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Material Completo - Corpo, Recreação e Jogos

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O corpo e a construção do 
conhecimento
Patrick da Silveira Gonçalves
Introdução
Você já refletiu sobre em quais atividades do dia a dia utiliza seu corpo? O corpo é utilizado para tudo, seja para
ler este texto, para se expressar e para aprender coisas novas. No entanto, a compressão do corpo como um todo
nem sempre foi assim. Em determinados períodos da história, o corpo foi banido e dissociado do pensamento.
Nesta aula, você vai entender as relações do corpo com a sociedade ao longo da história, abordando suas
potencialidades e a perspectiva da corporeidade, que busca superar a visão dicotomizada entre o corpo e a
mente.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• compreender as relações históricas entre o corpo e a sociedade;
• identificar o conceito de corporeidade, reconhecendo o corpo na sua potencialidade;
• entender a relação existente entre corpo e mente na construção do conhecimento.
Histórico das relações de corpo e sociedade
Conforme a humanidade se desenvolveu desde a sua origem, ao corpo foram atribuídos diferentes sentidos e
significados. Na Pré-História, ao corpo era atribuído o sentido de externar os impulsos necessários à
sobrevivência, através da adaptação ao meio. Os sentidos e significados sempre estiveram em constante
construção, sendo atribuídos conforme a sociedade também se modificava. Em grande parte da história, eles
foram bastante restritivos quanto às suas potencialidades.
Na Antiguidade, o corpo era utilizado para expressar uma arte de aperfeiçoamento físico, moral e estético dos
cidadãos. Já na Idade Média, com a ascensão do Império Romano e da Igreja, o corpo era tido como algo profano,
alheio ao desenvolvimento do espírito. O corpo, segundo a moral cristã, era a via de acesso que poderia tornar a
alma impura. Durante o Renascentismo, o corpo deixou de ser totalmente negado e passou a ser uma
•
•
•
SAIBA MAIS
O pensamento acadêmico filosófico já produziu muitos estudos sobre o corpo. Para verificar as
análises e autores que discutem as elaborações sobre o corpo que ocorreram durante o século
XX, leia o artigo “As infinitas descobertas do corpo”, escrito por Denise Bernuzzi Sant’Anna.
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alma impura. Durante o Renascentismo, o corpo deixou de ser totalmente negado e passou a ser uma
necessidade para a razão. A partir de Descartes, o corpo surge como uma dimensão humana, e não mais como
um antagonismo ao espírito ou o pensamento, mas como elemento dissociável (BARBOSA, 1996).
Avançando um pouco mais, na Idade Moderna, o emprego do corpo estava bastante vinculado aos trabalhadores.
Às elites, pelo contrário, eram reservadas as atividades intelectuais. A utilização do corpo, neste período, era
entendida como a inferioridade das classes que não detinham o poder econômico.
Figura 1 - Em grande parte da história, o corpo era um aparato para a busca da razão
Fonte: mypokcik, Shutterstock, 2019.
Na atualidade, o que se vê são os constantes debates e estudos buscando superar o reducionismo e os dualismos
sore o corpo, atribuídos pela sociedade ao longo das épocas. A concepção holística (BARBOSA, 1996), que busca
atribuir ao corpo uma totalidade indivisível em suas partes, tem sido bastante discutida. Nesta concepção, o
EXEMPLO
Para a compreensão das ideias de Descartes, tem-se o exemplo da afirmação “Penso, logo,
existo”, desconsiderando outros fatores formativos do ser humano. Ela foi dita pela primeira
vez em 1637, em seu livro O Discurso do Método (DAMÁSIO, 1998). Nesta frase, torna nítida a
compreensão de que a razão é a condição única para a existência e, o corpo, desprezado.
- -3
atribuir ao corpo uma totalidade indivisível em suas partes, tem sido bastante discutida. Nesta concepção, o
corpo não pode ser dividido do espírito (como acreditavam na Idade Média), do trabalho ou de qualquer outra
experiência.
Ou seja, não se trata apenas de um plano material, mas uma condição ao existir. As pessoas são o que aprendem,
o que pensam, o que sentem e o que expressam em suas experiências. E em qualquer um destes fenômenos o
corpo está presente, formando e sendo formado por estas relações.
Conceito de corporeidade
Várias áreas do conhecimento buscaram identificar e conceituar a corporeidade. Dentro de tantas perspectivas, a
antropologia, a sociologia, a história, a teoria histórica- crítica, a fenomenologia, a filosofia, entre outras áreas,
possui teóricos que buscaram descrevê-la e compreendê-la.
A etimologia da palavra refere-se à um termo de origem latina que a define como "um derivado de corpo que,
pôr sua vez, significa a parte material dos seres animados ou, também, o organismo humano, oposto ao espírito,
à alma" (SANTIN, 1992, p. 52). Grande parte da história ocidental abordou o corpo como um oposto à alma. Esta
ideia só foi quebrada com a filosofia de Descartes, que passou a abordar as duas dimensões como
complementares, dando ênfase ao corpo como sustentáculo da razão. Portanto, mesmo na visão do filósofo,
ainda assim há uma abordagem dissociada, já que a essência humana era considerada o “pensar”.
FIQUE ATENTO
Desde que a filosofia emergiu como conhecimento importante na sociedade, iniciaram-se
acalorados debates sobre o corpo e a corporeidade. Embora fosse comum que uma das
correntes de pensamento defendidas em cada época sobrepujasse a outra e ganhasse status de
verdade, sempre coexistiram diferentes concepções de corporeidade.
- -4
Figura 2 - Corporeidade
Fonte: Sergey Nivens, Shutterstock, 2019.
A corporeidade, em contraponto, deve ser abordada a partir de uma dimensão holística do corpo humano. Para
Barbosa (1996, p. 3), a corporeidade é mais ampla e tem o significado de:
Corpo concreto, vivo e pulsante, dentro de sua complexidade constituinte, com toda a historicidade
que lhe é particular; toma também o sentido de corpo vívido, onde o homem está situado como um
corpo-no-mundo, dentro da totalidade que o cerca.
Dentro deste entendimento, a corporeidade busca a integridade do ser humano, no olhar sobre o próprio corpo,
sobre o corpo do outro e sobre o mundo, refletindo as complexas integrações que emergem entre eles. As
intenções, os sonhos, as ações e as sensações obtidas pelo corpo formam a integralidade humana em suas
capacidades de coexistência e de manifestação com – e para – o meio social, produzindo e sendo produto de
significados. A estes fenômenos que se refere a corporeidade.
O corpo e sua potencialidade
O corpo, quando em liberdade, permite a cada sujeito viver, agir e interagir concretamente com outros corpos,
com os objetos, com o tempo e com o espaço. Em outras palavras, só é permitida a compreensão do mundo
corporalmente.
Para além das sensações e dos movimentos, pelo corpo, pode-se internalizar significados e criar outros
diferentes. Assim, o corpo é elemento de construção cultural e da própria identidade de cada sujeito (DAOLIO,
2003).
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Figura 3 - Experiências sensoriais
Fonte: Sychugina, Shutterstock, 2019.
Através do corpo, não só é possível compreender como o próprio corpo foi construído ao longo da história, mas
também interagir com o outro; interpretar significados e produzir símbolos; construir sentidos; produzir
mensagens; demonstrar pensamentos, sentimentos, sensações, valores e crenças subjetivas; avaliar criticamente
as manifestações culturais; significar o mundo num diálogo entre o pessoal e o coletivo, entre o novo e aquilo
que já é conhecido; construir bens para o próprio indivíduo, para um grupo social ou para toda a sociedade; e
desenvolver práticas de respeito e de valorização da diversidade cultural que compõe a sociedade (DAOLIO,
2003).
O desenvolvimento corporal e os sentidos
Certamente, todas as possibilidades corporais não surgem com o nascimento dos sujeitos. Elas se constituem a
partir das experiências que ocorrem ao longo de todo o ciclo da vida. Quando bebês, a primeira forma de
interagir com o mundo é através dos sentidos. Isto é, através da visão, do tato, do paladar, da audição e da
gustação, o bebê recebe e produz informações, inserindo-os no contexto em que se encontra,produzindo
significados acerca do que necessita ou lhe produz sensações.
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Figura 4 - O choro dos bebês é uma das primeiras formas de construção de significados
Fonte: Aaron Amat, Shutterstock, 2019.
Em crianças e adultos, os gestos e expressões corporais se refinam, sendo formadas de acordo com a cultura na
qual está inserida. Na primeira fase, o corpo possibilita o descobrimento do mundo através dos primeiros passos,
que proporcionam certa autonomia; através dos jogos, aprendem a se posicionar e formar os valores que
carregarão ao longo da vida. Nas experiências cotidianas, as aprendizagens se solidificam e as mudanças
corporais que marcam a passagem para a vida adulta ampliam as suas possibilidades de linguagem, afirmando a
identidade dos sujeitos.
Corpo e mente na construção do conhecimento
Em muitas instituições sociais atuais, o corpo é reduzido em sua integralidade. Por exemplo, é bastante comum
nas instituições de ensino as carteiras em colunas, distantes umas das outras. Esta organização de uma sala de
aula sugere a pouca manifestação corporal e o pouco contato entre os diferentes corpos. Em outro exemplo
sobre o reducionismo do corpo, pode-se citar também as aulas de Educação Física, que através de uma
pedagogia voltada apenas à movimentação dos segmentos corporais, como uma forma de busca pela
performance, minimiza suas potencialidades.
- -7
Desde o útero, o conhecimento do mundo começa a ser formado através da integração que ocorre socialmente
entre o feto e sua mãe. Ao nascer, os movimentos sensório-motores fazem com que os bebês adquiram os
conhecimentos necessários à sua sobrevivência, agindo e reagindo conforme o ambiente sugere.
