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1º Semestre | 2º ano Docentes: José Xavier, Isabel Luci, Ruben Heleno e Susana Echeverria Matilde Rocha LICENCIATURA BIOLOGIA Genética 2 Introdução ao estudo de Genética Como começaram os estudos que mais tarde se revelariam os pilares desta grande área científica? Desde o início da civilização que se reconheceu a influência da hereditariedade, ou seja, as semelhanças entre progenitores e as suas crias. Contudo, as origens da Genética moderna surgiram no desenvolvimento da Teoria da Evolução, com Charles Darwin. Mais tarde, em 1866, o monge, biólogo, botânico e meteorologista austríaco Gregor Mendel, lançou as que hoje se denominam leis de Mendel, que explicam as leis da hereditariedade. Este foi o pioneiro das experiências de hibridação em plantas, as famosas ervilheiras de Mendel. Conceitos chave em genética • O material hereditário é o DNA • As unidades funcionais do DNA são os genes • O DNA é uma dupla hélice composta por duas cadeias polinucleotídicas enroladas uma à volta da outra no sentido dos ponteiros do relógio • Na replicação do DNA, as duas cadeias separam-se e cada uma delas pode servir de molde para a síntese de uma nova cadeia Experiências clássicas de Oswald Avery e colegas (1944) Modelo da dupla hélice do DNA Em 1953, James Watson e Francis Crick publicaram a descoberta da estrutura em dupla hélice do DNA pela primeira vez, baseando-se no trabalho de Rosalind Franklin. A forma de dupla hélice é bastante forte. O DNA toma esta forma naturalmente por duas razões. Tem de ser dupla para que possa conseguir replicar-se e a hélice, estando entrelaçada, é mais forte que as duas cadeias paralelas, porque puxando numa direção qualquer a cadeia não se desfaz. A descoberta conseguiu um Nobel. Colónias S: causam doença Colónias R: não causam doença Nota: DNase destrói DNA https://pt.wikipedia.org/wiki/James_D._Watson https://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Crick https://pt.wikipedia.org/wiki/Rosalind_Franklin 3 Qual a origem deste “alfabeto genético”? (existe um grande debate de como foi o primeiro polímero genético) O primeiro alfabeto genético baseou-se em moléculas de ácidos nucleicos que continham nucleótidos de RNA e DNA, que gradualmente se separaram! (Até agora, a teoria mais aceite sobre a origem da vida defendia que o RNA foi o portador principal de informação e o catalisador de reações bioquímicas na Terra antes de surgir vida) – Estudo recente (2020) Regras de Chargaff A citosina (C) emparelha com a guanina (G) através de três ligações de hidrogénio. A adenina (A) forma duas ligações de hidrogénio com uma timina (T) da cadeia oposta (complementar). Nota: No entanto, esta razão constante não é característica do RNA, pois este apresenta uma única cadeia e uma base distinta, o uracilo. A molécula de DNA tem de preencher três requisitos fundamentais: 1. Ser reproduzida com alta precisão, permitindo a conservação das espécies 2. Ser passível de sofrer alterações (recombinação e mutação) para que as espécies possam evoluir 3. Conter informação para a formação de proteínas (suporte estrutural e funcional da célula) Um gene consiste em segmentos de DNA que especificam uma sequência de aminoácidos de uma cadeia polipeptídica produzida pela célula. A variação hereditária é provocada por formas variantes do gene (alelos). Alelos: formas alternativas do mesmo gene (ex: A, a) Regra 1 - A razão purina/pirimidina, ou (A+G) / (T+C), no DNA é igual a 1. Regra 2 - %A = %G e %T=%C em cada uma das cadeias do DNA 4 Estrutura geral de um gene Procariotas Eucariotas Promotor: sequência de DNA à qual proteínas se ligam para iniciar a transcrição UTR (untranslated region): região não traduzida RBS (ribosomal binding site): sequência de nucleótidos à qual os ribossomas se vão ligar TATA box: sequência de DNA que indica onde a sequência genética pode ser lida e descodificada (complementa o que faz o promotor) Exões: regiões de genes que vão ser codificadas em RNA mensageiro e proteínas Intrões: regiões de DNA que são removidas (já não fazem parte de mRNA maduro) Com 46 cromossomas, ou seja, 23 pares, como saber onde está um dado gene de uma forma específica? Temos de usar uma nomenclatura correta, por exemplo: CFTR 7q31.2 Transcrição: processo de obter RNA a partir de DNA Durante o processo de tradução, ocorre a síntese de uma cadeia polipeptídica sobre a orientação duma cadeia de mRNA. Tradução: síntese de um polipeptídeo na direção do mRNA 5 Código genético • 64 combinações de codões • 3 codões STOP (UAA, UAG e UGA) • 1 codão START (AUG) Dogma da genética molecular (DNA - RNA - Proteínas) Neste contexto genético as características distintivas de uma espécie são codificadas pelos seus genes, enquanto a variação entre -, e mesmo intra -, espécies resulta: • Interação genética (ex. interação entre os genes) • Variação ambiental (ex. efeito do meio) • “Ruído” do desenvolvimento ao acaso (ex. mutações) Mutações Mutação: mudança de material genético herdado (ex: genes) ou processo pelo qual a mudança ocorre. As mutações podem ser boas, más ou silenciosas. Podem ser naturais, ambientais ou até mesmo artificiais. Caracterizam-se por ser o primeiro passo da evolução das espécies, pois é graças a estas que os indivíduos podem ficar mais bem adaptados a um dado meio, sobrevivendo durante mais tempo levando-os a produzir descendentes. É sobre estas que atua a seleção natural. 6 Tipos de mutações: • Duplicação • Eliminação • Inserção • Inversão • Translocação Nota: Inserção e eliminações de nucleótidos são raras em mamíferos! A mutação pode ser: • Silenciosa (substituição pelo mesmo aminoácido) • Neutra (substituição por um aminoácido codificado que possui uma composição química semelhante) • “Missense” (substituição por um aminoácido distinto que por sua vez irá codificar uma proteína diferente) • “Nonsense” (forma um codão STOP levando ao fim da leitura) • “Frameschift” (altera a pauta de leitura – inserções/deleções) Ex. Substituição frameshift para o gene PAH (existe mais de 400 mutações conhecidas) o Alteração do codão START AUG por GUG (Val). Assim, o gene PAH não é produzido o Alteração do codão para UGG (Trp) que produz uma enzima com mais de 3% de atividade de uma enzima normal (ex: fenilcetonúria (PKU)) A fenilcetonúria é uma doença genética rara caracterizada pelo defeito na enzima fenilalanina hidroxilase (PAH) que é detetada pelo teste do pezinho. A proteína PAH catalisa a conversão da fenilalanina em tirosina, elemento importante na síntese de melanina. É uma doença autossómica recessiva. O principal defeito é uma forma de mutação na hemoglobina que resulta numa destruição dos glóbulos vermelhos e prejudica a capacidade do sangue transportar oxigénio. Os sintomas são: anemia, dor recorrente, crescimento reduzido e suscetibilidade a infeções. Evolução dos genes A duplicação de genes tem um papel importante na evolução de novos genes e nas suas funções. A cópia de um gene importante pode evoluir, sendo muito importante no processo de evolução de novas proteínas. Temos o exemplo da hemoglobina (proteína presente nos glóbulos vermelhos que permite o transporte de oxigénio pelo sistema circulatório). 7 Clusters dos genes α e β – Hemoglobina (Hb) Genes α – Associados ao cromossoma 16 Genes β – Associadosao cromossoma 11 Cadeias α e β possuem diferentes sequências de aminoácidos mas possuem uma estrutura tridimensional similar e com mesmas funções. Hemoglobinopatias Talassémias: anemia grave causada por alterações quantitativas de Hb α (eliminações de codões) e β (mutações pontuais frameshift e eliminações) Anemia falciforme: Hb S (anemia; glóbulos vermelhos ficam deformados) é causada apenas pela mudança de um único aminoácido. Interação genótipo – meio No século XXI, graças a todos os avanços tecnológicos, é possível afirmar a existência de um processo denominado epigenética. A epigenética é a área da biologia que estuda o facto de os indivíduos não serem o mero resultado dos genes, mas sim da interação destes com o meio onde se encontram. Favismo: doença hereditária recessiva ligada ao cromossoma X. Causa uma anemia hemolítica após o consumo de favas devido à deficiência do gene G6PD para produzir a enzima Glicose-6-fosfato-desidrogenase. A doença leva a uma rutura prematura dos glóbulos vermelhos. Quando um gene possui mais do que 2 formas de alelos, uma mesma característica pode ser determinada por três ou mais alelos (formas alternativas de um gene). Complexidade não significa mais genes! 8 Organismo modelo: espécie estudada para compreender processos biológicos, ou seja, usada em biologia experimental assumindo que o se pode aprender com o estudo dessa espécie, seja verdadeiro para outras (ex: bactérias, ratinhos e moscas da fruta). Padrões de hereditariedade Os cromossomas formam pares (um materno e outro paterno), logo 2 genes, que condicionam uma dada característica. Muita da informação genética que se transfere para os descendentes não se manifesta, então como herdamos as características genéticas? • Hereditariedade autossómica (descoberta por Mendel) – Baseada na variação de genes singulares localizados nos autossomas (cromossomas não sexuais) • Hereditariedade ligada ao sexo – Baseada na variação de genes singulares localizados nos cromossomas sexuais (ex: bigode e daltonismo) Genes ligados ao sexo no cromossoma X (ex: doenças como daltonismo) Genes ligados ao sexo no cromossoma Y (ex: síndromes associados ao gene SRY) • Hereditariedade limitada pelo sexo – Baseada na variação de genes singulares localizados em autossomas, mas cuja expressão é influenciada por hormonas sexuais (ex: chifres em carneiros) • Hereditariedade citoplasmática – Baseada na variação de genes singulares localizados no DNA de organelos (ex: mitocôndrias) Hereditariedade ligada ao sexo Genes holândricos: genes exclusivos associados ao cromossoma Y do sexo masculino em mamíferos Estes genes só podem passar dos machos para os seus filhos (ex: o gene do crescimento de cabelo facial, hipertricose nas orelhas). 