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Neoclassicismo na Arquitetura e Urbanismo

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Historia da 
Arquitetura 
e Urbanismo
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Silvio Pinto Ferreira Junior
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
O Neoclássico e a Sociedade Industrial
• Introdução;
• Contexto Histórico Pré-Industrialização;
• A Arquitetura Neoclássica;
• Considerações Finais.
 · Apresentar o movimento neoclássico do século XVIII e o horizonte que 
se abriu para a Arquitetura e o Urbanismo com a sociedade industrial.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
O Neoclássico e a Sociedade Industrial
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE O Neoclássico e a Sociedade Industrial
Introdução
O classicismo em Arquitetura e Urbanismo se refere aos padrões e soluções es-
téticas desenvolvidas pelos antigos gregos e romanos, e que dominaram o cenário 
construtivo por, pelo menos, cinco séculos. 
O primeiro momento em que a linguagem clássica foi redescoberta e aplicada 
aos projetos contemporâneos se deu na Renascença italiana. Durante o barroco, 
essa linguagem não desapareceu por completo – foi repaginada e experimentada 
em novas formatações, rompendo com todas as rígidas regras dos tratados 
renascentistas e criando espaços movimentados, dramáticos, que exprimiam toda 
a emoção à flor da pele da Igreja na Contrarreforma, e todo o luxo e a ostentação 
dos detentores do poder. 
Como reação aos excessos decorativos e à ostentação do barroco e rococó, 
surgiu, a partir do século XVIII, um movimento na Arquitetura e nas artes em 
geral de retomada do classicismo, chamado de neoclassicismo. O prefixo neo 
exprime a ideia de novo, mas neste caso indica uma nova apreciação dos prin-
cípios clássicos em um período mais tardio. No entanto, o neoclassicismo do 
século XVIII foi diferente do classicismo renascentista por uma série de motivos 
que veremos nesta Unidade.
Contexto Histórico Pré-Industrialização
A Arquitetura Neoclássica é fruto de um contexto particular: o iluminismo. 
Este termo denota um período bastante prolífico da história intelectual, marcando 
significativos avanços nas Ciências em geral, na Filosofia, Sociologia, Política e 
religião. De forma marcada, os intelectuais desse período defendiam o exercício da 
razão para discutir e analisar os fatos.
As teorias e os avanços científicos propiciados pelo iluminismo catalisaram uma 
série de acontecimentos políticos, sociais e econômicos que transformaram a so-
ciedade e deixaram um marco na História.
As discussões políticas levaram à revolta contra 
a monarquia absolutista e à Revolução Francesa. 
No âmago desse acontecimento, as discussões sobre 
uma nova sociedade francesa geraram textos impor-
tantes para a nossa sociedade, tal como a Declara-
ção Universal dos Direitos do Homem e do Cida-
dão, produzido em 1789.
Com a Revolução Francesa, 
deu-se início à noção de di-
reitos humanos – e o bordão 
igualdade, fraternidade e 
liberdade acabou se tornan-
do um ideal universal. 
8
9
A própria ideia de nação começou a se consolidar nesse momento histórico. 
A Europa, antes fragmentada em várias pequenas regiões – principados, conda-
dos, ducados –, começou a formar nações nos modelos que atualmente conhecemos. 
Unidos em torno desse ideal, as diversas nações buscaram consolidar uma identidade 
coletiva e construir os seus símbolos – tais como bandeiras, hinos e até a detecção e 
conservação de seus monumentos históricos, autênticas relíquias nacionais.
Em termos de avanços nas diversas áreas do conhecimento, o impacto da atitude 
humanista foi gigantesco. Várias Ciências surgiram ou se consolidaram: avanços na 
Física Mecânica, na Química, além das primeiras teorias evolucionistas da Biologia 
datam dessa época. 
Para além da teoria, os avanços científicos levaram a uma série de inventos e 
aprimoramentos tecnológicos que possibilitaram o acontecimento mais estrondoso 
da Era Moderna, a Revolução Industrial.
Importante!
Com a Revolução Industrial surgiram as primeiras máquinas que substituíram o tra-
balho do homem, alavancando a produção e levando a sociedade a se reformular total-
mente no novo cenário do capitalismo.
Importante!
O impacto, positivo e negativo, da Revolução Industrial foi sem precedentes 
e afetou a Economia, a Política, a organização social, a Geografia Humana, as 
relações de trabalho e também a própria Arquitetura – principalmente no tocante 
ao espaço urbano. 
Para operar as novas máquinas e os inéditos conhecimentos técnicos que surgiam 
à medida que a indústria crescia, apareceram novos profissionais e atividades econô-
micas como, por exemplo, os engenheiros. A primeira escola dedicada à formação 
desse, então, novo profissional foi a École des Ponts et Chaussés – Escola de Pontes 
e Estradas –, fundada em 1747, na França. Era esse o profissional que dominava a 
técnica da ferrovia, da construção de estruturas como estações de trens e fábricas, 
por meio de novos materiais construtivos, tais como ferro e concreto armado.
