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ATIVIDADE - RECURSO APELAÇÃO - PRATICA JURIDICA - 23102021

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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 
VARA______CRIMINAL DA COMARCA DE GOIANIA/GO 
 
 
 
 
Autos n° 
 
 
 
 
 
 
 
 
LÍVIA DA SILVA TAVARES, brasileira, solteira, 20 anos de 
idade, portadora do RG n° , inscrita no CPF sob n°. , nome do pai e mãe, 
estudante de Enfermagem da Faculdade Padrão, residente e domiciliada na Rua dos 
Inocentes, Qd. 34, Lt. 15, no Setor dos Iludidos, CEP: 644313254324, Goiânia/GO, por 
meio de seu advogado (procuração em anexo), Escritório com o endereço na Rua 
, Qd. , Lt. , Bairro , CEP: , Goiânia/GO, vem, respeitosamente à presença 
de Vossa Excelência, dentro do prazo legal interpor 
 
RECURSO DE APELAÇÃO 
 
Com fundamento no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal, pelas razões 
de fato e de direito que irei apresentar posteriormente. 
Requer seja, determinada a abertura de vista dos autos, para o 
oferecimento das razões e o seu regular processamento e encaminhamento ao 
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, por ser medida de justiça! 
Termos em que, 
Pede deferimento 
 
 
Goiânia, 18 de outubro de 2021 
 
 
 
Advogado OAB
 N° 
RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO CRIMINAL 
RECORRENTE: LÍVIA DA SILVA TAVARES 
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO 
Autos n°. que tramita na Vara Criminal da Comarca de Goiânia/GO 
 
 
 
 
 
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás 
Colenda Câmara Criminal 
Douto Procurador de Justiça do MP/GO 
 
 
 
 
 
I - DO INCONFORMISMO DO RECORRENTE 
 
A recorrente foi denunciada e processada pela suposta prática do 
crime estelionato, previsto no artigo 155, §4°, do CP, em concurso material com o 
crime de favorecimento real previsto no artigo 349, e associação criminosa, prevista no 
artigo 288, caput, C/C artigo 69, ambos do Código Penal. 
A recorrente foi prejudicada no seu exercício sagrado a ampla defesa 
e ao devido processo legal, ambos previstos como direito e garantia fundamental no 
artigo 5°, LIV, LV, da Constituição Federal. Como se não bastasse, a recorrente foi 
condenada na ação penal, sem a demonstração cabal de autoria ou participação 
acima de qualquer dúvida razoável, o que violou a presunção de inocência prevista no 
citado artigo 5°, LVII, do mesmo diploma legal. 
Excelências, a apelante suplica para que o Egrégio Tribunal do 
Estado de Goiás corrija o equivoco constante da sentença penal condenatória 
proferida pelo MM. Juiz de Direito da respectiva vara criminal acima especificado. 
II – DOS FATOS 
 
