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1 UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA DESING DE INTERIORES FERNANDO ADRIAN CRUZ SILVA / RA – 0428890 PRODIGIALIDADE DE PORTINARI - ESTUDO DA OBRA “OS RETIRANTES” PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR IV – PIM III ARACAJU - SE 2021 2 UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA DESING DE INTERIORES PRODIGIALIDADE DE PORTINARI - ESTUDO DA OBRA “OS RETIRANTES” PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR IV – PIM III ALUNO: FERNANDO ADRIAN CRUZ SILVA, RA – 0428890 Trabalho Interdisciplinar do Projeto Integrado Multidisciplinar III (PIM III), apresentado como exigência parcial para conclusão do Semestre do Curso superior de tecnologia em Design de Interiores. ARACAJU - SE 2021 3 RESUMO O presente trabalho busca analisar de forma uma forma global a obra “Retirantes” do pintor brasileiro Candido Portinari. Utilizando de prévios conhecimentos no tocante a História da arte, percepção visual, análise de formas e psicologia das cores o estudo considerou uma visão 360 da obra. Uma vez que, aspectos como contexto histórico da obra, visão de aspectos de impacto como paleta de cores e fisionomia dos personagens foram analisados a fundo. Buscando basearem-se me outros estudos já existentes da mesma obra o trabalho que aqui apresento busca garantir ou corroborar a visão acadêmica de grandeza dessa tela. Na primeira parte é explorada a carga histórica da obra, na segunda traçamos uma análise de percepção visual e por fim um estudo das formas. Palavras chaves: Arte, Obras, Quadro, Portinari, Retirantes. 4 SUMÁRIO RESUMO .............................................................................................................................. 3 SUMÁRIO ............................................................................................................................ 4 1. “RETIRANTES” – Cândido Portinari .............................................................................. 5 2. HISTÓRIA DA ARTE – CONTEXTUALIZAÇÃO DE ARTISTA E OBRA ......... 6 2.1 – Breve relato biográfico ............................................................................................. 6 2.1.1 Biografia do artista ............................................................................................. 6 2.1.2 Referencias artísticas de Portinari ...................................................................... 7 2.2 – Arte moderna Brasileira ............................................................................................ 7 2.3 – Contextualização da obra “Retirantes” ................................................................... 8 2.3.1 Referencias de movimentos artísticos na obra ........................................................ 9 3. PERCEPÇÃO VISUAL DA OBRA .................................................................................... 10 3.1 As cores e o impacto da obra ............................................................................................ 11 3.1.1 Tons terrosos ....................................................................................................... 11 3.1.2 Variação .............................................................................................................. 11 3.1.3 Textura ............................................................................................................... 12 4. ESTUDO DAS FORMAS ...................................................................................................... 12 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 13 5 1. “RETIRANTES” – Cândido Portinari “Quando fosse homem, caminharia assim, pesado, cambaio, importante, as rosetas das esporas tilintando. Saltaria no lombo de um cavalo brabo e voaria na catinga como pé de vento, levantando poeira. Ao regressar, apear-se-ia num pulo e andaria no pátio assim torto, de perneiras, gibão, guarda-peito e chapéu de couro com barbicacho. O menino mais velho e Baleia ficariam admirados” Gracilliano Ramos – livro Vidas Secas 6 2. HISTÓRIA DA ARTE – CONTEXTUALIZAÇÃO DE ARTISTA E OBRA Durante o século XX o país viu nascer e desenvolver-se um dos maiores artista de seu berço. Candidato Portinari, nascido em 30 de