2n = 46 cromossomas 44 autossomas: cromossomas não sexuais 2 heterossomas: cromossomas sexuais No caso dos seres humanos: XX – Fêmea XY – Macho Outros organismos podem possuir uma composição cromossómica sexual inversa, como por exemplo a galinha (ZW – Fêmeas ZZ – Machos) 9 Genes hologínicos: genes exclusivos associados ao cromossoma X, que passam geneticamente entre fêmeas (mãe e filha) entre outros animais (ex. algumas aves/peixes) Hereditariedade citoplasmática É baseada na variação de genes singulares localizados no DNA dos organelos (mitocôndrias). Princípios da transmissão genética Gregor Mendel (1861) realizou as primeiras experiências para compreender como se processa a transmissão de caracteres hereditário usando ervilhas (Pisum sativum). Conceitos chave Homozigótico: 2 alelos iguais num da do locus (indivíduos diplóides) (ex: AA, aa) Heterozigótico: 2 alelos diferentes num dado locus (indivíduos diplóides) (Ex. Aa) Hemizigótico: quando só existe uma cópia do gene Dominante: diz-se do alelo que expressa o seu efeito fenotípico mesmo quando em heterozigose e com um gene recessivo (ex. A) Recessivo: diz-se do alelo cujo efeito fenotípico não é expresso num heterozigótico (ex. a) Linha pura: população cuja descendência, por fecundação entre os progenitores ou por auto-polinização, não mostra variação (indivíduos homozigóticos para todos os genes); Mendel usou linhas puras porque durante dois anos cultivou ervilheiras até obter uma população uniforme Fenótipo: aspeto dum organismo em relação a um dado carácter Genótipo: a composição específica dos alelos presentes num gene (ou genes) duma célula, ou dum organismo O alelo H comporta-se como recessivo nas fêmeas e dominante nos machos As hormonas sexuais masculinas reforçam o alelo H 10 Geração progenitora (P): todos os organismos usados para efetuar cruzamentos controlados (ex: linhas puras de Mendel) Primeira geração (F1): todos os descendentes provenientes do cruzamento entre os progenitores (P) Segunda geração (F2): todos os descendentes resultantes do cruzamento entre os indivíduos da F1 Cruzamento recíproco: quando num dado cruzamento, um fenótipo está presente no pai ou na mãe. ♀A X ♂B Recíproco ♀ B X ♂ A Cruzamento teste (test-cross): quando se cruza um indivíduo dum dado genótipo com um homozigótico recessivo Retrocruzamento: cruzamento dum indivíduo F1 com um progenitor (indivíduo de genótipo igual a P): F1 X P Cruzamento entre linhas puras de moscas da fruta com olhos brancos e outras com olhos vermelhos (selvagem): o F1 = todos olhos vermelhos o F2 = todas fêmeas com olhos vermelhos e todos machos olhos brancos Conclusão: deve-se ao cromossoma X; estando em desacordo com a 1ªLei de Mendel, pois não segue a uniformidade fenotípica de F1 prevista por Mendel. Forma selvagem: fenótipo que se encontra na natureza (exemplo das Drosophyla - corpo cinzento, olhos vermelhos e asas longas) Atenção: Nas moscas da fruta, o crossing-over (na meiose) ocorre nas fêmeas, mas não nos machos! A meiose é importante, porque é o processo pela qual se formam as células de reprodução. Tipos de mutações • Dominantes H (hairless) – mutação dominante H+ - mutação recessiva Nota: o símbolo (+) significa que é do tipo selvagem H» H+ 11 • Recessivas h (hairy) – mutação recessiva h+ (estado selvagem) b (black) – mutação recessiva b+ (estado selvagem) Leis de Mendel - Uniformidade dos híbridos da primeira geração Se cruzarmos duas plantas que diferem apenas num caracter (monohibridismo), então os híbridos resultantes serão uniformes para esse caracter. O caracter uniforme será dominante sobre o outro (recessivo) que não aparece na F1. Para verificar isso: Proporção 3:1 na F2 dos fenótipos (3 -dominante; 1- recessivo) 1º - Lei da segregação fatorial Para cada característica, um organismo herda dois fatores, um de cada progenitor. Os fatores podem ser iguais ou diferentes. Se forem diferentes, o fator dominante expressa a característica, e o recessivo não tem efeito no fenótipo do indivíduo. Acrescenta ainda que durante a formação dos gâmetas (células sexuais) os fatores separam-se e cada gâmeta é portador dum só fator. Ligação fatorial entre genes/ linkage: é quando os genes se dispõem ao longo do mesmo cromossoma. E a proporção dos genótipos? ¼ WW = 25% ½ Ww = 50% ¼ ww = 25% h+» h b+» b 12 Proporção 1:2:1 Como é que o Mendel diferenciou os fenótipos que observava (sem conhecer o genótipo)? Test-cross: cruzamento entre um organismo heterozigótico (ex. Ww) com um organismo homozigótico para o alelo recessivo (ex. w). A proporção dos fenótipos por test-cross é sempre 1:1. Proporção 1:1 E para duas caraterísticas (di-hibridismo), como a cor (verde/amarelo) e o formato (redonda/enrugada))Proporção 9:3:3:1 2º - Lei da independência dos carateres O aparecimento de um fator não afeta o aparecimento de outro. O fator dominante que determina a característica do indivíduo não influencia o fator recessivo, podendo este ser transmitido à descendência sem alterações. Acrescenta ainda que diferentes pares de genes distribuem-se independentemente na formação dos gâmetas. Independência significa se que um gâmeta contem W, este contem a mesma possibilidade de possuir G ou g. E se um gâmeta contem w terá a mesma possibilidade de possuir G ou g o que leva a que 4 gâmetas sejam formados. W – Round (D) w – Wrinkled G – Yellow (D) g – Green Como calcular as probabilidades? F1 x F1 = WwGg x WwGg 13 Ao nível dos fenótipos… Ao nível dos genótipos… E um teste-cross um duplo heterozigótico? Proporção 1:1:1:1 Recapitulando: - Mono-hibridismo: Proporção 3:1 - Di-hibridismo: Proporção 9:3:3:1 -Tri-hibridismo Proporção 27:9:9:9:3:3:3:1 assumindo segregação independente É de realçar que as proporções podem variar um pouco devido à atribuição aleatória dos gâmetas (comparar os valores observados com os valores esperados) – aplicam- se testes, como o Chi-quadrado. Análise genética no Homem: Segregação em Árvores genealógicas Simbologia convencional de árvores genealógicas 14 Exemplos de doenças genéticas Hereditariedade autossómica dominante - Machos e fêmeas são afetados igualmente - Filhos têm um parente também afetado (igual probabilidade de ser da mãe ou do pai) - Metade dos filhos são afetados (em média) (ex: Doença de Huntington) Hereditariedade autossómica recessiva - Machos e fêmeas são afetados igualmente - Indivíduos afetados geralmente possuem descendência não afetada (ex: Galactosémia e albinismo) A galactosémia é a deficiência da enzima GALT que leva a problemas alimentares, levando a que no fígado ocorra sangramentos e infeções. Os sintomas em crianças são a cor amarelada do corpo. Após a absorção, a galactose é metabolizada em glicose 1-fosfato. O defeito em qualquer destas enzimas pode causar galactosémia (ex. aumento de galactose no sangue). Análise de risco de herdar uma doença A doença de Tay-Sachs é uma doença rara genética em humanos que causa deterioração progressiva neuronal. 15 Exceções às leis de Mendel (ele trabalhou com linhas puras) As leis de Mendel foram confirmadas em numerosas experiências, mas alguns estudos não obedeceram integralmente aos seus princípios. Pode haver mutações que poderão afetar os resultados. Exemplo: A enzima SBEI causa ervilhas lisas. A mutação por transposição interrompe a produção de amilopectina fazendo com que as ervilhas fiquem rugosas. No tipo selvagem (WW) e heterozigótico (Ww) as ervilhas são lisas. Só quando ambos os alelos são recessivos (ww) é que as ervilhas ficam rugosas. Tipos de mutação Amorfa: a mutação codifica uma enzima inativa (ex. enzima SBEI) – null Hipomorfa: mutação que reduz o nível duma enzima, mas não a elimina - leaky Hipermorfa: mutação que aumenta o nível duma enzima Neomorfa: mutação que altera a ação de um gene qualitativamente (ex. gene eyeless em Drosophila – formação de olhos em tecidos que normalmente não os tem) Expressão ectópica : expressão de um gene num local anormal Antimorfa: o produto codificado pela mutação é antagónico do produto proteico normal Mas como é que funciona uma mutação recessiva ou dominante? Mutações recessivas: um alelo selvagem é haplosuficiente quando basta estar um presente para produzir um fenótipo selvagem (ou seja, é necessário ambos os alelos sofrerem mutação para ter um fenótipo mutante). Para uma mutação recessiva é necessário um alelo selvagem para continuar a ter um fenótipo selvagem, ou seja, é preciso ter os 2 alelos mutantes para ter um fenótipo mutante. Mutações dominantes: um alelo selvagem é haploinsuficiente quando são precisas duas cópias para produzir um fenótipo selvagem (ou seja, bastará uma cópia do alelo mutante dominante para levar a um fenótipo mutante). Dois modelos para uma mutação dominante: • Um único alelo selvagem (haploinsuficiente) não produz quantidade suficiente de proteína para funcionar adequadamente • O alelo mutante atua como