar as estimativas a partir do conhecimento de cada dinâmica de cada custo apresentado. No entanto, é muito importante que estas definições de custos estejam presentes também no plano de gerenciamento de custos de projeto para que possa ser analisado e criticado pelos demais stakeholders. Quadro 4 – Lista de custos do projeto e classificação (parte 3) Custo do projeto Periodicidade Valor R$ Tipo Alocação Variação Custo com locação de equipamentos Mensal 3.500,00 Custo Indireto Semifixo Custos com energia elétrica Mensal 1.050,00 Custo Indireto Variável Custo de mão de obra (horas) Mensal 10.500,00 Custo Direto Variável Custo com viagens Mensal 2.500,00 Despesa Direto Errático Perdas com materiais Único 1.500,00 Perda Direto Errático Compra de um equipamento para produção Único 200.000,00 Investimento Direto Fixo Alocação de custos administrativos Mensal 1.000,00 Despesa Indireto Fixo Insumos para o processo produtivo Unidade prod. 10,00 Custo Direto Variável Custos de limpeza e manutenção da linha Mensal 2.500,00 Custo4 Indireto Fixo Custo com água no processo produtivo Mensal 70,00 Custo Indireto Semivariável TEMA 4 – CUSTOS AFUNDADOS (SUNK COST) E RELEVÂNCIA DOS CUSTOS PARA O PROJETO Duas outras informações são de extrema importância para o gerenciamento de custos: o que é o custo afundado e o que é a relevância dos custos. Ambos os conceitos concluem nosso entendimento sobre o processo de conhecimento dos custos e direcionam a tratativa dada a cada um deles na estimada de custos do projeto. 4.1 Custos afundados São recursos empregados na construção de ativos em projetos ou na empresa que, uma vez realizados, não podem ser revertidos em qualquer grau significante (Barbosa et al., 2012), ou seja, não há como reverter seus valores a algo que esteja sendo feito no projeto neste momento. 4 Neste caso ele pode ser tanto um custo como uma despesa. Se este for um serviço terceirizado, ele entra no custo como custo de serviços terceiro. Se for feito por pessoas da empresa, pode ser classificado como uma despesa, uma vez que o pessoal de limpeza não faz parte do processo produtivo. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 013 Custos afundados podem ter vários nomes: custos incorridos, irrecuperáveis, sunk costs, e todos eles significam a mesma coisa: recursos empregados em projetos que foram realizados e que não podem ser revertidos de nenhuma forma, ou seja, custos perdidos. O mais importante é que, apesar de serem custos importantes, eles não podem ser usados para tomada de decisão futura, pois são resquícios de decisões passadas. Seu conceito às vezes está próximo de uma perda. A perda está atrelada ao projeto ou processo em voga, mas um custo afundado transcende o projeto, podendo ser um custo ocorrido antes da tomada de decisão de empreende-lo. Exemplo: custos de uma pesquisa de mercado para testar a aderência de um produto que não deu certo. Esse custo pode ser incorporado no projeto como um sunk cost. Outro exemplo: um equipamento comprado que foi perdido em uma enchente. Isso não tem nada a ver com ineficiência ou ociosidade, pois foi uma fatalidade que está fora do âmbito do projeto. Adicionalmente, ao se deparar com um sunk cost, pense se não há alguma forma de recuperar esses custos. Se não for possível, tratam-se de sunk costs e não devem influenciar a decisão do gestor de projetos. 4.2 Relevância dos custos analisados para a tomada de decisão Aqui abrimos um espaço para falar dos limites do levantamento de custos. É comum (e saudável) que o gestor de custos queira levantar todos os custos oriundos de um projeto com o objetivo de ter o planejamento mais assertivo. Entretanto, Bórnia (2009) fala que deve existir um limite razoável para analisar custos em uma tomada de decisão. Segundo ele, os custos podem ser relevantes (que se alteram por conta da tomada de decisão) ou irrelevantes (que não se alteram). Este princípio é igual ao princípio do com ou sem projeto visto na Aula 1, e deve ser sempre considerado quando você estiver estimando os custos do seu projeto. Este custo irá se alterar com ou por conta do projeto que estou analisando? Não? Então o descartamos e partimos para o próximo! TEMA 5 – CUSTO DA ESCOLHA Quando analisamos qualquer projeto, temos de ter a percepção de que ele não é o único. O