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1º SIMULADO ENEM DE LINGUAGENS PROVA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS (CONTEÚDO COMPLETO) 2021 LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES SEGUINTES: 1. Este CADERNO DE QUESTÕES contém 45 questões numeradas de 01 a 45, dispostas da seguinte maneira: a) questões de número 01 a 45, relativas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; ATENÇÃO: as questões de 01 a 05 são relativas à língua estrangeira. Você deverá responder apenas às questões relativas à língua estrangeira (inglês ou espanhol) escolhida no ato de sua inscrição. 2. Confira se a quantidade e a ordem das questões do seu CADERNO DE QUESTÕES estão de acordo com as instruções anteriores. Caso o caderno esteja incompleto, tenha defeito ou apresente qualquer divergência, comunique o professor Felipe Pereira :) 3. Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 opções. Apenas uma responde corretamente à questão. 4. O tempo disponível para esta prova é de 1 hora e quarenta e cinco minutos. 5. Reserve tempo suficiente para preencher o CARTÃO-RESPOSTA 6. Os rascunhos e as marcações assinaladas no CADERNO DE QUESTÕES não serão considerados na avaliação. 7. Quando terminar as provas, observe como você se sentiu fazendo o ENEM e se matricule na Plataforma Linguagens Enem do Professor Felipe Pereira. 1º DIA CADERNO 1 AMARELO ATENÇÃO: transcreva no espaço apropriado do seu CARTÃO-RESPOSTA, com sua caligrafia usual, considerando as letras maiúsculas e minúsculas, a seguinte frase: LINGUAGENS NÃO É INTERPRETAÇÃO Linguagens | Caderno 1 - AMARELO - Página 2 2021 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 Blocked toilets and exposed wiring: Olympic Vil- lage dismays Australia team Jonathan Watts and agencies Sunday 24 July 2016 16.13 BST Extensive remedial works have begun on Rio’s Olympic village as the host city seeks to allay concerns about accommodation for athletes, following the refusal of Australia to move its team in until improvements were made. The head of Australia’s delegation, Kitty Chiller, on Sunday raised concerns over “blocked toilets, leaking pipes and exposed wiring” inside the complex of high- rise apartment blocks intended to house athletes for the duration of next month’s Games. “We’re having plumbing problems, we’ve got leaking pipes,” said Mike Tancred, the spokesman for the Australia team. “From the exterior it looks like the Hilton hotel,” Tancred said. “But inside it’s not finished.” (Disponível em: https://www.theguardian.com/ Acesso em: Acesso em: 19 jun. 2020) No texto, a expressão “looks like the Hilton Hotel” é utili- zada em tom irônico para criticar A o uso extensivo de remédios nos jogos olímpicos do Rio de Janeiro. B a existência de canos com vazamento e de fios expostos. C a celeridade na construção das casas dos atletas. D a falta de qualidade dos hotéis na região e a violência fluminense. E as similaridades entre os elevados blocos de prédios da Vila Olímpica e o Hotel Hilton. QUESTÃO 02 70 Indian words added to Oxford dictionary From endearing words like ‘Abba’ and ’Anna’ to In- dian delicacies like ‘gulab jamun’ and ‘vada’ can now be found in the Oxford English Dictionary (OED). As per the latest list of inclusions, 70 new Indian words from Telu- gu, Urdu, Tamil, Hindi and Gujarati languages have been added to the dictionary. Several most-commonly used words in India like ‘ju- gaad’, ’dadagiri’, ‘achcha’, ‘bapu’ and ‘surya namaskar’ are now part of the Oxford dictionary, the OED said in a statement. Many of the words describe food and re- lationships, such as ‘anna’ (elder brother), ‘abba’ (fa- ther), ‘gulab jamun’, ’mirch masala’, ‘keema’, ‘funda’ and ‘chamcha’. Oftenly used terms like ‘timepass’, ‘natak’ and ‘chup’ also have their meanings in the dictionary now. The September 2017 update adds to the 900 items already covered by the dictionary and “identified as dis- tinctive to Indian English. “Indian speech etiquette fea- tures a complex system of kinship terms and terms of address, in which age, gender, status, and family rela- tionships are marked by a highly specific vocabulary with no direct equivalents in English,” said Danica Salazar, OED World English Editor. The words were added to the dictionary as Indians have “a highly specific vocabulary with no direct equiv- alents in English,” the OED said. The four centuries that the English were present in India have left an indelible mark on the language, Salazar said. It is clear that the shared history between Britain and India has left behind a legacy of loanwords and other lexical innovations that have greatly enriched the English word stock, she said. The seventy words newly added to the OED reflect not only the history of the country, but also the many and diverse cultural and linguistic influences which have shaped and changed the English language in India, she said. The OED publishes four updates a year in March, June, September and December respectively. (Fonte: https://www.thehindubusinessline.com/news/world/70-indian-words-added-to- oxford-dictio- nary/article9929702.ece Acesso em: 19 jun. 2020.) Fatores como colonização e introdução de novas cul- turas em outras podem ter diferentes impactos numa região. Nesse artigo do site The hindu business, obse- vamos a importância A da presença de palavras e outras inovações no léxi- co que enriqueceram a língua inglesa B da inclusão de novos verbetes ingleses no vocabulá- rio indiano no ano de 2015. C do processo de adaptação de verbetes indianos ao vocabulário da língua inglesa D criação de um dicionário com os equivalentes entre termos indianos e Ingleses. E A informação da publicação de quatro atualizações no dicionário em março, junho, setembro e dezembro. 2021 Linguagens| Caderno 1 - AMARELO - Página 3 QUESTÃO 03 Disponível em: http://slideplayer.com/slide/5736547/ Acesso em: 19 jun. 2020. A tirinha acima se utiliza de um recurso linguístico para gerar um efeito específico de humor, que se expressa por meio A do fato que tanto jovens como idosos gostam de ensaios de rock, desde que sejam combinados com antecedência. B da música, que tem o poder de unir gerações e pessoas completamente distintas, independente de sua formação C dos adultos que consideram com seriedade o horário combinado, enquanto jovens fazem suas atividades quan- do bem entendem. D do ensaio da banda ser entre as 6h e as 8h, que os adultos precisam de um aviso ; os jovens precisam apenas de um lembrete. E do usa da mesma frase que pode servir como apenas um lembrete para alguns, pode soar como uma advertên- cia para outros. QUESTÃO 04 (Disponível em: http://gssq.blogspot.com/2011/11/burkha-vs-bikini-if-only-they-were.html. Acesso em: 19 jun. 2020.) A charge acima apresenta uma sátira a respeito de julgamentos feitos a partir de uma cultura a respeito de outra. As opiniões que as personagens apresentam são A paradoxais, pois não podem conviver em harmonia. B semelhantes, apesar da grande diferença entre culturas C opostas, pois o machismo é percebido só em uma cultura D surpreendentes, pois revelam uma compreensão mútua das diferenças E conclusivas, pois há um valor de verdade em apenas uma opinião Linguagens | Caderno 1 - AMARELO - Página 4 2021 QUESTÃO 05 “I imagine hell like this: Italian punctuality, German humour and English wine.” — Peter Ustinov. British actor, writer and dramatist Fonte: https://www.goodreads.com/ author/show/27622.Peter_Ustinov Acesso em: 19 jun. 2020. Citações ou máximas funcionam como uma maneira leve e rápida de transmitir ideias. Na presente citação, o autor pretende salientar o que considera A uma descrição realista do inferno na europa B a alta qualidade do vinho inglês do passado C as desigualdades sociais da época em que viveu. D suas preferências com relação ao povo europeu. E aspectos negativos de certos países europeus LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questõesde 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 El desafío No lograron convertirnos en ellos - me escribió el Cacho El Kadri. Corrían ya los últimos tiempos de las dictaduras militares en Argentina y Uruguay. Habíamos comido miedo al desayuno, miedo al almuerzo y a la cena, miedo; pero no habían logrado convertirnos en ellos. Eduardo Galeano. Livro de los Abrazos. 