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Prévia do material em texto

CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA
Si
m
bo
lo
gi
a B
ra
ill
e
UDESC/UAB/CEAD
Simbologia
BRAILLE
Universidade do Estado de Santa Catarina
Universidade Aberta do Brasil
Centro de Educação a Distância 
FLORIANÓPOLIS 
UDESC/UAB/CEAD
Simbologia
BRAILLE
1ª edição - Caderno Pedagógico
 Simbologia Braille
Governo Federal
Governo do Estado de Santa Catarina
UDESC
Centro de Educação a Distância 
(CEAD/UAB)
Presidente da República | Dilma Rousseff
Ministro de Educação | Aloizio Mercadante Oliva
Secretário de Regulação e 
Supervisão da Educação Superior | Jorge Rodrigo Araújo Messias
Diretor de Regulação e Supervisão em 
Educação a Distância | Hélio Chaves Filho
Presidente da CAPES | Jorge Almeida Guimarães
Diretor de Educação a 
Distância da CAPES/MEC | João Carlos Teatini de Souza Clímaco
Governador | João Raimundo Colombo
Secretário da Educação | Eduardo Deschamps
Reitor | Antonio Heronaldo de Sousa
Vice-Reitor | Marcus Tomasi
Pró-Reitor de Ensino de Graduação | Luciano Hack
Pró-Reitor de Extensão, 
Cultura e Comunidade | Mayco Morais Nunes
Pró-Reitor de Administração | Vinícius A. Perucci
Pró-Reitor de Planejamento | Gerson Volney Lagemann
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação | Alexandre Amorim dos Reis
Diretor Geral | Marcus Tomasi
Diretora de Ensino de Graduação | Fabíola Sucupira Ferreira Sell
Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação | Lucilene Lisboa de Liz
Diretora de Extensão | Vera Márcia Marques Santos
Diretor de Administração | Ivair de Lucca
Chefe de Departamento de 
Pedagogia a Distância CEAD/UDESC | Isabel Cristina da Cunha
Subchefe de Departamento de 
Pedagogia a Distância CEAD/UDESC | Vera Márcia Marques Santos
Secretária de Ensino de Graduação | Rosane Maria Mota
Coordenador de Estágio de Curso Pedagogia/UAB | Lidnei Ventura
Coordenador UDESC Virtual | Luiz Fabiano da Silva
Coordenadora Geral UAB | Carmen Maria Cipriani Pandini
Coordenadora Adjunta UAB | Gabriela Maria Dutra de Carvalho
Coordenadora do Curso de Pedagogia UAB | Geisa Letícia Kempfer Böck
Coordenadora de Tutoria UAB | Ana Paula Carneiro
Secretaria de Curso UAB | Aline de Lauro Bertolini
Copyright © UDESC/UAB/CEAD <2013>
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio 
sem a prévia autorização desta instituição.
Geisa Letícia Kempfer Bock 
Solange Cristina da Silva
Caderno Pedagógico
1ª edição
Florianópolis
Diretoria da Imprensa Oficial 
e Editora de Santa Catarina
 
2013
Simbologia
BRAILLE
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da UDESC
 
B665s Bock, Geisa Letícia Kempfer
Simbologia braille / Geisa Letícia Kempfer Bock, Solange Cristina da 
Silva ; [design instrucional: Carla Peres Souza] – 1ª ed.– Florianópolis : 
DIOESC : UDESC/CEAD/UAB, 2013.
 124 p. : il. ; 28 cm – (Cadernos pedagógicos).
Inclui Bibliografia
ISBN: 978-85-64210-88-2
1.Cegos – educação. 2.Braille. 3. Cegos - Sistemas de impressão e 
escrita. I. Silva, Solange Cristina da. II. Título
CDD: 371.912– 20.ed.
Professoras autoras
Geisa Letícia Kempfer Bock 
Solange Cristina da Silva
Colaboradoras
Raquel Schappo
Adriana Carmen Argenta
Marcilene Aparecida Alberton Ghisi Chaves
Design instrucional
Carla Peres Souza
Professora parecerista
Elizabet Dias de Sá
Diagramação
Aline Bertolini de Lauro
Elisa Conceição da Silva Rosa
Sabrina Bleicher
Revisão de texto
Nilza Goes
Coordenação 
Carmen Maria Cipriani Pandini
Vicecoordenação
Lidnei Ventura
Projeto instrucional 
Ana Cláudia Taú
Carla Peres Souza
Carmen Maria Cipriani Pandini
Daniela Viviani
Melina de la Barrera Ayres
Roberta de Fátima Martins
Projeto gráfico e capa
Elisa Conceição da Silva Rosa
Sabrina Bleicher
Caderno Pedagógico
Material Didático
Multi.Lab.EaD
Laboratório Multidisciplinar de Desenho e 
Produção de Material Didático para a EaD
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Programando os estudos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
CAPÍTULO 1 
Caracterização geral da deficiência visual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Seção 1 - O funcionamento da visão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Seção 2 - A deficiência visual e as causas que a originam . . . . . . . . . . . . . . . 24
Seção 3 - Os sentidos remanescentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
CAPÍTULO 2
A pessoa com deficiência visual no contexto escolar . . . . . . . . . . . . . . . 49
Seção 1 - A inclusão escolar da pessoa com deficiência visual . . . . . . . . . . 50
Seção 2 - Meios de acesso ao currículo: recursos pedagógicos de apoio . 59
Seção 3 - Orientação, mobilidade e atividades de vida autônoma . . . . . . . 73
CAPÍTULO 3 
O sistema Braille . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Seção 1 - Sistema Braille: história e importância na educação de pessoas 
com cegueira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
Seção 2 - O código Braille . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Seção 3 - Alfabetização de pessoas com cegueira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Conhecendo as professoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
Comentários das atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Referências das figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
Sumário
Apresentação
Prezado(a) estudante, 
Você está recebendo o Caderno Pedagógico da disciplina de Simbologia 
Braille . Ele foi organizado didaticamente, a partir da ementa e objetivos 
que constam no Projeto Pedagógico do seu Curso de Pedagogia a 
Distância da UDESC .
Esse material foi elaborado com base na característica da modalidade 
de ensino que você optou para realizar o seu percurso formativo – a 
Educação a Distância . É um recurso didático fundamental na realização 
de seus estudos, pois organiza os saberes e conteúdos de modo a que 
você possa estabelecer relações e construir conceitos e competências 
necessárias e fundamentais a sua formação .
Esse Caderno, ao primar por uma linguagem dialogada, busca 
problematizar a realidade, aproximando teoria e prática, ciência e 
conteúdos escolares, por meio do que se chama de elaboração didática, 
que é o mecanismo de transformar o conhecimento científico em saber 
escolar a ser ensinado e aprendido .
Receba-o como mais um recurso para a sua aprendizagem, realize seus 
estudos de modo orientado e sistemático, dedicando um tempo diário 
à leitura . Anote e problematize o conteúdo comsua prática e as demais 
disciplinas que irá cursar . Faça leituras complementares, conforme as 
sugestões, e realize as atividades propostas .
Lembre-se de que, na Educação a Distância, muitos são os recursos e 
estratégias de ensino e aprendizagem; por isso use sua autonomia para 
avançar na construção de conhecimento, dedicando-se a cada disciplina 
com todo o empenho necessário .
Bons estudos!
Equipe UDESC\UAB\CEAD
Introdução
Prezados/as alunos/as,
Vocês estão sendo convidados a estudar a deficiência visual fundamentada 
no Caderno Pedagógico da disciplina de Simbologia Braille . Esse 
material foi organizado tendo como base a premissa principal do Curso 
de Pedagogia a Distância: a teoria vigotskiana . 
Aqui você iniciará sua caminhada, compreendendo o que é deficiência 
visual, o histórico da inclusão do grupo de pessoas com essa deficiência 
e seus direitos, além de conhecer algumas possibilidades para o trabalho 
pedagógico . Para tanto, entrará em contato com alguns recursos e 
instrumentos que contribuem para o desenvolvimento de um conjunto 
de habilidades fundamentais a essas pessoas, bem como com o 
conhecimento da simbologia Braille . 
Acreditamos que trabalhar com a educação de cegos é possibilitar uma 
experiência significativa e transformadora . Por isso, desafiamos você 
a caminhar conosco e, numa relação dialógica, trazer reflexões e trocar 
experiências rumo à superação da exclusão das pessoas com deficiência 
visual . 
Bons estudos!
Programando 
os estudos
Estudar a distância requer organização e disciplina, bem como estudos 
diários e programados para que você possa obter sucesso na sua 
caminhada acadêmica . Procure então estar atento aos cronogramas do 
seu curso e disciplina, para não perder nenhum prazo ou atividade dos 
quais depende seu desempenho . As características mais evidenciadas na 
EAD são o estudo autônomo, a flexibilidade de horário e a organização 
pessoal . Faça sua própria organização e agende as atividades de estudo 
semanais .
Para o desenvolvimento desta Disciplina, você possui a sua disposição 
um conjunto de elementos metodológicos que constituem o sistema de 
ensino:
 » Recursos didáticos, entre eles o Caderno Pedagógico .
 » O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) .
 » O Sistema de Avaliação: avaliações a distância, presenciais e de 
autoavaliação .
 » O Sistema Tutorial: coordenadores, professores e tutores .
Ementa
A Educação de cegos . Sistema Braille: histórico e sua importância . Escrita 
e Leitura no Sistema Braille: alfabeto, sinais de pontuação e simbologia 
matemática básica . 
12
Objetivos de aprendizagem
Geral
 » Reconhecer e valorizar as diferenças individuais das pessoas 
com deficiência visual, nos termos de suas características, 
experiências, habilidades e relações nas quais se constituem e se 
desenvolvem .
Específicos
 » Identificar as barreiras do contexto que dificultam o acesso e a 
participação dos estudantes com deficiência visual no processo 
escolar .
 » Propor estratégias pedagógicas e meios de apoio pertinentes, 
com vistas à eliminação das barreiras detectadas no acesso ao 
conhecimento escolar .