negativo dominante, produzindo um produto proteico defeituoso (ex: osteogénese imperfeita) 16 Dominância incompleta (ou semi-dominância) Quando os alelos, um em relação ao outro, exibem uma dominância incompleta. Ex: Antirrhinum majus (Boca de leão) Os fenótipos são intermédios entre os genótipos homozigóticos. Neste caso temos os genótipos homozigóticos vermelho, branco e um fenótipo heterozigótico intermédio rosa. Porquê? A cor vermelha é determinada pela enzima no alelo l (dominante). A quantidade de enzima é reduzida nos alelos li (heterozigóticos) e produz um efeito de diluição na cor, que faz as flores ficarem rosas. Co-dominância Quando ambos os alelos expressam-se completamente no fenótipo. Ex: Os grupos sanguíneos (A, B, AB, 0) (baseado em múltiplas séries de alelos) O grupo sanguíneo de cada pessoa depende do tipo de polissacarídeo presente na superfície dos glóbulos vermelhos. As pessoas com genótipo I AI A produzem glóbulos vermelhos que só possuem o polissacarídeo A, tendo estas sangue do tipo A. Alelos IA e IB são co-dominantes: - genótipo heterozigótico possui as caraterísticas de ambos os genótipos homozigóticos Alelo I0 é recessivo para ambos IA e IB: - Genótipos I0 IA terá grupo sanguineo A - Genótipos I0 IB terá grupo sanguineo B Tipos de sangue: A, B, O (dador universal) e AB (recebe de todos) Os anticorpos são proteínas produzidas em resposta a antigénios. A transfusão de sangue contendo antigénios para A ou B para pessoas com anticorpos contra eles resulta numa reação (aglutinação) que pode levar à morte. Série alélica (alelos múltiplos) Os alelos múltiplos são comuns em populações. A maioria dos genes possui alelos múltiplos (todos considerados “selvagens” (wild-type)). Numa população de organismos pode haver qualquer número de alelos, podendo cada organismo ter não mais do que 2 alelos, e cada gâmeta apenas 1. 17 Os alelos múltiplos de um gene refletem a história de mutações que ocorreu numa espécie. Certas plantas que dão flor possuem um elevado número de alelos múltiplos que controla a auto-esterilidade. Estes genes previnem auto-fertilização de modo a promover maior diversidade genética. Alelos letais Os alelos (mutantes) letais são aqueles capazes de causar a morte aos organismos. São úteis para estudar a sua função e em que parte da vida atuam. Subdividem-se em dominantes (em hetero- e homozigóticos, como por exemplo: doença de Huntington) e em recessivos (só em homozigóticos recessivos, como por exemplo: alelos Ay em ratos e ML em gatos). O alelo letal AY (amarelo) afeta a cor e a sobrevivência dos ratos. AyA x AA dá uma proporção 3:1. Os ratos amarelos são heterozigóticos. - Alelo amarelo é dominante em relação ao selvagem AyA x AyA dá uma roporção 2:1 em vez do esperado 1: 2: 1 (2 ratos amarelos) - AyAy é letal O alelo letal ML (Manx) interfere no desenvolvimento da coluna do gato resultando na ausência das suas caudas. MLM x MLM dá uma proporção 2: 1 em vez do esperado 1: 2: 1, pois MLMLé letal. O alelo pode tornar-se mais ou menos letal dependendo do ambiente! Existem exemplos de várias doenças em humanos que, sem tratamento, seriam letais. Alelos pleiotrópicos: alelos que afetam várias propriedades de um organismo Modos de descrever a expressão fenotípica Penetrância: percentagem de indivíduos com um dado alelo que expressam o fenótipo associado a esse alelo Penetrância completa: quando é possível distinguir 100% dos indivíduos de um certo genótipo como corresponde fenótipo Penetrância incompleta: quando nem todos os indivíduos com um certo genótipo apresentam o fenótipo correspondente Porque é que um organismo com um genótipo não expressa um correspondente fenótipo? R: Influência do ambiente, influência de outros genes e do fenótipo mutante ser subletal… 18 Expressividade: define-se como a extensão a que um dado alelo é expresso ao nível do fenótipo; ou seja, é a medida da intensidade do fenótipo. Pode ser influenciada por fatores ambientais ou pelo fundo genético. Como é que os genes interagem ao nível molecular? “Um gene – Uma proteína” – Nobel 1958 Os genes interagem através de determinados caminhos (pathways) onde, por exemplo, enzimas sintetizam moléculas essenciais, como é o caso da fenilcetonúria - resulta da falta de capacidade de converter Phe em Tyr. Ao acumular, Phe é espontaneamente convertida em ácido fenilpurico (tóxico). Genes reguladores: a transcrição de um gene pode ser ativada ou desativada por genes reguladores (ex: operão lac e tript); as proteínas reguladoras ligam-se aos genes estruturais Máquinas moleculares: proteínas codificadas por um gene que podem ligar-se a proteínas de outros genes, para formarem um complexo ativo (máquina molecular) que desempenha uma função Modificação de proteínas: proteínas de um gene podem modificar proteínas codificadas por um segundo gene, de modo a ativar ou desativar a sua função Transdução de sinal: a atividade de uma enzima pode depender da disponibilidade dum substrato e de sinais ambientais. Estes fatores podem também desencadear uma cascata de etapas sucessivas reguladas por genes (transdução de sinal) Genes modificadores: pequenos efeitos quantitativos ao nível da expressão de outros genes Vias bioquímicas: reacções sucessivas Teste de complementação: são métodos genéticos para determinar se dois mutantes recessivos com fenótipos iguais apresentam mutações no mesmo gene ou em genes diferentes. Temos 2 mutações que produzem o mesmo fenótipo; serão mutações do mesmo locus ou de loci diferentes? Cruzamos as duas linhas puras mutantes e se for: • Em genes distintos, a F1 vem toda selvagem, ou seja, ocorreu complementação 19 • O mesmo gene, a F1 vem toda mutante Para avaliar se 2 genes interagem, é necessário avaliar o fenótipo do mutante duplo para saber se é diferente da combinação das 2 mutações mutantes. O mutante duplo é obtido por cruzamento (intercrossing) e pode ser identificado através das proporções de Mendel, ou seja, proporção 9:3:3:1. O duplo mutante é 1/16 (que corresponde ao 1) Mas se houver interação génica, ocorre aquilo a que chamamos de epistasia - interação génica que perturba as proporções normais de Mendel. Epistasia: um duplo mutante apresenta o fenótipo de uma mutação (mutação epistática) mas não da outra (mutação hipostática). Ou seja, um gene poderá mascarar o efeito de outro gene. Também ocorre entre genes que estão no mesmo caminho (pathway). Neste caso a proporção passa a ser 9:7, devendo-se a uma modificação da proporção do di-hibrido (F2) 9:3:3:1 (com 3:3:1 juntos para fazer 7). Assim, algum nível de interação génica é inferido! Se a proporção for 9:3:4 sugere novamente algum nível de interação genica, só que neste caso será uma epistasia recessiva. Epistasia recessiva: o fenótipo recessivo sobrepõe-se ao outro fenótipo, ou seja, o alelo recessivo de um gene mascara os efeitos dos alelos de um segundo gene. Se a proporção for 12:3:1 sugere novamente algum nível de interação génica – epistasia dominante. Epistasia dominante: o fenótipo dominante sobrepõe-se ao outro fenótipo, ou seja, o alelo dominante de um gene mascara os efeitos de ambos os alelos do segundo gene Como confirmar se as nossas observações estão de acordo com a Lei de Mendel ou são um caso de epistasia? 20 R: Fazemos o teste do Chi-quadrado Interação génica As cores dos pimentos são determinadas pela interação de vários genes. O alelo Y promove a eliminação prematura da clorofila (pigmento verde) enquanto y não. O alelo R determina vermelho e r amarelo. Alelos c1 e c2 de dois diferentes genes regulam a intensidade. O laranja regula o vermelho. O castanho é verde com vermelho. A cor dos olhos também é um caso de interação génica. Modelos moleculares 1. Evidencia a interação de mutantes de complementação e não complementação aos níveis genéticos e celulares. Quando se dá uma mutação no mesmo gene (logo não há complementação), ocorre um bloqueio de uma enzima (no exemplo, afeta a cor). 2. Acontece nas proporções 9:7 Um gene regulador muitas vezes funciona ao produzir uma proteína que se liga a um local regulador que fica antes do gene alvo. Sem a proteína reguladora, o gene alvo será transcrito a níveis muito baixos, inadequado para as necessidades celulares. Gene r+ codifica a proteína reguladora e o gene a+ codifica a proteína estrutural. Ambas precisam de estar normais para a síntese da proteína estrutural funcional/ativa (a). 3. Acontece nas proporções 9:3:4 A epistasia recessiva evidencia como se processa uma mutação epistática por um gene que está antes, no caminho, do outro gene. 4. Acontece em proporções de 13:3 e de 10:6 Evidencia como genes supressores (alelos mutantes de um gene que revertem o efeito de uma mutação de outros genes) restabelecem o fenótipo selvagem. 