Já pelo lado mais humanístico, nesse período também ocorreram avanços em 
áreas como a História da Arte, a Arqueologia e as Ciências Sociais. 
Foi desse momento histórico a publicação das enciclopédias, ou compêndios 
onde estudiosos desenvolviam diversos tópicos. A primeira, intitulada Encyclopèdie 
ou dictionnaire raisonné de Sciences, des Arts e des Métiers, data do século XVII 
e foi publicada até 1772. Trata-se de vasta obra, com 33 volumes, compreendendo 
71.818 artigos, de autoria de importantes iluministas, tais como Voltaire, 
Montesquieu e Rousseau.
9
UNIDADE O Neoclássico e a Sociedade Industrial
Enfim, havia uma concepção racionalista e cartesiana do conhecimento que, 
inclusive, possibilitou que algumas dessas áreas do saber se organizassem e se 
embasassem em metodologia científica.
Método cartesiano refere-se ao método investigativo proposto pelo filósofo, físico e 
matemático francês René Descartes (1596-1650), que deu as bases da Ciência Moderna. 
Descartes é considerado um dos mais importantes e influentes intelectuais da história.
Ex
pl
or
A principal contribuição nesse sentido veio do historiador de arte prussiano 
Johann Joachin Winckelmann (1717-1768), o qual, com a sua obra Geshichte 
der Kunst des Altertums – História da Arte Antiga –,publicada em 1764, 
inaugurou uma metodologia objetiva para o estudo da História da Arte. É também 
reconhecido como o “Pai da Arqueologia” por suas considerações metodológicas 
acerca da exploração de sítios históricos, em 1755, surgidas de sua experiência na 
escavação das cidades romanas de Pompeia e Herculano.
Ambas as cidades romanas foram completamente soterradas pela erupção do 
vulcão Vesúvio, em 79 d.C., sendo descobertas e escavadas apenas em meados do 
século XVIII. O que os arqueólogos descobriram corresponde a espaços do Império 
Romano praticamente intactos, o que possibilitou avanços no estudo da civilização 
romana, principalmente quanto à sua arquitetura e ao seu urbanismo.
A Arquitetura Neoclássica
O neoclassicismo se pautou, principalmente, em um processo de ruptura com o 
próprio classicismo. “Na arquitetura, este espírito científico leva a uma interrupção 
na tradição clássica, uma revisão conceitual da arquitetura do barroco e uma busca 
da natureza própria da arquitetura” (PEREIRA, 2010, p. 182). Essa busca pela 
“essência” da natureza e a noção de que o classicismo – por ter suas raízes na 
Antiguidade, portanto, na natureza, era “naturalmente correta” (SUMMERSON, 
2006, p. 90) – levou os intelectuais a desenvolverem uma série de estudos e 
levantamentos da arquitetura clássica grega e romana. 
Além desse fato, é interessante levantar outro dado: segundo Pevsner (2002), 
franceses e ingleses, até o século XVII, construíam ainda as suas obras no estilo 
gótico, tradicionalmente associado às suas identidades. A maior parte dos arquitetos 
dessas regiões desconhecia os feitos e avanços plásticos e projetuais dos italianos 
ao longo do Renascimento. A linguagem clássica da arquitetura renascentista 
apenas passou a ser absorvida pela sociedade em geral muito mais tarde, mais 
precisamente dentro do contexto do iluminismo. 
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A busca por um estilo construtivo que expressasse os ideais iluministas levou 
à natural associação à arquitetura clássica, até por uma natural associação com a 
grandeza do Império Romano, muito cultuado à época como modelo de sociedade 
ideal (SUMMERSON, 2006; PEVSNER, 2002).
Ademais, duas questões levaram à consolidação do neoclassicismo como lingua-
gem amplamente adotada no século XVIII: as viagens de estudo, o “grande tour” 
e a descoberta de novos sítios históricos.
Com relação às viagens que acabaram por originar a ideia contemporânea de 
“turismo”, Glancey (2007, p. 120) assim nos explica:
Ao longo de todo o século XVIII, um pequeno exército de arquitetos, 
artistas e seus clientes excursionaram pelas ruínas e monumentos da 
Grécia e de Roma, o que ficou conhecido como o grande tour. Eram 
turistas e, a partir de meados do século XVIII, os arquitetos começaram 
a agir mais e mais como turistas que estudavam os edifícios famosos 
ao longo da história e queriam recriá-los ao voltar. Enquanto apenas 
mostramos fotos e vídeos de templos gregos e romanos, os arquitetos 
europeus e americanos do século XVIII e início do século XIX efetivamente 
os construíram (GLANCEY, 2007, p. 120).