 » Conhecer o código Braille e compreender a importância da 
educação de pessoas cegas .
Carga horária
36 horas/aula
13
Anote as datas importantes das atividades na disciplina, conforme 
sua agenda de estudos: 
 DATA ATIVIDADE 
Conteúdo da disciplina
Veja, a seguir, a organização didática da disciplina, distribuída em capítulos 
os quais são subdivididos em seções, com seus respectivos objetivos de 
aprendizagem . Leia-os com atenção, pois correspondem ao conteúdo 
que deve ser apropriado por você e faz parte do seu processo formativo .
Capítulo 1 – Neste capítulo inicial, você conseguirá distinguir as 
necessidades educativas comuns e individuais, e as 
relacionadas à deficiência visual . Além disso, conhecerá 
os aspectos e particularidades da deficiência visual, as 
diferentes características, origens e suas implicações no 
contexto educacional e social, bem como as barreiras 
específicas para a aprendizagem e participação desses 
estudantes no contexto educativo, considerando o 
espectro de tipos e graus da deficiência visual e seus 
sentidos remanescentes .
14
Capítulo 2 – No segundo capítulo, conhecerá o processo de 
construção de conhecimento, por meio da experiência 
não-visual, e empregará recursos pedagógicos auxiliares 
que favoreçam a compreensão e acesso aos conteúdos 
escolares . Conhecerá, também, técnicas de atividades 
de vida autônoma e de orientação e mobilidade, além 
de diferentes recursos de Tecnologia Assistiva possíveis 
de utilização no contexto educacional de pessoas com 
deficiência visual .
Capítulo 3 – No capítulo final, será apresentado o sistema Braille, e 
você conseguirá diferenciar e identificar os recursos 
utilizados pelas pessoas cegas para registro dessa 
modalidade de escrita, conhecendo os processos de 
aprendizagem das pessoas cegas no que se refere à 
alfabetização em Braille .
Passemos, agora, ao estudo dos capítulos!
Caracterização geral da deficiência visual
Objetivo geral de aprendizagem
 » Compreender os aspectos e particularidades da 
deficiência visual, as diferentes características, origens e 
suas implicações no contexto educacional e social.
Seções de estudo
Seção 1 – O funcionamento da visão
Seção 2 – A deficiência visual e as causas que a originam 
Seção 3 – Os sentidos remanescentes
Você já imaginou como é viver a vida explorando o mundo com dificuldades visuais? Ou ainda, 
sem o sentido da visão? Neste capítulo, você será apresentado às diversas manifestações da 
deficiência visual e como as pessoas enxergam em cada uma delas. Poderá descobrir e explorar 
os sentidos remanescentes, compreender a diferença entre cegueira e baixa visão e alguns sinais 
apresentados por pessoas que possuem alguma deficiência visual. 
1
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CA
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 1
Compreender as diferentes maneiras de ver é de essencial importância 
para a prática pedagógica em salas de aula em que estudam alunos com 
deficiência visual . Para tanto, aqui você realizará um estudo referente às 
deficiências visuais e como elas se distinguem entre si . 
Além disso, neste capítulo você encontrará um diálogo acerca dos sentidos 
remanescentes, compreendendo sua importância para aprendizagem e 
formação de conceitos por parte de pessoas com deficiência visual . 
Seção 1 
O funcionamento da visão
Objetivos de aprendizagem
 » Conhecer os aspectos e particularidades da deficiência 
visual .
 » Identificar as barreiras específicas para aprendizagem 
e participação de estudantes com deficiência visual no 
contexto educativo . 
Quando se fala em cegueira, baixa visão ou ainda generalizando, deficiência 
visual, a referência está sendo feita a condições caracterizadas por uma 
limitação total ou muito grave da função visual . Nesse caso, se está falando 
de pessoas que pouco ou nada veem . Nesse sentido, primeiramente é 
preciso entender a visão e sua função .
No mundo, os estímulos visuais são constantes: outdoors, 
televisão, internet, etc . Como podem os olhos filtrar tanta 
informação visual?
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PÍTU
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 1
Quando se olha para um objeto, a imagem entra na córnea em direção à íris, 
que, por sua vez, regula a quantidade de luz recebida por meio da pupila . 
Repare que no escuro a pupila dilata (abre), e em lugar muito iluminado 
ela diminui (fecha) . Dessa forma, ela regula a quantidade de luz que deve 
entrar . Isso acontece porque é necessário mais luz para formar a imagem . 
Depois que a imagem passa pela pupila, chega ao cristalino e é focada 
sobre a retina . Na retina, as células transformam as ondas luminosas em 
impulsos eletroquímicos, que vão ser decodificados pelo cérebro . A retina 
produz uma imagem invertida, e é o cérebro que vai convertê-la à posição 
correta . (CBO, 2013) .
O olho humano e a máquina fotográfica
Você sabia que a máquina fotográfica foi 
criada inspirada no funcionamento do olho 
humano? 
Nos olhos, acórnea funciona como a lente da 
câmera, que vai permitir a entrada de luz e a 
formação da imagem na retina. A retina, que 
fica dentro do olho, seria o filme fotográfico ou 
sistema digital, onde a imagem se reproduz. 
A pupila seria o diafragma da máquina, pois 
controla a quantidade de luz que entra no 
olho abrindo ou fechando. 
 
Verifique a seguir a composição interna do olho .
Córnea
Cílios
Músculos Ciliares
Íris
Cristalino
Humor Vítreo
Retina
Fóvea Central
Nervo Óptico
Mácula Lútea
Corióide
Esclera
Morfologia do
Olho Humano
São pelos localizados na 
borda da pálpebra e 
servem para proteger o 
olho de materiais em 
suspensão no ar, como a 
poeira
Pálpebras são consideradas anexos oculares, tem 
como função proteger o olho na sua parte mais 
anterior. Através da sua movimentação (piscar), 
espalha a lágrima produzida pelas glândulas 
lacrimais, umedecendo e nutrindo a córnea e 
retirando substâncias estranhas que tenham 
alcançado o olho. Conjuntiva é a membrana 
transparente que reveste a parte anterior do 
olho e a superfície interior das pálpebras. 
É o tecido transparente que cobre a 
pupila, a abertura da íris. Junto com 
o cristalino, a córnea ajusta o foco da 
imagem no olho.
Controla a entrada de luz: dilata-se em ambiente 
com pouca claridade e estreita-se quando a 
iluminação é maior. Esses ajustes permitem que 
a pessoa enxergue bem à noite e evitam danos à 
retina quando a luz é mais forte.
É um fino tecido muscular 
que tem, no centro, uma 
abertura circular ajustável 
chamada de pupila.
Ajustam a forma do cristalino. Com o 
envelhecimento eles perdem sua 
elasticidade, dificultando a focagem dos 
objetos próximos e provocando 
presbiopia.
Líquido transparente que preenche o 
espaço entre a córnea e o cristalino, sua 
principal função é nutrir estas partes do 
olho e regular a pressão interna.
Lente transparente e flexível, localizada 
atrás da pupila. Funciona como uma lente, 
cujo formato pode ser ajustado para focar 
objetos em diferentes distâncias, num 
mecanismo chamado acomodação
Camada média do globo ocular. 
Constituída por uma rede de vasos 
sanguíneos, ela supre a retina de 
oxigênio e outros nutrientes. Camada externa do globo ocular 
- parte branca do olho. 
Semirrígida, ela dá ao globo 
ocular seu formato e protege as 
camadas internas mais delicadas.
É a estrutura formada pelos 
prolongamentos das células 
nervosas que formam a retina. 
Transmite a imagem capturada 
pela retina para o cérebro.
Porção de cada um dos olhos que 
permite perceber detalhes dos objetos 
observados. Localizada no centro da 
retina, é muito bem irrigada de sangue 
e possibilita, através das células cônicas, 
a percepção das cores.
Ponto central da retina. 
É a região que distingue 
detalhes no meio do 
campo visual. 
Sua função é receber ondas de 
luz e convertê-las em impulsos 
nervosos, que são transformados 
em percepções visuais.
Líquido que ocupa 
o espaço entre o 
cristalino e a retina. 
Pupila
Pálpebra e Conjuntiva
Humor Aquoso
Córnea
Cílios
Músculos Ciliares
Íris
Cristalino
Humor Vítreo
Retina
Fóvea Central
Nervo Óptico
Mácula Lútea
Corióide
Esclera
Morfologia do
Olho Humano
São pelos localizados na 
borda da pálpebra e 
servem para proteger o 
olho de materiais em 
suspensão no ar, como a 
poeira
Pálpebras são consideradas anexos oculares, tem 
como função proteger o olho na sua parte mais 
anterior. Através da sua movimentação (piscar), 
espalha a lágrima produzida pelas glândulas 
lacrimais, umedecendo e nutrindo a córnea e 
retirando substâncias estranhas que tenham 
alcançado o olho. Conjuntiva é a membrana 
transparente que reveste a parte anterior do 
olho e a superfície interior das pálpebras. 
É o tecido transparente que cobre a 
pupila, a abertura da íris. Junto com 
o cristalino, a córnea ajusta o foco da 
imagem no olho.
Controla a entrada de luz: dilata-se em ambiente 
com pouca claridade e estreita-se quando a 
iluminação é maior. Esses ajustes permitem que 
a pessoa enxergue bem à noite e evitam danos à 
retina quando a luz é mais forte.
É um fino tecido muscular 
que tem, no centro, uma 
abertura circular ajustável 
chamada de pupila.
Ajustam a forma do cristalino. Com o 
envelhecimento eles perdem sua 
elasticidade, dificultando a focagem dos 
objetos próximos e provocando 
presbiopia.
Líquido transparente que preenche o 
espaço entre a córnea e o cristalino, sua 
principal função é nutrir estas partes do 
olho e regular a pressão interna.
Lente transparente e flexível, localizada 
atrás da pupila. Funciona como uma lente, 
cujo formato pode ser ajustado para focar 
objetos em diferentes distâncias, num 
mecanismo chamado acomodação
Camada média do globo ocular. 