1989. O Livro de los Abrazos, escrito pelo uruguaio Eduardo Galeano, traz uma coletânea de textos que abordam re- flexões acerca da realidade social. O texto repete o uso de recursos linguísticos para A usar poucas palavras para causar a sensação de in- completude no texto. B fazer apologia ao partido comunista, que nunca teve medo da repressão militar. C propor a reflexão sobre a manipulação inevitável no dia a dia na época da ditadura. D denunciar a miséria e a fome que a população pas- sou durante as ditaduras militares. E expressar o estado de angústia constante em que vi- viam e enfatizar sua resistência ideológica. Linguagens| Caderno 1 - AMARELO - Página 5 2021 QUESTÃO 02 Gonzáles, D. Aplicación Móvil Cáncer de Mama, Universidad de Méxixo, 2015. Na propaganda acima, a referência às novas tecnolo- gias tem a função de A divulgar um novo aplicativo de prevenção contra o câncer de mama. B alertar que o uso excessivo das redes sociais podem trazer consequências à saúde dos usuários. C Incentivar as mulheres a usarem a tecnologia para adquir conhecimentos sobre o câncer de mama. D incentivar que informações sobre o câncer de mama tenham tanta atenção quanto a dedicada às redes sociais hoje em dia. E demonstrar que, apesar das muitas fontes de infor- mação online, o câncer de mama continua tendo al- tos índices de incidência. QUESTÃO 03 Los hablantes del quechua y la vergüenza lingüística El quechua es una de las lenguas más habladas en nuestro país. A lo largo de la historia, los hablantes del quechua han sido numerosos. En el siglo XVI, los españoles la escogieron para efectuar sus propósitos evangelizadores y colonizadores porque se percataron de que se trataba de una lengua general: había que- chuahablantes en la costa y en los Andes. A pesar de la imposición del español, y la posterior negación de en- señar hablar este idioma, la lengua se siguió hablando. Es una de las lenguas andinas vivas como el aimara y el jaqaru. Sin embargo, algunos de los hablantes dejan de usarla. En nuestro país, los quechuahablantes sienten desprecio por su lengua materna debido a la vergüen- za lingüística. La vergüenza lingüística es la actitud de autonegación y marginación contra la propia lengua ma- terna que surge de la valoración de utilidad de esta en diversos espacios sociales. En el país, no hay condicio- nes para hablar quechua en las universidades, los hos- pitales, los colegios, los juzgados, colegios, el Congre- so. Esta reacción emocional ocasiona que el hablante oculte que hacer uso de la lengua y deje de emplearla. Disponível em: www.blog.pucp.edu.pe. Acesso em: 20 jun. 2021. No Peru, a convivência do Espanhol e do Quéchua for- mata um contexto de diversidade linguística no qual A os dois idiomas são valorados da mesma forma. B os dois idiomas são usados em contextos diferentes. C os dois idiomas são objeto dos mesmos tipos de re- gistro formal. D os dois idiomas provocam as mesmas sensações em seus falantes. E os dois idiomas necessitam igualmente de reconhe- cimento internacional. QUESTÃO 04 Tejedoras Mayas proponen ley de propiedad inte- lectual colectiva Las Tejedoras vienen articulando esta demanda de manera estratégica hace casi un año. En mayo de 2016, las Tejedoras presentaron una acción de inconstitucio- nalidad contra el Estado de Guatemala ante la Corte de Constitucionalidad: demandaron el Estado por omisión de normas que protejan sus creaciones textiles. En los meses que siguientes las tejedoras recibie- ran amplio respaldo nacional provocando un debate nacional sobre los derechos de autor de las tejedoras mayas que crean los güipiles – la indumentaria Maya que contiene saberes mayas milenarios. El Movimiento de Tejedoras Mayas reúne cerca de 30 organizaciones de 18 comunidades lingüísticas en Guatemala. Esta li- derado por la Asociación Femenina para el Desarrollo de Sacatepéquez, conocido como AFEDES. Más allá de las reformas jurídicas, el concepto de propiedad intelectual colectiva defiende la autonomía in- dígena. Las Tejedoras denuncian el robo del arte textil Maya como una forma más de despojo. “Hay que pro- teger nuestros saberes textiles igual que protegemos nuestros territorios,” dice Angelina Aspuac, tejedora de AFEDES y estudiante de derecho en la universidad. Para ella “la protección intelectual es un reto fundamen- tal de la autonomía.” Disponível em: https://intercontinentalcry.org/es. Acesso em: 20 jun. 2021 O conflito econômico e cultural pendente na Guatemala revela A um processo criminal. B um conflito territorial. C uma questão ideológica. D uma concorrência comercial. E uma disputa por propriedade intelectual. Linguagens | Caderno 1 - AMARELO - Página 6 2021 QUESTÃO 05 Revilla ve un “notición” que Repsol vaya a ampliar la central de Aguayo y sitúa el inicio de las obras para 2022-2023 El presidente regional, Miguel Ángel Revilla (PRC), ha considerado un “notición” y un “revulsivo” para Canta- bria el anuncio de Repsol de ampliar la central hidroeléc- trica de Aguayo y ha avanzado que se prevé el inicio de las obras de este “megaproyecto” para “finales de 2022 o 2023”. De esta forma ha valorado, en declaraciones a los medios de comunicación, Revilla el anuncio hecho este jueves por Repsol de incluir como uno de los proyec- tos ‘estrella’ de su hoja de ruta para los próximos años (2021-2025) la ampliación en 1 GW de capacidad de la central de bombeo de Aguayo, con una inversión de unos 700 millones de euros, la “mayor inversión de la historia de Cantabria”, según ha resaltado el Ejecutivo regional. Acompañado por el consejero de Industria, Francis- co Martín, Revilla se ha felicitado de esta “grandísima noticia” para Cantabria, más en un momento “de incerti- dumbre” como el actual en el que, según ha dicho, éstas “escasean”. Disponível em: www.eldiario.es. Acesso em: 21 jun. 2021 O uso da palavra notición tanto no título quanto ao longo do texto evidencia A a aplicação de um termo formal, adequado à objetivi- dade da notícia. B o uso de uma expressão coloquial, contrária ao pre- visto para uma notícia. C a utilização de linguagem metafórica, pouco provável em um texto jornalístico. D a mobilização de conceitos tecnológicos, esperados em notícias de teor econômico. E a marca de interlocução, necessária a notícias que busquem interagir com o público leitor. Questões de 06 a 45 QUESTÃO 06 MMA para crianças e suas funções formativas e educacionais As diferentes lutas e Artes Marciais passaram ao longo dos tempos por um processo de institucionaliza- ção, sobretudo no ocidente, e alguns preceitos filosó- ficos e simbólicos se perderam ou caíram em desuso. Conceitos de uma formação holística, parecem dar lugar a valores imediatistas e utilitaristas como a competição pela competição e o golpe pelo golpe. Neste sentido vale questionar a atual formação de lutadores e o desvio do caminho (Dô) sagrado para o caminho dos valores contemporâneos que insistem em se afastar da filosofia das artes marciais. Neste contexto pretendemos apontar o ensino do MMA para crianças como excelente possibilidade edu- cacional. O MMA por sua definição é um mix de diferen- tes artes marciais, que trazem consigo valores e rituais, valiosíssimos para a educação de crianças e jovens. Revisitar esses conceitos