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A Arte na História: Passado, Presente e Futuro

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Prévia do material em texto

Pedro Leonidas
Artes
IESDE Brasil S.A.
Curitiba
2012
Edição revisada
© 2005 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor 
dos direitos autorais.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 
__________________________________________________________________________________
L611a
 
Leonidas, Pedro.
 Artes / Pedro Leonidas. - 1.ed., rev. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012. 
 66 p. : 28 cm
 
 Inclui bibliografia
 ISBN 978-85-387-2921-1
 
 1. Arte na educação. I. Título. 
 
12-8819. CDD: 707
 CDU: 7(07)
 
30.12.12 06.12.12 041202 
__________________________________________________________________________________
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: Shutterstock
IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
Sumário
A Arte reflete a vida .................................................................................................................7
A Arte: um espelho do passado, presente e futuro .................................................................15
Grécia e Roma: a Arte Clássica .............................................................................................21
A religião domina o mundo ocidental ....................................................................................27
Idade Média ...............................................................................................................................................27
O homem volta a olhar para o homem ...................................................................................31
Renascimento .............................................................................................................................................31
O homem descobre novos mundos ........................................................................................35
Do Renascimento até nossos dias ..............................................................................................................35
Arte: nossa eterna companheira .............................................................................................39
“Lendo” um quadro ...................................................................................................................................39
Na infância do homem: o nascimento da Arte .......................................................................43
Música ........................................................................................................................................................43
Dança .....................................................................................................................................47
Renascimento ............................................................................................................................................49
Cinema ...................................................................................................................................53
Lanterna mágica .........................................................................................................................................54
Cinema II ...............................................................................................................................57
O que é um filme? ......................................................................................................................................57
E o que é linguagem? .................................................................................................................................57
Thelma e Louise ........................................................................................................................................59
O Exterminador do Futuro II (cenas do início do filme) ...........................................................................59
Teatro .....................................................................................................................................61
Referências .............................................................................................................................65
Apresentação
O que vamos apresentar a vocês nestas 12 aulas não se limita apenas a uma sequência histórica de fatos e artistas. Queremos, por meio do estudo das manifestações artísticas em diferentes épocas e por criadores diferentes, mostrar que ela, a Arte, é, entre outras coisas, a tradução 
de uma maneira de pensar e de ver o mundo de acordo com as vivências de cada momento histórico 
em que elas acontecem e, mais ainda, segundo a visão subjetiva do artista que a cria.
A Arte não se contenta com um simples “retratar do mundo”, preocupa-se principalmente 
com um “mostrar” o mundo e a vida da maneira mais ampla possível, possibilitando ao observador 
ver muito além daquilo que é concreto, palpável. É um ato revelador do mundo subjetivo que existe 
“em nossa volta e em nosso mundo psíquico”.
A Arte é a única atividade humana que trabalha com a verdade em sua plenitude, e não com 
a verdade imediata como faz a ciência. No entanto, o homem é incapaz de se defrontar com esse po-
tencial de verdade, pois enlouqueceria, diz Nietzsche. Assim, a qualidade de uma obra de arte é tanto 
maior quanto maior for seu volume de verdades que souber oferecer, permitindo que o observador as 
apreenda sem que enlouqueça.
A Arte apresenta-se como filtro da grande verdade que é a vida. Eis a razão deste estudo; e 
a melhor maneira de entendê-la não se limita a apreciá-la, mas apreciá-la da melhor maneira possível 
e, sobretudo, vivenciá-la.
Por essa razão, dividimos nossas aulas em uma parte teórica, e, em outra com exemplos e 
atividades que facilitam o entendimento dessa grandiosa manifestação da sensibilidade humana.
7
A Arte reflete a vida
A Arte é uma constante na vida. Ela faz parte da história de todos nós. Aquele general autoritá-rio, aquele padre severo, aquela mulher bondosa e aquela criança endiabrada são todos artistas em potencial e, na verdade, certamente, em alguma época de suas vidas, todos fizeram ou 
talvez ainda façam Arte.
O general, quando menino, pode ter desenhado um carrinho; o padre talvez tenha feito poesia; 
a mulher talvez pinte aquarelas, e a criança pode estar fingindo que é um robô num futuro distante.
Todos fizeram ou estão fazendo Arte: o general desenha; o padre faz literatura; a mulher faz 
pintura, e o garoto representa. E tudo isso é Arte.
A seguir, uma definição de Arte:
“Arte é todo trabalho criativo, ou seu produto, que se faça consciente ou inconscientemente 
com intenção estética, isto é, com o fim de alcançar resultados belos.”
