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Responsabilidade Civil: Contratual Privada Trabalho e apresentação feitos com objetivo de obtenção de nota parcial na material Direito Civil II, ministrado pelo professor Deniz Costa. Alunos: Caio Felipe Larry Barriga Uchôa Cleude dos Santos Fonseca Deyse Silva Ferreira Bogea Isabel Cristina Alves Lins Joarmil de Jesus dos Santos José do Carmo Freitas Aroucha Keison Luís dos Santos Galvão Luís Ricardo Pires Lima A responsabilidade civil Histórico básico Direito romano → Lei do Talião, olho por olho, dente por dente → Normalmente acabava em morte → Percebida a necessidade de medir a culpa. Direito francês (Napoleão) → Delito público e privado → Diferença entre culpa civil e penal. Revolução Industrial → Teoria do risco. Brasil → Apareceu pela primeira vez no Código de 1916. Como funciona a responsabilidade civil? Conceito e elementos Toda ação, dano ou omissão (ato ilícito) → se causa violação da norma jurídica legal ou contratual → há necessidade de reparar o ato danoso. CONDUTA/ATO HUMANO: Comportamento voluntário → ação ou omissão (dolo) → Pode ser involuntário (culpa) sendo ele negligente (falta de cuidado + omissão), imprudente (falta de cuidado + ação) e imperícia (conhecimento técnico mas não para o ato). NEXO CAUSAL: Ligação → Conduta do agente e o resultado danoso. → No Brasil, o último fato que aconteceu será considerada como nexo causal. DANO: Principal fator, pois sem ele não há responsabilidade civil. → Existem 4 tipos de dano: patrimonial, moral, estético e social, e todos são cumuláveis. Como funciona a responsabilidade civil? Objetiva e Subjetiva Responsabilidade Civil Subjetiva (principal – CC, art. 927): Obrigação de restituir o dano → Comprovado o dano, nexo causal e DOLO OU CULPA. Responsabilidade Civil Objetiva (secundária/acessória/exceção – CC, art. 927, parágrafo único): Obrigação de restituir o dano → Comprovado APENAS o nexo causal e o dano. → Apenas casos especificado em lei → Atividade que por natureza implica dano. Previsão legal – Exemplo: art. 14 do CDC. Causação de risco: Risco da atividade (fornecer produto ou serviço), administrativo (Art. 37, § 6º da CF) e integral (Acidente nuclear). Responsabilidade civil: atos Responsabilidade civil por ato próprio: Recaí sobre o sujeito que praticou o ato ilícito. Responsabilidade civil por fato ou ato de terceiro: Recaí sobre o responsável pelo sujeito que praticou o ato ilícito. Exemplos: Pais, pelos filhos menores. O empregador ou comitente, por seus empregados. Tutor e curador, pelos pupilos e curatelados. Donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos de albergue pro dinheiro. (Responsabilidade por objetos lançados/caídos) Donos de coisas ou animais. (Responsabilidade pelo fato do animal/da coisa) Responsabilidade civil Contratual Privado Contratual: É o ilícito contratual, decorre do inadimplemento, ou seja, o não pagamento ou cumprimento de dívida ou obrigação. (art. 389 do CC); O contrato é pensado para ser cumprido e observado segundo seus prazos e prescrições, é um negócio jurídico bilateral entre dois particulares; Mora (art. 394, CC): Devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebe-lo no tempo, lugar e forma que a lei estabelecer; Obs: A mora é comumente conceituada como sendo a demora, retardamento no cumprimento de uma obrigação, ou seja, é a inexecução culposa ou dolosa da obrigação. Também se caracteriza pela injusta recusa de recebê-la no tempo, no lugar e na forma devidos. A mora do devedor (Mora Solvendi) caracteriza-se quando este não cumprir, por sua culpa, a prestação devida na forma, tempo e lugar estipulados. Perdas e danos (art. 402, CC): Abrangem o que perdeu e o que deixou de lucrar, questões relacionadas a lucros emergentes, danos cessantes; Observe que o art. 402 do Código Civil especifica que a reparação compreende “o que razoavelmente deixou de lucrar”, e não o que “lucraria com especulação” ou “alavancagem”. A lei protege o direito, mas não ao ponto de exacerbar o seu valor objetivo. Boa-fé (objetiva) contratual O princípio da boa-fé contratual é um dever imposto às partes: agir com lealdade e retidão (com correção) durante todas as etapas de um contrato – tratativas pré-negociais; execução e conclusão do contrato. (art. 422, I, CC). No direito privado contemporâneo, o princípio da boa-fé possui extrema relevância na medida em que incide em qualquer relação contratual com a exigência de uma conduta leal entre as partes. Deveres anexos: Cuidado em relação à outra parte negocial, Respeito, Informar a outra parte sobre o conteúdo do negócio, agir conforme confiança depositada, lealdade e probidade, colaboração ou cooperação, agir com honestidade e agir conforme razoabilidade. Como funciona a responsabilidade civil? Excludentes de ilicitude Legítima defesa (art. 188, I – CC) Deterioração ou destruição da coisa alheia, ou lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente (art. 188, II – CC) Estado de necessidade: Sacrifício do bem de terceiro (art. 929, CC) Ação regressiva por culpa de terceiro (art. 930, CC) Caso fortuito: Imprevisível Força maior: Previsível → Não há como evitar Rompimento → Nexo de causalidade entre a conduta e o dano. Caso fortuito e força maior Se a culpa do ato ter acontecido for exclusivamente da vítima → cessado o nexo de causalidade. Culpa exclusiva da vítima Fato causado por terceiro Comportamento voluntário de um terceiro → rompe o nexo de causalidade, exclui a responsabilidade do infrator Exemplo: Motorista bate em um carro para desviar de uma lesão maior causada por um terceiro carro que infringiu norma de trânsito. Teoria do corpo neutro: Acidentes de trânsito em engavetamentos → Colisão de veículos → rompe o nexo de causalidade. Clausula