custo da escolha é um processoestratégico dentro do Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 014 gerenciamento estratégico. Segundo Barbosa et al. (2012), o custo de escolha representa uma renúncia a um projeto em favor de outro com melhores resultados. Isso ocorre justamente em decorrência do que falamos logo no começo da disciplina: uma empresa possui recursos escassos e, por isso, deve-se avaliar qual o melhor projeto entre os grupos de projetos da organização. A forma de seleção desses projetos varia de empresa para empresa, mas sempre se deve respeitar algum critério econômico-financeiro verificado nas técnicas analíticas definidas no PMBOK (2013): Fluxo de caixa descontado (FCD ou DCF); Taxa interna de retorno (TIR ou IRR); Retorno sobre investimento (RSI ou ROI); Payback e payback descontado; Valor presente líquido (VPL ou NPV). Apresentamos um exemplo prático de como calcular o custo de escolha (ou custo de oportunidade, como abordado pelos autores do exemplo): O projeto para lançamento do produto “A” tem seu resultado estimado em R$ 600 mil, e o projeto para o lançamento do produto “B” tem seu resultado estimado em R$ 500 mil. O custo de [...] [escolha] para selecionar o projeto de lançamento do produto “A” em vez de escolher o projeto de lançamento do produto “B” é igual a R$ 500 mil. Em outras palavras, a empresa deixará de obter um resultado de R$ 500 mil [...] (Barbosa et al., 2012, p. 39). Ainda segundo Barbosa et al. (2012). O momento de escolha desses projetos normalmente é feito na fase de composição do orçamento de projeto, analisando seus benefícios por meio das técnicas analíticas acima apresentadas. FINALIZANDO Nesta segunda aula vimos quais os diferentes critérios para quantificar calcular e estimar os custos de um projeto. Assim, partimos de uma lista de custos iniciais e fomos identificando e classificando os custos pelas mais diversas óticas para que o planejamento de custos possa criar uma estimativa de custos assertiva. Agora a nossa estrutura de custos está completa. O Quadro 5 mostra a versão final dos custos com todos os detalhamentos feitos a partir da lista inicial, dada no começo desta aula e já devidamente classificados por tipo, alocação e variação. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 015 Quadro 5 – Lista de custos do projeto e classificação final Custo do projeto Periodicidade Valor R$ Tipo Alocação Variação Custo com locação de equipamentos Mensal 3.500,00 Custo Indireto Semifixo Custos com energia elétrica Mensal 1.050,00 Custo Indireto Variável Custo de mão de obra (horas) Mensal 10.500,00 Custo Direto Variável Custo com viagens Mensal 2.500,00 Despesa Direto Errático Perdas com materiais (*) Único 1.500,00 Perda Direto Sunk costs Compra de um equipamento para produção Único 200.000,00 Investimento Direto Fixo Alocação de custos administrativos Mensal 1.000,00 Despesa Indireto Fixo Insumos para o processo produtivo Unid. prod. 10,00 Custo Direto Variável Custos de limpeza e manutenção da linha Mensal 2.500,00 Custo5 Indireto Fixo Custo com água no processo produtivo Mensal 70,00 Custo Indireto Semivariável (*) Nota: perdas foram reclassificadas como sunk cost porque foi verificado que não aconteceram durante o processo produtivo. Essa estrutura de custos deverá ser inserida no planejamento de custos de projetos e será base para todos os critérios de estimação da próxima fase. Antes de fazer as estimativas, se foi identificado um custo afundado, este não será parte das estimativas futuras do projeto. Por fim, é importante verificar se todos os custos de fato se alteram devido ao projeto. Se alteram os custos a partir do projeto, devem ser classificados como relevantes, caso contrário, devem ser classificados como não relevantes e excluídos da estrutura de custos do projeto. 5 Neste caso, ele pode ser tanto um custo como uma despesa. Se este for um serviço terceirizado, ele entre no custo como custo de serviços terceiro. Se for feito por pessoas da empresa, pode ser classificado como uma despesa, uma vez que o pessoal de limpeza não faz parte do processo produtivo. 016 REFERÊNCIAS BARBOSA, C. et al. Gerenciamento de custos em projetos. 4. ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2012. BÓRNIA, A. C. Análise gerencial de custos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PMI – Project Management Institute. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos: Guia PMBOK®. 5. ed. Pensilvanya: PMI, 2013. SANTOS, J. L. dos; SCHMIDT, P. & PINHEIRO, P. R. Fundamentos da gestão estratégica de custos. v. 23. São Paulo: Atlas, 2006. SOUZA, A. & CLEMENTE, A. Gestão de custos: aplicações operacionais e estratégicas. 2. ed. São Paulo: Atlas: 2011. AULA 3 GERENCIAMENTO DE CUSTOS EM PROJETOS Prof. David Ascher 02 CONVERSA INICIAL A precisão é uma das características da estimativa de custos. Mas você precisa de muito mais do que um bom conjunto de dados para obter essa precisão. É necessário relembrar do que já vimos até agora no planejamento e na nossa revisão sobre tipos de custos para começar a aplicar esse conhecimento em um processo de construção de um conjunto de gastos e explicações organizadas e claras. Qualquer estimativa parte de um conjunto de premissas, e essas premissas partem do planejamento que foi elaborado. O PMI (2013) aponta que a estimativa de custos define os custos exigidos para executar as atividades de um projeto. A estimava é, portanto, um mapa do que, de onde e de quanto será gasto. Em outras palavras, é a monetização das etapas do projeto em forma de entrada e saída de valores. CONTEXTUALIZANDO O gestor pediu a você uma previsão de custos para um projeto, algo rápido, apenas para dar uma “noção” geral. Qual seria sua resposta? No vídeo dessa aula você pode conferir um excelente exemplo adaptado de Verzuh (2000). A partir desse vídeo, qual a diferença entre um palpite e uma estimativa? O palpite é algo baseado na sua experiência ou conhecimento; já uma estimativa está baseada em fatos e dados organizados e projetados dentro de premissas e limites bem estabelecidos e conhecidos. Para Verzuh (2000, p. 193), fazer estimativas é “prever o futuro, tentar predizer o tempo e o dinheiro necessários para produzir determinado resultado”. O principal cuidado em prever o futuro deve ser o embasamento na segurança e no nível de detalhe que possuímos em nosso planejamento. TEMA 1 – FUNDAMENTOS DE ESTIMATIVAS Não existe um modelo pronto de estimativas para projetos. Cada projeto possui especificidades e características únicas que demandam certo nível de detalhamento e tempo, o que muitas vezes impossibilita a adoção de um processo padrão de análise. O principal problema de fazer estimativas é ter a certeza de que as premissas são claras e estão sendo utilizadas de maneira correta. Verzuh (2000) Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 03 aponta alguns cuidados e procedimentos durante o processo de estimativa que os responsáveis pelos custos do projeto devem ter: 1.1 Erros clássicos O primeiro erro clássico é o famoso “chute de elevador”. Este não é somente o mais comum, mas o pior deles, pois os valores e prazos “anunciados” acabam se tornando verdade, uma vez que seu pedido sempre nasce da ansiedade e da urgência em saber como está o projeto “de maneira geral”. Verzuh (2000) oferece algumas dicas para evitar esse erro. Entre elas a de solicitar que seja enviado por escrito o que foi pedido ou mesmo negar a divulgação de um número sem que haja uma especificação clara, por parte de quem pede, a respeito do nível de precisão desejado. Passar informações nessascondições torna esses “números mágicos” em verdades incontestáveis. A explicação para isso é simples: se você tem um número na cabeça é porque você já está trabalhando com ele há algum tempo. Mas, se ainda houver pressão para uma “estimativa de elevador”, seja franco e diga que vai passar um valor muito maior do que será na verdade. Verzuh (2000, p. 196) dá uma boa dica: “Pegue sua melhor estimativa, multiplique por dois, depois multiplique por 2 novamente”. Como o autor mesmo diz, isso não tem nenhuma racionalidade, mas irá satisfazer a ânsia do seu gerente por números. O segundo erro é fazer estimativas sem especificações completas, e é neste momento que vemos a importância do que estudamos na aula 2. Novamente, cada gasto tem uma origem e uma forma de classificação distinta dentro dos livros contábeis da empresa e deve ser observado. O mais importante: projetar estimativas exige conhecimento de seus movimentos e sazonalidades e de quando um gasto ocorrerá no ciclo de vida de um