filosóficos, sobretudo das lu- tas orientais que são pautadas no caminho do guerreiro (bushidô), remetem os praticantes a ética, cidadania, saúde, disciplina, conhecimento etc, que, somados a proficiência técnica e o aumento da autoestima, formam uma base sólida na formação de lutadores e cidadãosde bem, tanto no fazer, como no conhecer e no agir. Disponível em: http://portaldovaletudo.uol.com.br. Acesso em: 19 jun. 2020 A prática de esportes de luta e artes marciais tem en- contrado um número maior de adeptos no Brasil nos úl- timos anos, inclusive entre jovens e crianças. Segundo o texto, a prática do MMA pode servir para uma função educacional pois A auxilia na formação pessoal dos indivíduos em áreas diversas B proporciona aperfeiçoamento físico diferenciado C ensina defesa pessoal e protege o praticante de ameaças D é focada na formação da cidadania do praticante E conduz a uma maior consciência corporal em ativi- dades físicas Linguagens| Caderno 1 - AMARELO - Página 7 2021 QUESTÃO 07 Disponível em www.portal.fiocruz.br. Acesso em: 14 jun. 2021 Campanhas publicitárias, muitas vezes, são feitas com a finalidade de mudar comportamentos e hábitos a partir da mobilização de sensações. Nesta campanha, os re- cursos não verbais associam a doação de sangue A à responsabilidade dos doadores B à quantidade de receptores. C aos batimentos cardíacos D aos bancos de sangue E ao amor ao próximo QUESTÃO 08 O assassino era o escriba Meu professor de análise sintática era o tipo do su- jeito inexistente. Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida, regular como um paradigma da 1ª conjugação. Entre uma oração subordinada e um adjunto adver- bial, ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito as- sindético de nos torturar com um aposto. Casou com uma regência. Foi infeliz. Era possessivo como um pronome. E ela era bitransitiva. Tentou ir para os EUA. Não deu. Acharam um artigo indefinido em sua bagagem. A interjeição do bigode declinava partículas exple- tivas, conectivos e agentes da passiva, o tempo todo. Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça. Leminski, P. Toda Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. Todo gênero textual apresenta modos composicionais relativamente estáveis que não impedem uma mescla entre diferentes gêneros. Na poesia, há uma referência a aulas de português ao serem identificadas A formas frasais tipicamente didáticas. B nomenclaturas metalinguísticas. C críticas à gramática tradicional. D atitudes rebeldes estudantis. E temáticas interdisciplinares. QUESTÃO 09 O som periódico opõe-se ao ruído, formado de feixes de defasagens “arrítmicas” e instáveis. Como já se disse, no entanto, o grau de ruído que se ouve num som varia conforme o contexto. Um intervalo de terça maior é disso- nante durante séculos, no contexto da primeira polifonia medieval, e torna-se plena consonância na música tonal. Um grito pode ser um som habitual no pátio de uma esco- la e um escândalo numa sala de aula ou num concerto de música clássica. Uma balada “brega” pode ser embala- dora num baile popula e chocante ou exótica numa festa burguesa (onde pode se tornar frisson chique/brega). (José Miguel Wisnik, O Som e o Sentido. 1989) Para definir a linguagem musical, frequentemente temos que definir e opor o “agradável e ordenado” ao “desa- gradável e desordenado”. No texto, José Miguel Wisnik argumenta que um fator importante para se considerar agradável (som) ou desagradável (ruído) depende A do contexto histórico e social no qual a matéria sono- ra se apresenta. B da qualidade da composição da peça musical e de seu uso histórico. C do nível intelectual e de cultura musical da pessoa que escuta. D da tradição musical que o som está inserido, dando a ele maior ou menor qualidade. E da qualidade da execução do músico que toca a peça em questão, bem como da estrutura da sala de concerto. QUESTÃO 10 William Labov - Quando eu comecei a entrevistar pessoas e gravar suas falas, descobri que a fala cotidia- na envolvia muita variação linguística, algo com que a teoria padrão não estava preparada para lidar. As ferra- mentas para estudar a variação e a mudança sincrônica surgiram dessa situação. Mais tarde, o estudo da va- riação linguística forneceu respostas claras para muitos dos problemas que não eram resolvidos por uma visão discreta da estrutura linguística. LABOV, William. Sociolinguística: uma entrevista com William Labov. Revista Virtual de Estudos da Linguagem - ReVEL. Quando Labov reconhece a complexidade da língua falada, alça a oralidade à condição de manifestação linguística passível de observação, estudo e análise. Podemos considerar uma consequência desse tipo de pensamento o(a) A compreensão da língua oral como mais complexa que a escrita. B prejuízo à modalidade escrita, que perderá sua estrutura. C análise de um nível linguístico até então inexplorado. D a democratização no acesso aos estudos linguísticos. E manutenção de uma visão hegemônica de língua. Linguagens | Caderno 1 - AMARELO - Página 8 2021 QUESTÃO 11 Biografia Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contis- ta, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornarse o maior escritor do país e um mestre da lín- gua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que frequentará o autodidata Machado de Assis. De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando. Disponível em: http://www.releituras.com/machadodeassis_bio.asp Acesso em: 15 mai 2016 As principais características do gênero biografia, eviden- ciadas pelo texto a cima, são A Ironia e piadas. B Objetividade e frases opinativas. C Formalidade e trechos narrativos. D Informalidade e segmentos poéticos. E Densidade informacional e caráter epistolar. QUESTÃO 12 Os Sapos Enfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra. O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: - “Meu cancioneiro É bem martelado. Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos. O meu verso é bom Frumento sem joio. Faço rimas com Consoantes de apoio. Vai por cinquenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A fôrmas a forma. (BANDEIRA, Manuel. Carnaval, 1919) O poema Os Sapos, de Manuel Bandeira, causou po- lêmica na época de seu lançamento por fazer uma crí- tica aberta aos poetas parnasianos, que dominavam o cenário literário da época. O texto acima constrói uma expressividade que critica o parnasianismo satirizando A a aparência física e os hábitos de alguns poetas parnasianos B os procedimentos de criação e as concepções artísti- cas dos poemas parnasianos C a poesia com versos métrica regular, dispensada na construção do poema D a busca pela pureza e naturalidade dos versos, evo- cada na figura do sapo E o elitismo exacerbado dos parnasianos em relação à arte moderna e seus defensores Linguagens| Caderno 1 - AMARELO - Página 9 2021 QUESTÃO 13 Pierre Lévy (filósofo tunisiano) parte da ideia de que o hipertexto é uma definição anterior às novas mídias, pois faz parte da própria lógica humana do pensamento. Para melhor entendimento, Pierre Lévy organizou crité- rios para a caracterização dos hipertextos. 1º Princípio da metamorfose: é o processo de cons- tante construção e renegociação de sentidos que se dá nos hipertextos durante a leitura. 2º Princípio da heterogeneidade: tanto as informa- ções organizadas em uma determinada seção de um hi- pertexto (imagens, sons, textos) como as conexões que se estabelecem entre as diversas partes dele (critérioslógicos, afetivos, ocasionais, etc.), têm um caráter extre- mamente heterogêneo. 3º Princípio da multiplicidade e de encaixe das es- calas: o hipertexto se organiza de forma ‘fractal’, ou seja, cada nó ou conexão pode revelar uma rede de novos nós ou conexões e cada novo nó pode apresentar outro universo de conexões e assim por diante. 