Em essência, os arquitetos viajavam e analisavam minuciosamente a arquitetura 
grega e romana. Havia na época, inclusive, um debate intelectual: qual das duas civi-
lizações era a “melhor” ou teria dado as maiores contribuições à arquitetura clássica?
Por um lado, alguns intelectuais defendiam a supremacia da arte e arquitetura 
gregas, como é o caso de Winckelmann – que citamos anteriormente. 
Profundo conhecedor da arte grega, Winckelmann era um defensor das ideias 
de belo e harmonia dos helenos, exaltando a maestria de sua arte em sua obra 
História da arte antiga. Foi o primeiro estudioso a estabelecer distinções entre arte 
grega, greco-romana e romana, e a comprovar uma antecedência dos gregos em 
relação aos romanos. Além desse, foram significativos os estudos de Le Roy, com 
a obra Ruínas das mais belas antiguidades da Grécia (1758), que trazia desenhos 
técnicos e mensurados, exaltando as glórias da arquitetura grega; e de James Stuart 
e Nicholas Revett, com Antiguidades de Atenas (1762).
Por outro lado, muitos eram os entusiastas da Roma Antiga, afirmando a sua 
supremacia arquitetônica. O mais exaltado era Giovanni Battista Piranesi (1720-
1778), famoso gravurista e arquiteto italiano. Sua obra Della magnificenza ed 
architettura de’ romani – A magnificência da arquitetura romana –, publicada em 
1761, era uma celebração da arquitetura italiana, trazendo desenhos requintados e 
extremamente detalhados das ruínas romanas, assim como de obras renascentistas. 
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UNIDADE O Neoclássico e a Sociedade Industrial
O estilo de Giovanni foi muito copiado pelos seus contemporâneos, de modo 
que seus desenhos orientaram em muito a prática de conservação dos monumentos 
históricos do período, por retratarem com fidelidade o seu estado de conservação à 
época. Além disso, era um detalhado documento da arquitetura italiana, fornecendo 
modelos da arquitetura clássica italiana aos arquitetos mais distantes, tal como se vê 
nos seguintes exemplos:
Figura 1 – Representação das ruínas do Arco de Tito no século XVIII, 
por Piranesi (posteriormente este arco foi reconstruído)
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 2 – Gravura representando a Praça de São Pedro, obra barroca de Bernini, com a 
Basílica de São Pedro ao fundo (aqui, Piranesi retrata a arquitetura renascentista e barroca italiana)
Fonte: Wikimedia Commons
A celebração da arquitetura romana foi coroada com a descoberta da Cidade 
de Pompeia, em 1748. Quase tudo o que conhecemos sobre as diferentes cons-
truções romanas, seus programas, espaços, suas formas e aparência surgiram 
dessa descoberta. 
Ao contrário do processo de retomada do classicismo romano pelos arquitetos 
do Renascimento, no neoclassicismo do século XVIII, o estudo das formas do 
passado não leva à inventividade e criatividade projetual, mas a indagações críticas 
e à aplicação significativamente didática das formas do passado. 
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Os tratados de Vitrúvio e dos renascentistas foram analisados e estudados mi-
nuciosamente, e seus preceitos foram aplicados diligentemente em novas constru-
ções – porém, sempre atualizados em função dos inéditos programas e materiais 
construtivos. “Muitos arquitetos ainda estavam convencidos [...] de que as regras 
estabelecidas nos livros de Palladio garantiam o modelo ‘certo’ para construções 
elegantes” (GOMBRICH, 2008, p. 476). 
Os estudiosos passaram a estudar as ordens clássicas e reproduzi-las em novas 
gravuras; propondo critérios para seus usos e investigando diferenças entre cada 
uma das ordens, como o tratado de Claude Perrault.
Mais tarde, a obra do abade Laugier, Essai sur l’architecture – Ensaio sobre a 
arquitetura –, publicada em 1753, procurou estabelecer uma natural progressão 
da “cabana primitiva” até as formas da arquitetura clássica – ou seja, o tradicional 
sistema de colunas que apoiam uma cobertura. Para esse autor, as ordens gregas 
eram uma evolução do uso de troncos de madeira para a construção das colunas e as 
vigas da cabana primitiva. Essa teoria revolucionária mudou a base do pensamento 
arquitetônico ao longo dos séculos XVIII e XIX.
Embora na aparência nada parecesse mudar, pois as formas e os conceitos 
clássicos continuaram sendo utilizados, a ruptura foi profunda: a linguagem 
arquitetônica passou a ser esvaziada de seu sentido essencial.