A apelante foi denunciada e processada pelo Ministério Público do 
Estado de Goiás, pela suposta prática do crime estelionato, previsto no artigo 155, §4°, 
do CP, em concurso material com o crime de favorecimento real previsto no artigo 349, 
e associação criminosa, prevista no artigo 288, caput, C/C artigo 69, ambos do Código 
Penal. 
Narra à denúncia, que a acusada teria de forma voluntaria e 
consciente consentido que terceiros não identificados, realizassem vários depósitos via 
transferência eletrônica em sua conta corrente, situada na agencia da Caixa Econômica 
n°. 654, Conta: 4434344, em Goiânia/GO. Consta dos autos da investigação, que foram 
realizados pelo menos 5 cinco depósitos em um dia no valor R$ 20.000,00 (vinte mil 
reais), totalizando ao final o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). 
A investigação apontou que entre os dias 15 até 30 de abril de 2021, 
várias vítimas no Estado do Paraná levaram ao conhecimento da autoridade policial 
local, que suas contas correntes tiveram os valores subtraídos através de várias 
transações suspeitas. Segundo as vítimas, grandes quantidades de dinheiro foram 
retiradas das contas bancarias, algumas vítimas relataram que receberam e-mails 
aparentemente dos bancos onde as vítimas possuíam contas, sendo que haviam links 
com ofertas de empréstimos e solicitação revisão de parcelamentos, as vítimas teriam 
clicado nos links, após a citada ação muito dinheiro foi desviado automaticamente para 
outras contas. 
Ocorre que, de posse das informações de que as vítimas teriam sido 
vítimas de furto mediante fraude, foi iniciada a investigação, logo foi detectado que a 
conta pertencente à acusada teria sido utilizada nos golpes, pois, conforme narrado na 
denúncia, um valor considerável teria sido depositado em um curto espaço de tempo, 
tendo sido sacado no mesmo dia e horário por pessoas desconhecidas, porém, as 
imagens do circuito de segurança não foram capazes de demonstrar se realmente era a 
acusada. 
A acusada chegou a ser ouvida em inquérito policial, ocasião em que 
confessou ter sido obrigada a emprestar a sua conta bancaria para que criminosos 
realizassem os depósitos, segundo a acusada seu filho Maykon Santos havia sido preso 
em flagrante pela pratica do crime de roubo previsto no artigo 157, caput, do Código 
Penal, o ultimo permaneceu preso aproximadamente 5 cinco meses, e somente foi solto 
após o encerramento de suas audiências. 
Segundo a acusada, desde então, seu filho havia contraído inúmeras 
dívidas quando esteve preso, motivo pelo qual, começou a receber ameaças de morte 
de dentro da prisão, alegando que se ele não pagasse ou ajudasse os membros da 
Facção Criminosa KDI, o acusado seria morto. A acusada informou que membros da 
citada facção a obrigaram a emprestar a conta bancaria para que o dinheiro fosse 
depositado, sob pena, de não aceitando a proposta seu filho Maycon poderia ser morto 
pelo grupo. A acusada mostrou aos Policiais Civis todas as gravações telefônicas que 
estavam no seu celular armazenadas, os diálogos eram bem claros no sentido de que 
“se a acusada não emprestasse a sua conta bancaria para realização dos depósitos o 
seu filho Maycon seria assassinado pelo comando da KDI”, entretanto, as mensagens 
foram desconsideradas pelos agentes de polícia, mesmo a acusada mostrando tudo aos 
agentes, simplesmente falaram o seguinte “mostra para o seu advogado e para de me 
alugar”. 
Cabe ressaltar, que, sem que a acusada percebesse, o seu celular foi 
acessado sem a sua autorização, o agente policial abriu o seu aplicativo de WhatsApp e 
inseriu na internet através do WhatsApp web, o que possibilitou monitorar as conversas 
em tempo real que a acusada falava com terceiros, a citada pratica é conhecida pelo 
nome de espelhamento do WhatsApp. Durante algumas conversas foi possível capturar 
uma conversa entre a acusada e seu filho Maycon que se encontra foragido, o qual 
disse o seguinte “mãe sabe aquele dinheiro que o pessoal furtou das contas bancarias, 
acredita que sumiu R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), e agora o chefe da Facção KDI 
está falando que fui eu e que eu terei que pagar junto com a senhora, e disseram que 
vão me matar se eu não passar esse dinheiro para eles até amanhã”. Depois que os 
policiais civis conseguiram ver a citada conversa em tempo real entre a acusada e seu 
filho, houve a representação pela decretação da prisão preventiva de ambos, entretanto, 
somente a prisão da acusada foi levada a efeito, já que seu filho não foi encontrado. 
A acusada se colocou a disposição da autoridade policial e prestou 
todas as informações necessárias sobre suas movimentações financeiras, e deixou 
claro que não sairia da cidade, porém, seu filho estava jurado de morte pela KDI, pois, 
se trata de um grupo muito perigoso e temido dentro e fora dos presídios. Depois de 
realizar várias quebras de sigilo bancário e fiscal e telefônico a autoridade policial 
conseguiu chegar em um dos criminosos que havia se utilizado do cartão bancário da 
acusada, conhecido pelo nome de Pedro Emanuel Silva, entretanto, ficou provado que o 