(Disponível em: <www.estudantedefilosofia.com.br/conceitos/teoriadaarte.php>.)
No entanto, sabemos que tentar definir esse conjunto complexo do fazer humano, a que cha-
mamos de Arte, é extremamente difícil devido à abrangência de fatores que, para essa realização, 
concorrem e as infinitas variáveis que nela interferem, tanto na sua criação psíquica quanto na sua 
execução. 
Para Kandinsky, “[...] a obra de arte é filha do seu tempo.” Cada época cria uma Arte que lhe 
é propícia, e cada grupo humano o faz a sua maneira, dentro do conhecimento de mundo que esse 
mesmo grupo venha a ter, bem como de sua capacidade tecnológica, de sua localização geográfica, 
de seu poder econômico, de seu sistema político, de suas convicções religiosas e das características 
psicológicas que estruturam tal complexo grupal.
Vamos fazer uma breve interrupção para salientar que, além de todos esses fatores grupais,as características individuais propícias do artista são elementos fundamentais na avaliação da obra 
artística; mas para que pudéssemos fazer um estudo da individualidade do artista, desta ou daquela 
obra, necessitaríamos de dados – acontecimentos, história familiar e outros – da vida desse artista, 
que viveu em épocas remotas da história de nossa civilização, e nada ficou registrado nessa área. 
Somente com a invenção da escrita registros mais detalhados e mais específicos vieram acontecer, 
somente a partir daí particularidades significativas sobre os artesãos do mundo antigo puderam ser 
esclarecidas.
Assim, voltemos à visão de Arte ainda no sentido grupal.
A Arte reflete a vida
8
A Arte, como vimos, então, está sujeita à época e ao grupo cultural que lhe 
dá origem. Como se pode perceber nas imagens a seguir.
Esfinge de Quéfren – Egito Antigo. Estátua de Sófocles 
– Grécia Antiga.
Estatueta de um homem barbado – 
Mesopotâmia.
Porém, muito antes das civilizações mesopotâmicas, gregas ou egípcias se 
estruturarem, o homem já se manifestava artisticamente, num mundo hostil, ro-
deado de perigos e mistérios; nossos antepassados procuravam entender aquele 
universo que os cercava.
As primeiras manifestações artísticas do homem remontam à Era Paleolí-
tica (paleolítica superior) e se constituem de imagens desenhadas em paredes de 
cavernas, com representações de cenas de animais, de caçadas e de “negativos” 
de mãos pintadas sobre fundo vermelho ou negro.
O homem aplicava as tintas com as mãos, espátulas, bastonetes ou pincéis 
rudimentares, quando não empregava a técnica de pistolar, isto é, enchia a boca 
de tinta e soprava por um canudo ou osso. Numerosas silhuetas de mãos espalma-
das (em negativo) encontradas nas cavernas foram feitas por esse processo.
Negativos de mãos humanas – Pré-História.
A Arte reflete a vida
9
As tintas das pinturas eram obtidas com materiais minerais – terra, carvão 
vegetal, ossos queimados e óxido de ferro – misturados com gordura de animais, 
argilas coloridas, sangue de animais e excremento de aves. 
As cores eram o preto, o ocre e o vermelho.
O pintor dessa época era figurativo, isto é, reproduzia a imagem na sua ver-
dade visual: não a deformava nem a estilizava.
Nas representações de animais, observava-se a “lei da frontalidade”. Veja 
alguns exemplos.
Arte pré-histórica.
O homem pré-histórico, no entanto, não foi apenas pintor, foi também um 
escultor. Nesse período, fazia incisões nas pedras e esculpia figuras femininas de 
formas exageradamente volumosas, que estariam ligadas a rituais de fecundação.
A Arte reflete a vida
10
Os materiais usados na confecção dessas fi-
guras femininas eram o marfim, o osso, as pedras 
e talvez a argila. 
O maior legado que deixaram, no entanto, 
foi encontrado na pintura, pois, embora os dese-
nhos rupestres representem o mais antigo registro 
de manifestações artísticas que possuímos, já nos 
deparamos com obras magistrais. Nelas, “[...] nada 
há de primário ou de arte primitiva... Nessas ima-
gens, nada é ingênuo ou infantil.”
Era uma Arte de adultos para adultos.
O tamanho dos desenhos é monumental 
(entre um e cinco metros de comprimento) e, 
muitas vezes, ao fazerem as imagens, os artistas 
aproveitavam a curvatura natural da rocha, re-
levos e saliências, integrando a corporeidade da 
parede à forma do animal representado.