Até então, cada período e civilização particular encontrava uma linguagem 
própria – que era aplicada universalmente, pois expressava a sua relação intrín-
seca com aquela época e aquele lugar. Contudo, no período aqui estudado, não 
mais. A linguagem clássica fora retomada em período completamente diverso, 
em vários lugares inteiramente diferentes, sendo utilizada como fosse apenas um 
estilo arquitetônico. 
Nesse contexto surgiu o fenômeno do palladianismo: a reapreciação da obra 
do arquiteto italiano Andrea Palladio por um grupo de jovens arquitetos liderados 
por lorde Burlington (1694-1753). Por considerarema arquitetura palladiana como 
exemplo de perfeição, esses jovens arquitetos baseavam-se, principalmente, no 
tratado de Palladio, os Quattro libri, que teve nova edição publicada na Inglaterra. 
Inspirado por esse texto, o arquiteto Colin Campbell (1676-1729) escreveu o 
seu Vitruvius britannicus, publicado em 1715 e que pretendia ser um guia para a 
“correta” arquitetura britânica aos moldes de Vitrúvio. 
Tanto Campbell quanto lorde Burlington projetaram casas de campo prestando 
homenagem à famosa Villa Capra de Palladio, em cópias quase idênticas, como 
podemos observar nas seguintes figuras:
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UNIDADE O Neoclássico e a Sociedade Industrial
Figura 3 – Mereworth Castle (1722-1725), Kent, Inglaterra. Arquiteto, Colin Campbell
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 4 – Chiswick House (1723-1729), Londres, Inglaterra. Arquiteto, lorde Burlington
Fonte: Wikimedia Commons
Assim como a Villa Capra de Palladio buscava uma fluidez entre os espaços in-
terno e externo, fundindo a casa na paisagem, as versões inglesas costumavam ser 
rodeadas pelo jardim tipicamente britânico. Embora possa parecer uma contradi-
ção a princípios – casas formais palladianas em meio a um informal jardim inglês –, 
isso fazia parte de princípio marcadamente antifrancês (PEVSNER, 2002, p. 355). 
No paisagismo do século XVIII foram dois os estilos icônicos e antagônicos: por 
um lado, os rígidos e geométricos jardins franceses, como o do Palácio de Versalhes, 
na França; por outro, os jardins românticos ingleses. Estes jardins eram inspirados 
nas pinturas de artistas como Claude Lorrain e Nicolas Poussin, que geralmente re-
tratavam ruínas clássicas ou góticas em um cenário idílico, de suaves gramados em 
colinas ondulantes, quase sempre com a presença de uma pequena lagoa. 
Tal cenário, digno de ser representado em um quadro, recebeu a denominação 
de “pitoresco”.
Tratavam-se de cenários “naturais” que eram recriados artificialmente por paisa-
gistas como William Kent (1685-1748) a fim de acompanhar a arquitetura palladia-
na, como vemos no caso da própria Chiswick House, projetada por lorde Burlington:
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Figura 5 – Os jardins da Chiswick House, com uma lagoa artifi cial em frente a uma pequena
réplica de uma rotunda, ou templo circular romano (desenhado por William Kent)
Fonte: artfund.org
O arquiteto Colin Campbell também projetou a sua própria casa de campo no 
estilo palladiano, o imponente Houghton Hall, em Norfolk. 
Nota-se que as variantes inglesas das construções de Palladio são mais pesadas 
e dispõem de formas e composição mais livres que as do arquiteto italiano.
Figura 6 – Houghton Hall (1722-1726), casa de campo em Norfolk, Inglaterra. Arquiteto, Colin Campbell
Fonte: Wikimedia Commons
Os simpatizantes da arquitetura grega também construíam obras dentro desse “espí-
rito de revivescência”. Assim como os admiradores de Palladio erigiam cópias de suas 
casas de campo, alguns arquitetos faziam referência a famosas construções gregas. 
Inspirados pela teoria do abade Laugier, de que os templos gregos eram uma 
evolução natural da cabana primitiva, o padrão grego foi interpretado como uma 
arquitetura, ao mesmo tempo, natural e racional, o modelo de perfeição a ser 
seguido e aplicado em qualquer tipo de construção. 
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UNIDADE O Neoclássico e a Sociedade Industrial
Um exemplo evidente dessa corrente neoclássica é a Igreja de São Pancrácio, 
em Londres, construída pelos arquitetos William Inwood e seu filho, Henry. 
A igreja paroquial inglesa traz, em sua extremidade oriental, um pórtico com 
cariátides parecidas com as do templo grego Erecteion, em Atenas; já a torre da 
igreja remete ao Templo dos Ventos, igualmente em Atenas. 
Figura 7 – Igreja de São Pancrácio (1819-1822), Londres, Inglaterra. 