ultimo já faleceu após ter trocado tiros com um grupo tático da PM/GO, em uma 
operação anterior no combate ao tráfico de drogas. Ao final, o inquérito policial foi 
concluído, além do que, a acusada foi indiciada pelos citados crimes, justamente por ter 
emprestado a sua conta bancaria para que o dinheiro obtido ilicitamentefosse 
depositado e posteriormente sacada pelos criminosos, havendo por assim, dizer a prova 
da materialidade e indícios de autoria e participação em face da agora acusada pelo 
MP/GO. 
A denúncia foi recebida, e determinada a citação da acusada para 
responder à acusação, o que não foi possível, já que o oficial de justiça não obteve êxito 
em encontrar a acusada, tendo informações de terceiros de que a acusada havia se 
mudado a pouco tempo, não informando o seu real paradeiro. Assim, o MM. Juiz de 
Direito diante da noticia que a acusada se encontrava em local incerto e não sabido, 
determinou a sua citação pessoal da acusada o que foi cumprido, uma vez que a 
acusada apresentou resposta à acusação através de advogado constituído. 
Em resposta à acusação o defensor dativo negou a pratica do crime, 
alegou ter sido coagida para emprestar a sua conta bancaria aos criminosos da Facção 
KDI, requerendo ao final a absolvição sumária da acusada. O MM. Juiz indeferiu o 
pedido de absolvição sumária e determinou a realização da audiência de instrução e 
julgamento. Cabe ressaltar, que a acusada arrolou testemunhas um total de 8 oito, 
porém, o Juiz deferiu a oitiva de apenas 2 duas testemunhas, justamente para evitar 
qualquer tentativa de tumultuar o andamento da instrução criminal. 
Por outro lado, todas as testemunhas arroladas pela acusação foram 
devidamente intimadas, e algumas serão ouvidas, inclusive, por carta precatória e por 
vídeo conferencia e por carta precatória no Estado do Paraná. Cabe ressaltar, que no 
dia e horário da audiência, a acusada somente foi conduzida ao Fórum Criminal, porém, 
lhe foi negado o direito de participar da audiência, permanecendo na carceragem do 
fórum no subsolo, a acusada somente foi a sala de audiência para assinar a ata de 
julgamento e realizar o seu interrogatório, não presenciando, contudo, a oitiva das 
testemunhas de acusação e defesa. Durante o seu interrogatório, a acusada se limitado 
a dizer que “foi coagida para ajudar os criminosos sob pena de ver seu filho executado 
na cadeia ou na rua, justamente pelas dívidas contraídas durante o período da prisão”. 
Após o termino da instrução criminal, o MM. Juiz de Direito concedeu a 
palavra ao Ministério Público, o qual requereu a procedência da denúncia e a 
condenação da acusada pelos crimes narrados na denúncia, até porque, segundo o 
MP/GO, a materialidade do fato está cabalmente demonstrada em face da prova obtida 
através das informações obtidas pelo espelhamento do WhatsApp web, bem como a 
confissão da acusada que deixou claro que de fato “emprestou sua conta bancaria para 
que criminosos depositassem o dinheiro furtado das vítimas, comprovando-se o seu 
dolo em concorrer para o crime de furto qualificado, não merecendo credito sua versão 
de que foi coagida a participar do crime”. 
As testemunhas de defesa não contribuíram em nada para comprovar 
a história narrada pela acusada, razão pela qual o MP/GO requer a condenação da 
acusada pelos fatos narrados na denúncia. Inclusive, requer a condenação pelo crime, 
consistente no favorecimento real previsto no artigo 349 e associação criminosa, artigo 
288 do Código Penal. A defesa por sua vez, sustentou que acusada foi coagida de 
forma a não poder resistir a pressão, motivo pelo qual, buscou a absolvição com base 
na inexigibilidade de conduta diversa. Por outro lado, a defesa postulou pela declaração 
de nulidade da prova produzida em audiência, uma vez que foi cerceado o direito de 
defesa ao não inquirir todas as testemunhas constante do rol defensivo, dando-se 
benefício exacerbado a acusação que teve a oportunidade de inquirir todas suas 
testemunhas, violando-se o contraditório. 
Além do que a prova obtida através do espelhamento de WhatsApp 
Web é ilícita, uma vez que não houve o consentimento da acusada e muito menos 
autorização judicial para a citada conduta praticada pela autoridade policial, trata-se de 
prova ilícita por derivação, prevista no artigo 5°, LVI, da Constituição Federa de 1988, e 
157, caput, e §1°, do CPP. O MM. Juiz, analisando a prova dos autos, julgou procedente 
a pretensão punitiva estatal e condenou a acusada pelos crimes de estelionato e 
favorecimento real, fatos esses subsumidos nas condutas típicas descritas nos artigos 
155, §4°, e 288, caput, e 349 do Código Penal. 
Em sua decisão o magistrado estabeleceu a pena privativa de 
liberdade seguindo o sistema trifásico do artigo 68 do Código Penal, fixou-se a pena de 
5 cinco anos, cujo regime inicial de cumprimento de pena é o fechado, tendo em vista a 
gravidade do fato imputado a acusada, já que ela possuía a obrigação de conduzir seu 
sobrinho pelo caminho do bem e da moral o que justifica a imposição de pena pelo 
regime mais severo de cumprimento de pena. A sentença foi proferida em audiência, no 
dia 12 de outubro de 2021. 
 
