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Cistite Introdução Cistite é a inflamação aguda ou crônica da bexiga urinária É a infecção do trato urinário baixo É mais comum na mulher, pelo fato de a uretra ser mais curta (4cm), tornando mais fácil a “subida” das bactérias para a bexiga, além da sua proximidade com o ânus Fatores como atividade sexual podem contribuir para o aparecimento da cistite Sintomas Dor ao urinar (disúria) Urgência para urinar Aumenta da frequência do desejo de urinar Dor supra púbica Hematúria Febre geralmente não está presente Gotejamento pós-miccional Enurese noturna Urina turba com odor desagradável Etiologia Bactérias: Escherichia coli, estafilococos, estreptococos, hemófilos, Klebsiella, Pseudomonas, Pr oteus, Salmonella, Shigella Vírus: adenovírus (mais frequente em crianças) Fungos: Candida albicans Dentre as causas da cistite, a higiene após as evacuações, é apontada com a vilã dentre essa infecção Diagnóstico Dados clínicos + exame de urina + cultura de urina para demonstração do agente infeccioso nos casos de cistite infecciosa Exames de imagem na cistite recidivante Tratamento Trimetoprima + sulfametoxazol (pode ter resistência em algumas áreas) OU cefalosporina durante 10 a 14 dias OU Norfloxacino, ou ciprofloxacino de 12/12h, durante 3 dias (não esperar resultado da cultura) No caso das sulfas, prosseguir o tratamento por 10 dias Pielonefrite Definição Infecção compreendendo o parênquima renal e o sistema coletor Pode ser aguda ou crônica Pielonefrite aguda: infecção da via urinária alta. É considerada complicada quando ocorre progressão para pielonefrite enfisematosa, abscesso renal, abscesso perinefrético ou necrose de papila Pielonefrite crônica: Doença tubulointersticial crônica secundária a infecções recorrentes, especialmente em pacientes com nefropatia obstrutiva, podendo levar à insuficiência renal crônica Etiologia Escherichia coli (75% dos casos) Klebsiella Enterococcus Proteus mirabilis Enterobacter Staphylococcus saprophyticus (2ª causa de infecção aguda em mulheres jovens, mais comum em mulheres sexualmente ativas) Serratia Mycoplasma Fisiopatologia A patogênese da ITU inicia-se com a colonização do introito vaginal ou meato uretral por patógenos, principalmente, da flora fecal O transporte desses patógenos até a bexiga pela uretra é facilitado pela aderência das bactérias ao epitélio uretral ➔ A E. coli, por exemplo, possui fímbrias que auxiliam nesse processo Essa adesão é importante pois estimula as células da mucosa a produzirem citocinas que serão responsáveis pela febre e aumento da proteína C reativa no sangue, além de mobilização dos leucócitos para o sítio da infecção, resultando na piúria, característica desse processo infeccioso A pielonefrite resulta da ascensão bacteriana da bexiga, via ureteres, para a pelve e parênquima renais➔ pode ter disseminação hematogênica também Os fatores de risco para ITU com organismos resistentes incluem: o o uso recente de antimicrobianos de amplo espectro o exposições a cuidados de saúde e viagens para partes do mundo onde organismos multirresistentes são prevalentes As mulheres sexualmente ativas têm incidência alta de ITU Fatores de risco o intercurso sexual recente o uso recente de espermicida o história de ITU prévia quadro clínico Sintomas de cistite (disúria, polaciúria, urgência miccional, dor supra púbica e hematúria, mas não é obrigatória) Sintomas sistêmicos: febre, calafrio, náuseas/vômitos Dor nos flancos ou em região lombar Dor a percussão Febre associada a disúria, polaciúria e urgência Bacteriúria assintomática: bacteriúria significativa num paciente sem sintomas de infecção urinária Pode ser oligossintomática Giordano Diagnóstico Quadro clínico + urocultura (100.000 unidades formadoras de colônia por mL – UFC/mL) do patógeno Fazer urocultura antes do ATB A piúria é uma condição quase que universal nas infecções urinárias, logo, sua ausência é motivo para realizar investigação de diagnósticos alternativos Pode ser identificado leucocitose, bacteremia, aumento da proteina C reativa Também pode-se lançar mão do uso das dipstick, que são as fitas reagentes. o Estas fitas detectam esterase leucocitária, indicativa de leucocitúria significativa e nitrito, em caso de infecção por enterobactérias o Apesar do baixo custo, não é feita rotineiramente Exames de imagens não são realizados rotineiramente, e só devem ser solicitados em caso de ausência de melhora em 72h, casos de ITU recorrentes ou suspeita de complicações, como abscesso A USG é o exame de escolha para início da investigação O sumário de urina pode ser útil para amparar o diagnóstico se a apresentação clínica é atípica A urocultura é indicada quando há suspeita de resistência antimicrobiana Obs: No caso da pielonefrite aguda, deve ser suspeitada em pacientes que apresentam principalmente febre e dor em região de localização renal, mesmo na