Constituída por uma rede de vasos 
sanguíneos, ela supre a retina de 
oxigênio e outros nutrientes. Camada externa do globo ocular 
- parte branca do olho. 
Semirrígida, ela dá ao globo 
ocular seu formato e protege as 
camadas internas mais delicadas.
É a estrutura formada pelos 
prolongamentos das células 
nervosas que formam a retina. 
Transmite a imagem capturada 
pela retina para o cérebro.
Porção de cada um dos olhos que 
permite perceber detalhes dos objetos 
observados. Localizada no centro da 
retina, é muito bem irrigada de sangue 
e possibilita, através das células cônicas, 
a percepção das cores.
Ponto central da retina. 
É a região que distingue 
detalhes no meio do 
campo visual. 
Sua função é receber ondas de 
luz e convertê-las em impulsos 
nervosos, que são transformados 
em percepções visuais.
Líquido que ocupa 
o espaço entre o 
cristalino e a retina. 
Pupila
Pálpebra e Conjuntiva
Humor Aquoso
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CA
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TU
LO
 1
Você estudou até agora sobre a visão e o funcionamento do olho . O próximo 
passo é compreender o que é deficiência visual e suas particularidades, 
conhecendo algumas de suas implicações no contexto educacional e social .
Em alguma situação do seu cotidiano, você ouviu falar sobre 
deficiência visual? E já parou para pensar como ela se 
manifesta? 
A deficiência visual é classificada em dois grupos: cegueira e baixa visão 
ou visão subnormal . Acompanhe a seguir as principais características de 
cada uma delas .
Cegueira
De acordo com o Decreto 5296/2004, considera-se deficiência visual:
[ . . .] cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 
no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que 
significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a 
melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida 
do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; 
ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores . 
(BRASIL, 2004, Art . 70) .
Sá, Silva e Simão (2010, p . 11) define campo visual como “área de abrangência 
na qual um objeto pode ser visto enquanto o olho está fixado em um 
determinado ponto” . 
A pessoa com cegueira é a que não possui nenhuma espécie de visão ou 
tem apenas percepção de luz sem projeção . Essa condição coloca a pessoa 
em situação de desvantagem no desenvolvimento das diferentes ações do 
dia-a-dia, tais como se locomover com independência e autonomia, ou, 
ainda, realizar atividades corriqueiras como cozinhar, vestir-se, entre outras . 
Pessoas com cegueira geralmente utilizam-se do sistema Braille para 
sua aprendizagem, além de outros recursos que possibilitam o acesso à 
informação . Entretanto, apenas a oferta do Braille não basta para suprir as 
necessidades apresentadas por cada pessoa; é preciso perceber quais as 
características de aprendizagem de cada um e como utiliza seus sentidos 
remanescentes, pois eles influenciam na participação das atividades 
escolares, no exercício de sua autonomia e independência . Somente com 
21
CA
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 1base nessa observação é possível compreender como as pessoas com 
cegueira estabelecem o processo de construção de seu conhecimento .
Baixa visão
De acordo com a Classificação Internacional de Doenças/CID-10, define-se 
baixa visão ou visão subnormalquando o indivíduo apresenta acuidade 
visual corrigida no melhor olho menor que 0,3 e maior ou igual a 0,05 ou, 
ainda, campo visual menor que 20 graus no melhor olho com a melhor 
correção óptica (graus 1 e 2 de comprometimento visual) . 
A pessoa com baixa visão é a que têm um grau de visão que pode variar 
desde a percepção luminosa e a percepção de objetos, até a acuidade visual 
correspondente a 30% . O percentual de visão por si só não determina o que 
uma pessoa com baixa visão é capaz de discriminar ou de reconhecer, o 
desempenho visual tem mais a ver com o uso funcional da visão . 
Quem apresenta baixa visão muitas vezes necessita de condições de 
iluminação especiais e cuidados, devido à forte sensibilidade à luminosidade 
e no uso de contrastes . Essas pessoas, muitas vezes, utilizam instrumentos 
como lupas e lunetas para ambientes externos . O Braille é usado por essas 
pessoas quando o resíduo visual é extremamente baixo; já a bengala é 
usada quando não há visão de profundidade .
A pessoa com baixa visão, ainda dentro do parâmetro de até 30% de visão, 
tem um grau de visão que lhes permite executar todas as tarefas visuais, 
incluindo as escolares, mas possivelmente necessitará de lentes para 
correção de erros de refração . Dessta forma, exigem cuidados na escolha 
e na orientação da iluminação, no local em que são colocadas na sala de 
aula, bem como na clareza e nitidez dos materiais escritos que lhes são 
apresentados .
Mesmo parecendo mínimo e sendo considerado algumas vezes 
(erroneamente) sem importância, esse resíduo visual deve ser aproveitado, 
devendo a pessoa ser incentivada a utilizar a visão que lhe resta com a maior 
eficiência possível . Geralmente, são realizados para tais pessoas programas 
de estimulação e treinamento visual em vários contextos, inclusive no 
Atendimento Educacional Especializado (AEE) . De acordo com Sá, Campos 
e Silva (2007, p . 16):
“Acuidade visual é a 
avaliação quantitativa que 
revela dados percentuais 
sobre a capacidade 
de discriminação de 
estímulos visuais em uma 
escala linear e gradual, 
tendo como referência 
o tamanho, a nitidez 
dos objetos e a distância 
em que são percebidos 
de um ponto ao outro a 
partir de um padrão de 
normalidade”. (SÁ; SILVA; 
SIMÃO, 2010, p. 09).
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Uma pessoa com baixa visão apresenta grande oscilação de 
sua condição visual de acordo com o seu estado emocional, as 
circunstâncias e a posição em que se encontra, dependendo das 
condições de iluminação natural ou artificial . Trata-se de uma 
situação angustiante para o indivíduo e para quem lida com ele tal 
é a complexidade dos fatores e contingências que influenciam nessa 
condição sensorial .
Cada pessoa com deficiência visual encontra as suas próprias estratégias 
para superar as barreiras que lhes são impostas . Veja alguns recursos que a 
pessoa com baixa visão pode contar em seu dia-a-dia:
 » Suas próprias características pessoais (físicas e psicológicas)
 » O apoio familiar
 » Um trabalho pedagógico adequado e oportuno
 » Sua própria capacidade de adaptar-se e orientar-se com apoio nos 
sentidos remanescentes
 » Um método de leitura e escrita que possa lhe ajudar a se desenvolver
 » Instituições de apoio tais como: escolas com AEE, centros de 
reabilitação, centros de AEE etc . 
 » As ajudas técnicas ou Tecnologia Assistiva e as demais TICs 
(Tecnologias de Informação e Comunicação)
Você pode, nesta seção, conhecer o funcionamento do olho e o que é 
deficiência visual . Na próxima seção, você conhecerá as principais causas 
da deficiência visual e as necessidades educativas relacionadas a essa 
deficiência . 
Antes de dar continuidade aos estudos nesta temática, observe o quadro em 
destaque a seguir, com informações sobre a surdocegueira, que, apesar de 
não ser uma deficiência visual, tem em sua composição o déficit visual . Esse 
é um conhecimento importante para você, futuro professor . Acompanhe!
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Surdocegueira
A surdocegueira é uma deficiência específica caracterizada pela perda 
concomitante visual e auditiva. Embora a terminologia se pareça com a 
somatória de duas deficiências (visual e auditiva), não é considerada dessa 
forma, ou seja, não se trata de uma pessoa cega que não pode ouvir 
ou de uma pessoa surda que não pode ver. |Por isso, não é considerada 
múltipla deficiência. A expressão surdocegueira é expressa sem hífen, 
para dar o entendimento de uma condição única, uma deficiência com 
necessidades específicas para o desenvolvimento da comunicação, 
orientação, mobilidade e acesso a informação. O Grupo Brasil (2003) 
apresenta algumas implicações da surdocegueira, defendendo que
[...] é uma deficiência singular que apresenta perdas auditivas 
e visuais concomitantemente em diferentes graus. Levando a 
pessoa com surdocegueira a desenvolver diferentes formas de 
comunicação para entender, interagir com as pessoas e ao meio 
ambiente, ter acesso às informações, ter uma vida social com 
qualidade, orientação, mobilidade, educação e trabalho. (apud 
MAIA; ARAÓZ; IKONOMIDIS, 2010, p. 5-6).
A surdocegueira pode ser classificada de duas formas: 
Pré-linguísticas
Quando a pessoa nasce com a 
surdocegueira ou adquire muito cedo, 
ainda bebê, fases nas quais ainda não 
houve a aquisição de uma língua.
Pós-linguísticas
Refere-se a pessoa que tem uma de�ciência sensorial 
(visual ou auditiva) e adquire a outra após a aquisição de 
uma língua, seja ela oral ou gestual, ou ainda, adquire a 
surdocegueira após já ter constituído uma comunicação 
linguística sem apresentar a de�ciência anteriormente.
A pessoa com surdocegueira utiliza muito o sentido do tato para 
estabelecer a comunicação. Assim, é necessário incentivar a criança 
com surdocegueira a usar os sentidos remanescentes, bem como sua 
visão e audição residuais. Para tanto, os ambientes deve ser planejados 
e organizados, de modo que ela possa ser incluída, favorecendo sua 
interação com as pessoas e os objetos. Segundo Bosco, Mesquita e Maia 
(2010, p. 10),
Durante o processo de comunicação, o professor ou outro 
interlocutor tem a função de: antecipar o que vai acontecer ou 
o local em que vai acontecer a atividade, estimular a pessoa 
para se comunicar e explorar o ambiente; confirmar se ela está 
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interpretando as informações e a todo momento comunicar o que 
ocorre no ambiente. 
A comunicação com as pessoas surdocegas é bastante específica, e 
normalmente a coleta e processamento da informação se dá por meio do 
tato. Um dos mecanismos de comunicação utilizados por essas pessoas 
é o TADOMA, ou seja, “uma comunicação eminentemente tátil que 
permite entender a fala de uma pessoa, ao perceber as vibrações e os 
movimentos articulatórios dos lábios e maxilares com a mão sobre a face 
do interlocutor”. (SÁ; CAMPO; SILVA, 2007, p. 16). 