setembro de 1903 foi um dos maiores nomes do cenário artístico nacional. A produção artística de Candido trabalhava centralmente o ser humano no seu aspecto mais claro e real, mais especificamente os homens e mulheres simples, o indivíduo comum detalhado em suas núncias mais sofridas. Estudos apontam sua influência em estilos europeus, tais quais, expressionismo, favoismo e o cubismo, porém, notaremos que o trabalho de Portinari traduz uma realidade artística de forma ainda mais brilhante, uma identidade completa. Todos os aspectos da vida de Portinari, em seus dados políticos, sociais e familiares conduzem para a personalidade da sua trabalho. Parceiro dos mais diversos tipos de artistas, tais como de poetas, escritores, músicos e artistas plásticos, bem como conhecedor de pessoas de outros setores da sociedade como jornalistas, diplomatas e políticos, Candido Portinari participa presencialmente da considerada elite intelectual brasileira. Num contexto histórico em que se verifica uma notável mudança, não só na atitude estética, mais também na atitude cultural do País. Este seleto grupo reflete, ainda, sobre os problemas do mundo e da realidade nacional. Segundo o Site Guia das Artes, a influência desse grupo específico, bem como o cenário histórico em torno do artista leiravam o mesmo, inclusive, a posição de político em determinado momento da vida. 2.1 Breve relato biográfico 2.1.1 Biografia do artista Candido Portinari nasceu em 1903, no dia 30 de dezembro, em uma fazenda de café no interior de São Paulo, mais precisamente na cidade de Santa Rosa. O mesmo veio de uma família simples e humilde de italianos, Candido teve 11 irmãos, filhos de Dominga Torquato e Baptista Portinari, seus pais. Teve pouco estudo, cerca de cinco anos, não concluindo o ensino primário. Candido demonstrou muito talento artístico desde novo, produzindo aos 10 anos de idade o primeiro desenho reconhecidamente de sua autoria, um retrato de Carlos Gomes, que era um importante músico brasileiro. Aos 15 anos, em 1918, Portinari começa a trabalhar em Brodowski como ajudante de um grupo de pintores e restauradores de igrejas. Era sempre prestativo e atencioso no trabalho que executava, dessa forma aprendeu tudo sobre o ofício das artes plásticas. Em meados de 1919, muda-se para o Rio de Janeiro e lá inicia seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes. 10 anos depois, Portinari vai para a Paris, local de intensa movimentação cultural. Lá, o pintor se dá conta da preciosidade presente em seu país, tomando a decisão de retratar o Brasil e sua gente. Aos 32 anos o artista ingressa no cargo de docente, como professor do instituto de artes da Faculdade do Distrito Federal. Aos 42 o mesmo ingressa na vida política lançando sua candidatura a deputado federal e dois anis 7 mais tarde volta a concorrer para senador pelo partido comunista Brasileiro (PCB), do qual era filiado. Em 1955 participa da III Bienal de Arte de São Paulo e nos anos seguinte continua trabalhando e integrando as mais importantes exposições do país. Em 1952, aos 58 anos, Portinari Morre por complicações de saúde. Este problema estava relacionado diretamente a todo motivo de sua glória. A complicação e a saúde estável se devem ao fato do largo uso detintas tóxicas. 2.1.2 Referencias artísticas de Portinari As principais obras de Portinari revelam detalhadamente os conceitos artísticos do mesmo. Cândido pintou inúmeros painéis e telas. A grandeza do artista o tornou um dos principais nomes do Modernismo não só brasileiro, mas no cenário mundial. Uma vez que, sua obra alcançou contextos internacionais, como o painel Guerra e Paz, exposto na sede a ONU em Nova York. A partir de 1932 notamos uma volta da arte de Portinari para a cena social como uma busca de exprimir as terras brasileiras. Após a sua grandiosa exposição de Arte Moderna, promovida nos Estados Unidos pela Fundação Carnegie, Portinari se tornou o primeiro artista brasileiro premiado no exterior, de acordo com a Professora de biblioteconomia Diva Frasão, autora de uma das biografias do artista. A professora Diva, em sua obra, denota a transformação da temática trabalhada por Candido em sua construção artística. Na biografia ela afirma: "O realismo de Portinari começou a tender para o