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Metodologia do ensino de lutas
LEONARDO VIDAL ANDREATO
Este livro tem como objetivo 
promover um estudo refle-
xivo das metodologias para 
a prática educativa das lutas, 
artes marciais e outras modali-
dades esportivas de combate, pau-
tando-se nos seus aspectos didáticos e 
pedagógicos, bem como técnicos e táticos. 
Além disso, busca discutir o histórico de cada 
uma dessas modalidades e sua inserção nos con-
teúdos da Educação Física no âmbito dos ensinos 
curricular e não curricular.
O objetivo desta obra não é tornar o leitor um especialista em cada uma 
das modalidades de luta analisadas, mas ajudá-lo a compreender as-
pectos relacionados ao desenvolvimento histórico dessas modalidades, 
conhecer suas principais características e conduzir aulas e dinâmicas 
que contemplem essas importantes práticas.
Código Logístico
59566
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6682-7
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 8 2 7
Metodologia do 
ensino de lutas 
Leonardo Vidal Andreato
IESDE BRASIL
2020
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
A574m
Andreato, Leonardo Vidal
Metodologia do ensino de lutas / Leonardo Vidal Andreato. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 
106 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6682-7
1. Luta (Esporte) - Estudo e ensino. 2. Artes marciais - Estudo e ensino. 
I. Título.
20-65391 CDD: 796.8
CDU: 796.8
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: master1305/EnvatoElements
Leonardo Vidal 
Andreato
Doutor em Ciências do Movimento Humano pela 
Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). 
Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo 
(USP). Especialista em Fisiologia do Exercício pela 
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Graduado 
em Licenciatura Plena em Educação Física pela 
Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Conceitos, história e filosofia das lutas 9
1.1 Conceitos 10
1.2 Produção acadêmica 16
1.3 Formação e atuação profissional 20
1.4 Aspectos contemporâneos 23
2 Ensino das lutas na escola 30
2.1 Políticas públicas educacionais 31
2.2 As lutas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) 37
2.3 Propostas pedagógicas 43
2.4 Aspectos didáticos e pedagógicos 48
3 Lutas no Oriente 53
3.1 Lutas, espiritualidade e bushido 54
3.2 Wushu 58
3.3 Karatê 61
3.4 Judô 65
4 Lutas no Ocidente 71
4.1 Lutas, olimpismo, esporte e espetáculo 72
4.2 Boxe 76
4.3 Esgrima 79
4.4 MMA 82
5 Lutas no Brasil 87
5.1 Huka-Huka 88
5.2 Capoeira 91
5.3 Jiu-jitsu brasileiro 96
5.4 Luta marajoara 101
6 Gabarito 105
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
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a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
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Este livro tem como objetivo promover um estudo reflexivo das 
metodologias para a prática educativa das lutas, artes marciais e outras 
modalidades esportivas de combate, pautando-se nos aspectos didáticos 
e pedagógicos, bem como técnicos e táticos, das referidas modalidades. 
Além disso, busca discutir o histórico de cada uma delas e sua inserção 
nos conteúdos da Educação Física no âmbito dos ensinos curricular e não 
curricular. Desse modo, ao final da leitura deste livro, você, futuro docente, terá 
adquirido conhecimentos para embasar e conduzir aulas que contemplem o 
conteúdo das lutas. Para tanto, esta obra foi dividida em cinco capítulos.
O primeiro capítulo pode ser considerado introdutório, pois apresenta 
uma discussão geral sobre as lutas, definindo conceitos importantes para a 
temática e explicitando as distinções entre termos como lutas, artes marciais, 
esportes de combate, brigas e guerras. Também são apresentadas informações 
relativas ao estado da arte da produção acadêmica relacionada às lutas, 
buscando identificar o papel do Brasil nesse cenário. Na sequência, são 
abordadas informações relevantes sobre o processo de formação e atuação 
dos profissionais que irão trabalhar com as lutas. Por fim, a última parte do 
primeiro capítulo é destinada à compreensão de como as lutas estão inseridas 
dentro da nossa sociedade atualmente.
No segundo capítulo, iremos centrar nosso estudo nas lutas na escola. 
O primeiro passo será entender como estão organizadas as políticas públicas 
educacionais brasileiras. Na sequência, entenderemos como as lutas estão 
inseridas dentro dessas políticas públicas educacionais, com especial 
atenção à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Feito isso, analisaremos 
algumas propostas pedagógicas e conheceremos alguns aspectos didáticos 
e pedagógicos relacionados ao ensino das lutas, de modo a proporcionar 
possibilidades de abordagem desses conteúdos, mesmo que o professor não 
seja praticante de alguma dessas modalidades. 
Os capítulos seguintes serão destinados às informações relativas às lutas, 
diferenciando-as quanto à origem e à posição geográfica. Nesse sentido, 
o terceiro capítulo irá expor informações relacionadas ao desenvolvimento, 
à evolução e às características técnicas de lutas de origem oriental, com 
análises do wushu, do karatê e do judô. O quarto capítulo também realiza o 
mesmo tipo de apreciação, mas com enfoque em lutas de origem ocidental, 
APRESENTAÇÃO
8 Metodologia do ensino de lutas 
elencando para isso o boxe, a esgrima e o mixed martial arts (MMA). Por 
fim, no quinto capítulo, nosso olhar será direcionado às lutas no Brasil, com 
análises da huka-huka, da capoeira, do jiu-jitsu brasileiro e da luta marajoara. 
Durante esta obra, você irá perceber que o objetivo não é que você se 
torne um especialista em cada uma das modalidades analisadas, mas que 
compreenda aspectos relacionados ao desenvolvimento histórico dessas 
modalidades, conheça as principais características técnicas e táticas presentes 
nessas lutas e consiga conduzir aulas e dinâmicas para contemplar essas 
importantes práticas de lutas orientais e ocidentais.
Bons estudos!
Conceitos, história e filosofia das lutas 9
1
Conceitos, história e 
filosofia das lutas
Durante este livro, iremos falar sobre lutas, artes marciais e es-
portes de combate. Para uma correta compreensão do conteúdo 
a ser trabalhado, é fundamental que ocorra um ajuste em nossa 
comunicação. Temos de falar a mesma língua. Para tanto, utilizare-
mos a primeira seção deste capítulo para conhecer alguns concei-
tos importantes sobre a temática (por exemplo: o que são lutas? O 
que são artes marciais? O que são esportes de combate? Existem 
diferenças de significado entre esses termos?).
Após compreendermos as questões terminológicas, iremos co-
nhecer o estado da arte na área de lutas, ou seja, o quanto existe 
de produção acadêmica, como é a qualidade dos estudos e qual é 
o papel do Brasil na produção de conhecimento relativo às lutas. 
Esse entendimento é importante para sabermos o grau de confia-
bilidade das informações que serão discutidas.
Na terceira seção iremos fazer uma análise sobre formação e 
atuação profissional nas lutas. Quem pode atuar com as lutas na 
escola?Quem pode atuar com elas fora da escola? Quais as prin-
cipais dificuldades na formação do profissional que atua utilizando 
as lutas? Essas perguntas serão o tema da nossa análise. Por fim, a 
última seção irá abordar as lutas atualmente. O nosso objetivo será 
conhecer a realidade da inserção delas (principalmente dos espor-
tes de combate) na nossa sociedade. Tal análise será fundamental 
para compreendermos a necessidade da aptidão para trabalhar 
com o ensino das lutas.
Este capítulo é introdutório, com abordagens conceituais e re-
lativas ao entendimento do cenário atual no que se refere a lutas, 
artes marciais e esportes de combate. Tome notas, pois isso facili-
tará a sua aprendizagem.
10 Metodologia do ensino de lutas 
1.1 Conceitos
Vídeo No dia a dia, ouvimos e utilizamos os termos lutas e artes marciais 
em referência a diferentes situações, como “matriculei meu filho no 
judô porque acho que uma arte marcial vai trazer mais disciplina a ele” 
ou “sábado à noite assisti a uma luta que passou na TV”. Mas será que o 
emprego desses termos nos dois exemplos está correto? Existem dife-
renças entre lutas, artes marciais e esportes de combate? A seguir, ire-
mos discutir essas questões, mas de antemão já adiantamos que não 
existe um consenso entre os autores e pesquisadores da área. Alguns 
pontos ainda são alvo de discussões, os ditos dissensos. Por isso, iremos 
analisar os pontos comuns, que permitem realizar uma caracterização 
de cada termo.
Existe também o uso do termo lutas em diferentes situações do 
nosso cotidiano, como “vou lutar por seu amor”, “você deve lutar con-
tra essa doença”, “mais um dia de luta”, “está ocorrendo uma luta de 
classes” ou “estou lutando contra um vício”. Porém, essa abordagem é 
geral e não é foco de nossa análise, pois nos limitamos à discussão das 
lutas no que se refere às práticas corporais.
LUTE 
POR SEUS 
DIREITOS 
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Lute como 
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JUNTOS NA LUTA 
CONTRA A COVID-19
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Exemplos de lutas em outros contextos.
Conceitos, história e filosofia das lutas 11
De início, vamos conhecer a definição de lutas apresentada nos Pa-
râmetros Curriculares Nacionais (PCN) 1 .
