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AULA 03 - organização criminosa

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Sd JurisAdv – Sandra Mara Dobjenski 
 AULA 03 
 
 
A lei inovou ao estabelecer vedações expressas quanto ao regime de cumprimento 
de pena e critérios para progressão de regime de cumprimento de pena, proibindo-
se, portanto, que as partes criem condições para progressão de pena ou mesmo de 
regimes (semiaberto harmonizado, prisão domiciliar, etc.). 
 REQUISITOS LEGAIS DE CABIMENTO DA COLABORAÇÃO 
 
 
*Cabimento – pautado pela lógica da DISCRICIONARIEDADE REGRADA = 
obrigação de fundamentação, tanto pelo MPF, quanto pelo magistrado. Quanto ao 
MPF quanto da análise inicial de colaboração quanto o juiz no momento da 
homologação daquele acordo, eles devem se pautar por uma margem um tanto 
quanto aberta para analisar se é o caso do aceite daquela colaboração, mas essa 
discricionariedade também é limitada. 
*O MP ao receber a proposta de colaboração premiada caso entenda que deva 
negar a proposta ele deve fundamentar, sendo que a decisão é passível de recurso 
por parte da defesa interessada em celebrar o acordo. 
*Critérios a serem observados pelo magistrado no momento de homologação (após 
alterações da lei anticrime) 
*Até o advento da lei anticrime o juiz deveria analisar a legalidade/regularidade do 
acordo e a voluntariedade. 
Art. 4º, § 7º lei 12.850 - Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão 
remetidos ao juiz, para análise, o respectivo termo, as declarações do colaborador e 
cópia da investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o colaborador, 
acompanhado de seu defensor, oportunidade em que analisará os seguintes 
aspectos na homologação: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) – dever 
de marcar uma audiência para que o juiz ouça o colaborador – o juiz designará o dia 
– uma audiência própria para o ato processual para analisar os critérios da 
colaboração premiada – o juiz não participará das negociações, mas sim apenas do 
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ato de homologação – ele deve conversar com o colaborador na presença de seu 
advogado sem a presença do MP num ATO PRÓPRIO. 
*Audiência para homologação da colaboração premiada ou para o acordo de 
não persecução penal serve tão somente para o juiz verificar a 
REGULARIDADE/LEGALIDADE, serve para ele decidir se vai homologar o acordo 
ou não – não serve para a proposta ser feita como normalmente era feito nas 
audiências de transação penal. 
 
