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BASES PARA INTERPRETAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS NA PRÁTICA ODONTOLÓGICA ★ Corresponde a 70% do diagnóstico e tratamento do paciente na área médica ★ Exames são obrigatórios em pacientes sistemicamente comprometidos ★ Em caso de uso de AAS ou Eparina, solicitar exame para observar como está a coagulação. ★ HEMOGRAMA: Indicações: ● Principalmente para pré-op. ● Complexidade cirúrgica ● Intervenção odontológica de médio e grande porte (ex.: fixação de mandíbula) ● Presença de doença crônica (ex.: nefropatia, AIDS, hepatopatias, lúpus) ● Alcoolismo ● Doenças hemorrágicas do trato gastrintestinal ● Presença de infecções ● Pacientes acima de 60 anos ● Crianças pálidas e hipoativas ● Neoplasias ● Radio ou quimioterapia recente ● Má alimentação / baixo peso ● Suspeita clínica de anemia ou policitemia ● Uso de anticoagulantes A policitemia, também chamada eritrocitose, consiste no aumento do número de hemácias circulantes por volume de sangue, que é refletido pela elevação do hematócrito ou dos níveis de hemoglobina OBS: em uso de anticoagulante, suspender por pelo menos 7 dias antes do procedimento cirúrgico. Esse tempo se dá devido ao tempo de vida útil das plaquetas (de acordo com a literatura). Na prática, é aceitável o tempo de 24 a 48h antes do procedimento por causa dos riscos do não uso do medicamento. Vantagem: facilidade de realização e custo relativamente baixo O hemograma é dividido em três partes: ● Série vermelha: observa casos de anemia, por exemplo. ● Série branca: leucograma (células de defesa) ● Plaquetas: observa quantidade de plaquetas e coagulação. ★ ERITROGRAMA (série vermelha): alteração nos eritrócitos (hemácias) ● (E) contagem de eritrócitos: quantidade de células em um microlitro ● (Hb) dosagem de hemoglobina: indicador para anemia ● (Ht) hematócrito: proporção entre a parte sólida/líquida do sangue ● (VCM) volume corpuscular médio ● (HMC) hemoglobina corpuscular média ● (RDW) Red Cell Distribution Width OBS: Os três primeiros dados são analisados em conjunto e avaliam a presença de anemia ou policitemia no paciente (E, Hb, Ht). Para a prática odontológica: E, Hb, Ht. Valores diminuídos: presença de anemia Valores aumentados: presença de policitemias Interferem na conduta do cirurgião-dentista VCM, HCM, CHCM RDW ajudam na definição do tipo de anemia. Porém, não interferem na conduta de adiar ou não os procedimentos cirúrgicos e invasivos. OBS: Hb deve estar acima de 10 para ser submetido a procedimento cirúrgico. Abaixo de 7 já deve ser feita a transfusão de sangue. ★ LEUCOGRAMA (série branca): ● Analisa quantitativamente e qualitativamente os leucócitos (glóbulos brancos – células de defesa do organismo). ● Leucócitos aumentados = infecção (leucocitose). Ex.: pulpite ● Leucócitos diminuídos = depressão da medula óssea (leucopenia). Ex.: leucemia ● 5 tipos: neutrófilos; eosinófilos; basófilos; linfócitos e monócitos. OBS: leucócitos alterados podem estar relacionados com quadros de alergia (rinite, sinusite, etc.) ou muita verminose. ★ NEUTRÓFILOS: ● Combate as bactérias ● Quando elevado, indica infecção bacteriana. Ex.: pulpite. ★ EOSINÓFILOS: ● Responsável pelo combate de parasitas e mecanismos de alergias ● Ex.: verme, asma, rinite, etc. ★ BASÓFILOS: ● Sua diminuição ocorre em processos alérgicos e inflamações crônicas ● Mais difícil de ser observado ● Ex.: DTM. ★ LINFÓCITOS: ● Relacionado