21 Evidencia as mudanças das ligações proteína-proteína que ocorrem num processo de supressão. Supressão: efeito de um gene que faz alterar outro gene para obter o que tinha inicialmente. Genes aditivos Os genes aditivos são aqueles que quando estamos na presença de 2 genes e 1 fenótipo, ambos contribuem para o fenótipo final. É notório que o genótipo é causado por mais do que um gene porque existe, 4 fénótipos (e não 3) em F2 (9:3:3:1). Um caso da função de genes aditivos é a cor dos olhos. Vários genes trabalham conjuntamente para determinar a cor dos olhos. Os genes não aditivos são aqueles que envolvem dominância e epistasia. Genes duplicados Quando só um mutante duplo possui um fenótipo mutante (Proporção 15:1) Genes complementares: genes que contribuem para uma única característica, onde ambos os genes podem mascarar o efeito do outro. Uma boa cópia de cada gene é necessária para a expressão do fenótipo final (9:7). Ou seja, se o loci de ambos os genes possuir alelos homozigóticos e ambos produzirem fenótipos idênticos, a F2 será 9:7 (em vez de 9:3:3:1). Assim o genótipo aaBB, aaBb, Aabb, aabb produz 1 fenótipo (3:3:1 (= 7) são iguais fenótipicamente) Ambos os alelos dominantes, quando presentes conjuntamente, são chamados de genes complementares, produzindo um fenótipo diferente. O gene dominante R, quando isolado, determina o aparecimento de "crista rosa". O gene E condiciona "crista ervilha". Nas aves que possuem ambos os genes dominantes, a crista é "noz". Os duplos homozigóticos recessivos possuem cristas "simples". Letais sintéticos Duas mutações que são benignas individualmente podem tornar-se letais quando unidas no mesmo genótipo. O conceito resume-se à combinação de duas entidades para formar uma entidade nova, daí a designação de sintético. 22 Letais Sintéticos ≠ Genes Letais São genes letais, mas não são alélicos, ou seja, são genes que não estão no mesmo locus, no mesmo cromossoma. Atenção: A e B, quando mutantes podem não ter a mesma eficiência. No início do sec. XX, Calvin Bridges realizou trabalhos com Drosophila melanogaster. Theodore Dobzhansky, 20 anos mais tarde, verificou o mesmo: alguns genes não alélicos causavam a morte dos descendentes, embora os progenitores homozigóticos fossem perfeitamente viáveis. Outros tipos de perturbações também podem resultar em letalidade sintética, como a maldição abençoada, pois as mutações que ocorrem em genesnão alélicos podem dar uma certa robustez genética, incluindo a sobre-expressão de genes (muitos produtos resultantes da leitura excessiva de uma dado gene), a ação de um composto químico ou mudança ambiental. “The most commonly used therapies for cancer involve delivering high doses of radiation or toxic chemicals to the patient that also cause substantial damage to normal tissue. To overcome this, researchers have recently resorted to a basic biological concept called ‘synthetic lethality’ (SL) that takes advantage of interactions between gene pairs. The identification of SL interactions is of considerable therapeutic interest because if a particular gene is SL with a tumor-causing mutation, then the targeting that gene carries therapeutic advantages. Mapping these interactions in the context of human cancer cells could hold the key to effective, targeted cancer treatments. In this review, we cover the recent advances that aim to identify these SL interactions using unbiased genetic screens.“ Temos forma de comparar com o genoma humano identificado genes normais e estes letais. RNA RNA de interferência Um gene pode ser medido através do uso de RNA de interferência. Este foi descoberto em 2002. A sua principal função é de defesa celular. Micro RNA Degrada RNA mensageiro parando a tradução Small interfering RNA Degrada mRNA rasiRNA Silencia a transcrição via remodulação da cromatina Piwi-interacting RNA Regulação epigenética (efeitos no conjunto de genes provocados por fatores externos) Previne retrotransposões (genes que podem mudar de local no cromossoma) RNA mensageiro O tamanho depende do gene que vai ser lido e é o intermediário do núcleo para os ribossomas RNA de transferência É o que vai ligar ao ribossoma os aminoácidos – leitura do mRNA nos ribossomas RNA ribossomal É o que é muito conversado e que se liga a proteínas para formar os ribossomas 23 Estabiliza o mRNA Mecanismos bioquímicos complexos alteram o funcionamento das células e até traços de hereditariedade sem mexer diretamente no DNA. Origem do RNA de inteferência O RNA de interferência forma-se de um modo diferente dos outros tipos de RNA. Pode ser endógeno, ou seja, é produzido a partir de genes que estão no DNA, ou exógeno (sintético – injetado). Tem de sempre existir um cadeia dupla de DNA! O RNAi pode formar-se a partir de DNA do núcleo por leitura de genes através de uma polimerase em que se formam loops, onde não há emparelhamento ficando a cadeia simples no loop. Podem também ter origem em bactérias e vírus ou serem introduzidas por nós artificialmente nas células. As cadeias duplas de RNA que assim surgem na célula são reconhecidas por uma enzima chamada Dicer que, por sua vez, reconhece certas sequências e vai cortar a cadeia dupla inicial em várias moléculas de RNAi ou de micro RNAi. Ambos juntam-se a proteínas como a Argonauta formando o Complexo RISC que reconhece o mRNA que está a ser traduzido no citoplasma em proteínas. Imaginemos que o número de uma determinada proteína produzida é suficiente. A célula produz RNAi que vai ligar-se ao mRNA que traduz essa proteína e cliva-lo ao ligar-se a ele, impedindo a tradução e a produção dessa proteína. DROSHA: enzima que foi descoberta na Drosophyla, que vai cortar a cadeia longa em vários hairpins de RNA, formando o pré-mRNA de interferência. É exportado por uma exportina. Aplicações do RNAi • Já existe um medicamento que é um complexo de nanopartículas lipídicas direcionadas ao fígado que contêm siRNA específico para silenciar o gene mutante causador da amiloidose hereditária de transtirretina. 24 • O cancro é uma das doenças para a qual mais se tem desenvolvido pesquisas com a utilização de RNAi e, apesar dos resultados em ensaios pré-clínicos terem sido satisfatórios, ainda não existem ensaios clínicos com resultados concretos. Essa terapia tem como alvo moléculas de RNAi que silenciem os oncogenes. • Controlo de pragas: em 2016, Whitten e colaboradores desenvolveram uma técnica para evitar a infecção pelo Trypanosoma cruzi através das fezes do inseto Rhodnius prolixus. Transformaram uma bactéria (Rhodococcus rhodnii), que produz um dsRNA específico para um gene importante na fertilidade do inseto. O objetivo da bactéria transformada é colonizar o intestino do insecto e, com a libertação do dsRNA, evitar a proliferação do inseto, reduzindo assim as taxas da doença de Chagas. Genes, cromossomas e o ciclo celular Cromatina: molécula de DNA e proteínas (histonas) A eucromatina é a forma que mais existe, pois permite a leitura dos genes. Os conjuntos de cromossomas das células somáticas duma espécie são característicos dessa espécie (em organismos diplóides os cromossomas existem aos pares = 2n nas células somáticas, enquanto nas células gaméticas esse número está reduzido a metade = n). Cariótipo humano: 2n = 46 DNA + histonas Cromatina • Eucromatina ( - compactada - cor) • Heterocromatina (+ compactada + cor) 25 Ciclo celular Mitose Prófase • Condensação dos cromossomas, permitindo a visualização dos cromatídeos irmãos unidos pelo centrómero • Desorganização do nucléolo e do invólucro nuclear Metáfase • Orientação dos cromossomas na zona equatorial. • O centrómero de cada cromossoma está na placa metafásica, fixo a uma fibra do fuso • Saiem dos centrossomas (2 centríolos), microtúbulos formando o fuso acromático (não se tinge), ficando cada cromossoma em pólos opostos. • Cinétocoro: poro onde o microtúbulo se liga ao centrómero Interfase (maior parte do ciclo) • G1 (Grande crescimento) • G0 (Muitos nucleótidos, proteínas e nutrientes) • S (Síntese de DNA) • G2 (Síntese de ribossomas, proteínas e crescimento celular) Mitose (4 fases contínuas) • Prófase • Metáfase • Anáfase • Telófase 26 Anafase • Divisão, pelo centrómero, dos dois cromatídeos de cada cromossoma. Os dois cromatídeos irmãos de cada cromossoma ascendem para pólos diferentes por contração das fibras do fuso • 1 cromossoma = 1 cromatídeo Telofase • Descondensação dos cromossomas • Organização nucleolar e nuclear • Depois da divisão do material genético (cariocinese), surge normalmente a divisão citoplasmática,a citocinese (atuam forças centrípetas). Cromossomas politénicos: são os cromossomas que foram duplicados na fase S, tendo cada cromatídeo a mesma informação, porém não se dividiram (anulação da anáfase). Estes são encontrados em muitos animais (frequentes em glândulas de moscas da frutas) e têm a capacidade de expressar mais proteínas, que são iguais. Concentração de DNA nuclear ao longo da mitose Quando e como é que a célula sabe que é para se dividir? Existe um sistema regulado por vários complexos proteicos que dá à célula ordem para esperar ou andar, que são as cinases dependentes de ciclinas. Aqui as cinases só funcionam na presença de ciclinas. Cinases: enzimas que alteram moléculas, ativando-as ou desativando-as. Ciclo de ciclinas A expressão de cíclinas vai ativar as cinases levando a célula para uma nova fase. A ciclina D liga-se à cdk4 e cdk6 e ao ligar-se começa a ativar uma série de processos e proteínas incluindo as ciclinas E. Quando estas se expressam, ou vão destruir produtos não necessários, ou estimulam a produção de novos produtos para a fase seguinte. 