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P1 - Promocao e Prevencao Salvam Vidas

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Tutoria 2 
Palavra-Chave: P1 (22/05/2023) - Promoção e Prevenção Salvam Vidas!!!!
 
 Conceber a Vigilância em Saúde 
e seus componentes como órgãos 
estruturantes do SUS. 
Vigilância em saúde: do que estamos 
falando? 
A vigilância em saúde tem por objetivo 
a observação e análise permanentes 
da situação de saúde da população, 
articulando-se em um conjunto de 
ações destinadas a controlar 
determinantes, riscos e danos à 
saúde de populações que vivem em 
determinados territórios, garantindo-
se a integralidade da atenção, o que 
inclui tanto a abordagem individual 
como coletiva dos problemas de 
saúde. 
 
A partir da década de 1960, a vigilância 
é tomada como um instrumento para 
a Campanha de Erradicação da Varíola 
em todo o mundo. É nessa mesma 
década que a Organização Mundial da 
Saúde atribui o qualitativo 
“epidemiológico” ao termo vigilância. 
Em 1968, na 21º Assembleia Mundial da 
Saúde, há uma ampla discussão sobre 
a ampliação da vigilância no campo da 
saúde, sendo recomendado a sua 
utilização não só para monitorar as 
doenças transmissíveis, mas também 
 
as não transmissíveis e os fatores de 
risco. 
 
Quais são os componentes da 
vigilância em saúde? 
São as ações de vigilância, promoção, 
prevenção e controle de doenças e 
agravos à saúde, devendo-se 
constituir em espaço de articulação 
de conhecimentos e técnicas. O 
conceito de vigilância em saúde inclui: 
a vigilância e o controle das doenças 
transmissíveis; a vigilância das 
doenças e agravos não transmissíveis; 
a vigilância da situação de saúde, 
vigilância ambiental em saúde, 
vigilância da saúde do trabalhador e a 
vigilância sanitária. 
 
Onde devem ser desenvolvidas as 
ações da vigilância em saúde? A 
vigilância em saúde deve estar 
cotidianamente inserida em todos os 
níveis de atenção da saúde. A partir 
de suas específicas ferramentas as 
equipes de saúde da atenção primária 
podem desenvolver habilidades de 
programação e planejamento, de 
maneira a organizar os serviços com 
ações programadas de atenção à 
saúde das pessoas, aumentando-se o 
 
acesso da população a diferentes 
atividades e ações de saúde. 
 
Como buscamos a integralidade da 
vigilância com a atenção à saúde? 
A Vigilância em Saúde, visando a 
integralidade do cuidado, deve inserir-
se na construção das redes de 
atenção à saúde, coordenadas pela 
Atenção Primária à Saúde. 
 
A integração entre a Vigilância em 
Saúde e a Atenção Primária à Saúde é 
condição obrigatória para a 
construção da integralidade na 
atenção e para o alcance dos 
resultados, com desenvolvimento de 
um processo de trabalho condizente 
com a realidade local, que preserve as 
especificidades dos setores e 
compartilhe suas tecnologias, tendo 
por diretrizes: 
I – Compatibilização dos territórios de 
atuação das equipes, com a gradativa 
inserção das ações de vigilância em 
saúde nas práticas das equipes da 
Saúde da Família; 
II – Planejamento e programação 
integrados das ações individuais e 
coletivas; 
III – Monitoramento e avaliação 
integrada; 
IV – Reestruturação dos processos 
de trabalho com a utilização de 
dispositivos e metodologias que 
favoreçam a integração da vigilância, 
prevenção, proteção, promoção e 
atenção à saúde, tais como linhas de 
cuidado, clínica ampliada, apoio 
matricial, projetos terapêuticos e 
protocolos, entre outros; 
V – Educação permanente dos 
profissionais de saúde, com 
abordagem integrada nos eixos da 
clínica, vigilância, promoção e gestão. 
 
As ações de Vigilância em Saúde, 
incluindo-se a promoção da saúde, 
devem estar inseridas no cotidiano 
das equipes de Atenção Primária – 
Saúde da Família, com atribuições e 
responsabilidades definidas em 
território único de atuação, 
integrando os processos de trabalho, 
planejamento, monitoramento e 
avaliação dessas ações. 
 
Como fortalecer as ações de 
vigilância em saúde junto às equipes 
de saúde da família? Uma das 
estratégias indutoras é a 
incorporação do agente de combate 
às endemias (ACE), ou dos agentes 
que desempenham essas atividades, 
mas com outras denominações, na 
atenção primária junto às equipes de 
saúde da família, sendo agregadas 
ações como controle ambiental, 
endemias, zoonoses e controle de 
riscos e danos à saúde. A 
incorporação do ACE nas equipes de 
saúde da família pressupõe a 
reorganização dos processos de 
trabalho, com integração das bases 
territoriais dos agentes comunitários 
de saúde e do agente de combate às 
endemias, com definição de papéis e 
responsabilidades, e a supervisão dos 
ACE pelos profissionais de nível 
superior da equipe de saúde da família. 
A Portaria n° 1.007/GM/MS, de 4 de 
maio de 2010, define critérios para 
regulamentar a incorporação do 
Agente de Combate às Endemias – 
ACE ou dos agentes que 
desempenham essas atividades, mas 
com outras denominações, na 
atenção primária à saúde para 
fortalecer as ações de vigilância em 
saúde junto às equipes de Saúde da 
Família. 
 
