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ORGANIZAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI E REGIME JURÍDICO DOS JURADOS

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ORGANIZAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI E REGIME 
JURÍDICO DOS JURADOS 
 
I – ALISTAMENTO 
LISTA Nº 01 – LISTA GERAL 
Lista anual provisória (10 de outubro): qualquer pessoa pode impugnar 
esta lista; Lista anual definitiva (10 de novembro) - (artigos. 425 e 426, do CPP). Da 
decisão caberá Recurso em Sentido Estrito (artigo. 581, XIV, c/c artigo 582, parágrafo 
único, c/c artigo 586, parágrafo único, todos do CPP, no prazo de 20 dias para o Presidente 
do respectivo Tribunal de Justiça do Estado. 
Lista de suplentes – possibilidade (uma especial) ou aumento do número de jurados. 
 O alistamento depende do tamanho da comarca. Comarcas com mais de 1 
milhão de habitantes deverá ter de 800 a 1500 jurados; Comarcas com mais de 100 mil e 
menos de 1 milhão de habitantes de 300 a 700 jurados; Comarcas menores, ou seja, com 
menos de 100 mil habitantes deverá haver de 80 a 400 jurados. 
 É feito nos termos do artigo 425, §2º, do CPP, ou seja, o juiz Presidente da 
Vara do Júri envia ofícios para os diversos seguimentos da sociedade (empresas, 
faculdades, etc). Existem também os jurados voluntários. Eles se dirigem até a Vara do Júri 
sem serem convocados por meio de ofício e se voluntariam. 
 Complementação obrigatória da lista geral anual (artigo 426, §5º, do CPP) – 
Os jurados se descredenciar ou pedir dispensa por motivos diversos, porém motivos que 
justifiquem. O juiz pode deixar uma urna de suplentes (convoca o número mínimo e faz 
uma requisição extra) ou pode ao longo do ano fazer novas convocações até chegar pelo 
menos no número mínimo exigido. 
 
II – ORGANIZAÇÃO DA PAUTA – ARTS. 429 A 431, DO CPP 
 Reunião periódica (artigo 432, do CPP) é o período em que aquele grupo de 
jurados (mínimo de 25) foi convocado para trabalhar nas sessões de julgamento 
eventualmente pautadas. Normalmente se referem a algum mês ou meses específicos de 
cada ano, dependendo de cada Estado. O que determina a frequência dessas reuniões é a 
lei de organização judiciária de cada Estado. Em São Paulo, por exemplo, como regra as 
reuniões são trimestrais (Decreto Lei Complementar nº 03/69 – Código Judiciário de São 
Paulo, artigo 49). Nas cidades em que a demanda é muito grande não há nenhum 
impedimento de que ocorram mais reuniões, bem como, nas comarcas menores não há 
problemas se houverem menos reuniões. 
 Reuniões extraordinárias (artigo 433, do CPP) – pode ser que fora do 
cronograma da lei estadual surja uma demanda inesperada de serviço na Vara do Júri e o 
Juiz opte por convocar uma reunião extraordinária, fazendo o sorteio da urna geral entre 
10 e 15 dias úteis do início do mês na presença do MP e advogado/defensor público. 
 
III – JURADOS – NATUREZA JURÍDICA DA ATUAÇÃO 
 Constitui serviço público obrigatório, mas é possível escusa por convicção 
religiosa, filosófica ou política, com prestação de serviços alternativos (artigo 5º, inciso 
VIII, da CF e artigo 438, “caput”, e parágrafos do CPP). 
 O juiz determina ao oficial de justiça que faça a chamada nominal dos 
jurados e até esse momento é possível que o jurado evoque alguma escusa – artigo 443, 
do CPP. 
 O jurado que não comparece a sessão, se recusa a participar por razão que 
não sejam as escusas supracitadas ou alguma outra razão realmente justificável estará 
sujeito a multa que vai de 01 a 10 salários mínimos (artigos 436, §2º e 442, ambos do 
CPP). 
 
BENEFÍCIOS E DIREITOS DOS JURADOS – ARTS. 439 E 440 DO CPP 
a) É considerado serviço público relevante; 
b) Presunção de idoneidade moral; 
c) Prisão especial - existe apenas a título de prisão provisória; 
d) Preferência em certames públicos (licitações e concursos) – funciona como critério 
de desempate; 
e) Proibição de qualquer desconto em vencimentos ou salários (artigo 441, do CPP) 
– para o autônomo não há previsão de compensação estatal. 
 
REQUISITOS PARA SER JURADO 
a) Cidadão maior de 18 anos (artigo 436, “caput”, do CPP); 
b) Notória idoneidade (artigo 436, “caput”, do CPP); 
c) Pleno gozo dos direitos políticos (entendimento jurisprudencial); 
d) Residir na Comarca em que deve exercer a função (entendimento jurisprudencial). 
OBS: alguns doutrinadores sustentam que é necessário ser alfabetizado para ser jurado. 
Todavia, esse entendimento pode confrontar o princípio democrático. O jurado com 
deficiência visual também pode prestar o serviço de jurado, pelas mesmas razões 
expostas. Cabe ao Estado afastar as barreiras que possam existir ao jurado deficiente 
visual e/ou analfabeto. 
 
