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FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS DO ESÔFAGO E ESTÔMAGO DOENÇA DO REFLUXO GASTRESOFÁGICO Conjunto de distúrbios que têm em comum o fato de que são causados pelo refluxo gastresofágico, que acarreta sintomas incômodos ou diversas manifestações esofágicas e extraesofágicas potenciais → Com relação ao esôfago, o espectro das lesões inclui esofagite, estenose, esôfago de Barrett e adenocarcinoma ESOFAGITE ocorre quando o ácido gástrico e a pepsina refluídos causam necrose da mucosa esofágica, que acarreta erosões e úlceras. → É normal encontrar algum grau de refluxo gastresofágico, que fisiologicamente está associado ao mecanismo da eructação (relaxamento transitório do EEI), mas a esofagite resulta do refluxo excessivo, em geral acompanhado de eliminação reduzida do suco gástrico refluído Três mecanismos principais responsáveis pela incompetência da junção esofagogástrica: 1. Relaxamentos transitórios do EEI (reflexo vasovagal, no qual o relaxamento do EEI é estimulado pela distensão do estômago); 2. Hipotensão do EEI; ou 3. Distorção anatômica da junção esofagogástrica, inclusive por hérnia de hiato. * Pediatria: A maioria dos bebes tem refluxo frequente fisiológico, se deve a musculatura ainda fraca do esfíncter (4 meses já está mais forte) Fatores que tendem a agravar o refluxo: Obesidade abdominal, gravidez, estados de hipersecreção gástrica, retardo do esvaziamento gástrico, supressão da peristalse esofágica, glutonaria (comer com voracidade). DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA É definida como perda da integridade da mucosa do estômago e/ou do duodeno, que resulta em uma falha ou escavação local em razão de inflamação ativa. → Dor epigástrica ardente agravada pelo jejum e atenuada pelas refeições seja um complexo sintomático associado à doença ulcerosa péptica (DUP), hoje está claro que > 90% desses não têm úlceras e que a maioria dos indivíduos com úlceras pépticas é assintomática As úlceras ocorrem dentro do estômago e/ou do duodeno e, com frequência, são de natureza crônica, mas podem agudizar. Bomba de prótons (H+, K+ ATPase) é ativada por mediadores (gastrina, Ach, histamina) Defesa da mucosa gastroduodenal O epitélio gástrico é constantemente agredido por uma série de fatores nocivos endógenos, inclusive ácido clorídrico (HCl), pepsinogênio/pepsina e sais biliares. Além disso, substâncias exógenas (p. ex., fármacos, álcool e bactérias) alcança a mucosa gástrica. Um sistema biológico altamente complexo atua para proporcionar a defesa necessária contra lesão da mucosa e reparar qualquer dano que possa ocorrer. Sistema de defesa da mucosa pode ser entendido como uma barreira de três níveis, constituída por elementos: pré-epiteliais, epiteliais e subepiteliais 1- A primeira linha de defesa é uma camada de muco e bicarbonato, que funciona como uma barreira fisicoquímica para inúmeras moléculas, incluindo íons hidrogênio → Secretado de maneira regulada pelas células epiteliais da superfície gastroduodenal → Gel mucoso funciona como uma camada hídrica imóvel que dificulta a difusão de íons e moléculas, como a pepsina. → O bicarbonato, que é secretado de maneira regulada pelas células epiteliais superficiais da mucosa gastroduodenal e liberado no gel mucoso, forma um gradiente de pH que varia de 1 a 2 na superfície luminal gástrica e alcança 6 a 7 ao longo da superfície das células epiteliais. 2- As células epiteliais superficiais proporcionam a linha de defesa seguinte por intermédio de vários fatores, incluindo: → Produção de muco, transportadores iônicos das células epiteliais que mantêm o pH intracelular e a produção de bicarbonato, bem como junções intracelulares estreitas → Células epiteliais superficiais produzem proteínas do choque térmico, que impedem a desnaturação das proteínas e protegem as células de certos fatores, como aumento da temperatura, agentes citotóxicos ou estresse oxidativo. 