projeto. A precisão que abordamos advém também da quantidade de especificações que temos para determinado custo. O terceiro erro é aumentar artificialmente o custo e o tempo de um projeto para gerar uma folga. Verzuh (2000, p. 197) expõe que isso é contraproducente por dois motivos: “Talvez não seja aprovado porque a estimativa artificial faz com que ele pareça um mau projeto [e], se o projeto for aprovado com um orçamento inflacionado, isso tira dinheiro de outros projetos em potencial”. As chamadas reservas podem ser adicionadas, desde que atreladas a um risco real de ruptura Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 04 nos custos e no prazo de entrega, os quais devem ser devidamente identificados e separados dos dados reais de custos apurados. 1.2 Regras de ouro A primeira regra é simples: escolher as pessoas certas para fazer estimativas. Essas pessoas devem ter experiência no trabalho de estimativa e no projeto em si. Devem ter noção do tempo necessário para fazer as estimativas solicitadas, mas também saber que o objetivo é ter precisão, e não velocidade. Outra regra é o uso da experiência com processo de estimativa. Como falamos anteriormente, nenhum projeto é igual ao outro, mas alguns custos se comportam da mesma forma. Ter um banco de dados de custos irá ajudar você e sua equipe a identificar corretamente se o Custo A é fixo ou variável, direto ou indireto, seu valor médio etc. Outra regra de ouro apontada por Verzuh (2000) consiste em evitar negociar os valores de estimativas. Um custo será um custo hoje e no futuro, assim como o tempo mensurado para realizar um projeto. Cortar custos sem critério é reduzir escopo do projeto sem uma análise mais precisa, o que pode tornar o projeto mais caro, e não mais barato. Então, se um projeto não dá o retorno estimado, o problema não necessariamente está no custo, e sim na expectativa de retorno ou ganho. Muitas vezes há uma pressão para corte de custos em projetos. Se isso é uma realidade em algum projeto no qual você esteja envolvido, é importante mensurar em suas estimativas quais serão os problemas ou limitações advindas de um processo de corte nos custos. Neste caso, algumas perguntas devem ser feitas: Quais serão as funcionalidades não entregues com esta redução de custos? Quanto tempo a mais necessitaremos para a entrega final do projeto por conta deste corte? Quais os riscos atrelados à redução da qualidade no projeto por conta desta redução de custos? 1.3 Três níveis de precisão O terceiro cuidado que Verzuh (2000) aborda trata dos tipos de estimativas que existem e quando devemos ou podemos utilizá-las. A primeira é a chamada Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 05 “estimativa de chute”, dada normalmente por um especialista. Este nível de estimativa apresenta grande margem de erro e não deve ser utilizado de forma definitiva no projeto, mas apenas como forma de ter um direcionamento e de saber se há necessidade de uma estimativa menos rigorosa para ir em frente com o processo de levantamento de dados para uma estimativa melhor estruturada. O outro processo de estimativa é chamado de “ordem de magnitude” ou OMG, também pouco preciso. O que o difere de uma estimativa de chute é a origem das informações. A ordem de magnitude está baseada em extrapolações e consome algumas horas de estudo. Essa estimativa costuma ter variações e extrapolações apuradas a partir de projetos e tomada de preços anteriores ao projeto, sem muito aprofundamento ou atualização por parte de quem a constrói. A última é a “estimativa detalhada”, que toma por base todo o planejamento do projeto, analisando todos os aspectos e etapas, bem como o ciclo de vida. “É essa estimativa que será utilizada para gerenciar o projeto e para avaliar o seu sucesso” (Verzuh, 2000 p. 201). Apesar de a estimativa detalhada ser a melhor, ela sempre começa a partir de um chute, que normalmente evolui para uma ordem de magnitude e que, depois, acaba sendo melhor estudada e aprofundada pelo processo de estimativa detalhada. TEMA 2 – ETAPAS DE UMA ESTIMATIVA Segundo o PMI (2013, p. 202), “os custos são estimados para todos os recursos que serão cobrados do projeto. Isso inclui [...] mão de obra, materiais, equipamentos, serviços e instalações”. Contemplar todos esses tipos de custos, requer, muitas vezes, mais do que estimativas detalhadas; requer um processo inicial e o estabelecimento de limites e critérios em conjunto com um método definido e acordado com os especialistas para a estimativa de valores. 