Quais são as ações de cada 
componente da vigilância em saúde? 
A vigilância epidemiológica é um 
“conjunto de ações que proporciona o 
conhecimento, a detecção ou 
prevenção de qualquer mudança nos 
fatores determinantes e 
condicionantes da saúde individual ou 
coletiva, com a finalidade de se 
recomendar e adotar as medidas de 
prevenção e controle das doenças ou 
agravos”. 
Seu propósito é fornecer orientação 
técnica permanente para os que têm 
a responsabilidade de decidir sobre a 
execução de ações de controle de 
doenças e agravos. 
Tem como funções, dentre outras: 
coleta e processamento de dados; 
análise e interpretação dos dados 
processados; divulgação das 
informações; investigação 
epidemiológica de casos e surtos; 
análise dos resultados obtidos; e 
recomendações e promoção das 
medidas de controle indicadas. 
A vigilância da situação de saúde 
desenvolve ações de monitoramento 
contínuo do país /estado /região 
/município /território, por meio de 
estudos e análises que revelem o 
comportamento dos principais 
indicadores de saúde, priorizando 
questões relevantes e contribuindo 
para um planejamento de saúde mais 
abrangente. 
A vigilância em saúde ambiental visa 
ao conhecimento e à detecção ou 
prevenção de qualquer mudança nos 
fatores determinantes e 
condicionantes do ambiente que 
interferiram na saúde humana; 
recomendar e adotar medidas de 
prevenção e controle dos fatores de 
risco, relacionados às doenças e 
outros agravos à saúde, 
prioritariamente a vigilância da 
qualidade da água para consumo 
humano, ar e solo; desastres de 
origem natural, substâncias químicas, 
acidentes com produtos perigosos, 
fatores físicos, e ambiente de 
trabalho. 
A vigilância em saúde do trabalhador 
caracteriza-se por ser um conjunto 
de atividades destinadas à promoção 
e proteção, recuperação e 
reabilitação da saúde dos 
trabalhadores submetidos aos riscos e 
agravos advindos das condições de 
trabalho. 
A vigilância sanitária é entendida como 
um conjunto de ações capazes de 
eliminar, diminuir ou prevenir riscos à 
saúde e de intervir nos problemas 
sanitários decorrentes do meio 
ambiente, na produção e circulação 
de bens e na prestação de serviços 
de interesse da saúde. Abrange o 
controle de bens de consumo que, 
direta ou indiretamente, se 
relacionem com a saúde, 
compreendidas todas as etapas e 
processos, da produção ao consumo; 
e o controle da prestação de 
serviços que, direta ou indiretamente, 
se relacionam com a saúde. 
Outro aspecto fundamental da 
vigilância em saúde é o cuidado 
integral com a saúde das pessoas por 
meio da promoção da saúde. Essa 
política objetiva a promover a 
qualidade de vida, empoderando a 
população para reduzir a 
vulnerabilidade e os riscos à saúde 
relacionados aos seus determinantes 
e condicionantes – modos de viver, 
condições de trabalho, habitação, 
ambiente, educação, lazer, cultura e 
acesso a bens e serviços essenciais. 
As ações específicas são voltadas 
para: alimentação saudável, prática 
corporal/atividade física, prevenção e 
controledo tabagismo, redução da 
morbimortalidade em decorrência do 
uso de álcool e outras drogas, 
redução da morbimortalidade por 
acidentes de trânsito, prevenção da 
violência e estímulo à cultura da paz, 
além da promoção do 
desenvolvimento sustentável. 
 
Como o SUS se organiza para 
enfrentar as emergências em saúde 
pública? Para o enfrentamento das 
emergências em saúde pública nas 
diferentes esferas de gestão, o 
sistema de saúde conta com uma 
rede integrada de unidades de alerta 
e resposta, denominada Rede de 
Alerta e Resposta às Emergências em 
Saúde Pública (Rede Cievs), e tem 
como objetivo a detecção das 
emergências, a avaliação contínua de 
problemas que possam constituir 
emergências de saúde publica e o 
gerenciamento, coordenação e apoio 
às respostas desenvolvidas nas 
emergências. 
O Sistema Nacional de Vigilância 
Sanitária, dentro do seu campo de 
competência, detecta emergências 
em saúde pública e define ações de 
intervenção, por intermédio de: 
I – Rede de Comunicação em Visa 
(RCvisa), que notifica surtos 
relacionados a alimentos; 
II – Farmácias Notificadoras, que 
comunicam eventos adversos e 
queixas técnicas em relação ao 
consumo de medicamentos; 
III – Hospitais-sentinela, que 
comunicam eventos adversos e 
queixas técnicas relacionados a 
produtos e equipamentos de saúde; 
IV – Notivisa, que notifica eventos 
adversos e queixas técnicas 
relacionados com os produtos sob 
vigilância sanitária, quais sejam: 
a) medicamentos, vacinas e 
imunoglobulinas; 
b) artigos médico-hospitalares; 
c) equipamento médico-hospitalar; 
d) sangue e componentes; 
e) agrotóxicos; 
V – Centro de Informações 
Toxicológicas, que notifica 
intoxicações e envenenamentos; 
VI – postos da Anvisa em portos, 
aeroportos e fronteiras, que 
notificam eventos relacionados a 
viajantes, meios de transporte e 
produtos; 
VII – Rede Nacional de Investigação de 
Surtos em Serviços de Saúde 
(RENISS), com estrutura técnico 
operacional para investigar e 
interromper surtos em serviços de 
saúde. 
 