Arquitetos William e Henry Inwood (detalhe da elevação Norte)
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 8 – Fachada principal da Igreja de São Pancrácio (St. Pancras)
Fonte: Wikimedia Commons
A Cidade de Edimburgo, capital da Escócia, chegou a ser conhecida como a 
“Atenas do Norte”, tamanha a quantidade de construções no estilo helênico. Essa 
força da arquitetura grega manteve-se até o final do século XIX, quando a Inglaterra 
já havia migrado do neoclassicismo grego ao neogótico e aos estilos ecléticos. 
O monumento neoclássico dessa corrente que mais se destaca na Cidade é a 
Royal High School, uma escola de Ensino Médio oficial da Monarquia, projetada 
por Thomas Hamilton (1784-1858). 
À mesma maneira de sua fonte de inspiração, o Parthenon, a escola foi implan-
tada no alto de uma colina, com vista para toda a Cidade – como se estivesse em 
uma acrópole.
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Figura 9 – Royal High School (1825-1829),
Edimburgo, Escócia. Arquiteto, Thomas Hamilton
Fonte: Wikimedia Commons
Ademais, foi na Alemanha – antiga Prússia – que a revivescência grega foi 
mais evidente.
A linguagem arquitetônica dos gregos antigos foi o símbolo de Frederico, o 
Grande. O ícone máximo de seu governo é o Portão de Brandemburgo, um 
imponente monumento na entrada da Cidade de Berlim. Construído por C. G. 
Langhans (1733-1808), a majestosa estrutura é baseada no Propileu, na Acrópole 
de Atenas e chegou a ter uso prático como alfândega. No entanto, sua imagem é 
comumente associada às marchas do exército nazista, já no século XX, e também 
como símbolo da divisão e reunificação da Alemanha. 
Figura 10 – Portão de Brandemburgo (1789-1793), Berlim, Alemanha. Arquiteto, C. G. Langhans
Fonte: Wikimedia Commons
O mais importante arquiteto neoclássico alemão, no entanto, foi Karl Friedrich 
Schinkel (1781-1841), quem também se inspirou na arquitetura da Grécia Antiga, 
porém, sem copiá-la literalmente; pelo contrário, atualizou a linguagem clássica.
A sua obra de maior destaque é o grandioso Altes Museum, em Berlim. Uma 
edificação que reflete como nenhuma outra a essência da arquitetura do iluminismo.
17
UNIDADE O Neoclássico e a Sociedade Industrial
Por um lado, é o símbolo do Estado prussiano; por outro, atende às funções 
pragmáticas de museu e galeria de arte. 
A fachada principal da construção consiste em uma imponente colunata de 
dezoito colunas jônicas refinadas. Correspondem às colunas, sobre o entablamento, 
dezoito esculturas de águias, voltadas ora à esquerda, ora à direita. 
O acesso à entrada se dá por uma imponente escada. Para cada um dos lados 
ficam as galerias, iluminadas por cima. No centro, porém, surge uma rotunda de 
dois pavimentos, com colunas e uma cúpula sem decoração, considerada um dos 
espaços mais belos do mundo. 
Por estar encerrada em um bloco retangular, a cúpula não é visível na área 
externa do museu. 
Figura 11 – Altes Museum (1823-1830), Berlim, Alemanha. 
Arquiteto, Karl Friederich Schinkel
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 12 – Planta do Altes Museum. Destaque para as 
formas geométricas regulares e perfeitamente proporcionais
Fonte: Wikimedia Commons
Essa regularidade matemática das formas neoclássicas também pode ser vista 
nas edificações dos arquitetos franceses.
18
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Por um lado, a arquitetura clássica é considerada ideologicamente adequada 
à nova sociedade que surgia: ora representada pelos ideais dos novos Estados 
democráticos, como os Estados Unidos da América; ora ideal para associar o 
Império Napoleônico às glórias do antigo Império Romano.
Os Estados Unidos adotaram a linguagem neoclássica como arquitetura oficial, 
que perdura até hoje nos edifícios cívicos. 
A escolha por essa linguagem específica foi feita por Thomas Jefferson (1743-
1826), um dos fundadores da nação estadunidense e também o terceiro presidente 
desse país. 
Jefferson desenvolveu as suas ideias arquitetônicas durante um período em 
que viveu na França, atuando como embaixador em Versalhes. Influenciado pelo 
palladianismo, Jefferson também construiu uma casa para si em homenagem à 
Villa Capra, em Monticello, no Estado da Virginia. 
O padrão do Capitólio para abrigar as funções governamentais, tanto em nível 
estadual quanto federal, foi criado por essa figura histórica.Uma de suas concepções mais influentes foi o projeto para a Universidade de 
Virginia, em Charlottesville, a primeira universidade estadual norte-americana. 
Dentro do espírito iluminista, a biblioteca era o cerne do campus, com formas 
que remetem ao Panteão de Roma.