monumental, os motivos da exaltação do trabalho braçal e da exaltação homem-terra ganharam primazia em suas obras." Começam a entender Portinari, então, como uma figura importante no processo de construção no "neo-realismo". A estética do artista passa a revelar a sociedade de forma a causar impacto e reflexão. Conhecendo que Portinari bebê de fontes tais como o Cubismo, realismo, abstracionismo entre outras vanguardas, notou em sua produção uma forma de recriar conceitos de arte. Em seu estudo, a professora Aracy Amaral aponta como a arte de Portinari se aproxima do chamado Socialismo realista. Ela entende que a produção artística do mesmo reflete as aspirações desse dito movimento, pois tem como motivação a realidade social e a desnaturalização dos problemas sociais brasileiros. 2.2 Arte Moderna Brasileira O modernismo brasileiro possuiu como start e marco simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada na cidade de São Paulo em 1922. Ela é considerada como o divisor na história da cultura brasileira. A semana de arte moderna foi organizada por um grupo de intelectuais e artistas por ocasião do Centenário da Independência - ela representa, portanto, o rompimento com o tradicionalismo cultural associado às correntes literárias e artísticas anteriores: o parnasianismo, o simbolismo e a arte acadêmica. 8 Criar um novo ponto de vista e levantar a bandeira da independência cultural fazem do modernismo sinônimo de "estilo novo". Heitor Villa-Lobos na música; Mário de Andrade e Oswald de Andrade, na literatura; Victor Brecheret, na escultura; Anita Malfatti e Di Cavalcanti, na pintura, são alguns dos célebres participantes da Semana, mostrando assim como o evento foi abrangente com campo artístico, e como o cenário da arte lá apresentada era heterogêneo e diverso. Toda essa gama de artistas que buscava construir uma arte genuinamente brasileira, trazendo todos os traços nacionalistas dentro de duas obras de arte, coincide diretamente com o período e produção artística do Candido Portinari. Portinari pode ser tomado como expressão típica do modernismo de 1930. À pesquisa de temas nacionais e ao forte acento social e político dos trabalhos associam-se o cubismo de Picasso, o muralismo mexicano e a Escola de Paris. E com esse mix de referência as obras do artista são símbolo do movimento nacional. Portinari se localiza em sua produção artística no período entre a primeira e a segunda geração do movimento da arte moderna. Neste período notamos que o principal objetivo da produção era chocar. As temáticas de ordem política, social, econômica, humana e espiritual passaram a ser incluída nas obras, Candido passa a tratar de tal tema logo após os anos 1929. Temas ligados ao regionalismo também se fizeram presentes, no qual houve uma representação do homem brasileiro em diversas regiões. Foi o momento em que muitos dos artistas do movimento transmitiram a consciência crítica através de suas obras. É muito comum perceber nas obras do período abordagem de temas de interesse social como: a desigualdade social, os resquícios de escravidão, o coronelismo e a vida difícil dos retirantes. 2.3 Contextualizações da Obra “Retirantes” A obra escolhida para análise faz parte de uma série pintada por Candido, retratada em 1944 como título “Os Retirantes”. A série se compõe por três obras: "Retirantes” (1944), “Criança Morta” (1944) e “Enterro na rede” (1944). O quadro “Os Retirantes”, primeiro da série e quadro aqui analisado, é um óleo sobre tela e mede 190 X 180 cm, atualmente faz parte do acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP) e retrata uma família de retirantes, pessoas que se retiram de uma região para outra em busca de condições melhores de vida. A obra representa êxodo sertanejo, a fuga do povo nordestino da fome e da miséria. Mostra de maneira impactante a necessidade que o esse povo têm de abandonar sua terra natal em busca de uma vida melhor em outra parte do país. Portinari retrata com exatidão todo o sofrimento do povo brasileiro, pois "ele sofria com o sofrimento do seu povo". O cenário de miserabilidade do povo é bem explorado ano quadro e o impacto visual bem trabalhado. A forma como as pessoas estão representadas no quadro carregam todo seu sofrimento e suas