A vigilância em saúde e o 
planejamento 
A vigilância em saúde detém 
conhecimentos e metodologias que 
auxiliam a gestão para o 
conhecimento da realidade, 
identificação de problemas, 
estabelecimento de prioridades de 
atuação e melhor utilização dos 
recursos em busca de resultados 
efetivos, fundamentais para a 
elaboração do planejamento. 
A análise da situação de saúde 
permite a identificação, descrição, 
priorização e explicação dos 
problemas de saúde da população, por 
intermédio da: 
• caracterização da população: 
variáveis demográficas (número de 
habitantes com distribuição por sexo, 
idade, local de residência, fluxos de 
migração, etc.); variáveis 
socioeconômicas (renda, inserção no 
mercado de trabalho, ocupação, 
condições de vida, etc.); variáveis 
culturais (grau de instrução, hábitos, 
comportamentos, etc.); 
• caracterização das condições de 
vida: ambientais (abastecimento de 
água, coleta de lixo e dejetos, 
esgotamento sanitário, condições de 
habitação, acesso a transporte, 
segurança e lazer); características 
dos sujeitos (nível educacional, 
inserção no mercado de trabalho, tipo 
de ocupação, nível de renda, formas 
de organização social, religiosa e 
política); 
• caracterização do perfil 
epidemiológico: indicadores de 
morbidade; indicadores de mortalidade; 
• descrição dos problemas: O quê? 
(problema); Quando? (atual ou 
potencial); Onde? (territorialização); 
Quem? (que indivíduos ou grupos 
sociais). 
 
 
 Detectar a importância do 
conhecimento da história natural da 
doença e mecanismos de 
transmissão das doenças 
infecciosas com potencial 
epidêmico. 
A história natural de uma doença é 
uma descrição, ou seja, algo que 
possui uma evolução, do processo de 
adoecimento de um indivíduo até sua 
cura ou morte. Trata-se de um 
estudo que acaba sendo um 
instrumento necessário, pois aponta 
quais métodos podem ser utilizados 
na prevenção e no controle. Nessa 
tarefa, podemos dizer que a visão de 
unicausalidade da doença é 
desconsiderada, pois para a história 
natural da doença existem vários 
fatores na causa de uma doença, ou 
seja, sua origem e determinação é 
multicausal. A história natural da 
doença é todo tipo de interação 
entre três elementos: 
 
 
 
 
 
 
É importante levar em consideração 
também as características do meio 
ambiente que facilitam o estímulo 
patológico, passando pela resposta do 
homem ao estímulo e pelas 
alterações consequentes da 
enfermidade, recuperação ou morte. 
A cada um dos elementos é apontado 
um conjunto de características. 
 
Vejamos o exemplo da história natural 
da sífilis, dos autores Leavell e Clarck: 
 
 
 
 
 
 
Quando a defesa do organismo do 
homem é baixa, há certas doenças 
que podem contaminá-lo facilmente. 
Um indivíduo que não tem o cuidado 
de se proteger ao ter relação sexual 
ou que tem relação com diversos 
parceiros sem proteção, que sai com 
prostitutas e não toma os devidos 
cuidados, que não é fiel à esposa ou 
ao marido tem mais risco de contrair 
doenças sexualmente transmissíveis, 
seja ela sífilis, Aids ou qualquer outra. 
É importante dizer que, na expressão 
“história natural da doença”, a palavra 
“natural” refere-se ao lado biológico 
da doença. Ela não deve ser 
considerada como oposição ou até 
mesmo como uma negação à questão 
histórica/ social da doença. Na 
verdade, aqui o natural (biológico) e o 
social têm, cada um, seu papel e não 
se excluem. 
Dizendo de outra maneira, para 
definirmos quais são os atos 
preventivos em relação a uma 
determinada enfermidade, é preciso 
estar ciente de alguns aspectos: 
• os fatores de risco que contribuem 
para que a doença aconteça; 
• os sintomas que um indivíduo com 
determinada doença pode apresentar; 
• como se manifesta a evolução da 
doença ao longo do tempo. 
 
Conhecendo esses aspectos, fica 
mais fácil traçar um plano de 
combate e prevenção à doença. Mas 
o conceito de história natural da 
doença ainda não está terminado! 
Existem duas fases importantes, que 
conheceremos a seguir. 
 
Fases da história natural da doença 
A história natural da doença possui 
dois períodos, que acontecem de 
forma subsequente: 
• período epidemiológico; 
• período patológico. 
 
