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SP 1- Por onde começar?
 Reconhecer a história da implantação do SUS, com seus princípios e diretrizes, abrangendo o universo dos cuidados à saúde da população no país. FOI
 Identificar o processo saúde-doença em uma perspectiva não apenas individual, mas coletiva, em um determinado território. FOI
 Reconhecer as funções da Vigilância Epidemiológica. FOI
 Explorar as necessidades coletivas de saúde em populações FOI
 Refletir sobre o papel, estrutura da organização das Vigilâncias em Saúde. FOI
 Diferenciar surtos, epidemias, endemias, pandemias e sindemias. FOI
 Reconhecer o fluxo e os sistemas de notificação de doenças. FOI
 Discutir sobre métodos de investigação epidemiológica. FOI
 Discutir sobre as ações preventivas de doenças transmissíveis e não transmissíveis. FOI
 Explanar sobre o monitoramento da situação de saúde da população e do planejamento das ações do sistema de saúde. FOI
 Refletir sobre o trabalho em equipe na gestão do Sistema de Saúde no Brasil. 
 Entender o planejamento e protocolos em situações urgentes e sua importância. FOI
 Diferenciar surtos, epidemias, endemias, pandemias e sindemias.
Surto
É um aumento inesperado do número de infectados por determinada doença em uma região específica. Um exemplo são os casos de dengue: quando muitos casos ocorrem no mesmo bairro de uma cidade, por exemplo, as autoridades tratam esse crescimento como um surto.
Epidemia
Ocorre quando o número de surtos cresce, abrangendo várias regiões de determinada cidade, por exemplo. Se isso acontecer, considera-se que há uma epidemia no município — mas um surto em escala estadual.
Se o caso se espalhar para outras cidades, por sua vez, considera-se que há uma epidemia em determinado estado —, mas um surto em escala regional, e assim por diante. Um exemplo é o ebola, que passou a ser considerado uma epidemia em 2014, após atingir diversos países na África.
Pandemia
É o pior dos cenários quando o assunto são áreas infectadas: acontece quando uma epidemia alcança níveis mundiais, afetando várias regiões ao redor do globo terrestre. Para a OMS declarar a existência de uma pandemia, países de todos os continentes precisam ter casos confirmados da doença.
Antes do Covid-19, a última vez que algo do tipo aconteceu foi em 2009, quando a gripe A (ou gripe suína) foi declarada uma pandemia.
Endemia
Não está relacionada à quantidade, mas à grande frequência de casos de uma doença em determinada região. Um exemplo disso é a febre amarela: o Norte do Brasil é considerado uma região endêmica da infecção.
Sindemia
Sindemia caracteriza a interação mutuamente agravante entre problemas de saúde em populações em seu contexto social e econômico. O conceito foi cunhado por Merril Singer a partir de estudo sobre o entrelaçamento entre a síndrome da imunodeficiência adquirida e a violência em cidades estadunidenses. Problemas de saúde e sociais se agrupam em comorbidade crescente a partir de fatores sociais, psicológicos e biológicos, embora os agravos à saúde sejam enfermidades crônicas não transmissíveis.
 Reconhecer a história da implantação do SUS, com seus princípios e diretrizes, abrangendo o universo dos cuidados à saúde da população no país. 
Por quê o SUS foi criado... 
(TEXTO 1)
O QUE HÁ DE NOVO NA SAÚDE? 
Entre as diretrizes políticas consolidadas pela nova Constituição no cenário nacional estão os fundamentos de uma radical transformação do sistema de saúde brasileiro. O que levou os constituintes a proporem essa transformação foi o consenso, na sociedade, quanto à total inadequação do sistema de saúde caracterizado pelos seguintes aspectos, entre outros: 
• um quadro de doenças de todos os tipos condicionados pelo tipo de desenvolvimento social e econômico do país e que o velho sistema de saúde não conseguia enfrentar com decisão; 
• completa irracionalidade e desintegração das unidades de saúde, com sobre oferta de serviços em alguns lugares e ausência em outros; (INTEGRALIDADE)
• excessiva centralização implicando por vezes em impropriedade das decisões pela distância de Brasília dos locais onde ocorrem os problemas; (DESCENTRALIZAÇÃO)
• recursos financeiros insuficientes em relação às necessidades de atendimento e em comparação com outros países; 
• desperdício dos recursos alocados para a saúde, estimado nacionalmente em, pelo menos 30%, produzido por incompetência gerencial; 
• baixa cobertura assistencial da população, com segmentos populacionais excluídos do atendimento, especialmente os mais pobres e nas regiões mais carentes; (UNIVERSALIZAÇÃO)
• falta de definição clara das competências dos vários órgãos e instâncias político administrativas do sistema, acarretando fragmentação do processo decisório e descompromisso com as ações e falta de responsabilidade com os resultados; 
• desempenho desordenado dos órgãos públicos e privados conveniados e contratados, acarretando conflito entre os setores público e privado, superposição de ações, desperdícios de recursos e mau atendimento à população; 
• insatisfação dos profissionais da área da saúde que vêm sofrendo as consequências da ausência de uma política de recursos humanos justa e coerente; 
• insatisfação da população com os profissionais da saúde pela aparente irresponsabilidade para com os doentes, greves frequentes, frequentes erros médicos e corporativismo se sobrepondo à saúde do povo; 
• baixa qualidade dos serviços oferecidos em termos de equipamentos e serviços profissionais; 
• ausência de critérios e de transparência dos gastos públicos, bem como de participação da população na formulação e gestão das políticas de saúde; 
• falta de mecanismos de acompanhamento, controle e avaliação dos serviços; 
• imensa preocupação e insatisfação da população com o atendimento à sua saúde. 
A partir desse diagnóstico e de experiências isoladas ou parciais acumuladas ao longo dos últimos 10 anos, e especialmente baseando-se nas propostas da 8ª Conferência Nacional de Saúde realizada em 1986, a Constituição de 1988 estabeleceu pela primeira vez de forma relevante, uma seção sobre a saúde que trata de três aspectos principais: 
Em primeiro lugar incorpora o conceito mais abrangente de que a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes o meio físico (condições geográficas, água, alimentação, habitação, ABC do SUS - Doutrinas e Princípios Ministério da Saúde - Secretaria Nacional de Assistência à Saúde 4 etc.); o meio sócio-econômico e cultura (ocupação renda, educação, etc.); os fatores biológicos (idade, sexo, herança genética, etc.); e a oportunidade de acesso aos serviços que visem a promoção, proteção e recuperação da saúde. 
Isso implica que, para se ter saúde são necessárias ações em vários setores, além do Ministério da Saúde e das secretarias de saúde. Isto só uma política governamental integrada pode assegurar. 
Em segundo lugar, a Constituição também legitima o direito de todos sem qualquer discriminação às ações de saúde em todos os níveis, assim como, explicita que o dever de prover o pleno gozo desse direito é responsabilidade do Governo, isto é, do poder público. 
Isto significa que, a partir da nova constituição, a única condição para se ter direito de acesso, aos serviços e ações de saúde, é precisar deles. 
Por último, a Constituição estabelece o Sistema Único de Saúde—SUS, de caráter público, formado por uma rede de serviços regionalizada, hierarquizada e descentralizada, com direção única em cada esfera de governo, e sob controle dos seus usuários. 
Os serviços particulares quando conveniados e contratados, passam a ser complementares e sob diretrizes do Sistema Único de Saúde. 
Ainda que esse conjunto de ideias, direitos, deveres e estratégias não possam ser implantados automaticamente e de imediato, o que deve ser compreendido é que a implantação do SUS tem por objetivo melhorar a qualidade da atenção à saúde no País, rompendo com um passado de descompromisso social e a velha irracionalidade técnico-administrativa, e é a imagem ideal que norteará o trabalho do Ministério da Saúde e das secretarias estaduaise municipais. 
Para isso, e necessário que se entenda a lógica do SUS, como ele deve ser planejado e funcionar para cumprir esse novo compromisso que é assegurar a todos, indiscriminadamente, serviços e ações de saúde de forma equânime, adequada e progressiva.
(TEXTO 2)
SEGUNDO O TEXTO 2, O SUS FOI CRIADO POIS...
No que diz respeito às políticas de saúde, agregue-se a isso a complexidade inerente a essa área, relacionada aos seguintes fatores: múltiplas determinações sobre o estado de saúde da população e dos indivíduos; diversidade das necessidades de saúde em uma população; diferentes tipos de ações e serviços necessários para dar conta dessas necessidades; capacitação de pessoal e recursos tecnológicos requeridos para atendê-las; interesses e pressões do mercado na área da saúde (no âmbito da comercialização de equipamentos, medicamentos, produção de serviços, entre outros) que frequentemente tensionam a estruturação de um sistema calcado na concepção de saúde como um direito de cidadania.
Outro aspecto relevante é que o federalismo brasileiro ainda se encontra de certa forma “em construção”, uma vez que, ao longo de toda a história, foi tensionado por períodos de centralismo autoritário e a redemocratização do país ainda é relativamente recente. Esse processo de construção do federalismo é caracterizado por muitas tensões e conflitos na descentralização das políticas e definição dos papéis das três esferas de governo em cada área de política pública. No que diz respeito à saúde, a agenda política da década de 90 foi fortemente marcada pela temática da descentralização e pelos esforços de definição do papel dos gestores em cada nível de governo.