27 Checkpoints do ciclo celular São mecanismos de segurança que ocorrem no fim do G1 (antes da célula se multiplicar), do G2 (antes de começar a mitose) e a meio da mitose (antes dos cromossomas se dividirem (anáfase)). As ciclinas, na fase G1, só sinalizam se as células tiverem os nutrientes suficientes para a próxima fase.Na fase G2, as ciclinas sinalizam se o DNA estiver bem formado e se os centrossomas estiverem bem formados. Na anáfase, os cromossomas têm de estar ligados a uma fibra do fuso acromático e dispostos na placa equatorial. Se não estiver tudo “check” com o DNA, a proteína 53 entra em ação. Esta está associada a genes supressores de tumores. Más formações neste gene estão associadas a metade dos tumores que existem, porque este gene produz sempre estas proteínas que rapidamente são ligadas a um transportador, levando-as para fora do núcleo, onde leva a proteína aos proteossomas. Se houver um erro no DNA, então a p53 vai ser ativada por fosforilação funcionando como fator de transcrição, favorecendo a formação de proteínas p53, levando a que a célula não avance no ciclo. Quando a ciclina E aumenta, vai ativar a cinase fazendo com que apareça uma série de proteínas incluindo a ciclina A. Quando esta aumenta, os produtos da sua síntese inibem ou destroem os produtos da ciclina E e posteriormente vai estimular os produtos da ciclina B. - Ativam-se/desativam-se proteínas pela adição ou remoção de grupos fosfatos (mecanismo molecular), pois altera a sua carga e conformação. 28 Meiose A meiose é um processo raro, ocorrendo com o intuito de gametogénese. Consiste em duas mitoses sucessivas, onde não ocorre a fase de síntese (S). Gametogénese: processo de produção dos gâmetas, consiste na meiose e maturação das células haplóides. Espermiogénese: maturação de espermatozóides Prófase I 1. Leptóteno: Os cromossomas tornam-se visíveis (compactação) 2. Zigóteno: Os cromossomas homólogos começam a emparelhar formando sinapsis. 3. Paquíteno: Os cromossomas ficam mais curtos e mais grossos. Fácil visualização dos bivalentes, fusão nucleolar. Crossing-over (sobrecruzamento recombinação genética) 29 4. Diplóteno: Os cromossomas tornam-se mais curtos e os pontos de quiasma são proeminentes. 5. Diacinese: Os homólogos repelam-se. Metáfase I Os cromossomas homólogos de cada bivalente colocam-se aleatoriamente na placa equatorial, unidos pelo centrómero às fibras do fuso acromático. Anáfase I – Divisão reducional Os cromossomas homólogos separam-se (redução cromática), os pontos de quiasma rompem e os cromossomas deslocam-se aleatoriamente para pólos opostos. Esta ascensão deve-se à retração das fibras do fuso acromático. Ocorre separação dos homólogos sem que haja separação dos centrómeros. Cada um dos conjuntos cromossómicos que se separam e aleatoriamente ascendem aos pólos, são haplóides (n) e possuem informações genéticas diferentes, contribuindo para a variabilidade genética dos novos núcleos. Telófase I Os cromossomas ao chegarem aos pólos começam a sua desespiralização, tornando- se finos e longos. O fuso acromático começa a desaparecer e os nucléolos reaparecem, bem como as membranas nucleares e formam-se dois núcleos haplóides (n). Em certas células ocorre a citocinese (o citoplasma divide-se), originando duas células - filhas individualizadas que seguem com a meiose II após uma curta interfase, sem fase S. Prófase II Os cromossomas com dois cromatídeos ligados pelo centrómero condensam-se, os nucléolos e as membranas nucleares voltam a desintegrar-se. Há formação dos fusos cromáticos após a divisão dos centrossomas. Metáfase II Os cromossomas alinham-se no plano equatorial, presos pelo centrómero às fibras do fuso acromático. Cada um dos cromatídeos - irmãos estabelece ligação apenas com um dos microtúbulos (centrossoma). Nesta fase, comparando com a metáfase da mitose, não são os centrómeros que se localizam no plano equatorial do fuso acromático, mas sim os pontos de quiasma. 30 Anáfase II – Divisão equacional Dá-se a divisão longitudinal do centrómero e os cromatídeos - irmãos ascendem aleatoriamente para pólos opostos. Cada cromatídeo passa a ser considerado um cromossoma (ganha individualidade). Telófase II Os cromossomas atingem os pólos e começam a descondensar, tornando-se finos, longos e invisíveis ao microscópio. O fuso acromático desorganiza-se, desaparecendo e os nucléolos e as membranas nucleares diferenciam-se, formando quatro núcleos haplóides (n). Citocinese O citoplasma divide-se, originando 4 células-filhas haplóides. Nas células animais forma-se um anel contráctil de microfilamentos (proteínas) e as células individualizam- se. Nas células vegetais dá-se ainda a síntese da parede no final da citocinese. Meiose Mitose Formam-se 4 células-filhas (n) Formam-se 2 células-filhas (2n) Ocorre recombinação genética As novas células têm a mesma informação 2 Reduções 1 Redução Rara Recorrente Centrómeros dividem-se só na anáfase II Centrómeros dividem-se na anáfase Comparação entre as quantidades de DNA durante a meiose Teoria cromossómica: alinhamento dos cromossomas que corresponde à 2º lei de Mendel (segregação independente) Número de combinações possíveis de gâmetas = 2n = 223 = 8.388.608 Fontes de diversidade genética 1. Crossing-over (Prófase I) 31 2. Alinhamento aleatório dos cromossomas na placa equatorial (Metáfase I) 3. Separação independente (Anáfase I) 4. Fusão aleatória dos gâmetas (Fecundação) Gametogénese nas angiospérmicas Cromossomas sexuais e genes ligados ao sexo Porquê cromossoma X e cromossoma Y? O Y vem depois do X e tendo variações estruturais e morfológicas, acabou por adquirir esta terminologia. O cromossoma Y tem mais heterocromatina e pouca informação. Estes dois cromossomas têm regiões homólogas. É o fator SRY que determina a formação de testículos e consequentemente dos caracteres secundários. 32 Hemofilia a – doença da realeza A hemofilia é uma doença genética essencialmente hereditária que compromete a capacidade do corpo em formar coágulos sanguíneos, um processo necessário para parar as hemorragias. A rainha Vitória era portadora e muitos dos seus descendentes do sexo masculino desenvolveram hemofilia. A sua linhagem levou adiante a doença, que foi alvo de preocupação para muitas pessoas. A hemofilia afeta principalmente o sexo masculino dado este só transportar um cromossoma X. Se este for mutante, o indivíduo será obrigatoriamente mutante. Se for uma mulher e como esta tem dois cromossomas X, esta pode ser homozigótica dominante para a doença ou heterozigótica. Em ambos os casos, ela não expressa a doença. A hemofilia é uma doença autossómica recessiva. Tipos de progenitores Homogamético: dá cromossomas iguais Heterogamético: dá cromossomas distintos A nomenclatura X e Y não é transversal a todos os organismos. A nomenclatura varia, por exemplo nas galinhas (feminino – W e masculino – Z) e nos insetos. Determinação do sexo em Drosophila Há genes ativadores do gene sexlethal no X e repressores na A. Neste caso a proporção dita o sexo. Determinação do sexo em plantas • Monóicas (hermafroditas) • Dióicas (1 sexo por indivíduo) → pode ser controlado por cromossomas sexuais ou por 1 só locus Genes: sex-lethal, transformer e doublesex O gene sex-lethal controla o tipo de mRNA que é produzido, apresentando ativadores no cromossoma X e repressores nos autossomas. A razão X:A determina se o gene sex-lethal se encontra ativo ou inativo. Se a razão for igual ou superior a 1, então o gene encontra-se ativo, ocorre splicing específico e o resultado é uma fêmea. Se for menor ou igual a 0,5, o gene está inativo e ocorre um default splicing, resultando num macho. https://pt.wikipedia.org/wiki/Anomalia_gen%C3%A9tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Hereditariedade https://pt.wikipedia.org/wiki/Coagula%C3%A7%C3%A3o_sangu%C3%ADnea https://pt.wikipedia.org/wiki/Hemostase33 Diferenciação ambiental e diferenciação sexual - Espaço, tempo, temperatura, tamanho, … Síndromes • Síndrome de Swyer: exemplo de disgénese gónadal pura Mutação no gene SRY (mais frequente) ou nos genes: DHH, NR5A1, CBX2, Del 9p24.3 - Sem testículos - Sem produção de androgénios - Genitália feminina normal devido à ausência de testosterona - (46 XY) • Síndrome de insensibilidade aos androgénios - Feminização testicular 46 XY Mutação nos recetores de androgénios - Testículos internos - Insensíveis à testosterona produzida O fenótipo recessivo é herdado pelo cromossoma X; os indivíduos desenvolvem-se como fêmeas. Têm seios, órgãos genitais externos femininos, vagina cega, sem útero. A existência de vários tumores (gonadoblastomas) é também um sintoma/quadro muito provável. 