Como exemplo da potencialidade da utilização da integração do corpo e da mente na construção do
conhecimento tem-se os jogos simbólicos, que permitem a construção de significados sobre os diferentes papeis
da sociedade. Outro exemplo são os jogos regrados que, por sua vez, são uma possibilidade de construção
corporal, possibilitando a construção de valores e crenças (DAOLIO, 2003).
Com isso, é através do corpo, e somente através dele, que aprendizagens e expressões motoras dão dimensão
para outras aprendizagens, como a linguagem, a cinestésica-corporal, a espacial, a musical, lógico-matemática,
interpessoal, intrapessoal e naturalista (GARDNER, 1993). Em outras palavras, é com o corpo, e somente através
dele, que é possível ao sujeito conhecer e agir sobre o mundo.
Fechamento
Ao estudar este tema, você compreendeu que existem distintos modos de compreender as potencialidades do
corpo. Mais atualmente, a corporeidade é um termo que passou a ser usado para expressar todas as
potencialidades corporais, que extrapolam a compreensão biológica e material e busca o corpo em sua dimensão
holística. Isto é, o corpo é indissociável à mente e indispensável à existência dos sujeitos no mundo.
Referências
BARBOSA, S. S. quais são as concepções de corpo presentes no discurso nos professores deCorporeidade:
Educação Física da rede Municipal de Ensino de Uberlândia – MG. 119f. Dissertação (Mestrado em Educação
Física) – Universidade Estadual de Campinas, 1996.
DAOLIO, J. Educação Física e o conceito de cultura. Campina: Autores Associados, 2003.
GARDNER, H. the theory of multiple intelligences. Frames of mind: New York, NY: Basic Books, 1993.
SANT’ANNA, D. B. As infinitas descobertas do corpo. , Campinas, SP, n. 14, pp. 235-249, 2000.Cadernos Pagu
SANTIN, S. Perspectivas na visão da corporeidade. In: GEBARA, A.; MOREIRA, W.W. (org). Educação física e
 perspectivas para o século XXI. São Paulo: Papirus, 1992.esportes:
FIQUE ATENTO
Na Educação Física, não basta apenas a reprodução de movimentos corporais. Para além disso,
é preciso conceituar os conteúdos e abordá-los de maneira procedimental para que o sujeito
explore todas as potencialidades do corpo.
- -1
Expressão corporal como 
linguagem e as manifestações 
corporais na sociedade
Georgia Maria Ferro Benetti e Patrick da Silveira Gonçalves
Introdução
O movimento é um modo de ser e estar no mundo. O potencial expressivo do corpo humano é fundamental na
capacidade de comunicação. Será que, como inerente à condição humana, esse potencial se desenvolve
instintivamente ou pode ser estimulado por ações e práticas específicas?
As diferentes práticas corporais com as quais entramos em contato marcam nossas vidas, fazendo com que
sejam incluídas ou não no nosso cotidiano. Os profissionais que trabalham com movimento humano devem
questionar que ações de movimento estão a favor do desenvolvimento pessoal e social? Estão presentes práticas
de movimento que proporcionam prazer de bem viver no dia a dia e potencializam o desenvolvimento crítico e
autônomo?
Ao final desta aula, você será capaz de:
• reconhecer a expressão corporal como meio de desenvolvimento integral do sujeito;
• identificar o processo histórico do lúdico e das manifestações corporais nas diferentes culturas.
A expressão corporal como linguagem entre as 
diversas faixas etárias
A expressão corporal é linguagem, conhecimento universal, criada pelos seres humanos, que conecta a
interioridade de cada pessoa e o ambiente por meio de expressões, gestos e movimentos, configurados por
contextos históricos e sociais específicos. Assim, entidades sociais como a escola têm o papel no
desenvolvimento do potencial da expressão corporal.
Segundo Haas e Garcia (2008), a expressão corporal manifesta a personalidade por meio de recursos
comunicativos do corpo. Para isso, combina possibilidades físicas e cognitivas, afetivas e motoras. Isso pode ser
ilustrado pela dança tradicional Haka, do povo Maori, da Nova Zelândia, criada para intimidar adversários antes
de uma luta.
•
•
- -2
Acompanhada de cantos intimidadores, esta dança tem movimentos corporais e faciais ameaçadores, que
comunicam que o adversário será vencido, morto e devorado. Esse último recado é traduzido por um movimento
de colocar a língua para fora da boca.
Figura 1 - Dança Haka
Fonte: Victor Maschek, Shutterstock, 2018.
Os movimentos surgem do sentimento e da percepção e, independente de forma e resultado estético, se
relacionam com aspectos socioculturais. Somente por meio do corpo em movimento é que podemos expressar
alguma mensagem.
SAIBA MAIS
Conhecer formas de expressão de culturas bem diferentes e distantes da nossa é importante
para perceber a vastidão da amplitude do potencial expressivo humano. Para conhecer a
expressividade do Haka, assista ao minidocumentário “Haka documentary: We belong here”
(2015).
- -3
Figura 2 - Expressões faciais e corporais
Fonte: pathdoc, Shutterstock, 2018.
Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), o desenvolvimento da expressão corporal está alinhado
com objetivos de ensino da Educação Física que envolvem
utilizar as diferentes linguagens - verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal - como meio para
produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções culturais, em
contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação
(BRASIL, 1997, p. 6).
O trabalho relacionado com a expressão corporal não se pauta apenas na reprodução, repetição e treino de
movimentos. Deve ser enfatizado em torno de vivências e experiências que possibilitem as manifestações
originais e individuais, estimulem a liberdade e a diversificação de movimentos. Há muitas possibilidades para
desenvolver expressividade em diferentes contextos e para distintas faixas etárias como, por exemplo, a
movimentação, as brincadeiras, os movimentos rítmicos, os jogos e as sequências coreográficas.
As aulas de Educação Física são fundamentais para o desenvolvimento do potencial expressivo, mas a expressão
corporal não pode ser tratada sob o monopólio de disciplinas específicas. Ela é transversal aos aprendizados
escolares, compõe a personalidade das pessoas e se relaciona com aspectos afetivos e cognitivos, entre outras
dimensões.
- -4
A expressão corporal, em suma, é a via de acesso com a qualo sujeito se coloca no mundo, sendo sujeito ativo
dele. Neste sentido, tudo o que comunicamos, interiorizamos e significamos passa pela expressão corporal. Com
as ações, as interações sociais, os sentimentos, os sonhos e as buscas por eles não é diferente.
O lúdico e as diversas manifestações corporais 
historicamente construídas
Em latim, significa jogos, brinquedos e brincadeiras. ludus Inúmeros registros apresentam o jogo, o brinquedo e
a brincadeira como formas de ocupação nas mais diversas culturas, elementos inseridos nos costumes dos
diferentes povos e que apresentam características próprias e formas de expressão e exposição.
Ludicidade, como a aprendizagem, se iniciam com a história da humanidade. No entanto, podemos qualificar a
prática lúdica como ferramenta da aprendizagem, contribuindo de forma especial para o desenvolvimento
somente a partir do século I d.C. com a utilização de jogos pedagógicos por Horácio e Quintiliano.
Embasadas na ludicidade, muitas outras práticas corporais surgiram ao longo dos tempos. A dança é uma das
práticas corporais mais antigas, que servia de expressão corporal em rituais religiosos de diversos povos da
Antiguidade. Tanto a ginástica e as lutas sistematizadas, embora se tenha registro também em sociedades
antigas, ganharam maior expressão com os gregos, que as utilizavam como forma de preparar combatentes e
cultuar o corpo, elevando o espírito por meio da busca por padrões estéticos. Os esportes remontam à mesma
época. Emergindo das outras práticas corporais descritas, os primeiros campeonatos datam do século XVIII a.C.
Sem dúvidas, a espetacularização do esporte é bastante presente nos dias atuais. Este processo de esportivização
se constitui bastante influenciado nos valores capitalistas, onde a superação pelos indivíduos por meio do
esforço e a ideia de apenas alguns vencedores são evidentes.
FIQUE ATENTO
O trabalho docente que visa a expressão corporal pode ser orientado para o desenvolvimento
da consciência corporal e educação somática, embasado em teorias, métodos e técnicas, como
a Eutonia, ou as propostas por Ivaldo Bertazzo, Klaus Vianna, Feldenkrais, Alexander Rolfing,
entre outros.
EXEMPLO
Existem várias críticas a respeito da maneira como o esporte tem sido utilizado em aulas de
Educação Física, mas podemos usar elementos esportivos dentro de práticas lúdicas aplicadas
nessa disciplina. Tudo depende do método que o professor emprega para conduzir sua aula.
- -5
O Coletivo de Autores (2014) expõe a importância de uma mudança na forma que é observado o esporte dentro
do espaço escolar. Os autores sugerem que devemos tratar as práticas esportivas como o esporte na escola, e não
da escola, adaptado e transformado para a realidade dessa instituição de ensino formal.
Figura 3 - O esporte na escola deve ser abordado a partir de princípios educativos
Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2018.
Nessa perspectiva, o esporte pode ser trabalhado a partir de práticas lúdicas que se baseiem em elementos
esportivos que irão construir diferentes atividades prazerosas aos alunos e que podem influenciar seus hábitos
de lazer, auxiliando na busca de uma sociedade justa e livre das desigualdades.
Desafios a serem enfrentados para uma prática 
esportiva lúdica e de lazer
Na medida em que a tecnologia avança, mudando as ferramentas e as atividades de lazer, surgem novos
comportamentos, atitudes e valores. Os dispositivos digitais, muitas vezes, levam as crianças a abandonarem
precocemente suas atividades físicas, atingindo diretamente seu desenvolvimento motor.
As deficiências no acervo motor das crianças, comuns neste início de século, são consequências da ausência de
FIQUE ATENTO
O artigo 3º da Lei nº 9.615/1998, também conhecida como “Lei Pelé”, apresenta quatro tipos
de esportes a serem desenvolvidos na sociedade: o educacional, de participação, de alto
rendimento e de formação (BRASIL, 1998).
