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Autor: Viviane Giori Côco Ficou com alguma dúvida? Entre em contato com a gente nas redes ao lado. A série norte-americana “Grey’s Anatomy” retrata o cotidiano de um importante hospital de Seattle e, em muitos episódios, retrata a história de pacientes que doam seus órgãos ou são salvos por uma dessas doações. Fora da ficção, o contexto brasileiro, no que diz respeito à doação de órgãos, destoa do modelo apresentado pela série, uma vez que, seja pela falta de infraestrutura do sistema, seja pela falta de informação oferecida à população, o número de doadores e beneficiados decresce em ritmo exponencial. Assim, faz-se necessário analisar as dificuldades para a doação de órgãos no Brasil. Em primeiro lugar, é inegável que o SUS não possui estruturação razoável para efetuar o recolhimento correto dos órgãos. De fato, isso ocorre pela falta de investimentos do Estado, que, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, enquadra o Brasil entre os países que menos investem em saúde pública no mundo. Nesse sentido, esse panorama fica evidente na ausência de tecnologias para realizar esse procedimento nas unidades de saúde existentes, bem como na lacuna destas em diversas regiões e municípios do país, características herdadas do período desenvolvimentista do Brasil durante os governos de Getúlio Vargas e JK, que concentraram os capitais na industrialização do Sudeste, negligenciando outras pautas e locais. Em conseguinte, os indivíduos que se tornam doadores, em geral, não chegam aos hospitais em tempo e, quando conseguem, estes não podem ser aproveitados, devido à falta de aparelhos e utensílios adequados, o que pode custar a vida de pacientes que estão na fila de espera por transplantes há meses, situação que deve ser evitada. Outrossim, é indubitável que as informações disponíveis à população são insuficientes para a criação de consciência sobre a importância de doação. Em verdade, além de todos os problemas mostrados desanimarem a sociedade de engajar-se com a causa, a publicidade sobre o assunto veiculada em grandes meios de comunicação, como a televisão, é extremamente escassa, o que torna a temática desconhecida pelos sujeitos, bem como seus benefícios para a saúde pública. Ademais, essa questão não é abordada de maneira eficiente por inúmeras instituições sociais, fundamentais para a formação identitária dos cidadãos, como as igrejas e as escolas, tornando estes alheios à problemática. Nessa sequência, o impacto direto desse processo é a diminuição dos órgãos doados por conta da não permissão familiar, cenário que configura-se antiético sob um viés aristotélico, que defende que uma atitude é boa quando almeja o bem comum, fator que não é observado acima. Logo, medidas são necessárias para a resolução desse impasse. Para isso, cabe ao Ministério da Saúde, por meio de processo seletivo rigoroso, organizar um grupo de médicos para trabalhar, durante 5 anos, em hospitais estrangeiros, como os americanos e europeus, que possuam tecnologias e métodos eficazes para a doação e o transplante de órgãos, para que eles aprendam os procedimentos e implantem, a partir de investimentos estatais, essas técnicas no SUS, a fim de aprimorar a eficiência do sistema e lidar melhor com as doações recebidas. É somente assim que o cotidiano da série tornar-se-á, também, rotina no Brasil.
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