PORÉM ANTES DA CRIAÇÃO DO SUS TEMOS...
Antecedentes do SUS 
Antes da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde (MS), com o apoio dos estados e municípios, desenvolvia quase que exclusivamente ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, com destaque para as campanhas de vacinação e controle de endemias. Todas essas ações eram desenvolvidas com caráter universal, ou seja, sem nenhum tipo de discriminação com relação à população beneficiária. 
Na área de assistência à saúde, o MS atuava apenas por meio de alguns poucos hospitais especializados, nas áreas de psiquiatria e tuberculose, além da ação da Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública (FSESP) em algumas regiões específicas, com destaque para o interior do Norte e Nordeste. 
Essa ação, também chamada de assistência médico-hospitalar, era prestada à parcela da população definida como indigente, por alguns municípios e estados e, principalmente, por instituições de caráter filantrópico. Essa população não tinha nenhum direito e a assistência que recebia era na condição de um favor, uma caridade. 
A grande atuação do poder público nessa área se dava através do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) que depois passou a ser denominado Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), autarquia do Ministério da Previdência e Assistência Social. 
O INPS foi o resultado da fusão dos institutos de aposentadorias e pensões (os denominados IAPs) de diferentes categorias profissionais organizadas (bancários, comerciários, industriários, dentre outros), que posteriormente foi desdobrado em Instituto de Administração da Previdência Social (IAPAS), Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS). Este último, tinha a responsabilidade de prestar assistência à saúde de seus associados, o que justificava a construção de grandes unidades de atendimento ambulatorial e hospitalar, como também da contratação de serviços privados nos grandes centros urbanos, onde estava a maioria dos seus beneficiários.
A assistência à saúde desenvolvida pelo INAMPS beneficiava apenas os trabalhadores da economia formal, com “carteira assinada”, e seus dependentes, ou seja, não tinha o caráter universal que passa a ser um dos princípios fundamentais do SUS. Desta forma, o INAMPS aplicava nos estados, através de suas Superintendências Regionais, recursos para a assistência à saúde de modo mais ou menos proporcional ao volume de recursos arrecadados e de beneficiários existente. 
Portanto, quanto mais desenvolvida a economia do estado, com maior presença das relações formais de trabalho, maior o número de beneficiários e, consequentemente, maior a necessidade de recursos para garantir a assistência a essa população. Dessa forma, o INAMPS aplicava mais recursos nos estados das Regiões Sul e Sudeste, mais ricos, e nessas e em outras regiões, em maior proporção nas cidades de maior porte.
Nessa época, os brasileiros, com relação à assistência à saúde, estavam divididos em três categorias, a saber: 
• Os que podiam pagar pelos serviços 
• Os que tinham direito a assistência prestada pelo INAMPS, e 
• Os que não tinham nenhum direito.
Com a crise de financiamento da Previdência, que começa a se manifestar a partir de meados da década de 70, o INAMPS adota várias providências para racionalizar suas despesas e começa, na década de 80, a “comprar” serviços do setor público (redes de unidades das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde), inicialmente por meio de convênios. A assistência à saúde prestada pela rede pública, apesar do financiamento do INAMPS apenas para os seus beneficiários, preservou o seu caráter de universalidade da clientela.
Também, nessa época, o INAMPS passa a dar aos trabalhadores rurais, até então precariamente assistidos por hospitais conveniados com o FUNRURAL, um tratamento equivalente àquele prestado aos trabalhadores urbanos. Mesmo com a crise que já se abatia sobre o INAMPS, essa medida significou uma grande melhoria nas condições de acesso dessa população aos serviços de saúde, particularmente na área hospitalar.
No final da década de 80, o INAMPS adotou uma série de medidas que o aproximaram ainda mais de uma cobertura universal de clientela, dentre as quais se destaca o fim da exigência da Carteira de Segurado do INAMPS para o atendimento nos hospitais próprios e conveniados da rede pública. Esse processo culminou com a instituição do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), implementado por meio da celebração de convênios entre o INAMPS e os governos estaduais. 
Assim, podemos verificar que começava a se construir no Brasil um sistema de saúde com tendência à cobertura universal, mesmo antes da aprovação da Lei 8.080 (também conhecida como Lei Orgânca da Saúde), que instituiu o SUS. Isso foi motivado, por um lado, pela crescente crise de financiamento do modelo de assistência médica da Previdência Social e, por outro, à grande mobilização política dos trabalhadores da saúde, de centros universitários e de setores organizados da sociedade, que constituíam o então denominado “Movimento da Reforma Sanitária”, no contexto da democratização do país.
A configuração institucional do SUS 
Uma primeira e grande conquista do Movimento da Reforma Sanitária foi, em 1988, a definição na Constituição Federal (CF) relativa ao setor saúde. 
O Art. 196 da CF conceitua que “a saúde é direito de todos e dever do Estado(...)”. Aqui se define de maneira clara a universalidade da cobertura do Sistema Único de Saúde. 
Já o parágrafo único do Art. 198 determina que: “o sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes”. Esta questão é de extrema importância, pois, em todo debate sobre o financiamento do SUS, a ênfase é na participação da União, como se esta fosse a única responsável. Um dos fatores determinantes deste entendimento foi, provavelmente, o papel do INAMPS no início do SUS, como veremos mais adiante. 
Um passo significativo na direção do cumprimento da determinação constitucional de construção do Sistema Único de Saúde foi a publicação do decreto n.º 99.060, de 7 de março de 1990, que transferiu o INAMPS do Ministério da Previdênciapara o Ministério da Saúde. Esse fato, portanto, foi anterior à promulgação da Lei 8.080, que só veio a ocorrer em setembro do mesmo ano. 
A Lei 8.080 instituiu o Sistema Único de Saúde, com comando único em cada esfera de governo e definiu o Ministério da Saúde como gestor no âmbito da União. A Lei, no seu Capítulo II – Dos Princípios e Diretrizes, Art. 7º, estabelece entre os princípios do SUS a “universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência”. 
Isso se constituiu numa grande alteração da situação até então vigente. O Brasil passou a contar com um sistema público de saúde único e universal.
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
Os princípios do SUS
Os princípios e diretrizes do SUS estão na Constituição Federal de 1988, regulamentados e “reafirmados” no capítulo II, artigo 7º da lei 8.080/90.
“CAPÍTULO II
Dos Princípios e Diretrizes
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde - SUS são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no artigo 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios.
I - Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;
II - Integralidade de assistência, entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;
IV - Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie;
V - Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
VI - Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e sua utilização pelo usuário;
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;
VIII - participação da comunidade;
IX - Descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo:
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;
X - Integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na prestação de serviços de assistência à saúde da população;
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e  
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.”
(TEXTO 3)
II - O QUE É O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS? 
É uma nova formulação política e organizacional para o reordenamento dos serviços e ações de saúde estabelecida pela Constituição de 1988. O SUS não é o sucessor do INAMPS e nem tampouco do SUDS. O SUS é o novo sistema de saúde que está em construção. 
POR QUE SISTEMA ÚNICO? 
Porque ele segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o território nacional, sob a responsabilidade das três esferas autônomas de governo federal, estadual e municipal. Assim, o SUS não é um serviço ou uma instituição, mas um Sistema que significa um conjunto de unidades, de serviços e ações que interagem para um fim comum. Esses elementos integrantes do sistema, referem-se ao mesmo tempo, às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. 
QUAL É A DOUTRINA DO SUS? 
Baseado nos preceitos constitucionais a construção do SUS se norteia pelos seguintes PRINCÍPIOS DOUTRINARIOS: 
UNIVERSALIDADE – É a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão. Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços públicos de saúde, assim como àqueles contratados pelo poder público. Saúde é direito de cidadania e dever do Governo: municipal, estadual e federal. 
EQUIDADE – É assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo com a complexidade que cada caso requeira, more o cidadão onde morar, sem privilégios e sem barreiras. Todo cidadão é igual perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades até o limite do que o sistema puder oferecer para todos. 
INTEGRALIDADE - É o reconhecimento na prática dos serviços de que: 
• cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade; 
• as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam também um todo indivisível e não podem ser compartimentalizadas; 
• as unidades prestadoras de serviço, com seus diversos graus de complexidade, formam também um todo indivisível configurando um sistema capaz de prestar assistência integral. 
Enfim: “O homem é um ser integral, biopsicossocial, e deverá ser atendido com esta visão integral por um sistema de saúde também integral, voltado a promover, proteger e recuperar sua saúde.” 
QUAIS SÃO OS PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS QUE REGEM O SUS? 
REGIONALIZAÇÃO e HIERARQUIZAÇÃO - Os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade tecnológica crescente, dispostos numa área geográfica delimitada e com a definição da população a ser atendida. Isto implica na capacidade dos serviços em oferecer a uma determinada população todas as modalidades de assistência, bem como o acesso a todo tipo de tecnologia disponível, possibilitando um ótimo grau de resolubilidade (solução de seus problemas). 