Durante a fase epidemiológica, 
conhecida também como pré-
patológica, a doença ocorre quando 
há uma ruptura no equilíbrio da saúde 
do hospedeiro, que acaba sendo 
influenciada pelos determinantes que 
contribuem para que a doença 
aconteça, especialmente quando o 
hospedeiro está exposto a certos 
riscos, como os que vimos na aula 
passada. 
O período patológico vem a seguir, 
quando: 
• já ocorreu a contaminação e a 
doença já se desenvolveu; 
• os sintomas da doença começam a 
se manifestar; 
• o corpo começa a sofrer com as 
perturbações causadas pelo 
hospedeiro. 
 
Se não houver tratamento durante a 
fase do desenrolar fisiopatológico e 
clínico da doença, o quadro da 
enfermidade pode evoluir para 
sequelas permanentes ou até a 
morte. 
 
Mas antes, devemos lembrar que os 
determinantes que influenciam a 
contaminação de um indivíduo não 
possuem uma única causa, nem ela é 
determinada por um único fator. A 
contaminação ocorre por um 
agregado de condições e influências, 
que são sociais, econômicas, 
ambientais, políticas ou culturais, como 
vimos na aula anterior sobre o 
processo saúde-doença. Sendo assim, 
dentro do nosso exemplo, seguem as 
condições e influências, e de que tipo 
são: 
• fator cultural: desmame precoce 
etc. 
• fator social, político e econômico: 
baixo poder aquisitivo etc. 
• fator ambiental: uso de água 
contaminada etc. 
 
E qual a relação desses fatores com 
a diarreia? O desmame precoce deixa 
o bebê desprotegido, já o leite 
materno imuniza o bebê contra 
muitas doenças. 
 
Caso a família não tenha condições 
financeiras de comprar alimentos 
como frutas, carne, legumes, por 
exemplo, ou não tenha tido acesso a 
educação de qualidade, que é uma 
questão social, ela terá seus hábitos 
de higienecotidianos afetados. Afinal, 
sabemos como é importante o hábito 
de lavar as mãos antes das refeições 
ou após usar o banheiro. E muitas 
vezes, algumas pessoas não 
aprenderam a ter esse hábito, uma 
questão de educação ou de cultura. 
 
Na zona rural, por exemplo, muitas 
vezes é utilizada a água de rios, que 
pode estar contaminada por lixo ou 
dejetos. 
Esses são apenas exemplos para você 
entender melhor a influência de cada 
fator, que pode ser um risco, mas 
não é o único. 
Assim, vemos que é importante 
conhecer a forma pela qual as 
doenças se manifestam, quando nos 
baseamos nos fatores que as 
provocam, para que possamos tomar 
as atitudes corretas na hora do 
tratamento e da prevenção. 
 
 
A epidemiologia se desenvolveu a 
partir do estudo dos surtos de 
doenças transmissíveis e da interação 
entre agentes, vetores e 
reservatórios. A descrição das 
circunstâncias associadas ao 
aparecimento de epidemias nas 
populações humanas – guerra, 
migração, fome e desastres naturais 
–, tem aumentado a capacidade de 
controlar a dispersão das doenças 
transmissíveis através da vigilância, 
prevenção, quarentena e tratamento. 
As doenças transmissíveis são uma 
ameaça à saúde dos indivíduos e têm 
potencial de ameaçar a segurança 
das populações. Enquanto os países 
em desenvolvimento continuam a 
lutar contra as doenças 
transmissíveis, as mortes por doenças 
crônicas estão aumentando 
rapidamente, especialmente nos 
centros urbanos. Apesar de os países 
desenvolvidos terem 
proporcionalmente menor mortalidade 
por doenças transmissíveis, eles ainda 
sofrem com a morbidade elevada por 
este tipo de doença. Por exemplo, nos 
países desenvolvidos, as infecções do 
trato respiratório superior causam 
mortalidade importante apenas nos 
grupos etários extremos (crianças e 
idosos). Entretanto, a morbidade 
associada é substancial e afeta todos 
os grupos etários (Figura 7.2). O uso 
de métodos epidemiológicos na 
investigação e controle das doenças 
transmissíveis ainda é um desafio 
para os profissionais de saúde. As 
investigações devem ser feitas 
rápida e frequentemente com 
recursos limitados. 
As consequências de uma 
investigação de sucesso são 
recompensadoras, mas a falha em 
agir efetivamente pode ser perigosa. 
Na pandemia de AIDS, 25 anos de 
estudos epidemiológicos ajudaram a 
caracterizar o agente, o modo de 
transmissão e os meios efetivos de 
prevenção. Entretanto, apesar desse 
conhecimento, em 2006 a estimativa 
da prevalência global de HIV foi de 
38,6 milhões de casos, com 3 milhões 
de óbitos a cada ano. 
 