3- Um sistema microvascular elaborado dentro da camada submucosa gástrica constitui o componente-chave do sistema de defesa/reparo subepitelial, proporcionando HCO3- para neutralizar o ácido produzido pela célula parietal. Além disso, esse leito microcirculatório fornece um suprimento adequado de nutrientes e oxigênio, enquanto remove os subprodutos metabólicos tóxicos As prostaglandinas desempenham um papel central na defesa/reparo do epitélio gástrico. → Regulam a liberação de muco e bicarbonato pela mucosa, inibem a secreção das células parietais e são importantes para a manutenção do fluxo sanguíneo da mucosa e para a restituição das células epiteliais. → As prostaglandinas derivam do ácido araquidônico esterificado, que é formado a partir de fosfolipídeos (membrana celular) pela ação da fosfolipase A2. A COX-1 é expressa em inúmeros tecidos, incluindo estômago, plaquetas, rins e células endoteliais. Essa isoforma é expressa de maneira constitutiva e desempenha um importante papel na manutenção da integridade da função renal, na agregação plaquetária e na integridade da mucosa gastrintestinal (GI). Em contrapartida, a expressão da COX-2 é induzida por estímulos inflamatórios e ocorre em macrófagos, leucócitos, fibroblastos e células sinoviais. (Mecanismo de Ação dos AINES que inibe a COX, ao inibir a formação de prostaglandinas pela mucosa gástrica, eles reduzem praticamente todas as defesas contra a secreção ácida). O NO é importante para a manutenção da integridade da mucosa gástrica. A enzima-chave NO-sintetase é expressa constitutivamente na mucosa e contribui para a citoproteção, uma vez que: → estimula a produção de muco gástrico, → aumenta o fluxo sanguíneo da mucosa → mantém a função de barreira das células epiteliais. HELICOBACTER PYLORI: Impacto nas doenças gástricas, tornou-se evidente que o estômago dispõe de um sistema imunológico ativo intrínseco e sofisticado. Reação imune do estômago a determinados patógenos, inclusive H. pylori, depende de uma inter-relação ampla entre os componentes inato (célula dendrítica, células epiteliais, neutrófilos e macrófagos) e adaptativo (linfócitos B e T). Linfócitos T auxiliares (células TH e TH-Reg) ÚLCERAS DUODENAIS → Muitas anormalidades da secreção ácida foram descritas nos pacientes → Taxas de secreção ácida gástrica basal média e noturna parecem estar aumentadas, secreção de bicarbonato está significativamente reduzida no bulbo duodenal ÚLCERAS GÁSTRICAS → Localizam no corpo gástrico → Produção ácida do estômago (basal e estimulada) tende a ser normal ou reduzida nos pacientes com UG → Quando as UGs se desenvolvem em presença de níveis mínimos de ácido, pode haver uma deficiência nos fatores de defesa da mucosa. H. PYLORI E DISTÚRBIOS ACIDOPÉPTICOS → A infecção gástrica pela bactéria H. pylori é responsável pela maioria dos casos de DUP. → O H. pylori pode fixar-se ao epitélio gástrico, porém em circunstâncias normais não parece invadir as células, só em circunstâncias que deprimem as defesas da mucosa A primeira etapa da infecção pelo H. pylori depende da motilidade das bactérias e de sua capacidade de produzir urease. A urease produz amônia a partir da ureia, uma etapa essencial à alcalinização do pH circundante. → H. pylori pode inibir diretamente a atividade da H+,K+-ATPase das células parietais por meio de um mecanismo dependente de CagA, observada após a infecção aguda por esse microrganismo. → A urease, que possibilita a residência das bactérias no estômago ácido, gera NH3, que pode danificar as células epiteliais. → As bactérias produzem fatores de superfície que são quimiotáxicos para neutrófilos e monócitos, que, por sua vez, contribuem para a lesão das células epiteliais. → O H. pylori produz proteases e fosfolipases que desintegram o complexo glicoproteína-lipídeo do gel mucoso, reduzindo assim a eficácia dessa primeira linha de defesa da mucosa. DOENÇA INDUZIDA PORAINES Os AINEs estão entre os fármacos que mais são utilizados no mundo e nos Estados Unidos. Como já mencionado os AINES bloqueiam as prostaglandinas desempenham importante papel na manutenção da integridade e na reparação da mucosa gastroduodenal. → A mucosa também é danificada por exposição tópica aos AINEs, que aumentam a permeabilidade da superfície epitelial. → Os AINEs tópicos também podem alterar a camada mucosa superficial, possibilitando a difusão retrógrada de H+ e de pepsina e resultando em danos adicionais às células epiteliais. Os fatores de risco estabelecidos incluem: → Idade avançada, história de úlcera, uso concomitante de glicocorticoides, doses altas de AINE, vários AINEs usados simultaneamente, uso concomitante de anticoagulantes, clopidogrel e doença grave ou de vários sistemas. FATORES DE RISCO: Dieta, tabagismo, predisposição genética além de idade avançada, doença pulmonar crônica, insuficiência renal crônica, cirrose, nefrolitíase, deficiência de α1-antitripsina, mastocitose sistêmica.
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