As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser sub-
jugado(s), mediante técnicas e estratégias de desiquilíbrio, con-
tusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na 
combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por 
uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de vio-
lência e deslealdade. (BRASIL, 1997, p. 37)
Vamos analisar dois pontos-chave dessa definição apresentada nos 
PCN. O primeiro aspecto que deve ser assimilado é a ideia de domina-
ção, a qual é expressa na afirmação de que “o(s) oponente(s) deve(m) 
ser subjugado(s)”. Portanto, precisamos ter claro em mente que as lu-
tas envolvem a noção de combate/confronto/disputa entre duas ou 
mais pessoas. O alvo deve ser sempre o corpo do adversário. Para que 
o domínio ocorra, podem ser utilizados diferentes técnicas, como bem 
apontado na definição dos PCN. Inclusive, podem ser utilizados equipa-
mentos, como uma espada. Afinal, um confronto em batalha medieval 
com uso de espadas também pode ser considerado uma luta. Ainda, 
devemos entender que esse domínio pode ou não levar à morte. Em 
uma guerra, o objetivo central de um combate é tirar o inimigo do con-
fronto; já em uma luta de boxe, o objetivo é fazer o adversário desistir 
da disputa, mas existem regras e um árbitro para zelar pela integridade 
física dos combatentes.
O segundo aspecto a ser observado é a ideia de imprevisibilidade, a 
qual é expressa na afirmação de que o confronto envolve uma “combi-
nação de ações de ataque e defesa”; ou seja, existe uma imprevisibili-
dade, a disputa pode ser encerrada a qualquer momento (ex.: um soco, 
um chute, uma queda, uma chave articular), e a todo o momento os 
oponentes podem atacar e ser atacados simultaneamente. Isso difere 
de muitos esportes, como em um jogo de basquetebol, no qual o time 
que está com a posse da bola é quem ataca; para o outro time atacar, 
precisa tomar a bola. Nas lutas, ambos os atletas podem atacar e defi-
nir o combate a qualquer momento. Pensando como telespectador, tal-
vez esse seja um dos pontos mais atrativos em assistir a um combate, o 
resultado pode mudar a qualquer momento.
No contexto pedagógico, é comum a realização de atividades envol-
vendo um aluno apenas atacando e o outro unicamente defendendo. 
Nesse caso, o mais correto seria dizer que estamos trabalhando com 
Embora os PCN tenham dado 
espaço para a Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC), utili-
zamos o primeiro por apresentar 
uma definição concreta de lutas, 
diferentemente do segundo 
documento, o qual discute mais 
detalhadamente como abordar 
as lutas, mas não apresenta uma 
definição.
1
12 Metodologia do ensino de lutas 
jogos de lutas, os quais têm por objetivo desenvolver um aprendizado 
nas lutas. No entanto, uma característica elementar das lutas, a impre-
visibilidade, não está sendo englobada.
Embora os PCN apresentem uma definição sensata de lutas, a parte 
que aponta alguns exemplos pode ser questionada. Analise: “podem ser 
citados como exemplo de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra 
e braço-de-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e 
do caratê” (BRASIL, 1997, p. 37).
Pense e reflita: a disputa de 
cabo-de-guerra pode ser con-
siderada uma luta? Existe um 
domínio do adversário? O alvo 
é o corpo do adversário?
Outro termo a ser 
compreendido é arte 
marcial. No início desta 
seção, fizemos uma pro-
vocação para você refle-
tir se era adequado o uso 
do termo arte marcial na fala 
de uma mãe que dizia que havia matriculado o filho no judô, pois 
acreditava que uma arte marcial iria ajudar o filho a desenvolver 
mais disciplina. De fato, é mais bonito e atrativo dizer que o fi-
lho está praticando uma arte marcial do que dizer que o filho 
está praticando um esporte de combate. No entanto, esse ter-
mo faz referência a Marte, o deus da guerra na mitologia romana. 
Ele recebe esse nome por conta da cor vermelha do planeta, sendo 
o vermelho associado a sangue e agressividade. Portanto, o con-
ceito de arte marcial faz referência direta às artes de guerra 
(FRANCHINI; DEL VECCHIO, 2012).
Para afirmar que um sistema de técnica de lutas (ex.: karatê, judô) 
é ou não uma arte marcial, é necessário conhecer a história de cada 
uma delas, o que não é o nosso objetivo agora. Esse tipo de reflexão 
e análise será possível quando você realizar alguma leitura sobre 
o contexto histórico das modalidades. O importante agora é 
você compreender que o termo marcial faz referência direta 
às guerras.
Exemplo de arte marcial.
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Representação do deus romano Marte.
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Conceitos, história e filosofia das lutas 13
Este é o ponto que gera mais discussão: o que é considerado ou não 
uma arte marcial? Alguns autores justificam o uso do termo arte marcial 
para as modalidades que carregam consigo uma herança dos princípios 
históricos e filosóficos do sistema marcial (RUFINO, 2012). Nesse sentido, 
tenha claro em mente que o uso do termo arte marcial para se referir a 
modalidades que não foram usadas em guerras pode ser alvo de críticas. 
Assim, em textos mais técnicos e acadêmicos vale tomar cuidado.
O terceiro conceito a ser analisado é esportes de combate ou mo-
dalidades esportivas de combate. Seu entendimento é simples, pois 
se refere à manifestação das lutas em seu modelo “esportivizado”, ou 
seja, envolve as características do esporte como uma manifestação 
cultural que tem regras pré-definidas, possui uma en-
tidade reguladora e um sistema claro de classificação/
ranking (FRANCHINI; DEL VECCHIO, 2012). Por exem-
plo, o judô é uma modalidade olímpica, a qual tem as 
regras bem estabelecidas. Os atletas entram na disputa e 
sabem que oobjetivo é projetar e dominar o oponente, e 
que receberão pontuações específicas de acordo com a efe-
tividade das técnicas. No entanto, todos sabem (ou deveriam 
saber) que não é permitido segurar os dedos, puxar o cabe-
lo, colocar o dedo no olho, morder o oponente ou proferir 
ofensas verbais. Essas regras são fiscalizadas por árbitros 
qualificados para a função. A modalidade segue 
as diretrizes de sua principal agência regula-
dora, a Federação Internacional de Judô (FIJ). 
De acordo com a efetividade das técnicas, será 
definido um vencedor.
Conseguiu perceber que a descrição do parágrafo anterior contem-
pla características que são semelhantes a outros esportes? O mesmo 
não poderia ser aplicado ao futebol? Nesse esporte, existem 11 pes-
soas de cada lado, uma bola e uma meta. O objetivo é, usando os pés, 
fazer a bolar passar por entre as traves. Cada vez que esse objetivo é 
alcançado, considera-se um gol. Não valem dedo no olho, puxão, mor-
didas ou arranhões. Alguns árbitros fiscalizam o jogo. No Brasil, quem 
rege a modalidade é a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que 
por sua vez é subordinada à Federação Internacional de Futebol (FIFA). 
Quem fizer mais gols, vence o jogo; e quem tiver o melhor desempenho 
numa competição, é o campeão geral.
Exemplo de esporte de combate.
ssortsoint/Shutterstock
14 Metodologia do ensino de lutas 
Todas essas propriedades caracterizam uma modalidade como 
esporte. No caso das lutas, é preciso observar se uma modalidade 
cumpre esses requisitos para ser classificada como esporte de com-
bate. O krav maga, por exemplo, é um sistema de combate desen-
volvido pelos israelenses para ser utilizado em situações de guerra. 
As técnicas envolvem uso de facas e bastões e quase sempre o alvo 
são os pontos vitais, sendo permitidos dedo no olho e golpes nos 
genitais. Devido a essas características, é quase que inimaginável 
uma competição de krav maga.
Além da compreensão dos conceitos de lutas, artes marciais e es-
portes de combate, é relevante que você conheça os juízos relacio-
nados a guerra e briga, pois muitas vezes esses termos também são 
empregados nas discussões sobre lutas.
O termo guerra faz referência ao confronto entre povos ou nações. 
A Primeira Guerra Mundial foi iniciada entre dois grupos, os países 
da tríplice aliança (Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro) e os 
países da tríplice entente (Reino Unido, França e Império Russo). 
As guerras possuem motivos que vão além dos motivos particula-
res e normalmente envolvem questões ideológicas, territoriais ou 
comerciais. É preciso compreendermos que quando se decreta uma 
guerra, o país inteiro entra nela. Para muitos de nós, é difícil com-
preender um atentado/ataque contra pessoas que classificamos 
como inocentes, por não estarem pegando em armas. Contudo, 
a visão pode ser mais abrangente.
Durante a Segunda Guerra Mundial, houve o Projeto Manhattan, 
destinado a desenvolver as primeiras bombas atômicas. Alguns rela-
tos sugerem que esse projeto empregou diretamente mais de 13 mil 
pessoas, mas há quem estime que mais de 100 mil pessoas estiveram 
envolvidas direta e indiretamente no projeto. Nem todas essas pes-
soas trabalharam especificamente no desenvolvimento da cápsula 
atômica. A maioria estava trabalhando no suporte do projeto, com 
alimentação e produção de roupas e equipamentos. Além disso, o su-
porte financeiro do projeto era oriundo do pagamento de imposto 
do cidadão comum, que continuava trabalhando em seu pequeno co-
mércio (padaria, restaurante, armarinho).
Nessa visão mais ampla, podemos ver a interdependência de 
toda uma nação. No momento em que foram disparados os misseis 
Em um dos capítulos 
do livro A pedagogia das 
lutas: caminhos e possibi-
lidades, o professor Dr. 
