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Medicina VETERINÁRIA RESUMO DE OVINOCULTURA RIO GRANDE DO SUL JÚLIA LIMA A importância da ovinocultura A criação de ovelhas no Rio Grande do Sul é bastante cultural e também é bastante grande. Ter conhecimento acerca da criação de ovinos é importante, e infelizmente poucas pessoas têm interesse de atuação na área dentro da Medicina Veterinária. A maior parte das criações ocorrem em números pequenos e para criação própria (consumo), mas sem conhecimento técnico, tendo uma carência de profissionais qualificados na área, apesar de ser uma área presente e difundida. A ovinocultura não é uma área fácil de manejo, necessita-se atenção e cuidado técnico, que, mesmo para consumo deve ser uma carne saudável. Os ovinos são únicos, e precisam de atenção diariamente. Logo, é uma oportunidade profissional para os alunos de medicina veterinária. A lã é uma parte importante da produção de ovinos, que deve ter cuidados como a raça, qualidade do velo, reprodução e manejo. Os estudos da disciplina irão aprofundar-se em raças, carne, lã e reprodução de ovinos. Além disso, problemas sanitários que ocorrem com produções de ovinos, helmintos, problemas metabólicos e instalações. Introdução ao estudo de ovinocultura Fala-se que os ovinos são os primeiros animais domesticados pelos agricultores, e a produção de ovinos é cultural, sendo histórias de pastores comuns em livros antigos como a Bíblia. A ovelha fornecia assim carne, lã, leite… Assim como outras fibras caras antigamente, a lã era considerada uma riqueza, por suas características termorreguladoras (para frio e calor, isolamento é bastante baixo). De acordo com as raças, o fenótipo do ovino vai mudando e se modificando. Os ovinos são bastante adaptáveis, tornando-os cosmopolitas. Alguns países são bastante exploradores das riquezas dos rebanhos ovinos, variando entre países europeus, africanos e da américa latina. Origem e domesticação de ovinos Por que criar ovinos? A produção de ovinos gera bastante renda, sendo que para subsistência também necessita um gasto e deve haver ganho. Caso o resultado produtivo (retorno financeiro baixo) seja baixo,isso acaba desestimulando o produtor, mas infelizmente os médicos veterinários não são bem preparados para conduzir o produtor a uma boa renda com ovinos. Existe bastante o olhar para exposições de ovinos, carne, lã, produções maiores e comercialização. Por que criar ovinos? A lã acabou se desvalorizando muito na início de 2000, mas vem voltando a ganhar potência econômica. Na época de 1970/80 o RS possuía 80% do rebanho brasileiro, voltado grandemente para produção laneira, mas atualmente perdeu bastante lugar. Isso gerava muita receita e empregos, até seu comércio a nível de mercado, que têm um processo longo. A lã era o carro chefe da demanda laneira, devido a economia baseada na indústria têxtil. Hoje a indústria textil laneira não tem mais força pela indústria de sintéticos, devido a produção ser instável e os animais produzirem menos do que tecido sintético. Assim, a rentabilidade caiu, e a produção acabou decaindo. Quando a lã deixou de ser economicamente interessante, a carne veio a ser importante para produção, e agora ainda é importante na questão rentária dos produtores. Antigamente, os machos eram castrados e deixava-se apenas o capão. Quando estavam velhos, eram enviados para abate (capão gordo, carne dura), que deixou de ser visado na produção ovina. Assim, os animais hoje com 5 ou 6 meses já estão prontos para o abate, com a carne saudável, magra, presença de ômega 3, sendo bastante valorizado pelo mercado. Leite Itália, França e Bélgica já exploram bastante o leite, mas no Brasil não é muito valorizado pela demanda cultural, apenas para o queijo (caríssimo). As raças leiteiras também são usadas para carne (machos), pois ambas são criadas em conjunto. No Rio Grande do Sul há aumento de exploração da área, devido a questão cultural (vinhos, turismo…) https://www.agrolink.com.br/cotacoes/carnes/ovinos/ Pele Pelêgos são muito culturais no RS, embora possa haver preferência de mercado pelos sintéticos (preço menor, pois pelêgos naturais são caros pela dificuldade de produção, mas a qualidade é maior e durabilidade também). Animais naturalmente coloridos têm diferenciais de mercado. Assim, é possível ganhar dinheiro dentro da ovinocultura, devido a diversidade de produção e possibilidade. O ovino têm ciclo curto de produção, e agilidade na possibilidade de rentabilidade. Os animais também são muito adaptáveis, e os cordeiros tendem a desmamar cedo. Ainda, os ovinos são bastante sociáveis com outras espécies, possibilitando a integração para turismo e comércio. Problemas na produção de ovinos Algumas situações dificultam a produção a nível de campo, que