O acesso da população à rede deve se dar através dos serviços de nível primário de atenção que devem estar qualificados para atender e resolver os principais problemas que demandam os serviços de saúde. Os demais, deverão ser referenciados para os serviços de maior complexidade tecnológica. 
A rede de serviços, organizada de forma hierarquizada e regionalizada, permite um conhecimento maior dos problemas de saúde da população da área delimitada, favorecendo ações de vigilância epidemiológica, sanitária, controle de vetores, educação em saúde, além das ações de atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de complexidade. 
RESOLUBILIDADE - É a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível da sua competência. 
DESCENTRALIZAÇÃO - É entendida como uma redistribuição das responsabilidades quanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo, a partir da ideia de que quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. Assim, o que é abrangência de um município deve ser de responsabilidade do governo municipal; o que abrange um estado ou uma região estadual deve estar sob responsabilidade do governo estadual, e, o que for de abrangência nacional será de responsabilidade federal. Deverá haver uma profunda redefinição das atribuições dos vários níveis de governo com um nítido reforço do poder municipal sobre a saúde - é o que se chama municipalização da saúde. 
Aos municípios cabe, portanto, a maior responsabilidade na promoção das ações de saúde diretamente voltadas aos seus cidadãos. 
PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS - É a garantia constitucional de que a população, através de suas entidades representativas, participará do processo de formulação das políticas de saúde e do controle da sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. 
Essa participação deve se dar nos Conselhos de Saúde, com representação paritária de usuários, governo, profissionais de saúde e prestadores de serviço. Outra forma de participação são as conferências de saúde, periódicas, para definir prioridades e linhas de ação sobre a saúde. 
Deve ser também considerado como elemento do processo participativo o dever das instituições oferecerem as informações e conhecimentos necessários para que a população se posicione sobre as questões que dizem respeito à sua saúde. 
COMPLEMENTARIEDADE DO SETOR PRIVADO - A Constituição definiu que, quando por insuficiência do setor público, for necessário a contratação de serviços privados,isso deve se dar sob três condições: 
1ª - a celebração de contrato, conforme as normas de direito público, ou seja, interesse público prevalecendo sobre o particular; 
2ª - a instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas do SUS. Prevalecem, assim, os princípios da universalidade, equidade, etc., como se o serviço privado fosse público, uma vez que, quando contratado, atua em nome deste; 
3ª - a integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica organizativa do SUS, em termos de posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços. Dessa forma, em cada região, deverá estar claramente estabelecido, considerando-se os serviços públicos e privados contratados, quem vai fazer o que, em que nível e em que lugar. 
Dentre os serviços privados, devem ter preferência os serviços não lucrativos, conforme determina a Constituição. 
Assim, cada gestor deverá planejar primeiro o setor público e, na sequência, complementar a rede assistencial com o setor privado, com os mesmos concertos de regionalização, hierarquização e universalização. 
Torna-se fundamental o estabelecimento de normas e procedimentos a serem cumpridos pelos conveniados e contratados, os quais devem constar, em anexo, dos convênios e contratos.
 Identificar o processo saúde-doença em uma perspectiva não apenas individual, mas coletiva, em um determinado território. 
(TEXTO 1)
Pelo que pudemos ver até aqui, o processo saúde-doença se configura como um processo dinâmico, complexo e multidimensional por englobar dimensões biológicas, psicológicas, socioculturais, econômicas, ambientais, políticas, enfim, pode-se identificar uma complexa interrelação quando se trata de saúde e doença de uma pessoa, de um grupo social ou de sociedades.
O processo saúde-doença é um conceito central da proposta de epidemiologia social, que procura caracterizar a saúde e a doença como componentes integrados de modo dinâmico nas condições concretas de vida das pessoas e dos diversos grupos sociais; cada situação de saúde específica, individual ou coletiva, é o resultado, em dado momento, de um conjunto de determinantes históricos, sociais, econômicos, culturais e biológicos.
(TEXTO 2)
Entre diversas outras abordagens possíveis para se entender o conceito de saúde, apresentaremos uma que nos parece mais útil à nossa discussão, a qual tem sido defendida por alguns autores (NARVAI et al., 2008). Pode-se então descrever a condição de saúde, didaticamente, segundo a soma de três planos: subindividual, individual e coletivo, apresentados a seguir.
O plano subindividual seria o correspondente ao nível biológico e orgânico, fisiológico ou fisiopatológico. Nesse plano, o processo saúde-adoecimento seria definido pelo equilíbrio dinâmico entre a normalidade – anormalidade/funcionalidade – disfunções. Assim, quando a balança pender para o lado da anormalidade/disfunção, podem ocorrer basicamente duas situações: a enfermidade e a doença. A enfermidade seria a condição percebida pela pessoa ou paciente, caracterizando-a como queda de ânimo, algum sintoma físico, ou mesmo dor. A doença seria a condição detectada pelo profissional de saúde, com quadro clínico definido e enquadrada como uma entidade ou classificação nosológica (NARVAI et al., 2008).
O plano individual entende que as disfunções e anormalidades ocorrem em indivíduos que são seres biológicos e sociais ao mesmo tempo. Portanto, as alterações no processo saúde-adoecimento resultam não apenas de aspectos biológicos, mas também das condições gerais da existência dos indivíduos, grupos e classes sociais, ou seja, teriam dimensões individuais e coletivas. Segundo essa concepção, a condição de saúde poderia variar entre um extremo de mais perfeito bem-estar até o extremo da morte, com uma série de processos e eventos intermediários entre os dois (NARVAI et al., 2008).
O plano coletivo expande ainda mais o entendimento sobre o processo saúde-adoecimento, que é encarado não como a simples soma das condições orgânicas e sociais de cada indivíduo isoladamente, senão a expressão de um processo social mais amplo, que resulta de uma complexa trama de fatores e relações, representados por determinantes do fenômeno nos vários níveis de análise: família, domicílio, microárea, bairro, município, região, país, continente etc. (NARVAI et al., 2008). Nessa linha, fica mais fácil compreender a definição de Minayo (1994 apud NARVAI et al., 2008) sobre saúde: “fenômeno clínico e sociológico vivido culturalmente”.
Destaque 
Enxergando-se a condição de saúde segundo esses três planos, compreendemos melhor porque somente em situações muito específicas a saúde resulta apenas da disponibilidade e do acesso aos serviços de saúde. Assim, o direito à saúde deveria ser entendido de forma mais abrangente do que apenas o direito ao acesso aos serviços de saúde (NARVAI et al., 2008). Nossa própria Constituição Federal de 1988, em sua seção sobre saúde (Art. 196), define-a nos seguintes termos (grifos do autor): “A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
Desse modo, surgiram vários modelos de explicação e compreensão da saúde, da doença e do processo saúde-doença, como o modelo epidemiológico baseado nos três componentes – agente, hospedeiro e meio –, considerados como fatores causais, que evoluiu para modelos mais abrangentes, como o do campo de saúde, com o envolvimento do ambiente (não apenas o ambiente físico), estilo de vida, biologia humana e sistema/serviços de saúde, numa permanente inter-relação e interdependência (GAMBA; TADINI, 2010).
Destaque 
Dessa maneira, o processo saúde-doença está diretamente atrelado à forma como o ser humano, no decorrer de sua existência, foi se apropriando da natureza para transformá-la, buscando o atendimento às suas necessidades (GUALDA; BERGAMASCO, 2004).
Dessa forma, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (1976), “a saúde deve ser entendida em sentido mais amplo, como componente da qualidade de vida, e, assim, não é um bem de troca, mas um bem comum, um bem e um direito social”, no sentido de que cada um e todos possam ter assegurado o exercício e a prática desse direito à saúde, a partir da aplicação e da utilização de toda a riqueza disponível, conhecimento e tecnologia que a sociedade desenvolveu e vem desenvolvendo nesse campo, adequados às suas necessidades, envolvendo promoção e proteção da saúde, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças. Ou seja, considerar esse bem e esse direito como componente e exercício da cidadania, compreensão esta que é um referencial e um valor básico a ser assimilado pelo poder público para o balizamento e a orientação de sua conduta, decisões, estratégias e ações. 
Em síntese, pode-se dizer, em termos de sua determinação causal, que o processo saúde-doença representa o conjunto de relações e variáveis que produzem e condicionam o estado de saúde-doença de uma população, que varia em diversos momentos históricos do desenvolvimento científico da humanidade.
O papel da equipe na atuação no processo saúde-doença 
“Trocando em miúdos”, a equipe da Estratégia Saúde da Família precisa ter consciente seu papel de educador em saúde e conjuntamente saber o resultado que quer atingir em cada situação. É recomendável o treinamento da percepção sensorial: onde focar a atenção e como modificar e ampliar os filtros para poder observar coisas que não eram percebidas anteriormente. Filtro é uma expressão utilizada em Programação Neurolinguística, que significa linguagem dos nossos pensamentos e experiências vividas, imagens internas, sons e sensações que nos dão um significado especial que fica arquivado em nosso cérebro e que nos vem à mente nas mais diversas situações. Por exemplo, nossas crenças religiosas e nosso aprendizado na área específica funcionam como filtros, levando-nos a agir dedeterminada maneira e a prestar mais atenção a algumas coisas do que a outras (O’CONNOR; SEYMOUR, 1995; ANDREAS; FAULKNER, 1995). 