4º Princípio de exterioridade: a construção, defini- ção e manutenção da internet dependem de múltiplas interações, conexões entre pessoas e equipamentos. Disponível em: https://sociedadedeinformacaoetecnologias.blogspot.com. Acesso em 15 mai 2016 (adaptado) Entendendo que o hipertexto é um evento que ocorre enquanto estamos navegando na Internet e partindo dos princípios propostos por Pierre Lèvy para explicar como funciona a hipertextualidade, podemos afirmar que a he- terogeneidade é A secundária, pois as conexões hipertextuais são pre- viamente organizadas e se dão de modo uniforme. B essencial, afinal ela determina as conexões virtuais, que determinam a leitura humana. C válida, na medida em que contribui para uma leitura unilateral e concentrada. D importante, pois sua manifestação faz parte apenas do hipertexto. E primordial, visto que a própria existência humana é heterogênea. QUESTÃO 14 Anant Agarwal foi o principal palestrante do “Trans- formar”, evento realizado em São Paulo para centenas de pessoas ligadas à educação. O professor mostrou aos participantes como funciona o edX e defendeu o uso da tecnologia para mudar um cenário educacional que, segundo ele, não vê inovações há 150 anos. “Se alguém pegasse no sono numa sala de aula do MIT há 50 anos e acordasse hoje no mesmo lugar, ele não perceberia que tanto tempo passou”, afirmou Agarwal. “A tecnologia produzida nas universidades hoje é aplicada to- dos os dias em todas as áreas, mas não mudou muito o campo da educação. Como educadores, deveríamos ter vergonha.” Ao custo de cerca de R$ 120 milhões, Harvard e MIT criaram uma plataforma que rapidamente se tornou o equi- valente do ensino superior da Khan Academy, criada pelo educador Salman Khan, que já tem quase 4 mil vídeos de diversas disciplinas, principalmente de ciências da natureza e do ensino fundamental e médio. Khan hoje já acumulou mais de seis milhões de visualizações aos seus vídeos e foi aluno de Agarwal no MIT --no curso presencial, anos antes de ambos se aventurarem no campo da educação online. Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 20 jun 2021 (adaptado) Para elaborar sua crítica sobre a educação atual, o pro- fessor Anant Agarwal utiliza como estratégia argumen- tativa a A Analogia. B Inovação. C Blasfêmia. D Semelhança. E Comparação. Linguagens | Caderno 1 - AMARELO - Página 10 2021 QUESTÃO 15 Quando, na história de cada sociedade, uma deter- minada língua – ou mais precisamente uma das varieda- des dessa língua – é alçada à condição de língua oficial, ocorre uma importante metamorfose – a língua materna se torna língua paterna, transformada em padrão. [...] Um elemento fundamental nessa padronização é, sem dúvida alguma, a presença da escrita, tomada sempre em sua vertente, canônica, douta, literária. [...] Daí ad- vém o uso tradicional da expressão norma culta. [...] O linguista canadense M. Paquette explica de que maneira a normatização da língua se associou estreitamente à normatização jurídica durante o período da história eu- ropeia em que os Estados nacionais de fortaleceram e se sentiu a necessidade de todo um corpo de instituição e de funcionários capazes de elaborar normas, regula- mentos e leis. Bagno, M. Gramática Pedagógica do Português Brasileiro São Paulo: Parábola Editorial, 2012 Ao discorrer sobre o conceito de norma padrão, o autor revela que a normatização de uma língua está ligada a A culturas estigmatizadas. B fenômenos extralinguísticos. C escolhas ortográficas lógicas. D obras literárias canonizadas. E variedades gramaticais internacionais. QUESTÃO 16 Ocorreram aí o desenvolvimento estético e a proje- ção social da linguagem da roda de samba de Rita Baia- na, a mulata assanhada do romance de Aluísio Azeve- do. Reinava então, depois de tantas travas, a mestiça envolvente, desinquieta, saracoteando pela noite o seu “atrevido e rijo quadril baiano”. E foi desses pagodes po- voados de malandros e mulatas, dessas “chinfrinadas ao relento” (Azevedo), que a nossa música popular le- vantou vôo. Pois “à viva crepitação da música baiana calmaram-se as melancólicas toadas de além mar”, na constatação do maranhense Azevedo. (RISÉRIO, Antonio. Caymmi: uma utopia de lugar, 2011) O texto aponta para um aspecto da obra O Cortiço que descreve o surgimento da música brasileira em um con- texto que A inferioriza a música brasileira que surgia na época por ser sexualizada B havia fomento estatal aos eventos nos quais as ro- das de samba se apresentavam C pontua a origem mestiça e nobre da música popular brasileira D demonstra a força da música europeia sobre a nas- cente música brasileira E aponta e ilustra uma origem cultural em eventos co- letivos de classes socias marginalizadas QUESTÃO 17 Entre os séculos XV e XVI, Portugal ocupa lugar de relevo no ciclo das grandes navegações, e a língua, “companheira do império”, se espraia pelas regiões in- cógnitas, indo até o fim do mundo, e, na voz do Poeta, “se mais mundo houvera lá chegara” (Os Lusíadas, VII, 14). Depois da expansão interna que, literária e cultural- mente, exerce ação unificadora na diversidade dos falares regionais, mas que não elimina de todo essas diferenças refletidas nos dialetos, o português se arroja, na palavra de indômitos marinheiros, pelos mares nunca d´antes na- vegados, a fim de ser o porta-voz da fé e do império. Bechara, E. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006 Ao longo da história dos estudos linguísticos, o fato de a língua variar foi percebido de diferentes formas. A partir do trecho “... ação unificadora na diversidade dos falares regionais, mas que não elimina de todo essas diferenças refletidas nos dialetos”, percebe-se uma concepção que A categoriza as variedades linguísticas como “dialetos”. B observa as “diferenças refletidas” como objeto de estudo. C associa os “falares regionais” à expressão cultural de cada povo. D entende a riqueza da língua portuguesa a partir das suas variedades. E deixa subentendida uma ideia negativa em relação à “ação unificadora”. QUESTÃO 18 Devido ao tema do índio, durante todo o Roman- tismo o nome de Basílio da Gama foi talvez o mais fre- quente na pena dos escritores, quando se tratava de apontar precursores da literatura nacional. Convém, to- davia, distinguir nele o nativismo do interesse exterior pelo exótico, parecendo haver predomínio deste, pois o indianismo não foi para ele uma vivência, como para os românticos; foi antes um tema arcádico transposto em roupagem mais pitoresca. (CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira.1957) O trecho acima, do crítico literário Antonio Candido, res- gata aspectos de contextos de produção e recepção do texto O Uruguai, de Basílio da Gama. A temática “india- nista” que o aproxima do romantismo é descrita como uma A busca de uma representação verossímil e autêntica dos nativos Brasileiros B criação de um mito da nacionalidade a partir da mis- cigenação étnica C contestação de moldes europeus e criação de estéti- cas genuinamente brasileiras D manifestação de um nativismo oriundo do sentimento de pertencimento ao território brasileiro E adaptação de temas oriundos da literatura europeia a contextos nacionais vistos de forma distanciada Linguagens| Caderno 1 - AMARELO - Página 11 2021 QUESTÃO 19 O gigolô das palavras Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. [...] Respondi que a linguagem,qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusi- vamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer “escre- ver claro” não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, di- vertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática.) Verissimo, L. F. O Gigolô das Palavras. Porto Alegre: L&PM, 1996. (adaptado) Luís Fernando Veríssimo, cronista