2.1 Etapas iniciais para uma estimativa Barbosa et al. (2012, p. 51, 52) sintetiza muito bem os passos definidos pela Association for the Advancement of Cost Engineering International (1998) para a construção de estimativas detalhadas, como previstas por Verzuh (2000): Estabelecer os critérios, premissas, restrições e grau de precisão entre outros limitadores dos custos, lembrando que todas essas informações devem constar no plano de gerenciamento de custos definido no PMI. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 06 Rever e atualizar a estrutura analítica do projeto como um todo. Rever o cronograma e os recursos necessários para realização. Organizar os registros e dados históricos de outros projetos como forma de manter um padrão para seus custos de projeto. Utilizar os modelos de relacionamento de estimativas de custos (CER – Cost Estimating Relationship), no qual variáveis de entrada são utilizadas como base para cálculos de custos. Estes CER’s consideram, basicamente, preços unitários, utilização de recursos e outras variáveis que afetam a relação entre parâmetros de entrada e valores finais de custos (saídas). Aplicar curvas de aprendizado em operações repetitivas, visto que um funcionário não tem desempenho uniforme e constante quando está iniciando um novo processo. Categorizar as diferentes áreas e respectivas operações, trabalhos e níveis de especialização necessários (Junior, Pleno e Sênior) quando estiver levantando tempo de uso de recursos humanos. Separar os custos por tipo (direto e indireto). Aplicar a atualização de valores decorrentes de inflação e escala de custos1. Utilizar sempre ferramentas e o auxílio de planilhas e sistemas para projeção de custos. Avaliar, elaborar e analisar os riscos e o plano de respostas aos riscos do projeto e verificar quais são os impactos destes riscos nos custos do projeto. Identificar quais estimativas de custos podem receber cortes e quais impactos que esses cortes podem causar (atrasos, redução de qualidade, aumentode riscos), elencando aqueles que apresentam menor impacto. Apesar de não ser algo popular – e até certo ponto nocivo ao projeto –, é importante dar ao gerente do projeto uma visão de “até onde ele pode ir” para realizar cortes orçamentários em seus projetos. Organizar todas as informações em uma estrutura de custos bem documentada e de fácil visualização, apresentando de maneira didática e adequada todos os principais critérios e limites estabelecidos para os custos do projeto. Além disso, o plano de gerenciamento de custos de um 1 Lembrem-se de considerar a inflação e a escala de custos como eventos SEPARADOS. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 07 projeto deve conter uma descrição detalhada de todas as etapas realizadas e informações utilizadas em cada uma das linhas de custo de um projeto. TEMA 3 – TÉCNICAS DE ESTIMATIVAS O PMI (2013) aponta algumas técnicas de estimativas de custos utilizadas para trazer segurança aos custos finais estimados para um projeto. Verzuh (2000) menciona que gerentes de projetos devem escolher um ou vários métodos e técnicas de estimativa para trazer o nível de precisão necessária. Dentre as diversas técnicas utilizadas, as mais comuns (e também apresentadas no PMI) são as seguintes: 3.1 Opinião especializada Segundo Barbosa et al. (2012), a opinião especializada também é conhecida como estimativa direta ou estimativa de custos empíricos. É um método que utiliza informações históricas e a expertise de gestores e participantes de projetos anteriores para trazer fatos e valores que podem ser replicados no projeto atual. Essa técnica é aplicada tanto na estimativa de chute quanto na OMG. Exemplo Especialista de TI aponta que o custo médio de um servidor para uma nova iniciativa que necessita de um servidor com capacidade para 10 teraflops é de R$ 25.000,00. 