Figura 13 – Biblioteca da Universidade de Virginia – Rotunda (1817-1826),
Charlottesville, Estados Unidos. Projetada por Thomas Jeff erson
Fonte: Wikimedia Commons
A estética neoclássica que domina a paisagem de Washington, D.C., em 
construções como a Casa Branca e o Capitólio, foi extremamente influente no 
restante do mundo. “Desde que foram erigidos esses primeiros edifícios norte-
-americanos, sociedades novas – tentando apresentar uma fachada respeitável ao 
mundo – tomara emprestado o estilo de Jefferson” (GLANCEY, 2007, p. 124). 
19
UNIDADE O Neoclássico e a Sociedade Industrial
Afinal, para Jefferson, o neoclássico expressa a autoridade da natureza e o 
poder da razão, o espírito da democracia.
Já para Napoleão, a construção de arcos do triunfo em Paris, à moda daqueles 
erigidos pelos césares romanos como celebrações às suas vitórias, associaria 
inevitavelmente a glória de seu próprio império com o romano. 
Figura 14 – Arco do Triunfo Carousel (1806-1808), Paris. Construído pelos 
arquitetos Percier e Fontaine (imitava o Arco de Septímio Severo, em Roma)
Fonte: Wikimedia Commons
A associação do Império Napoleônico com a arquitetura neoclássica era 
intencional: Napoleão desenvolveu um estilo poderoso, criando uma espécie de 
imagem corporativa por meio da arquitetura. Para a sua corte, o “[...] arquiteto 
Charles Percier (1764-1838) foi o favorito do imperador e desempenhou um papel 
central no estilo império, pelo qual, excetuando as batalhas, o reinado de Napoleão 
é lembrado” (GLANCEY, 2007, p. 126).
A arquitetura neoclássica tornou-se o “estilo do Império Napoleônico”, sendo 
ensinada oficialmente nas academias de belas artes fundadas pelo próprio.
Alguns dos mais importantes símbolos da arquitetura neoclássica foram 
construídos na França, como suportes dos ideais revolucionários desse país. 
Um exemplo desse tipo de monumento é o Panthéon de Paris, construído entre 
1755 e 1792. Inicialmente, fora projetado para ser a Igreja Sainte Geneviève; 
porém, com a eclosão da Revolução Francesa, a igreja acabou sendo convertida 
em um panteão dos heróis da Revolução. 
Com planta em cruz grega, coroada por um imenso domo assentado sobre um 
tambor formado por colunas, a construção foi um projeto revolucionário para a 
França da época. Os quatro braços também são coroados por domos mais baixos, 
à maneira das igrejas bizantinas. Apoiada quase que inteiramente sobre colunas 
elegantes, Soufllot criou um espaço interno amplamente iluminado e translúcido. 
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Soufflot, inclusive, almejava recriar a luminosidade, o ambiente espaçoso e as 
proporções de uma igreja gótica, contudo, utilizando a linguagem clássica para tal 
(FRAMPTON, 2004, p. 14).
Figura 15 – Panthéon (1755-1792). Paris.
Arquiteto, Jacques-Germain Souffl ot
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 16 – Interior do Panthéon,
à altura do transepto
Fonte: Wikimedia Commons
Vemos, a seguir, a imagem da sede da Assembleia Nacional Francesa, o Palais 
Bourbon, deixando também evidente as suas inspirações nos templos gregos:
Figura 17 – Palais Bourbon (1722), sede da Assembleia Nacional Francesa
Fonte: Wikimedia Commons
Porém, as iniciativas mais interessantes desse período na França foram exercícios 
mais utópicos, que imaginavam uma sociedade ideal baseada nos princípios 
iluministas da Revolução Francesa. 
Um dos arquitetos mais criativos desse cenário foi Etienne-Louis Boullée (1728-
1799), quem construiu pouco, mas foi autor de uma série de projetos de monu-
mentalidade tamanha que jamais poderiam ser executados pela técnica da época e, 
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UNIDADE O Neoclássico e a Sociedade Industrial
talvez, mesmo a de hoje. Suas formas geométricas puras, sem adornos, combina-
das a uma monumentalidade extrema provocam, ao mesmo tempo, vempolgação 
e ansiedade. 
Segundo Frampton (2004, p. 14), mais do que qualquer outro arquiteto ilumi-
nista, Boullée era obcecado pela luz como metáfora para o divino, e explorava os 
recursos de luz em seus projetos.
Dentro dessas fantasias, podemos destacar o Cenotáfio dedicado ao físico Isaac 
Newton. O projeto desse túmulo monumental tinha a forma de uma esfera de propor-
ções gigantescas, com 150 m de altura, sobre um cubo de duas camadas. “A esfera 
representava o Universo, e o sarcófago de Newton, na mente de Boullée pelo menos, 
seria abrigado nesse espaço enorme e aterrador” (GLANCEY, 2007, p. 127). 