Requisitos a serem analisados pelo magistrado. 
Art. 4º, §7º lei 12.850 
 I - regularidade e legalidade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e nos §§ 4º e 5º 
deste artigo, sendo nulas as cláusulas que violem o critério de definição do regime 
inicial de cumprimento de pena do art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940 (Código Penal), as regras de cada um dos regimes previstos no Código 
Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os 
requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste 
artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). Define critérios relacionados a 
legalidade. É corriqueiro que as partes ao invés de definirem a questão da pena com 
base no regime tradicional de cumprimento de pena, alguns acordos passam a 
prever que o colaborador estará sujeito a tanto tempo de cumprimento no regime 
fechado e na sequência o colaborador estará sujeito a mais uma quantidade de 
tempo de pena no regime fechado diferenciado (regime de cumprimento de pena 
que não está previsto no CP) – o colaborador depois de cumprido o tempo de 
pena no regime diferenciado passará a cumprir mais um tempo de pena no regime 
semiaberto diferenciado (regime não previsto no CP) – os critérios de progressão 
de pena, neste caso, são definidos exclusivamente pelas partes.- definição da 
progressão e do próprio regime – isso agora está expressamente proibido por 
disposição de lei – o juiz ao se deparar com essa espécie de celebração entre as 
partes pode dizer que o inciso I diz que ele dever se ater a legalidade do acordo e o 
inciso II diz que é proibido que as partes definam o regime inicial de cumprimento de 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art33
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm
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pena e requisitos para a progressão, visto esses critérios estarem dispostos no CP e 
portanto, não poderiam ser estabelecidos entre as partes. A colaboração é um 
acordo personalíssimo celebrado entre as partes. 
III - adequação dos resultados da colaboração aos resultados mínimos exigidos nos 
incisos I, II, III, IV e V do caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
IV - voluntariedade da manifestação de vontade, especialmente nos casos em que 
o colaborador está ou esteve sob efeito de medidas cautelares. (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) Não raras vezes o colaborador ao realizar sua colaboração 
premiada ele está com alguma medida cautelar patrimonial ou pessoal ou até 
mesmo se encontra preso – a jurisprudência diz que é possível colaborador preso 
realizar o acordo, sendo que a resposta em sentido contrário acarretaria em uma 
restrição de direitos ao acusado – violação aos direitos fundamentais do acusado – 
portanto, quando se fala em réu preso este pode colaborar devendo ser analisado 
pelo juiz se essa colaboração foi espontânea. 
§ 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise fundamentada do mérito da 
denúncia, do perdão judicial e das primeiras etapas de aplicação da pena, nos 
termos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) e 
do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), antes 
de conceder os benefícios pactuados, exceto quando o acordo prever o não 
oferecimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A deste artigo ou já tiver sido 
proferida sentença. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) . De um lado se 
pretende assegurar maior segurança jurídica ao colaborador, a denúncia de fato traz 
a visualização da conduta é substancial a determinado acusado e de fato seu acordo 
faz sentido, estando de acordo com regras benéficas tanto para uma parte quanto 
para outra parte de outra parte traz insegurança ao magistrado que em uma fase 
inicial do processo, antes do recebimento da denúncia, antes de uma decisão de 
mérito, uma sentença, ela obriga que o juiz avalie o mérito da denúncia, antecipando 
um juízo de valor, feito em autos próprios, destinados a homologação. O juiz deve 
analisar de maneira fundamentada o mérito da denúncia. 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm
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§ 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de renúncia ao direito de impugnar a 
decisão homologatória. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Não podem as 
partes preverem que caso o juiz não homologue a decisão as partes devem 
renunciar ao direito de recorrer. Não tem sido feita uma separação entre direito 
material e direito processual – quando se fala em uma justiça negociada tem que ser 
definida a espéciede negociação – JORGE FIGUEIREDO DIAS – entende que 
impor ao acusado colaborador que ele não possa recorrer, que ele não possa 
apresentar recursos após a celebração do acordo – sendo que esses acordos 
podem ser referentes a assuntos processuais – ocorre uma afronta a dignidade do 
processo e portanto, isso não deveria ser admitido – sendo o processo democrático, 
lícito é direito do acusado recorrer, não do que ele aceitou, mas de questões 
processuais. 
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos 
requisitos legais, devolvendo-a às partes para as adequações 
necessárias. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
 
 QUESTÕES ESPECÍFICAS EM RELAÇAO A COLABORAÇÃO 
*A lei veda regime de cumprimento de pena e critérios para progressão da pena, não 
previstos em lei anteriormente. 
*Possibilidade de se negociar outros benefícios (devolução de valores, utilização de 
patrimônio, etc.) não previstos em lei? Posicionamentos doutrinários (NÉFI 
CORDEIRO (esses benefícios extralegais são absolutamente inviáveis, eles não 
poderiam ser negociados entre as partes), VASCONCELOS, CANOTILHO, entre 
outros) – alguns benefícios são previstos em lei (lei 12.850) (o STF compreende que 
por ser negócio jurídico celebrado entre as partes, o terceiro não pode questionar, 
mesmo esses benefícios), Art., 4º lei 12.850 são: O juiz poderá, a requerimento das 
partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa 
de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado 
efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que 
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dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: (critérios a serem 
analisados pelas autoridades para a aquisição do benefício) 
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das 
infrações penais por eles praticadas; colaboração premiada não é igual a confissão 
tradicional prevista no CP, que inclusive possui benefícios próprios – o sujeito quer 
simplesmente confessar seus fatos, mas ele nada sabe a cerca do restante da 
organização criminosa. 
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização 
criminosa; deve haver uma relação estruturada, uma hierarquia – é necessário que o 
colaborador identifique o que cada um fazia, qual era a divisão das funções. 
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização 
criminosa; 
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais 
praticadas pela organização criminosa; o Estado ao invés de ficar litigando com o 
sujeito em uma ação que não raras vezes vai demorar anos e que depois da 
execução, após a ação penal vai entrar em uma fase de execução e que ocorrerá 
uma dificuldade em reaver o bem, produto de crime – no acordo de colaboração se 
faz um acordo e o sujeito desde logo se compromete a devolver aquilo que ele 
ganhou ilicitamente e indicar aonde estão os outros bens da organização criminosa. 
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. Via de 
REGRA não se fala de crimes de natureza financeira e sim de uma criminalidade 
violenta em que eventualmente há vítimas e com restrição a sua liberdade, em 
cárcere – sendo a colaboração benéfica porque o colaborador poderá ajudar a 
salvar essa pessoa. 
§ 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade 
do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do 
fato criminoso e a eficácia da colaboração.o magistrado na homologação de seu 
acordo pode novamente analisar a eficácia da colaboração, ou seja, durante a 
instrução o sujeito de fato colaborou, foi eficaz, identificou os outros, devolveu o 
dinheiro, critérios subjetivos que mantém uma certa preocupação ao colaborador 
mesmo com a homologação. 
 