- -6
As deficiências no acervo motor das crianças, comuns neste início de século, são consequências da ausência de
uma educação para realizar práticas corporais, pela falta de conhecimento, acesso e diversidade de propostas.
Também por conta do aumento do enclausuramento dos sujeitos em seus domicílios, gerado pela insegurança,
violência e medo do meio social.
Figura 4 - Enclausuramento urbano atual
Fonte: EvgeniiAnd, Shutterstock, 2018.
A partir de práticas esportivas lúdicas e de lazer, é possível integrar aspectos físicos, emocionais, afetivos,
cognitivos e sociais. Oportunizar o aprendizado sobre o cuidado de si, do outro e do ambiente são algumas das
questões que devem estar presentes na escola, para que o aluno construa seu conhecimento e possa escolher
práticas, como as vivências lúdicas esportivas, para realizar em seu tempo livre.
Fechamento
Ao estudar esse tema, aprendemos que os seres humanos usam gestos e movimentos corporais para se
comunicar e produzir a sua identidade, formando e senso formados pela cultura em que estão vividas. Ou seja, a
expressão corporal não é apenas espontânea, ela é potencializada pelo desenvolvimento do repertório motor e
influenciado social e culturalmente, inclusive por instituições sociais.
Compreendemos também que oportunizar práticas lúdicas no ambiente escolar, sejam elas associadas a diversas
práticas corporais, significa apresentar aos participantes uma forma prazerosa e descompromissada de tomar
com os movimentos e até mesmo com os gestos técnicos. De modo que é possível construir e desenvolver
atividades diferenciadas e enriquecedoras em nas aulas de Educação Física, inspirando práticas que podem ser
resgatadas no tempo de lazer.
- -7
Referências
BARROSO, A. L. R.; DARIDO, S. C. Escola, Educação Física e esporte: possibilidades pedagógicas. Revista
, v. 1, n. 4, p. 101-114, dez. 2006. Disponível em: <Brasileira de Educação Física, Esporte, Lazer e Dança
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/EDUCACAO_FISICA/artigos
>. Acesso em: 18 ago. 2017./escola_ed_fisica.pdf
BETTI, M.; ZULIANI, L. Educação Física escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de
, v. 1, n. 1, p. 73-81, 2002. Disponível em: <Educação Física e Esporte http://editorarevistas.mackenzie.br/index.
php/remef/article/view/1363/1065>. Acesso em: 18 ago. 2017.
BEATS BY DRE. Haka documentary: We belong here. YouTube Disponível em: <. https://www.youtube.com
/watch?v=EgU-RWQ4J7o>. Acesso em: 24 jan. 2019.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. : Educação física / SecretariaParâmetros curriculares nacionais
de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Lei n. 9.615, de 24 de março de 1998. Institui normas gerais sobre o desporto e dá outras providências.
Brasília. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9615consol.htm>. Acesso em: 30
jan. 2019.
BRASIL. Brasília: MEC/SEF, 2017.Base Nacional Comum Curricular. 
COLETIVO DE AUTORES. . 2 ed Livro eletrônico. São Paulo: Cortez,Metodologia do ensino de Educação Física
2014.
DAOLIO, J. Educação Física e o conceito de cultura. Campina: Autores Associados, 2003.
HAAS, A. N.; GARCIA, Â. : aspectos gerais. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.Expressão Corporal
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/EDUCACAO_FISICA/artigos/escola_ed_fisica.pdf
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/EDUCACAO_FISICA/artigos/escola_ed_fisica.pdf
http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/remef/article/view/1363/1065
http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/remef/article/view/1363/1065
http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/remef/article/view/1363/1065
https://www.youtube.com/watch?v=EgU-RWQ4J7o
https://www.youtube.com/watch?v=EgU-RWQ4J7o
https://www.youtube.com/watch?v=EgU-RWQ4J7o
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9615consol.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9615consol.htm
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Expressão corporal e interação 
social
Patrick Gonçalves
Introdução
Você já refletiu sobre a idade que você começou a falar? E, antes de desenvolvera sua fala, como os adultos
conseguiam identificar o que você necessitava? Desde pequenos somos capazes de desenvolver a comunicação e
a interação social por meio da expressão corporal. Este processo de transmitir mensagens, códigos, ideias e
emoções usando o corpo ocorre pela vida toda.
Nesta aula, vamos discutir o processo de comunicação e interação social por meio da expressão corporal e a sua
importância na interdisciplinaridade escolar, a qual ainda se encontra bastante fragmentada e alheia aos saberes
e conhecimentos que são produzidos e modificados usando o corpo.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• reconhecer a expressão corporal como meio de comunicação, interação social e interdisciplinaridade no 
projeto pedagógico da escola.
A expressão corporal no processo de 
comunicação e interação social
A comunicação é um processo pelo qual transmitimos mensagens, ideias, emoções e sentimentos ao
interagirmos com alguém. Ela surge em nosso primeiro contato com outras pessoas e ocorre, principalmente,
por meio da expressão corporal. Imagine um bebê. Seus movimentos descoordenados e a ausência da fala podem
ser um fator que dificulta a comunicação com os outros sujeitos, mas não a impede. Por conta da expressão
corporal, é possível saber se um bebê está com frio ou com calor, confortável ou desconfortável em um ambiente
e se um alimento lhe agrada ou não. Ou seja, a comunicação que ocorre com a expressão corporal surge assim
que o corpo é formado e acompanha os sujeitos por toda a sua vida.
•
- -2
Figura 1 - Bebês transmitem mensagens pela expressão corporal
Fonte: Aaron Amat, Shutterstock, 2019.
Para além de uma forma de comunicação, a expressão corporal também é uma possibilidade de construção e
reelaboração de sentidos e significados, o que podemos visualizar já na educação infantil. Sendo assim, ainda que
a fala não esteja completamente formada, a primeira forma que uma criança possui de participar e construir uma
cultura ocorre por meio das expressões corporais. É neste sentido que Moss aponta a criança, desde o seu
nascimento, deve ser compreendida como:
co-construtora, cidadã, agente, membro do grupo [...] a criança como forte, competente, inteligente,
um pedagogo poderoso, capaz de produzir teorias interessantes e desafiadoras, compreensão,
perguntas [...] uma criança com uma voz para ser ouvida, mas compreendendo que ouvir é um
processo interpretativo e que a criança pode se fazer ouvir de muitas formas (2012, p. 242).
Neste sentido, o trabalho em todas as fases da vida, especialmente com crianças, deve priorizar as possibilidades
de interação que ocorrem pelo uso da expressão corporal (MATTOS; NEIRA, 2008).
Quando uma criança executa um gesto motor, é bastante comum que ela logo seja corrigida, inscrevendo-as em
FIQUE ATENTO
O professor que atua com crianças deve estar atento que muitas são as formas com que elas se
comunicam. Diferentemente dos adultos, cuja principal forma de interação ocorre por meio da
língua, as crianças se expressam e transmitem informações principalmente por meio da
expressão corporal.
- -3
Quando uma criança executa um gesto motor, é bastante comum que ela logo seja corrigida, inscrevendo-as em
padrões institucionalizados. Por exemplo, ao tentar desempenhar um rolamento, é comum que o professor
corrija seu aluno, ensinando-os a forma correta, tal qual na ginástica, o movimento deve ser feito.
Figura 2 - Movimento espontâneo comum à infância
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2019.
No entanto, o professor deve compreender que o rolamento que está sendo desenvolvido é uma das formas que
a criança encontra para se expressar e para construir a comunicação com os indivíduos e com o mundo cultural
que a cerca.
Se é verdade que a expressão corporal é uma das primeiras formas de estabelecer a comunicação e a interação
social entre os sujeitos, também é verdade que ela se desenvolve ao longo do ciclo da vida (MATTOS; NEIRA,
2008). Ou seja, tanto as crianças quanto adultos transmitem continuamente mensagens com seus corpos. Neste
sentido, professores também devem estar atentos ao fato de que sempre estão transmitindo mensagem em seus
movimentos, gestos e expressões corporais.
SAIBA MAIS
A expressão corporal não deve partir de critérios tecnicistas, mas sim dos movimentos
espontâneos dos seres humanos. Atualmente, ainda é possível evidenciarmos certa
marginalidade à expressão corporal. O livro “Educação Física e culturas: ensaios sobre a
prática”, problematiza, entre outros conteúdos, a área da expressão corporal na educação
(NEIRA, 2012).
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Corpo, movimento e a interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade consiste em superar uma lógica fragmentada do ensino, tal qual era na perspectiva
cartesiana, onde só era possível perceber a realidade por meio do pensamento e a visão newtoniana, que
apresentava o mundo como dividido entre partes isoladas que garantem a funcionalidade da totalidade
(PAVIANI, 2014). Podemos reconhecer esta lógica fragmentada em muitas das instituições de ensino atuais, onde
as disciplinas são separadas por períodos e pouco dialogam entre si.
Figura 3 - Cada indivíduo é a peça de uma engrenagem
Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2019.
Esta segregação discorre em atividades que muitas vezes não fazem sentido às crianças e adolescentes, já que
cada área do conhecimento aparenta um modo diferente de ver o mundo (PAVIANI, 2014). A
interdisciplinaridade é entendida não só como a integração de disciplinas, mas uma integração de todos os
envolvidos no processo educativo, para que partilhem suas experiências e reconheçam no outro e no ambiente
agentes que coparticipam de suas histórias.