brasileiro, produz muitos textos sobre a variedade gramatical da língua portuguesa. Ao afirmar que ‘escrever claro’ não é cer- to mas é claro, certo?, o autor A despreza regras gramaticais em qualquer situação de uso da língua. B utiliza variedades regionais como defesa da sua identidade. C valoriza a clareza em detrimento das regras gramaticais. D defende o respeito à norma gramatical. E vale-se de gírias pouco conhecidas. QUESTÃO 20 Todo torcedor de futebol tem o mesmo sonho: que o próximo Pelé apareça no seu time. Qualquer indício de que isso pode estar por acontecer, qualquer prenúncio - como a frase “Tem um garoto surgindo nos juvenis que não sei não” - reacende a esperança e alimenta o sonho. Será ele? O próximo Pelé é como o novo Dalai Lama, que pode surgir em qualquer lugar, não necessariamen- te no Tibet. O próximo Pelé pode estar crescendo nes- te exato momento numa categoria de base de qualquer clube do Brasil, mesmo nos que “categoria de base” seria um nome pomposo demais para seu estoque de garotos esperando a vez. “Pelé”, no caso, é um nome genérico. Já surgiram outros Pelés, ou meio-Pelés, ou pseudo-Pelés, de- pois do primeiro. Pelé deu o nome à categoria quando chegou à seleção brasileira e a uma Copa do Mundo com apenas 17 anos, em 1958, na Suécia. Um feito inédito. Desde então o futebol brasileiro vive à esprei- ta de jogadores de 17 anos que repitam o fenômeno. Ronaldinho Gaúcho é o exemplo mais notório de um “Pelé” recente. (VERÍSSIMO, L.F. Time dos sonhos: paixão, poesia e futebol, 2010) O termo “Pelé” demonstra aspectos da nossa relação com a realidade atual e a história do país em relação ao futebol que, pela explicação apresentada, indica A a presença constante de jogadores excepcionais nos clubes do Brasil B a grande exigência e a expectativa criada sobre atle- tas ainda em formação C o desenvolvimento de categorias de base de exce- lência internacional D a procura por melhores condições de vida por aspi- rantes a profissionais E a grande variedade de apelidos que podem ser atri- buídos a jogadores de futebol QUESTÃO 21 Capítulo XIV – A inscrição Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam a meter-se uns pelos outros... Padre futuro, eu estava assim diante dela como de um altar, sendo uma das fa- ces a Epístola e a outra o Evangelho. A boca podia ser o cálix, os lábios a patena. Faltava dizer a missa nova, por um latim que ninguém aprende e é a língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrilégio, leitora minha devota. A limpeza da intenção lava o que puder haver de menos conveniente no estilo. Estávamos ali com o céu em nós; nossas mãos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer cousas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração, caladas como vinham... Assis, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Martins Fontes, 2003. No momento em que Bento Santiago (Bentinho), a voz narradora em “Dom Casmurro”, se refere à “leitora, mi- nha devota”, salienta-se o uso da função apelativa ou conativa da linguagem, que se caracteriza, no trecho citado, por A buscar uma justificativa para a alegoria religiosa. B ofender uma possível leitora de forma proposital. C amenizar uma possível ofensa suscitada pela alego- ria religiosa. D intimidar uma possível leitora que poderia estar com medo dos detalhes cênicos. E comparar o cenário de uma igreja a um encontro amoroso entre dois adolescentes. Linguagens | Caderno 1 - AMARELO - Página 12 2021 QUESTÃO 22 po·lí·ti·co (grego politikós, -é, -ón, relativo aos cidadãos) adjetivo 1. Relativo à política ou aos negócios públicos. 2. Delicado, urbano, cortês. 3. [Figurado] Finório, astuto. substantivo masculino 5. Aquele que se entrega à política. 6. Estadista. Disponível em https://www.priberam.pt. Acesso em: 15 mai. 2016. Considerando as características do gênero dicionário, o texto tem como principal função social a construção de significação A de modo realista e empírico. B de forma absurda e utópica. C de maneira poética e onírica. D de modo objetivo e categórico. E de modo científico e engajado. QUESTÃO 23 João Miramar abandona momentaneamente o pe- riodismo para fazer a sua entrada de homem moderno na espinhosa carreira das letras. E apresenta-se como o produto improvisado e portanto imprevisto e quiçá cho- cante para muitos, de uma época insofismável de tran- sição. Como os tanks, os aviões de bombardeio sobre as cidades encolhidas de pavor, os gases asfixiantes e as terríveis minas, o seu estilo e a sua personalidade nasceram das clarinadas caóticas da guerra. Porque eu continuarei a chamar guerra a toda esta época embaralhada de inéditos valores e clangorosas ofensivas que nos legou o outro lado do Atlântico com as primeiras bombardas heroicas da tremenda confla- gração europeia. (ANDRADE, Oswald. Memórias Sentimentais de João Miramar. 1924) Memórias Sentimentais de João Miramar é uma obra lo- calizada no começo do século XX. No trecho identifica- mos a presença de elementos históricos que marcaram aquele contexto como A o regime do Estado Novo, implantado por Getúlio Vargas B os armamentos nucleares, presente nos conflitos ar- mados da época C os regimes imperiais que se estabeleceram na Euro- pa no século XX D a urbanização crescente do Brasil, com o fim do rura- lismo sem tecnologia E as novas tecnologias, que alteram radicalmente a re- lação e percepção do mundo QUESTÃO 24 TEXTO I VEJA, Capa Falar e Escrever Certo, São Paulo, ano 40, nº. 36, São Paulo. Acesso em 20 jun. 2021 TEXTO II Profissionais estão assassinando a gramática e co- metendo erros de português na entrevista de emprego. Levantamentos feitos por empresas do segmento apon- tam que a taxa de reprovação dos candidatos na etapa de “ditado” e “redação” aumentou 60% nos últimos anos. O dado é assustador porque, além de ferir os ou- vidos do interlocutor, quem comete erros gramaticais pode prejudicar sua imagem e jogar pelos ares as me- lhores oportunidades de trabalho. Disponível em: www.vagas.com.br. Acesso em: 20 jun. 2021 Os dois textos colaboram para uma compreensão da lín- gua portuguesa que A defende uma concepção variacionista de linguagem. B entende o português como um sistema acessível a todos. C compreende o português com um sistema simples e lógico. D aborda o português como algo perigoso, que exige cautela para ser bem-utilizado. E explica os problemas de linguagem de modo científi- co, a partir de exemplos empíricos. Linguagens| Caderno 1 - AMARELO - Página 13 2021 QUESTÃO 25 O Brasil chegou neste sábado – 19.06.2021 – ao número de 500,8 mil mortos pela Covid-19. A marca foi atingida pouco mais de 15 meses após o primeiro óbito oficialmente registrado no país, em 12 de março de 2020. Em termos absolutos, o Brasil é o segundo país com maior número de mortos pela pandemia. Perde apenas para os Estados Unidos (que registra mais de 600 mil óbitos); e fica à frente da Índia, que tem cerca de 400 mil mortos e que atualmente tem a maior taxa de letalidade pela doença. O Brasil também figura entre os dez países mais letais do planeta em óbitos causados pelaCovid-19 na proporção de mortos por 1 milhão de habitantes desde o início da pandemia. Esse parâmetro elimina a distor- ção causada pelo tamanho da população e permite uma comparação mais “justa” entre as nações. Quando se considera a média de mortes totais nos últimos sete dias, que indica quais são os países onde mais se morre atualmente de Covid, a situação do Brasil no ranking mundial também é muito ruim: está na segun- da posição entre os mais letais. Os dados são do Our World In Data, site especiali- zado em dados analíticos, gerenciado pela Universidade de Oxford (Inglaterra). Disponível em: www.gazetadopovo.com.br. Acesso em: 20 jun. 2021 A função referencial da linguagem é característica