Modo de transmissão do agente: 
O modo de transmissão é a forma 
em que o agente infeccioso se 
transporta do reservatório ao 
hospedeiro. 
Os principais mecanismos são os 
seguintes: 
1. Transmissão direta: é a 
transferência direta do agente 
infeccioso por uma porta de entrada 
para que se possa efetuar a 
infecção. É denominada também 
transmissão de pessoa a pessoa. Isso 
pode acontecer através da dispersão 
de gotículas (gotas de flugge ou 
perdigotos) nas conjuntivas ou nas 
membranas mucosas do nariz ou da 
boca ao espirrar, tossir, cuspir, falar 
ou cantar, e pelo contato direto 
como tocar, beijar, ou ter relações 
sexuais. No caso das micoses 
sistemáticas, a transmissão ocorre 
por exposição direta de tecido 
suscetível a um agente que vive 
normalmente sob a forma saprófita 
no solo. 
2. Transmissão indireta: a. Mediante 
veículos de transmissão ou fômioes: 
através de objetos ou materiais 
contaminados, tais como brinquedos, 
lenços, instrumentos cirúrgicos, água, 
alimentos, leite, produtos biológicos, 
incluindo soro e plasma. O agente 
pode ou não ter se multiplicado ou 
desenvolvido no veículo antes de ser 
transmitido. 
 
Mecânico: é o simples traslado 
mecânico do agente infeccioso por 
meio de um inseto terrestre ou 
voador, seja por contaminação de 
suas patas ou tromba ou pela 
passagem em seu trato intestinal, 
sem multiplicação ou desenvolvimento 
cíclico do micro-organismo. 
Biológico: o agente necessariamente 
deve propagar-se (multiplicar-se), 
desenvolver-se ciclicamente ou 
ambos (ciclopropagação) no 
artrópode-vetor antes que possa 
transmitir a forma infectante ao ser 
humano. O artrópode torna-se 
infectante somente depois que o 
agente passa por um período de 
incubação (extrínseco) depois da 
infecção. O agente infeccioso pode 
transmitir em forma vertical 
(transmissão transovariana) às 
gerações sucessivas do vetor, bem 
como aos estágios sucessivos do 
ciclo biológico (transmissão 
transestadial) do vetor, como a 
passagem da crisálida à fase adulta. A 
transmissão pode ocorrer através da 
saliva durante a picada (como na 
malária, dengue e febre amarela), por 
regurgitação (como na peste) ou ao 
depositar sobre a pele os agentes 
infecciosos com a defecação do 
artrópode vetor (como na doença de 
Chagas e no tifo exantemático e 
murino), que podem entrar pela ferida 
da picada ou ao coçar-se. 
a) Através do ar: é a disseminação 
de aerossóis microbianos 
transportados por uma porta de 
entrada apropriada, geralmente 
o trato respiratório. Os 
aerossóis microbianos são 
suspensões aéreas de partículas 
constituídas total ou 
parcialmente por micro-
organismos. As partículas com 
diâmetro de 1 a 5 micros 
chegam facilmente aos alvéolos 
do pulmão e lá permanecem. 
Também podem permanecer em 
suspensão no ar durante longos 
períodos; algumas mantêm sua 
infectividade e/ou virulência e 
outras a perdem. As partículas 
de tamanho maior se precipitam, 
o que pode dar origem a uma 
transmissão direta. As principais 
partículas são 
Núcleos goticulares: são os 
pequenos resíduos da evaporação 
de gotículas de flugge ou 
perdigotos emitidas por um 
hospedeiro infectado. Esses 
núcleos goticulares também podem 
formar-se por aparelhos 
borrifadores diversos, em 
laboratórios microbiológicos, em 
abatedouros industriais, salas de 
autópsias, etc. e geralmente se 
mantêm em suspensão no ar 
durante um tempo prolongado. 
Pó: pequenas partículas de dimensões 
variáveis que podem proceder do solo 
(geralmente inorgânicas ou esporos 
de fungos separados do solo seco 
pelo vento ou agitação mecânica), 
vestidos, roupas de cama e pisos 
contaminados. 
 
Portas de eliminação ou de saída do 
agente: O caminho pelo qual um 
agente infeccioso sai do seu 
hospedeiro é, geralmente, denominado 
como porta de saída. As principais são: 
- Respiratórias: as doenças que 
utilizam esta porta de saída são as de 
maior difusão e as mais difíceis de 
controlar (tuberculose, influenza, 
sarampo, etc). 
- Genitourinárias: leptospirose, sífilis, 
AIDS, gonorréia e outras doenças de 
transmissão sexual. 
- Digestivas: próprias da febre tifóide, 
hepatite A e E, cólera e amebíase. 
- Pele: através de contato direto 
com lesões superficiais, como na 
varicela, herpes zoster e sífilis. Por 
picadas, mordidas, perfuração por 
agulha ou outro mecanismo que tenha 
contato com sangue infectado, como 
na sífilis, doença de Chagas, malária, 
leishmaniose, febre amarela, hepatite 
B, etc. 
- Placentária: em geral, a placenta é 
uma barreira efetiva de proteção do 
feto contra infecções da mãe; no 
entanto, não é totalmente efetiva 
para alguns agentes infecciosos 
como os da sífilis, rubéola, 
toxoplasmose, AIDS e doença de 
Chagas. 
 