3.2 Estimativa por analogia Utiliza informações de projetos anteriores com uso de recursos semelhante. Como o PMI (2013) menciona, a vantagem deste processo é se basear diretamente em custos reais para montar um novo projeto, método muito utilizado quando não há muitas informações sobre o novo projeto. Esta técnica é aplicada tanto na estimativa de chute quanto na OMG. Exemplo Em um projeto anterior, o custo para montagem de uma estrutura de andaimes foi de R$ 15.000,00 para prédios pequenos. Em um novo projeto de reforma de fachada estimamos que o mesmo valor será aplicado como custo de montagem de estrutura de andaimes, por se tratar de um prédio do mesmo porte. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 08 3.3 Estimativa paramétricas Utiliza uma relação entre variáveis a partir de um parâmetro inicial, normalmente de conhecimento tácito ou advindo do histórico de gastos da empresa. Segundo Barbosa et at. (2012), este é o modelo que utiliza o CER para relacionar um valor a uma variável ou multiplicador por meio de uma relação estatística entre variáveis e multiplicadores. É um processo de estimativa detalhada. Exemplo Em um projeto parecido, o custo de reforma de um banheiro masculino de 50m² para shoppings centers, considerando toda a reforma e revisão de encanamento, é de R$ 75.000,00 (R$ 1.500,00 por m²). Para o novo projeto com um banheiro de 40m² estimamos R$ 60.000,00 (R$ 1.500,00 X 40m²). 3.4 Estimativa por proporcionalidade Conhecido também como “estimativa de cima para baixo”, ou top-down, esse método usa uma divisão proporcional de um custo total de um projeto distribuindo este custo total entre suas partes (etapas/áreas) a partir de estudos anteriores, quando foi observado o percentual do valor total gasto em cada uma das etapas de um projeto (Verzuh, 2000). Esta técnica é muito utilizada na OMG. Exemplo Na média dos projetos para desenvolvimento de softwares, 20% é gasto no desenho e na arquitetura de sistema, 60% em programação e 20% nos testes e ajustes finais. Assim, em um projeto de um novo software que possui custos totais de R$ 200.000,00, teríamos cerca de 40.000,00 gastos no desenho, R$ 120.000,00 na programação e R$ 40.000,00 nos testes e ajustes finais. 3.5 Estimativa bottom-up Processo inverso ao modelo por proporcionalidade, o modelo bottom-up (de baixo para cima) parte da análise individual, e a soma de todas as análises individuais perfazem o total do projeto. Segundo Barbosa et al. (2012), os níveis de complexidade e profundidade são definidos pelos níveis de detalhe das Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 09 informações apresentadas no EAP e do tamanho dos pacotes de trabalho2 definidos como unidade de controle do projeto. O nível de rastreamento dependerá do nível de controle que a empresa possui, juntamente com seus critérios e organização de plano de contas, o qual define como a empresa enxerga seus custos. Este processo totalmente alinhado com as estimativas detalhadas. Exemplo Foram identificados 24 custos que compõem os custos iniciais de um projeto. Cada um desses custos foi cuidadosamente avaliado e houve uma série de tomadas de preço e validações, tanto dos custos unitários quanto das quantidades necessárias para o projeto de montagem de uma solda. Todas as informações e detalhes já estão presentes no EAP e os custos iniciais para o projeto ficaram em R$ 254.736,35 considerando compra de maquinário, custos diretos, indiretos e mão de obra especializada. 3.6 Estimativa de três pontos Segundo o PMI (2013), o processo de estimativas de três pontos trabalha diretamente com o risco de se estimar valores para um projeto. Neste modelo são utilizadas três estimativas para definir a faixa aproximada de custo de uma atividade: Mais provável (cM): adquirido por meio de um processo mais acurado de avaliação de tempo, esforço e valor dos gastos analisados. Otimista (cO): baseado no melhor cenário para a atividade. Pessimista (cP): baseado no pior cenário para a atividade. Estimado (cE): cálculo final com base nas três estimativas e na fórmula utilizada. Ainda segundo o PMI (2013), as fórmulas mais comuns para calcular essas faixas de custos utilizam as três faixas para definir um ponto central (cE), utilizado na estimativa de custos: Distribuição Triangular: cE = (cO + cM + cP)/3 Distribuição Beta ou PERT3: cE = (cO + 4cM + cP)/6 2 Pacotes de trabalho são subdivisões de etapas do projeto que possuem pontos em comum e podem ser analisadas como um subitem de um processo maior. 