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P4 – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Sociedade produz maior poder aquisitivo Condições de saúde [Práticas|Pré-clínicas] • A cárie dentária é uma doença complexa causada pelo desequilíbrio no balanço entre o mineral do dente e o fluido do biofilme. • É socialmente determinada: quanto mais carente uma população, mais cárie aquelas pessoas vão ter. • A cárie dentária é uma doença multifatorial na qual várias características genéticas, ambientais e comportamentais interagem. • Fatores determinantes do processo de doença cárie: 1. Fatores que atuam no nível da superfície dentária (círculo interno) – determinantes biológicos ou proximais; 2. Fatores que atuam no nível do indivíduo/população (círculo externo) – determinantes distais. Fatores que atuam no nível da superfície dentária estão apresentados no círculo verde. O círculo amarelo compreende os fatores que atuam no nível do indivíduo/população. • A cárie é resultado de uma privação social e uma má alimentação. • “Dissolução química localizada na superfície dentária, resultando de eventos metabólicos ocorridos no biofilme que cobre a área afetada” (Ferjeskov, 2013). • Como acontece? Desde a erupção do dente a apatita está sujeita a alterações químicas em diversas situações. Quando acontece um desequilíbrio entre o mineral dentário e o fluído do biofilme, vai acontecer a dissolução química do esmalte, • Cristal de Hidroxiapatita: - Se organizam em forma hexagonal: - Hidroxiapatita “Puro” = Milhares de unidade da fórmula, difícil de ser encontrado na natureza; - Fluorapatita = Ca10 (PO4) 6 F2. Raramente é encontrada pura; P4 – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto - Hidroxiapatita biológica: Com contaminantes (substituintes) que alteram as propriedades da hidroxiapatita. Representa o mineral presente na estrutura dental. Dois substituintes mais frequentes e importantes: carbonato e fluoreto. • Esmalte dental: - 95% mineralizado - Responde prontamente a alterações nos fluidos bucais que aumentam ou diminuem a solubilidade • Dentina: - Cristais de HA biológica envoltos em matriz de colágeno, menores, menos organizados que o esmalte; • A hidroxiapatita da dentina possui maior conteúdo de CO3² - (carbonato): substitui o PO4 (fosfato) e deixa HA (hidroxiapatita) mais solúvel – tornando a dentina mais susceptível à dissolução química; • Dentina decídua: mais carbonato que dentes permanentes – por isso a cárie em criaças é mais aguda. • O pH crítico: para dissolução do esmalte é 5,5 e para dissolução da dentina está entre 6,3 e 6,5. • Cada mineral tem uma tendência única a dissolução em meio aquoso. • Para cada mineral, a sua estabilidade frente à dissolução em meio aquoso é dada pela constante do produto de solubilidade, que expressa a concentração máxima de íons que se dissolve do sólido até ser atingido o equilíbrio de solubilidade. • Essa constante pode ser usada para indicar se, em determinado meio, há uma condição de saturação, supersaturação ou subsaturação. • Se o meio estiver subsaturado em relação ao mineral – tenderá a se dissolver (desmineralização). • Se estiver supersaturado – haverá a tendência de precipitação mineral (remineralização). • E se estiver saturado – o mineral está em equilíbrio com o meio, não haverá dissolução ou precipitação mineral. Fluorapatita pura é encontrada apenas no dente do tubarão. Tecido ósseo mais resistente na natureza. Quando usamos o fluoreto, temos uma hidroxiapatita biológica contaminada com o fluor, o que altera as propriedades do cristal de hidroxiapatita (e não fluorapatita pura). Carbonato HA mais solúvel Significa que a dentina é mais susceptível à dissolução química – a cárie se desenvolve mais rápido. A saliva tem a função de proteger os dentes. Ela possui o aspecto de supersaturada. Ao invés da hidroxiapatita se dissolver, há uma deposição dos íons na hidroxiapatita. Então a hidroxiapatita é dissolvida e depois é reposta, quando a saliva está supersaturada. Quando comemos algo ácido, os íons que voltariam a se integrar à hidroxiapatita, se juntam com íons H+. Para repor o equilíbrio, a hidroxiapatita começa a ser dissolvida pra saliva. Quanto mais ácido tiver, mas eles vão sequestrar os componentes da hidroxiapatita, mais componentes de hidoxiapatita vai sair do dente para a saliva. Associando a Dentina à uma macarronada: o macarrão seria o material de colágeno e o recheio seria os cristais de hidroxiapatita. P4 – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • Processo de desmineralização e remineralização acontece várias vezes durante o dia. • Desmineralização – mineral do dente vai sair para se combinar aos ácidos secretados pelas bactérias (fluido do biofilme subsaturado). • Remineralização – acontece quando a saliva ta supersaturada, vai haver a deposição de mineral ao dente. • Quando há muito ácido, é necessário tirar os componentes da hidroxiapatita, para estabilizar o meio. Quanto mais ácido, mais componentes serão retirados. Vai ocorrer um desequilíbrio e o dente vai ficar desmineralizado – surge a lesão de cárie. • Alimentação com muito açúcar – aumenta a produção de ácido – o ácido sequestra a HA do dente – levando à desmineralização. • Processo des-remineralização precisa perdurar por muito tempo para que ocorra uma lesão de cárie. • As primeiras lesões que surgem são visíveis apenas na microscopia ótica e eletrônica. Só depois de algum tempo que elas serão visíveis a olho nu. Ilustração sistemática dos microeventos que ocorrem na superfície dentária ao longo do tempo. (A) Esta curva indica flutuações do pH do biofilme em relação ao tempo e indica indivíduo que durante sua vida não apresenta lesões clinicamente visíveis, não podendo, portanto, ser considerado doente. (B-D) Estas três curvas indicam diferentes exemplos de perda ou ganho mineral do esmalte ao longo do tempo como resultado das inúmeras flutuações do pH. A linha horizontal pontilhada representa onde a perda mineral pode ser observada clinicamente como uma lesão de mancha branca. • Primeira lesão – mancha branca: É branca porque, no local que ocorreu a dissolução do esmalte ficam alguns poros. Esses Quanto maior a produção de saliva, maior será a proteção. Pacientes com câncer de cabeça e pescoço, precisa da radioterapia. A radioterapia altera a fisiologia das glândulas salivares, produzindo menos saliva – o que leva a esse pacientes a possuírem muitas lesões de cárie. A dentina decídua possui uma maior dissolução, por isso que os bebês possuem uma maior salivação, para aumentar a proteção (resposta fisiológica). Quando há exposição do biofilme a açúcares fermentáveis, os microrganismos produzem ácidos pela fermentação, que baixam o pH do fluido do biofilme; como consequência, minerais dentais se dissolvem e ocorre um aumento da concentração de íons minerais no fluido. Princípio de manutenção do equilíbrio, descrito por Le Chatelier: “Se um estresse é aplicado a um sistema em equilíbrio, a condição de equilíbrio é perturbada; uma reação ocorre na direção que tenta aliviar o estresse, e um novo equilíbrio é obtido.” A principal alteração que ocorre na cavidade bucal e perturba o equilíbrio entre o mineral e os fluidos bucais é a redução do pH. P4 – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto poros são preenchidos por ar ou saliva e quando a luz bate, é refletida de uma forma bagunçada (pois, o ar e a saliva rfletem a luzdiferente do esmalte), podendo-se visualizar uma lesão branca. Essa lesão pode ser revertida, a saliva consegue repor os minerais. Quando a perda mineral é em dentina ocorre um amolecimento devido à presença de colágeno na dentina. Para o diagnóstico: • Radiografia como método auxiliar. • Exame Clínico (tátil-visual) é soberano. (Fejerskov, Nyvad e Kidd; 2017) Tratamento: • Vai depender do diagnóstico adequado. • Lesão não cavitada (pode ser revertida): aconselhamento, profilaxia e orientação de dieta para controlar o biofilme (meios não operatórios). • Lesão cavitada (a cavidade aparece quando o esmalte perde sua integridade): possibilidade de intervenção – meio proservador, selamento da cavidade. O selamento impede que o açúcar, saliva e comida cheguem ao biofilme. Dessa forma, a lesão não vai progredir (vai paralisar), o biofilme morre. Cavitação: um marco no curso da cárie – torna mais difícil o controle do biofilme. • Lesão ativa: Refletem a perda mineral contínua em função da atividade metabólica. • Lesão inativa: atividade metabólica do biofilme é improvável de resultar em perda mineral 1. Ativa, não cavitada; 2. Ativa, cavitada; 3. Inativa, não cavitada; 4. Inativa, cavitada. 