Portas de entrada no hospedeiro: As 
portas de entrada de um germe no 
novo hospedeiro são basicamente as 
mesmas usadas para a saída do 
hospedeiro prévio. Por exemplo, nas 
doenças respiratórias, a via aérea é 
utilizada como porta de saída e porta 
de entrada entre as pessoas. Em 
outras doenças, as portas de saída e 
de entrada podem ser diferentes. 
Como exemplo, nas intoxicações 
alimentares por estafilococos, o 
agente é eliminado através de uma 
lesão aberta da pele e entra no novo 
hospedeiro através de alimentos 
contaminados com secreção da lesão. 
 
 Interpretar o processo de 
definição da Lista Nacional de 
agravos/doenças de notificação 
compulsória debatendo os 
instrumentos indispensáveis no 
exercícioda medicina. 
O Sistema de Informação de Agravos 
de Notificação (Sinan) tem como 
objetivo coletar, transmitir e 
disseminar dados gerados 
rotineiramente pelo Sistema de 
Vigilância Epidemiológica das três 
esferas de governo, por intermédio 
de uma rede informatizada, para 
apoiar o processo de investigação e 
dar subsídios à análise das 
informações de vigilância 
epidemiológica das doenças de 
notificação compulsória. 
 
ATRIBUIÇÕES DAS TRÊS ESFERAS DE 
GOVERNO 
As atribuições das três esferas de 
governo com relação à gestão, à 
estruturação e à operacionalização 
do Sistema de Informação 
Epidemiológica Informatizada, a fi m 
de garantir a alimentação permanente 
e regular de dados nacionais, 
estaduais e municipais, foram defi 
nidas pela Portaria MG/MS n.º 1.399 
(BRASIL, 1999) e Portaria GM/MS n.º 95 
(BRASIL, 2001) e Instrução Normativa 
SVS/MS n.º 2 (BRASIL, 2005) A seguir, 
apresentamos de forma 
sistematizada essas atribuições: 
 
2.1 UNIÃO 
Compete à SVS/MS, como gestora 
nacional do Sinan: 
I. estabelecer diretrizes e 
normas técnicas para o 
Sinan; 
II. II. prestar apoio técnico às 
unidades federadas para 
utilização e operacionalização 
do Sinan; 
III. estabelecer fl uxos e prazos 
para o envio de dados pelo 
nível estadual; 
IV. atualizar e fornecer as 
versões do Sinan e os 
modelos de instrumentos de 
coleta de dados para as 
unidades federadas; 
V. coordenar a seleção dos 
códigos correspondentes aos 
agravos de interesse 
estadual e municipal, segundo 
a Classifi cação Internacional 
de Doenças – CID 10; 
VI. consolidar os dados 
provenientes das unidades 
federadas; 
VII. informar às unidades 
federadas a ocorrência de 
casos de notificação 
compulsória, detectados em 
países que fazem fronteira 
com o Brasil, ou a ocorrência 
de surtos ou epidemias, com 
risco de disseminação no país; 
 
 
(pdf) 
 
 Explicar definições/conceitos de 
emergência em saúde pública, 
doenças emergentes e 
reemergentes, saúde única e 
principais instrumentos de 
classificação e avaliação de 
resposta para esses eventos. 
INTRODUÇÃO 
 
Com a evolução tecnológica na área 
de saúde, esperava-se que as 
doenças infecciosas transmissíveis 
como malária, dengue, tuberculose e 
hanseníase reduzissem sua 
importância como causa de morbidade 
e mortalidade das populações. A 
transição demográfica, representada 
pela queda da mortalidade e natalidade 
e aumento da expectativa de vida das 
populações humanas, também 
contribuiria para a mudança. 
Gradativamente, agravos de natureza 
infecciosa seriam substituídos por 
doenças crônicas não-transmissíveis 
e causas externas no cenário 
epidemiológico, completando a 
chamada transição epidemiológica 
(BOULOS, 2001; LUNA, 2002; BRASIL, 
2008). A emergência da AIDS na 
década de 80 foi o primeiro alerta 
contra esta expectativa de fim da 
era das doenças infecciosas. 
 
Ao longo dos últimos anos, tem-se 
verificado que os mesmos 
determinantes que, acreditava-se, 
iriam reduzir as doenças infecciosas, 
também podem atuar na direção 
inversa, propiciando o surgimento e a 
disseminação de novas e velhas 
doenças infecto-parasitárias. Um 
exemplo é o da urbanização acelerada 
favorecendo o ressurgimento da 
dengue na região das Américas (LUNA, 
2002). 
 
A identificação de novos agentes 
infecciosos e o ressurgimento de 
doenças que se considerava 
controladas levam as "doenças 
emergentes e reemergentes" a 
figurarem hoje, ao lado dos efeitos 
do envelhecimento populacional e da 
violência urbana, como centro das 
atenções de profissionais da saúde, 
acadêmicos, gestores, agentes e 
atores de políticas públicas, das 
instituições governamentais ou não, 
nacionais ou internacionais. 
 