3 Program Evaluation Review Technique ou Técnica de Revisão de Avaliação de Programas. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 010 Exemplo Considerando um mesmo projeto, faremos uma análise de distribuição triangular e PERT para três recursos de uma determinada atividade do projeto que podem ser vistos nos Quadros 1 e 2. Quadro 1 – Apuração de distribuição triangular para atividade 32 Atividade 32 Consumo em unidades Custo Custos totais Recursos Ot. MP Pes. Est. cO cM cP cE A 10 26 30 22 1,50 15,00 39,00 45,00 33,00 B 1 6 8 5 2,70 2,70 16,20 21,60 13,50 C 2 3 4 3 5,10 10,20 15,30 20,40 15,30 TOTAL 27,90 70,50 87,00 61,80 Fonte: adaptado de Barbosa et al., 2012. Nota: Est. = (Ot. + MP + Pes.)/3 | cE = (cO + cM + cP)/3 Quadro 2 – Apuração de distribuição PERT para atividade 32 Atividade 32 Consumo em unidades Custo Custos totais Recursos Ot. MP Pes. Est. cO cM cP cE A 10 26 30 24 1,50 15,00 39,00 45,0036,00 B 1 6 8 5,5 2,70 2,70 16,20 21,60 14,85 C 2 3 4 3 5,10 10,20 15,30 20,40 15,30 TOTAL 27,90 70,50 87,00 66,15 Nota: Est. = (Ot. + 4MP + Pes.)/6 | cE = (cO + 4cM + cP)/6 TEMA 4 – OUTRAS ANÁLISES E SIMULAÇÕES Dois outros fatores são acessórios (mas não menos importantes) de um processo de estimativa de custos: o plano de contas e o uso de simulações computacionais para criação de estimativas, inclusive simulações de Monte Carlo. 4.1 Utilização de plano de contas Em empresas maiores e mais organizadas, possivelmente exista um plano de contas que reja a escrituração contábil de seus custos e despesas. Esse plano de contas orienta todos os lançamentos contábeis em contas específicas, o que facilita a visualização e o controle pela diretoria e áreas financeiras. Para Barbosa et al. (2012), o plano de contas também pode ser utilizado para geração de estimativas, uma vez que sua base histórica concentra todas as informações e movimentos de um custo ou despesa específicos. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 011 É muito importante que o gestor de custos do projeto esteja familiarizado com este plano de contas, e é necessário que o projeto seja contabilizado da mesma forma que o plano de contas da empresa. Isso facilitará a prestação de contas à organização (Barbosa et al., 2012) e seu uso correto acarretará um menor dispêndio de tempo e de recursos para controlar o orçamento de projeto. Dessa forma, ao iniciar a estruturação de uma estimativa de custos, procure seguir os códigos e nomenclaturas adotados pelo plano de contas da empresa. 4.2 Simulações Além dessas duas formas de calcular faixas de custos (triangular e PERT), temos outras formas mais complexas, porém, muito utilizadas na apuração de custos de projetos – simuladores próprios de esforços e custos para projetos4 e simulação de Monte Carlo5. A construção de simulações avançou muito com as melhorias de recursos de tabelamento, como o Excel®, o que facilitou a construção de modelos cada vez mais complexos e feitos sob medida (tailored) para cada empresa. O uso de simuladores é um facilitador e um acelerador de estimativas de projetos. Entretanto, seus riscos residem justamente na sua complexidade: quanto mais complexos, mais difíceis de auditar. A responsabilidade do gestor de custos é cobrar a documentação interna e validar simuladores tailored para evitar falhas graves em processos de estimativa e determinação de orçamento de custos. Quanto à simulação de Monte Carlo, ela também pode ser feita no Excel sem ajuda de softwares externos, mas alguns como o @RISK6, o Devize7 e o XLSTAT8 são especializados em trabalhar com simulação de Monte Carlo. Saiba mais Assista a um vídeo sobre como fazer uma simulação de Monte Carlo para custos de um projeto utilizando o software @RISK: <https://www.youtube.com/watch?v=gmA3SR_DPJQ>. 4 Algumas empresas ou áreas que trabalham com muitos projetos acabam desenvolvendo soluções internas ou adquirindo soluções de mercado para cálculo de esforço e custo de projetos. Estas ferramentas podem ser desde planilhas de Excel até grandes soluções corporativas baseadas em ERP e Big Data. 5 Para mais detalhes acesse: <http://blog.luz.vc/como-fazer/simulacao-de-monte-carlo>. 6 <http://www.palisade-br.com/risk>. 7 <https://www.minitab.com>. 