do gê- nero notícia. No texto, essa função é estabelecida pela(o) A temporalidade, na sequência narrativa dos fatos, como em “O Brasil chegou neste sábado” B comparação, na correlação com casos internacio- nais, como “Perde apenas para os Estados Unidos”. C discurso legitimado, na referência a estudos acadêmi- cos, como em “Os dados são do Our World In Data”. D objetividade, na organização impessoal das informa- ções, como em “O Brasil também figura entre os dez países mais letais do planeta”. E cálculo média, na estimativa matemática, como em “óbitos causados pela Covid-19 na proporção de mortos por 1 milhão de habitantes”. QUESTÃO 26 Acreditamos que isto sucede porque o escopo es- sencial destas investigações se tem reduzido à pesquisa de um tipo étnico único, quando há, certo, muitos. Não temos unidade de raça. Não a teremos, talvez, nunca. Predestinamo-nos à formação de uma raça histó- rica em futuro remoto, se o permitir dilatado tempo de vida nacional autônoma. Invertemos, sob este aspecto, a ordem natural dos fatos. A nossa evolução biológica reclama a garantia da evolução social. Estamos condenados à civilização. Ou progredimos, ou desaparecemos. A afirmativa é segura. (DA CUNHA, Euclides. Os Sertões. 1902) Para escrever Os Sertões, Euclides da Cunha buscou o conhecimento científico de sua época para tentar expli- car o massacre de Canudos. Podemos ver um índice de um pensamento conhecido como determinismo quando o texto A utiliza conceitos e termos da biologia para explica- ções sociais B propõe a unidade de raça como caminho para a sobrevivência C prega a industrialização como forma de evolução social D amplia a pesquisa antropológica moderna no Brasil E utiliza o termo raça de forma a desqualificar a popu- lação brasileira QUESTÃO 27 Moradores da fronteira do Brasil com a Bolívia, o casal Känä́tsɨ, de 78 anos, e Híwa, de 76, são os dois últimos falantes ativos da língua warázu, do povo indígena Warazúkwe. Os dois se expressam mal em espanhol e portu- guês, e conversam entre si somente em warázu – em- bora seus filhos e netos falem em português e espanhol. “Aquela casa desperta, para quem entra nela, uma sensação incômoda de estranheza, como se o casal ido- so que vive nela viesse de outro planeta, de um mundo que eles nunca poderão ressuscitar”, escrevem os pes- quisadores Henri Ramirez, Valdir Vegini e Maria Cristina Victorino de França em um estudo publicado na revista Liames, da Unicamp. Com ajuda do casal idoso, esses linguistas da Uni- versidade Federal de Rondônia descreveram pela pri- meira (e possivelmente a última) vez o idioma do povo Warazúkwe. Segundo o estudo, além de Känä́tsɨ e Híwa, ainda haveria três pessoas que poderiam conhecer o idioma. Um deles, o irmão mais velho Känä́tsɨ, sumiu há anos. Os outros dois, Mercedes e Carmelo, vivem na Bolívia, mas já não conversam mais em warázu. “Parece que a ‘vergonha étnica’ que os warazúkwe experimentaram foi tão intensa que Mercedes não gosta de proferir palavra alguma no seu idioma e Carmelo afirma que esqueceu tudo”, diz o estudo. Disponível em www.bbc.com. Acesso em: 20 jun. 2021 (adaptado) A língua warázu corre risco de extinção, já que os seus últimos falantes são idosos. Da perspectiva dos usuá- rios, o idioma A é usado apenas de forma secreta. B é a única língua por meio da qual se comunicam. C será valorizado ao ser estudado por uma universidade. D é percebido de forma diferente pelos diferentes falantes. E é falado por todos com orgulho de forma a integrar sua identidade. Linguagens | Caderno 1 - AMARELO - Página 14 2021 QUESTÃO 28 TEXTO I Disponível em: www.catracalivre.com.br. Acesso em: 20 jun. 2021 TEXTO II A Guerra dos palhaços Uma vez dois palhaços se puseram a discutir. As pessoas paravam, divertidas, a vê-los. – É o quê?, perguntavam – Ora, são apenas dois palhaços discutindo. Quem os podia levar a sério? Ridículos, os dois có- micos ripostavam. Os argumentos eram simples dispara- tes, o tema era uma ninharice. E passou-se um inteiro dia. Na manhã seguinte, os dois permaneciam, excessi- vos e excedendo-se. Parecia que, entre eles, se azeda- va a mandioca. (...) Acreditando tratar-se de um espec- táculo, os transeuntes deixavam moedinhas no passeio. No quinto dia, contudo, um dos palhaços se muniu de um pau. E avançando sobre o adversário lhe des- fechou um golpe que lhe arrancou a cabeleira postiça. (...) Um dos espectadores, casualmente, foi atingido. O homem caiu, esparramorto. (...) No princípio do mês, todos os habitantes da cidade haviam morrido. Todos excepto os dois palhaços. Nessa manhã, os cómicos se sentaram cada um em seu canto e se livraram das vestes ridículas. Olharam-se, cansa- dos. Depois, se levantaram e se abraçaram, rindo-se a bandeiras despregadas. De braço dado, recolheram as moedas nas bermas do passeio. Juntos atravessaram a cidade destruída, cuidando não pisar os cadáveres. COUTO, Mia. Estórias Abensonhadas, Companhia das Letras, São Paulo (adaptado) A partir da leitura dos TEXTOS I e II, é possível perce- ber que ambos constroem metáforas acerca da estrutu- ra socioeconômica vigente. Assim, pode-se dizer que o TEXTO II, em relação ao TEXTO I A apresenta uma história ficcional que ironiza a opinião pública. B critica a sociedade capitalista, pelo excesso de recur- sos tecnológicos. C narra os acontecimentos de maneira realista, trazen- do à tona fatos reais. D propõe uma nova estrutura social, não pautada pelo acúmulo de capitais. E aborda o assunto de maneira narrativa, romantizan- do a exploração capitalista. QUESTÃO 29 (Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/177470041545816146/ Acesso em: 16 mai. 2020) As gárgulas são elementos arquitetônicos tipicamente góticos. As criaturas representadas nos ornamentos são frequentemente ligadas a elementos “demoníacos” ou maléficos. Primordialmente, as gárgulas tinham função de escoar a água das calhas das catedrais, como mos- tra a imagem e o esquema acima. Analisando a função e a forma do elemento arquitetônico em questão, pode-se afirmar que A a ornamentação da gárgula é uma inovação moder- na à arquitetura gótica. B a finalidade da gárgula torna obrigatório que ela seja ornamentada. C o ornamento da gárgula é um incremento artístico em um objeto utilitário. D a gárgula é um elemento destoante da arquitetura gótica por ter uma funcionalidade. E as gárgulas que servem para ornamentação não são jamais utilizadas para escoamento de água. Linguagens| Caderno 1 - AMARELO - Página 15 2021 QUESTÃO 30 Tribunal de Justiça de Pernambuco. Disponível em: www.g1.globo.com. Acesso em: 21 ago 2018 Observando os recursos verbais e não verbais do texto e compreendendo que há o objetivo de mudar um de- terminado comportamento social, depreende-se que a imagem da mão: A significa a intenção de denúncia. B suscita um sentimento de angústia. C remete a violência e silenciamento. D representa um ato de coragem e de revolta. E representa uma figura masculina, geradora de violência. QUESTÃO 31 Disponível em: www.catracalivre.com.br. Acesso em: 20 jun. 2021 Por meio da análise das figuras constitutivas da imagem acima, podemos dizer que, em relação ao uso das novas tecnologias, há uma postura A idealista. B metafórica.C revoltada. D irônica. E crítica. QUESTÃO 32 A história pátria deliciou-me enquanto pôde. Desde os missionários da catequese colonizadora, que vinham ao meu encontro, com Anchieta, visões de bondade, re- citando escolhidas estrofes do evangelho das selvas, mandando adiante, coroados de flores, pela estrada lar- ga de areia branca, os columins alegres, aprendizes da fé e da civilização, acompanhados da turba selvagem do gentio cor de casca de árvores, emplumados, sarapinta- dos de mil tintas, em respeitosa contrição de fetichismo domado, avultando do seio, do fundo da mata