Tal construção simultaneamente aterrorizante e tranquila evoca o sentimento 
do sublime, condição tão apreciada pelos românticos do período. A luz, aqui, 
penetrava no interior dessa esfera imensa em pontos perfurados na parede; à 
noite, Boullée imaginou uma pira suspensa, com fogo, simbolizando o Sol.
Figura 18 – Cenotáfio para Isaac Newton (1785), projeto 
não executado. Arquiteto, Etienne-Louis Boullée
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
Boullée tinha planos grandiosos – projetos de uma cidade monumental, refletindo 
o poder de Napoleão, repleta de obras que estimulassem a fé – projetos para 
grandes igrejas – e o saber – projetos de museus, óperas, bibliotecas e universidades. 
Arquiteto influenciado pelas ideias do iluminismo, Boullée acreditava no poder 
transformador social da Arquitetura – a capacidade de transmitir aos cidadãos 
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os princípios humanistas e encontrar as formas ideais para o homem racional. 
Membro da Academia Real da Arquitetura, muitos dos projetos possíveis de serem 
edificados foram executados por alunos de Boullée.
Figura 19 – Projeto para a Biblioteca Nacional (1784).
Não executado. Arquiteto, Etienne-Louis Boullée
Fonte: Wikimedia Commons
Claude-Nicolas Ledoux (1736-1806) foi arquiteto do rei em 1773, tendo a sua 
carreira finalizada e chegando a ser preso e quase morto durante a Revolução 
Francesa. Alguns dos edifícios europeus mais grandiosos de seu tempo foram 
construídos durante esse intervalo em que atuou para o antigo regime. Uma 
compilação de seus projetos foi publicada em 1804, com o título L’Architecture 
considerée sous le rapport de l’art, des moeurs et de la législation – Arquitetura 
considerada em relação à arte, à moral e à legislação –, e serviu de inspiração para 
gerações de arquitetos que o seguiram.
Porém, foi na utopia urbana de Arc-et-Senans que residiu a sua contribuição mais 
interessante. Trata-se de uma vila industrial projetada em torno das Salinas Reais, 
que havia construído em parte entre 1773 e 1779. Inicialmente semicircular – e 
posteriormente oval, em seus projetos –, a cidade se orientava em torno do edifício 
da fábrica, construído na ordem dórica mais pesada possível. Na concepção de 
Ledoux, cada construção deveria refletir em suas formas e matéria o seu caráter, 
de modo a expressar as suas funções por meio das próprias formas.
[...] os arquitetos iluministas franceses, como Etienne-Louis Boullée 
ou Claude-Nicolas Ledoux, defendem e propõem diversas propostas 
de cidades ideais e formas ideais. As formas puras e os volumes puros 
(o cubo, a esfera, o cone ou o cilindro) vêm a ser bases e essência da 
Arquitetura (PEREIRA, 2010, p. 183).
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UNIDADE O Neoclássico e a Sociedade Industrial
Figura 20 – Projeto para a cidade ideal de Chaux (1804), parte deste projeto foi construído 
entre 1773 e 1979. Arc-et-Senans, França. Arquiteto, Claude-Nicolas Ledoux
Fonte: Wikimedia Commons
Na França, no interior de escolas de Engenharia, como a École des Ponts e 
Chaussés, e no âmbito da Revolução Científica perpetrada pelos ideais iluministas, 
surgiu a necessidade de incorporar no processo construtivo alguma forma de 
sistematização pragmática, como ocorrera com as outras Ciências. 
Dito de outra forma, houve a necessidade de aplicar à Arquitetura uma 
metodologia e codificação científica de seus termos e componentes. Assim,iniciou-
se um processo de classificação das diferentes edificações conforme cada gênero e 
finalidade: religiosa, civil ou militar, ou arquitetura pública ou privada. 
Surgiu o conceito de tipo, associando um padrão formal a um programa espe-
cífico – ou seja, determinada forma é correspondente a uma função. No entanto, 
a classificação dos tipos apenas evidenciou o quanto esses eram escassos e insufi-
cientes para a enorme variedade de programas arquitetônicos surgidos em decor-
rência da Revolução Industrial. 
Nesse período não era rara a transferência de usos dos mais diferentes de 
uma mesma construção, chegando mesmo a casos curiosos, como a Igreja de 
La Madeleine (1804-1809), construída por Pierre Vignon, o inspetor geral das 
construções da República, designado por Napoleão. 
Primeiramente, foi concebida como templo dedicado para a grande armada, 
por Napoleão, em 1806; em 1837, quase foi transformada na primeira estação 
ferroviária de Paris; e, em 1842, foi consagrada como igreja. Ou seja, qual seria a 
sua classificação tipológica? Religiosa, cívica ou técnica?