são importantes a nível de produção. Algumas situações não tem retorno e nem solução, e isso pode desestimular o produtor. Abigeato O abigeato é uma prática de roubo de carneiros/ovinos, que ocorre em diversas cidades gaúchas. Há perda de produção, consequentemente perda de rebanho e sem ter o que fazer. É bastante desestimulante pois as ovelhas são fáceis de roubar. Ainda, tem uma morte rápida e silenciosa, que o produtor não vê. Santiago, 2015 Cães A morte de animais por cães também é comum. O cão condicionado para trabalhar com ovinos é um grande aliado na lida e no manejo, mas alguns cães tem instinto de predador, e que podem causar estragos e perda de rebanho pela facilidade de matança do ovino. Ainda, curar mordidas é um processo demorado e lento, e muitas vezes o animal precisa ser sacrificado. Trabalho diário A necessidade das ovelhas de pousar em um abrigo é um ponto de vista positivo pois o produtor facilmente irá identificar animais feridos, cordeiros novos, fêmeas no cio etc… Mas é uma rotina cansativa, diária e que necessita gastos com cocheiras. Alguém precisa sempre estar em plantão para conduzi- las até o pouso. As instalações e cercas também são um gasto, mas que são essenciais para uma produção de sucesso, pois a criação necessita proteção e os ovinos não devem sair do local indicado. Verminoses As verminoses são um grande problema na ovinocultura, e o mau uso de anti-helmintos levou a resistência helmíntica, e isso causa desnutrição e perda de carcaça/leite em uma produção. A falta de conhecimento médico veterinário para orientar o produtor acabam criando essa resistência ou até intoxicação em casos de mau uso dos fármacos pela falta de informações de farmacologia e parasitologia. Classificação de ovinos Cascos Os cascos também precisam ter a atenção do produtor, e são difíceis de corrigir a nível de fungos, frieira, dermatite. Isso é um fator limitante na propriedade e de tratamento longo e caro, ainda podendo ocorrer a disseminação de ovinos que convivem. Tudo isso gera mão de obra, o que é bom, mas também é atenção, conhecimento técnico e… gastos. Achar pessoas interessadas em manejo de ovinos e que tenham experiência é difícil, assim para aumentar o rebanho e produzir acaba sendo um fator limitante. Reino .......................... Animalia Filo ........................Vertebrados Classe ......................Mamíferos Ordem ...................Artiodactila Grupo....................Ruminantes Família........................Bovideos Gênero...............................Ovis Espécie......................Ovis aries Através da dentição dos ovinos pode se fazer a classificação pela idade. Classificação pela idade Primeiro: os incisivos inferiores (ovinos não tem incisivos superiores) são o parâmetro para se avaliar a idade do ovino (existem 8 incisivos). São trocados de dentes de leite para dentes permanentes. Segundo: A troca vai da parte central para a parte lateral. A cada ano troca-se dois dentes Os definitivos são maiores e mais largo que o de leite. Assim, o número de dentes permanentes estará definido aos 4 anos. Dividir o número de definitivos por 2 irá se chegar a uma idade aproximada do animal. A partir dos 4 anos irá ocorrer o desgastamento daspinças, desgastando lateralmente. Isso é o rasamento/nivelamento. A forquilha ocorre quando o animal já está com aproximadamente 8 anos, e ele terá uma dificuldade de apreender o pasto. Em casos de defeitos genéticos de dentes falhados ou tortos o animal também irá uma dificuldade alimentar. Ovinos domésticos Cordeiro - ovino jovem de até 7 meses de idade Borrego - 7 meses de idade até tornar- se apto para reprodução (de 12 - 18 meses) Ovelha - após o primeiro parto Capão - macho adulto castrado Carneiro - macho adulto inteiro Rufião - Animal usado para identificar o cio das ovelhas ou induzi-lo; podem ser usados machos castrados ou fêmeas inférteis com aplicação de hormônios. Categoria dos ovinos de acordo com idade Método prático de avaliação Dente de leite - cordeiro/a (castrado ou não) 2 dentes definitivos - borrego/a (castrado ou não) 4 dentes definitivos ou mais - ovelha, capão (castrado), carneiro (inteiro) Método de avaliação pelo escore corporal O que é o escore de condição corporal - o nível lipídico por baixo da lã, que pode causar ou indicar problemas de aprumo e de cascos, de dentes. Classificação de 1-5 que irá avaliar a condição nutricional do animal naquele momento. Ideal 3 ou 4, ou entre isto. Como fazer a avaliação - introdução dos 4 dedos na região lombar ao lado do sacro, e polegares em cima, entre o processo transverso e espinhoso das vértebras. Menos músculos significam que o animal está com um escore baixo. Gordura e aumento da região indica escore alto e maior gordura de cobertura. Escore 1 - muito