de não indenizar Uma das partes contratantes declara que não será responsável por danos emergentes do contrato, em inadimplemento total ou parcial. Necessita de requisitos: Consentimento deve ser bilateral. Não colidir com preceito cogente de lei, com a ordem pública e os bons costumes. Não deve eximir o dolo ou a falta grave do estipulante. Limites: ordem pública: princípios e regras de intensa repercussão social, onde estão em jogo valores sociais e culturais dolo e culpa grave: do contrário, seria “assegurar a impunidade às ações danosas de maior gravidade” não pode ser ajustada para afastar ou transferir obrigações essenciais do contratante. Legitimidade ativa e passiva Legitimidade ativa: Quem pode propor a ação de anulação. Apenas credores quirografários. Legitimidade passiva: A quem a ação de anulação poderá ser intentada. (Art. 161, CC) Devedor insolvente. Pessoa que ajudou a realizar o negócio fraudulento. Terceiro adquirente que agiu de má-fé. Prazos e prescrições Prazo: Período previsto dentro da lei para exigir a proteção de seu direito. Prescrição (Art. 206, CC): Prescrição de três anos para pretensão de reparação civil. Entendimento do STJ: 3 anos → Apenas civil extracontratual. 10 anos → Apenas civil contratual. Caso concreto Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro TJ-RJ - APELAÇÃO : APL 0141294-86.2010.8.19.0001 RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL. Ausência de prova do alegado inadimplemento contratual, imputado à empresa ré. Descaso da autora, quanto à realização de prova pericial técnica, de molde a comprovar que o programa encomendado não estava apto para ser utilizado na data acordada. Não demonstração da culpa ou de intenção deliberada da ré de não concretizar o projeto, que afasta o dever de indenizar. Desatendimento da regra expressa no artigo 333, I, do CPC. Improcedência corretamente decretada. Sentença mantida. Recurso desprovido. Cuida-se de Apelação interposta contra a r. sentença proferida nos presentes autos da ação, que visa a Rescisão Contratual e a indenização por danos materiais e morais, e que julgou improcedentes os pedidos deduzidos na petição inicial. Caso concreto Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro TJ-RJ - APELAÇÃO : APL 0141294-86.2010.8.19.0001 Da leitura da petição inicial e das razões recursais extrai-se que a Apelantebusca receber da Apelada indenização por danos materiais e morais, além de rescisão contratual, por inadimplemento imputado à demandada. Sustenta que contratou a empresa ré para o desenvolvimento do sistema de internet de sua exclusiva propriedade e criação. Narra que findo o prazo para a entrega do programa, a ré não logrou disponibilizar com êxito o sistema na internet, afirmando que em função do episódio, a sua maior cliente não renovou o contrato, advindo daí diversos prejuízos. Caso concreto Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro TJ-RJ - APELAÇÃO : APL 0141294-86.2010.8.19.0001 Razão não lhe assiste. Extrai-se dos autos que a Ré foi contratada para a elaboração de um sistema complexo. Tanto isso é certo afirmar que, para tanto, foram necessárias diversas reformulações. A Autora não nega que exigiu, durante o desenvolvimento do sistema, a compatibilidade com o browser Internet Explorer 6.0., o que certamente trouxe limitações à ré, em razão de seu desuso e defasagem tecnológica, vindo a acarretar o atraso na finalização do projeto. Caso concreto Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro TJ-RJ - APELAÇÃO : APL 0141294-86.2010.8.19.0001 Não se vislumbra, portanto, que tenha havido má-fé da ré, ou intenção deliberada de não concretizar o projeto. Ao contrário, nota-se o impedimento de qualquer avanço de sua parte, com o bloqueio do seu acesso ao sistema feito pela Autora durante o desenvolvimento do programa, ainda que após a data acordada para a sua entrega.Deve ser ressaltado que os e-mails, as notas fiscais, os comprovantes de pagamentos feitos à Ré, ora Apelada, além dos comprovantes de queda dos rendimentos da Apelante a partir da data de vencimento do contrato, porque não dispunha do sistema encomendado, não se mostram suficientes a permitir, sem a realização de perícia, ao reconhecimento de inexecução do contrato, com a restituição dos valores pagos e com o ressarcimento dos prejuízos havidos. Caso concreto Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro TJ-RJ - APELAÇÃO : APL 0141294-86.2010.8.19.0001 Em sendo afirmado que o programa não estava apto para ser utilizado, necessária prova neste sentido, já que existiu oportunidade para tanto, mas não foi requerida. Há apenas afirmação da Autora neste sentido. Não há como se reconhecer, assim, que o programa não se prestava ao fim a que se destinava na data acordada, ou que haviam exigências a serem sanadas. Somente a prova pericial técnica poderia informar verdadeiramente. Não pleiteada a mencionada prova pela Autora, deixou para trás a oportunidade de demonstrar a veracidade dos fatos narrados na inicial, ônus seu, por força da regra do artigo 333, I, do CPC. Caso concreto Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro TJ-RJ - APELAÇÃO : APL 0141294-86.2010.8.19.0001 Anote-se ainda que, em se tratando de pedido formulado a título de indenização, a responsabilidade civil há de se examinar nos limites expressos do artigo 186, do Código Civil/2002, o que significa dizer que o dever indenizatório resulta culpa do agente, que por negligência, imprudência ou imperícia, tenha, com sua ação ou omissão, causado prejuízo a outrem. Sem prova da culpa, dano não houve e indenização não se deve fixar. Pelo exposto, conheço e nego provimento ao recurso. Rio de Janeiro, 19 de julho de 2016.
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