FIQUE ATENTO
A fragmentação dos saberes e conteúdos pressupõe uma sociedade individual e composta por
- -5
Tanto o corpo quanto o movimento constituem objetos de saber que são bastante negados em instituições de
ensino. De maneira geral, eles são considerados apenas como corpos biodinâmicos, capazes de desenvolver
deslocamentos com eficiência e atuando com um integrado de células e sistemas. Assim, ênfase no conhecimento
discorre ainda em uma perspectiva cartesiana, ancorada no pensamento. Para além disso, Mattos e Neira (2008)
afirmam que a escola deve se preocupar em desenvolver, além de um corpo biológico, que sente fome, frio e
calor, um corpo orgânico, que é capaz de sentir, de expressar e de agir.
Figura 4 - O corpo narra histórias de vida
Fonte: Styve Reineck, Shutterstock, 2019.
O corpo não deve ser exclusividade da Educação Física ou das atividades teatrais. Para além disso, é necessário
reconhecer o corpo como principal via de acesso ao conhecimento, além de estabelecer relações entre ele e
outras disciplinas. De acordo com Mattos e Neira (2008), o meio social em que um indivíduo convive modela o
corpo em suas maneiras de falar, de andar, de se vestir, de praticar esportes, de viver e de morrer. Ou seja, o
constante diálogo que um indivíduo estabelece com a sociedade ocorre por meio de seu corpo e dos seus
movimentos. Estes não podem estar restritos a apenas uma disciplina. É necessário que todas áreas do
conhecimento possam problematiza-los, dando a ênfase necessária para compreender toda a sua complexidade.
A fragmentação dos saberes e conteúdos pressupõe uma sociedade individual e composta por
indivíduos isolados. Superando esta lógica, a interdisciplinaridade busca a compressão da
interdependência entre todos os conteúdos e indivíduos.
EXEMPLO
Em uma proposta interdisciplinar para uma turma de adolescentes, é possível que a Educação
Física problematize as práticas corporais que fazem parte do contexto social, a Geografia
estabeleça conexões entre as práticas corporais e os espaços geográficos destinados para elas,
a História aborde os percursos que fizeram com que as práticas se tornassem o que são, a
Sociologia analise a presença das práticas corporais na sociedade, entre outras possibilidades.
- -6
O sentido que a escola deve produzir nos estudantes consiste em formar sujeitos capazes de exercera sua
cidadania, pautados nos princípios de justiça social e de solidariedade. Compreender o próprio corpo e o corpo
dos outros, assim como o movimento, são condições necessárias para a formação da identidade e do respeito às
diversidades que compõem o mundo (PAVIANI, 2014). Assim, o corpo deve ser um conteúdo a ser abordado por
cada área do conhecimento, com diferentes perspectivas para compreendê-lo e tornando-o também um
aprendizado transversal e indispensável.
Fechamento
A expressão corporal é uma das primeiras formas com que um sujeito se coloca no mundo, estabelecendo a
interação social capaz de formar a sua identidade e reconhecendo os outros. Todos os significados partilhados
pelas diferentes culturas passam pelo corpo. Desta forma, compreender este fenômeno requer um olhar de
diferentes perspectivas, sendo necessária uma abordagem interdisciplinar.
Referências
MATTOS, M. G. de; NEIRA, M. G. : construindo o movimento na escola . 7 ed. São Paulo:Educação física infantil 
Phorte Editora , 2008.
MOSS, P. Reconceitualizando a infância: crianças, instituições e profissionais. In: MACHADO, M. L. de A. (Org.). 
4. ed. São Paulo: Cortez, 2012. p. 235-248.Encontros e desencontros em educação infantil. 
NEIRA, M.G.; LIMA, M.E; NUNES, M.L.F (orgs). : ensaios sobre a prática. São Paulo:Educação física e culturas
FEUSP, 2012.
PAVIANI, J. conceitos e distinções. 3. ed. Caixas do Sul: Educs, 2014.Interdisciplinaridade:
- -1
Expressão corporal como meio 
elemento de aprendizagem
Patrick Gonçalves
Introdução
Você já deve saber que a expressão corporal está presente o tempo todo em cada um de nós. A cada movimento,
a cada gesto e a cada expressão transmitimos mensagens sobre quem somos e o que sentimos. Com esta
possibilidade de criar e recriar mensagens, seria possível transformar a expressão corporal em objeto de ação
pedagógica? Quais atividades favoreceriam estas ações? A partir destas questões, você vai entender a expressão
corporal como ferramenta para a intervenção pedagógica e conhecer algumas atividades em que a expressão
corporal se mostra bastante evidente.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• identificar atividades que contemplam a expressão corporal, reconhecendo-a como intervenção 
pedagógica.
A expressão corporal como ferramenta para a 
intervenção pedagógica
A expressão corporal é uma das formas pela qual é possível se comunicar com outros indivíduos e com o mundo
a sua volta. Através da expressão corporal, é possível emitir mensagens, sentimentos, símbolos e emoções que
podem ser compreendidas por outras pessoas.
Por possibilitar a criação, a expressão, a significação e ressignificação, são muitos os benefícios e possibilidades
•
FIQUE ATENTO
A expressão corporal ocorre o tempo todo, em todos os indivíduos. O corpo, ainda que imóvel,
é capaz de transmitir mensagens e ideias que despertem no interlocutor compreensões
diversas. No entanto, em algumas atividades é possível potencializar os efeitos da expressão
corporal.
- -2
Por possibilitar a criação, a expressão, a significação e ressignificação, são muitos os benefícios e possibilidades
que a expressão corporal encontra em propostas pedagógicas. No entanto, é bastante comum que a expressão
corporal esteja vinculada à Educação Física e à Educação Artística, já que nestes componentes curriculares são
mais evidentes os movimentos corporais.
Figura 1 - Os jogos teatrais são um exemplo de atividades de expressão corporal
Fonte: H Dilon, Shutterstock, 2019.
Cabe lembrar que, por ser uma das formas de se transmitir e construir conhecimento, ela pode ser desenvolvida
por qualquer área do conhecimento. Ela pode, inclusive, ser desenvolvida em projetos interdisciplinares, em que
cada componente curricular poderá ser capaz de utilizá-la, conforme suas especificidades, na construção de um
conhecimento que seja transversal a todos eles.
Embora a expressão corporal seja utilizada no dia a dia, é possível sistematizar ações pedagógicas com a
perspectiva de desenvolver em estudantes alguns objetivos. Silva (2007) sustenta que as atividades de
expressão corporal podem promover o conhecimento de si; o incentivo da corporeidade; a problematização das
relações estéticas; encorajar a expressividade dos alunos; a comunicação através de diversas linguagens;
estabelecer diálogos corporais; construir consciência corporal; e sensibilizar os alunos.
Diversas são as formas de desenvolver as práticas de expressão corporal, objetivando atingir as possibilidades
que elas oferecem. De modo geral, é possível afirmar que qualquer prática corporal compõe elementos de
expressão corporal que podem ser explorados. No entanto, algumas práticas são mais evidentes.
Dança
A dança consiste em uma arte de expressar-se através do corpo, seguindo movimentos ritmados. A origem da
dança é bastante desconhecida, mas sabe-se que diversos povos da Antiguidade a utilizavam em rituais
religiosos, como forma de cultuar divindades.
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Frequentemente, a dança está associada à música, refletindo o contexto social e cultural de cada indivíduo. Por
exemplo, os estilos de dança podem variar conforme o país, a classe econômica, a religião, entre outros
elementos que formam as culturas.
Figura 2 - A dança permite expressar corporalmente o contexto social em que se está inserido
Fonte: 1000 Words, Shutterstock, 2019.
Por esse motivo, a dança como forma de expressão corporal, pode ser abordada de maneira a tematizar as
diferentes culturas, proporcionando vivências e o respeito aos diferentes grupos étnicos. Cabe destacar,
portanto, que todas as danças são modos de expressão corporal legítimos e não há uma forma equivocada de
dançar.
Atividades circenses
O circo data do Império Romano e se constitui, basicamente, em atividades artísticas nas quais os artistas se
utilizam do próprio corpo para impressionar os espectadores, seja através de atividades difíceis de serem
realizadas, seja através de atividades que deixem o público surpreso (BORTOLETO, 2016).
Existem diferentes tipos de dança nos mais diversos espaços sociais. Ao analisar uma dança,
deve-se levar em consideração que se trata de uma forma de um indivíduo ou de uma
comunidade se expressar. Assim, não existe o jeito certo ou errado de dançar. Ou uma dança
“culta” e uma dança “inculta”. Todas as formas de dançar, sejam quais forem os ritmos, os
movimentos e elementos expressivos, são legítimos do ponto de vista da cultura da qual fazem
parte.
FIQUE ATENTO
SAIBA MAIS
Embora sejam marcadas pelo improviso e pela superação do corpo, as atividades circenses
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O circo, ao longo dos anos, foi marcado por resistência e cooperação. A resistência remete ao período cientificista
da renascença, que buscava deslegitimar as atividades do circo por não seguirem os padrões universais da
ciência. E a cooperação, pois desde quando surgiu até os dias atuais, o circo é composto por membros - muitas
vezes familiares - que se dividem nas tarefas e nas apresentações que são formadas de forma itinerante em
várias cidades.
Figura 3 - Circo possibilita diversas formas de expressão corporal
Fonte: Ververidis Vasilis, Shutterstock, 2019.
A expressão corporal proposta pelas atividades circenses, como afirma Bortoleto (2016), desenvolvem
desenvolve a autoconfiança, a superação dos medos e obstáculos que são gerados pelos equipamentos e
tecnologias desenvolvidas no circo.
Ginásticas
Se por determinado período a ginástica esteve pautada pelos pressupostos dos movimentos rígidos e
institucionalizados, afastando-a das práticas circenses, atualmente, o que se pode notar é um movimento oposto,
em que cada vez mais os elementos artísticos fazem parte das ginásticas (SILVA, 2007).
As modalidades como a ginástica rítmica, a ginástica aeróbica e a ginástica artística têm cada vez mais a música,
a expressividade e a dança. De fato, há tempos a ginástica deixou de ser uma modalidade esportiva que presa
apenas pelos movimentos padronizados.