 
III – PRELIMINARMENTE 
DA OFENSA AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA 
Conforme narrativa acima colacionada, ficou perfeitamente caracterizada a 
ofensa ao contraditório e à ampla defesa, pois o trâmite processual se deu em clara 
inobservância DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. 
Todo procedimento assim como qualquer ato processual deve ser 
conduzido com estrita observância aos princípios constitucionais da ampla defesa e do 
contraditório, sob pena de nulidade. 
Ao instaurar um processo judicial com repercussão direta ao Recorrente, 
todo trâmite deve ser conduzido de forma a garantir o direito ao contraditório e à ampla 
defesa conforme clara redação constitucional: 
"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes:(...) 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;(...)" 
No entanto, em manifesta quebra ao direito constitucional, sendo assim, 
trata-se de manifesta quebra do direito constitucional à ampla defesa, especialmente por 
inibir a principal ferramenta de defesa do recorrente, conforme análise das cortes 
superiores: 
"(..) tenho para mim, na linha de decisões que proferi nesta 
Suprema Corte, que se impõe reconhecer, mesmo em se 
tratando de procedimento administrativo, que ninguém pode ser 
privado de sua liberdade, de seus bens ou de seus direitos sem o 
/lei/CF/constituicao-federal
/lei/CF/constituicao-federal/art-5
/lei/CF/constituicao-federal/art-5,inc-LV
devido processo legal, notadamente naqueles casos em que se 
estabelece uma relação de polaridade conflitante entre o Estado, 
de um lado, e o indivíduo, de outro. Cumpre ter presente, bem 
por isso, na linha dessa orientação, que o Estado, em tema de 
restrição à esfera jurídica de qualquer cidadão, não pode exercer 
a sua autoridade de maneira abusiva ou arbitrária (...). Isso 
significa, portanto, que assiste ao cidadão (e ao administrado), 
mesmo em procedimentos de índole administrativa, a 
prerrogativa indisponível do contraditório e da plenitude de 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, consoante 
prescreve a Constituição da República em seu art. 5º, LV. O 
respeito efetivo à garantia constitucional do 'due process of law', 
ainda que se trate de procedimento administrativo (como o 
instaurado, no caso ora em exame, perante o E. Tribunal de 
Contas da União), condiciona, de modo estrito, o exercício dos 
poderes de que se acha investida a Pública Administração, sob 
pena de descaracterizar-se, com grave ofensa aos postulados 
que informam a própria concepção do Estado Democrático de 
Direito, a legitimidade jurídica dos atos e resoluções emanados 
do Estado, especialmente quando tais deliberações, como 
sucede na espécie, importarem em invalidação, por anulação, de 
típicas situações subjetivas de vantagem." (MS 27422 AgR, 
RelatorMinistro Celso de Mello, julgamento em 14.4.2015, DJe 
de 11.5.2015, #15122613) #5122613 
A doutrina, no mesmo sentido segue este entendimento. 
"É sabido que a ampla defesa e o contraditório não alcançam 
apenas o processo penal, mas também o administrativo, nos 
termos do art. 5º, LV da CF/88. É que a Constituição estende 
essas garantias a todos os processos, punitivos ou não, bastando 
haver litígios. Logo, os processos administrativos que tramitam 
nos Tribunais de Contas deverão observar esses princípios 
constitucionais, sob pena de nulidade". (Harrison Leite, Manual 
de Direito Financeiro, Editora jus podivum, 3ª edição, 2014, p. 
349) 
Portanto, o não deferimento da acusação, demonstra clara quebra do 
contraditório e da ampla defesa, razão pela qual, merece provimento o presente pedido. 
Como exposto, deve-se considerar clara a NULIDADE da ação 
penal desde o começo, com fundamento nos artigos 564 e 563 do CPP, uma vez que 
não poderia ter havido o cerceamento de defesa. 
 