baixo (sentem-se os ossos) Escore 3 - média (3mm de proteção da carcaça) Escore 4 - alto (para sentir o processo espinhoso precisa de fazer pressão) Escore 5 - obeso, não é interessante financeiramente Fonte desconhecida Fonte desconhecida Quando se fazer - A qualquer momento! Mas no pré parto, pré cobertura e durante a lactação, além de cordeiros para abate, é interessante fazer a avaliação. Avaliação pré-cobertura Fazer 40 dias antes da cobertura para dar tempo de correção até o momento de monta/inseminação. É importante concentrar as coberturas no início do período reprodutivo, os cios serão mais longos e regulares e o desenvolvimento inicial da placenta e do úbere e diminuição da mortalidade embrionária. Ainda, aumentará a taxa de prenhez. Cordeiros - É essencial o cuidado com o final do parto para o desenvolvimento final do feto. O peso vivo ao nascimento dos cordeiros também, sendo bom, irá auxiliar no desenvolvimento nos primeiros meses e há uma redução da mortalidade neo- natal (tecido adiposo marrom, vitalidade, termorregulação e maior resistência a predadores). A relação entre peso vivo ao nascimento e peso vivo ao desmame deve ser estável também, para no desmame ele estar apto para seguir sem o leite da mãe. E também a maturação folicular dos rebanhos laneiros depende do nascimento, da boa nutrição na fase final na gestação da fêmea e do pós parto. Avaliação pré-parição Ovelha - é essencial que a ovelha saia do pós parto imediato bem nutrida para entrar em fase lactação produzindo bem e nutrindo seu cordeiro também. A produção do colostro (importante para o desenvolvimento do cordeiro) e também a prevenção de verminoses e imunidade alta ocorrem quando há um bom escore ao final do parto. Existem casos de toxemia de gestação (a gestante quebra sua gordura para manter o feto, ocorrendo a formação de corpos cetônicos e a ovelha morre). É importante que ela esteja apta para o próximo cio não encontrar-se desnutrida. A exigência nutricional nesse momento é enorme, e se a ovelha não está com o escore em dia ela não irá nutrir seu cordeiro adequadamente e nem produzir leite conforme esperado pelo produtor. O efeito sobre a recria e engorda é diminuído, e o cordeiro irá iniciar a pastagem mais cedo, propiciando o aparecimento de helmintos no seu trato digestório. Avaliação durante a lactação Avaliação do lote pro abate O escore 40 dias antes do abate é importante para haver carcaças semelhantes, com proporções de gordura e músculo a nível de escore 3,5 a 4. Aprumos desajustados podem ter claudicação e vão ter sustentação do peso não ideal, pesando mais para um lado que para outro. Também é avaliado em exposições e reprodutores vendedores de semen. Avaliação das condições de aprumo Isso deve ser avaliado no momento de escolha para compra, avaliado em ovelhas reprodutoras, carneiros reprodutores, imperfeições da raça… Cada raça terá suas particularidades mas é essencial a escolha dos animais mais lineares possível. Exemplos de aprumos desajustados Crescimento e produção de lã Houve a crise da lã, com o aumento de sintéticos, mas até quando os sintéticos estarão em alta, com o preço do petróleo? Ainda, a lã é orgânica, que tem demanda social bastante rentária, e a fibra de lã de ovelha tem qualidade infinitamente superior. Assim, a tendência da lã é ganhar força novamente no mercado. Lanolina - “gordura” liberada pelas glândulas sebáceas, secretada no canal do folículo piloso, que faz o crescimento da lã ter uma proteção contra ação do ambiente e tem resistência contra ações climáticas e crescimento retilíneo. Folículos primários - A maturação folicular tem uma estrutura que desenvolve-se até chegar no folículo maduro, apto a produzir fibra de lã. Se há deficiência na formação fetal, há deficiência na maturação folicular, que haverá menor produção de lã do animal (velo mais leve). Nascem em torno de 100 a 110 dias de vida fetal. É possível se chegar a até 40% menos de lã durante a vida do animal devido a inadequada maturação folicular. E o velo irá ficar mais espesso por efeito compensatório. Folículo secundário - Desenvolvem-se entorno do folículo primário e irá ser responsável pela lã de interesse financeiro. Nascem 120 a 130 dias de vida fetal. Fonte desconhecida Células da cutícula (estrutura escamosa mais externa), que proporciona a feltragem e o “brilho”, que quanto menor, melhor para a indústria, e também da suavidade, que seria ideal que a cutícula fosse menor. A cortícula é o meio, e a medula, a parte central com oxigênio. O ideal é que não haja oxigênio na fibra de lã, pois o tingimento depois é prejudicado, e alguns pelos ficam mais ásperos. Sobre a composição, a taxa de enxofre, possui resistência à fibra lã. Relação S/P - Relação entre folículos secundários e primários. sendo que