vivências, advindos de uma condição humana precária. O quadro retrata como estes perdem a dignidade, esquecendo-se de sua importância e integridade humana. O diálogo 9 entre a produção de Portinari e a obra "Vidas secas", de Graciliano Ramos, garantiram uma série de estudos que provocavam a interpretação alinhada das duas produções artísticas. Veja o que diz Lessing em sua obra, Laocoonte-Ou Sobre as Fronteiras da Pintura e da Poesia: "[...] Essas duas artes possuem uma conformidade tão grande entre elas que, para que tenhamos tratado das duas ao mesmo tempo, basta trocar os nomes e pôr pintura, desenho, colorido no lugar de poesia, de fábula, de versificação. É o mesmo gênio que cria em uma e na outra [...] (LESSING, 2011, p. 34)." É notável, portanto, esta cumplicidade entre as obras de Graciliano o Portinari, tanto na maneira de se expressar em relação ao tema em questão bem como nos laços artísticos. A série de Portinari, Os Retirantes, não ilustra o romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, pois os elementos utilizados nas telas escapam ao discurso: é a soma da compreensão da imagem acústica e da emoção. Porém, em muitos pontos, elas conversam entre si, como na descrição física e geográfica, na exaltação do sofrimento do sertanejo e na representação da miséria de toda natureza, já todos esses elementos são expressos tanto no romance de Graciliano Ramos quanto nas telas de Portinari, aponta Kristini Kelly Furtado, em seu estudo “A representação dos espaços e as tonalidades da miséria em vidas secas de Graciliano Ramos e a serie Os Retirantes, de Cândido Portinari”. 2.3.1 Referencias de movimentos artísticos na obra A obra aqui analisada possuiu como principal referência artística o expressionismo e favoismo. Sabemos que no expressionismo a técnica de pintura é livre e violência dramática, ressaltando e garantindo sempre a emoção dramática na obra. Por outro lado, as cores, assim como as formas e as pinceladas, são bastante exageradas e distorcidas para enfatizar mais ainda as emoções pretendidas pelo artista autor, deixando de serem naturalistas para se tornarem expressão de sentimentos em si. O Museu de Arte de São Paulo (MASP) possui em seu acervo obras expressionistas com a temática dos retirantes, importantes na carreira do artista. Por se basearem na exaltação da cor, alguns artistas fovistas foram aclamados como mestres coloristas, tamanho o domínio que possuíam sobre cores e tonalidades. São artistas que produziram obras fauvistas, entre outros: André Derain, Raul Dufy, Kess van Dongen e Henri Matisse (artista por quem Portinaripossuía especial apreço). Embora Portinari não se prendesse a um único estilo de pintura, influências do fovismo também podem ser vistas em algumas de suas obras. O fovismo é uma manifestação de arte moderna que surgiu na França nas primeiras décadas do século 20. 3. PERCEPÇÃO VISUAL DA OBRA 10 Analisando detalhadamente a obra "Retirantes” (1944), percebemos a presença de uma paleta de cores neutras, todas caracterizadas pelos tons de ocre. São neutras em tons terrosos, expostos tanto no chão da tela quanto nas vestimentas dos personagens da cena. No total, apresentam-se nove figuras na composição na composição, dos quais seis delas são crianças e três são adultos. A tristeza está impressa na face de oito personagens, uma vez que há um bebê que está de costas, e não se pode perceber sua feição. O título da obra diz respeito direto às figuras representadas. São pessoas maltrapilhas e pobres, que trazem consigo sua bagagem: uma trouxa que está apoiada na cabeça da mulher no meio da composição, e o homem à direita carrega uma trouxa amarrada em um pedaço de pau, em seu ombro. A imagem dos personagens com sua bagagem sugere que estão se transportando para algum lugar. 