IV – DO MÉRITO 
 
DA COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL 
Discorrer sobre a coação moral irresistível. A acusada só 
emprestou a conta porque estava recebendo ameaças de morte do seu filho pela 
facção. DEVE SER ABSOLVIDA CONFORME ART 22 CP 
Conforme relatado, era inexigível ao Réu que adotasse conduta diferente 
daquela tomada, pois as circunstâncias o impediam que pudesse buscar outra alternativa. 
/lei/CF/constituicao-federal
/lei/CF/constituicao-federal/art-5
/lei/CF/constituicao-federal/art-5,inc-LV
/lei/CF/constituicao-federal/art-5
/lei/CF/constituicao-federal/art-5,inc-LV
/lei/CF/constituicao-federal
/lei/CF/constituicao-federal
Ao lecionar sobre o tema, a doutrina destaca sobre a necessidade de se 
avaliar as circunstâncias do ilícito, uma vez que podem existir requisitos negativos do 
delito: 
"Interpretando as palavras de CARNELUTTI, requisitos positivos 
do delito significam prova de que a conduta é aparentemente 
típica, ilícita e culpável. Além disso, não podem existir requisitos 
negativos do delito, ou seja, não podem existir (no mesmo nível 
de aparência) causas de exclusão da ilicitude (legítima defesa, 
estado de necessidade etc) ou de exclusão da culpabilidade 
(inexigibilidade de conduta diversa, erro de proibição etc.)." 
(LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. 15ª ed. Editora 
Saraiva jur, 2018. Versão Kindle, p. 13502) 
A inexigibilidade de conduta diversa, se configura sempre que não for 
possível exigir do agente outra conduta que não aquela praticada em determinada 
situação de risco ou nas hipóteses de coação moral irresistível, como se evidencia no 
presente caso. 
Desta forma, evidenciada a circunstância que configura inexigibilidade de 
conduta diversa, tem-se por necessária a exclusão da culpabilidade o Réu. 
Como já citado, quer seja Legislação, Doutrina, Jurisprudência, 
conhecimentos específicos, e da transparência dos fatos que demonstram ato coercitivo 
que envolveu a Acusada, vem com a mais enaltecida reverencia, pedir a V. Exa. 
Absolvição da Apelante. 
 