Outra forma de comunicação é por meio de um sistema não-alfabético, 
denominado Linguagem de Símbolos ou Sinais. Nesse sistema, há a 
formação de sinais a partir de diferentes tipos de movimentos das mãos, 
especialmente os que representem palavras, números e outros códigos. 
Um exemplo é o alfabeto manual utilizado pelos surdos, mostrado na 
palma da mão e percebido pelos surdocegos através do toque.
Dando continuidade ao estudo acerca da deficiência visual, nas próximas 
seções, você conhecerá suas principais causas e as necessidades educativas 
a ela relacionadas .
Seção 2 
A deficiência visual e as causas que a originam
Objetivos de aprendizagem
 » Conhecer as principais causas das deficiências visuais .
 » Identificar as necessidades educacionais apresentadas por 
estudantes com cegueira e baixa visão .
A visão representa um papel central no desenvolvimento e na autonomia 
de qualquer pessoa . Aproximadamente 80% da informação obtida a partir 
do ambiente e necessários para a vida diária envolvem o órgão da visão . 
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 1Com isso, a maioria das características, estilos e preferências das pessoas 
foram adquiridos com base eminformações visuais, como ler, vestir, brincar, 
etc . 
De modo especial, o canal da visão desempenha um papel primordial no 
desenvolvimento durante a infância . As diferentes patologias e distúrbios 
que afetam o sistema visual humano podem reduzir vários graus de visão, ou 
mesmo impedir a entrada de informação . Por esse motivo, é extremamente 
importante determinarem-se o nível de perda de visão e suas eventuais 
consequências .
Dessa maneira, conhecer as causas e consequências das deficiências 
visuais torna-se importante, para que se atendam de forma adequada 
estudantes que as apresentem, oferecendo as condições e estímulos para 
seu desenvolvimento acadêmico e pessoal . No ambiente escolar, o docente 
deverá estar atento às especificidades de cada estudante, valorizando 
o potencial de cada um e oportunizando instrumentos, recursos, 
metodologias, estratégias e conteúdos condizentes com as necessidades 
de cada aprendiz .
As causas das deficiências visuais são variadas, podendo ser:
 » Pré-natal – antes do nascimento
 » Perinatal – durante o parto 
 » Pós-natal – ao longo da vida
Ou, ainda, serem classificadas como adquiridas ou hereditárias . Dentre as 
adquiridas, as causas mais comuns são os acidentes, tais como: estilhaços, 
perfurações, queimaduras, entre tantos outros que poderiam ser evitados . 
Nas hereditárias, a grande maioria ocorre por descuido familiar, ausência do 
pré-natal, de vacinas e de cuidados médicos, além das fatalidades de erros 
genéticos . 
A Organização Mundial da Saúde (OMS), agência especializada em saúde 
subordinada à ONU, cujo objetivo é desenvolver ao máximo possível o nível 
de saúde de todos os povos, estima que existam 180 milhões de pessoas 
com deficiência visual em todo o mundo . Destas, 45 milhões são cegas 
e 135 milhões apresentam algum tipo de baixa visão . A grande maioria 
dos casos de cegueira está presente nos países subdesenvolvidos ou em 
desenvolvimento (SILVA, 2010) . 
A previsão é que esse número dobre até 2020 . Isso se deve ao aumento 
populacional e a uma maior expectativa de vida, faixa etária em que 
há aumento de pessoas com problemas visuais . Com isso, de maneira a 
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prevenir a cegueira no mundo, elaborou-se um programa chamado Visão 
2020: o direito à visão . 
As principais causas de cegueira no mundo são:
CATARATA 47,80%
GLAUCOMA 12,30%
DEGENERAÇÃO MACULAR 8,70%
OPACIDADES DE CÓRNEA 5,10%
RETINOPATIA DIABÉTICA 4,80%
CEGUEIRA INFANTIL 3,90%
OUTRAS 17,40%
Fonte: Adaptado de Silva (2010)
Estima-se que 80% dos casos de deficiência visual poderiam ser evitados 
com informações, prevenção e tratamentos adequados . Segundo os dados 
do IBGE (2010), no Brasil, mais de 6,5 milhões de pessoas têm alguma 
deficiência visual, sendo 528 .624 pessoas incapazes de enxergar (cegos) 
e 6 .056 .654 pessoas que possuem grande dificuldade permanente de 
enxergar (baixa visão ou visão subnormal) . Acompanhe a seguir deficiências 
visuais mais comuns de se encontrar na escola .
 
Visão 2020
É uma iniciativa global para eliminar a 
cegueira evitável, um programa conjunto 
da Organização Mundial da Saúde (OMS) e 
da Agência Internacional para a Prevenção 
da Cegueira (IAPB, por sua sigla em Inglês), 
com uma adesão de ONGs internacionais, 
associações profissionais, atendimento 
oftalmológico e corporações .
VISÃO 2020: 
O Direito da Visão 
tra balhando juntos
pra eliminar a
cegueira evitável
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CATARATA CONGÊNITA
Características
A catarata é uma das principais causas da cegueira infantil, para cada 250 neonatos, um caso é 
comprovado. A catarata ocorre por um processo de opaci�cação do cristalino, que é a lente natural 
do olho, normalmente incolor e transparente, que tem como objetivo focalizar os. Qualquer 
opaci�cação do cristalino presente no nascimento é uma catarata congênita. Dependendo do grau, 
pode ocorrer interferência na passagem de luz, por distorção ou redução de raios luminosos que 
atingem as retinas. 
Anomalia de desenvolvimento, fator 
hereditário, embrionária infecciosa, 
parasitária, tóxica ou por irradiação. Entre 
as enfermidades que a causam estão a 
rubéola, toxoplasmose e sí�lis materna.
Causas possíveis Cristalino Catarata
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GLAUCOMA
Glaucoma é uma doença progressiva e irreversível do nervo óptico que causa perda progressiva da visão 
periférica, sendo um de seus fatores a pressão intraocular elevada. É uma doença assintomática no início, 
onde a perda visual só ocorre em fases mais avançadas e compromete primeiro a visão periférica. Depois, o 
campo visual vai estreitando progressivamente até transformar-se em visão tubular. Sem tratamento, a 
pessoa �ca cega. O uso de colírios que diminuem a pressão intraocular são utilizados no tratamento, quando 
estes não surtem o efeito esperado, a cirurgia e os tratamentos à laser são indicados. É considerado crônico 
quando os sintomas aparecem em fase avançada, onde se vivencia a “visão tubular”. Se a doença não for 
tratada, pode levar a cegueira.
Ele é causado por uma alteração 
anatômica na região do ângulo da câmara 
anterior, que impede a saída do humor 
aquoso e com isso causa o aumento da 
pressão intraocular. Suas causas podem 
ser:
Congênita: A criança nasce com a doença 
que leva à de�ciência e deve ser tratada de 
forma cirúrgica.
Secundária: Ocorre após cirurgia ocular, 
catarata avançada, diabetes, traumas, uso 
de corticoides e uveítes (in�amação na 
úvea, formada pela íris, corpo ciliar e corpo 
coroide).
Causas possíveis
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RETINOSE PIGMENTAR
Devido ao processo de degeneração dos cones (células dos olhos que tem a capacidade de reconhecer as 
cores) e dos bastonetes (tem a capacidade de reconhecer a luminosidade) da retina, a pessoa apresenta 
di�culdades de enxergar quando há pouca luminosidade ou com claridade excessiva e, ainda, ocorre a perda 
de visão noturna. Neste caso, progressivamente há a diminuição da visão periférica, e o estreitamento do 
seu campo visual, que pode levar à visão tubular. Por isso, alguns sinais de alerta são importantes serem 
observados como: tropeçar em objetos no caminho ou esbarrar em pessoas e em objetos fora de seu campo 
visual. 
Pode ser causada por inúmeros tipos de 
mutações genéticas, cuja característica 
comum seja a degeneração gradativa das 
células da retina sensíveis à luz. Estima-se 
que existam mais de cem tipos de Retinose 
Pigmentar.
Causas possíveis
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CERATOCONE 
Doença degenerativa da córnea, que causa uma baixa progressiva na qualidade de visão. 
O centro da córnea se a�na e assume o aspecto de um cone, afetando seriamente a visão. 
Doença de origem hereditária.Causas possíveis
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DESLOCAMENTO DE RETINA
É uma importante causa de de�ciência visual, as pessoas que possuem maior pré-disposição 
são as com histórico da de�ciência na família. A pessoa pode perceber surgimento de corpos 
�utuantes, �ashes de luzes ou pontos negros conhecidos por moscas volantes na visão. Em 
casos de deslocamento da retina a pessoa poderá perceber uma imagem ondulada ou uma 
sombra ou cortina escura que fecha o campo de visão. Se o deslocamento atingir a região 
central da retina ocorrerá uma distorção ou redução da visão central. 
As causas podem ser traumáticas 
ou mesmo provocadas pelo 
deslocamento do vítreo. Os rasgos 
na retina devem ser tratados a 
laser ou por crioterapia, o mais 
rápido possível, a �m de evitar 
que dêem origem a um 
deslocamento.
Causas possíveis
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DEGENERAÇÃO MACULAR
A visão periférica ainda permanece boa, possibilitando a pessoa a reconhecer objetos lateralmente. 
Por esta razão, a degeneração macular por si só não resulta em cegueira total, mas pode causar 
uma perda acentuada da visão central impossibilitando a leitura. A visão de cores �ca 
comprometida e outros sintomas visuais também podem se desenvolver tais como diminuição da 
visão, capacidade de captar os detalhes. Muitas pessoas não tomam consciênciado problema da 
degeneração macular até que a visão central �que “borrada” ou mais comumente “ondulada” ou 
“distorcida”.
Degeneração macular é uma das 
doenças da retina que causa 
atro�a dos fotorreceptores 
retinianos localizados na área 
macular, responsável pela visão 
central.