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§ 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a 
qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a 
manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela 
concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha 
sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). Sujeito realizou 
uma colaboração, combinou com o MP uma redução de pena, mas durante a 
instrução aquela colaboração se mostrou tão efetiva e ele conseguiu outros 
elementos de prova que o MP pode, ou o próprio delegado se for o caso podem 
requerer o perdão judicial, ainda que isto não estivesse previsto no acordo – 
CLÁUSULA DE EFETIVIDADE – muitas vezes é negada – o MP possui restrição em 
colocar essa cláusula pois possui receio de que o sujeito propositalmente deixe 
algumas informações de lado e apresente posteriormente para fazer jus a esse 
benefício – essa cláusula foi incluída pelo pacote anticrime como uma cláusula legal. 
§ 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, 
poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que 
sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo 
prescricional. 
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério Público poderá 
deixar de oferecer denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se a 
infração de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o 
colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) – hipótese do MP deixar 
de apresentar a denúncia por entender que a colaboração é tão relevante de forma a 
tender dois critérios: 
I - não for o líder da organização criminosa; em sendo líder a lei entende que ele não 
pode deixar de ser denunciado, pois ele vai descrever uma hierarquia, estrutura que 
este abaixo dele o que não faz sentido para a investigação. 
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. Promoção de 
um fator de desunião dentro do grupo criminoso. 
*A lei estimula que o cidadão seja o primeiro a efetivar a colaboração, estimula que o 
sujeito fale ao máximo, que ele dê o máximo de informações – quanto mais 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm#art28
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informação para o Estado melhor – ocorre a descoberta de novos crimes, abre 
novas frentes de investigação. Para o acusado quanto mais informações ele der 
mais benefícios ele pode ter. Dentro da colaboração premiada o que vale é a 
informação. 
§ 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio da infração quando o 
Ministério Público ou a autoridade policial competente tenha instaurado inquérito ou 
procedimento investigatório para apuração dos fatos apresentados pelo 
colaborador. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
*O acordo pode ser feito na fase de investigação, pode ser feito durante a instrução 
e pode ser feito até a pós a sentença. 
§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a 
metade ou será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos 
objetivos. Benefício em caso de sentença proferida 
 
 
 
 PAPEL DAS PARTES 
*As partes e o sistema acusatório (deve ter partes bem definidas, que ao juiz 
compete ser imparcial, mantendo-se equidistante das partes – o MP deve adotar 
uma postura de acusação,enquanto a defesa deve representar de maneira eficiente 
os interesses de seus clientes, ou seja, deve defender de maneira eficiente) e 
inquisitório (concentração de poder muito grande nas mãos das partes – via de regra 
na mão do juiz). O magistrado não deve, não pode participar das negociações. 
*O papel do juiz – garantidor de legalidade e das regras processuais. 
 Art. 4º § 6º lei 12.850 - O juiz não participará das negociações realizadas entre as 
partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado 
de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, 
conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu 
defensor. 
*O papel do MP – ganho de poderes. 
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 Sd JurisAdv – Sandra Mara Dobjenski 
*Se o juiz entender no momento da homologação que alguns benefícios são ilegais, 
que existe um excesso de acusação, que o acordo possui algum problema ele 
simplesmente devolve o acordo para as partes, para que sejam feitas as correções, 
para que elas voltem a negociar seja a favor do MP ou a favor da defesa. O juiz 
deve ter um papel de garantidor das regras do jogo, verificar a legalidade do 
procedimento como um todo, ele deve se manter imparcial, inerte, distante de 
maneira igual das duas partes. Quando se fala em partes é dar equilíbrio, dar 
efetividade para que a defesa possa negociar em condições mínimas de 
igualdade com o MP.

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