5. Restaurada; 6. Restaurada, cárie ativa (secundária); 7. Restaurada, cárie inativa. • Cáries secundárias – quando o paciente não faz a higienização, aparece lesão cariosa na restauração. • Campo operatório na hora do diagnóstico deve estar: limpo, seco e iluminado! • Profilaxia (para fazer um diagnóstico adequado): com a caneta de baixa rotação. - Em superfícies lisas: taça de borracha; - Cicatrículas e fissuras: escova de Robinson. Não vai ser revertida, apenas paralisada! Essas lesões podem acontecer a nível de esmalte ou dentina A lesão pode inativar após a formação da cavidade. Ela pode ser paralisada fazendo o controle do biofilme através da higienização. A restauração serve unicamente para repor o tecido perdido. O tratamento da cárie é o aconselhamento, higiene e dieta. A cárie possui uma coloração escura porque elas absorvem os pigmentos da comida, por conta da dentina terciária (se for em dentina) e por conta da necrose do biofilme. Uma cárie em dentina pode inativar por conta da deposição de dentina terciária, que vai vedar os túbulos dentinários e impedir a progressão da lesão cariosa. A higienização por conta do paciente também pode ajudar. Deve ser feito previamente ao exame clínico! P4 – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • Lesão ativa (não cavitada): - Superfície opaca; - Cor branca/ amarelada: porosidade absorve corantes; - Áspera; - Sem brilho. • Lesão ativa (cavitada): - Esmalte descontinuado; - Dentina amolecida; - Cor amarronzada/escurecida; - Esmalte opaco socavado. (Ferjeskov, 2013) • Inativa (não cavitada): - Aspecto brilhoso; - Lisas e polidas; - Branca; - Acastanhada/preta. (Ferjeskov, 2013) • Inativa (cavitada): - Rígidas; - Brilhantes; - Coloração amarronzada/escura. (Ferjeskov, 2013) • Restauradas: (Ferjeskov, 2013; Maltz et al, 2018) Esmalte opaco socavado: esmalte que “resistiu” e ficou acima da dentina lesionada (bem branquinho) – deve ser retirado na restauração, pois se ficar irá fraturar. Lesão inativa cavitada possui uma dentina muito dura, pois é enriquecida de dentina terciária. P4 – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • Quanto a localização: - Cárie radicular • Radiografias; • Afastamento Interdental – Para facilitar visualização de lesão interdental. Com esse tipo de lesão deve-se tentar controlar o biofilme. Se não controlar faz uma restauração. (Baratieri, 2001) Nem toda lesão em esmalte é cárie! (A) Lesão de cárie não cavitada e (B-D) aspecto clínico de fluorose. Enquanto a lesão de cárie ocorre em zonas de estagnação de biofilme (margem gengival, abaixo do ponto de contato e superfícies oclusais), a fluorose dentária se estende em toda a superfície dentária e, nos seus estágios iniciais, acompanha as periquemáceas. • Um dos contaminantes da hidroxiapatita biológica. • O resultado da reatividade do fluoreto com o esmalte ou dentina é a formação de dois produtos de reação: - Flúor firmemente ligado – fluorapatita (Fin): Se encrusta nos cristais de hidroxiapatita e altera o pH crítico, aumenta a resistência do tecido ao desgaste. Não há formação de novos cristais de fluorapatita no dente, mas sim a incorporação do íon flúor aos cristais preexistentes. - Flúor fracamente ligado – fluoreto de cálcio (Fon): é resultado da reação de fluoreto com íons cálcio, formando precipitações sobre a superfície dental e no interior de lesões de cárie de um mineral tipo fluoreto de cálcio (CaF2) funciona como um reservatório de fluoreto, dissolvendo-se ao longo de semanas ou meses e fornecendo íon flúor para atuar na des- remineralização dental. • A função do fluor é dificultar a desmineralização. Sonda exploradora: Não deve ser usada vigorisamente! Não coloca-la na lesão, pois pode cavitar a lesão (80% de chance) e dificultar o tratamento. Provavelmente será necessário restaurar. CAVITAÇÂO – PROVÁVEL necessidade de restauração. SEM CAVITAÇÃO – Tratamento não operatório (proservar). Tratamento: aconselhamento (higiene, dieta, etc). Quando o paciente tem resseção gengival. O cemento sai na escovação e a dentina fica exposta. Como ela é mais suscetível, é muito fácil de iniciar um processo carioso. P4 – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto MALTZ, Marisa et al. Cariologia: Conceitos Básicos, Diagnóstico e Tratamento Não Restaurador. São Paulo: Artes Médicas, 2016. ((ABENO: Odontologia Essencial: parte clínica)). Aula teórica de Práticas Pré-Clínicas. Faculdade Maurício de Nassau, Odontologia, 2020.
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