Ao nos depararmos com milenares cenas 
de caça desenhadas em “cavernas, grutas e 
galerias subterrâneas, às vezes em labirintos de 
grande extensão e ocupando centenas de metros, 
com subdivisões em câmaras separadas [...]”, 
numa escuridão em que não penetrava a luz 
do dia, em lugares perigosos, pois constituíam 
também o habitat de animais ferozes, nos vêm 
várias indagações: por que tudo isso? Qual era a 
razão para tanto empenho? O que se procurava 
alcançar com todo esse trabalho tão árduo?
Estudos feitos, dessa época, levam a crer 
que esses desenhos tinham uma função mágica, 
sobrenatural. Quando falamos em magia, deve-
mos estar cientes de que, naquela época, magia 
não era uma mera superstição. Poderíamos mes-
mo dizer que magia era a “ciência da época”, pois 
reunia os conhecimentos acessíveis ao homem, o resumo de experiências coletivas 
e as possíveis interpretações de fenômenos naturais. Ela era o instrumento pelo 
qual o homem se relacionava, interferia e até mesmo dominava esses fenômenos. 
Por meio das imagens, acreditava-se que o homem-caçador ganhava poder sobre 
o animal, possuindo-o magicamente. Era o máximo do conhecimento do homem 
daquela época e auxiliava-o em sua luta pela sobrevivência.
Outro elemento que reforça essa teoria são figuras que apareceram em épo-
ca um pouco mais recente. São desenhos de homens-feiticeiros inteiramente co-
bertos de peles, chifres, às vezes feridos por flechas, fechados em cercados ou 
presos em armadilhas, como se fossem o próprio animal.
A Vênus Laussel. 15.000 a 10.000 a.C.
Arte pré-histórica.
Caça ao rinoceronte.
A Arte reflete a vida
11
Homem com máscara de cabeça de ave atacado por um bisonte ferido.
Não era exatamente uma figura humana, e sim “uma figura fantasiada de 
animal”. Entretanto, por que aqueles homens que retrataram animais com tanta 
perfeição não o fizeram com figuras humanas? Poderiam perfeitamente tê-lo feito. 
Por que não o fizeram?
A mais coerente explicação é a de que o homem-feiticeiro, vestido com as 
peles de animal, estaria incorporando o poder desse animal. Era, ao mesmo tem-
po, a incorporação, uma união com as forças do animal e também um domínio, 
um controle sobre essas mesmas forças.
E a incorporação de um animal assinalava uma outra forma e manifestação 
artística dessas eras – a representação – que viria a desenvolver-se no teatro. 
Assim como não temos registros da música ou da dança, nada temos de 
como seria um esboço da representação teatral daquela época.
Pesquisas de grupos, de culturas primitivas, 
ainda existentes em nossos tempos (como na Ama-
zônia, na Austrália, na África), levam-nos a deduzir 
que, como nessas culturas, o que havia era uma repre-
sentação de fundo mágico, em que, pela imitação de 
animais, de atos de caça ou luta, de forças da nature-
za, iria se estabelecer uma ligação com as misteriosas 
forças que dominavam o pensamento desses grupos e 
que dominavam o homem pré-histórico.
Estudando as civilizações antigas, como a egíp-
cia, a grega e, mais precisamente, suas celebrações, 
vemos rituais que se constituíam de representações de 
animais e seres ancestrais, de deuses ligados às estações do ano, às épocas de secas 
e de chuva, da noite e do dia e a outros acontecimentos para eles inexplicáveis.
Músicos gregos participando da Comédia Nova Grega.
A Arte reflete a vida
12
O teatro grego destaca-se como a melhor fonte de estudos para isso. Nele, 
vemos claramente a transformação dos rituais de celebração ao deus Baco em re-
presentações teatrais que, no decorrer do tempo, deixariam sua função sacra para 
se tornarem profanas. 
O homem, em decorrência de um maior crescimento populacional, abando-
na sua maneira de viver, torna-se mais sedentário, começa a criar animais, desen-
volve a agricultura e o artesanato. Suas manifestações artísticas mais marcantes 
dessa época são construções palafíticas e monumentos megalíticos. 
Construções palafíticas são habitações rústicas de madeira, reunidas em 
verdadeiras cidades erguidas sobre pilotis, estacas resistentes e profundamente 
enterradas em lagos ou às margens de rios.