1 2 3 Observando o cenário como fundo dessas figuras, o cenário sugere que elas estão em um local deserto, árido, e não há sinais de construções ou urbanização por perto. O que podemos notar vendo o céu da obra é a presença de urubus - não se sabe se está à espera da morte de algum integrante da família, ou em busca de algum animal morto, para saciar a sua fome. As figuras encontram-se centralizadas na tela, de frente para o observador. Elas tentam captar a emoção de quem observa essa cena tão tocante do retirante nordestino. A professora Annateresa Fabris, historiadora da Escola de comunicação de artes da USP indica o relação evidente das pinturas do Portinari a expressão da pintura realista e impactante como a revelada no quadro Guernica, de Picasso. Veja o que ela diz: “Foi sob o impacto de Guernica que Portinari desarticula, escava suas figuras até reduzi-las à essencialidade expressiva. Os retirantes que provocam medo no menino de Brodósqui com seus enterros em redes ou lençóis viram para o adulto símbolo de uma sociedade injusta e de uma humanidade dilacerada pela guerra” A obra, portanto, reflete engajamento social em suas dimensões impactantes que convidam o expectador a realização de uma reflexão a serva da realidade miserável ou degradante que se encontra exprimida na arte. Dessa forma, o impacto visual dos Retirantes de 11 Cândido ultrapassa a expectativa de mero impacto para prender a atenção do expectador, mas torna-se ferramenta de reflexão social. É preciso entender que o tema abordado na pintura não está distante da realidade ou vivência do expectador, ele pinta o Brasil para os brasileiros. Se tornando então figura que trabalha em explorar o drama real e trazê-lo à tona em forma de arte. 3.1 As cores e o impacto da obra O uso da cor e do claro/escuro na obra Retirantes são recursos para reforçar o caráter dramático da cena. A Psicologia das Cores é um estudo que visa compreender e mostrar como o cérebro identifica as cores e reage a elas. Através de pesquisas, esta área da psicologia analisa como nosso cérebro transforma as cores em sensações e quais efeitos cada tonalidade gera nas pessoas, como alterações nas emoções, criação de desejos, mudanças de sentimentos, etc. Segundo Birren, cada cor tem ação individual em ações humanas e nosso cérebro associa cada uma a diferentes emoções. Essa citação reforça a tese da importância da psicologia das cores no comportamento das pessoas. O uso da cor e do claro/escuro na obra Retirantes são recursos para reforçar o caráter dramático da cena. E este foi o desejo de Portinari na escolha da cartela de cores, no comportamento das pinceladas e das expressões de cenas e personagens. É evidente a potencialidade dramática dos traços trazidos pelo artista na obra. Vejamos os aspectos e relação das cores com o impacto da obra no expectador: 3.1.1 Tons terrosos A paleta de cores tons terrosos possui cores associadas à terra que podem ir desde o marrom mais escuro e até mesmo algumas tonalidades de verde. Na Obra em questão veremos a variação de tons do marrom, cinza azul e preto como expressão dessa relação. O uso dos tons na obra facilita a leitura ocular do objetivo dela. O cenário é apresentado de forma degradada, da mesma forma os personagens. A expressão, cores e traços se confundem e se repetem entre as figuras e o espaço. Logo, o ambiente destruído é também a vida da população nordestina destruída, supões o espectador na sua vista da obra. 3.1.2 Variações As variações de azul e branco reflete a imagem do céu e horizonte sem perder a experiência do impacto da obra; 12 Os tons de marrom e preto, representados tanto no chão como na roupa dos personagens refletem os ditos tons terrosos que trazem a dramaticidade da cena. 3.1.3 As texturas As texturas representadas não escapam ao desenvolvimento da experiência visual e do drama da obra. Por sua vez eles entram com papel de construção de sentido. A visível degradação humana é escancaradamente evidenciada nos aspectos da pele dos personagens retratados, em suas vestimentas e adereços. Note a textura e coloração da pele da figura mais idosa, na lateral esquerda do quadro, evidenciada como a pele sofredora e com as mais diversas marcas do tempo e do trabalho. As colorações da pele das demais figuras convidam a essa noção de distanciamento da beleza do ser humano. As personagens, portanto, passam a ser encaradas como seres não humanos, pois seus aspectos em nenhum momento configuram a pessoa em sua natureza. A apreciação é incômoda, e esse é o objetivo do artista, do incomodo gerar reflexão. 