DAS PROVAS ILICÍTIAS E SUAS DERIVADAS 
Conforme pode-se observar da Denúncia, a mesma foi totalmente 
embasada pelo aplicativo de mensageria WhatsApp, sem qualquer prova robusta sobre a 
autoria do fato. 
Ocorre que no atual Estado Democrático de Direito, em especial em nosso 
sistema processual penal acusatório, cabe ao Ministério Público comprovar a real 
existência do delito e a relação direta com a sua autoria, não podendo basear sua 
acusação apenas no depoimento da vítima. 
No Direito Penal brasileiro, para que haja a condenação é necessária a real 
comprovação da autoria e da materialidade do fato, conforme preceitua o Código de 
Processo Penal ao prever expressamente: 
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte 
dispositiva, desde que reconheça: 
(...)VII - não existir prova suficiente para a condenação. 
O que deve ocorrer no presente caso, pois não há elementos suficientes 
para comprovar a relação do Réu com os fatos narrados. Dessa forma, o processo deve 
ser resolvido em favor do acusado, conforme destaca Celso de Mello no seguinte 
precedente: 
"É sempre importante reiterar - na linha do magistério 
jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal consagrou na 
matéria - que nenhuma acusação penal se presume provada. 
Não compete, ao réu, demonstrar a sua inocência. Cabe ao 
contrário, ao Ministério Público, comprovar, de forma inequívoca, 
/lei/CPP/codigo-processo-penal
/lei/CPP/codigo-processo-penal
/lei/CPP/codigo-processo-penal/art-386
para além de qualquer dúvida razoável, a culpabilidade do 
acusado. Já não mais prevalecem em nosso sistema de direito 
positivo, a regra, que, em dado momento histórico do processo 
político brasileiro (Estado novo), criou, para o réu, com a falta de 
pudor que caracteriza os regimes autoritários, a obrigação de o 
acusado provar a sua própria inocência (...). Precedentes." (HC 
83.947/AM, Rel. Min. Celso de Mello). 
Fato é que de forma leviana instaurou-se o presente processo, desprovido 
de provas cabais a demonstrar a gravidade do ato, consubstanciadas unicamente em 
indícios que maculam a finalidade da ação proposta. 
Com base nas declarações e provas documentais acostadas ao presente 
processo, é perfeitamente possível verificar a ausência de qualquer evidência que 
confirme as alegações do denunciante. 
Afinal, não há provas que sustentem as alegações trazidas no processo, 
sequer indícios contundentes foram juntados à inicial. 
Sendo assim, podemos afirmar, como conclusão logica e clara, que esse 
meio probatório por interno ilícito, e todas as provas delas resultantes, devendo ser 
extraídas dos autos do processo, sobremodo, ao disposto na Legislação Adjetiva Penal, 
para que o Estado respeite os direitos e garantias fundamentais do cidadão. 
 