34 Mapeamento genético Como meter ~2500 genes em 23 pares de cromossomas? Sardas e cabelo ruivo são característicos de ligação fatorial (mesmo cromossoma). Genes em linkage: estão em ligação fatorial, ou seja, no mesmo cromossoma Genes em segregação independente: cromossomas distintos Configurações possíveis para um genótipo heterozigótico para os 2 gene Configuração trans: wm+ / w+m Configuração cis: w+m+ / wm Como verificar se dois genes estão em ligação fatorial? R: Fazemos um testcross entre di-híbridos e um homozigótico recessivo para os genes em causa, pois este último vai permitir que o dominante não seja tapado e vai reduzir o nº de combinações possíveis. A proporção esperada para a segregação independente dos cromossomas é de 1/4. A hipótese nula é a de haver segregação independente e a hipótese alternativa é de haver ligação fatorial. ∑ (𝑂−𝐸)^2 𝐸 = chi-quadrado --- Teste do chi-quadrado Morgan, numa das suas sucessivas experiências com Drosophilas, encontrou uma mosca preta com asas vestigiais (vg vg bb) – mutação rara. 35 Cruzou-a com uma mosca WT e obteve diferentes percentagens para dois tipos de fenótipo. Obteve 83% de moscas WT e com o fenótipo de cor preta com asas vestigiais e obteve 17% para moscas pretas com asas normais e com asas vestigiais, mas com normal. Estas diferenças sugerem que os genes não são completamente independentes. Já se sabia que haviam mais genes que cromossomas. Durante a profáse I viram ao microscópio a ocorrência daquilo que hoje designamos crossing- over, pois viam os cromossomas em cima dos outros, sugerindo a ocorrência de trocas entre genes. Morgan intrigou-se pela presença recorrente da percentagem dos 17%, então encarregou um dos seus alunos de pesquisar a origem deste valor. Alfred Sturvevant chegou à conclusão que os 17% correspondiam à distância entre genes que equivalem à probabilidade de ocorrer crossing-over. • Quanto maior a distância genética maior a probabilidade de ocorrer crossing- over • Distância física é diferente da distância genética A percentagem da recombinação permite mapear os cromossomas e vice-versa. Como sabemos para que lado ocorre o cruzamento? R: Temos de agarrar no valor 47%. Se for para a esquerda os 17 com os 30 dá o valor dos 47, se fosse para a direita esse valor não era obtido. Interferência: um crossing-over interfere com a probabilidade de outro crossing-over ocorrer. Para estudar os fenótipos de triplo heterozigóticos (conformação cis) cruzou-se com um homozigótico recessivo, de forma a reduzir as hipóteses ( 23 = 8 gâmetas). Originou-se duplos recombinantes (2 crossing-overs), recombinantes (combinação de um lado ou do outro ex: A-B ou B-C) e parentais. Procedemos à ordenação de acordo com a frequência de ocorrência e elaboramos um quadro. Fator de recombinação = 17% = m.u. (map units) = cM (centiMorgans) 36 O que procurar num triplo testcross? • Identificar fenótipos parentais (os dois mais abundantes) • Identificar os duplos recombinantes (ou os dois mais raros) • Procurar qual é o gene do meio • Alocar cada categoria de recombinantes a uma região do cromossoma Interferência positiva: leva a que não ocorra tantos crossing-overs duplos Interferência negativa: significa que um crossing-over num local aumenta a probabilidade de ocorrer crossing-over noutro local (raro). Se o coeficiente de incidência for muito alto quer dizer que não ocorreu interferência (mutações, ambiente), se for baixo quer dizer que ocorreu interferência. Pode ocorrer recombinação porém esta pode não ser detetável. É importante corrigir as distâncias – interferências incompletas (diminui com a distância) 37 Constituição do genoma • Sequências codificáveis - proteínas 1,3% • Algumas – RNAs • Sequências não codificáveis – 98,7% Um valor tão grande de sequências não codificáveis…Para que servem e que sequências existem? • Caracterização de indivíduos - Antropologia • Medicina forense - Mapeamento genético (marcadores) • Medicina clínica (marcadores) Fazem parte os telómeros (sequências repetitivas), polimorfismos e polimorfismos silenciosos (interferem com os genes e afetam a sua expressão). DNA codificante • Proteína com diferente atividade • Ausência de proteína não fundamental – deleções • Aumento ou diminuição dos níveis de proteína (interferência com a estabilidade do RNA) Marcadores moleculares SNP- Single Nucleotide Polymorphisms (alteração num único nucleótido) São polimorfismos por substituição de um nucleótido. Existe uma grande densidade, 12 x106 loci; 1 cada kb (100 a 300 pb?). Constituem entre 80% - 90% da variabilidade do DNA. Ocorre tipicamente com 2 alelos. São mais estáveis do que os STRs (taxa de mutação). Microssatélites (STRs) Os microssatélites têm origem nos erros da replicação do DNA, erros estes que não foram corrigidos. Implicam mais que do que um nucleótido. • Extensão inferior a 150 pb 38 • Dispersos por todo o genoma (2% do genoma) • 1 em cada 30 kb • Em DNA não codificante e codificante • Muito polimórficos (muito informativos) • Instáveis (muito mutáveis) Genes associados a uma dada doença são possíveis de localizar com a ajuda de marcadores, podendo nós produzir RNA de interferência silenciando o gene que irá destruir o mRNA. Se um marcador genético aparecer sempre num portador ou pessoa que desenvolve a doença e perto do gene que causa essa doença, pressupõe-se que estará perto desse gene e que é herdado juntamente com ele estando assim em linkage. Como as STR são características de um indivíduo ou linhagem podem ser muito informativos em estudos de parentesco e de árvores genealógicas, etc. Além disso, podem elas próprias serem causadoras de doenças como por exemplo nas doenças (CAG)n. Linkage Corresponde à tendência dos genes localizados no mesmo cromossoma de serem herdados associados com mais frequência do que o esperado. Descreve a associação de dois ou mais loci num cromossoma a partir do nível de recombinação meiótica entre eles. Assim a 2ª lei de Mendel nem sempre é obedecida, bastando para isso que os genes estejam localizados no mesmo cromossoma, ou seja, estejam em linkage (ocorre uma ligação fatorial). Mapeamento genético em pedigrees humanos RFLP’s: Restriction Fragment Lenght Polymorphisms Os RFLPs resultam da atividade de enzimas de restrição (endonucleases) que reconhecem determinadas sequências de nucleótidos específicas de 4 a 6 pares de bases e que vão cortar o DNA nesses locais específicos. Se as sequências de DNA de pessoas ou organismos diferentes forem distintas nos locais reconhecidos pelas enzimas vamos ter diferentes fragmentos que vão distinguir os organismos ou indivíduos. Geralmente resultam da alteração ou mutação de um único nucleótido. 39 Enzimas de restrição: enzimas que reconhecem dadas sequênciasno DNA e que vão cortá-lo numa dada zona de clivagem (ex: EcoR1). Agarramos no resultado da restrição e pomos num gel dando para observar os resultados. Se o DNA tiver um local de restrição vai produzir 2 fragmentos. Se ocorrer uma mudança num dado nucleótido, a enzima já não vai reconhecer o local de fragmento. É possível elaborar pedigrees humanos pelo número de fragmentos. VNTR´s (Variable Number of Tandem Repeats) As VNTRs são sequências repetitivas dos mesmos nucleótidos que se repetem em tandem (são consecutivas) ao longo de segmentos do DNA. O número de repetições pode variar e podem ser muito longas. O número de repetições é característico de um determinado indivíduo, permitindo relacionar geneticamente pessoas da mesma família. Se são característicos de um determinado indivíduo e são transmitidas geneticamente aos descendentes podemos relacionar o genoma dos descendentes com o dos progenitores. A PCR banding pattern is shown for a family with six children, and this pattern is interpreted as the top of the illustration with the use of four different-sized microsatellite “alleles”, M’ trough M’’’’. One of these markers (M’’) is probably linked in cis configuration to the disease allele P. (Note: This mating also is not a testcross yet is informative about linkage). 40 Haplótipo: conjunto de variações do DNA, ou polimorfismos, que tendem a ser herdados juntos, porque se encontram muito perto, não sofrendo crossing-over. Um haplótipo pode referir-se a uma combinação de alelos ou a um conjunto de polimorfismos de um nucleótido único (SNPs) encontrados no mesmo cromossoma. Informações sobre haplótipos estão a ser reunidas pelo International HapMap Project e são usadas para investigar a influência dos genes nas doenças. Pode ser utilizado para mapear doenças humanas de modo eficaz encontrando os polimorfismos que se encontram junto do gene de interesse. Mapeamento por tétradas (fungos) F e H: estão em linkage (estão sempre em conjunto) A e B: ocorre um ou outro nos progenitores e por sua vez são transmitidos à descendência (um ou outro): são genes alélicos A e D: Não estão em linkage, dado haver 4 combinações possíveis P: possivelmente em linkage com I e C, pois todos os doentes possuem I e C F, H ou E: Nos descendentes as bandas F e H quando aparecem estão sempre juntas o que quer dizer que provavelmente estão em linkage e são herdadas juntas. Quando aparece a banda E nunca aparecem as bandas F e H que provavelmente estarão em cromossomas diferentes (trans). 41 Nos ascos, o arranjo do tipo 4 ascósporos escuros e 4 claros (4+4), forma-se quando não ocorreu troca entre o gene e o centrómero. Se ocorrer crossing-over, iremos ter 4 tipos diferentes de ascóporos. Quando ocorrer troca o arranjo dos ascósporos escuros e claros dentro do asco será do tipo (2:2:2:2) que, por sua vez podem ser: a) 2 escuros; 2 claros; 2 escuros; 2 claros b) 2 claros; 2 escuros; 2 claros; 2 escuros c) 2 escuros; 4 claros; 2 escuros d) 2 claros; 4 escuros; 2 claros Nos organismos diplóides é muito difícil estudar o crossing-over e prever o que vais acontecer aos descendentes: quais as percentagens de recombinantes e não recombinantes até porque muitos fenótipos não são expressos por serem recessivos. Alguns fungos, como as leveduras usadas na cerveja e no pão, são haplóides e os esporos ficam dentro de um saco após a meiose e uma mitose de forma alinhada. Ao retirarmos um a um e colocarmos a germinar podemos saber qual o fenótipo expresso e desse modo conhecer a fração de recombinantes e não recombinantes em relação a um dado fenótipo escolhido. Facilita o estudo por comparação com os organismos diplóides. Crossing-over mitótico em Drosophila • Muito raro • Ocorre na interfase • Associado a erros de DNA O cruzamento de diferentes tipos de moscas apresenta diferentes mosaicos (twin-spot ou single-spot). Se fosse por crossing-over o indivíduo não teria mosaicos, pois ocorria antes da formação do zigoto. A complementação permite a recombinação dos diferentes genes. Duas mutações recessivas com fenótipos semelhantes originam o fenótipo selvagem quando ambas são heterozigóticas no mesmo genótipo. As mutações estão em genes diferentes. Não ocorre recombinação se os 2 genes estiverem no mesmo cromossoma. Marcadores moleculares (continuação…) Para ser um bom marcador molecular tem que preencher determinados parâmetros/requisitos: 42 1) Polimorfismo (a matéria prima de um geneticista é a variabilidade). 