escura, como uma marcha fantástica de troncos. Até às eras da independência, evocação complicada de sarrafos come- morativos das alvoradas do Rocio e de anseios de pa- triotismo infantil; um príncipe fundido, cavalgando uma data, mostrando no lenço aos povos a legenda oficial do Ipiranga; mais abaixo, pontuadas pelas salvas do Santo Antônio, as aclamações de um povo mesclado que dei- xou morrer Tiradentes para se esbofar em vivas ao ramo de café da Domitila. (POMPEIA, Raul. O Ateneu, 1888) Na obra O Ateneu, é narrada a trajetória escolar de um menino no Rio de Janeiro do século XIX; no trecho, ve- mos a descrição do narrador sobre como a história do Brasil lhe era transmitida, e podemos evidenciar uma A visão romantizada e idealizada da história nacional B crítica a mitos relacionados à identidade e memória nacional C busca por visões diferentes e conflitantes sobre fatos históricos D relativização de fatos, datas e figuras históricas do Brasil E tentativa de apagamento de vozes novas na narrativa histórica brasileira Linguagens | Caderno 1 - AMARELO - Página 16 2021 QUESTÃO 33 (COURBET, G. O Atelier do Artista Disponível em: https://histoire-image.org/fr/ etudes/courbet-peintre-realiste-societe Acesso em: 16 mai. 2020) Gustave Courbet é considerado um dos maiores pinto- res do Realismo. Na pintura acima, vemos a imagem de um artista em seu estúdio; na cena presente no quadro, vemos uma representação do fazer artístico na qual A a inspiração para um quadro é mais importante do que o quadro representa B o uso de modelos verdadeiros dá à pintura uma qua- lidade de relato social C o que acontece ao redor do pintor acaba por distan- ciar elementos sociais da pintura D a sociedade deve ser observada e ser representada fielmente na pintura E o pintor não precisa estar na presença daquilo que ele está retratando em seu quadro QUESTÃO 34 “então o pai rico da mulher bonita e solteira abre um sorriso e oferece mais uma taça de vinho, e tam- bém um charuto, e comemorando o fim daquele jantar agradável os dois brindam ao fato de que o rapaz leva- rá a filha do homem rico e orgulhoso para morar num quarto e sala próximo à Sesefredo, numa rua em que há um canil e um açougue onde se abatem galinhas, estabelecimentos comerciais de reputação ilibada, num prédio que sobreviveu a um incêndio, mas que é sólido e possui bons ângulos em relação ao sol, um lugar para começar uma vida nova a ser comemorada numa cerimônia poucos meses depois, um padre e um rabino para celebrar a união entre a filha daquele ho- mem rico e orgulhoso e o seu genro judeu e pobre que em breve lhe dará o único neto. (LAUB, Michel. Diário da Queda, 2011) A ironia consiste em expressar o significado oposto do que as palavras usadas no enunciado significam. No trecho acima essa figura de linguagem é usada com a finalidade de marcar A as classes sociais dos personagens e suas respecti- vas religiões B o antissemitismo das afirmações do homem rico em relação ao judeu C a boa qualidade do lugar no qual o casal pretende morar D a insatisfação do homem em casar sua filha com um imigrante pobre E o comum acordo entre o homem rico e o imigrante a respeito do casamento QUESTÃO 35 Você vai terminar tipo o outro mano lá Que era um preto tipo A, ninguém entrava numa Mó estilo de calça Calvin Klein, tênis Puma, é Um jeito humilde de ser, no trampo e no rolê Curtia um Funk, jogava uma bola Buscava a preta dele no portão da escola Exemplo pra nós, mó moral, mó Ibope Mas começou a colar com os branquinho do sho- pping (aí já era) Ih, mano, outra vida, outro pique Só mina de elite, balada, vários drinques Puta de boutique, toda aquela porra Sexo sem limite, Sodoma e Gomorra Faz uns nove anos Tem uns quinze dias atrás eu vi o mano Cê tem que ver, pedindo cigarro pros tiozinho no ponto Dente tudo zuado, bolso sem nenhum conto Capítulo 4, Versículo 3 – Mano Brown Racionais Mc´s. Sobrevivendo no Inferno, 1ª Ed. Companhia das Letras, São Paulo: 2018. O Rap é um gênero musical que tem como uma de suas características a utilização da variedade coloquial da lín- gua portuguesa. Uma das marcas que singulariza essa variedade no texto é: A o tom de diálogo. B a utilização de rimas. C as regras de concordância. D a intertextualidade bíblica. E as referências a marcas de roupa. Linguagens| Caderno 1 - AMARELO - Página 17 2021 QUESTÃO 36 (PORTINARI, Candido. A Primeira Missa no Brasil, 1948 Disponível em: www. artsandculture.google.com/exhibit/quando-o-brasil-amanhecia-museu-nacional-de- belas-artes. Acesso em: 16 mai. 2020) A pintura de Portinari, que data da primeira metade do século XX, apresenta influência de uma vanguarda eu- ropeia que tem como característica A distorcer as formas buscando compor uma imagem abstrata na pintura B representar a cena e seus elementos de forma multi- facetada e com elementos geométricos proeminentes C utilizar imagens do universo dos sonhos, buscando no inconsciente a representação do Brasil D buscar na cor e no enfraquecimento dos contornos a composição de uma imagem realista e orgânica E tensionar e superar os limites da pintura tradicional, contestando as formas já consagradas na tradição ocidental QUESTÃO 37 Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar Ficou deitado e viu que horas eram Enquanto Mônica tomava um conhaque No outro canto da cidade Como eles disseram Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer Um carinha do cursinho do Eduardo que disse Tem uma festa legal e a gente quer se divertir Festa estranha, com gente esquisita Eu não tô legal, não aguento mais birita E a Mônica riu e quis saber um pouco mais Sobre o boyzinho que tentava impressionar E o Eduardo, meio tonto só pensava em ir pra casa É quase duas e eu vou me ferrar Russo, R. Legião Urbana, Álbum: Dois. EMI, 1986 (fragmento) A alternância de tempos verbais, para gerar progressão temática ao texto, mobiliza a A poeticidade dos versos, como em “esquisita” e “birita”. B utilização da variedade coloquial, como em “pra” e “tô”. C metaforização da ação cênica, como em “festa estranha”. D imaginação de uma personagem específica, como em “tentava” e “pensava”. E diferenciação da duração das ações das persona- gens, como “abriu” e “tomava”. QUESTÃO 38 Ciência é diferente de cientificismo. Não é fácil encontrar uma definição tão precisa de ciência nos dicionários ou manuais que se dedicam a essa tarefa. Contudo, é possível oferecer, à pergunta “O que é ciência?”, uma resposta que nos parece bastante obje- tiva e completa: “Ciência é o conhecimento a partir da causa”. Sim, a partir do que vejo, sinto, toco etc. (efei- to), vou à causa. Isso para um bom médico, por exem- plo, é muito claro: a febre (efeito) é sinal sensível de uma doença, mais ou menos grave, a ser descoberta na consulta, com ou sem o auxílio de exames. É preciso, portanto, chegar à causa. Agindo assim se faz ciência, pois se trabalha com a relação efeito (febre) → causa (uma infecção) e, depois, em contrário, trata-se a causa (infecção) para cessar o também o efeito (estado febril). Diferente, no entanto, de ciência, é o cientificismo, pois acredita – sem provar – com fé cega, radical e até fanática, que a ciência experimental tudo explica. Daí, deixar de lado o que não possa ser medido e quantifica- do, como terá dito um renomado, mas anônimo cirurgiãofrancês: “Só acreditarei na existência da alma humana [espiritual] no dia que conseguir pegá-la na ponta do meu bisturi”. Temos aí não um cientista, mas um cientificista fa- natizado, e que de tão fanático usa a ferramenta errada em sua tentativa de descoberta, pois quer com um ele- mento material (o bisturi) alcançar algo espiritual (a alma humana). De Lima, V. Disponível em: www.pt.aleteia.org. Acesso em: 20 jun. 2021 (fragmento) Ao utilizar uma diferenciação no título do texto, o autor revela como objetivo A gerar curiosidade no leitor B fortalecer seus argumentos. C antecipar a temática principal. D iniciar um processo de interlocução. E mobilizar o ponto de vista de terceiros. 