existirão grupos de 3 primários rodeados de diversos secundários na derme do animal. A quantidade de secundários direciona a relação S/P, que quanto maior melhor para produção de lã. Claro que animais de diferentes raças terão diferentes relações S/P, que dependem de fatores nutricionais, genéticos e aperfeiçoamento. A S/P oscila de 5 a 30. Pode ser um folículo principal secundário com derivados, que podem ser prejudicados. Estrutura da fibra de lã Fatores que influenciam na produção de lã Atualmente muitos dos fatores são conhecidos e podem ser reversíveis, mas alguns são irreversíveis. O peso do velo é muito importante para a rentabilidade, que depende do volume de fibras produzidas por superfície corporal, que depende do comprimento e diâmetro da fibra e principalmente da relação S/P. Idade: Aumenta até 2 anos, mantém-se até 4 e depois tende a diminuir (menos mitoses, peso do velo diminui). Sexo: Seria por superfície corporal, tecnicamente (maiores teriam mais peso de velo), ainda os carneiros tem a testosterona que tem maior proteína e maior peso de velo (machos não castrados, carneiros). As ovelhas produzem lã de bastante qualidade e capões, menos um pouco. Cordeiros: precisam ter uma fase final fetal de boa qualidade (escore da mãe 3,5 / 4) para que tenham uma boa maturação folicular. Fisiológico: gestantes e lactantes produzem menos lã que ovelhas secas, e ovelhas com um cordeiro ao pé produzem menos que ovelhas com dois cordeiros ao pé. Capões e carneiros também precisam estar em bom escore nutricional para produzirem um bom velo. Fator fisiológico e materno sobre a produção de lã Sabendo que o crescimentodo feto se dá principalmente a segunda fase de gestação, é considerável que o produtor deva dar uma atenção maior a nutrição da sua gestante nessa fase, para que o feto tenha uma pesagem A comparsa é composta basicamente por: maneadores, esquiladores, limpador de cancha, levantador de velo (para o velo não cair em local com sujidades), classificador, embolsador, curador, pagador de ficha (ou o próprio dono, que controla a quantidade de animais esquilados), cozinheiro, empregados de apoio com os animais. Quem realiza a esquila são as comparsas, que são pessoas treinadas para esquila de grandes rebanhos. Com a redução dos rebanhos, as comparsas não são mais tão utilizadas no Brasil, existindo países que ainda são predominantes. Em poucos ovinos, é comum que dois ou três esquiladores consigam esquilar todas as ovelhas, carneiros, capões e cordeiros. Esquiladores cobram por animal esquilado ou pela lã, e precisam ser contratados bem antes. Os carneiros geralmente são cobrados por dois. adequada ao nascer e também para que os folículos pilosos produtores de lã sejam bem formados. Uma vez que os folículos primários e secundários (os principais fornecedores da produção de um ovino com bom potencial laneiro) não sejam bem formados, esse indivíduo irá ter durante a vida toda uma produção de menor valor. Sobre a fisiologia da produção laneira, é importante lembrar que a ovelha gestante também está produzindo um velo, que será de interesse do produtor na época de esquila. Assim, não só para formação fetal e lactação ela deve estar nutrida, mas também para formação do seu próprio velo (que naturalmente será uma produção menor do que uma ovelha não gestante). Esquila e classificação de lã Sistema crioulo: com contenção maneada, onde esquila-se primeiro o velo, vira-se e esquila-se a barriga e depois membros Sistema australiano: sem contenção, que esquila-se primeiro os membros e depois o velo e barriga. Importante durante a esquila Evitar recorte - não recortar a lã é muito importante para obter um velo uniforme; não repassar máquina é importante para que não caiam pedaços de lã no velo já retirado. Evitar cortes excessivos - pode ocorrer de cortar a pele do animal, mas isso precisa ser cuidado, para que não machuque os animais. A “lã de garra” é a lã/pelo retirado das patas, barriga e cabeça no animal, que são bastante sujas e grosseiras, por estarem sempre em contato com a terra e com superfícies. Sendo assim, o valor de mercado dessa lã é muito menor, o que não é interessante para um produtor que visa a venda de lã (feita por kg). imagem A Tosquia, uma tradição, uma arte! - Rádio Campanário (radiocampanario.com) https://www.radiocampanario.com/ultimas/reportagens/campanario-tv-a-tosquia-uma-tradicao-uma-arte Desborde A “lã de garra” é a lã/pelo retirado das patas, barriga e cabeça no animal, que são bastante sujas e grosseiras, por estarem sempre em contato com a terra e com superfícies. Sendo assim, o valor de mercado dessa lã é muito menor, o que não é interessante para um produtor que visa a venda de lã (feita por kg). Fonte desconhecida
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