Ao prestar a assistência ao indivíduo, à família ou à comunidade, há que se considerar quem é ou quem são os usuários, como se apresentam na situação de necessidade de saúde, seus direitos, deveres, valores e prerrogativas. O ser humano é complexo, e não há como abranger sua totalidade por uma única definição. Mesmo que se considere a pessoa um ser biopsicossocial e espiritual, não se consegue expressar toda a sua individualidade e singularidade. Os profissionais da saúde aprendem sobre estrutura e função humanas pelo estudo da anatomia, da fisiologia, da psicologia, da sociologia, da patologia, além das várias maneiras de assistir, de abordar e de se relacionar profissionalmente com o indivíduo, a família ou a comunidade. 
Não podemos nos esquecer de que o ambiente é o local onde a pessoa se encontra com as coisas ao seu redor que lhe exercem influências, afetando-a de várias maneiras. Por exemplo, uma família de seis, oito pessoas que habitam um único cômodo provavelmente terá conflitos, problemas que atingirão sua saúde mental; por outro lado, viver num quarto úmido, ou seja, num ambiente insalubre, provavelmente acarretará doenças como bronquite, tuberculose, etc. e, assim, uma infinidade de exemplos. 
O processo saúde-doença é um dos pontos centrais para os profissionais da saúde que buscam promover a saúde, cuidando para que as pessoas possam ter, tanto quanto possível, uma boa qualidade de vida, mesmo quando as limitações se estabelecem. Para essa relação especial com os usuários, é necessário o aprendizado do uso dos instrumentos e das tecnologias para o cuidado que compõe a formação desses profissionais. 
Como se considerou anteriormente, os profissionais se concentram nos pontos de interesse ditados por suas áreas de ação. Porém não basta a seleção desses pontos, ou ideias contrais; é necessário relacionar uns aos outros, pois dados separados pouco contribuem para o conhecimento e para a ação. No entanto, a organização dos dados torna-se possível pela utilização de modelos e teorias. 
Para qualquer ação, por mais simples que seja, temos em mente dar resposta às questões já vistas anteriormente: o que é, para quem, como, quando e onde será realizada a ação. Nesse modelo ou teoria para ação, os elementos são os conceitos que vão sendo relacionados uns aos outros, ou seja, a organização dos dados representados por ideias. Por exemplo, os profissionais da saúde vão relacionar a pessoa, seu ambiente, saúde ou doença a ações preventivas e curativas de saúde. Os conceitos são as palavras que expressam as ideias concebidas sobre a realidade.
 Refletir sobre o papel, estrutura da organização das Vigilâncias em Saúde. 
As vigilâncias em saúde se direcionam através dos princípios do SUS:
- Articulação de ações: promoção, prevenções e recuperação em saúde.
- Análise permanente dos riscos e da situação de saúde da população.
- Intervenção sobre problemas de saúde.
- Ações sobre todo o território.
Nova constituição da Vigilância em Saúde:
É constituída por:
- Vigilância Sanitária.
- Vigilância Ambiental.
- Vigilância Epidemiológica.
- Vigilância a Saúde do Trabalhador.
- Promoção em Saúde.
- Vigilância da Situação em saúde.
Coordenação das ações e responsabilidades são compartilhadas pelo Ministério da Saúde com gestores municipais e estaduais.
Ações e Responsabilidades:
- Imunização
- Endemias
- Sistema de informação
- Controle da Água
- Vigilância Sanitária
- Promoção à Saúde
- Epidemiologia
- Laboratórios de Saúde Pública
- Educação em Saúde
- Capacitação
- Zoonoses
O Sistema Nacional de Vigilância em Saúde foi recentemente definido na Portaria n. 3.252, de 22 de dezembro de 2009. Ele é coordenado nacionalmente pela Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), e tem como componentes os Subsistemas Nacionais de Vigilância Epidemiológica e em Saúde Ambiental; o Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública e os sistemas de informação, nos aspectos pertinentes à epidemiológica e ambiental; os programas de prevenção e controle de doenças de relevância em saúde pública, incluindo o Programa Nacional de Imunizações; a Política Nacional de Saúde do Trabalhador; e a Política Nacional de Promoção da Saúde. 
O Subsistema de Vigilância em Saúde Ambiental abrange ainda a vigilância em saúde do trabalhador, ou seja, também o ambiente de trabalho.
 Reconhecer as funções da Vigilância Epidemiológica.
 Discutir sobre métodos de investigação epidemiológica. (Investigação de casos e investigação de epidemias)
SANAR - Vigilância epidemiológica, que fornece dados para alimentar os sistemas de saúde e as ações sobre o problema encontrado serão mantidas enquanto os indicadores de saúde estiverem alterados.
• Existe um acompanhamento da comunidade, que é traduzido em dados de indicadores em saúde.
• São lançados os programas para que esses indicadores melhorem ou não piorem.
• Existe uma verificação constante para averiguar se os programas estão sendo efetivos.
• Caso eles melhorem os indicadores, verifica-se a necessidade de manutenção ou encerramento, caso não sejam mais necessários.
GOV-BA
“A Vigilância Epidemiológica é definida como um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.” (Lei 8.080/90)
Não existem ações de prevenção e controle de doenças que não estejam estruturadas sobre sistemas de Vigilância Epidemiológica, a qual compreende um ciclo de atividades específicas, intersetoriais e contínuas.
É atribuída à Vigilância Epidemiológica do Estado a detecção, a organização e a resposta a eventos em emergência em saúde pública; promover a redução e o controle das doenças imuno preveníveis, as transmitidas por vetores, transmissíveis e não transmissíveis, além de apoiar na logística e distribuição de imunobiológicos e insumos estratégicos do Ministério da Saúde, como também, capacitar os profissionais de saúde e subsidiar os municípios no controle de doenças e agravos em seus territórios. Tem participação determinante na formulação das políticas públicas, planos e programas de saúde, pois possui ferramentas que aparam a gestão no comportamento de um determinado agravo, estabelecendo prioridades de atuação, realizando análises e permitindo a organização dos serviços de saúde numa área geográfica ou população definida.
O estado tem o papel de coordenar, estruturar e operacionalizar o programa de imunização, cabendo aos municípios a execução das ações de vacinação. A vacina é a principal forma de combater as doenças imuno preveníveis e infectocontagiosas. Para proteger forma de combater as doenças, o Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), disponibiliza um elenco de vacinas, desde o nascimento até a terceira idade, em quatro calendários (da criança; do idoso; do adolescente e adulto, e dos povos indígenas), consideradas de interesse prioritário à saúde pública do pais.
Além da rotina (calendários), a população também é vacinada nas campanhas.
Diretoria de Vigilância Epidemiológica – DIVEP
A diretoria de Vigilância Epidemiológica tem como objetivos gerenciar e alimentar os sistemas de informação do SUS. Tem na Notificação Compulsória de Agravos seu principal instrumento, pois a partir da notificação se desencadeia o processo de informação, investigação e ação.
A informação em saúde tem por finalidade definir e coordenar a política de informação em saúde no âmbito estadual, monitorar e avaliar os Sistemas de Informação em Saúde, bem como elaborar, participar e coordenar estudos e projetos concernentes a áreas ligadas à informação em Saúde.
Sistemas de Informação:
SINAN – Os casos de doenças e agravos, que constam das listas Nacional, Estadual e Municipal de doenças de notificação compulsória, devem sernotificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação/SINAN, através da Ficha Individual de Notificação/FIN. Estes dados coletados permitem, dentre outros aspectos, o conhecimento da situação epidemiológica relativa ao caso notificado e os mecanismos de transmissão da doença. Assim possibilitam calcular a incidência e prevalência de doenças, seu grau de letalidade, o acompanhamento de tendências e identificação de áreas de riscos.
SIM – O Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) foi desenvolvido para a obtenção regular de dados sobre mortalidade no país. A partir da criação do SIM, foi possível a captação de dados sobre mortalidade, de forma abrangente, para subsidiar as diversas esferas de gestão na saúde pública. Com base nessas informações é possível realizar análise de situação, planejamento e avaliação das ações e programas na área.
SINASC – O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) foi desenvolvido visando reunir informações epidemiológicas referentes aos nascimentos informados em todo território nacional. O nascimento é um dos eventos vitais e seu monitoramento contribui para o conhecimento da situação de saúde de uma população, pois permite a construção de indicadores que subsidiam o planejamento, a gestão e a avaliação de políticas e ações de vigilância e atenção à saúde, na área da saúde materno-infantil.
(TEXTO 3)
1. PROPÓSITOS E FUNÇÕES 
A vigilância epidemiológica tem, como propósito, fornecer orientação técnica permanente para os responsáveis pela decisão e execução de ações de controle de doenças e agravos. Para subsidiar esta atividade, deve tornar disponíveis informações atualizadas sobre a ocorrência dessas doenças ou agravos, bem como dos seus fatores condicionantes, em uma área geográfica ou população determinada. A vigilância epidemiológica constitui-se, ainda, em importante instrumento para o planejamento, a organização e a operacionalização dos serviços de saúde, como também para a normatização de atividades técnicas relacionadas.