Luiz Gustavo Bonatto 
Rufino discute os 
consensos e dissensos 
relacionados ao uso 
dos termos lutas, artes 
marciais e modalidades 
esportivas de combate.
RUFINO, L. G. B. Jundiaí: Paco 
Editorial, 2012.
Livro
Conceitos, história e filosofia das lutas 15
que bombardearam Hiroshima e Nagasaki, no Japão, as consequên-
cias da ação não entraram na conta apenas do piloto que fez o dis-
paro ou do comandante que deu a ordem da missão. A conta das 
mortes e o sofrimento foram compartilhados entre toda a nação, 
que trabalhou direta ou indiretamente no desenvolvimento da bom-
ba atômica.
Além do envolvimento de nações/povos, uma das características da 
guerra é liquidar o oponente o mais rápido possível, usando todos os 
meios disponíveis 2 . É importante destacar que nem toda arte marcial 
envolve luta corporal (ex.: tiro, arco e flecha).
Diferentemente de guerra, as brigas são confrontos de pequeno 
porte, envolvendo duas pessoas ou um grupo pequeno de pessoas. 
Os motivos comumente são fúteis (ex.: brigas entre vizinhos, traições 
afetivas, desentendimento em bares). Não há regras em uma briga, po-
dendo ser em condição de desigualdade (duas pessoas contra uma, 
uma pessoa armada contra outra desarmada).
Agora que você domina os conceitos de lutas, artes 
marciais e esportes de combate, você também deve 
compreender que esses conceitos podem ser com-
plementares, ou seja, um sistema de técnicas pode 
receber mais de uma classificação. Desde que respei-
tada a característica básica de haver uma disputa direta 
na qual o corpo do oponente é o alvo, todas as mani-
festações são classificadas como luta. Por essa razão, 
é comum um livro como este, que discute a metodo-
logia do ensino das lutas, sem divisões iniciais entre 
lutas, artes marciais e esportes de combate.
No entanto, uma luta também pode ser uma 
arte marcial, como o caso do karatê 3 , que foi utilizado 
como sistema de defesa de um povo (os camponeses 
de Okinawa). Portanto, o karatê é uma luta, mas também é uma arte 
marcial. Além disso, o karatê também possui seu modelo esportivo (re-
gras, entidades reguladoras, sistemas de classificação), o que também 
faz dele um esporte de combate.
Embora essa discussão possa ser considerada secundária, é neces-
sário que você, durante sua formação, seja apresentado a ela, pois é 
algo existente na área de lutas.
Exemplo de briga. Isso pode acontecer na escola, e o 
professor deve interferir.
GrashicsGGGcoG
/Shutterstock
Desde 1863, foram realizadas 
convenções e tratados para de-
finir normas e condutas a serem 
seguidas mesmo em tempos de 
guerra. Apesar disso, em tempos 
de guerra, muitas infrações são 
cometidas. Um bom exemplo é 
o Holocausto, provocado pelos 
nazistas durante a Segunda 
Guerra Mundial.
2
Utilizaremos karatê (e não a 
forma aportuguesada, caratê), 
pois é o termo usado pelas 
federações brasileiras mais 
conhecidas.
3
16 Metodologia do ensino de lutas 
1.2 Produção acadêmica
Vídeo Para uma melhor compreensão acerca de uma área de conhecimen-
to, é imprescindível que se saiba qual o estado/cenário de pesquisas 
relacionados a essa área. Tal apreciação permite visualizar o quanto se 
sabe sobre o tema, ou seja, se existem muitas pesquisas sobre o tema. 
Naturalmente, alguns assuntos são mais pesquisados ou mais novos 
do que outros, e isso impacta diretamente a compreensão geral de 
cada assunto. Além disso, essa análise crítica permite conhecer o grau 
de confiabilidade das informações, ou seja, qual a qualidade metodoló-
gica das pesquisas existentes. A depender da qualidade das pesquisas, 
podemos creditar maior ou menor nível de evidência, depositando as-
sim mais ou menos confiança com base nas informações disponíveis. 
Esse modelo de exame comumente recebe o nome de análise do estado 
da arte.
Algumas décadas atrás, vivíamos uma fase de dificuldade de aces-
so às informações (científicas ou não). Atualmente, vivemos em uma 
era de informação, na qual o mais complicado é saber em que confiar. 
Por conta disso, é fundamental desenvolvermos uma capacidade crí-
tica das informações que recebemos. Não adianta cobrar apenas das 
mídias, do governo ou das entidades reguladores para que sejam ado-
tadas medidas para inibir divulgações de notíciasfalsas, tendenciosas 
e/ou distorcidas. É fundamental que o receptor das informações seja 
apto a avaliar criticamente o conteúdo que recebe.
Agora, vamos analisar o número de estudos publicados envolven-
do lutas. Uma revisão bibliométrica, publicada em 2010, buscou in-
vestigar como se dava a produção acadêmica abrangendo as lutas nos 
principais nos principais periódicos (revistas científicas/acadêmicas) 
brasileiros na área de Educação Física. Como resultado, foi obser-
vado que de todos os 2.561 artigos, apenas 75 abordavam as lu-
tas, ou seja, 2,9% de toda a produção científica nacional (CORREIA; 
FRANCHINI, 2010). Com base nesses números, podemos afirmar que 
a produção na área de lutas ainda é baixa?
Embora tenham sido encontrados apenas 75 estudos, esse número 
considera apenas a produção nacional. Como o pesquisador sempre 
busca dar maior visibilidade para sua pesquisa, existe a tendência de 
buscar uma publicação internacional, pois assim é superada a barrei-
revisão bibliométrica: é um 
tipo de estudo que tem como 
objetivo identificar o estado da 
arte de uma área, apresentando 
número de estudos, tipo de 
estudos, países e autores com 
maior produção acadêmica, 
entre outras variáveis relaciona-
das à publicação e divulgação 
científica.
Glossário
Conceitos, história e filosofia das lutas 17
ra do idioma português, restrito a poucos países. Logo, teríamos de 
investigar a produção internacional antes de fazer tal afirmação. Além 
disso, há um outro aspecto importante a ser considerado, que é quan-
do a investigação foi conduzida. Na pesquisa em questão, de Correia e 
Franchini (2010), a bibliometria contemplou o período de 1998 a 2008, 
indicando o cenário daquele período.
Vamos, então, analisar como se dá essa produção de conhecimento 
em um período mais recente. A Figura 1 mostra o número de estudos 
científicos publicados na base de dados Web of Science entre 2001 e 2019.
Figura 1
Produção científica de estudos publicados referente às lutas
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Clarivate, 2020.
300
250
200
150
100
50
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
0
Na Figura 1, é possível observar que houve um aumento expressivo 
da produção nos últimos anos, especialmente a partir de 2011. No to-
tal, o gráfico contempla o montante de 2.424 estudos científicos inde-
xados apenas na Web of Science. Além dessa base de dados, um elevado 
número de estudos também é observado em outras bases científicas, 
como o PubMed, com 1.869 estudos, a base Scopus, com 3.807 estudos, 
e a base SPORTDiscus, com 3.001 registros em revistas acadêmicas.
Nesse tocante, temos de considerar que nem todo estudo identifi-
cado em nossa busca teve como objetivo direto a investigação sobre as 
lutas, tendo em vista que em muitos deles as lutas foram usadas como 
meio indireto, com a participação de praticantes ou atletas de esportes 
de combate sendo voluntários em pesquisas sem relação direta às lu-
tas. Mesmo assim, podemos concluir que existe um número considerá-
vel de estudos científicos abrangendo lutas, artes marciais e esportes 
de combate, contando com um crescimento expressivo a cada ano.
18 Metodologia do ensino de lutas 
Além de analisar o total de produção científica, é preciso especificar 
a análise, observando como é a produção em cada subárea, pois alguns 
temas são mais estudados que outros. Por exemplo, entre 1998 e 2008 
os estudos que compunham a produção científica nacional na área de 
Educação Física envolvendo as lutas (75 artigos, equivalente a 2,9% de 
toda a produção) abordavam diferentes temas, sendo 40% inseridos 
na área de Biodinâmica, 32% nos Estudos Socioculturais do Movimento 
Humano, 10,7% na Pedagogia do Movimento Humano, 8% no Compor-
tamento Motor, 8% no Treinamento Esportivo e 1,3% na Administração 
Esportiva (CORREIA; FRANCHINI, 2010).
Além de considerar as subáreas de investigação, é preciso levar 
em conta qual modalidade de luta está sendo estudada. Na Tabela 1, 
é apresentado o estado da produção científica diferenciando as mo-
dalidades esportivas de combate, sendo possível evidenciar que há 
uma variação muito ampla de produção entre as modalidades (ex.: 71 
estudos envolvendo o kickboxing x 1.595 estudos envolvendo o judô). 
Afirmar que há muitos ou poucos estudos na área de lutas é abordar o 
tema de modo genérico. No entanto, cabe ressaltar que algumas mo-
dalidades de combate possuem similaridades, permitindo, em partes, 
a transferência do conhecimento entre modalidades.
Tabela 1
Produção científica de estudos publicados referentes a diferentes modalidades de lutas
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Clarivate, 2020.