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Figura 21 – Igreja de La Madeleine (1804-1809). Paris. Arquiteto, Pierre Vignon
Fonte: Wikimedia Commons
Reagindo contra a classificação por tipos, e ao mesmo tempo buscando atender 
à demanda construtiva do período que se seguiu à Revolução, Jean-Nicolas-Louis 
Durand (1760-1834), professor de Arquitetura na Escola Politécnica de Paris, 
buscou encontrar uma metodologia construtiva universal.
Sua pretensão era elaborar uma versão arquitetônica para o Código Napoleônico, 
pela qual estruturas apropriadas e econômicas poderiam ser criadas por meio da 
permutação modular. 
Assim, pela combinação de elementos pré-determinados, poderia ser realizada 
uma combinação de diversos módulos, gerando plantas e elevações variadas com 
custo mínimo. Durand defendeu o seu método criticando o Panthéon de Soufllot 
e suas 206 colunas e 612 metros de paredes; alegando que, com o seu método, 
poderia propor um templo circular com área comparável à do Panthéon, porém, 
com apenas 112 colunas e 248 metros de parede – uma economia considerável.
Sua abordagem pragmática e utilitária entende que o objetivo maior da Arquite-
tura é a sua função expressa por meio da conveniência e da economia. A economia 
se daria através da simplicidade, regularidade e simetria dos elementos compositi-
vos de seu método. 
Por sua vez, os elementos, tais como escadas, coberturas e aberturas, eram 
classificados e apenas tinham sentido depois que inseridos em uma composição 
coerente. Dessa forma, Durand fez da composição projetual do arquiteto uma 
teoria combinatória que associa, entre si, os elementos arquitetônicos em formas 
geométricas simples – o círculo e o quadrado, a esfera e o cubo.
Essas ideias de racionalização máxima do processo projetual foram, certamente, 
as raízes do que veio a ser conhecido como o movimento moderno na Arquitetura 
no século XX – mas isso veremos em uma próxima oportunidade!
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UNIDADE O Neoclássico e a Sociedade Industrial
Considerações Finais
Procuramos, nesta Unidade, apresentar as características do neoclassicismo e 
sua evolução com a sociedade industrializada que se caracterizava no século XIX.
O neoclassicismo aplicou a linguagem clássica em usos diversos e abrangentes: 
monumentos, igrejas, estações de trem, escolas, fachadas de fábricas, casas de 
campo, prefeituras etc. 
Não foi apenas a Arquitetura Antiga a ser revista, mas também as contribuições 
de arquitetos renascentistas que passaram a ser referências para arquitetos ingleses, 
franceses e até mesmo estadunidenses. 
Na Inglaterra, como vimos, houve um movimento de inspiração na obra 
arquitetônica de Palladio, que chegou a ganhar nome próprio, palladianismo. 
Surgido inicialmente na França e Inglaterra, o neoclassicismo se tornou a 
linguagem preponderante ao longo dos séculos XVIII e XIX, inclusive além-mar, 
tornando-se a representação arquitetônica oficial de países como os Estados Unidos.
No Brasil, o neoclassicismo persistiu com força até as primeiras décadas do 
século XX, como podemos ver na obra de nosso principal arquiteto neoclássico em 
São Paulo, Ramos de Azevedo. Entre as suas edificações neoclássicas, podemos 
destacar o Teatro Municipal e a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. 
Finalmente, o neoclassicismo também teve novo ressurgimento nas últimas 
décadas, sobretudo dando caráter historicista a uma série de edifícios considerados 
de “alto padrão”.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Possibilidades de pesquisa em História
https://goo.gl/FyKX6G
 Vídeos
Ecce Homo - A cidade
https://youtu.be/iVrZtaQp0r4
Artes – história da arte – neoclassicismo, romantismo e realismo
https://youtu.be/UqEs3TOMBWE
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UNIDADE O Neoclássico e a Sociedade Industrial
Referências
ARGAN, G. C. História da Arte como história da cidade. São Paulo: Martins 
Fontes, 1998.
FRAMPTON, K. Modern Architecture: a critical history. New York: Thames 
& Hudson, 2004. 
GLANCEY, J. A história da Arquitetura. São Paulo: Loyola, 2007.
GOMBRICH, E. H. História da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
JOKILEHTO, J. History of conservation. 1986. Tese (Doutorado) - Universidade 
de Iorque, Iorque, Inglaterra, 1986. 
PEREIRA, J. R. A. Introdução à história da Arquitetura – das origens ao século 
XXI. Porto Alegre, RS: Bookman, 2010.
PEVSNER, N. Panorama da Arquitetura ocidental. 2. ed. São Paulo: Martins 
Fontes, 2002.
SUMMERSON, J. A linguagem clássica da Arquitetura. 4. ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 2006. 
ZEVI, B. Saber ver a Arquitetura. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009. (Col. 
Mundo da Arte).
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