ausência de sintomas típicos de cistite Exame de imagem serve para ver se há foco removível Indicações de exame de imagem o Pacientes com persistência dos sintomas após 48 a 72h de terapia antimicrobiana apropriada o Pacientes com pielonefrite severamente doentes o Sintomas de cólica renal ou histórico de litíase o DM o Imunossupressão o Pielonefrite de repetição ou sepse urinária Tratamento Avaliar estado geral ➔ internação em caso de pielonefrite complicada, devido ao risco de sepse Iniciar tratamento antes do resultado da urocultura Recomenda-se que os pacientes que não ficarão internados recebam a primeira dose do antibiótico ainda no serviço, por via endovenosa e proceda o seguimento do tratamento ambulatorialmente o Para tto hospitalar, pode usar ciprofloxacina ou levofloxacina por 7 dias, ou aminoglicosídeo (amicacina, gentamicina), por 7 a 10 dias Para via ambulatorial, o esquema de escolha é o ciprofloxacino via oral por 7 dias, ou Levofloxacina. Pode fazer também Sulfamethoxazol-Trimetoprim Na faixa de 0 à 3 anos, a incidência de meninos com ITU é muito maior que de meninas, considerando os não circuncidados que são maioria na nossa cultura Infecção do trato urinário complicada (alta ou baixa) Apresenta condição subjacente que aumenta o risco de falha terapêutica DM não controlado Gravidez Infecção adquirida no hospital Injúria renal aguda ou crônica Obstrução do trato urinário Presença de cateteres urinários, nefrostomia ou derivação Anormalidade anatômica ou funcional do trato urinário Transplante renal Imunossupressão Diagnóstico diferencial Uretrites Nefrolitíase Homens: prostatites Mulheres: colpites ou DIP Padrão ouro no diagnostico de ITU: urocultura por punção supra púbica Coleta de amostra: jato médio da primeira micção matinal Antissepsia do local do meato uretral e mucosa adjacente com solução antisséptica (hipoclorito de sódio a 0,5%, compostos de iodo ou clorexidina), secagem com swab estéril Evitar contato do jato urinário com mucosas afastando os lábios nas mulheres ou retraindo o prepúcio nos homens não circuncidados Desprezar o jato inicial e colher o médio em recipiente esterilizado Risco de contaminação da amostra Punção supra púbica: 1% Cateterização urinária: 6 a 12% Jato médio: 16 a 63% Indicações de urocultura Quadro clínico atípico Sintomas persistentes ou recorrentes (dentro de 1 a 3 meses do tratamento) Suspeita de infecção complicada Suspeita de resistênciaantimicrobiana Quando considerar uma cultura de jato médio significativa (positiva)? Pacientes assintomática: ≥ 105 UFC/ml Mulheres sintomáticos com piúria: ≥ 102 UFC/ml Contagem mais baixas que 105 UFC/ml podem indicar infecção ainda em: o Homens o Uso corrente de antimicrobianos o Outras bactérias que não E.coli e espécies de Proteus Técnicas para coleta de amostra em crianças Jato médio (crianças com controle miccional) Coleta em bolsa plástica (>6 meses) Técnica de estimulação vesical (>6 meses) Cateterização transuretral Punção supra púbica Análise da urina Piúria na microscopia: >10/µl ou 10.0000/ml Hemocitometria é superior a microscopia do sedimento Cilindros leucocitários indicam pielonefrite A presença de bactérias (principalmente se várias espécies) sem piúria é sugestiva de contaminação durante a coleta Piúria estéril Uso corrente de antimicrobianos Contaminação da urina com solução utilizada para antissepsia do meato uretral Contaminação da urina com leucócitos de origem vaginal Nefrite intersticial crônica Nefrolitíase Tumor uroepitelial Cistite intescticial/síndrome de bexiga dolorosa Processo inflamatório intestinal adjacente à bexiga Infecções por clamídia, ureaplasma urealyticum ou tuberculose Fitas reagentes Indicações: como método de triagem para infecção urinária Teste positivo para amparar o diagnóstico se houver quadro clínico sugestivo Teste negativo pode refutar o diagnóstico se a suspeita clínica é baixa Acurácia: Estearase leucocitária: corresponde a piúria Detectam mais de 10piócitos por campo (sem: 75 a 96%; esp: 94 a 98%) Nitrito: indica presença de enterobactérias (convertem nitrato em nitrito) Nitrito positivo é um indicativo de bacteriúria significativa Bacteriúria assintomática Tratar: Gestantes o Nitrofurantoína ou batalactâmicos – como cefalexina – como 1ª escolha para o tratamento de bacteriúria assintomática em gestantes, devido a segurança já estabelecida Procedimentos urológicos o Para os pacientes que serão submetidos a procedimentos urológicos endoscópicos associados ao trauma de mucosa, o guideline também recomenda o rastreio e tratamento de bacteriúria assintomática Tratar cistite, ciprofloxacino, 500mg, VO, 12/12h, por 5 dias HD: uretrite? HD: bacteriúria assintomática. Não tratar Tratar bacteriúria assintomática na gestante, procedimentos urológicos HD: piuria estéril Erro laboratorial? Terço distal da uretra é colonizado
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