Monumento megalíticos são enormes construções de pedra, toscamente 
lavradas, e recebem as denominações de:
 menir – grandes blocos de pedra erguidos verticalmente;
 alinhamento – menires enfileirados regularmente;
 crontiques – menires dispostos em círculos;
 dolmens – formados de duas pedras verticais sustentando um pedra hori-
zontal. 
O estilo megalítico na Europa
Os mais famosos desses monumentos são os de Carnac, na França, e Stonehenge, 
na Inglaterra. Tinham função religiosa ou astrológica, segundoalguns historiadores.
A pintura desse “final” da Pré-História torna-se mais decorativa, e do rea-
lismo figurativo tende à simplificação e à geometrização. 
A Arte aproxima-se de formas mais abstratas, mas isso veremos adiante.
O que devemos dizer, como encerramento dessa aula, é que estudando a 
“infância” do homem por meio de suas manifestações artísticas, podemos cons-
tatar o tipo de vida do homem, da época pré-histórica, suas crenças, a fauna, a 
flora e muitos outros fatores pelos quais, hoje, sabemos que tais manifestações 
existiram em nosso passado.
Templo em Hagar Qim – Malta. Vista aérea do Stonehenge.
A Arte reflete a vida
13
Colagem coletiva
Materiais
 papel de vários tamanhos;
 cola;
 tesoura;
 fita adesiva;
 algodão;
 fio e barbantes;
 tampinhas de garrafa;
 cortiça;
 isopor;
 macarrão;
 botões; 
 outros.
Instruções
 Em grupo, montar uma paisagem com os materiais disponíveis.
 Ao final, debater a experiência com a turma e com o professor, questionando:
 o que foi fácil;
 o que foi difícil;
 de onde veio a inspiração;
 que nota você daria a sua obra de arte.
Caça ao tesouro
 Em sua casa, procure elementos relacionados com Arte. Podem ser embalagens anti-
gas, fotografias em revistas ou jornais, pedras, ramos de árvores, folhas etc.
 Apresente aos colegas de classe e ao professor e dê sua interpretação sobre o objeto.
15
A arte: um espelho do 
passado, presente e futuro
A maneira de o homem se exprimir nos revela muito do mundo em que vive, sua vida, suas 
crenças, medos e desejos, mas ainda fica uma pergunta: Arte é isso? Um simples registro histórico, 
nada mais?
E podemos responder de imediato que não, não é apenas isso. É muito mais, e para que melhor 
entendamos o alcance que tem, o que expressa uma obra de arte, vamos falar e explicar o que vem a 
ser essa faceta do comportamento humano, que é o fazer artístico.
E com esse objetivo em mente, vamos dar mais um passo nesta caminhada, comentando um 
trecho de um filme.
O filme é 2001 – Uma Odisseia no Espaço. Por que escolhemos esse filme e, mais precisamen-
te, por que esse trecho do filme?
Essas cenas acontecem no início do filme.
Esse filme relata o futuro da humanidade, a conquista do espaço pelo homem. Mas o importan-
te é que esse “espaço” tem um duplo sentido: fala de um espaço exterior, o universo físico como o 
conhecemos; e do espaço interior, o universo desconhecido que constitui nosso interior, nosso espaço 
psíquico, sendo este um universo tão grandioso e misterioso quanto o espaço físico que nos envolve 
exteriormente.
A história do filme é simples: num futuro que não se encontra muito distante, cientistas desco-
brem sinais de rádio que partem do planeta Júpiter. Um grupo de astronautas é, então, enviado em 
uma nave sob o comando de um fabuloso computador, de nome Hall, para investigar a origem desses 
sinais. Durante a viagem, acontece um problema no computador, originando, entre Hall e os astro-
nautas, uma espécie de luta pelo controle da nave. Depois de uma série de acontecimentos, o único 
astronauta sobrevivente consegue desligar o computador e chegar sozinho ao ponto de origem dos 
misteriosos sinais de rádio. Então, uma série de imagens visualmente fantásticas se sucede, imagens 
estas que falam do mundo “interno” (psíquico) do astronauta.
Reforçamos que 2001 é uma viagem. Uma viagem ao desconhecido. E esse desconhecido tem 
um duplo significado. Ao mesmo tempo em que retrata uma viagem nesse universo físico, material, 
que conhecemos de certa maneira – porque, na verdade, muito pouco ainda dele conhecemos – é tam-
bém uma jornada para o universo interno que nos leva a pensar, a agir, enfim, a ser o que somos de 
acordo com nossas características individuais, as quais, também, muito pouco conhecemos. 
