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DIREITO DAS COISAS -TEORIA GERAL DA POSSE 1 – SIGNIFICADOS * A propriedade * O exercício ou gozo de um direito. * A coisa possuída. O significado técnico de posse é só um, entretanto. Por demais complexa, sua definição merece estudo detalhado. 2 – HISTÓRICO (NO DIREITO ROMANO): Thomas Marky: o conceito de posse é bem mais antigo que o de propriedade. A Lei das XII Tábuas, de 450 a.C., embora já distinguisse posse de propriedade, não emprega o termo possessio. O instituto não despertou a necessidade de desenvolvimento de uma teoria da posse, entre os jurisconsultos romanos, limitou-se à casuística. Descendo a minúcias, como a tripartição da possessio em: * civilis * ad interdicta * naturalis Há quem entenda que a sua origem se encontra na proteção possessória por meio dos interditos, que visavam tutelar a posse, inicialmente, do ager publicus para alguns doutrinadores; para outros do ager privatus. De acordo com os glosadores, tiveram posse, para o Direito Romano, todos aqueles que possuíram com intenção de ter a coisa para si, pouco importando se o possuidor era ou não dono. O animus era elemento essencial à posse. Possessio naturalis: Quem não tinha animus Possessio ad interdicta: Proteção pelos interditos. O animus devia estar presente desde o primeiro momento para que se caracterizasse a posse. A posse também podia ensejar o usucapião, desde que atendidas certas condições. Era a chamada possessio civilis ou ad usucapionem. 3 - Teorias da Posse -Posse na Teoria Subjetivista (Friedrich Calr von Savigny) • Corpus (Poder Físico sobre a coisa) + animus (Vontade de ser dono) = Posse • Corpus (Poder Físico sobre a coisa) - animus (Vontade de ser dono) = Detenção -Posse na Teoria Objetivista (Rudolf von Ihering) • Corpus (Atitude de Dono, que equivalha à utilização econômica da coisa) + animus (Vontade de agir como se dono fosse) = Posse -A posse no direito brasileiro: Adaptação da Teoria Objetivista (CC Art. 1.196). • Corpus (Exercício pleno ou não de algum dos poderes inerentes ao domínio) + animus (Vontade de ter poderes do domínio, ou intenção de possuir) = Posse. 4 – DISTINÇÃO ENTRE POSSE E DETENÇÃO 4.1 – GENERALIDADES: A distinção entre posse e detenção não é científica, mas de direito positivo. O Art. 1.198 do Código Civil, que enuncia: "Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário." É o que se chama de Fâmulo (servo) da posse. Além dos casos do art. 1.198, ainda há os do art. 1.208, segundo o qual: “Art. 1208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”. 4.2 - IMPORTÂNCIA: A importância da distinção entre posse e detenção reside no fato de que a esta não se estende a mesma proteção que àquela. O detentor, se for demandado em uma ação possessória, deverá nomear à autoria o proprietário ou possuidor para que possa retirar-se do processo. O artigo 339 do CPC assim dispõe: “Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.”. 4.3 – CARACTERÍSTICAS: a) subordinação hierárquica entre o possuidor e o detentor por uma relação pessoal; b) o detentor conserva a posse em nome do possuidor, ou em cumprimento de ordens ou instruções suas; c) o detentor é simples servidor da posse. 5 – NATUREZA JURÍDICA DA POSSE: 5.1 – FATO. DIREITO. FATO E DIREITO A - POSSE SOMENTE COMO FATO: Dernburg, Cimbali, Windscheid, Pacifici-Mazzoni falam em simples fato. A posse caracteriza por se achar um bem submetido à vontade de uma pessoa (animus), agindo esta com aparência de dono em relação àquele (corpus). Desta situação em per si, surgiriam direitos e deveres para o possuidor. B- POSSE COMO FATO E DIREITO: Savigny, Ortolan, Mayns, Appleton, Lafayette e Ribas, apenas para citar alguns juristas, defendem a tese de que a posse é simultaneamente um fato e um direito. É o pensamento originário de Savigny para quem, em si mesma, ela é um simples fato, mas, por força das conseqüências jurídicas que lhe são emprestadas, é um direito. C – POSSE SOMENTE COMO DIREITO: Ihering, Ferrara, Chironi, Salvat, Lafaille, Gans, Dalmau y Olivart, têm-na como direito. É o que encontramos, também, na doutrina pátria, em Tito Fulgêncio, Serpa Lopes, Orlando Gomes, Washington Barros Monteiro, Pontes de Miranda e Caio Mário da Silva Pereira. Esta tese sustenta que a posse é um direito, vale dizer, um interesse juridicamente protegido. Ela constitui condição da econômica utilização da propriedade e por isso o direito a protege. 5.2 – DIREITO PESSOAL. DIREITO REAL. DIREITO ESPECIAL: 5.3 – MINHA POSIÇÃO: Falarmos em fato para esclarecer a natureza jurídica da posse é cometer um erro de perspectiva. Os efeitos jurídicos decorrem de fatos, que estão na base dos institutos jurídicos. A troca, antes de ser um contrato, era um fato econômico. Este recebeu tegumento jurídico, produz efeitos, previstos e determinados pela norma legal. A pretendida contraposição entre situação de fato e situação de direito é um equívoco. Diante de uma situação de fato, à qual a ordem jurídica atribui efeitos jurídicos, provada a concorrência dos requisitos legais, os efeitos são produzidos automaticamente. Examinando o direito positivo pátrio constatamos que o art. 1.196 do diploma civil fala em exercício de fato, ou seja, efetivo, real, dos poderes inerentes à propriedade. Considera o direito, por via de conseqüência. No art. 1.204 temos a aquisição da posse, que se caracteriza pelo exercício de qualquer dos poderes inerentes ao domínio. Aberta a sucessão dá-se a transmissão da posse e da propriedade aos herdeiros legítimos e testamentários. Isso ocorre mesmo que o herdeiro desconheça o fato da morte, e se realiza ainda que ele desconheça ser herdeiro. Além disso, o possuidor goza de tutela legal, que lhe assegura o direito, até que se apresente um direito que se lhe sobreponha. A posse gera efeitos jurídicos, portanto. A posse é um direito subjetivo de natureza real. E assim é porque ela acompanha a coisa, tanto que autoriza o possuidor a intentar ação de esbulho contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era (art. 1.212 do CC) 6 - OBJETO JURÍDICO DA POSSE: 6.1 – Generalidades: No direito romano a posse alcançou, inicialmente, apenas as coisas corpóreas. No direito pósclássico ela passa a abranger os direitos reais na coisa alheia. A expressão exercício de fato significa exercício efetivo, real, exteriorizado dos poderes inerentes ao domínio. Sendo a posse a visibilidade do domínio, os direitos suscetíveis de posse hão de ser aqueles sobre os quais é possível exercer poder externo, característico da propriedade, principalmente a fruição. Mesmo os direitos reais só podem ser possuídos se a relação externa entre eles e seu possuidor puder se comparar ao exercício de verdadeiro domínio. Então, podem ser possuídos os direitos reais, que são suscetíveis de ser submetidos a um poder, variando as opiniões: para uns a posse alcança apenas o uso, o usufruto, a habitação, as servidões; para outros, o penhor e a anticrese. 6.2 – Importância: A importância da questão diz respeito à proteção da posse dos direitos.
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