2) Co-dominância (as diferentes formas de um marcador devem ser detetáveis em organismos diplóides de modo a distinguir os homozigóticos dos heterozigóticos). 3) Não epistático (o seu genótipo pode ser lido a partir do fenótipo, qualquer que seja o genótipo nos outros loci). 4) Distribuição uniforme ao longo do genoma, deteção fácil, rápida e pouco dispendiosa. 5) Insensível ao meio (o genótipo pode ser deduzido do fenótipo, independetemente do meio). Uma das características fundamentais de um bom marcador molecular é a sua reprodutibilidade intra e inter laboratórios. PCR (reação em cadeia da polimerase) Este procedimento laboratorial permite a amplificação de um dado fragmento de DNA. Primers: sequência curta de DNA com o início da sequência que queremos polimerizar. A reação ocorre ao longo de 30-45 ciclos, dado que, a uma certa altura, existe falta de material e há a perda de capacidade da polimerase corrigir erros que estão para trás. Se continuarmos a reação por mais ciclos, mais erros vão existir. O aquecimento faz com os produtos não desejados não apareçam. Em real-time-PCR, os dNTPs são marcados com marcadores fluorescentes. Apresenta-se assim como um método quantitativo e qualitativo, usado para analisar a expressão de genes (quanto maior a fluorescência, maior a carga viral, por exemplo). Nota: Se estivermos a analisar a presença de um vírus de RNA (SARS-Cov-2, por exemplo, temos de recorrer a uma transcriptase reversa). 43 No final aparecem dímeros dos primers e ligações não específicas. Para isso desenvolveram-se outras técnicas. Múltiplas técnicas de PCR Hot-start PCR: reduz a formação de produtos indesejados e de dímeros formados pelos primers. Reduzir a temperatura, adicionar polimerase no final, só adicionar os reagentes depois da desnaturação, etc. O aumento da temperatura faz com que a reação seja mais específica. Nested-PCR: É usada quando a concentração de DNA é baixa e quando se pretende reduzir o número de produtos não específicos. Ocorre a amplificação de uma região alvo e depois a amplificação dentro da região amplificada anteriormente. Touchdown: A primeira reação de emparelhamento é feita a altas temperaturas e as seguintes a baixas temperaturas. Multiplex: consiste em vários conjuntos de primers numa única mistura de PCR para produzir produtos de tamanhos variados que são específicos para diferentes sequências de DNA. 44 RAPDs - Random Amplified Polymorphic DNA É um processo de análise simples que requer uma simples reacção de PCR (com baixas temperaturas de annealing (ex: 35ºC) e primers curtos (10 oligonucleótidos) de sequência arbitrária, que se ligam ao DNA molde em direcções convergentes. A amplificação destes fragmentos de DNA genómico irá estar na base da deteção de polimorfismos, que posteriormente serão de fácil identificação através de uma separação por eletroforese. Cada primer pode amplificar em simultâneo vários loci ao longo do genoma e originar fragmentos de tamanhos variados. AP-PCR – Arbitrary Primed Polimerase Chain Reaction Tendo como base a tecnologia de RAPD, Welsh e McClelland (1990) desenvolveram uma derivadadesta análise, cujo objectivo era obter impressões genéticas de indivíduos (fingerprinting). Esta técnica difere da anterior, uma vez que usa primers com 20 ou mais bases e os dois primeiros ciclos da amplificação ocorrem a baixas temperaturas (com elevadas concentrações de primers), seguidos de 35 a 40 ciclos com temperaturas elevadas (com adição de nucleótidos marcados radioactivamente). DAF – DNA Amplification Fingerprinting Engloba o uso de primers muito pequenos (ex: 5 a 8 bases) em elevadas concentrações. Estas duas últimas tecnologias, surgem como uma alternativa à tecnologia RAPD. No entanto, apresentam-se com um maior grau de complexidade na sua aplicação e análise. 45 ISSRs (Inter simple sequence repeats) Baseiam-se na amplificação das regiões que se localizam entre as regiões StR. É realizada uma reacção de amplificação, cujos primers são baseados nas repetições STRs (microssatélites) e podem ser apresentadas em várias metodologias: 1) Amplificação com apenas um primer 2) Amplificação com dois primers de características similares em simultâneo 3) Combinação entre um primer ISSR e um primer de sequência arbitrária (ex: RAPD). Em contrapartida, é um marcador dominante, o que por vezes limita a sua aplicação. Brometo de etídio: corante de DNA que foi banido dado ser altamente cancerígeno. SCAR: Este tipo de marcador resulta da conversão das bandas de RAPD, por exemplo. Uma marca SCAR é um produto de amplificação RAPD ou ISSR (banda) que é extraído de um gel e posteriormente clonado num vector e sequenciado. Posteriormente, este fragmento é re-amplificado com primers específicos (16-24 pb) e são analisados os resultados obtidos. Apresenta vantagem em relação aos RAPDs uma vez que é convertido num marcador co-dominante e mais reprodutível. CAP – Cleaved amplified polimorphic sequences A maioria dos marcadores CAPS são co-dominantes e específicos do locus. A maioria dos genótipos CAPS são facilmente classificados e interpretados. Os marcadores são facilmente compartilhados entre laboratórios. O ensaio CAPS não requer o uso de isótopos radioativos e é mais adequado, portanto, para análises em ambientes clínicos. ESTs (Expressed Sequence Tags) As ESTs são pequenos fragmentos de DNA (200 a 500 pb) obtidos por sequenciação de uma ou de duas extremidades de um gene expresso de uma biblioteca de cDNA . É de bastante eficácia quando se quer identificar um novo gene e, em plantas, já foram identificados mais de 1 000 000 sequências EST. Microarrays Esta tecnologia permite a análise da totalidade do genoma em micro chips (Microarrays). Baseia-se na hibridação entre pequenos oligonucleótidos e cDNA marcado com fluróforos, num chip (suporte físico). Quando se verifica complementariedade entre o oligonucleótido e o cDNA, é emitida fluorescência e é identificado e quantificado o fragmento de DNA em estudo. Os microarrays são usados no diagnóstico da expressão de genes e na construção de mapas genéticos. 46 Temperature Gradient Gel Electrophoresis (TGGE) e Denaturing Gradient Gel Electrophoresis (DGGE) • Tipos de eletroforese que utilizam gradientes de temperatura ou químicos para desnaturar as amostras que se vão mover através de um gel de poliacrilamida. • TGGE e DGGE podem ser aplicadas aos ácidos nucleicos (DNA e RNA) e menos frequentemente a proteínas. • TGGE baseia-se nas alterações da estrutura dos ácidos nucleicos consoante a temperatura. • DGGE separa os genes do mesmo tamanho com base na sua diferente desnaturação determinada pela sequência de bases. As ferramentas de análise genética abrangem: ▪ Análise estatística resultante da observação dos descendentes. ▪ Exame microscópico de estruturas celulares e tecidos. ▪ Análise química e estrutural das moléculas biológicas. ▪ Identificação dessas moléculas e sua localização dentro das células ▪ Análise de sequências de DNA Por sua vez poderão haver implicações no campo da ética, nomeadamente: • Deteção e terapia de doenças genéticas (ex: doença de Huntington) • Utilização de organismos geneticamente modificados • Clonagem Diagnóstico e terapia de doenças genéticas Doença de Huntington 47 • Na doença de Huntington, a parte do cérebro que suaviza e coordena os movimentos degenera. • Os movimentos ficam bruscos e descoordenados e a função mental deteriora- se, incluindo o autocontrolo e a memória. • Os médicos baseiam o diagnóstico nos sintomas, histórico familiar, imagem do cérebro e exame genético. • Os medicamentos podem ajudar a aliviar os sintomas, mas a doença é progressiva, levando à morte. Esta doença é definida por muitas repetições do codão CAG. Estas repetições codificam a proteína huntingina que, em altas concentrações provoca degeneração das células cerebrais. Poder-se-ia utilizar uma sequência de DNA complementar aos codões CAG e se esta sequência emparelha-se podemos dizer que o indivíduo tem a doença. Polineuropatia amiloidótica familiar Paramiloidose ou doença de Corino de Andrade (vulgarmente doença do pezinho) Distrofia muscular de Duchenne (DMD) Nota: a ausência de algumas bandas corresponde à deleção dos exões correspondentes. A polineuropatia amiloidótica familiar (PAF) ou paramiloidose é vulgarmente conhecida por doença dos pezinhos porque afeta, numa primeira fase, os membros inferiores. Os doentes começam a perder a sensibilidade, por exemplo, a estímulos térmicos e fica comprometida a sua capacidade motora. Esta doença é causada pela alteração da estrutura de uma proteína produzida essencialmente pelo fígado, a transtirretina (TTR), que é depositada no sistema nervoso periférico, dando origem a uma polineuropatia sensitivo-motora progressiva. A substituição de um único aminoácido, de valina por metionina, em posição 30 origina a mutação TTR Met 30, que é a principal forma mutada de TTR nos doentes PAF em Portugal. A paramiloidose resulta assim de uma mutação que é transmitida de forma dominante. Ou seja, se o progenitor for portador, a probabilidade de um filho ser também portador da mutação é de 50%. A doença desenvolve-se, geralmente, em doentes entre os 25 e os 35 anos. Pode, no entanto, só ser diagnosticada depois dos 50 anos. Trata-se de uma doença hereditária, crónica, progressiva e fatal com uma evolução, em média, de 10 anos. Pode ser detetada por RFLP’s, que permite determinar diferenças entre amostras a partir de diferentes locais de restrição enzimática. 