Modalidade Número de estudos
Boxe*
Jiu-jitsu brasileiro
Judô
Kickboxing
Taekwondo
Karatê
Muay thai
MMA (mixed martial arts – 
artes marciais mistas)
Wushu
198
102
1.595
130
854
1.155
71
303
247
* Busca combinada dos termos boxe amador e boxe profissional.
Conceitos, história e filosofia das lutas 19
No cenário de produção científica, o Brasil ocupa um papel de des-
taque, tanto considerando as lutas de maneira geral quanto estrati-
ficando a análise por modalidade esportiva. O Brasil aparece como 
o quarto país que mais produz conhecimento nas lutas em geral 
(Tabela 2). Esse é um dado muito relevante, o qual demonstra que 
mesmo com todas dificuldades que enfrentamos para fazer ciência, 
conseguimos ser uma referência mundial no meio científico. A tabe-
la a seguir mostra o top 5; completando o top 10, constam Canadá, 
Espanha, Austrália, Alemanha e Coreia do Sul.
Tabela 2
Ranking por países da produção científica de estudos publicados referente às lutas (top 5) 
Estados Unidos da América
País Número de estudos % do total
503 20,8%
China 340 14,0%
Brasil 240 9,9%
Polônia 299 12,3%
Inglaterra 137 5,7%
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Clarivate, 2020.
Em algumas modalidades como o judô e o jiu-jitsu brasileiro, o Brasil 
ocupa a liderança na produção científica. No judô, o Brasil ocupa a pri-
meira posição entre os países mais produtivos (seguido de Polônia, Es-
tados Unidos da América, Espanha e Japão), com dois autores entre os 
cinco mais produtivos no mundo (Emerson Franchini e Bianca Miarka). 
No jiu-jitsu brasileiro, o Brasil também ocupa a primeira posição entre 
os países mais produtivos (seguido de Estados Unidos da América, Aus-
trália, Noruega e Polônia), com quatro autores entre os cinco mais pro-
dutivos do mundo (Emerson Franchini, Leonardo Vidal Andreato, João 
Victor Del Conti Esteves e Solange Marta Franzói de Moraes).
Por fim, além de considerar a quantidade de estudos, é preciso 
analisar a qualidade dessa produção. Nesse sentido, a análise acaba 
ficando mais subjetiva, pois não há estudos que fizeram tal análise de 
modo amplo. Apesar disso, podemos observar que, principalmente nos 
últimos anos, muitos estudos foram aceitos e publicados nos principais 
periódicos científicos da área de Ciências do Esporte. Contudo, isso não 
Para conhecer o estado 
da arte de uma área 
de conhecimento, além 
de consultar pesquisas 
bibliográficas publicadas 
em revistas acadêmicas, 
é possível realizar buscas 
na base de dados Web 
of Science. A base não 
é de livre acesso, mas 
estudantes brasileiros 
conseguem acesso gra-
tuito por meio do Portal 
de Periódicos da Capes.
Disponível em: https://www.
periodicos.capes.gov.br. Acesso em: 
3 jul. 2020.
Site
https://www.periodicos.capes.gov.br
https://www.periodicos.capes.gov.br
20 Metodologia do ensino de lutas 
significa que a maioria dos estudos apresenta uma elevada qualidade 
metodológica. Na realidade, ainda hoje a maior parte das pesquisas 
não atende às recomendações metodológicas de diferentes instrumen-
tos de avaliação de qualidade de pesquisa. Assim, embora o montante 
total de produção acadêmica possa ser considerado expressivo, o nú-
mero de pesquisas de alta qualidade metodológica ainda é pequeno.
1.3 Formação e atuação profissional
Vídeo Antes deanalisarmos os aspectos relacionados à formação profis-
sional e à intervenção de quem atua na área de lutas, é preciso con-
siderar a história do ensino superior e da Educação Física no Brasil. 
O primeiro curso superior do Brasil foi iniciado em 1808, com a Esco-
la de Cirurgia da Bahia. Mundialmente, a universidade, no estilo que 
conhecemos hoje, apresenta registros bem mais antigos, como a Uni-
versidade de Bolonha (1088), a Universidade de Oxford (aproximada-
mente 1096) e a Universidade de Paris (1170). Diante disso, já podemos 
observar que a tradição das universidades brasileiras é bem mais re-
cente do que muitas das universidades mundialmente conhecidas.
No mesmo sentido, o primeiro curso brasileiro voltado à preparação 
de profissionais da Educação Física se deu em 1910, pela Polícia Militar. 
O primeiro curso de caráter civil foi criado em 1934, na Universidade de 
São Paulo (USP), com reconhecimento em 1940 pelo Decreto n. 5.723 (SÃO 
PAULO, 1940). Em nível de pós-graduação (stricto sensu) 4 , o primeiro cur-
so de mestrado foi iniciado em 1977, doze anos após a regulamentação 
da pós-graduação no Brasil por meio do Parecer 977/1965 5 , na Escola 
de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP). 
No entanto, a regulamentação da profissão, ou seja, a definição legal da 
área de atuação, deu-se apenas em 1998, pela Lei n. 9.696 6 (BRASIL, 1998).
Diante do exposto, devemos considerar que tanto o ensino superior 
quanto a área de Educação Física são relativamente novos no Brasil. 
Por conta disso, ambas as áreas ainda estão em processos constantes 
de reformulação. Isso não quer dizer que não podemos tecer críticas a 
essas áreas, mas devemos considerar os avanços já alcançados nessa 
curta trajetória.
No artigo 1º da Lei n. 9.696, ficou estabelecido que “o exercício das 
atividades de Educação Física e a designação de Profissional de Edu-
A pós-graduação é dividida em 
lato sensu, que compreende 
os cursos de especialização, e 
stricto sensu, que compreende os 
cursos de mestrado e doutorado.
4
O Parecer 977/1965 também 
é conhecido como Parecer 
Sucupira, em homenagem ao seu 
relator, o professor Newton Lins 
Buarque Sucupira (1920-2007), 
que é considerado o pai da 
pós-graduação brasileira.
5
A Lei n. 9.696/1998 foi sancio-
nada no dia 1º de setembro, 
data em que passou a se 
comemorar o Dia do Profissional 
da Educação Física.
6
Conceitos, história e filosofia das lutas 21
cação Física é prerrogativa dos profissionais regularmente registra-
dos nos Conselhos Regionais de Educação Física” (BRASIL, 1998). No 
parágrafo seguinte, estabelecem-se as possibilidades de inscrição nos 
quadros dos Conselhos Regionais de Educação Física. Para obter o 
registro, o indivíduo deve possuir diploma (nacional ou internacional), 
oficialmente reconhecido, no curso de Educação Física ou comprovar 
que exerceu atividades da profissão de Educação Física até o início da 
vigência da lei.
Dessa forma, os profissionais que já atuavam na área garantiram 
seu direito de atuação, sem prejuízos maiores, uma vez que atuavam 
antes da regulamentação da profissão. No entanto, só poderiam co-
meçar a atuar nas atividades prerrogativas da Educação Física aqueles 
profissionais que tivessem formação em nível superior, conforme cons-
ta no artigo 3º da Lei n. 9.696/1998.
Compete ao Profissional de Educação Física coordenar, planejar, 
programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar 
e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como 
prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar 
treinamentos especializados, participar de equipes multidisci-
plinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, cien-
tíficos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do 
desporto. (BRASIL, 1998)
Ocorre que a definição da competência do profissional da Educa-
ção Física foi bastante genérica na lei de regulamentação da profissão. 
Em 2002, o Conselho Federal de Educação Física (Confef) publicou uma 
resolução com o intuito de especificar melhor a competência exclusiva 
dos profissionais de Educação Física (Resolução 46/2002). No entanto, 
após disputas judiciais, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) impediu os 
Conselhos Regionais de Educação Física de fiscalizarem lutas, danças 
e ioga (Recurso Especial 1012692/RS 2007). Acredita-se que esse en-
tendimento foi por considerarem essas atividades como manifestações 
culturais e espirituais. Vale ressaltar que, no caso das lutas, essa lei se 
aplica apenas quando a atuação é voltada ao aprendizado da técnica 
da luta. No caso de aulas que utilizam técnicas de lutas como forma de 
condicionamento físico (ex.: body combat e aeroboxe), faz-se necessário 
o registro em um dos Conselhos da Educação Física.
No ambiente escolar, no contexto curricular, a inserção das lutas 
ocorre dentro das aulas Educação Física, ministradas por um profissio-
Leia na íntegra a Lei n. 
9.696/1998, a qual dispõe 
sobre a regulamentação 
da profissão de Educação 
Física e cria o Conselho 
Federal e os Conselhos 
Regionais de Educação 
Física. É fundamental que 
você, futuro profissional 
de Educação Física, co-
nheça os aspectos legais 
de sua profissão.
Disponível em: https://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l9696.htm. Acesso em: 3 jul. 2020.
Leitura
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9696.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9696.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9696.htm
22 Metodologia do ensino de lutas 
nal com habilitação na área de Licenciatura em Educação Física. Existe 
a possibilidade de que profissionais sem essa habilitação atuem em 
projetos de iniciação esportiva dentro da escola, mas no caráter curri-
cular isso não é permitido. Portanto, cabe ao profissional da Educação 
Física inserir as lutas dentro das aulas na escola. Mas como isso tem 
corrido? Os profissionais da escola têm conseguido trabalhar com as 
lutas dentro das aulas curriculares? Vamos tentar responder a essas e 
outras questões a seguir.