Embora sejam marcadas pelo improviso e pela superação do corpo, as atividades circenses
tambémrequerem uma sequência pedagógica e didática para o seu desenvolvimento. No livro
“Circo: horizontes educativos”, de autoria Marco Antonio Bortoleto, publicado na Revista
Brasileira de Ciências do Esporte, publicado em 2016, você pode conhecer mais sobre o ensino
das atividades circenses.
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Figura 4 - Ginásticas incorporam cada vez mais elementos artísticos
Fonte: fizkes, Shutterstock, 2019.
Com as novas abordagens com que ela se apresenta, é possível reconhecer nesta atividade uma importante
ferramenta para o desenvolvimento corporal. Além de possibilitar a relação dialógica com a cultura corporal em
suas expressões cênicas e teatrais, possibilita também a vivência de outras expressões, explorando materiais,
técnicas e tecnologias, incomuns às demais práticas corporais (BORTOLETO, 2011).
Jogos e brincadeiras
Não seria possível deixar de mencionar também os jogos e as brincadeiras, que consistem nas atividades
voluntárias exercidas dentro de determinados limites de tempo e espaço, caracterizadas pela criação e alteração
de regras por indivíduos ou grupos. Eles são uma das primeiras formas de expressão corporal.
As brincadeiras e os jogos são muitos, variando conforme o contexto social de cada indivíduo. Nestas atividades,
é possibilitado aos indivíduos desenvolverem e dramatizarem papéis, imaginarem cenários, criarem expressões,
aumentando a sua capacidade de criação e estabelecendo relações consigo mesmo e com os outros indivíduos
que participam das atividades. Um dos jogos em que a expressão corporal é bastante nítida é a capoeira, no qual
os capoeiristas, ao jogarem, possuem total liberdade na criação de movimentos e estabelecem um diálogo
constante enquanto jogam.
EXEMPLO
Em bebês, a primeira forma de expressão corporal se dá através dos jogos sensório-motores,
onde através de movimentos reflexos e do controle motor pouco eficiente, a criança expressa o
que sente. Em seguida, os jogos pré-operatórios, quando o controle motor evolui, a expressão
corporal começa a se desenvolver de forma voluntária.
- -6
Fechamento
Sem dúvidas, é possível elencar as mais variadas práticas corporais e estabelecer as suas relações com a
expressão corporal. Até mesmo nos esportes, as fintas, as comemorações após uma meta e outros elementos
constituem expressões corporais que podem trazer benefícios à ação pedagógica. No entanto, busca-se destacar
aquelas que se mostram mais evidentes devido à sua lógica interna e sua capacidade de criação e utilização de
elementos corporais. A expressão corporal está em todas as atividades humanas. Quando sistematizadas, podem
trazer inúmeros benefícios à prática pedagógica.
Referências
BORTOLETO, M. A. horizontes educativos. Campinas: Autores Associados, 2016.Circo:
BORTOLETO, M. A. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2011.Jogando com o circo.
SILVA, E. Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil. São Paulo: Altana, 2007Circo-teatro: .
- -1
A infância e o movimento
Patrick Gonçalves
Introdução
A cada movimento que você realiza, ocorre uma transmissão de mensagens e comunicação com os indivíduos
que estão ao seu redor, pois possibilita uma interação com os demais. Mas será que o movimento é apenas uma
possibilidade de expressão? Quais seriam os outros benefícios que eles podem trazer ao desenvolvimento dos
sujeitos? A partir destas questões, você vai entender quais os principais benefícios que o movimento e a
expressão corporal podem fomentar em cada um dos indivíduos. Bons estudos!
Ao final desta aula, você será capaz de:
• compreender o movimento como meio de desenvolvimento integral do sujeito e sua relação com o 
processo de aprendizagem.
Concepções sobre corpo e movimento
Ao nascer, e em parte da primeira infância, o corpo e os gestos motores são as principais formas de interação
entre a criança e o mundo que a cerca. Ou seja, a criança constrói os significados do seu mundo a partir das
experimentações motoras e sensoriais que são possíveis com os movimentos (PAPALIA; OLDS; FELDMAN,
2013).
Neste sentido, o corpo que é gerado e que se torna parte do mundo não é apenas um corpo fisiológico, capaz de
se desenvolver em suas dimensões físicas e morfofuncionais. Trata-se de um corpo que age e interage no mundo
em suas variadas dimensões, construindo o arcabouço que compõe a sociedade.
Este desenvolvimento ocorre predominantemente pelo movimento. Não se trata apenas dos deslocamentos
espaço-temporais que os segmentos corporais ou sua totalidade podem realizar. Os movimentos, nesta
abordagem, são capazes de transmitir mensagens, sentimentos, emoções e informações, produzindo a troca
contínua destes elementos entre os sujeitos e formando novos conhecimentos. 
•
FIQUE ATENTO
O movimento e a expressão corporal são as principais formas de comunicação e interação
entre qualquer indivíduo e outros sujeitos. Também, o movimento é uma das formas de se
inserir no mundo e modificá-lo, atribuindo novos sentidos aos gestos e expressões que só
ocorrem através dele.
- -2
O direito de movimentar-se
Os movimentos constituem-se como possibilidades das crianças se colocarem no mundo, tornando-se
protagonistas do contexto social que fazem parte. Na mesma direção, o Referencial Curricular Nacional para
educação Infantil (BRASIL, 1998, p.17) afirma que “é por meio do movimento que a criança se expressa e se
comunica com o mundo através das expressões corporais e faciais, ao empregar o corpo como uma ferramenta
para interagir com o mesmo”.
Tal proposta é essencial para que a criança consiga desenvolver e participar de atividades esportivas, culturais e
sociais que se ampliarão na segunda infância e sucederão a terceira infância, através de jogos as danças, por
exemplo. 
Figura 1 - Legislação assegura a brincadeira como um direito de toda a criança
Fonte: Gladskikh Tatiana, Shutterstock, 2019.
O direito ao movimentar-se ocorre para que, além do desenvolvimento motor, outras dimensões também sejam
SAIBA MAIS
De acordo com a legislação brasileira, é direito das crianças e adolescentes brincarem,
praticarem esportes e divertirem-se. O movimento, que é inerente a estas práticas, torna-se,
portanto, também um direito da infância e da adolescência. Para saber mais sobre os direitos,
leia o Estatuto da Criança e do Adolescente, sob a Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990.
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O direito ao movimentar-se ocorre para que, além do desenvolvimento motor, outras dimensões também sejam
estimuladas. Na dimensão cognitiva, várias são as possibilidades, já que o movimento, a expressão, os jogos e as
brincadeiras permitem a construção de valores e conhecimentos (BEE; BOYD 2011). Nas dimensões,
socioafetivas, há uma forte relação entre a expressão corporal e a construção dos vínculos socioafetivos, já que
estes consistem na cooperação de diferentes sujeitos.
Na infância, este convívio é fundamental para que as perspectivas acerca do mundo em que cada criança se
encontra se ampliem. Deste modo, ao construírem suas aprendizagens, experiências e vivências junto às outras
pessoas, pode ser mais fácil compreender e respeitar as diferenças, reconhecendo o valor de cada um na
sociedade e encontrando a sua própria identidade no meio social em que se vivem.
Manifestações e expressões corporais
As manifestações e expressões corporais são diversas e a sua ênfase na sociedade depende da cultura na qual
está inserida. A ideia de identificar estas diferentes possibilidades expressivas e culturais não é nova. Pode-se
evidenciar desde o surgimento do movimento renovador da Educação Física. Logo, a ideia da Educação Física
centra-se na abordagem de práticas corporais que são produtos culturais e sociais. Esta proposta é
compartilhada na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o documento que determina as orientações para o
currículo de todas as instituições de ensino da educação básica brasileira.
Na BNCC, os objetos de conhecimento da Educação Física estão estruturados em seis unidades temáticas, que
formam os conhecimentos e saberes que devem ser proporcionados a cada indivíduo inseridonas instituições de
ensino brasileiras (BRASIL, 2017).
Os jogos e brincadeiras são as atividades corporais que se exercem de maneira voluntária em determinado
período e determinado tempo. Nestas atividades, o fim se encontra no jogo ou na brincadeira em si.
As práticas corporais de aventura são as atividades que buscam expor o corpo ao máximo de performance,
muitas vezes expondo-o a riscos. Nestas práticas, o objetivo é superar a si próprio, derrotando obstáculos cada
vez mais difíceis de serem superados.
FIQUE ATENTO
A Base Nacional Comum Curricular é um documento elaborado por diversos setores da
sociedade brasileira e tem por objetivo assegurar aprendizagens essenciais a todos os
estudantes do país. Neste documento uma série de conteúdos estão previstos para cada etapa
de escolarização.
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Figura 2 - Prática corporal de aventura
Fonte: John-james Gerber, Shutterstock, 2019.
Já as ginásticas contemplam atividades baseadas na realização de acrobacias e de movimentos expressivos. O
objetivo desta prática corporal busca atingir padrões de performance e estéticos na realização de movimentos
corporais.
As danças se baseiam em atividades cujos movimentos expressivos se demonstram em determinado ritmo,
podendo ou não acompanhar músicas e podendo ou não constituir coreografias.
As lutas são as atividades corporais que se baseiam na demonstração de movimentos ou na superação de
adversários através do uso de golpes, imobilizações ou exclusão de determinados espaços.
Figura 3 - A luta também busca transmitir mensagens através do corpo
Fonte: Iakov Filimonov, Shutterstock, 2019.
Por fim, os esportes são atividades cujas regras são institucionalizadas e se baseiam na comparação da
performance entre dois ou mais indivíduos.
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O movimento como recurso de prazer, 
competição, educação e saúde
Como você percebeu até aqui, os movimentos são muito importantes ao desenvolvimento integral de indivíduos,
principalmente em sua capacidade de expressar ideias, sentimentos e emoções. No entanto, os movimentos
também podem atingir outros objetivos, como é o caso quando eles estão voltados à busca do prazer, da
competição, da educação ou da saúde.