Causas possíveis
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TOXOPLASMOSE OCULAR
A toxoplasmose ocular pode causar lesões em diferentes regiões do olho. Quando a lesão se localiza na parte 
anterior do olho é chamado de uveite anterior. A manifestação mais grave da toxoplasmose ocular são as 
lesões da retina e da coróide. Essa forma é chamada de coriorretinite ou uveite posterior. A retina é a 
estrutura do olho que capta as imagens e leva para o cérebro através do nervo óptico, o local que estiver 
lesionado não funciona mais. Se a cicatriz for grande e em uma parte importante da retina, a pessoa poderá ter 
a visão comprometida, caso contrário, pode não haver repercussão visual. A região mais importante da retina é a 
mácula. A mácula é responsável pela visão central e infelizmente é uma região muito afetada pela 
toxoplasmose ocular.
É uma doença infecciosa 
causada pelo protozoário 
Toxoplasma gonddi. 
Causas possíveis
Toxoplasma 
gondii
Hospedeiro
intermediário
Oocistos
no solo
Mãe
contaminada
por alimentos,
água ou
diretamente
pelo solo
Recém-nascido
contaminado
Gato infectado
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CEGUEIRA CORTICAL
É a perda bilateral da visão apresentando resposta pupilar normal e exame ocular sem anormalidades. 
Refere-se a uma condição do cérebro e não do olho, podendo manifestar-se de maneira temporária ou 
permanente no que se refere ao processo de integração da informação visual. Esta designação implica 
não existir resposta sensorial aos estímulos luminosos; porém, muitas crianças com alterações no 
córtex visual mostram alguma visão residual. Assim, pode ser preferível a denominação "De�ciência 
Visual Cortical" (DVC).
A causa mais comum da De�ciência Visual Cortical é a hipóxia (falta de oxigênio) peri e pós-natal, mas 
também pode ocorrer por trauma cranioencefálico, epilepsia, infecção, sequela de meningite, hidrocefalia, 
alterações metabólicas, drogas, envenenamentos e doenças neurológicas.
Causas possíveis
Campo visual direitoCampo visual esquerdo
Olho
esquerdo
Quiasma
óptico
Nervo
óptico
Olho direito
Cérebro
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 1Muitas vezes, a própria pessoa com perda visual não percebe a sua condição, 
pois ao não experienciar a visão normal, torna-se difícil estabelecer um 
padrão comparativo . Sendo assim, é muito importante que as demais 
pessoas atentem aos sinais da deficiência visual, e a escola é o local onde 
muitas delas são reveladas . Dessa maneira, um olhar atento do docente é 
fundamental na vida escolar de cada estudante .
E você, conseguiria identificar esses sinais?
Veja agora alguns sinais e sintomas que podem ser observados em pessoas 
com baixa visão .
! Sinais de alerta Sintomas observáveis
Tonturas, náuseas e dor de cabeça;
Visão dupla e embaçada;
Excessiva sensibilidade à luz;
Postura inadequada para leitura;
Movimento constante dos olhos (nistagmo);
Dor de cabeça e/ou lacrimejamento, olhos 
vermelhos durante ou após esforço visual;
Aproximar-se muito da televisão;
Aproximar demais os olhos para ver �guras 
ou ler e escrever textos;
Semicerrar ou arregalar os olhos ao observar 
um objeto/�gura, franzir a testa ou piscar 
continuamente para �xar objetos;
Mostra di�culdade para seguir objetos;
Evitar brincadeira ao ar livre – jogos com 
bola, pega-pega;
Tropeçar ou esbarrar em pessoas;
Ter cautela excessiva ao andar, segurando o 
braço do acompanhante;
Não gostar de leitura;
Dispersar a atenção com facilidade e perder 
o interesse visual pelas atividades.
O aluno tenta remover manchas, esfrega os olhos, 
franze a testa;
Fecha ou cobre um dos olhos, balança a cabeça ou se 
move para frente quando olha para objetos 
próximos ou distantes;
Levanta para ver o que está escrito no quadro-negro, 
em cartazes ou mapas;
Cópia do quadro saltando letras, tem tendência de 
trocar palavras e misturar sílabas;
Tem di�culdade para ler ou realizar tarefas que 
exijam o uso concentrado dos olhos;
Pisca mais que o habitual, chora com frequência ou 
se torna irritado na execução de atividades;
Tropeça ou cambaleia diante de objetos;
Mantém o livro ou os objetos pequenos bem perto 
dos olhos;
É muito sensível à luz; 
Tem di�culdade em participar de jogos que exijam 
visão de distância;
Perde a linha da página enquanto lê ou muda 
constantemente a posição do livro;
Confunde letras impressas parecidas.
Fonte: Adaptado de Siaulys (2006 apud SÁ; SILVA; SIMÃO, 2010, p. 22)
Você conheceu aqui as principais causas e um pouco das necessidades 
educativas relacionadas à deficiência visual . Conheça agora um pouco sobre 
os sentidos remanescentes, tão importantes no processo de aprendizagem 
desse grupo .
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Seção 3 
Os sentidos remanescentes
Objetivos de aprendizagem
 » Identificar quais são as barreiras específicas para a 
aprendizagem e participação de estudantes no contexto 
escolar .
 » Verificar os tipos e graus da deficiência visual e algumas 
possibilidades de utilização dos sentidos remanescentes .
Toda criança é um ser humano único, com diferenças explícitas ou 
implícitas, físicas, psicológicas, intelectuais, socioculturais, possuindo assim 
identidade única . A criança ou jovem com deficiência visual, além de suas 
características próprias que a tornam diferente de todos os outros, também 
possui diferenças em relação à deficiência que possui, sendo cega ou com 
baixa visão . 
No desenvolvimento pessoal de cada indivíduo com deficiência visual, sem 
dúvida, uma série de fatores ambientais influencia, de maneira negativa ou 
positiva, e isso contribui para o fortalecimento de suas características . Essa 
relação ambiental interfere também na maneira como se relacionam, como 
constroem a imagem do mundo ao seu redor e, ainda, a sua autoimagem . 
Enfim, de maneira geral, em todos os aspectos que compõem o seu 
desenvolvimento pessoal e social .
Nesse sentido, o meio no qual a criança com deficiência cresce (casa, escola, 
comunidade, etc .), desempenha um papel fundamental na sua formação . 
Não é possível deixar de considerar que o estímulo e apoio são importantes 
ao longo de toda a vida . Com isso, existe uma relação direta de como cada 
pessoa irá viver a sua condição de deficiência e como será capaz de usar 
seus outros sentidos (chamados sentidos remanescentes) e, ainda, na 
forma como utiliza, caso possua, o resíduo visual .
Um dos principais problemas enfrentados pelas pessoas com cegueira é o 
conhecimento do espaço ao seu entorno . Para compreender o contexto de 
uma pessoa com cegueira, é preciso verificar como é seu dia-a-dia e como 
ela se relaciona com o ambiente . Reflita!
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Como a pessoa com cegueira acessa as informações que as 
outras pessoas captam pela visão? De que maneira tem a 
dimensão do todo de um objeto ou de um ambiente? Como é a sua 
locomoção? 
Quando não é possível utilizar-se o recurso da visão, torna-se mais difícil e 
trabalhoso as pessoas poderem coletar, processar, armazenar e recuperar 
precisamente as informações do ambiente .
Suporte Sensorial
As características sensoriais necessárias a uma pessoa com cegueira, para 
substituir a visão na tarefa de caracterizar esse ambiente e recolher as 
informações, são de maior desprendimento psicológico, esforço cognitivo, 
e de maior dificuldade para totalizar as informações, ou seja, de formar uma 
imagem mental da totalidade .
Assim, durante a primeira infância, os aspectos relacionados com o 
reconhecimento dos objetos, dos espaços e de alguns conceitos tais como, 
dentro e fora, perto e longe, liso e áspero, entre outros, devem ser trabalhados, 
para que não sejam gerados alguns dos problemas no desenvolvimento 
e aquisição de conhecimentos no futuro . No desenvolvimento posterior, 
até a adolescência, as pessoas com cegueira podem apresentar um atrasoimportante em relação àquelas com visão normal nos aspectos do seu 
desenvolvimento cognitivo, mais relacionados aos problemas figurativos 
e espaciais. 
Problemas figurativos se 
relacionam a representação 
com realismo da natureza, 
da forma humana e dos 
objetos criados pelo ser 
humano. Problemas 
espaciais dizem respeito 
a estabelecer-se uma 
distinção entre imagens 
bidimensionais e imagens 
tridimensionais.
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Os seres humanos possuem cinco sentidos bem importantes: visão, 
audição, gustação, olfato e tato . Quando uma pessoa possui deficiência 
visual, é possível inferir que acabará por utilizar outros sentidos para 
perceber o mundo a sua volta . 
Assim, o tato acaba constituindo um dos principais sistemas sensoriais usado 
pelas crianças com cegueira para entender o mundo ao seu redor, permitindo 
recolher informações bastante precisas sobre os objetos próximos . No 
entanto, a identificação dos objetos torna-se mais lenta do que ocorre com 
o sentido da visão, pois elas precisam explorar a textura, o tamanho e a 
espessura entre outras características . Isso torna fragmentada e sequencial 
a exploração dos objetos grandes, o que evidencia a importância de um 
trabalho para o aprimoramento da percepção tátil, e será imprescindível 
para a leitura do Braille e distinção das diferentes texturas e relevos nos 
materiais pedagógicos, tais como: mapas, tabelas, etc .
O sentido da audição também exercerá grande importância no 
desenvolvimento e construção individual da aprendizagem da pessoa com 
cegueira ou baixa visão, pois além de ser utilizado para a comunicação 
verbal, é empregado para a localização e identificação de pessoas e objetos 
no espaço . Quanto mais desenvolvida a habilidade de ouvir e identificar 
fontes sonoras, mais facilidade o estudante terá com os audiolivros, ou para 
diferenciar, por exemplo, o som de um ônibus com o de um caminhão . 
A identificação de fontes sonoras deve ser estimulada e desenvolvida 
em uma criança cega, que deve ser estimulada pelas famílias e apoiada 
por atividades de estimulação precoce, podendo ser no Atendimento 
Educacional Especializado, ou em Centros de Reabilitação . 