A realidade parece ser um tanto diferente das recomendações de 
inserção das lutas na escola, como definido desde os PCN (BRASIL, 
1997). Em um estudo conduzido com 50 professores de Educação Fí-
sica que atuavam na rede pública e privada das escolas de Fortaleza 
(CE), foi reportado que apenas 32% deles utilizavam as práticas de lutas 
em suas aulas, ao passo que 68% afirmaram jamais terem incluídos 
esses conteúdos nas aulas. Ainda, entre a parcela de professores que 
abordavam as lutas nas aulas escolares, 50% utilizavam vídeos, 31% 
contavam com a ajuda de especialistas, 13% faziam a abordagem por 
meio de atividades recreativas e 6% faziam saídas de campo (ex.: visita 
a academias ou clubes). Entre a parcela de professores que não abor-
davam as lutas nas aulas escolares, 41% afirmaram que não tinham 
instrução suficiente, 24% entendiam que a escola não possuía estrutu-
ra adequada, 18% consideravam o conteúdo de lutas inadequado para 
a escola e 18% não contavam com auxílio de profissionais especialistas 
em lutas (FERREIRA, 2006).
Embora o estudo citado ilustre uma parcela de professores da cida-
de de Fortaleza, essa realidade parece ser semelhante à de outras lo-
calidades. Especialistas em lutas (cinco professores de lutas no ensino 
superior e praticantes de lutas por pelo menos dez anos) consideram 
que os principais fatores restritivos para a inclusão das lutas na Educa-
ção Física são formação deficiente dos docentes (52%), insegurança do 
professor (15%), infraestrutura escolar deficiente (15%) e falta de mate-
riais para o ensino das lutas (9%) (RUFINO; DARIDO, 2015).
Com base nisso, é possível considerar que a principal limitação re-
ferente à atuação em lutas na escola é a falta de formação específica, 
pois insegurança e fatores restritivos, como falta de estrutura e mate-
riais, podem ser contornados facilmente, desde que o professor tenha 
uma formação adequada.
Conceitos, história e filosofia das lutas 23
Esse problemareferente à formação pode ser creditado a alguns 
fatores, como:
Cursos de graduação 
que não abordam as 
lutas de maneira ampla, 
mas com modalidades 
específicas (ex.: judô ou 
capoeira).
Disciplinas de lutas na 
graduação que seguem o 
modelo tecnicista, ou seja, 
que se limitam a repetir 
técnicas de uma ou mais 
modalidades de lutas, sem 
focar o ensino no preparo 
do graduando para minis-
trar aulas com abordagem 
das lutas.
Docentes da disciplina de 
lutas que não possuem 
formação e experiência 
em lutas.
E você? As lutas fizeram parte das suas aulas de Educação Física na 
escola? Quais lembranças você carrega dessa época? O que você pensa 
sobre a inclusão das lutas nas aulas curriculares de Educação Física?
Esperamos que até o final deste livro você possa refletir sobre sua 
concepção de lutas na escola e se sinta seguro e apto a incluir esse 
conteúdo quando for professor de Educação Física.
Leia o artigo Conhecimento declarativo de docentes sobre a prática de lutas, 
artes marciais e modalidades esportivas de combate nas aulas de educação 
física escolar em Pelotas, Rio Grande do Sul, de Joel Maurício Corrêa Fonseca, 
Emerson Franchini e Fabrício Boscolo Del Vecchio, publicado em 2013 na 
revista Pensar a Prática, para compreender melhor como se dá o nível de 
conhecimento em lutas de professores de Educação Física e como esses 
docentes aplicam o conteúdo de lutas na educação física escolar.
Acesso em: 3 jul. 2020.
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/17221
Artigo
1.4 Aspectos contemporâneos
Vídeo Nesta última seção, iremos abordar um pouco das razões que nos 
levam a estudar as lutas e posteriormente inserir esse conteúdo nas 
aulas curriculares de Educação Física na escola, especialmente nos en-
sinos fundamental e médio.
Entre essas razões, podemos utilizar o ponto de vista histórico e cul-
tural, pois o homem sempre lutou. Os motivos são diversos, como luta 
pela sobrevivência, conquista de territórios, reprodução, lazer, rituais 
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/17221
24 Metodologia do ensino de lutas 
de transição para a vida adulta e até mesmo oferendas a divindades. 
Existem evidências disso em diferentes épocas de nossa civilização e 
em diferentes partes do mundo. Paiva (2019), em um ensaio antropo-
lógico e histórico, apresenta uma série de evidências (principalmente 
pinturas rupestres) de manifestações de lutas na Pré-História 7 em solo 
brasileiro (no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí).
Pintura rupestre no Parque Nacional Serra da Capivara.
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Nessa ótica de abordagem histórica e cultural, ainda podemos des-
tacar que as lutas:
 • compuseram os antigos Jogos Olímpicos da Antiguidade 
(776 a.C.-200 a.C.);
 • geraram espetáculo com os gladiadores no Coliseu (os primeiros 
registros são de 286 a.C.);
 • foram usadas como artes de guerra para defesa de nações (ex.: 
samurais no período feudal do Japão – 1187-1867);
 • foram utilizadas como forma de desenvolvimento espiritual (ex.: 
ligação entre wushu e budismo);
Período anterior à invenção 
da escrita, que se estima ter 
ocorrido aproximadamente 
3500 a.C.
7
Exemplo de roda de capoeira.
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ck
 • tiveram importância durante o período 
de escravidão no Brasil (? até 1888 8 ), 
fato que levou, em 2014, a Organiza-
ção das Nações Unidas para a Educa-
ção, a Ciência e a Cultura (Unesco) a 
reconhecer a roda de capoeira como 
Patrimônio Cultural Imaterial da Hu-
manidade, em 2014 (UNESCO, 2014).
No entanto, não são apenas os aspectos 
históricos que justificam o estudo e a apli-
cação das lutas na escola. Na atualidade, 
os esportes fazem parte da rotina de nossa 
Não há um consenso sobre a 
data de início da escravidão no 
Brasil. Alguns relatos apontam 
1550, outros, 1518, e também 
há quem defenda que a escra-
vidão se iniciou na chegada dos 
portugueses ao Brasil.
8
Conceitos, história e filosofia das lutas 25
sociedade, seja por meio da prática esportiva, seja pelo consumo des-
sas práticas, seja assistindo ou adquirindo produtos relacionados. Pare 
um momento e pense se as lutas fazem parte da sua vida. Vamos ver 
alguns exemplos.
O principal evento esportivo da atualidade são os Jogos Olímpicos 
de Verão. Entre todas as modalidades que integram os jogos, as moda-
lidades esportivas de combate são responsáveis por aproximadamente 
1/5 de todas as medalhas de ouro em disputa. Para traçar uma noção 
de proporção, note que o futebol, embora seja a modalidade mais tra-
dicional em nosso país, é responsável por apenas duas categorias (uma 
no masculino e uma no feminino). Em contrapartida, o judô, sozinho, 
representa 15 categorias 9 em disputa (sete no masculino, sete no fe-
minino e uma por equipe mista).
Observe na Tabela 3 quais são as modalidades de combate que inte-
gram os Jogos Olímpicos e o número de categorias em disputa em cada 
um desses esportes. Os dados foram estimados com base no quadro de 
modalidades apresentado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI, 2020).
Tabela 3
Participação das modalidades esportivas de combate nos Jogos Olímpicos de Verão
Boxe
Modalidade Número de categorias
% de todas as 
medalhas
13 ~4%
Esgrima 10 ~3%
Karatê 8 ~2,5%
Wrestling 18 ~5,5%
Judô 15 ~4,5%
Taekwondo 8 ~2,5%
TOTAL 72 ~22%
Fonte: Elaborada pelo autor com base em COI, 2020.
~: valores aproximados com base no número de medalhas de ouro a serem distribuídas.
Todavia, não são apenas nos Jogos Olímpicos de Verão que os espor-
tes de combate possuem destaque nos tempos atuais. Fora dos Jogos, 
tanto as modalidades olímpicas quanto as não olímpicas atraem mui-
Estimativa feita com base no 
quadro de modalidades dos 
Jogos Olímpicos de Verão de 
Tóquio de 2021.
9
26 Metodologia do ensino de lutas 
tos telespectadores em diferentes eventos. Um exemplo claro disso é o 
fenômeno MMA – semanalmente, ocorrem diversos eventos, como o 
UFC (Ultimate Fighting Championship), o Bellator, o ONE Championship 
e o Shooto Brasil.
Em 2018, apenas o evento UFC 229, que teve como principal luta 
Khabib Nurmagomedov x Conor McGregor, gerou 2,5 milhões de ven-
das de transmissão televisiva (pay per view). Em 2015, a luta profis-
sional de boxe entre Floyd Mayweather e Many Pacquiao promoveu 
4,6 milhões de vendas de transmissão. Nessa luta, o vencedor faturou, 
na época, entre bolsa, bônus e direito de imagens, o equivalente a 
R$ 1 bilhão (GOZZER, 2017). Além disso, são vendidas camisetas, ca-
necas, chaveiros, revistas, canais de luta, entre outros produtos que 
carregam marcas relacionadas aos esportes de combate. O efeito do 
alcance do esporte vai além do entretenimento, pois tem grande im-
pacto econômico (DIAS, 2019).