Sua operacionalização compreende um ciclo completo de funções específicas e Inter complementares que devem ser, necessariamente, desenvolvidas de modo contínuo, de modo a possibilitar conhecer, a cada momento, o comportamento epidemiológico da doença ou agravo que se apresente como alvo das ações, para que as medidas de intervenção pertinentes possam ser desencadeadas com oportunidade e eficácia.
São funções da vigilância epidemiológica: 
• coleta de dados; 
• processamento de dados coletados; 
• análise e interpretação dos dados processados; 
• recomendação das medidas de controle apropriadas; 
• promoção das ações de controle indicadas; 
• avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; 
• divulgação de informações pertinentes.
Todos os níveis do sistema de saúde têm atribuições de vigilância epidemiológica, compreendendo o conjunto das funções mencionadas. Quanto mais eficientemente essas funções forem realizadas no nível local, maior será a oportunidade com que as ações de controle tenderão a ser desencadeadas. Além disso, a atuação competente no nível local estimulará maior visão do conjunto nos níveis estadual e nacional, abarcando o amplo espectro dos problemas prioritários a serem enfrentados, em diferentes situações operacionais. Ao mesmo tempo, os responsáveis técnicos no âmbito estadual e, com maior razão, no federal, poderão dedicar-se seletivamente a questões mais complexas, emergenciais ou de maior extensão, que demandem a participação de especialistas e centros de referência, inclusive de nível internacional.
 Discutir sobre métodos de investigação epidemiológica. (Investigação de casos e investigação de epidemias)
A ocorrência de casos novos de uma doença ou agravo (transmissível ou não), passível de prevenção pelos serviços de saúde, indica que a população está sob risco, sendo que, possivelmente, uma das razões é o controle inadequado de seus fatores determinantes, por falhas na assistência à saúde e/ou das medidas de proteção. Da mesma forma, agravos inusitados à saúde podem representar ameaças que precisam ser identificadas e controladas. Impõe-se esclarecer a ocorrência destes eventos para que sejam adotadas as medidas de prevenção e controle pertinentes a cada situação. Nesta perspectiva, a Investigação Epidemiológica de Casos e Epidemias constitui-se em uma atividade obrigatória de todo Sistema Local de Vigilância Epidemiológica.
A Investigação Epidemiológica tem que ser iniciada imediatamente após a notificação de caso(s) isolado(s) ou agregados de doença/agravo, seja(m) ele(s) suspeito(s), clinicamente declarado(s), ou mesmo contato(s), para o(s) qual(is), as autoridades sanitárias considerem necessário dispor de informações complementares.
Investigação Epidemiológica é um trabalho de campo, realizado a partir de casos notificados (clinicamente declarados ou suspeitos) e seus contatos, que tem como principais objetivos: identificar fonte e modo de transmissão; grupos expostos a maior risco; fatores determinantes; confirmar o diagnóstico; e determinar as principais características epidemiológicas. O seu propósito final é orientar medidas de controle para impedir a ocorrência de novos casos.
A necessidade de uma resposta rápida, para que se possa instituir as medidas de controle, muitas vezes determina que alguns procedimentos utilizados não apresentem o rigor necessário para o estabelecimento de uma relação causal. Embora a investigação epidemiológica de campo apresente diversas características semelhantes às da pesquisa epidemiológica, distingue-se dessa por duas diferenças importantes:
• As investigações epidemiológicas de campo iniciam-se, com frequência, sem hipótese clara. Geralmente requerem o uso de estudos descritivos para a formulação de hipóteses que posteriormente serão testadas por meio de estudos analíticos, na maior parte das vezes, de caso-controle. 
• Quando ocorrem problemas agudos que implicam em medidas imediatas de proteção à saúde da comunidade, a investigação de campo deve restringir a coleta dos dados e agilizar sua análise, com vistas ao desencadeamento imediato das ações de controle.
A gravidade do evento representa um fator que condiciona a urgência no curso da investigação e na implementação de medidas de controle. Em determinadas situações, especialmente quando a fonte e o modo de transmissão já são evidentes, as ações de controle devem ser tomadas empiricamente, mesmo durante ou até mesmo antes da realização da investigação.
A orientação do tratamento dos pacientes e, principalmente, a definição e adequação das medidas de controle, que devem ser adotadas em tempo hábil, ou seja, antes que o evento atinja maiores dimensões, dependem fundamentalmente das informações coletadas durante a investigação. Esta atividade da vigilância epidemiológica deve ser entendida como um desafio para a resolução de um problema de saúde individual, de algum modo relacionado a outros indivíduos da comunidade e que, portanto, pode estar representando um sério risco para a população.
Uma investigação epidemiológica envolve também o exame do doente e de seus contatos, com detalhamento da história clínica e de dados epidemiológicos, além da coleta de amostras para laboratório quando indicada, busca de casos adicionais, identificação do(s) agente(s) infeccioso(s) se se tratar de doença transmissível, determinação de seu modo de transmissão ou de ação, busca de locais contaminados ou de vetores e identificação de fatores que tenham contribuído para a ocorrência do(s) caso(s). O exame cuidadoso do caso e de seus comunicantes é fundamental, pois, dependendo da enfermidade, pode-se identificar indivíduos em suas formas iniciais e instituir rapidamente o tratamento (com maior probabilidade de sucesso) ou proceder o isolamento, para evitar a progressão da doença na comunidade.
Dito de um modo mais esquemático, uma investigação epidemiológica de campo consiste da repetição da seguinte sequência de procedimentos, até que o objetivo e etapas acima tenham sido alcançadas:
• Consolidação e análisedas informações já disponíveis. 
• Conclusões preliminares a partir dessas informações. 
• Apresentação das conclusões preliminares e formulação de hipóteses. 
• Identificação de informações específicas necessárias à comprovação da(s) hipótese(s). 
• Obtenção das informações necessárias para testar a(s) hipótese(s). 
• Retorno ao primeiro procedimento, caso necessário.
Como já referido, às vezes é necessário iniciar a investigação, mesmo quando ainda não se tem uma hipótese clara que explique a ocorrência, quer seja de um agravo inusitado ou mesmo de uma enfermidade conhecida.
Quando da suspeita de doença transmissível, várias indagações devem ser imediatamente consideradas, dentre as quais destacam-se:
• Trata-se realmente de caso(s) da doença suspeita? - Confirmação do diagnóstico; 
• Quais são os principais atributos individuais do(s) caso(s)? - Características biológicas, ambientais e sociais; 
• A partir do quê ou de quem foi contraída a doença? - Fonte de infecção; 
• Qual a via de transmissão da fonte de infecção ao(s) doente(s)? - Modo de transmissão; 
• Outras pessoas podem ter sido infectadas/afetadas pela mesma fonte? Determinação da abrangência da transmissão;
• A quem o(s) caso(s) investigado(s) pode(m) ter transmitido a doença? Identificação de novos casos/contatos/comunicantes; 
• Quais fatores determinaram a ocorrência da doença ou podem contribuir para que o(s) caso(s) possa(m) transmitir a doença a outras pessoas? Identificação de fatores de risco; 
• O(s) doente(s) ainda pode(m) estar transmitindo a doença? Determinação do período de transmissibilidade; 
• Existe agregação espacial e/ou temporal dos casos? 
• Como evitar que a doença atinja outras pessoas ou se dissemine na população? Medidas de controle.
O profissional responsável pela investigação deve estar atento para orientar seu trabalho na perspectiva de buscar respostas às questões acima referidas. Deve entender ainda, que muitos passos desta atividade são realizados de modo simultâneo e que a ordem aqui apresentada se deve apenas a razões didáticas.
1. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS FRENTE À INVESTIGAÇÃO DE CASO(S) DE UMA DOENÇA.
Em geral, os pacientes que apresentam quadro clínico compatível com doença incluída na lista de notificação compulsória, ou algum agravo inusitado, necessitam de atenção especial tanto da rede de assistência à saúde, quanto dos serviços de vigilância epidemiológica, os quais devem ser prontamente disponibilizados.
• Assistência médica ao paciente: é a primeira providência a ser tomada objetivando reduzir as consequências do agravo para os indivíduos. Quando a doença for de transmissão pessoa a pessoa, o tratamento contribui para reduzir o risco de transmissão. Assim, de acordo com a magnitude do evento, a equipe de vigilância epidemiológica deve buscar articulação com os responsáveis pela rede de assistência à saúde, para que seja organizado o atendimento à população. 
• Qualidade da assistência: verificar se os casos estão sendo atendidos em Unidade de Saúde com capacidade para prestar assistência adequada e oportuna, de acordo com as características clínicas da doença. 
• Proteção individual: quando necessário, adotar medidas de isolamento, considerando a forma de transmissão da doença (entérico, respiratório, reverso, etc.). 
• Proteção da população: logo após suspeita diagnóstica, adotar as medidas de controle coletivas específicas para cada tipo de doença.
Os fundamentos básicos da investigação de campo são aplicados tanto para o esclarecimento de ocorrência de casos como de epidemias. Várias etapas são comuns a ambas situações, sendo que para a segunda alguns procedimentos complementares são necessários. Para facilitar o trabalho dos profissionais, apresenta-se em primeiro lugar o roteiro de investigação de casos, com as atividades que são comuns a qualquer investigação epidemiológica de campo, inclusive de epidemias. Posteriormente são descritas as etapas específicas para esta última situação.
2. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO DE CASO(S)
Neste item, encontram-se descritas, de forma sucinta, as várias etapas de uma investigação epidemiológica. Embora apresentadas em uma sequência lógica, algumas delas são desenvolvidas paralela e simultaneamente.
ETAPA 1 - COLETA DE DADOS SOBRE O(S) CASO(S)
Em geral, nas Unidades de Saúde já se encontram disponíveis formulários padronizados do SINAN (Ficha de Investigação Epidemiológica), para a maioria das doenças incluídas no sistema de vigilância epidemiológica.
Quando se tratar de evento inusitado, uma Ficha de Investigação especial deverá ser elaborada, considerando-se as características clínicas e epidemiológicas da doença/agravo suspeito.
O preenchimento desta ficha deve ser muito cuidadoso, registrando-se, com o máximo de exatidão possível, as informações de todos os seus campos. O investigador poderá acrescentar novos itens que considere relevantes. O espaço para observações deve ser utilizado para anotar informações adicionais que possam ajudar no esclarecimento do evento.
• Dados que se obtém mediante entrevista com o paciente, familiares, médicos, e outros informantes:
- Identificação do paciente: nome, idade, sexo, estado civil, profissão, local de trabalho e de residência, com ponto de referência; 
- Anamnese e exame físico: data de início dos primeiros sintomas, história da moléstia atual, antecedentes mórbidos, antecedentes vacinais, mudanças de hábitos alimentares nos dias que antecederam aos sintomas, e dados de exame físico; 
- Suspeita diagnóstica: na pendência de dados complementares para firmar o diagnóstico, devem ser formuladas as principais suspeitas e assim possibilitar a definição de medidas de controle preliminares e a solicitação de exames laboratoriais; 
- Meio ambiente: depende do tipo de doença investigada. Por exemplo, se a suspeita é de doença de veiculação hídrica, são essenciais as informações sobre sistema de abastecimento e tratamento de água, destino de resíduos líquidos, sólidos e lixo, alagamentos, chuvas; em outros casos, podem estar envolvidos insetos vetores, inseticidas e pesticidas, etc. 
- Exames laboratoriais: estes exames devem ser solicitados com vistas ao esclarecimento do diagnóstico do paciente e das fontes de contaminação, veículo de transmissão, pesquisa de vetores, conforme cada situação.
É importante salientar que, embora os exames laboratoriais sejam um importante subsídio para a conclusão diagnóstica, em muitas ocasiões não se faz necessário aguardar os seus resultados para dar início às medidas de controle.
ETAPA 2 - BUSCA DE PISTAS
Esta é uma etapa essencial da investigação epidemiológica, pois visa buscar subsídios que permitirão responder a várias das questões formuladas. Cabe ao investigador, considerando os dados já coletados nas etapas anteriores, estabelecer que outras informações são importantes para o esclarecimento do evento, sendo relevante para este raciocínio identificar:
• Fonte de contágio a exemplo de água, alimentos, ambiente insalubre, etc (Fontes de infecção); • Período de incubação do agente; 
• Modos de transmissão (respiratória, sexual, vetorial, etc.); 
• Faixa etária, sexo, raça e grupos sociais mais acometidos (Características biológicas e sociais); 
• Presença ou não de outros casos na localidade (abrangência da transmissão); 
• Possibilidade da existência de vetores ligados à transmissão da doença; 
• Fatores de risco:
- época em que ocorre (estação do ano); 
- ocupação do indivíduo; situação de saneamento na área de ocorrência dos casos (fonte de suprimento de água, destino dos dejetos e do lixo, etc.); 
- outros aspectos relevantes das condições de vida na(s) área(s) de procedência dos casos (hábitos alimentares, aspectos sócio-econômicos, etc.); 
- potenciais riscos ambientais (físicos, químicos, biológicos, etc.).
As equipes de outras áreas devem ser acionadas para troca de informações e complementação de dados a serem utilizados nas análises (parciais e final), no sentido de caracterizar o evento e orientar os passos seguintes da investigação. Ou seja, a avaliaçãodessas e de outras variáveis, em seu conjunto, fornecerão as pistas que contribuirão para a identificação do problema e a tomada de medidas necessárias ao seu controle.
ETAPA 3 - BUSCA ATIVA DE CASOS
Esta etapa tem como propósito identificar casos adicionais (secundários ou não) ainda não notificados, ou aqueles oligosintomáticos que não buscaram atenção médica e visa: 
• tratamento adequado dos casos; 
• determinar a magnitude e extensão do evento; 
• ampliação do espectro das medidas de controle.
Para isso, deve-se buscar reconhecer e proceder à investigação de casos similares no espaço geográfico onde houver suspeita da existência de contatos e/ou fonte de contágio ativa. Esta busca pode ser restrita a um domicílio, rua ou bairro, ou ser realizada em todas as unidades de saúde (Centros, Postos de Saúde, Consultórios, Clínicas Privadas, Hospitais, Laboratórios, etc.), ou ainda, ultrapassar barreiras geográficas de municípios ou estados, conforme as correntes migratórias ou características dos veículos de transmissão.
ETAPA 4 - PROCESSAMENTO E ANÁLISES PARCIAIS DOS DADOS
Na medida em que se for dispondo de novos dados/informações, deve-se sempre proceder análises parciais, a fim de se definir o passo seguinte até a conclusão da investigação e as medidas de controle tenham se mostrado efetivas. A consolidação, análise e interpretação dos dados disponíveis devem considerar as características de pessoa, tempo, lugar e os aspectos clínicos e epidemiológicos, para a formulação de hipóteses quanto ao diagnóstico clínico, fonte de transmissão, potenciais riscos ambientais; efetividade das medidas de controle adotadas até aquele momento. 
Quando a investigação não se referir a casos isolados, os dados colhidos deverão ser consolidados em tabelas, gráficos, mapas da área em estudo, fluxos de pacientes e outros. Essa disposição fornecerá uma visão global do evento, permitindo a avaliação de acordo com as variáveis de tempo, espaço e pessoas (quando? onde? quem?), possível relação causal (por que?), e deverá ser comparada com períodos semelhantes de anos anteriores. 
Uma vez processados, os dados deverão ser analisados criteriosamente. Quanto mais oportuna e adequada for a análise, maior será a efetividade desta atividade, pois orientará com mais precisão o processo de decisão-ação.
ETAPA 5 - ENCERRAMENTO DE CASOS
As Fichas Epidemiológicas de cada caso devem ser analisadas visando definir qual critério (Clínico-epidemiológico-laboratorial; clínico-laboratorial; clínico epidemiológico) foi ou será empregado para o diagnóstico final, considerando as definições de caso específicas para cada doença e que estão definidas nos capítulos específicos deste Guia.
Em situações de eventos inusitados, após a coleta dos dados dos primeiros casos, deve-se padronizar o conjunto de manifestações clínicas e evidências epidemiológicas, definindose o que será considerado como “caso”.
ETAPA 6 - RELATÓRIO FINAL
Os dados da investigação deverão ser sumarizados em um relatório que inclua a descrição do evento (todas as etapas da investigação), destacando-se: 
• Causa da ocorrência, indicando inclusive se houve falhas da vigilância epidemiológica e/ou dos serviços de saúde e quais providências foram adotadas para sua correção. 
• Se as medidas de prevenção implementadas em curto prazo estão sendo executadas. 
• Descrição das orientações e recomendações, a médio e longo prazos, a serem instituídas, tanto pela área de saúde quanto de outros setores. 
• Alerta às autoridades de saúde dos níveis hierárquicos superiores, naquelas situações que coloquem sob risco outros espaços geopolíticos.
Este documento deverá ser enviado aos profissionais que prestaram assistência médica aos casos e aos participantes da investigação clínica e epidemiológica, representantes da comunidade, autoridades locais, administração central dos órgãos responsáveis pela investigação e controle do evento.
Roteiros de investigação das principais doenças para o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica estão disponíveis nos capítulos específicos deste Guia.
3. INVESTIGAÇÃO DE SURTOS E EPIDEMIAS
Os primeiros casos de uma epidemia, em uma determinada área, sempre devem ser submetidos à investigação em profundidade. A magnitude, extensão, natureza do evento, a forma de transmissão, tipo de medidas de controle indicadas (individuais, coletivas ou ambientais), são alguns elementos que orientam a equipe sobre a necessidade de se investigar todos ou apenas uma amostra dos casos.
O principal objetivo da investigação de uma epidemia ou surto de determinada doença infecciosa, é identificar formas de interromper a transmissão e prevenir a ocorrência de novos casos.
As epidemias devem ser encaradas como experimentos naturais, cuja investigação permite a identificação de novas questões a serem objeto de pesquisas, e seus resultados poderão contribuir no aprimoramento das ações de controle.
Epidemia 
Elevação do número de casos de uma doença ou agravo, em um determinado lugar e período de tempo, caracterizando de forma clara, um excesso em relação à freqüência esperada. 