48 Gene FMR1 O FMR1 é um gene humano que codifica uma proteína chamada proteína de retardo mental X frágil, ou FMRP. Essa proteína, mais comumente encontrada no cérebro, é essencial para o desenvolvimento cognitivo normal e a função reprodutiva feminina. FXTAS (Fragile X–associated tremor/ataxia syndrome) ocorre nos adultos e é uma desordem neurodegenerativa, afetando geralmente homens acima dos 50. Nas mulheres é menos frequente e os sintomas são mesmo severos. FXTAS afeta o sistema neurológico e tem vários graus de gravidade variando de indivíduo para indivíduo. Replication Slippage Processo de mutação que ocorre durante a replicação do DNA. Envolve a separação e o deslocamento das cadeias de DNA, resultando no mau emparelhamento das bases complementares. Formas e exemplos de terapia genica - Inserção do gene terapêutico (sistemas virais e não virais) - Sistemas não virais: plasmídeos contendo o gene terapêutico administrados diretamente no tecido doente A Distrofia de Duchenne é uma forma de doença muscular, que surge por incapacidade de o organismo produzir uma proteína fundamental para o funcionamento do músculo. Esta proteína chama-se distrofina e a sua inexistência leva a uma perda das fibras musculares, comnecrose e substituição por fibrose e tecido adiposo. 49 - DNA integrado em lipossomas - Transporte endocítico (fibroblastos encapsulados) - Impedimento da expressão genética ou pelo menos da sobrexpressão de genes defeituosos (por exemplo em massas tumorais) - Bloqueamento do gene defeituoso (hibridação do gene com oligonucleótidos (antigenes) ou hibridação do RNA mensageiro com oligonucleótidos (oligonucleótidos antisense) -Correção com oligonucleótidos quiméricos (quimeroplastia): oligo DNA/RNA Transfecção: processo de introdução intencional de ácido nucleicos nas células. Alguns exemplos de ensaios clínicos de terapia génica humana em curso Ciclo de vida de um retrovírus De maneira geral, o ciclo viral dos retrovírus ocorre da seguinte maneira: 1. Transmissão: O vírus é levado (por algum meio) até uma célula compatível com seus recetores, sítios de ligação 2. Adsorção: O vírus adere à célula hospedeira 3. Injeção: O vírus injeta o seu RNA e enzimas virais dentro da célula hospedeira https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADtio_de_liga%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Adsor%C3%A7%C3%A3o 50 4. Eclipse: O vírus, através da enzima transcriptase reversa, sintetiza DNA a partir do seu RNA, e liga esse DNA ao DNA da célula hospedeira. Ainda durante a eclipse, o DNA celular produz as proteínas e outras substâncias da cápsula viral 5. Retrotranscrição: A síntese de DNA (ssDNA senso negativo) a partir do genoma viral (ssRNA senso positivo) ocorre por intermédio da enzima viral transcriptase reversa, uma DNA polimerase RNA-dependente que catalisa esta reação. O DNA produzido pode se integrar ao genoma celular, onde será transcrito e codificará mRNAs e novos RNAs virais. Estes processos são mediados pela ação de uma RNA polimerase DNA-dependente celular, que transcreve o provírus integrado ao genoma hospedeiro Os genes gag, pro, pol e env, que codificam proteínas estruturais do vírus e enzimas necessárias para a sua replicação, são removidos do genoma. Doença de Machado-Joseph Originária da Ásia, com presença significativa nos Açores. Contexto histórico • 1972 por Nakano em famílias originárias do arquipélago dos Açores • 1972, Woods e Schaumburg nomearam a doença de “Degenerescência nigro- espinodentada com oftalmoplegia nuclear” • 1976, Rosenberg, Nyhan e Bay nomearam a doença “Degenerescência estriato- nigrica autossómica dominante” ao analisar a família Joseph • Em 1977, Romanul e Fowler propuseram a unificação do nome da doença para “Doença Açoriana do Sistema Nervoso” • Rosenberg acreditava que existiam no mínimo duas síndromes diferentes e só em 1983, aceita a junção das duas doenças • 1980, Sachdev denominou a doença de “Portuguese Autossomal Dominant Hereditary Ataxia of Unknown Cause - PADHAUC” • 1980, o nome Doença de Machado Joseph é proposto por Coutinho e Sequeiros no “International Symposium on Autossomal Dominant Motor System Disorders in Persons of Portuguese Ancestry” • 1994 foi atribuído o nome de Spinocerebellar Ataxia type 3 (SCA3) como possível sinónimo para DMJ, uma vez que ambas têm a mesma mutação no braço longo do cromossoma 14 • A “Human Genome Organization” fixou a nomenclatura da doença como DMJ (William Machado e Antone joseph) https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A1psula_viral https://pt.wikipedia.org/wiki/DNA_polimerase_RNA-dependente https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_gen%C3%A9tico https://pt.wikipedia.org/wiki/RNA_polimerase_DNA-dependente https://pt.wikipedia.org/wiki/Prov%C3%ADrus https://pt.wikipedia.org/wiki/Hospedeiro 51 Doença de Machado-Joseph - Doença autossómica dominante hereditária, ou seja, está ligada aos autossomas, ou seja, cromossomas que não estão ligados ao sexo - Doença que se transmite de pais para filhos bastando que um dos progenitores tenha um alelo mutado ligado à doença e assim cada um dos filhos tem 50% de probabilidades de ter a mesma doença Esta doença pode ser dividida em 5 tipos, estando estes relacionados com a idade em que aparece a doença. • Tipo I Forma mais precoce da doença, com os sintomas a manifestarem-se entre os 10 e os 30 anos. Este subtipo corresponde a cerca de 13% dos indivíduos, apresentando em geral desenvolvimento rápido, acompanhado de severa rigidez muscular e distonia. • Tipo II Mais comum, correspondente a cerca de 57% dos indivíduos com DMJ. Os sintomas manifestam-se entre os 20 e os 50 anos, caracterizando-se por uma severidade e velocidade de desenvolvimentos intermédias. Os sintomas incluem espasticidade, respostas reflexas exageradas, postura espástica, ataxia e afecção dos circuitos neuronais motores superiores. • Tipo III Casos de DMJ de progressão lenta. Os pacientes incluídos neste grupo em geral desenvolvem os sintomas entre os 40 e os 70 anos e representam cerca de 30% dos doentes com DMJ. Os sintomas incluem espasmos musculares, formigamento, cãibras e sensações desagradáveis, como dormência, dor nos pés, mãos e membros. Os pacientes podem desenvolver atrofia dos grupos musculares afetados. Quase todos os pacientes experimentam um declínio na acuidade visual, incluindo visão turva, diplopia, incapacidade de controlar os movimentos dos olhos e perda da capacidade de distinguir as cores. Alguns pacientes também apresentam sintomas parkinsonianos. • Tipo IV Caracterizado pela presença de sintomas parkinsonianos que respondem particularmente bem ao tratamento com levodopa. • Tipo V Quadro sintomático muito semelhante à paraplegia espástica hereditária, mas não existem provas concludentes da relação entre este subtipo de DMJ e aquela doença. 52 Sintomas Síndrome cerebelosa (98,6%) • Marcha atáxica (sem coordenação) • Incoordenação nos membros superiores • Tremor intencional, raro • Disartria (fala escandida, lembra o falar de uma pessoa embriagada) Manifestações oculares (93,1%) • Permite o diagnóstico diferencial com outras ataxias cerebelosas hereditárias • Exibem movimentos oculares sacádicos (rápido e intermitente) anormais • Diminuição ou ausência do reflexo oculo-vestibular • Paralisia do olhar supranuclear vertical Síndrome piramidal (84,6%) • Afeta sobretudo os membros inferiores e a espasticidade • A hiperreflexia osteotendinosa tem uma frequência de 67,9% Síndrome periférica (59,7%) • Perda dos reflexos aquilianos • Atrofia muscular distal • Fasciculações (envolvendo músculos das pernas e coxas) • Paresia distal associada à arreflexia osteotendinosa generalizada • As fibras sensoriais são as mais afetadas Síndrome extrapiramidal (35%) • Distonia (contrações involuntárias e espasmos) (23%) • Rigidez e a bradicinesia (lentidão dos movimentos voluntários) 53 Gene atxn3 A mutação encontra-se no cromossoma 14 e está associada a um gene com 48300 pb) e resulta de uma repetição anormal do tripleto CAG (exão 10). Ataxina 3 • Doença neurodegenerativa afeta a proteína ataxina 3 (ATXN3) • Ataxina 3: 364 aminoácidos Esta proteína está envolvida em vários processos celulares: - Transcrição - Miogénese (formação de tecido muscular) - Manutenção da homeostasia (estabilidade) de proteínas - Catalisa a hidrólise de ésteres, tioésteres, péptideos Possui três motivos (sequências de aminoácidos específicas) de interacção com ubiquitina (UIMs), um domínio catalítico (Josephin) e uma região rica em poliglutaminas (polyQ) (expandida no estado patológico). A morte habitualmente surge de complicações pulmonares e pela caquexia (perda de peso, fadiga, atrofia muscular, etc.) que estes doentes desenvolvem, podendo ocorrer entre os 6 e os 29 anos após o início da doença. A demência não é uma manifestação comum da DMJ 54 Ubiquitina • Papel fundamental na regulação dos processos de outras proteínas no organismo Pode induzir: - Degradação
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