Além dos eventos que envolvem combates reais, temos as lutas e 
esportes de combate se manifestando dentro de meios de entreteni-
mento, como o caso do cinema. Nesse tocante, podemos citar inúme-
ros filmes, tanto baseados em pessoas reais quanto obras de ficção. 
Vamos recordar alguns exemplos.
Filmes fictícios
Rock: um lutador; Rock II: a revanche; Rock III: o 
desafio supremo; Rock IV; Rock V; Rock Balboa.
Karatê Kid: a hora da verdade; Karatê Kid II: 
a hora da verdade continua; Karatê Kid III: o 
desafio final; Karatê Kid IV: a nova aventura; 
Karatê Kid.
Creed: nascido para lutar; Creed II.
Menina de Ouro.
Nocaute.
Touro Indomável.
O Vencedor.
Clube da Luta.
O Grande Dragão Branco; Kickboxer; Desafio 
Mortal (filmes de Jean-Claude Van Damme).
Operação Dragão; A Fúria do Dragão; Bruce Lee: a 
jornada de um guerreiro (filmes de Bruce Lee). 
Mais forte que o mundo – A história de José Aldo 
(baseado em José Aldo, lutador de MMA).
Filmes baseados 
em fatos 
10 segundos para vencer (baseado em Éder Jofre, 
lutador de Boxe).
Dangal (baseado em Mahavir Singh Phogat e 
suas filhas, lutadores de wrestling).
O maior de todos; Ali; Muhammad Ali – das lutas 
ao ativismo (baseados em Muhammad Ali).
Tyson (baseado em MikeTyson, lutador de boxe).
A luta pela esperança (baseado em James Walter 
Braddock, lutador de boxe).
O UFC foi criado em 1993, 
tendo como um dos fundadores 
Rorion Gracie. Em 2001, a marca 
UFC foi vendida por 2 milhões 
de dólares para Dana White 
e os irmãos Frank e Lorenzo 
Fertitta. Em 2016, a marca foi 
comprada pelo grupo WME-IMG 
pelo montante de 4 bilhões de 
dólares (DIAS, 2019).
Curiosidade
O filme Mais forte que 
o mundo – A história de 
José Aldo conta partes 
da trajetória do atleta 
brasileiro José Aldo, um 
dos maiores lutadores da 
história do MMA. Nessa 
obra, é possível observar 
a evolução e profissio-
nalização dos esportes 
de combate, bem como 
visualizar o impacto social 
que o esporte pode 
exercer em relação às 
transformações de vida.
Direção: Afonso Poyart. Brasil: Black 
Maria; Globo Filmes, 2016.
Filme
Conceitos, história e filosofia das lutas 27
Ainda, existem muitos outros filmes e animações envolvendo his-
tórias de super-heróis, que utilizam as lutas em suas aventuras (ex.: 
Superman, Homem-Aranha, Hulk, Homem de Ferro, Thor, Batman, Liga da 
Justiça, Mulher-maravilha, Batgirl, Supergirl, Capitã Marvel).
Diante de todos os exemplos listados nesta seção, é difícil ainda não 
assumirmos que as lutas fazem parte de nossa história e vida. Por fim, 
ainda podemos citar os benefícios físicos e comportamentais que as 
lutas podem promover.
Por todas essas características e riquezas culturais, as lutas fazem 
parte de nosso sistema curricular escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo teve como objetivo tratar de alguns temas iniciais que 
possibilitarão um maior desenvolvimento nos estudos na temática de lu-
tas. Existe uma diferenciação quanto aos termos utilizados. A grande área 
é nomeada como lutas, sendo considerada luta toda atividade que tenha 
o corpo do adversário como alvo, combine possibilidades de ações de 
ataque e defesa de maneira simultânea e apresente imprevisibilidade no 
desfecho do combate. São nomeados como esportes de combate especifi-
camente os sistemas de técnicas que foram “esportivizados”, ou seja, que 
são regidos por uma entidade reguladora (federações ou confederações), 
possuem competições com regras pré-definidas e apresentam sistemas 
claros de classificação. A definição de artes marciais possui maior divergên-
cia na literatura, mas o termo marcial deriva de Marte, o deus da guerra. É 
mais comum caracterizar como arte marcial as modalidades que em algum 
momento da história foram utilizadas para defesa de povos ou nações.
Dentro da temática lutas, artes marciais e esportes de combate, pu-
demos constatar que o número de pesquisas vem crescendo a cada ano. 
Essa produção acadêmica, no geral, já possui um corpo significativo de 
informações. No entanto, é preciso considerar que esse volume total de 
estudos é subdividido entre as modalidades e subáreas de conhecimen-
tos (ex.: história, pedagogia, medicina do esporte, biodinâmica, treinamen-
to desportivo). Além disso, nem toda produção científica possui uma alta 
qualidade metodológica, sendo a melhora metodológica dos estudos um 
dos desafios da área. Nesse cenário, o Brasil possui um papel de destaque 
nos estudos com lutas, pois é o quarto país com mais pesquisas publi-
cadas no tema e principal país em algumas modalidades. Ainda, alguns 
28 Metodologia do ensino de lutas 
pesquisadores brasileiros figuram entre os líderes em produção científica 
em lutas, artes marciais e esportes de combate.
Neste capítulo, também observamos alguns aspectos relativos à 
atuação profissional nas lutas. Entre os conteúdos abordados, podemos 
destacar o fato de que o trato das lutas fora das aulas curriculares de 
Educação Física não exige obrigatoriamente formação de nível superior 
em Educação Física. Contudo, o trabalho com as lutas nas aulas curri-
culares escolares deve obrigatoriamente ser realizado por profissionais 
com formação em nível superior. Dentro do ambiente escolar, a maior 
parte dos docentes não utilizam as lutas em suas aulas, e tal fato ocorre 
principalmente devido a uma formação insuficiente durante a graduação.
Por fim, consideramos que o ensino das lutas na escola é importante 
por diferentes fatores. As lutas fazem parte da história de nossa sociedade 
e carregam consigo muita bagagem cultural. Além disso, as lutas integram 
nosso cotidiano, por exemplo, em seu modelo esportivo, presente em 
eventos olímpicos e não olímpicos, e na forma de entretenimento, como 
no caso dos filmes. Não obstante, a prática das lutas é capaz de promover 
diversos benefícios para a saúde física e mental de seus praticantes, assim 
como auxilia em aspectos comportamentais e do desenvolvimento motor.
Por todas essas razões, as lutas estão inseridas dentro do currículo es-
colar, e caberá a você, futuro professor, ter os conhecimentos necessários 
para incluir esse tema em suas aulas.
ATIVIDADES
1. Elabore três sentenças que caracterizem a ideia de luta, arte marcial e 
esporte de combate.
2. Faça uma breve análise do papel do Brasil na produção científica na 
área de lutas, artes marciais e esportes de combate.
3. Cite as seis modalidades esportivas de combate consideradas 
olímpicas.
REFERÊNCIAS
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Brasília, DF, 2 set. 1998. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9696.
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9 jul. 2020.
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fed/decret/1940-1949/decreto-5723-28-maio-1940-322941-publicacaooriginal-1-pe.html. 
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http://www.olympic.org/sports
http://sportv.globo.com/site/combate/may-mac/noticia/2017/08/de-pretty-boy-money-como-mayweather-che
http://sportv.globo.com/site/combate/may-mac/noticia/2017/08/de-pretty-boy-money-como-mayweather-che
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1940-1949/decreto-5723-28-maio-1940-322941-publicacaoori
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1940-1949/decreto-5723-28-maio-1940-322941-publicacaoori2
Ensino das lutas na escola
Neste capítulo, iremos centrar nossas discussões nas lutas 
na escola. Para tanto, o primeiro passo será entender como 
estão organizadas as políticas públicas educacionais brasilei-
ras. Na sequência, nosso direcionamento será voltado para a 
Educação Física, com enfoque específico nas lutas, nas artes 
marciais e nos esportes de combate.
As lutas devem fazer parte das aulas de Educação Física na 
escola? O que deve ser ensinado em relação às lutas na escola? 
Os conteúdos e a abordagem das lutas na escola devem ser os 
mesmos para todas as faixas etárias? Essas questões serão anali-
sadas ao longo deste capítulo.
Na primeira seção, serão apresentados os principais aspectos 
relacionados às políticas públicas educacionais de nosso país, com 
o objetivo de entendermos a estrutura educacional na qual esta-
mos inseridos. Na sequência, nosso direcionamento será entender 
como as lutas integram nosso sistema curricular. Para tanto, ana-
lisaremos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Você deverá 
adquirir embasamento para avaliar a proposta vigente.
Na terceira seção, iremos discutir algumas propostas metodo-
lógicas existentes para o ensino das lutas, dentro ou fora da escola. 
A proposta atual presente na BNCC pode mudar, pois o currículo 
escolar em nosso país depende muito das políticas de governo. 
Diante disso, é importante que você esteja apto a compreender 
as lutas muito além da BNCC, tendo subsídios para abordá-las 
independentemente da proposta vigente. Os modelos de ensino 
que serão apresentados vão ajudá-lo a refletir e criar fundamentos 
para que o trato das lutas ocorra de maneira natural e harmônica. 
Por fim, na quarta seção, iremos abordar aspectos pedagógicos 
gerais e cuidados no ensino das lutas. Esses conteúdos são muito 
relevantes, pois não apenas auxiliarão no manejo das lutas, como 
também podem ser aplicados em aulas com diferentes objetivos.