DOENÇAS INFECCIOSAS 
EMERGENTES E REEMERGENTES 
 
"Doença emergente" é o surgimento 
ou a identificação de um novo 
problema de saúde ou um novo 
agente infeccioso como, por exemplo, 
a febre hemorrágica pelo vírus Ebola, 
a AIDS, a hepatite C, a encefalite 
espongiforme (doença da vaca louca) 
ou microorganismos que só atingiam 
animais e que agora afetam também 
seres humanos como o vírus da 
Febre do Nilo Ocidental, o hantavírus e 
o vírus da influenza aviária (A/H5N1). 
No caso da Influenza H5N1, desde os 
primeiros registros de infecção 
humana por este vírus de aves, em 
1997, a comunidade internacional está 
em alerta para o risco potencial de 
uma nova Pandemia de Gripe em 
populações humanas (BRASIL, 2006 e 
2008). 
 
A elevada letalidade da infecção 
justifica o monitoramento da 
circulação do vírus e de seu impacto 
em humanos, embora a maior parte 
dos casos relatados tenha decorrido 
de estreito contato entre aves e 
pessoas, e não haja ainda condições 
moleculares para a transmissão 
eficiente deste vírus de pessoa a 
pessoa. 
 
Já as "doenças reemergentes" 
indicam mudança no comportamento 
epidemiológico de doenças já 
conhecidas, que haviam sido 
controladas, mas que voltaram a 
representar ameaça à saúde humana. 
Inclui-se aí a introdução de agentes já 
conhecidos em novas populações de 
hospedeiros suscetíveis. Na história 
recente do Brasil, por exemplo, 
registra-se o retorno da dengue e do 
cólera e a expansão da leishmaniose 
visceral (BOULOS, 2001; BRASIL, 2008). 
 
Segundo WALDMANN (1998) e LUNA 
(2002), as doenças infecciosas 
emergentes e reemergentes, de uma 
maneira geral, estão associadas aos 
seguintes fatores: 
- modelos de desenvolvimento 
econômico determinando alterações 
ambientais, migrações, processos de 
urbanização sem adequada 
infraestrutura urbana, grande obras 
como hidrelétricas e rodovias; 
- fatores ambientais como 
desmatamento, mudanças climáticas 
(aquecimento global), secas e 
inundações; 
- aumento do intercâmbio 
internacional, que assume o papel de 
"vetor cultural" na disseminação das 
doenças infecciosas; 
- incorporação de novas tecnologias 
médicas, com uso disseminado de 
procedimentos invasivos; 
- ampliação do consumo de alimentos 
industrializados, especialmente os de 
origem animal; 
- desestruturação/inadequação dos 
serviços de saúde e/ou 
desatualização das estratégias de 
controle de doenças; 
- aprimoramento das técnicas de 
diagnóstico, possibilitando diagnósticos 
etiológicos mais precisos; 
- processo de evolução de 
microrganismos: mutações virais, 
emergência de bactérias resistentes. 
 
Todos esses fatores podem 
favorecer o aparecimento de novas 
doenças e alteração no 
comportamento epidemiológico de 
doenças antigas, tornando o quadro 
sanitário mais complexo do que a idéia 
de uma transição epidemiológica, 
pensada como simples sucessão de 
fases decorrentes, 
fundamentalmente, do processo de 
envelhecimento populacional e 
desenvolvimento científico, fazia 
supor (LUNA, 2002). 
 
No Brasil, o modelo da transição 
epidemiológica nunca foi aplicável com 
perfeição. Em que pese uma 
marcante diminuição do peso relativo 
das doenças infecciosas e 
parasitárias enquanto causa de 
morbimortalidade - principalmente 
secundário à redução das doenças 
imunopreveníveis e das diarréias - 
persistem marcadas desigualdades 
regionais e sociais no país, e 
subpopulações nas quais os perfis de 
mortalidade pouco se alteraram nas 
últimas décadas (LUNA, 1998). A 
tuberculose pulmonar, por exemplo, 
que apresenta prevalência importante, 
já foi considerada reemergente. 
Entretanto, estudos especializados 
apontam para uma doença que 
apenas permaneceu em nosso meio 
(RUFFINO-NETTO, 1997), sem declinar 
significantemente, e com incidência 
elevada especialmente após o 
advento da AIDS. 
 
A AIDS, a dengue e as infecções por 
bactérias resistentes a 
antimicrobianos - responsáveis pela 
elevada mortalidade por infecções 
hospitalares - são exemplos da 
modificação do comportamento das 
doenças infecciosas no mundo 
moderno (WALDMANN, 1998). Se no 
passado as doenças infecciosas eram 
majoritariamente associadas às más 
condições socioeconômicas, ao 
saneamento básico deficiente, às 
condições precárias de higiene e ao 
baixo nível de instrução, agora, com o 
surgimento ou recrudescimentode 
novas e velhas doenças, novos 
padrões de ocorrência também 
emergem, fruto da interação entre 
seus agentes, do ambiente e da 
vulnerabilidade populacional. 
 