4 ESTUDO DAS FORMAS As formas das obras de Portinari são compostas por traços exagerados e formas arredondadas. Nesta obra podemos notar a influencia da vanguarda cubismo. As roupas trazem formas geométricas fixas representadas por quadrados e retângulos. pés e mãos dos retirantes trazem uma das características marcantes de Portinari, o exagero, característica essa devido ao fato do pintor ter imenso fascínio pelas mãos e pés dos operários, pés e mãos que ele desejava ter quando criança, os rostos não trazem claramente a expressão de tristeza, mais a dor ainda é presente. Os círculos representam então todo esse exagero nas formas de Portinari, causando a dramaticidade na obra. 13 Estudos a cerca da psicologia das formas apontam que cada forma geométrica influencia e provocar reações diferentes na mente do expectador. A escolha por uma forma específica pode funcionar até mesmo como um fator de avaliação de caráter. Os círculos da obra perfeitamente fechados em si mesmos, como se a própria forma se bastasse, por isso ela passa a sensação de união, consistência, e estabilidade. As formas na Obra, portanto, garante toda visão de espacialidade e intensidade. Além de caracterizar o exagero dramático da obra. Identificamos assim a necessária incidência desses traços na conquista do impacto primário que Candido Portinari sempre quis causar naqueles que de deparassem com as suas obras. Foram observadas relações entre essa geometria do exagero, não apenas no que diz respeito a cor trazida dentro desse aspecto geométrico, mas em detalhes na expressão facial dos figuras, na descrição das vestimentas, no modo de vida e de sobrevivência, no tratamento da sociedade com esse povo, no descaso social e até na forma como eles se viam diante dessas situações. A situação representada não está somente associada às mazelas e à falta de condiçõesbásicas de sobrevivência, mas em todo o contexto que ela pode atingir as misérias da alma, que acabam com a esperança e matam aos poucos por dentro, roubando o sonho de uma vida melhor, que, para o retirante, não estava relacionada à aquisição de bens, mas apenas às condições melhores de sobrevivência. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao analisar o painel “Retirantes” (1944) é possível compreender o quanto o artista se empenhou em mostrar a realidade da seca do nordeste, que não era noticiada na imprensa e não era conhecida por muitos brasileiros. Portinari sentiu-se na obrigação de fazer uma arte voltada para a realidade vivida por muitos brasileiros, de um Brasil esquecido. Outro Brasil, da fome, da seca, dos enterros na rede, das crianças mortas de fome, das pessoas maltrapilhas, cambaleantes de tanta fome e sede. Sede por uma vida melhor, uma vida 14 mais digna. A grandiosidade dessa obra e a atmosfera que envolve esse cenário são admiráveis. A conhecida arte militante se apresenta, portanto, como um instrumento de conscientização sobre problemas vivenciados em nossa sociedade. É esse o seu papel, e por isso acredita-se que a proposta apresentada contribuirá efetivamente na formação critica, social e educacional dos espectadores da obra. Considerar ainda, deste estudo, todos os aspectos históricos e geográficos como vistos nas disciplinas de História da arte, permitiram uma inserção mais profunda no desenvolvimento de uma ideia a cerca da produção artística de Portinari em Retirantes. Analisando também os aspectos aprendidos na disciplina de Percepção visual e psicologia das cores, podemos traçar com certo embasamento teórico para um estudo mais aprofundado do quadro como visto no capítulo três. Além disso, atribuindo as ferramentas aprendidas no curso de informática aplicada foram possíveis elaborar um estudo das formas do quadro com maior atenção a relação ideia da totalidade da obra. Entendo, portanto, a riqueza que cada conhecimento proporcionou para construção e resultados aqui obtidos. 15 REFERENCIAS BIBIOGRÁFICAS ADORDO, Theodor W. Indústria cultural e sociedade. 5 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. AMARAL, Aracy. Arte e sociedade – uma relação polêmica. Itaú Cultural. Disponível em:<http://www.itaucultural.org.br/artesociedade/curador.cfm?&cd_pagina=1894&CFID= 12231346&CFTOKEN=89974427&jsessionid=5c308cf1b8f029234a49>. Acesso em: 9 jun. 2012. BALBI, Marília. Paulicéia – Portinari, o pintor do Brasil. Editorial Boitempo. São Paulo. 2003. BRASIL. 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