Surto 
Tipo de epidemia em que os casos se restringem a uma área geográfica pequena e bem delimitada ou a uma população institucionalizada (creches, quartéis, escolas, etc).
Em geral, quando em uma situação epidêmica o volume de casos é muito grande, torna-se necessário a formação de equipes maiores e, dependendo da complexidade da ocorrência, pode também requerer profissionais de várias áreas do conhecimento.
3.1. PLANEJAMENTO DO TRABALHO DE CAMPO
Antes de iniciar o trabalho de investigação, os profissionais da vigilância epidemiológica deverão buscar o conhecimento disponível acerca da doença que se suspeita estar causando a epidemia, e ainda:
• verificar o material e equipamentos necessários para realizar a investigação; 
• prever a necessidade de viagens, insumos e outros recursos que dependam de aprovação de terceiros para as devidas providências; 
• definir junto aos seus superiores qual o seu papel no processo de investigação (executor, assessor da equipe local, líder da investigação, etc.). 
• formação de equipes multiprofissionais se necessário. Nestes casos, o problema e as atividades específicas a serem desenvolvidas, deverão ser discutidos previamente em conjunto, bem como as respectivas atribuições. 
• A equipe deve partir para o campo com informações acerca de encaminhamento de pacientes para tratamento (unidades básicas e de maior complexidade quando indicado), material para coleta de amostras biológicas, roteiro de procedimento de coletas, procedimentos para transporte de amostras, laboratórios de referências, dentre outras.
4. ROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO DE EPIDEMIAS / SURTOS
ETAPA 1 - CONFIRMAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DA DOENÇA
Quando da ocorrência de uma epidemia, torna-se necessário verificar se a suspeita diagnóstica inicial se enquadra na definição de caso suspeito ou confirmado da doença em questão, à luz dos critérios definidos pelo sistema de vigilância epidemiológica (vide capítulos específicos deste Guia). Para isso, deve-se proceder, imediatamente, as Etapas 1 e 2 apresentadas no Roteiro de Investigação de Casos, pois os dados coletados, nestas duas etapas, servirão tanto para confirmar a suspeita diagnóstica como para fundamentar os demais passos da investigação da epidemia.
Deve-se estar atento para que, na definição de caso, não seja incluída uma exposição ou fator de risco que se deseja testar.
Em geral, no início da investigação, emprega-se uma definição de caso mais sensível, que abrange casos confirmados e prováveis (e até mesmo os possíveis), a fim de facilitar a identificação, a extensão do problema e os grupos populacionais mais atingidos, processo que pode levar a hipóteses importantes. Somente quando estas ficarem mais claras, o investigador passa a utilizar uma definição mais específica e restrita. Neste caso, por terem sido excluídos os falsos positivos, será possível testar hipóteses aplicando o instrumental da epidemiologia analítica.
Para doença incluída no Sistema de VigilânciaEpidemiológica, utiliza-se as definições padronizadas que se encontram nos capítulos específicos deste Guia. Quando se tratar de agravo inusitado, após a coleta dos dados clínicos e epidemiológicos, estabelece-se uma definição de caso com sensibilidade suficiente para identificar o maior número de suspeitos. Esta definição também poderá ser aperfeiçoada no decorrer da investigação, quando já se dispuser de mais informações sobre as manifestações clínicas da doença, área de abrangência do evento, grupos de risco, etc.
De acordo com a suspeita, um plano diagnóstico deve ser definido para orientar a coleta de material para exames laboratoriais, envolvendo, a depender da doença, amostra dos indivíduos (fezes, sangue, líquor, etc.) e do ambiente (água, vetores, mechas, etc.).
ETAPA 2 - CONFIRMAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE EPIDEMIA/SURTO
O processo da confirmação de uma epidemia ou surto envolve o estabelecimento do diagnóstico da doença e do estado epidêmico. Este último, diz respeito a uma situação dinâmica e transitória, ainda que possa ser prolongada, que se caracteriza pela ocorrência de um número infrequente de casos, em um dado momento e lugar. Considerando que frequência inusitada, tempo e lugar são aspectos fundamentais para estabelecer de modo fidedigno um estado epidêmico, torna-se imprescindível o conhecimento da frequência habitual (nível endêmico) desses casos naquele lugar. Esta confirmação é feita com base na comparação dos dados de incidência (ou número de casos) da doença no momento de ocorrência do evento investigado, com aqueles usualmente verificados na mesma população (Anexo 1).
Quando do diagnóstico de uma epidemia, é importante observar os cuidados necessários, para que seja descartada uma série de outras circunstâncias que explicar porque o número de casos da doença superou o valor esperado, tais como:
• mudanças na nomenclatura da doença; 
• mudanças no conhecimento da doença que resultem no aumento da sensibilidade diagnóstica; 
• melhoria do sistema de notificação; 
• variação sazonal; 
• implantação ou implementação de programa de saúde que resulte no aumento da sensibilidade de detecção de casos.
Uma breve análise da tendência temporal da doença deve ser realizada imediatamente, a fim de se dispor de uma síntese de sua história natural (a doença vinha apresentando tendência estacionária, ascendente, descendente ou com oscilação periódica?).
ETAPA 3 - CARACTERIZAÇÃO DA EPIDEMIA
As informações disponíveis devem ser organizadas, de forma a permitir analisar algumas características, e responder algumas questões relativas à sua distribuição no tempo, lugar e pessoa, conforme se encontram a seguir:
• Relativas ao tempo:
- Qual o período de duração da epidemia? 
- Qual o período provável de exposição? 
Como o período de incubação das doenças é variável, a curva epidêmica (representação gráfica da distribuição dos casos ocorridos durante o período epidêmico, de acordo com a data do início da doença) expressa a dispersão dos períodos de incubação individuais, em torno de uma média na qual está agrupada a maioria dos casos (ver tipos de epidemias de acordo com sua progressão no tempo, no Anexo 2). Um aspecto importante, a ser considerado na construção desta curva, é a escolha do intervalo de tempo adequado para o registro dos casos. Um critério útil, na escolha desse intervalo, é que o mesmo se situe entre 1/8 e 1/4 do período de incubação da doença em questão.
• Relativas ao lugar (distribuição espacial): 
- Qual a distribuição geográfica predominante? bairro de residência, escola, local de trabalho? ou outra?
A análise espacial permite identificar se o surto/epidemia afeta uniformemente toda a área, ou se há locais que concentram maior número de casos e de maior risco. Por exemplo, quando a distribuição apresenta uma concentração dos mesmos num determinado ponto, é sugestivo de ser a água, alimento ou outras fontes comuns, os possíveis veículos de transmissão.
• Sobre os atributos das pessoas: 
- Quais grupos etários e sexo mais atingidos? 
- Quais são os grupos, segundo sexo e idade, expostos a maior risco de adoecer? 
- Que outras características distinguem os indivíduos afetados da população geral?
A descrição dos casos deve ser feita considerando as características individuais (sexo, idade, etnia, estado imunitário, estado civil), atividades (trabalho, esporte, práticas religiosas, costumes, etc.), condições de vida (estrato social, condições ambientais, situação econômica).
A caracterização de uma epidemia é muito útil para a elaboração de hipóteses, com vistas à identificação das fontes e modos de transmissão, além de auxiliar na determinação da sua duração.
ETAPA 4 - FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES PRELIMINARES
Embora na realidade o desenvolvimento de conjecturas se dê desde o momento que se tem conhecimento da epidemia, ao se dispor das informações relativas à pessoa, tempo e lugar, torna-se possível a formulação de hipóteses mais consistentes e precisas.
As hipóteses devem ser testáveis, uma vez que esta avaliação constitui-se em uma das etapas de uma investigação epidemiológica.
Hipóteses provisórias são elaboradas com base nas informações obtidas anteriormente (análise da distribuição segundo características de pessoa, tempo e lugar), e na análise da curva epidêmica, já que esta representa um fato biológico a partir do qual pode-se extrair uma série de conclusões, tais como: 
• se a disseminação da epidemia se deu por veículo comum, por transmissão pessoa a pessoa ou por ambas as formas. 
• o provável período de tempo de exposição dos casos às fontes de infecção. 
• período de incubação. 
• provável agente causal.
Através da curva epidêmica do evento, pode-se perceber se o período de exposição foi curto ou longo, se a epidemia está em ascensão ou declínio, se tem períodos (dias, meses) de remissão e recrudescimento de casos, dentre outras. Para ilustrar, apresenta-se um exemplo no Anexo 3. 
No contexto da investigação de uma epidemia, as hipóteses são formuladas com vistas a determinar a fonte de infecção, o período de exposição dos casos à fonte de infecção, o modo de transmissão, a população exposta a um maior risco e o agente etiológico. 
De uma maneira geral, a hipótese relativa à fonte de infecção e modo de transmissão pode ser comprovada quando:
• a taxa de ataque para expostos é maior que para não expostos e a diferença entre elas é estatisticamente significante. 
• nenhum outro modo de transmissão pode determinar a ocorrência de casos, com a mesma distribuição geográfica e etária.
Caso índice - primeiro caso diagnosticado em um surto ou epidemia. 