As atividades hormonais que ocorrem com a prática regular dos movimentos agem como promotoras de bem-
estar, inibindo a síntese de hormônios característicos destas patologias. Assim, as práticas corporais, como os
esportes, as danças, as ginásticas, entre tantas outras possibilidades, geralmente ocorrem com a integração entre
sujeitos diferentes e agrupam a busca por um momento prazeroso, que pode ser realizado em grupos ou
individualmente à prática de movimentos.
Em ambientes voltados à competição, qualquer prática pode ser desenvolvida como uma forma de disputa entre
sujeitos diferentes, avaliando seu desempenho quanto aos padrões estéticos ou variáveis como o tempo e a
distância. A competição só ocorre entre indivíduos diferentes e, por isso, o movimento nestas ocasiões se
demonstram como uma das possibilidades de compreender e respeitar a presença de outro indivíduo.
Voltados aos fins educativos, o movimento permite a construção do conhecimento na troca que ocorre na
comunicação corporal. Bee e Boyd (2011) destacam que os movimentos, quando realizados periodicamente,
promovem inúmeros benefícios neuronais, consolidando sinapses que permitem o aprimoramento das funções
cognitivas.
EXEMPLO
A diferença entre as práticas corporais não significa que possuam fins diferentes. Uma mesma
prática pode ser realizada desenvolvendo suas potencialidades de prazer, competição,
educação e saúde. Exemplo disto é o futebol, que pode permitir o prazer na prática do jogo, o
elemento competitivo entre dois times, a educação ao agregar valores e conhecimentos para
quem os pratica, e a saúde, ao fortalecer o sistema cardiovascular, a força muscular, entre
outras capacidades físicas e psicológicas.
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Figura 4 - Através do movimento, é possível obter inúmeros benefícios à saúde
Fonte: Sirirat, Shutterstock, 2019.
Por fim, é evidente que os movimentos proporcionam a saúde física e psicológica de quem os pratica. Os
movimentos, quando organizados em seus propósitos, podem contribuir para a saúde física, envolvendo as
capacidades de resistência cardiorrespiratória, força e resistência muscular e flexibilidade. Também são bastante
evidentes a diminuição de patologias que comprometem o desenvolvimento social, tais como o transtorno de
ansiedade e a depressão (GALLAHUE; OZMUN, 2013).
Fechamento
O movimento não é apenas uma forma de expressão. Sem dúvidas, como expressão corporal, suas possibilidades
são diversas e se encontram em cada prática corporal. Para além disso, os movimentos podem ser utilizados
para o pleno desenvolvimento dos indivíduos, atuando em caráter educativo, voltado ao lazer, competição ou
voltado à saúde, explorando cada sujeito em suas diversas dimensões.
Referências
BEE, H; BOYD, D. . 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.A criança em desenvolvimento
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretária de Educação Fundamental. Referencial Curricular
. Brasília: MEC/SEF, 1998.Nacional para a Educação Infantil
BRASIL. Ministério da Educação. educação é a base. 3. ed. Brasília: MEC,Base Nacional Comum Curricular:
2017.
GALLAHUE, D; OZMUN, J. bebês, crianças, adolescentes e adultos.Compreendendo o desenvolvimento motor:
7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
PAPALIA, D.; OLDS, S.; FELDMAN, R. . 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.Desenvolvimento Humano
- -1
O lúdico na formação integral do 
ser humano, em especial do 
educando
Patrick Gonçalves
Introdução
Provavelmente, você já foi convidado a participar de alguma atividade através das perguntas “vamos brincar?”
ou “vamos jogar?”. Estas duas expressões são muito comuns, principalmente no universo infantil, em que os
jogos e brincadeiras tomam grande parte da vida das crianças. Embora sejam muito utilizadas para os mesmos
contextos, principalmente em espaços formativos como a escola, será que se tratam de sinônimos? Ainda, será
que ambas são indispensáveis à formação integral dos indivíduos? Nesta unidade temática, você conhecerá os
conceitos de jogo e de brincadeira, relacionando-os com a aprendizagem e o desenvolvimento dos sujeitos.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• compreender o brincar como instrumento de aprendizagem;
• diferenciar jogo e brincadeira;
• identificar a importância do jogo e da brincadeira para o desenvolvimento do sujeito.
Conceito de jogo e brincadeira
O jogo e a brincadeira são recorrentemente tidos como sinônimos no senso comum e para muitos autores. Tanto
o jogo quanto a brincadeira fazem parte de um conceito maior, que se refere à ludicidade. A ludicidade tem sua
etimologia a partir da variação de uma palavra de origem no latim. Assim, Huizinga (2008) define o conceito de 
como as atividades típicas da infância, a recreação, os jogos teatrais, as competições esportivas, asludus 
apresentações dramatúrgicas e, ainda, os jogos de azar. Importante ressaltar que o conceito desse autor traz uma
abordagem que extrapola a fase da infância, sendo possível também entendê-lo a partir de atividades que são
desenvolvidas por indivíduos adultos, apresentado pelo autor como o conceito de homo ludens.
•
•
•
- -2
Nesse mesmo sentido, Brougère (2003) aponta que o oposto a , em latim, era a palavra . Nesseludus serius
conceito, o jogo e a brincadeira eram entendidos como aquelas atividades que são opostas ao trabalho, ou seja,
uma forma de utilizar o tempo de descanso em momentos que o indivíduo possa se revigorar, antes de retomar
as atividades laborais. Nessa perspectiva, o jogo e a brincadeira estão associados também à ocupação voluntária.
Avançando mais na definição dos termos, os autores Freire e Scaglia (2011, p. 33) definem que “o jogo é uma
categoria maior, uma metáfora da vida, uma simulação lúdica da realidade, que se manifesta, se concretiza
quando as pessoas fazem esporte, quando lutam, quando fazem ginásticas ou quando as crianças brincam”. O
jogo é, portanto,uma expressão que se define com a ideia de limites, de liberdade e de invenção, sendo possível
de ocorrer em diferentes expressões humanas e causando sensações diversas. Imagine as sensações que são
desencadeadas por um jogador de futebol, ao perder ou vencer uma partida.
No senso comum, a brincadeira geralmente é definida como a ausência de conflitos e regra e total presença de
prazer. No entanto, o que distingue a brincadeira das demais atividades que compõem o jogo é a situação
imaginária criada por tal atividade. Neste sentido, Vygotsky (2010, p. 111) elabora que “no brincar há regras –
não as regras previamente formuladas e que mudam durante o jogo, mas as que têm sua origem própria na
situação imaginária”, podendo estas gerar ou não conflitos.
SAIBA MAIS
O brincar como objeto se ensino-aprendizagem surgiu há alguns milhares de anos, sendo
atualmente muito estudado pelos pesquisadores que buscam compreender como as crianças
aprendem. No livro “Jogo, brinquedo, brincadeira e educação”, organizado por Tizuko
Morchida Kishimoto, você conhecerá como obrincar surge ao longo da história da humanidade
relacionado à criança e à educação.
FIQUE ATENTO
A definição de encontra dificuldade nos aspectos linguísticos, uma vez que, em algumasjogar 
línguas, como no inglês ( ) e no espanhol ( ), podem significar diversas outrasto play jugar
possibilidades do que aquelas que comumente se utilizam no português. Por exemplo: no caso
do inglês, sua tradução para o português pode significar , , (teatral),tocar jogar, brincar peça 
entre outros. Dessa forma, as traduções de obras literárias e de estudos podem apresentar
distorções acerca do que os autores realmente quiseram enunciar.
- -3
Assim, é possível concluir que o jogo faz parte do conceito de ludicidade e engloba, como uma de suas atividades
possíveis, o ato de brincar. Todos os elementos do brincar, como regras, conflito e a situação imaginária podem
ser aplicados ao jogo. No entanto, nem todo o jogo contém situações imaginárias, criando, assim, uma situação de
pertencimento. 
O brincar como instrumento de aprendizagem
Em muitas situações, o brincar é visto como uma atividade despretensiosa, que não estabelece construções
positivas às crianças. Contrariando isto, as brincadeiras são de grande importância, principalmente para o
processo de aprendizagem.
Com as brincadeiras, a criança aprende a criar com as situações imaginárias a sua autonomia, desenvolvendo a
criatividade e regras cada vez mais complexas, contribuindo também ao seu desenvolvimento cognitivo.
Segundo os Referenciais Curriculares para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), o ato de brincar sugere que a
criança parta de uma situação conhecida, imitando gestos, sons e outras ações que já fazem parte do seu
contexto e indo em direção a situações desconhecidas, gerando, assim, um repertório maior e mais complexo de
seus processos cognitivos.
EXEMPLO
Pense em uma criança que brinca com o galho de uma árvore, imaginando que este é uma
espada. Nesta situação, a criança está brincando (e jogando, consequentemente), já que há uma
situação imaginária e regra estabelecida (os movimentos são feitos tais quais uma espada).
Mesmo que o galho quebre, gerando um conflito, a criança pode continuar brincando, tendo
agora duas espadas.
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Figura 1 - A criança revive situações que já conhece, utilizando-se da criatividade
Fonte: Shutterstock, 2019.
Na situação imaginária criada pelo ato de brincar, a criança assume papéis que remetem à sua realidade,
interpretando fatos vivenciados e estabelecendo relações entre estas diferentes elaborações. Situações
vivenciadas anteriormente como o medo, a frustração, a alegria, entre tantas outras, são revividas e passíveis de
serem analisadas por outra ótica, sendo ensaiados possíveis desfechos às reações experimentadas antes.
Além disso, a brincadeira sempre pressupõe a interação consigo mesmo e com o mundo que o cerca. Neste
sentido, é uma atividade que possibilita o autoconhecimento e a interação com o mundo ao redor, seja com os
objetos ou seres.