No Rio Grande do Sul, a coexistência 
de doenças crônicas e agravos 
decorrentes de violência com 
doenças infecciosas também ocorre. 
Apesar da redução do peso das 
doenças infecciosas na 
morbimortalidade, persiste 
endemicidade para a hepatite C, 
leptospirose, tuberculose e AIDS. 
Adicionalmente registram-se surtos 
de doenças como psitacose, casos de 
síndrome cardiopulmonar por 
hantavírus secundários à exposição a 
roedores, casos autóctones de 
esquistossomose, leishmaniose 
tegumentar americana, febre 
maculosa brasileira, dengue (BERCINI et 
al., 2007; RIO GRANDE DO SUL, 2006) e 
agora, possivelmente, febre amarela. 
 
As doenças infecciosas, com isto, 
retomam espaço na agenda de 
prioridades em Saúde Pública. 
 
DESAFIOS FRENTE ÀS DOENÇAS 
EMERGENTES E REEMERGENTES 
 
Para o enfrentamento das doenças 
emergentes e reemergentes o 
fortalecimento da vigilância 
epidemiológica, especialmente no que 
diz respeito à sua capacidade de 
detecção precoce, tem um papel 
fundamental. Médicos, enfermeiros, 
médicos veterinários, e demais 
profissionais da assistência devem ser 
capacitados para identificar casos 
suspeitos e auxiliar no processo de 
investigação e desencadeamento das 
medidas de controle. 
 
Epidemiologistas devem estar 
qualificados para realizar 
investigações de campo e monitorar 
o comportamento das doenças em 
indivíduos e populações, além de 
disporem de um sistema de 
informações ágil e que permita a 
tomada de decisão em tempo 
oportuno. É preciso fortalecer as 
atividades de vigilância em saúde 
(ambiental e sanitária, principalmente) 
e saúde pública veterinária, pois a 
emergência e reemergência de 
doenças infecciosas resultam da 
interação do homem com o ambiente. 
Alguns fatores, tais como a fauna 
sinantrópica e as condições sanitárias 
dos alimentos e das populações 
animais deveriam ser monitorados de 
forma rotineira e eficiente, de forma 
a prevenir, ou pelo menos alertar 
precocemente a comunidade para o 
risco de emergência de doenças. Isto 
exigiria mecanismos ágeis de 
comunicação entre os diferentes 
serviços envolvidos (BARATA, 1997; 
LUNA, 2002). 
 
Para favorecer a capacitação 
técnica, a Secretaria de Vigilância em 
Saúde do Ministério da Saúde já 
estabeleceu parceria com o CDC 
americano, para a formação de 
epidemiologistas de campo, através do 
Programa de Treinamento em 
Epidemiologia Aplicada aos Serviços do 
SUS (EPI-SUS) (LUNA. 2002 ; BRASIL, 
2008). 
 
A capacidade de diagnóstico 
laboratorial também deve, 
necessariamente, ser ampliada, 
através de uma rede de laboratórios 
de Saúde Pública resolutiva, 
organizada de forma hierarquizada, 
dotada de equipamento adequado, 
suprimento oportuno de insumos, 
profissionais capacitados e que 
garanta a biossegurança. No Brasil, a 
rede constituída pelos laboratórios de 
Saúde Pública (LACENs) de cada 
estado e os laboratórios federais 
deve incluir, também, os laboratórios 
universitários (não só de patologia 
clínica, microbiologia, parasitologia, 
virologia e imunologia, como também 
de entomologia, zoologia, ecologia, 
ornitologia, micologia e medicina 
veterinária), além dos laboratórios da 
rede privada que demonstrarem 
interesse em participar. Esta rede 
ampliada, por sua vez, deve estar 
relacionada com as redes 
internacionais, organizadas pela 
OPAS/OMS, das quais o Brasil já faz 
parte (LUNA, 2002). 
 
Outro desafio que as doenças 
emergentes e reemergentes 
colocam para a Saúde Pública diz 
respeito às normas de biossegurança. 
Há um risco de que agentes 
etiológicos novos e com alta 
letalidade possam vir a ser utilizados 
como armas biológicas, além da 
possibilidade real do tráfego global de 
viroses, em poucas horas, de um 
continente a outro, através das 
viagens aéreas (BARATA, 1997). 
 
A questão da biossegurança deve 
contemplar o controle da importação 
de animais para experimentação, 
principalmente primatas, que podem 
ser reservatórios ou fontes de 
agentes infecciosos novos. As 
condições de transporte, acomodação 
e manutenção desses animais devem 
ser objeto de vigilância sanitária. Do 
mesmo modo, o manejo clínico de 
casos suspeitos em hospitais 
necessita de normas de 
biossegurança que protejam os 
profissionais de saúde e a clientela. O 
mesmo se aplica aos profissionais de 
laboratórios responsáveis pela 
identificação dos agentes etiológicos 
(BARATA, 1997). 
 
Uma estratégia fundamental para o 
enfrentamento das doenças 
emergentes e reemergentes é o 
desenvolvimento de pesquisa básica e 
aplicada na área, com envolvimento 
das universidades e dos institutos de 
pesquisa, especialmente em novas 
tecnologias de diagnóstico (incluindo 
técnicas de biologia molecular), 
pesquisa epidemiológica, e 
desenvolvimento de fármacos e de 
vacinas.

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