O tato pode ser subdivido em: sistema 
somatosensorial (identificação de texturas), propriocepção ou 
cinestesia (reconhecimento da localização espacial do corpo), 
termocepção (percepção da temperatura) e nocicepção 
(percepção da dor) .
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Faça este exercício!
Sente-se próximo a uma rua, 
feche os olhos e tente perceber 
os diferentes sons ao seu entorno . 
Você conseguiria diferenciar a 
direção do som? 
Perceberia como ele é produzido? 
Diferenciaria os tipos de sons?
O olfato também serve para que as pessoas com cegueira possam 
reconhecer alguns objetos e ambientes, apoiando os demais sistemas 
sensoriais na complexa tarefa de conhecer os objetos, os espaços, entre 
outros . Você poderia dar pistas de endereços e localizações utilizando o 
olfato . Sabe como?
Ao passar a padaria, dobre a esquerda . Como o aroma exalado por uma 
padaria é inconfundível, então esse poderia ser um bom ponto de referência 
para um cego .
Ainda, não se pode esquecer da importância para o sistema proprioceptivo, 
o qual fornece informações imprescindíveis para a orientação espacial e 
mobilidade na ausência da visão .
Ao contrário da crença popular, as pessoas cegas não têm supersentidos, 
ou os outros sentidos mais desenvolvidos do que a maioria das pessoas, 
como por exemplo, ouvir melhor, ou ter maior tato ou olfato . No entanto, 
aprendem a utilizar melhor esses sentidos e os aplicam para finalidades 
distintas, construindo um sistema de compensação da sua deficiência . 
Essa compensação se refere à plasticidade do sistema psicológico humano 
para utilizar em seu desenvolvimento e aprendizado vias alternativas as 
empregadas por quem possui visão normal . O funcionamento do sistema 
psicológico humano é muito plástico, e podem ser construídos caminhos 
alternativos na ausência de um sistema sensorial tão importante como a 
visão . (OCHAÍTA; ROSA, 1993) . De acordo com Vygotski (1997)
[ . . .] o processo de compensação é de natureza social, sendo 
produzido pela mediação semiótica . Assim, embora sejam processos 
básicos para o desempenho de várias funções e competências como 
a orientação, a mobilidade e a aprendizagem da simbologia Braille, 
Propriocepção, também 
conhecido como cinestesia, 
é a estrutura orgânica 
que entre outras funções, 
informa o cérebro sobre o 
estado de cada segmento 
do corpo humano, 
sobre a relação entre 
cada segmento e o todo 
corporal. Informa também 
sobre a relação do corpo 
com o espaço que o rodeia.
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não são apenas esses sentidos remanescentes as alternativas de 
desenvolvimento na cegueira congênita . A articulação de linguagem 
e o pensamento, em sua função de conferir à realidade uma existência 
simbólica, por meio de suas propriedades de representação e 
generalização, também permite àqueles que possuem deficiência 
visual o acesso mediado ao universo visual de nossa cultura . Assim, 
como dizia Vigotski, é a palavra que vence a cegueira e não apenas a 
audição ou o tato . (apud NUERNBERG, 2010, p . 134) .
O Desenvolvimento dos sentidos remanescentes nas pessoas com 
deficiência visual é fundamental para que o aprendizado seja completo e 
significativo . Por isso mesmo, o docente tem um importante papel nessa 
construção, proporcionando aos alunos a exploração do ambiente e de seu 
próprio corpo, a estimulação dos sentidos, a iniciativa e a participação . 
A maioria das pesquisas realizadas nos últimos anos sobre o 
desenvolvimento cognitivo de crianças com deficiência visual mostra que, 
ao atingir a adolescência e/ou idade adulta, elas podem chegar a um nível 
de desenvolvimento funcional equivalente ao das pessoas que enxergam .
Nesse ponto, é de fundamental importância as variáveis apresentadas pelos 
sujeitos e o tipo de deficiência visual . Isso porque o resíduo visual dos quais 
se dispõem ou não, decide, em certo modo, o nível da implicação funcional 
dos outros sentidos no ato de perceber . Por outro lado, a experiência 
visual prévia também influencia de maneira notável o modo pela qual são 
organizadas as funções perceptivas .
Em resumo, pode-se afirmar que os sentidos desempenham um papel 
fundamental, pois, por meio deles, a pessoa cega explora, conhece e 
se orienta espacialmente, e de certa forma tem o acesso a informações, 
independência e aprendizagem . 
É importante que você compreenda que sentidos e capacidades uma pessoa 
cega possui ou é capaz de desenvolver . Dessa forma, você poderá interagir 
com os seus alunos e alcançar significativos avanços na sua aprendizagem e 
desenvolvimento . Acompanhe as descrições a seguir:
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Percepção Auditiva
Permite distinguir as vozes, os sons e, assim relacionar-se com o ambiente. Desempenha 
um papel fundamental, uma vez que é utilizada na orientação espacial. Permite 
reconhecer as vozes de seus pais, irmãos, docentes e colegas, e, ainda, distinguir o quão 
longe é o som e a sua direção.
Linguagem
A língua desempenha um papel fundamental na vida e no aprendizado do aluno com 
de�ciência visual, porque por meio dela ele desenvolve habilidades de pensamento e 
aprende a conhecer e compreender o mundo. Assim, o processo de comunicação ajuda na 
construção de signi�cado e na interpretação dos sinais expressos no ambiente em que 
opera. Estes indivíduos gradualmente irão adquirindo a capacidade de expressar-se 
através da comunicação verbal e não-verbal. Por meio da descrição feita das pessoas, 
objetos e lugares do seu entorno e que lhe interessam, é que se constrói a imagem 
mental.
Memória
Essa capacidade ajuda em diferentes atividades, contribuindo, por exemplo, para lembrar 
a disposição dos quartos dentro de sua casa ou as classes dentro da escola; a localização 
espacial e as características dos objetos que têm interagido ou que alguém descreveu. 
Assim, quando se locomover de formaindependente, essa capacidade permitirá lembrar 
dos nomes das ruas em que transita, os pontos de ônibus e endereços residenciais. A 
memória colaborará com as habilidades de percepção para que possa desenvolver-se 
adequadamente e resolver as diversas situações do dia a dia. A memória auxilia, também, 
no que se chama permanência do objeto, que é a compreensão da existência dos objetos 
ou pessoas mesmo quando não estão �sicamente presentes. Isso quer dizer que quando 
alguém fala cadeira, mesmo que não exista nenhuma cadeira no local, a imagem da 
cadeira vem à mente.
Percepção Tátil
Permite distinguir temperaturas, texturas, tamanhos e formas. Esse sentido ajuda, 
desde pequeno, por exemplo, a reconhecer suas roupas (textura dos tecidos, formas e 
outros acessórios), vestir-se com ela, distinguir seus brinquedos (textura e forma), 
seus materiais escolares, identi�car as moedas (forma, tamanho, relevo) e orientar-se 
espacialmente apoiado por outros sentidos. Além disso, através dele é possível 
aprender a ler e escrever em Braille e usar um computador, um telefone, leitor de MP3 
e outros equipamentos eletrônicos, sem necessidade de que suas teclas ou botões 
estejam rotulados de maneira especial (a exemplo do Braille), percebendo onde estão 
localizados os botões, da esquerda para a direita ou de cima para baixo.
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Compreender os aspectos e particularidades da deficiência visual, 
as diferentes características, origens e suas implicações no contexto 
educacional e social, bem como os sentidos remanescentes, auxiliará você, 
docente, no trabalho com estudantes que apresentem tais especificidades . É 
importante perceber que esses estudantes têm as mesmas potencialidades 
que outros, pois não é a deficiência que limita a capacidade de aprender, 
mas sim a falta de estimulação e acesso ao conhecimento . Por isso, torna-se 
fundamental adequar as estratégias de ensino, objetivando a aprendizagem 
e o desenvolvimento integral de todos os estudantes .
Acompanhe a seguir uma história que pode melhorar seu entendimento 
sobre o que foi apresentado neste capítulo .
O homem morcego
Daniel Kish, californiano, é cego desde que era um bebê, mas isso não foi 
empecilho para viver uma vida ativa e cheia de aventuras, tais como realizar 
trilhas e praticar mountain bike. Para ter autonomia nessas atividades, ele 
desenvolveu uma forma de ecolocalização humana, utilizando ondas sonoras 
para construir uma imagem mental do que o cerca. Seu método envolve estalar 
a língua contra o céu de sua boca. 
Quando Kish estala a sua língua, o mundo responde; tudo que o rodeia é 
mapeado e identificado em seu cérebro usando informações obtidas a partir 
do som que ecoa de uma série de estaladas de língua que ele faz duas ou três 
vezes por segundo, desenvolvendo uma espécie de sonar. Essa técnica fez com 
que ele ficasse conhecido como ‘’homem-morcego’’.
- “É o mesmo processo usado por morcegos” - afirma. - “Você envia um 
som ou uma chamada, e ondas sonoras são ondas físicas, elas rebatem em 
superfícies físicas. Assim, se uma pessoa está estalando a língua e está ouvindo 
as superfícies ao seu redor, ela é capaz de ter um senso instantâneo da posição 
dessas superfícies.”
Segundo Kish, além de servir para que se guie e pratique esportes, sua técnica 
permite que ele aprecie a beleza das coisas ao seu redor. Kish dedica boa parte 
de seu tempo a treinar outras pessoas nessa técnica, que ele chama de Flash 
Sonar, por meio de uma organização sem fins lucrativos, chamada World 
Access for the Blind (Acesso Mundial para os Cegos).
Fonte: Adaptada de reportagem da Revista Superinteressante (2012) – Mutantes Reais
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 1Ao final deste capítulo, é possível concluir que a pessoa com cegueira 
busca compensar a ausência ou diminuição da visão, usando os recursos e 
capacidades de que dispõe, sejam eles físicos, intelectuais ou psicológicos . 
Tais capacidades são as mesmas de que todos nós, seres humanos, dispomos, 
porém, a criança, o jovem e o adulto com deficiência visual atribuem a elas 
outras funções, explorando-as melhor, com base em suas necessidades 
específicas .