V – DO DIREITO 
Todo procedimento assim como qualquer ato processual deve ser 
conduzido com estrita observância aos princípios constitucionais da ampla defesa e do 
contraditório, sob pena de nulidade. 
Ao instaurar um processo judicial com repercussão direta ao recorrente, 
todo trâmite deve ser conduzido de forma a garantir o direito ao contraditório e à ampla 
defesa conforme clara redação constitucional: 
"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes:(...) 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;(...)" 
No entanto, em manifesta quebra ao direito constitucional, cabe ressaltar, 
que, sem que a acusada percebesse, o seu celular foi acessado sem a sua autorização, o 
agente policial abriu o seu aplicativo de WhatsApp e inseriu na internet através do 
WhatsApp web, o que possibilitou monitorar as conversas em tempo real que a acusada 
falava com terceiros, a citada pratica é conhecida pelo nome de espelhamento do 
WhatsApp. Ou seja, trata-se de inequívoca quebra do direito constitucional à ampla 
defesa, especialmente por inibir a principal ferramenta de defesa do recorrente, conforme 
precedentes: 
"(..) tenho para mim, na linha de decisões que proferi nesta 
Suprema Corte, que se impõe reconhecer, mesmo em se 
tratando de procedimento administrativo, que ninguém pode ser 
/lei/CF/constituicao-federal
/lei/CF/constituicao-federal/art-5
/lei/CF/constituicao-federal/art-5,inc-LV
privado de sua liberdade, de seus bens ou de seus direitos sem o 
devido processo legal, notadamente naqueles casos em que se 
estabelece uma relação de polaridade conflitante entre o Estado, 
de um lado, e o indivíduo, de outro. Cumpre ter presente, bem 
por isso, na linha dessa orientação, que o Estado, em tema de 
restrição à esfera jurídica de qualquer cidadão, não pode exercer 
a sua autoridade de maneira abusiva ou arbitrária (...). Issosignifica, portanto, que assiste ao cidadão (e ao administrado), 
mesmo em procedimentos de índole administrativa, a 
prerrogativa indisponível do contraditório e da plenitude de 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, consoante 
prescreve a Constituição da República em seu art. 5º, LV. O 
respeito efetivo à garantia constitucional do 'due process of law', 
ainda que se trate de procedimento administrativo (como o 
instaurado, no caso ora em exame, perante o E. Tribunal de 
Contas da União), condiciona, de modo estrito, o exercício dos 
poderes de que se acha investida a Pública Administração, sob 
pena de descaracterizar-se, com grave ofensa aos postulados 
que informam a própria concepção do Estado Democrático de 
Direito, a legitimidade jurídica dos atos e resoluções emanados 
do Estado, especialmente quando tais deliberações, como 
sucede na espécie, importarem em invalidação, por anulação, de 
típicas situações subjetivas de vantagem." (MS 27422 AgR, 
Relator Ministro Celso de Mello) 
A doutrina, no mesmo sentido segue este entendimento. 
"É sabido que a ampla defesa e o contraditório não alcançam 
apenas o processo penal, mas também o administrativo, nos 
termos do art. 5º, LV da CF/88. É que a Constituição estende 
essas garantias a todos os processos, punitivos ou não, bastando 
haver litígios. Logo, os processos administrativos que tramitam 
nos Tribunais de Contas deverão observar esses princípios 
constitucionais, sob pena de nulidade". (Harrison Leite, Manual 
de Direito Financeiro, Editora jus podivum, 3ª edição, 2014, p. 
349) 
Portanto, demonstra clara quebra do contraditório e da ampla defesa, razão 
pela qual, merece provimento o presente pedido. 
 
 
VI – DOS PEDIDOS 
 
Diante de tudo acima exposto, requer, seja conhecido e ao final 
provido o presente recurso, deve-se reconhecer e declarar a nulidade do processo 
criminal desde o início, em razão da violação ao contraditório e a ampla defesa, C/C 
artigo 563 e 564 do CPP. 
Superada a matéria preliminar, no mérito requer seja reformada a 
sentença penal condenatória, impondo-se à absolvição da apelante pelos fatos narrados 
na denúncia, consistentes nos crimes de estelionato, previsto no artigo 155, §4°, do CP, 
em concurso material com o crime de favorecimento real previsto no artigo 349, e 
associação criminosa, prevista no artigo 288, caput, C/C artigo 69, ambos do Código 
Penal, em respeito a boa aplicação da lei penal. 
/lei/CF/constituicao-federal
/lei/CF/constituicao-federal/art-5
/lei/CF/constituicao-federal/art-5,inc-LV
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Termos em que, 
Pede deferimento 
Goiânia, 16 de outubro de 2021. 
 
 
Advogado OAB 
N° 
 
 
ALUNOS: 
 AMÓS LEMES MARQUES 
 EUNIVALDO ALEIXO 
 FERNANDA RAMOS DOS REIS DIAS 
 LEONARDO FERREIRA GOMES 
 LUIZ GALVÃO DOS REIS FILHO 
 WANESSA GONÇALVES CRUZ VARGAS 
 WYLEGAIGNON VARGAS DE OLIVEIRA

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