30 Metodologia do ensino de lutas 
Ensino das lutas na escola 31
O conteúdo deste capítulo irá prover fundamentos que serão 
sua base para atuar com o ensino das lutas, seja como elementos 
das aulas curriculares de Educação Física na escola, seja como ele-
mentos de aulas em outros ambientes, como clubes, ONG (organi-
zações não governamentais), academias ou centros esportivos.
2.1 Políticas públicas educacionais 
Vídeo Para entendermos como se dá o currículo escolar brasileiro, preci-
samos saber como estão organizadas as políticas públicas educacio-
nais em nosso país. Vamos fazer uma breve análise disso.
O primeiro aspecto a ser considerado é que a educação no Brasil 
é um direito de todos, garantido pela Constituição Federal de 1988. 
Esse direito é estabelecido no artigo 205, o qual define que “a educa-
ção, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida 
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno de-
senvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania 
e qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988). Contudo, como se pode 
observar, a educação não é apenas um direito; família e Estado devem 
atuar para que toda criança tenha uma educação adequada. Nesse 
sentido, vale conhecer o artigo 208, que define que o Estado deve ga-
rantir “educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (de-
zessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para 
todos os que a ela não tiverem acesso na idade própria” (BRASIL, 1988).
Embora a Constituição defina direitos e deveres relativos à educa-
ção, não há uma abordagem detalhada desse processo, sendo realiza-
da uma abordagem geral, como reportado no artigo 210, que aponta 
que “serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de 
maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores cul-
turais e artísticos, nacionais e regionais” (BRASIL, 1988). Nesse aspecto, 
anos após o desenvolvimento da nossa Carta Magna, houve um proces-
so de discussão que resultou em uma lei específica sobre a educação, 
a Lei n. 9.394, de 1996, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ção (LDB). Na LDB, é estabelecido como deve ser organizado o sistema 
educacional brasileiro, incluindo especificações sobre a necessidade de 
diretrizes que nortearão a definição de conteúdos mínimos, função que 
32 Metodologia do ensino de lutas 
é incumbência da União, em colaboração com os estados, o Distrito Fe-
deral e os municípios, de acordo com o artigo 9º da lei (BRASIL, 1996).
Quanto à Educação Física, no § 3o do artigo 26 da LDB, indica-se que 
“a educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é compo-
nente curricular obrigatório da Educação Básica, ajustando-se às faixas 
etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cur-
sos noturnos” (BRASIL, 1996). No entanto, não há um detalhamento do 
currículo escolar na LDB. O mesmo ocorreu com os Parâmetros Curricu-
lares Nacionais (PCN), que, embora auxiliassem as escolas na criação das 
propostas pedagógicas, careciam de informações mais detalhadas sobre 
a organização dos conteúdos curriculares (BRASIL, 1997).
Nessa falta de definição clara de como deveria ser estruturado o 
currículo da Educação Física nas diferentes etapas de ensino, a Edu-
cação Física escolar enfrentou muitas dificuldades. Exemplo disso é a 
realidade das disciplinas escolares espalhadas pelo Brasil, com muitas 
delas se limitando, quando muito, à prática de quatro modalidades 
esportivas: futsal, voleibol, basquetebol e handebol. Um dos aspectos 
que levou à dificuldade de propostas de currículos universais foi o fato 
do Brasil ser um país de dimensões continentais, o que acarreta carac-
terísticas regionais muito peculiares.
Diante disso, em 2017, após muitas discussões, foi aprovada a Base 
Nacional Comum Curricular (BNCC), a qual define aprendizagens e 
competências 1
Na BNCC, competência é 
entendida como “a mobilização 
de conhecimentos (conceitos 
e procedimentos), habilidades 
(práticas, cognitivas e socioemo-
cionais), atitudes e valores para 
resolver demandas complexas da 
vida cotidiana, do pleno exercício 
da cidadania e do mundo do 
trabalho” (BRASIL, 2017, p. 8).
1
 a serem desenvolvidas na educação básica. Essas com-
petências são apresentadas no quadro a seguir.
Quadro 1
Competências gerais da educação básica
 Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o 
mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, 
continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade 
justa, democrática e inclusiva.
1
 Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das 
ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação 
e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular 
e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos 
conhecimentos das diferentes áreas.
(Continua)
2
A LDB (Lei n. 9.394/1996) 
faz a regulamentação 
do sistema educacional 
brasileiro. É importante 
que todo profissional que 
atue com ensino conheça 
essa regulamentação.
Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l9394.htm. Acesso em: 24 jul. 2020.
Leitura
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
Ensino das lutas na escola 33
 Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais 
às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção 
artístico-cultural.
3
 Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como LIBRAS, 
e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das 
linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar 
informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e 
produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
4
 Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação 
demaneira crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais 
(incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, 
produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e 
autoria na vida pessoal e coletiva.
5
 Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de 
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações 
próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da 
cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência 
crítica e responsabilidade.
6
 Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para 
formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que 
respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o 
consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento 
ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
7
 Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, 
compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e 
as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
8
 Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, 
fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos 
humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de 
grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem 
preconceitos de qualquer natureza.
(Continua)
9
34 Metodologia do ensino de lutas 
 Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, 
resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, 
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
10
Fonte: Brasil, 2017, p. 9-10.
Como você pode perceber, essas competências são de fato gerais 
e buscam a formação integral do ser humano, que não apenas domi-
na e decora conteúdos, e também a formação de um sujeito crítico, 
capaz de atuar em sociedade e exercer sua cidadania para a constru-
ção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva. Entretanto, 
você também pode perceber que não é uma tarefa fácil atingir todas as 
competências gerais com a Educação Física. Porém, esta é uma meta: 
elaborar e conduzir aulas e atividades que permitam o desenvolvimen-
to das competências gerais da educação básica propostas na BNCC.
Além da definição de competências gerais que devem ser desen-
volvidas, a BNCC também apresenta direcionamentos para cada etapa 
da educação e também abre a possibilidade para que cada estado in-
clua conteúdos que sejam relevantes para o contexto daquela região 
(BRASIL, 2017), tornando necessário que os docentes conheçam tanto a 
BNCC quanto o referencial curricular do estado no qual irá atuar.
A BNCC é estruturada com divisões entre educação infantil, ensino 
fundamental e ensino médio, e cada etapa possui suas peculiaridades. 
Devido à BNCC ser um documento muito amplo, envolvendo todas as 
áreas de conhecimento, limitaremo-nos a analisar os principais aspec-
tos que envolvem nossas possibilidades de intervenções com a Educa-
ção Física e, mais especificamente, com as lutas.
A educação infantil, que compreende o período de 0 a 5 anos e 
11 meses de idade, possui objetivos de aprendizagem e desenvol-
vimento que são divididos de acordo com as faixas etárias, sendo 
elas: bebês (0 a 1 ano e 6 meses), crianças bem pequenas (1 ano e 
7 meses a 3 anos e 11 meses) e crianças pequenas (4 anos a 5 anos 
e 11 meses). Nesse contexto, são estabelecidos na BNCC (BRASIL, 
2017) seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento inseri-
dos em cinco campos de experiência:
Ensino das lutas na escola 35
1. O eu, o outro e 
o nós
2. Corpo, gestos e 
movimentos
3. Traços, sons, 
cores e formas
4. Escuta, fala, 
pensamento e 
imaginação
5. Espaço, tempos, 
quantidades, 
relações e 
transformações
1. Conviver
2. Brincar
3. Participar
4. Explorar
5. Expressar
6. Conhecer-se
Direitos de 
aprendizagem e 
desenvolvimento 
Campos de 
experiência 
O ensino fundamental compreende do 1º ao 9º ano, não definindo 
faixa etária, pois existem reprovações e casos de alunos que iniciam 
os estudos fora da idade indicada. Ainda, conceitualmente, divide-se 
essa etapa em anos iniciais (1º ao 5º ano) e anos finais (6º ao 9º ano). 
Diferentemente da educação infantil, na qual são estabelecidos ape-
nas os campos de aprendizagem, para o ensino fundamental são apre-
sentados componentes curriculares específicos para cada área do 
conhecimento (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciên-
cias Humanas e Ensino Religioso). Aqui está um ponto importante a ser 
considerado: a Educação Física está alocada na área das Linguagens – 
remetendo à linguagem corporal –, assim como as disciplinas de Língua 
Portuguesa, Arte e Língua Inglesa.
36 Metodologia do ensino de lutas 
Adicionalmente, cada área do conhecimento é dividida em unida-
des temáticas, com objetos de conhecimento e habilidades a serem 
desenvolvidos. As seis unidades temáticas que integram a área da Edu-
cação Física, conforme a BNCC (BRASIL, 2017), são:
Karolina Madej/
Shutterstock
1. Brincadeiras 
e jogos
2. Esportes
3. Ginásticas
4. Danças
6. Práticas 
corporais de 
aventuras
5. Lutas
Por fim, para o ensino médio, assim como na educação infantil, não 
há uma discriminação concreta dos conteúdos a serem abordados 
dentro da Educação Física, mas sim indicações de competências espe-
cíficas de Linguagens e suas Tecnologias para o ensino médio.
Como vimos, a legislação brasileira passou por algumas modifica-
ções, como se observa na linha do tempo a seguir, até chegarmos ao 
documento principal, que detalharemos na próxima seção.