Nesse capítulo, você foi convidado a conhecer vários aspectos da deficiência 
visual e da surdocegueira . Eis alguns pontos importantes do que foi 
estudado:
 » A deficiência visual é classificada como adquirida ou hereditária e 
suas causas podem ser pré-natal, perinatal ou pós-natal .
 » A deficiência visual é caracterizada por uma limitação total, ou 
muito grave da função visual, podendo ser a cegueira ou a baixa 
visão (ou visão subnormal) .
 » A pessoa com cegueira é a que não têm nenhuma espécie de visão 
ou têm apenas percepção de luz sem projeção .
 » A pessoa com baixa visão é a que tem um grau de visão que pode 
variar desde a percepção luminosa e a percepção de objetos, até a 
acuidade visual correspondente a 30% .
 » A pessoa com surdocegueira é a que tem perda auditiva e visual 
concomitantemente, porém não é a soma de duas deficiências e, 
sim, uma deficiência específica com abordagens e metodologias 
próprias . Um dos mecanismos de comunicação utilizado por essas 
pessoas é o TADOMA .
 » As ajudas técnicas e os recursos de Tecnologia Assistiva auxiliam as 
pessoas com deficiência visual a superar as barreiras de acesso ao 
conhecimento .
 » Para enxergar algo, primeiro a imagem entra na córnea em direção 
à iris, passa pela pupila, chega ao cristalino e é focada sobre a retina . 
A retina, por meio das células, transformam as ondas luminosas 
Síntese do capítulo
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em impulsos eletroquímicos transmitidos ao cérebro, o qual faz 
a decodificação da imagem e a direção do movimento dentro do 
campo perceptivo .
 » Os sentidos remanescentes desempenham um papel fundamental 
no desenvolvimento da criança cega . Por meio deles, a criança 
explora, orienta-se espacialmente, tem acesso ao conhecimento, 
torna-se independente e aprende .
Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:
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1) Considerando o que foi apresentado neste capítulo, discuta com sua 
turma o funcionamento do olho e as diferentes maneiras de ver . Sugere-
se uma pesquisa na internet para aprimorar essa reflexão .
Atividades de aprendizagem
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2) Em grupo, realize uma atividade de vivência . Usando uma venda em 
seus olhos, sinta com os seus sentidos remanescentes alguns objetos 
diferentes que lhe serão oferecidos por outro colega do grupo . Sugere-se 
que o objeto não seja muito usual e comum aos sentidos, não sendo fácil 
de perceber . Depois de retirada a venda e visualizado os objetos, discuta 
sobre a experiência e a importância do desenvolvimento dos sentidos 
remanescentes . Registre aqui uma síntese do foi discutido .
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Para ampliar seus conhecimentos sobre o que foi apresentado neste 
capítulo, sugerimos a leitura complementar do livro:
MOSQUERA, Carlos Fernando França . Deficiência Visual na Escola 
Inclusiva. Curitiba: Editora IBPEX, 2010 .
Assista também aos seguintes filmes:
 » A primeira Vista 
Adaptação do texto de Oliver Sacks do livro Um antropólogo 
em Marte . Nesse filme existe um casal apaixonado; ele é cego e 
ela não, porém um novo tratamento experimental pode fazer 
com que ele enxergue, e isso muda completamente suas vidas . 
Procure perceber na trama o uso dos sentidos remanescentes, e 
como o cérebro pode processar as imagens mentais por diferentes 
sentidos . É possível compreender como elaboramos os conceitos 
com as diferentes maneiras de ver .
 » Janela da Alma 
19 pessoas com diferentes graus de deficiência visual, desde 
discreta miopia à cegueira total, dão seus depoimentos de como 
se veem e como enxergam o mundo . O significado de ver ou não 
ver em um mundo saturado de imagens e também a importância 
das emoções como elemento transformador da realidade ¬ se é 
que ela é a mesma para todos . 
 » O Milagre de Anne Sullivan
A incansável tarefa de Anne Sullivan, uma professora,ao tentar 
fazer com que Helen Keller, sua aluna cega, surda e muda, se adapte 
e entenda (pelo menos em parte) as coisas que a cercam . Para isso, 
entra em confronto com os pais da menina, que sempre sentiram 
pena da filha e a mimaram, sem nunca terem lhe ensinado algo 
nem lhe tratado como qualquer criança .
 » Vermelho da Cor do Céu
A luta de um garoto cego, durante os anos 70, contra tudo e todos 
para alcançar seus sonhos e sua liberdade . Mirco é um jovem 
toscano de dez anos, apaixonado por cinema, que perde a visão 
após um acidente . Uma vez que a escola pública não o aceita, é 
enviado para um instituto de deficientes visuais em Gênova . Lá, 
Aprenda mais...
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descobre um velho gravador e passa a criar histórias sonoras . O 
filme é baseado na história real de Mirco Mencacci, um renomado 
editor de som da indústria cinematográfica italiana .
 » Curta-metragem: Cego e amigo Gedeão à beira da estrada
O filme de ficção de Ronald Palatnik, de 2002, está disponível 
na internet . Ele serve para ilustrar o mito da superestimação da 
audição de uma pessoa cega, como prova de que reconhece os 
carros pelo som do motor, um cego conta uma história pra lá de 
inusitada . 
Além deles, alguns filmes infantis que abordam a diversidade, como:
 » Sherek
 » O corcunda de Notre Dame
 » Procurando Nemo
 » A Bela e a Fera
Para complementar, indicamos algumas obras de Literatura Infantil, que 
abordam temas como preconceito e diferença que poderiam ser trabalhados 
com os alunos:
GALASSO, Lô . Mãos de Ventos e Olhos de Dentro . São Paulo: Editora 
Scipione, 2008 .
CANNON, Jamell . Estellaluna . São Paulo: Rocco, 1997 .
LEDO, Ivo . O canário azul. Série Diálogo . São Paulo: Scipione, 1997 .
MELLO, Cléo Buarque . A turma do agito diferente: com outras formas de 
pensar, ver, ouvir, falar, andar . . . Niterói: Lachâtre, 1999 . 
ROSS, Tony . Esta é Sílvia . Florianópolis: Moderna, 2001 . 
A pessoa com deficiência visual no contexto escolar
Objetivo geral de aprendizagem
 » Compreender o processo de inclusão das pessoas com 
deficiência visual, bem como os recursos e técnicas 
de apoio que auxiliam a compreensão e o acesso aos 
conteúdos escolares e as aprendizagens cotidianas desse 
grupo.
Seções de estudo
Seção 1 – A inclusão escolar da pessoa com deficiência 
visual 
Seção 2 – Meios de acesso ao currículo: recursos 
pedagógicos de apoio
Seção 3 – Orientação, mobilidade e atividades de vida 
autônoma
Reglete, punção, sorobã, que recursos são esses? Como eles podem fazer parte do cotidiano 
da sala de aula? Como ensinar um estudante que não vê? Quais são as possibilidades de 
adequação e adaptação das práticas pedagógicas? Essas e outras questões serão apresentadas 
no capítulo que segue; venha conhecer um pouco desse universo onde o “ver” tem outra 
dimensão.
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Você estudará, ao longo deste capítulo, como aconteceu o processo de 
inclusão das pessoas com deficiência visual, além da contribuição de 
Vigotsky para a educação dessas pessoas . Quando se fala de inclusão ou 
em Educação Inclusiva, é fundamental conhecer os recursos pedagógicos e 
de Tecnologia Assistiva auxiliares na compreensão e acesso aos conteúdos 
escolares, além das técnicas de atividades de vida autônoma e de orientação 
e mobilidade que possibilitam o exercício da autonomia e independência de 
pessoas com deficiência visual . Todos esses aspectos visam à inclusão dessas 
pessoas nos espaços educacionais, e, consequentemente, possibilitam 
melhor qualidade de vida .
Seção 1 
A inclusão escolar da pessoa com deficiência visual
Objetivos de aprendizagem
 » Compreender como ocorreu o processo de inclusão das 
pessoas com deficiência visual no contexto escolar . 
 » Conhecer a contribuição de Vigotsky para a educação das 
pessoas com deficiência visual .
A história de pessoas com deficiência visual no Brasil não fica distante da 
trajetória das demais pessoas com deficiência em outros países; foram muitos 
anos de exclusão, preconceitos, abandono e falta de acesso aos espaços 
públicos como, por exemplo, as escolas . Anos de luta foram necessários 
para que elas conquistassem seu espaço . O contexto escolar, mais uma vez, 
serviu como referência, passando de escola especial, a exemplo da primeira 
escola para meninos cegos - Imperial Instituto dos Meninos Cegos, criada 
pelo Imperador D . Pedro II (1840-1889), chegando à escola inclusiva . 
A inclusão das pessoas com deficiência, até o final da década de 70, não 
era questionada, pois se defendia a integração . No processo de integração, 
as pessoas com deficiência visual, bem como as com outras deficiências, 
deviam se adequar às normas da escola, respondendo, assim, ao mesmo 
processo pedagógico, ao mesmo ritmo e à mesma avaliação que os outros 
estudantes . As diferenças eram percebidas, mas não consideradas . 
O instituto foi criado 
através do Decreto 
Imperial nº 1.428, de 12 
de setembro de 1854 
e atualmente chama-
se Instituto Benjamin 
Constant. O Instituto 
continua seus trabalhos 
voltados a pessoas com 
deficiência visual.
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 2Os estudantes que não se enquadravam ao processo eram colocados em 
instituições especiais, como por exemplo, a APAE . No caso da impossibilidade 
de inserção numa dessas instituições, restava à criança ficar em casa, sem 
atendimento educacional algum . Entretanto, a partir dos anos 80, num 
processo de discussão da exclusão e segregação vivida por esse grupo, que 
já vinha sendo iniciado timidamente no final da década de 70, lançou-se 
uma nova proposta – a Inclusão . 