CAUSAS DE ISENÇÃO – ART. 437, DO CPP 
a) Chefes do Poder Executivo, Ministros e Secretários de Estado; 
b) Parlamentares (todas as esferas); 
c) Magistrados, Membros do MP e da Defensoria Pública e seus servidores; 
d) Autoridades e agentes de segurança pública, inclusive militares na ativa; 
e) Maiores de 70 anos que requererem dispensa; 
f) Justo impedimento demonstrado em requerimento próprio; 
- Qual a melhor interpretação do termo “impedimento” para fins do artigo 437, do CPP? 
 Refere-se ao sentido vulgar e não ao sentido técnico jurídico 
(incompatibilidade, impedimento ou suspeição). É qualquer questão que se coloque como 
relevante a impedir a participação do cidadão como jurado no Conselho de Sentença. O 
indivíduo pode padecer de algum problema de saúde sério, como por exemplo, problema 
de saúde mental que possa dificultar o entendimento do que é dito durante a sessão. 
 
LISTA Nº3 – LISTA FINAL DOS SORTEADOS QUE COMPORÃO EFETIVAMENTE O 
CONSELHO DE SENTENÇA (07 JURADOS) 
 Atuação efetiva nos últimos dozes meses acarreta exclusão da lista geral do 
ano seguinte (artigo 426, §4º, do CPP). 
 
CONSTITUIÇÃO 
Composição: artigo 447, do CPP; 
Incompatibilidades: artigo 253 (juízes técnicos), artigo 448; 
Impedimentos: artigo 252 (juízes técnicos) e artigo 449; 
Suspeição: artigo 254 (juízes togados). 
E se participar? Nulidade absoluta ou relativa? Com a reforma do CPP, a 
partir de 2008, em que não se conta mais todos os votos, é impossível impor a parte a 
demonstração de prejuízo diante do artigo 483, §1º, do CPP (para apuração quando da 
maioria). Desta forma, a presunção é de prejuízo, sendo então caso de nulidade absoluta. 
 
ARTS. 453 A 472 – JULGAMENTO PELO JÚRI 
 
MINISTÉRIO PÚBLICO: 
a) Ausência do MP acarretará adiamento. Ausência do querelante – MP retomará a 
titularidade de ação penal, salvo justificativa (ação penal exclusivamente privada 
por crime conexo, a ausência do acusado particular implicará em perempção); 
b) Se não houver motivo justificado, o fato será comunicado ao PGJ; 
c) Ausência do advogado assistente da acusação não impede a realização do 
julgamento; 
d) Quanto ao Juiz Presidente, poderá o MP, como fiscal da lei, encaminhar notícia à 
CGJ para providências cabíveis no caso de ausência injustificada. 
 
DEFENSOR: 
a) Falta do defensor gerará adiamento da sessão; 
b) Se justificada, não há maiores consequências; 
c) Se injustificada: 
c.1) Comunicação à OAB; 
c.2) Possibilidade de apenas um adiamento; 
c.3) Notificação de defensor público para o novo julgamento, com prazo mínimo de 10 
(dez) dias; 
c.4) Possibilidade de imposição de multa de 10 a 100 salários mínimos (artigo 265, do 
CPP). 
 
ACUSADO: 
a) Réu solto que não comparece: 
1 – Se não foi regularmente notificado, sessão será adiada; 
2 – Se foi regularmente notificado, sessão acontecerá. 
b) Réu preso que não é apresentado: 
1 – Regra geral: adiamento; 
1 – Possibilidade de pedido de dispensa antecipada subscrita por ele e por seu defensor. 
 
TESTEMUNHAS: 
a) Testemunhas de outra Comarca não são obrigadas a comparecer. 
b) Testemunhas da Comarca deverão comparecer, quando notificadas, sob pena de 
condução coercitiva. O mesmo vale para o ofendido e até para o perito. 
c) Possibilidade de aplicação de multa para a testemunha ausente sem justa causa 
(artigo 458, do CPP) (um a dez salários mínimos); 
d) Testemunha não pode sofrerdesconto de salário no trabalho; 
e) Incomunicabilidade das testemunhas; 
f) Não comparecimento da testemunha: 
1 – Regra geral: julgamento não é adiado (mesmo se a testemunha não for localizada 
quando da notificação pelo oficial de justiça). 
2 – EXCEÇÃO: adia-se a sessão, se arrolada em caráter de imprescindibilidade e intimada 
no local indicado. 
 
JURADOS: 
a) Sorteio dos 07 jurados é o marco para o início da incomunicabilidade; 
b) Recusas (no caso de mais de um réu, podem ser feitas por apenas um dos 
defensores) (única hipótese no CPP em que a defesa se manifesta antes do MP). Se 
houver mais de um defensor, a primeira recusa inviabiliza a indagação dos demais 
advogados e, por fim, do MP. 
Recusa de jurados: 
1 – Motivadas; 
2 – Imotivadas; 
3 – Alegação pelo jurado de recusa por convicção religiosa, filosófica ou política (artigo 
438, do CPP) – Prestação de serviço alternativo. 
c) Jurado deve ser maior de 18 (dezoito) anos e ter notória idoneidade (artigo 436, 
do CPP); 
d) Regra geral: unidade de julgamentos dos corréus: 
1 – Possibilidade de cisão caso as recusas não levem à obtenção do número mínimo de 07 
jurados. Recusas por um só defensor (informativo 570, do STJ), ou por todos; 
2 – Se houver separação, julga-se primeiro o autor. Se houver coautoria, a preferência é 
do preso, depois do que tiver a mais tempo preso e, como último critério, o pronunciado 
a mais tempo (artigo 429, do CPP). 
e) Com o sorteio e formação do Conselho de Sentença, procede-se ao compromisso 
dos jurados: 
“Em nome da lei, concito-vos a examinar a causa com imparcialidade e a proferir a vossa 
decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça”.

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