8 <https://www.xlstat.com/en/solutions/features/simulation>. https://www.youtube.com/watch?v=gmA3SR_DPJQ Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 012 TEMA 5 – MONTANDO UMA ESTIMATIVA DE CUSTOS A partir de agora faremos uma estimativa para um pequeno projeto, colocando um pouco do que foi visto em uma perspectiva prática e em um processo bem comum em todas as empresas que trabalham com projetos. Essa estimativa foi feita com base em uma adaptação do exemplo dado por Verzuh (2000). Começamos com um projeto para construção de uma nova unidade de lavagem de roupas em uma lavanderia. Esta lavanderia está fazendo um pequeno projeto de expansão e identificou a necessidade de instalar uma nova unidade de lavagem para absorver a crescente demanda de seus clientes. Vamos supor que o dono da lavanderia conheça bem um processo de gerenciamento de projetos e deseje seguir todos os passos para ter noção real de quanto custará e em quanto tempo terá seu projeto entregue. 5.1 Iniciando as estimativas Vamos partir do EAP e do plano de gerenciamento de custos que ele já elaborou por meio de uma estimativa de chutes utilizando estimativas por analogias. Ele fez algumas contas rápidas e chegou a um custo total para implantação de uma nova planta de lavagem: R$ 50.000,00, valor que contempla a compra de equipamentos e uma pequena reforma no local onde será colocada a máquina, com a construção de uma parede divisória de tijolos, a troca de pisos e a pintura do local. Sabemos que esse valor não é preciso nem pode ser utilizado para definir os custos do projeto, então, serão feitas algumas pesquisas a fim de transformar isso em uma estimativa detalhada. Busca-se a opinião de especialistas (engenheiros, lojas de artigos para lavanderias) e monta-se uma planilha com os custos básicos, porém, sem ainda validar todos os números. Veja a primeira versão dos dados para o início de uma estimativa detalhada no Quadro 3. Quadro 3 – Estimativas iniciais de custo para o projeto de planta de lavagem Custos Valor Estimativa Origem Observações Materiais (reforma) 10.000,00 OMG Engenheiro de obra Precisa de detalhamento Máquina de Lavar 25.000,00 Chute Própria Fazer cotações Ferramentas 8.000,00 Chute Própria Precisa de detalhamento Mão de Obra (ref.) 8.000,00 OMG Engenheiro de obra Precisa de detalhamento TOTAL 51.000,00 Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 013 Paralelo ao projeto de construção, o dono da empresa também deve apurar os custos pós-implantação, que serão agregados ao final das estimativas e comparados com as receitas previstas, verificando se o projeto é positivo ou não para a empresa. Assim, outros detalhes dos custos mensais são apresentados no Quadro 4 Quadro 4 – Estimativas de custos mensais pós-implantação Custos Valor Estimativa Origem Observações Água 800,00 OMG Engenheiro de obra Precisa de detalhamento Energia Elétrica 500,00 Chute Própria Precisa de detalhamento Salários 1.400,00 OMG Própria Precisa de detalhamento Insumos 1.500,00 Detalhada Processo atual Baseado no gasto atual Manutenção 250,00 OMG Própria Custo do serviço atual TOTAL 4,450,00 Observe que ainda não há uma planilha de estimativas, pois estamos na fase de coleta de informações. Alguns custos ainda são chutes ou OMG’s e necessitam de mais detalhes. É a partir deste ponto que a pesquisa real das estimativas se inicia. 5.2 Detalhando as estimativas e chegando ao ponto de origem Neste passo tem início o detalhamento de todas as informações. É importante deixar claro que não existe uma ordem ou processo ótimo para este detalhamento; muitas empresas já possuem seus sistemas de projeto nos quais os valores precisam ser somente alimentados e o programa já fornece todos os resultados prontos. Para este projeto faremos algo mais simples, por meio de planilhas e cotações. O importante é saber que toda a estimativa precisa estar documentada e ser clara para que haja como validá-la depois. O primeiro passo é substituir os chutes por número reais e detalhados, pesquisas, cotações e referências reais de valor. Por meio desse processo diversas solicitações de orçamento e confirmação de valores foram feitas. O supervisor da empresa montou um detalhamento das informações preliminares presentes nos Quadros 3 e 4. Neste processo ele também acabou descobrindo outros valores e etapas que não estavam presentes no EAP e no cronograma original9.
Compartilhar