Casos secundários - casos que surgem após contato com caso índice
Taxa de ataque = (índice no de casos novos / no total de contatos com o caso) x 100
Avaliação de hipóteses: quando as evidências epidemiológicas, clínicas, laboratoriais e ambientais são suficientes para apoiar as hipóteses, torna-se desnecessário o seu teste formal, pois, os fatos estabelecidos são suficientes. Entretanto, quando as circunstâncias são menos evidentes, deve-se lançar mão da epidemiologia analítica cuja característica principal é a utilização de um grupo de comparação. Neste caso, podem ser então empregados os estudos tipo caso-controle. Estas estratégias são também utilizadas para o refinamento de hipóteses que inicialmente não foram bem fundamentadas e ainda quando há necessidade de estudos adicionais
ETAPA 5 - ANÁLISES PARCIAIS 
Em cada uma destas etapas, cuja periodicidade é definida de acordo com a magnitude e gravidade do evento (diariamente, semanalmente, mensalmente), deve-se proceder: 
• consolidação dos dados disponíveis, de acordo com as características de pessoa, tempo e lugar; 
• análises preliminares dos dados clínicos e epidemiológicos; • discussão destas análises com outros profissionais; 
• formulação de hipóteses quanto ao diagnóstico clínico, fonte de transmissão e potenciais riscos ambientais; 
• identificação de informações adicionais, necessárias para a elucidação das hipóteses levantadas, para dar continuidade à investigação; 
•identificação de informações adicionais, necessárias para a avaliação da efetividade das medidas de controle que já estão sendo adotadas. 
• definição de outras medidas de controle, quando necessário.
ETAPA 6 - BUSCA ATIVA DE CASOS 
Busca reconhecer e proceder à investigação de casos similares no espaço geográfico onde houver suspeita da existência de contatos e/ou fonte de contágio ativa, cuja abrangência, conforme descrito na investigação de caso (Item 2), é mais ou menos ampla em função dos dados coletados nas etapas anteriores. Quando necessário, as equipes de outras áreas devem ser acionadas para troca de informações e complementação de dados, a serem utilizados nas análises (parciais e final) no sentido de caracterizar o evento e orientar os passos seguintes da investigação. 
ETAPA 7 - BUSCA DE DADOS ADICIONAIS 
Quando necessário pode-se conduzir uma investigação mais minuciosa de todos os casos ou de amostra representativa dos mesmos, visando esclarecer/fortalecer as hipóteses iniciais.
ETAPA 8 - PROCESSAMENTO E ANÁLISE FINAL 
Os dados coletados são consolidados em tabelas, gráficos, mapas da área em estudo, fluxos de pacientes, dentre outros. Essa disposição fornecerá uma visão global do evento, permitindo a avaliação, de acordo com as variáveis de tempo, espaço e pessoas (quando? onde? quem?) e a relação causal (por que?) que deverá ser comparada com períodos semelhantes de anos anteriores. 
É importante lembrar que em situações epidêmicas, além das frequências simples, é necessário o cálculo de indicadores epidemiológicos (coeficientes de incidência, letalidade e mortalidade). Uma vez processados, os dados deverão ser analisados criteriosamente. Quanto mais oportuna e adequada for a análise, maiores serão as possibilidades, para se proceder com mais precisão e sob bases firmes, o processo de decisão-ação. 
Caso as informações não sejam suficientes, para permitir concluir sobre o mecanismo causal do evento, em algumas situações deve-se proceder ou sugerir a realização de uma pesquisa epidemiológica (caso-controle, prevalência), capaz de verificar a existência de associações ou mesmo testar a(s) hipótese(s) levantada(s).
ETAPA 9 - RECOMENDAÇÕES DE MEDIDAS DE CONTROLE 
Logo após à identificação das fontes de infecção, dos modos de transmissão e da população exposta a elevado risco de infecção, deverão ser recomendadas as medidas adequadas de controle e elaborado um relatório circunstanciado, a ser amplamente divulgado a todos os profissionais de saúde. 
Na realidade, quando se conhece a fonte de um surto/epidemia, as medidas de controle devem ser imediatamente implementadas, pois este é o objetivo primordial da maioria das investigações epidemiológicas. Estas medidas podem ser direcionadas para qualquer elo da cadeia epidemiológica, quer seja o agente, fonte ou reservatórios específicos, visando a interrupção da cadeia de transmissão ou reduzir a susceptibilidade do hospedeiro. 
ETAPA 10 - RELATÓRIO FINAL 
Os dados da investigação deverão ser sumarizados em um relatório que contenha a descrição do evento (todas as etapas da investigação), incluindo tabelas e gráficos, e as principais conclusões e recomendações, das quais destacam-se: 
• situação epidemiológica atual do agravo; 
• causa da ocorrência, indicando inclusive se houve falhas da vigilância epidemiológica e/ou dos serviços de saúde e quais as providências que foram ou serão adotadas para corrigir; 
• se as medidas de prevenção implementadas a curto prazo estão sendo executadas; 
• descrição das orientações e recomendações, a médio e longo prazos a serem instituídas, tanto pela área de saúde, quanto de outros setores; 
• alerta às autoridades de saúde dos níveis hierárquicos superiores, naquelas situações que coloquem sob risco outros espaços geopolíticos.
ETAPA 11- DIVULGAÇÃO 
O relatório deverá ser enviado aos profissionais que prestaram assistência médica aos casos e aos participantes da investigação clínica e epidemiológica, representantes da comunidade, autoridades locais, administração central dos órgãos responsáveis pela investigação e controle do evento. Sempre que possível, quando se tratar de surto ou agravo inusitado, divulgar um resumo da investigação em Boletins.
5. CARACTERÍSTICAS DAS INVESTIGAÇÃO DE SURTOS DE DOENÇA TRANSMITIDA POR ALIMENTO (DTA)
Os surtos de doença transmitida por alimento (DTA) possuem algumas características que demandam procedimentos especiais. Muitas vezes é difícil estabelecer a etiologia da doença pois, em geral, estes surtos são produzidos por vários agentes etiológicos e se expressam por variadas manifestações clínicas. Por esta razão, diferentemente das outras doenças que são importantes para o Sistema de Vigilância Epidemiológica, não há definições de casos pré-estabelecidas. A notificação de casos só se torna obrigatória quando se suspeita de ocorrência de surto. 
O propósito fundamental desta investigação é determinar as circunstâncias nas quais o surto foi produzido e obter informações que possam orientar as medidas necessárias para evitar novos casos. As atividades desenvolvidas envolvem, basicamente, comensais, definição de caso, coleta de amostras clínicas, bromatológicas e toxicológicas, além da inspeção sanitária. Como em outras situações epidêmicas, os dados devem ser continuamente analisados para possibilitarem, paralelamente à investigação, a adoção de medidas de prevenção e controle (processo informação-decisão-ação).
Comensais são pessoas que participaram da mesma refeição.
O registro do DTA será feito no Formulário denominado “Inquérito Coletivo de Surto de Doença Transmitida por Alimento”, que se encontra disponível no SINAN. 
Investigações deste tipo de evento envolvem, obrigatoriamente, as Vigilâncias Epidemiológica e Sanitária, desde o primeiro momento, e na maioria das vezes profissionais de outros setores, tais como do Ministério da Agricultura, Indústria de Alimento, (empresas produtoras, fornecedoras e distribuidoras), Companhias de Abastecimento de Água, dentre outros. 
As seguintes orientações devem ser feitas no momento da notificação: 
• Evitar que os alimentos suspeitos continuem a ser consumidos ou vendidos; 
• Guardar sob refrigeração, todas as sobras de alimentos, na forma em que se encontram acondicionados, até a chegada do grupo encarregado da investigação; 
• Preservar as embalagens e respectivos acondicionamentos, quando a suspeita estiver relacionada a produtos industrializados; 
• Orientar os doentes a não se automedicar e sim, procurar o serviço de saúde.
5. 1. PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES 
Por se tratar de um evento muitas vezes grave, súbito e de curta duração, é essencial o rápido e adequado planejamento das atividades a serem desenvolvidas, logo que se tenha conhecimento da suspeita, atentando-se para: 
• avaliar o quadro clínico dos doentes, principalmente dos mais graves, para se obter informações que orientarão a hipótese diagnóstica e a terapêutica; 
• providenciar meio de transporte (se necessário), formulários, material para coleta de amostras; 
• constituir equipe que participará da investigação e discutir, conjuntamente, sobre o problema e as atividades a serem desencadeadas; 
• informar ao laboratório de referência a ocorrência do surto, para que o mesmo prepare-se para receber e processar as amostras; 
• iniciar a investigação rapidamente e coletar as amostras, antes que os doentes recebam medicação e os alimentos suspeitos sejam descartados; 
• informar ao nível hierárquico superior; 
Em surtos de grande magnitude, a investigação pode ser feita por amostragem. Na impossibilidade de realizar este procedimento, entrevistar o maior número possível de comensais.
5.2. ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO DE DTA 
A metodologia da investigação epidemiológica é a mesma apresentada para casos e epidemias, e o que se apresenta a seguir é um detalhamento de informações e procedimentos específicos, para as etapas de eventos relacionados à toxi-infecção alimentar.
ETAPAS 1 E 2
Confirmação do diagnóstico da doença e da existência do surto: diagnosticar a doença e

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