a vírus e tumores ● Aumentado = linfocitose (infecção viral). Ex.: COVID-19 ● Diminuído = linfopenia (tumores). Prognóstico ruim. Ex.: leucemia ★ MONÓCITOS: ● Demonstra final de infecção ● Relacionado a vírus e bactérias ● Transforma-se em macrófagos ● Quanto maior sua quantidade significa que a infecção acabou ● Bom prognóstico. ★ SÉRIE PLAQUETÁRIA ● Plaquetas circulam na corrente sanguínea por 7 a 10 dias. ● Normal: 150.000 a 450.000/mm³ ● Menor que 140.000 = trombocitopenia ou plaquetopenia (sangramento peri/pós operatório anormal). ● 600.000 a 1 milhão de células/mm³ = trombose ★ COAGULOGRAMA: ● Conjunto de exames que avalia a quantidade de plaquetas, a qualidade e o tempo de coagulação do paciente. ● Importante no pré-operatório de cirurgia de médio a grande porte, casos de sangramento espontâneo, petéquias, etc. ● Hemorragias: principais causas de contra indicação para casos cirúrgicos. ● Solicitado após anamnese, história clínica e exame físico com ênfase em sinais indicativos de distúrbios hemostáticos. ★ TEMPO DE COAGULAÇÃO (TC): ● Teste de baixa sensibilidade e substituído pelo TTPa ● Faixa normal: 3 a 9 minutos. ★ TEMPO DE SANGRAMENTO (TS): ● Mede o tempo que o sangramento leva até parar pela formação de um tampão hemostático temporário, formado pelas plaquetas. ● Faixa normal: 3 a 7 minutos. ● Prolongado nos pacientes com anormalidades nas plaquetas. ● Sangramentos prolongados após exodontia ou raspagem subgengival geram suspeitas. ★ TEMPO DE TROMBOPLASTINA PARCIAL ATIVADA (TTPa): ● Avalia a formação do coágulo de fibrina. ● Faixa normal: 25 a 40 segundos. ● Menor que 5 – 40 segundos: hemorragia leve. ● Maior que 40 segundos: hemorragias significativas. ★ TEMPO DE PROTROMBINA (TP) ou TEMPO DE ATIVIDADE DE PROTROMBINA (TAP): ● Mede o tempo que o plasma leva para a formação do coágulo. ● Faixa normal: 11 a 15 segundos. ● Maior que 16,5 segundos: coagulação e sangramento anormal. ★ ÍNDICE DE NORMALIZAÇÃO INTERNACIONAL (INR ou NRI): ● Introduzido nos anos 80 e adotado pela OMS para padronizar o resultado dos testes. ● Mede, de forma padronizada, o efeito do uso de anticoagulantes orais no Tempo de Coagulação (TC). ● INR < 2,0 = insuficientemente anticoagulados; BAIXO risco de hemorragias incontroláveis. ● INR entre 2,0 e 3,0 = adequadamente anticoagulados; MÉDIO risco de hemorragias incontroláveis. ● INR > 3,0 ou 3,5 = supra anticoagulados e com risco de hemorragias mesmo sem cirurgia. ● Valores acima de 3,0 apresentam ALTO risco de hemorragias incontroláveis durante exodontia/cirurgia oral de pequeno porte. OBS: INR para pacientes que não fazem uso de anticoagulantes e nem são hepatopatas: entre 0,9 e 1,0. ★ RECOMENDAÇÕES PARA REDUÇÃO DE RISCO EM PACIENTES COM ALTERAÇÃO NO COAGULOGRAMA: ● Exames laboratoriais são importantes para a conduta, pois indicam o estado de saúde do paciente e auxiliam no planejamento do atendimento; ● Exame clínico, história médica e dentária, avaliação física geral e estomatológica são imprescindíveis para a abordagem de pacientes de risco – bem como para a solicitação de exames complementares; ● O profissional, ao solicitar exames laboratoriais que mostram valores diferentes dos valores de referência e interpretando-os corretamente, pode prevenir situações de infecção secundária, má-cicatrização, hemorragias e complicações no tratamento odontológico, oferecendo maior segurança ao paciente.
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