Na proposta da Educação Inclusiva, desloca-se o olhar das 
chamadas limitações dos estudantes para as adequações 
nas escolas, pois elas precisam estar aptas para atender às 
necessidades de todos os alunos . Com o propósito de substituir 
essa educação discriminatória, a qual não buscava desenvolver as 
potencialidades dos estudantes com deficiência, acolhe-se a 
proposta de Inclusão Escolar . 
Essa proposta, surgida no Brasil em 1990, já vinha sendo discutida e 
formalizada em diversos países, com a premissa de “Educação para Todos” . 
Algumas legislações já consideravam essa premissa em sua redação como, 
por exemplo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e a 
Constituição Federal de 1988 . 
Duas conferências foram fundamentais na constituição do processo de 
inclusão: a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien, 
na Tailândia (1990), e a Conferência Mundial sobre Educação Especial 
(1994), que serviu de base para a criação da “Declaração de Salamanca”, 
documento também importante que possibilitou um movimento a favor 
da inclusão, fazendo com que órgãos federais e estaduais estabelecessem 
diretrizes para a Educação Inclusiva e oficializassem legalmente a matrícula 
de crianças com deficiência nas escolas regulares . 
Na proposta de inclusão, é estabelecido que a sociedade deva se preparar 
para receber as pessoas com deficiência, atendendo as suas necessidades 
específicas . Nesse modelo, as pessoas com deficiência devem participar dos 
mesmos espaços e conviver com outras pessoas, com e sem deficiência . 
Perceba que a inclusão se constitui num processo 
contínuo de movimento dialético e dinâmico na luta pelos 
direitos dos excluídos . 
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Segundo Ross (1999, p . 03), incluir “é oferecer mudanças para manifestação 
do humano e não a simples readequação físico-espacial dos sujeitos” . Dessa 
forma, incluir é romper com posturas preconceituosas, é exercitar um 
profundo respeito pelas diferenças . 
Para construir uma postura inclusiva, é fundamental que se rompam os 
binômios normal/anormal, superior/inferior, entre outros, rejeitando a 
construção de padrões únicos . Desse modo, o processo de inclusão remete 
a um processo constante de conhecimento e reciprocidade . 
De acordo com Santos (2002, p . 09), “a inclusão se origina da mesma fonte 
que a integração, no sentido em que ambas têm a preocupação com a 
democratização ea humanização da vida social” . Entretanto, o movimento 
de inclusão rompe com o movimento de integração, porque abrange 
aspectos como a reformulação do sistema e a questão da reciprocidade, 
antes não consideradas . 
Para Nassif, o conceito de integração apoia-se em um modelo médico 
de deficiência; já o conceito de inclusão apóia-se num modelo social de 
deficiência . Ao explicar esses conceitos, a autora declara:
No modelo médico, a deficiência é considerada um dano ou prejuízo 
em um órgão ou função, portanto, um conceito que se propõe 
“curar” a deficiência, ou seja, tornar a pessoa mais próxima possível 
de uma pessoa “normal”, em transformá-la para que ela possa ser 
aceita numa determinada comunidade, em torná-la o máximo 
possível igual àqueles que não possuem deficiência . A preocupação 
é de preparar a criança para estar na escola, ajudando-a a adquirir as 
habilidades de que ela precisa, sem a pressuposição de mudança na 
escola . O modelo social de deficiência, por outro lado, considera que 
essa é uma condição do sujeito, que deve ser respeitada levando-
se em conta suas capacidades e possibilidades e que a comunidade 
deve recebê-lo como ele é, enriquecendo-se pela convivência com a 
diversidade . Chama a atenção para as barreiras sociais, muitas vezes 
mais prejudiciais do que a própria deficiência . (NASSIF, 2007, p . 237-
238) .
O processo de integração não propõe nenhuma mudança na estrutura social, ficando a cargo 
do indivíduo a responsabilidade de se “adequar” ao sistema (MANTOAN, 1998) . Já o processo 
de inclusão exige uma mudança na estrutura social, na organização da sociedade para atender 
aos interesses e necessidades das pessoas, não se reduzindo ao atendimento das pessoas com 
deficiência, mas ao atendimento de todos . Assim, a inclusão é compreendida como um direito 
de todos, construído historicamente num processo dinâmico de luta dos excluídos, tendo por 
alicerce os princípios humanistas e de direitos humanos . 
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O processo de integração não propõe nenhuma mudança na estrutura social, ficando a cargo 
do indivíduo a responsabilidade de se “adequar” ao sistema (MANTOAN, 1998) . Já o processo 
de inclusão exige uma mudança na estrutura social, na organização da sociedade para atender 
aos interesses e necessidades das pessoas, não se reduzindo ao atendimento das pessoas com 
deficiência, mas ao atendimento de todos . Assim, a inclusão é compreendida como um direito 
de todos, construído historicamente num processo dinâmico de luta dos excluídos, tendo por 
alicerce os princípios humanistas e de direitos humanos . 
Nessa perspectiva, ao se pensar em uma escola inclusiva, é preciso 
visualizar uma escola para todos, onde se acolhem todas as crianças, 
independentemente de suas condições físicas, sensoriais, sociais, emocionais, 
linguísticas e culturais . Para tanto, devem-se garantir algumas ações como: 
permitir a convivência respeitosa de todo o corpo escolar com as diferenças; 
desenvolver a capacidade das pessoas de enfrentar o inesperado e o 
novo; desenvolver as potencialidades dos alunos e não reforçar os limites, 
desafiando, instigando e estimulando; levar o aluno a ter uma autorreflexão 
crítica sobre si e sobre o mundo em que vive; possibilitar uma educação que 
dê sentido e significado à vida do aluno; possibilitar interações sociais de 
respeito e troca entre os alunos, entre outras possibilidades .
Portanto, para que a inclusão aconteça no espaço escolar, é necessário: que 
a escola se torne um ambiente de cooperação, em que os alunos sejam 
estimulados a cooperar ao invés de competir, que se estabeleçam relações 
sociais de trocas; que os professores se tornem mais próximos dos alunos, 
assumindo a responsabilidade individual e coletiva de construir uma escola 
inclusiva; que a escola tenha parceria com os pais e a comunidade; que forme 
uma rede de apoio que auxilie professores, alunos e a escola como um todo 
na orientação e no atendimento aos alunos com deficiência; que possibilite 
um ambiente educacional organizado para atender às diferentes formas 
de aprender e às necessidades educacionais dos alunos e que flexibilize o 
currículo e as avaliações, visando a atender a especificidades dos alunos, 
considerando os limites e as potencialidades desses mesmos alunos . 
Para que isso aconteça, é importante que mudanças significativas ocorram 
dentro e fora da escola . Transformar uma escola em uma escola inclusiva 
não é uma tarefa simples, pois exige mudanças profundas . Tais mudanças 
não são de responsabilidade unicamente do professor, e sim de todo o 
conjunto de profissionais da escola, das famílias, da comunidade e do 
governo . A constituição de uma rede de apoio, considerando esses agentes, 
é fundamental . Destacamos, aqui, a importância da família como uma 
grande parceira nesse processo . Geralmente, a relação com a família centra-
se em situações de conflitos surgidas na relação família-aluno-escola, mas é 
importante que a família seja resgatada a estabelecer diálogo com a escola 
como um parceiro no processo de inclusão . 
Quando essa estrutura inclusiva adentrar o espaço escolar com naturalização, 
com responsabilidade e participação de todos, o estudante com deficiência 
visual terá maior autonomia no seu processo de aprender . Além disso, de 
acordo com Mosquera (2010, p . 09),
[ . . .] para que a escola regular se consolide nas propostas mais 
democráticas, não basta apenas a implantação das dimensões 
dos saberes, é preciso muito mais . Ainda necessitamos de novos 
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referenciais teóricos para a consolidação da valorização das 
diferenças dos alunos e o incentivo dos potenciais individuais, ou 
seja, da estrutura inclusiva . 
A educação das pessoas com deficiência visual aparece como uma 
das preocupações de Vigotsky . Esse autor se dedica a entender mais 
especificamente o desenvolvimento psicológico na presença da cegueira . 
De acordo com Nuernberg, 
Ao revisar as perspectivas teóricas de seu tempo sobre o 
desenvolvimento e educação de cegos, Vigotsky nega a noção de 
compensação biológica do tato e da audição em função da cegueira e 
coloca o processo de compensação social centrado na capacidade da 
linguagem de superar as limitações produzidas pela impossibilidade 
de acesso direto à experiência visual . (2008, p . 311) .
Vigotsky supera a visão quantitativa da deficiência, baseada na mensuração 
e classificação de graus e níveis de incapacidade, defendendo a análise 
qualitativa da deficiência, enfatizando a importância da valorização das 
dimensões sociais do sujeito .
Masini (2007) mostra com clareza a compreensão do significado da 
deficiência trazida por Vigotsky e sua crença no potencial humano, ao 
relatar:
A cegueira, ao criar uma formação peculiar de personalidade, reanima 
novas fontes, muda as direções normais do funcionamento e, de 
uma forma criativa e orgânica, refaz e forma o psiquismo da pessoa . 
Portanto, a cegueira não é somente um defeito, uma debilidade, 
senão também em certo sentido uma fonte de manifestação das 
capacidades, uma força . (Por estranho que seja, semelhante a um 
paradoxo) (VIGOTSKY, 1997 apud MASINI, 2007, p . 03) .
Para esse autor, o conhecimento é produto constituído num processo de 
apropriação estabelecido pela mediação do social, onde o sujeito constitui 
e é constituído nas relações sociais . Assim, não é possível reduzir a aquisição 
do conhecimento ao aspecto sensorial, como a audição e o tato .
Na teoria de Vigotsky, as crianças com deficiência apresentam um tipo de 
desenvolvimento qualitativamente diferente . Assim, a criança cega pode 
ter o mesmo desenvolvimento do que a criança sem deficiência, mas 
se desenvolvem de modo distinto, por intermédio de diferentes meios . 
(VIGOTSKY, 1997, p . 12) . Nesse sentido, é importante que o professor conheça 
seu aluno e o caminho para sua aprendizagem . Nas palavras de Nuernberg, 
Vigotsky elaborou uma crítica veemente às formas de segregação 
social e educacional impostas

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