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Figura 2 - A brincadeira desperta a imaginação e a socialização
Fonte: Gladskikh Tatiana, Shutterstock, 2019.
Desta forma, pode-se reconhecer que o brincar não apenas se trata de uma atividade em que as crianças se
ocupam durante o seu dia a dia, mas como elementos essenciais à sua formação e desenvolvimento. Com isso, os
profissionais que atuam com a educação, podem se utilizar de momentos que privilegiem o brincar, fornecendo
situações e estruturas materiais que direcionem as crianças a situações imaginárias específicas e que busquem a
estruturação de seu aprendizado.
A importância do jogo e da brincadeira para o 
desenvolvimento do sujeito
Como você aprendeu, o jogo e a brincadeira possuem elementos em comum. Ambos têm regras e geram conflitos
que despertam nas crianças processos cognitivos que estabelecem relações entre o que já vivenciaram,
organizando estas situações. Estas duas expressões, que ocorrem através do movimento, são essenciais ao
desenvolvimento, especialmente quando se trata da infância.
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Acerca disso, Kishimoto (2017) elabora que o jogo, no qual a brincadeira está inclusa, desenvolve nas crianças
importantes aspectos que serão essenciais à vida adulta. Além da própria corporeidade e da motricidade, que
começa a se desenvolver nas primeiras brincadeiras que compõem os jogos de exercício, outros pontos também
são evidentes.
O jogo potencializa a interação entre a criança e outros sujeitos e objetos, possibilitando os desafios da
curiosidade e da tomada de decisão, despertando a autonomia e o respeito ao próximo. Além disso, as atividades
lúdicas permitem formar convicções, exercer lideranças e basear suas escolhas individuais por meio do bem
comum, que resultam no exercício da cidadania.
Figura 3 - O jogo é uma possibilidade de compreender como o mundo se apresenta
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2019.
Ao possibilitar a participação em momentos agradáveis, e que exijam a confiança do próximo, os jogos e
brincadeiras permitem conhecer uns aos outros, melhorando as compreensões de tratamento e fortalecendo as
relações pessoais. Neste sentido, a afetividade também se desenvolve, uma vez que os ambientes descontraídos e
prazerosos criam as possibilidades de fortalecer vínculos afetuosos e sentimento de amorosidade.
Os jogos também criam situações imaginárias em que podem ser abordados valores, comportamentos e regras
para que sejam refletidos e internalizados. Como é o caso da ética, que possui um conjunto de regras e
comportamentos universalmente compartilhados para a realização social e individual, mas que tem valores
abstratos, sendo difícil a sua abordagem.
FIQUE ATENTO
Embora o jogo e a brincadeira sejam recorrentemente tidos como sinônimos, eles são termos
que podem se apresentar de forma divergente. O jogo é um conceito maior, que engloba
diversas atividades, inclusive o brincar. Já a brincadeira se diferencia das demais atividades
dos jogos por se tratar da elaboração de situação imaginária, com regras que não são
estruturadas previamente.
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Figura 4 - Os jogos e brincadeiras possibilitam a integração e a cooperação
Fonte: Poznyakov, Shutterstock, 2019.
Por último, os jogos e brincadeiras apresentam grandes possibilidades de serem desenvolvidos em grupo, em
que todos partilham de um objetivo comum e comungam de situações agradáveis e prazerosas. Nos dias atuais,
as relações tendem a tomar rumos individualistas. Assim, os jogos lúdicos podem ser abordados a partir de uma
proposta em que todos participam de um objetivo.
Fechamento
Com o que foi apresentado, você deve ter compreendido que o jogo e o brincar, embora sejam em muitos casos
tratados como sinônimos, possuem características que os diferenciam. O jogo é o conjunto de atividades que se
expressam pela participação voluntária e também é composto por regras, podendo serem estabelecidas
previamente ou apresentadas a partir de situações imaginárias. O brincar, uma das atividades do jogo, sempreocorre a partir de situações imaginárias. Apesar de suas diferenciações, ambos produzem efeitos necessários ao
desenvolvimento dos sujeitos. Compreender esta possibilidade é fundamental aos profissionais de Educação
Física, haja vista que este, de forma recorrente, atua com o desenvolvimento de crianças.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular
. v.1. Brasília: MEC\SEF, 1998.Nacional para a Educação Infantil
BROUGÈRE, G. . Porto Alegre: Artmed, 2003.Jogo e educação
FREIRE, J. B; SCAGLIA, A. . São Paulo: Scipione, 2003.Educação como prática corporal
HUIZINGA, J. o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, Homo ludens: 2008.
KISHIMOTO, T. M (Org.). . São Paulo: Cortez, 2017.Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação
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KISHIMOTO, T. M (Org.). . São Paulo: Cortez, 2017.Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação
VYGOTSKY, L. São Paulo: Martins Fontes, 2010.A formação social da mente.
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Brinquedos: materiais 
pedagógicos em jogos e 
brincadeiras
Patrick Gonçalves
Introdução
Durante a infância, muitos são os objetos que fazem parte do cotidiano das crianças e que são utilizados para a
abordagem lúdica e pedagógica. Você já reparou que os brinquedos possuem formas, formatos e funcionalidades
diferentes? Atualmente, há muitas opções de objetos que podem ser utilizados para o universo simbólico. Estas
opções são cada vez mais exploradas pela indústria, fornecendo brinquedos prontos para serem utilizados. Mas,
afinal, existem diferenças entre os brinquedos que são comprados e aqueles que são construídos a partir de
objetos do dia a dia? Nesta unidade temática, você conhecerá um pouco mais sobre os brinquedos.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• identificar brinquedos e materiais que possam ser utilizados como materiais alternativos.
Definição de brinquedo
Ao se analisar os brinquedos e as brincadeiras, é imprescindível avaliar também a cultura. Ou seja, cada grupo
social possui em seus valores, crenças e costumes, modos, brincadeiras e brinquedos específicos ao seu contexto.
Assim, muitas são as possibilidades de brinquedos na atualidade. Ao se referir ao brinquedo, não se pode apenas
limitar aos objetos desenvolvidos e construídos pela indústria, que tem encontrado no universo das brincadeiras
infantis um modo de comercializá-los.
Como você já sabe, o brincar consiste em repetir e recriar situações vividas através da imaginação e
•
SAIBA MAIS
Os brinquedos prontos limitam a capacidade criativa das crianças e auxiliam na ideia de que o
consumo é necessário para que elas possam se divertir. Pensando nisso, Santos e
colaboradoras (2007) trazem em seu livro “Brinquedoteca: sucata vira brinquedo”, um guia
para pais e educadores sobre como reutilizar materiais que seriam descartados para construir
brinquedos.
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Como você já sabe, o brincar consiste em repetir e recriar situações vividas através da imaginação e
expressando, assim, a sua identidade e a exploração da comunicação com outras pessoas, seres e objetos
(BRASIL, 2012). Neste cenário simbólico, por vezes a criança deve buscar, em materiais e objetos, funções que a
suportem no seu universo imaginário.
Figura 1 - Exemplo de brinquedos
Fonte: pogonici, Shutterstock, 2019.
Embora nem toda brincadeira exija a utilização de objetos, qualquer objeto pode ser utilizado para fortalecer
uma situação imaginária criada pela criança. Neste sentido, Vygotsy (2010, p. 127) explica que “a criança vê um
objeto, mas age de maneira diferente em relação ao que vê. Assim, é alcançada uma condição que começa a agir
independentemente daquilo ao que vê”.
Logo, ao se analisar o que é um brinquedo, pode-se elaborar que se trata dos objetos que são utilizados em
brincadeiras, fazendo parte do universo simbólico das crianças. Qualquer objeto pode ser considerado um
brinquedo, dependendo da maneira como a criança age frente a ele. Evidentemente, existem objetos que são
criados intencionalmente para fazer parte do universo simbólico; e objetos que, mesmo não tendo sido criados
para tal, também podem ser utilizados para o brincar. Na próxima seção, você conhecerá as principais diferenças
entre os tipos de brinquedos existentes.
EXEMPLO
Suponha que uma criança encontre um cabo de vassoura. Embora este objeto tenha sido criado
para realizar a tarefa doméstica de varrer a casa, a criança, ao vê-lo, age diferentemente,
utilizando-o como uma espada, como uma lança ou como uma varinha mágica. Nesta situação,
o objeto vassoura passou a integrar o universo simbólico da criança, tornando-se um
brinquedo.
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Tipos de brinquedos
Como você viu na seção anterior, existem muitos brinquedos diferentes. Basta entrar em um parque infantil, em
uma escola ou em uma loja para notar a imensa variedade de brinquedos disponíveis para as crianças. Os
diferentes brinquedos variam não somente em tipo, mas também conforme o tempo e o lugar vivido pelas
crianças. Por exemplo: se você comparar os brinquedos de determinada região do país ou de algumas décadas
atrás, é possível estabelecer diferenças significativas nos materiais utilizados para o brincar.
Embora muitos sejam os brinquedos da atualidade, e mesmo que estes estejam em constantes modificações, é
possível classificar todos eles seguindo algumas premissas básicas. A tipologia do brinquedo se dá em
decorrência da forma como se apresenta às crianças, podendo ser não-estruturado ou estruturado. Os
brinquedos não-estruturados são aqueles que não carregam em si o valor da brincadeira. Ou seja, são objetos
que não se originam com o intuito de fornecer à criança um material pronto para o brincar (KISHIMOTO, 2017).
Neste caso, são os mais diversos objetos, como: garrafas, pedrinhas, pedaços de madeiras, tecidos, água, terra,
entre tantas outras possibilidades de materiais que se transformam em outros objetos no universo simbólico das
crianças. Este tipo de brinquedos exige da criança a mobilização da sua capacidade criativa, reorganizando e
recriando os cenários e objetos para que a sua brincadeira de fato ocorra (SANTOS e al. ,2007).
