Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AO JUÍZO DA 12º VARA CÍVIL DA COMARCA DE GOIÂNIA- GOIÁS PROCESSO Nº:5152171-68.2019.08.09.0051 Parte Recorrente: Urbanismo e Incorporação Primavera Parte Recorrida: Residencial Itamaratí Urbanismo e Incorporação Primavera, já qualificada nos autos em epígrafe, ação ordinária, que move em face do Residencial Itamaratí, vem, respeitosamente, em face da sentença prolatada no evento 46, com fulcro no art. 1.009 e seguintes do CPC 2015, tempestivamente, por seus advogados que ao final subscrevem vem, perante Vossa Excelência, interpor seu Recurso Apelação, pelas razões de fato e de direito a seguir dispostas. Requer, de pronto, a intimação do Apelado para contrarrazões, nos termos do art. 1.010. parágrafo do CPC, e que em seguida sejam os autos remetidos ao Egrégio TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE GOÍAS, para que seja processado o presente recurso. Termos em que se pede deferimento Goiânia, 23 de maio de 2021 Advogado/OAB Gabriel Leão Borges/ OAB N° 99351278 Karolline Nunes de Souza/ OAB N° 01556962 Karoliny Rodrigues Calixto/ OAB N° 45999315 Renata Abreu Santos/ OAB N° 00253157 Solange Moreira Alves/ OAB N° 87531520 RAZÕES RECURSAIS Apelante: Urbanismo e Incorporação Primavera Apelado: Residencial Itamaratí PROCESSO Nº:5152171-68.2019.08.09.0051 Vara de Origem: 12º Cível de Goiânia-GO EGRÉRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS EMÉRITOS DESEMBARGADORES Tratam os autos de Ação de Cobrança movida pelo Residencial Itamaratí em face Urbanismo e Incorporação Primavera em epígrafe, por seus advogados devidamente constituídos ao final, vem, perante Vossa Excelência, apresentar seu Recurso de Apelação. II- DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE: DA TEMPESTIVIDADE Neste tópico importa-nos abordar a tempestividade recursal e a juntada de custas. A apelante foi intimada da decisão no dia 13 de maio de 2021, tendo o prazo para interposição deste recurso no primeiro dia útil subsequente, conforme os artigos 219 e 1.003, caput e parágrafo 5º do CPC, que o prazo para interpor o presente recurso é de 15 dias úteis, sendo excluído o dia do começo e incluindo o dia do vencimento nos termos do art.224 do CPC/2015. Dessa forma, considerando a data da decisão publicada, tem-se por tempestivo o presente recurso, devendo ser acolhido. Ademais, segue em anexo a guia de custas recursais, conforme art. 1.007, que informa a juntada do recolhimento do preparo recursal. BREVE SÍNTESE E DA DECISÃO RECORRIDA Tratam os autos de Ação de Cobrança movida pelo Residencial Itamaratí em face Urbanismo e Incorporação Primavera, em que a Requerente alega inadimplência da Requerida no tocante a taxa condominial. Após trâmite regular, a ação obteve a seguinte decisão: “(...) Ante o exposto, julgo procedente o pedido, para condenar a demandada ao pagamento do indigitado débito acrescido de correção monetária pelo INPC e de juros de mora de 1%, a partir do vencimento de cada cota mensal condominial – artigos 319, 373, I, e 487 do CPC; e 12 da Lei nº 4.591/64.” A parte autora opôs embargos de declaratórios (ev.40) contra a Sentença, asseverando haver omissão no julgado, contudo este não foram acolhidos mantendo a sentença nos seus exatos termos, conforme decisão da movimentação nº46. No entanto, a decisão proferida comporta reforma, no qual, será apresentado nos devidos autos. 2- Razões para Reforma da Sentença Proferida 2.1 MÉRITO I- Competência Absoluta do Juízo Universal da Recuperação Judicial para Classificar o Crédito Executado Com base aos princípios recursais, tem como objetivo a impugnação e o reexame de uma decisão judicial, estando relacionado com o princípio do duplo grau de jurisdição, no qual, possibilita que à parte possa submeter a matéria já apreciada e decidida a novo julgamento, por órgão hierarquicamente superior. Portanto, o juízo a quo entendeu que o crédito é considerado como extraconcursal, ou seja, entende como um crédito decorrente de obrigações contraídas depois que a empresa entra em recuperação judicial, tratando-se das despesas condominiais não estão sujeitas ao Plano de Recuperação Judicial. Veja-se em destaque a Sentença: “(...) A petição inicial detém os requisitos estampados no artigo 319 do CPC; está acompanhada da documentação necessária à propositura da ação; juntou-se certidão imobiliária e planilha de evolução do débito, a qual informa, de forma escorreita, a data do início dos cálculos e os respectivos períodos de vencimentos. E tenha-se como desnecessária notificação extrajudicial para a constituição em mora, porquanto se cuida de obrigação propter rem e, por regra de experiência, presume-se dia mensal fixo de vencimento, como de ordinário ocorre. O demandante, portanto, provou fato constitutivo de seu direito – artigo 373, I do Código de Processo Civil, haja vista a planilha de cálculos referente às taxas condominiais e, na presença de tal documento pormenorizado, não há como eximir-se de suas obrigações – artigo 1.336 do Código Civil.” (grifos nossos) Destaca que, a Lei nº 14.112, de 24 de dezembro de 2021 (altera a Lei 11.101/2005), que disciplina sobre a Recuperação Judicial, assevera, em que seu artigo 8º, que o credor poderá apontar ausência de qualquer crédito, podendo manifestar contra a sua legitimidade, importância ou classificação no crédito, no prazo de 10 (dez) dias, como pode ser observado abaixo: Art. 8º No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7º , § 2º , desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. Portanto, a empresa Embargante encontra-se em situação de Recuperação Judicial, compete ao Juízo Universal para verificar caráter de créditos de empresa em recuperação judicial, em primeiro grau, reconhecer ou não o caráter extraconcursal do bem suscetível de satisfação da dívida exequenda. Em decisão prolatada pela 5º Câmera Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, no que diz respeito a competência do Juízo Universal da recuperação Judicial em reconhecer o caráter ou não dos créditos extraconcursais, que foram decididos monocraticamente em função do entendimento do artigo 49 da Lei. 14.112/2020. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXECUÇÃO. TAXA DE CONDOMÍNIO. SUSPENSÃO DO PROCESSO. EMPRESA DEVEDORA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. INCOMPETÊNCIA. OBSERVADA. 1. Compete ao juízo da ação de recuperação judicial, em primeiro grau, reconhecer ou não o caráter extraconcursal do bem suscetível de satisfação da dívida exequenda, consoante regra do art. 49, da lei de recuperação judicial. Dessa forma, inviável a análise do presente pleito nesta via recursal, eis que originário do processo de execução, devendo o agravante submetê-lo, pois, ao juízo da ação de recuperação judicial. AGRAVO DE INSTRUMENTO PREJUDICADO. (TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 5212405.462018.809.0000, Rel. ALAN SEBASTIÃO DE SENA CONCEIÇÃO, 5º Câmara Cível, julgado em 28/06/2018, DJe de 02/07/2018). 2- Da Situação de Recuperação Judicial da Empresa Apelante Vale destacar que a empresa Requerida se encontra em Recuperação Judicial, conforme decisão proferida nos autos 5110031.20.2018.5.09.0051, que tramitam pela 7º Vara Cível da Comarca de Goiânia (GO). Após o regular trâmite dos autos supracitados, foi realizada Assembleia Geral de Credores, sendo um órgão deliberativo, formado pelos credores sujeitos ao processo concursal e de formação obrigatória de recuperação judicial, onde o Plano de Recuperação Judicial e seu aditivo foram devidamente aprovados. Posteriormente em 07 de junho de 2019,o Juízo Universal proferiu decisão homologando Plano de Recuperação Judicial, bem como as cláusulas contidas em seu aditivo, conforme pode ser comprovado através dos documentos anexos. Portanto, é necessário informar a este juízo que referida decisão não transitou em julgado, estando pendente de decisão de recurso, e com efeito suspensivo deferido, ou seja, o Plano de Recuperação continua válido e legal com todos os seus efeitos. Nos autos de Recuperação Judicial, foi proferida decisão em 14/11/2017 determinando a suspensão de todas as ações e execuções, de quaisquer naturezas, em face da autora, bem como dos respectivos prazos prescricionais pelo prazo improrrogável de 180 dias, permanecendo os respectivos autos nos juízos onde se processam, ressalvadas as ações referidas nos parágrafos 1º e 2º do artigo 6º e os relativos a créditos excetuados na forma dos parágrafos 3º e 4º do artigo 49, todos da LREF. Observe-se, com alteração da redação Lei nº14.112/2020 Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial implica: § 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida. § 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença. Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. § 1º Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. § 2º As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação judicial. Frisa-se, finalmente, que o prazo previsto no artigo 6º, parágrafo, da Lei nº11.101/2005, stay period, foi prorrogado por mais de 180 dias ou até homologação da Assembleia de Credores, conforme teor a seguir e decisão em anexo, publicada em 16/05/2018 nos autos n.5521037.90.2017.8.09.0051 Assim sendo, diante de justo motivo, defiro o pleito do evento nº211 e prorrogo o prazo do artigo 6º, parágrafo da LRF, por 180 dias, obstando o prosseguimento das ações e execuções iniciadas e já suspensas, até decisão acerca da homologação ou não do plano de recuperação judicial, após o crivo dos credores em AGC, com trânsito em julgado, em respeito ao artigo 47 da DRF. Com o exposto, somente a título de informação, a Apelante acosta as decisões de deferimento de processamento de Recuperação Judicial e prorrogação stay period, ambas proferidas pelo Juízo Universal. III- Custas Processual e Honorários Advocatícios Reformada a sentença por restar comprovado que a parte Apelada é sucumbente nesta demanda, fica por conta desta o ônus sucumbencial na presente ação, uma vez que foi ela quem deu causa, mesmo não lhe assistindo a razão. Resta claro que os pedidos da parte autora não devem prosperar. Dessa forma, o presente caso amolda-se perfeitamente ao artigo 85 do CPC de 2015. Veja-se: Art.85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. § 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente. § 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa (...) Assim, respeitando o entendimento majoritário, deve a sentença ser reformada para condenar a Apelada ao pagamento das custas e dos honorários advocatícios. 3- PREQUESTIONAMENTO Desde logo, a parte recorrente requer expressa manifestação dos Ilustre Julgadores visando o prequestionamento da matéria, em vaso de eventual interposição de Recurso Especial e Recurso Extraordinário. 4-PEDIDO Diante do exposto, requerer-se que o presente recurso seja CONHECIDO e PROVIDO, e que, consequentemente, seja INTEGRALMENTE REFORMADA A SENTEÇA ATACADA, no referido Recurso de Apelação, pelo Egrégio Tribunal de Justiça, a fim de: 1- Seja o presente recurso recebido no efeito devolutivo e suspensivo; 2- Seja reformada a sentença, pois cabe unicamente ao Juízo Universal a prerrogativa de qualificação do crédito. Termos em que, pede deferimento Goiânia-Go, 23 de agosto de 2021
Compartilhar