BNCC
Constituição Federal
PCN
LDB
1988
1996
1995-1999 2Embora a publicação do 
volume 7 tenha ocorrido em 
2010, a criação dos PCN ocorreu 
por etapas, com alterações, no 
período entre 1995 e 1999.
2
2017
Ensino das lutas na escola 37
2.2 As lutas na Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC) 
Vídeo Considerando o modelo de organização da educação infantil na 
BNCC, as lutas podem ser trabalhadas com as crianças bem peque-
nas e com as crianças pequenas, mas com um papel secundário, 
no qual o ensino não é das lutas em si, e sim feito por meio de ele-
mentos das lutas ou dos jogos de lutas, com objetivo de explorar os 
direitos de aprendizagem e desenvolvimento dentro dos campos de 
experiência. Por exemplo, é possível explorar o campo de experiên-
cia O eu, o outro e nós por meio de jogos de lutas? É possível explorar 
o campo de experiências Corpo, gestos e movimentos se valendo de 
algumas ações presentes nas lutas?
Lembre-se de que as lutas estão muito presentes no cotidiano das 
crianças, nos desenhos, quadrinhos ou filmes de super-heróis. Se bem 
planejadas, as atividades de lutas podem ter uma boa aceitação por 
parte das crianças, além de serem um instrumento riquíssimo para es-
timular o desenvolvimento motor e cognitivo, bem como para explorar 
valores e o respeito ao próximo.
du
ra
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el
al
le
ra
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hu
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to
ck
Exemplo de lutas em histórias em quadrinhos.
Para o ensino médio, ao analisarmos as unidades temáticas 
presentes na BNCC, podemos notar que existe uma unidade es-
pecífica para as lutas. No entanto, elas também podem ser utili-
zadas como elementos a serem explorados dentro da unidade de 
brincadeiras e jogos, bem como na unidade temática de esportes. 
38 Metodologia do ensino de lutas 
Os esportes são divididos em sete tipos, sendo um deles referente 
aos esportes de combate (BRASIL, 2017):
1. Marca
7. 
Co
m
ba
te
3 2. Precisão
3.
 T
éc
ni
co
- 
-c
om
bi
na
tó
rio
4. R
ede
/qu
adr
a 
divi
dida
 ou 
par
ede
 
de r
ebo
te
5. Campo e taco
6. Invasão ou 
territorial
 rikkyall/Shutterstock
Para a unidade temática de lutas, é importante que, antes de com-
preender as divisões dos componentes curriculares, você conheça qual 
entendimento éapresentado na BNCC para essa temática.
A unidade temática Lutas focaliza as disputas corporais, nas quais 
os participantes empregam técnicas, táticas e estratégias especí-
ficas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o oponen-
te de um determinado espaço, combinando ações de ataque e 
defesa dirigidas ao corpo do adversário. Dessa forma, além das 
lutas presentes no contexto comunitário e regional, podem ser 
tratadas lutas brasileiras (capoeira, huka-huka, luta marajoara 
etc.), bem como lutas de diversos países do mundo (judô, aikido, 
jiu-jítsu, muay thai, boxe, chinese boxing, esgrima, kendo etc.). 
(BRASIL, 2017)
Todas as unidades temáticas estabelecidas têm como objetivo al-
cançar as competências específicas da Educação Física, estabeleci-
das para essa fase de ensino, as quais auxiliarão no desenvolvimento 
das competências gerais da educação básica (apresentadas no início 
deste capítulo). Conheça e reflita sobre as competências específicas do 
ensino fundamental, expressas no quadro a seguir.
Na BNCC, a categoria esportes 
de combate “reúne modalidades 
caracterizadas como disputas 
nas quais o oponente deve ser 
subjugado, com técnicas, táticas 
e estratégias de desequilíbrio, 
contusão, imobilização ou exclu-
são de um determinado espaço, 
por meio de combinações de 
ações de ataque e defesa (judô, 
boxe, esgrima, tae kwon do 
etc.)” (BRASIL, 2017).
3
Ensino das lutas na escola 39
Quadro 2
Competências específicas da Educação Física no ensino fundamental
 Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos 
com a organização da vida coletiva e individual.1
 Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as 
possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver 
no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
2
 Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas 
corporais e os processos de saúde/doença, inclusive no contexto das 
atividades laborais.
3
 Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e 
estética corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na 
mídia e discutir posturas consumistas e preconceituosas.
4
 Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus 
efeitos e combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas 
corporais e aos seus participantes.
5
 Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às 
diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam.6
 Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade 
cultural dos povos e grupos.7
 Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o 
envolvimento em contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a 
promoção da saúde.
(Continua)
8
40 Metodologia do ensino de lutas 
 Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, propondo 
e produzindo alternativas para sua realização no contexto comunitário.9
 Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, 
ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o 
trabalho coletivo e o protagonismo.
10
Fonte: Brasil, 2017, p. 223.
Especificamente em relação aos componentes curriculares, é fun-
damental que você conheça os objetos de conhecimento e habilidades 
específicas a serem desenvolvidos na unidade referente às lutas, dentro 
do ensino fundamental, definidos na BNCC, conforme o quadro a seguir.
Quadro 3
Objetos de conhecimento da unidade temática lutas no EF e habilidades a serem desenvolvidas 
em cada fase do ensino
Fase Objetos de conhecimento Habilidades
1º e 2º anos – –
3º ao 5º ano
Lutas do contexto comunitá-
rio e regional
Lutas de matriz indígena e 
africana
 • Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas presentes no 
contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena 
e africana.
 • Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas do contex-
to comunitário e regional e lutas de matrizes indígena e afri-
cana experimentadas, respeitando o colega como oponente 
e as normas de segurança.
 • Identificar as características das lutas do contexto comu-
nitário e regional e lutas de matriz indígena e africana, reco-
nhecendo as diferenças entre lutas e brigas e entre lutas e 
as demais práticas corporais.
6º e 7º anos Lutas do Brasil
 • Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas do Brasil, 
valorizando a própria segurança e integridade física, bem 
como as dos demais.
 • Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas do Brasil, 
respeitando o colega como oponente.
 • Identificar as características (códigos, rituais, elementos 
técnico-táticos, indumentária, materiais, instalações, institui-
ções) das lutas do Brasil.
 • Problematizar preconceitos e estereótipos relacionados 
ao universo das lutas e demais práticas corporais, propon-
do alternativas para superá-los, com base na solidariedade, 
na justiça, na equidade e no respeito.
(Continua)
Ensino das lutas na escola 41
Fase Objetos de conhecimento Habilidades
8º e 9º anos Lutas do mundo
 • Experimentar e fruir a execução dos movimentos per-
tencentes às lutas do mundo, adotando procedimentos de 
segurança e respeitando o oponente.
 • Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas experimen-
tadas, reconhecendo as suas características técnico-táticas.
 • Discutir as transformações históricas, o processo de es-
portivização e a midiatização de uma ou mais lutas, valori-
zando e respeitando as culturas de origem.
Fonte: Brasil, 2017.
Com base no exposto, é possível observar que para o 1º e 2º anos 
não há abordagem específica da unidade temática lutas. No entanto, 
elementos das lutas podem ser utilizados dentro da unidade brincadei-
ras e jogos. Do 3º ao 5º ano, devem ser trabalhadas as lutas do contexto 
comunitário e regional, bem como as de matrizes indígena e africana. 
No 6º e 7º anos, as aulas devem abordar as lutas no Brasil, e no 8º e 9º 
anos, as lutas no mundo.
Além das habilidades específicas da unidade temática de lutas, apre-
sentadas no Quadro 3, no 8º e 9º anos é possível abordar as lutas dentro 
da unidade temática esportes, na qual é indicada a inclusão dos esportes 
de combate. Veja as habilidades previstas para os esportes de combate:
 • Formular e utilizar estratégias para solucionar os desafios técni-
cos e táticos, tanto nos esportes de campo e taco, rede/parede, 
invasão e combate como nas modalidades esportivas escolhidas 
para praticar de forma específica.
 • Identificar os elementos técnicos ou técnico-táticos individuais, 
combinações táticas, sistemas de jogo e regras das modalidades 
esportivas praticadas, bem como diferenciar as modalidades es-
portivas com base nos critérios da lógica interna das categorias 
de esporte: rede/parede, campo e taco, invasão e combate.
 • Identificar as transformações históricas do fenômeno esportivo 
e discutir alguns de seus problemas (doping, corrupção, violência 
etc.) e a forma como as mídias os apresentam.
 • Verificar locais disponíveis na comunidade para a prática de es-
portes e das demais práticas corporais tematizadas na escola, 
propondo e produzindo alternativas para utilizá-los no tempo 
livre. (BRASIL, 2017, p. 237)
Por fim, para o ensino médio, não há uma discriminação concreta 
dos conteúdos a serem abordados dentro da Educação Física, mas sim 
indicações de competências específicas de Linguagens e suas Tecno-
42 Metodologia do ensino de lutas 
logias para o ensino médio. Entre as sete competências especificadas, 
a de n. 5 é a que remete aos cuidados da Educação Física: “compreen-
der os processos de produção e negociação de sentidos nas práticas 
corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as como formas de expres-
são de valores e identidades, em uma perspectiva democrática e de 
respeito à diversidade” (BRASIL, 2017, p. 490).
Para alcançar o desenvolvimento da competência n. 5, a BNCC indi-
ca que sejam trabalhadas as

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