FIQUE ATENTO
O brinquedo tem sua classificação de acordo com a intencionalidade e os valores da
brincadeira que carrega consigo. Quando os brinquedos determinam a forma como a criança
deve utilizá-lo, são chamados de brinquedos estruturados; quando não carregam consigo estes
valores, são chamados brinquedos não-estruturados.
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Figura 2 - Exemplo de brinquedo não-estruturado
Fonte: Inara Prusakova, Shutterstock, 2019.
Os brinquedos estruturados dizem respeito àqueles materiais que são já carregam consigo os valores e
intencionalidades da brincadeira, podendo ser construídos de forma artesanal ou industrial. Por exemplo:
carrinhos, bonecas, talheres de plástico, bolas, já tornam, já trazem em caráter explícito a forma como a criança
deve utilizá-lo. Este tipo de brinquedo se apresenta em três categorias distintas: podem ser prontos, como no
caso de bonecas, carros, bolas, entre outros; podem ser mecânicos, como no caso de bonecas que mastigam,
carros que se movem por fricção ou outros que se utilizam da energia mecânica; ou podem ser eletrônicos,
quando envolvem a energia elétrica, seja para mover objetos ou para fornecer estímulos audiovisuais, como no
caso de carrinhos movidos à pilha ou videogames.
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Figura 3 - Exemplos de brinquedos estruturados
Fonte: Veronica Louro, Shutterstock, 2019.
Você deve ter compreendido que os brinquedos estruturados e os brinquedos não-estruturados oferecem e
demandam das crianças capacidades distintas. Enquanto os brinquedos estruturados já se encontram prontos
para serem utilizados, os brinquedos não-estruturados necessitam que a criança realize um esforço criativo para
que, com sua imaginação, transforme o objeto em um elemento da brincadeira (BRASIL, 2012). Este segundo
tipo de brinquedo é uma grande opção para trabalhar não apenas a reciclagem de materiais e despertar o
consumo consciente, mas também oferecer à criança o uso com maior intensidadede suas capacidades criativas.
O uso de materiais alternativos em jogos e brincadeiras
Nos brinquedos não-estruturados, que oferecem maiores possibilidades de criatividade da criança, são possíveis
a utilização de muitos tipos de objetos. A estes materiais, que não são produzidos intencionalmente para
promover brincadeiras, dá-se o nome de materiais alternativos.
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Dentro de uma perspectiva pedagógica, os brinquedos não devem oferecer apenas diversão e entretenimento às
crianças. Os jogos e brincadeiras, como elementos lúdicos, devem buscar resolver problemas e proporcionar
aprendizagens significativas, provocando o estímulo da cooperação e da autonomia.
Figura 4 - Uso de materiais alternativos para o brincar
Fonte: pio3, Shutterstock, 2019.
Os materiais alternativos podem ser diversos. Tampas de garrafas, copos plásticos, latas, cordões, e quaisquer
outros objetos podem ser utilizados pelas crianças.
Ao proporcionar a criação de brinquedos com estes materiais alternativos, várias aprendizagens estão implícitas,
como a abordagem da importância da reciclagem e da reutilização de materiais em um mundo que cada vez tem
explorado mais os seus recursos materiais. Logo, em tais processos criativos, é possível tematizar aspectos
relacionados ao meio ambiente e ao consumo no momento em que se escolhem os materiais a serem utilizados.
A escolha não deve ser realizada a esmo, já que há um objetivo concreto a ser realizado, como a produção de
determinada brincadeira. Este processo envolve o planejamento estratégico, já que entre a escolha e o jogo ou
brincadeira formada, há a etapa de elaboração dos brinquedos (BRASIL, 2012).
Também, deve-se considerar a autonomia que a criação de jogos e brincadeiras sugere, a partir de materiais
alternativos. Para construir tal atividade, sempre é necessária a tomada de decisão por parte das crianças. Estas
tomadas de decisão, quando realizadas em grupo, fornecem também a sensibilidade aos problemas do outro, a
confiança e o sentido de interdependência (KISHIMOTO, 2017).
Tudo isso se alia à criatividade, processo sem o qual a elaboração e construção de brinquedos com materiais
FIQUE ATENTO
Embora todo o material possa ser utilizado no universo simbólico das crianças, nem todos eles
devem ser utilizados. Antes de transformá-los em brinquedos, é necessário identificar
possíveis riscos à integridade física da criança e os objetivos das brincadeiras as quais se
pretende construir.
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Tudo isso se alia à criatividade, processo sem o qual a elaboração e construção de brinquedos com materiais
alternativos não ocorre. A construção de brinquedos com estes materiais é um dos primeiros e importantes
processos para fomentar a criatividade de crianças.
Fechamento
Ao longo desta unidade temática, você pode reconhecer que, em muitas brincadeiras, o uso de materiais se faz
necessário. Atualmente, são diversas as possibilidades de brinquedos para a infância, sendo estes cada vez mais
industrializados. Estes brinquedos, prontos para o uso, apresentam menores possibilidades de desenvolver a
criatividade quando comparados aos brinquedos não-estruturados. Assim, é cada vez mais necessário o fomento
ao uso de materiais alternativos para a criação de brinquedos, possibilitando o desenvolvimento da criatividade,
da cooperação e da autonomia.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. manual de orientação pedagógica.Brinquedos e brincadeiras de creches:
Brasília: MEC, 2012.
KISHIMOTO, T. M (org.). . São Paulo: Cortez, 2017.Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação
SANTOS, S. M. P. (org.) sucata vira brinquedo. Porto Alegre: Artmed, 2007.Brinquedoteca:
VYGOTSKY, L. . São Paulo: Martins Fontes, 2010.A formação social da mente
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Formação de Repertório de 
Atividades Práticas- Parte 1
Patrick Gonçalves
Introdução
Você consegue identificar as diferentes características das atividades lúdicas que já participou? Quando em uma
brincadeira, ou jogo, quais elementos faziam desta prática: uma manifestação única, diferente das demais
manifestações lúdicas? Como você já sabe, as atividades lúdicas são construídas socialmente e modificadas
culturalmente. Existe tantos jogos que seria impossível elencar cada uma destas manifestações, assim como suas
variações. Você, sem dúvidas, já participou de várias delas. No entanto, ainda que não seja possível quantificar as
diversas manifestações do lúdico, pode-se classificá-las quanto às suas características. Nesta unidade temática,
você conhecerá algumas delas.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• construir um repertório de atividades lúdicas e recreativas para suas aulas e vivências diversificadas;
&nbsp;
• constituir atividades para diferentes tipos de vivências e públicos;&nbsp;
• identificar o potencial educativo de diferentes tipos de atividades recreativas e lúdicas.
Pequenos e grandes jogos
Os jogos são constituídos por regras que podem ser rígidas ou flexíveis, dependendo de como esta manifestação
se apresenta. Dentro desta característica fundamental, os jogos podem variar de acordo com o propósito do
jogador, a quantidade de participantes, a presença de elementos musicais e muitos outros fatores. Em uma
perspectiva mais ampla, os jogos podem ser classificados em pequenos ou grandes jogos (SILVA; GONÇALVES,
2017).
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•
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Os pequenos jogos, como o nome já sugere, geralmente possuem pouca duração e são praticados por poucos
jogadores, sendo mais adequados às crianças que se encontram na primeira, segunda e terceira infância. Estes
tipos de jogos podem possuir regras flexíveis, que se adaptam ao contexto e características dos participantes. Por
possuírem dimensões temporais e de participação menores, podem ser realizados em espaços restritos (SILVA;
GONÇALVES, 2017). Jogos simbólicos, em que a criança simula um papel ou o atribui a um objeto são exemplos
deste tipo de jogos.
Figura 1 - Criança simula um papel nos jogos simbólicos
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2019.
Já os grandes jogos se constituem inversamente aos pequenos jogos. Ou seja, geralmente possuem uma duração
maior, são constituídos por regras fixas, ou que pouco se transformam, e comumente exigem um espaço mais
amplo, que possibilite a participação de vários envolvidos (SILVA; GONÇALVES, 2017). Por suas características, é
recorrentemente praticado por crianças que já conseguem integrar grandes grupos. Nesta categoria, pode-se
elencar a dança das cadeiras, os jogos de futebol e jogos de mesa.
SAIBA MAIS
Dentro dos pequenos e grandes jogos, Betti e Silva (2019) elaboram que os jogos que resultam
em situações de movimentos se expressam em treze diferentes possibilidades, são elas: os
jogos sensoriais; ambientais; (des)construção; simbólicos; rítmicos; exercícios; de luta;
integrativos; invasão; rebatida; raciocínio; marca e precisão. Para conhecer mais sobre estes
tipos de jogos leia o livro dos autores, intitulado “Corporeidade, jogo, linguagem - a Educação
Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental”.
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Jogos competitivos x Jogos cooperativos
Avançando um pouco mais na classificação dos tipos de jogos, pode-se caracterizá-los quanto aos elementos
competitivos que os constituem. Existem jogos em que a disputa entre participantes se faz presente, resultando
em vencedores e perdedores; e jogos em que os objetivos são comuns a todos, não havendo perdedores. O
primeiro grupo é chamado de jogos competitivos e, o segundo, jogos cooperativos.
Figura 2 - Nos jogos cooperativos, todos possuem o mesmo objetivo
Fonte: niko25, Shutterstock, 2019.
Os jogos competitivos estão bastantes presentes na sociedade ocidental, haja vista o modelo capitalista e
competitivo que se encontram as relações atuais e que são impulsionados pela midiatização esportiva – a grande
manifestação deste tipo de jogos. Embora a competição possa remeter a um processo excludente e produtor de
desigualdades, ele pode ser abordado como um processo educativo e formador dos estudantes. Nesse aspecto, é
importante que o professor faça dos jogos competitivos um

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