2021 Linguagens | Caderno 1 - AMARELO - Página 18 QUESTÃO 39 Sr. réporter já que tá me entrevistando va anotando pra botar no seu jornal que meu Nordeste tá mudado publique isso pra ficar documentado Qualquer mocinha hoje veste mini-saia já tem homem com cabelo crescidinho O lambe-lambe no sertão já usa flash carro de praça cobra pelo reloginho Já tem conjunto com guitarra americana já tem hotel que serve whisky escocês e tem matuto com gravata italiana ouvindo jogo no radinho japonês Caruaru tem sua universidade Campina Grande tem até televisão Jaboatão fabrica jipe à vontade lá de Natal já tá subindo foguetão (GONZAGA, L. Canaã (álbum). RCA Victor. 1968) A canção de Luiz Gonzaga retrata um período de mudanças no nordeste. Essas mudanças são representadas majoriariamente: A pela troca de foco da agropecuária pela industrialização. B pelo destaque da tradição nordestina, presente até nos momentos de mudança. C pela idealização da moda como forma de ascensão social no mundo moderno. D pela nacionalização do petróleo e pelo desenvolvimento dos produtos industriais nacionais. E pela introdução de novas tecnologias e de produtos globalizados no mundo do nordestino. QUESTÃO 40 Disponível em: www.pequenosleitoresdamarinhagrande.blogspot.com.br. Acesso em: 16 mai. 2020 A língua escrita é utilizada de maneiras diversas de acordo com a situação e a intenção comunicativa do gênero no qual ela é utilizada. Nas tirinhas, devido à presença de imagens, alguns elementos ganham e outros perdem impor- tância. Em relação aos elementos gráficos e narrativos presentes na tirinha acima, pode-se dizer que A elementos gráficos, como a forma e tamanho das letras, são necessários para mobilizar sentidos. B a tirinha não apresenta linearidade narrativa, podendo ser lida em qualquer ordem. C o tamanho das letras aumenta com a intensidade do movimento da personagem. D o formato dos balões que contém palavras não comporta nenhum significado. E independente da forma, as palavras, na tirinha, são trechos do livro que a personagem lê. Linguagens| Caderno 1 - AMARELO - Página 19 2021 QUESTÃO 41 A forma que nós encontramos para refletir esse âni- mo foi evidenciar a necessidade da palavra voltar a ser o centro do fenômeno dramático. Não foi a razão que fra- cassou no nosso caso; quem fracassou foi nossa racio- nalidade estreita. Agora é preciso reinstrumentalizá-la. A linguagem, instrumento do pensamento organizado, tem que ser enriquecida, desdobrada, aprofundada, al- çada ao nível que lhe permita captar e revelar a com- plexidade de nossa situação atual. A palavra, portanto, tem que ser trazida de volta, tem que voltar a ser nossa aliada. Nós escrevemos a peça em versos, intensifican- do poeticamente um diálogo que podia ser realista, um pouco porque a poesia exprime melhor a densidade de sentimentos que move os personagens, mas quisemos, sobretudo, com os versos, tentar revalorizar a palavra. (CHICO BUARQUE e PAULO PONTES. Gota d’Água, 1975) O trecho acima faz parte da introdução da peça Gota d’Água; nesse fragmento, os autores explicam sua es- colha por escrever a peça em versos metrificados e ri- mados, a fim de fazer a palavra voltar a ser o centro do fenômeno dramático. O uso de versos na construção do texto dramático dá destaque maior à palavra pois A o fundo emocional fica mais evidente na atuação dos atores B o diretor tem mais possibilidade de adaptar e modifi- car trechos do texto C o verso com métrica e rima é menos passível de alte- ração durante a encenação D a poesia metrificada tem mais qualidade que a escri- ta em versos livres E os autores conseguem se colocar, de maneira mais fácil, na expressão dos personagens QUESTÃO 42 “hão de ser esses, no seu fundamento, os modos da família: baldrames bem travados, paredes bem amar- radas, um teto bem suportado; a paciência é a virtude das virtudes, não é sábio quem se desespera, é insen- sato quem não se submete.” E o pai à cabeceira fez a pausa de costume, curta, densa, para que medíssemos em silêncio a majestade rústica da sua postura: o pei- to de madeira debaixo de um algodão grosso e limpo, o pescoço sólido sustentando uma cabeça grave, e as mãos de dorso largo prendendo firmes a quina da mesa como se prendessem a barra de um púlpito; e aproxi- mando depois o bico de luz que deitava um lastro de obre mais intenso em sua testa, e abrindo com dedos maciços a velha brochura, onde ele a caligrafia grande angulosa, dura trazia textos opilados, o pai, ao ler, não perdia nunca a solenidade: “Era uma vez um faminto.” (NASSAR, Raduan. Lavoura Arcaica, 1975) Na cena contida no texto acima, o narrador em primeira pessoa relata a fala, as atitudes e a postura de seu pai em um momento em que este se dirige à sua família. A cena expõe uma estrutura familiar e social que A é centralizada na figura do pai e prega valores de união e submissão entre as partes da família B representa o patriarcado a partir das restrições im- postas pelo pai para seus familiares C se afasta de uma concepção tradicional de família e de figura paterna D inferioriza alguns familiares, como as mulheres, para o benefício do pai E perpetua valores como insubmissão, desobediência e liberdade de costumes, a partir de um ponto de vis- ta progressista QUESTÃO 43 (RIVERA, D. O Arsenal/Insurreição, 1928. Mural Disponível em: https://www. diegorivera.org. Acesso em: 16 mai. 2020) O muralismo mexicano foi um importante movimento de arte moderna no século XX. Ao observarmos as carac- terísticas estéticas do mural de Diego Rivera podemos dizer que uma característica é a de ter sua imagem A composta por vários elementos, referências e peque- nos centros de atenção B pouco influenciada pela realidade política mexicana C fugindo da representação dos trabalhadores, ao fo- car em uma cena de revolução D direcionada para a figura central, sem importar o ce- nário a sua volta E construída com a intenção de ser uma representação quase fotográfica da realidade Linguagens | Caderno 1 - AMARELO - Página 20 2021 QUESTÃO 44 (SACLIOTTO, Luiz. Concreção 7959. Óleo sobre tela. 1979 Disponível em: http:// www.achabrasilia.com. Acesso em: 16 mai. 2020) A obra acima se alinha com um movimento artísti- co do século XX conhecido como Op Arte, que buscava jogar com as possiblidades que o olho humano propor- ciona ao observar certas formas. Uma característica da pintura acima que pode ser considerada de destaque em relação ao movimento da Op arte é A utilizar o contraste de cores B explorar o traço e a linha livre C dar impressão ilusória de movimento D representar emoções profundas E criticar a arte representativa por meio da abstração QUESTÃO 45 (MEIRELES, Victor. Primeira Missa no Brasil, 1860 Disponível em: https:// artepensamento.com.br/item/primeira-missa-e-invencao-da-descoberta/ Acesso em: 16 mai. 2020 ) O famoso quadro de Victor Meireles foi feito na época do Brasil Imperial, quando se buscava a criação de mi- tos históricos a respeito do passado brasileiro. A organi- zação dos elementos presentes na imagem revela uma composição que A demonstra a naturalidade da recepção dos indígenas à cultura cristã e europeia B evita usar elementos da natureza como elementos que compõem a cena C mostra uma concepção igualitária dos diferentespo- vos que participaram da primeira missa D exalta a centralidade do cristianismo e a interação dos indígenas com a natureza brasileira E serve como registro histórico fiel à realidade da épo- ca que pretende retratar, pois foi feito por uma teste- munha ocular www.profelipereira.com
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