A arte: um espelho do passado, presente e futuro
16
E, como já dissemos anteriormente, a viagem termina de uma forma miste-
riosa, em que o mundo interno substitui o mundo externo. A chegada do astronau-
ta ao objetivo fecha um ciclo de sua história (tanto da história individual quanto 
da história do homem, pois o filme objetiva principalmente retratar a evolução 
humana) e o lança rumo a uma nova jornada, num renascimento.
Voltemos ao filme, pois este explica melhor o que procuramos dizer. 
Um feto resplandecente nos olha e, como num espelho, mostra-nos as por-
tas do futuro, de um novo mundo que se vislumbra. A história não termina. De-
termina que seguiremos sempre em frente, e essa mesma história se desenvolve 
rumo a um futuro que será o que fizermos dele: bom ou ruim. 
2001 aborda a caminhada do homem e que essa caminhada tem rotas para-
lelas – o mundo externo e o mundo interno. 
E esses mundos são os campos de abrangência da Arte.
O filme 2001 é uma obra de arte e, como uma obra de arte, é produzido ao 
mesmo tempo em que fala desses dois mundos.
Vamos ver um outro exemplo de obra de arte. 
Noite de São João. Guignard. 
Igrejas, montanhas, luzes, balões misturam-se criando um clima onírico e de 
encantamento. Observe mais um pouco e sinta o que lhe desperta esse quadro.
A arte tem essa fantástica capacidade de acoplar vários fatores, criando um 
mundo próprio, transmitindo grande número de informações e sensações, numa 
revelação quase instantânea.
A primeira parte do filme 2001, aquela em que o osso/instrumento é lançado 
ao alto e se transforma em uma nave espacial, mostra, de uma maneira magní-
fica, essa capacidade sintetizadora, pois, na ascensão e transformação do osso, 
Stanley Kubrick (o diretor do filme) abrange toda a odisseia humana, que vai da 
Pré-História ao futuro.
A arte: um espelho do passado, presente e futuro
17
Mas como faz isso?
Como se elabora uma obra de arte?
Do que e como ela é feita?
Para responder a essas perguntas, vamos novamente voltar às artes plásticas 
tradicionais.
Se perguntarmos de quantos elementos se constitui a linguagem visual (um 
quadro por exemplo), teríamos uma resposta surpreendente.
São apenas cinco:
 linha; 
 superfície;
 volume; 
 luz;
 cor.
Tais são os elementos que a constituem e, mesmo estando todos eles reuni-
dos, nem sempre ela acontece.
Vamos agora tentar simplificar e explicar os elementos anteriormente rela-
cionados, principiando pela linha, ou melhor, pelo ponto.
Assim como o osso de nosso filme fez toda uma trajetória desenvolvimen-
tista, o nosso ponto também pode fazer o mesmo.
Podemos começar assim: – ... e no princípio existia apenas um ponto... 
...e então o ponto movimentou-se e deu origem à linha... 
...e a linha tomou formas e posições diferentes: 
Posições.Formas.
As linhas não têm apenas um lado palpável, elas também expressam senti-
mentos ou produzem sensações.
Equilíbrio e altura.Sensação de movimento.
A arte: um espelho do passado, presente e futuro
18
Movimento desorganizado. Movimento.
Calma, largura. Profundidade.
Mas o ponto continua viajando, e veja o que pode surgir:
Ou isto, se quem o fez viajar foi Picasso:
Quando fez esses desenhos, Picasso queria dar uma expressão de dor às fi-
guras. Para isso, fez muitas tentativas até conseguir um resultado que considerou 
ideal, mesmo que para isso tenha “deformado” bastante o que representava.
Olhando estes desenhos, logo pensamos: é, realmente, não sou um artista e 
jamais virei a ser. É impossível, para mim, fazer algo semelhante a isto:
Van Gogh. Steinberg.Paul Klee.
Realmente, não é fácil, principalmente porque estamos diante de obras de 
alguns dos maiores artistas conhecidos. E digo conhecidos porque provavelmente 
muitos artistas desconhecidos viveram e vivem entre nós. E se você for um de-
les? Que tal revelar-se? Tente! Você não tem nada a perder. Van Gogh, Paul Klee, 
Steinberg e Picasso um dia também deram o primeiro passo, fizeram pela primeira 
vez um rabisco, sem saber que esse simples ato os levaria – depois de muitas fa-
lhas, muito estudo e muito trabalho – a serem renomados artistas.
A arte: um espelho do passado, presente e futuro
19
Tudo o que precisamos edevemos fazer é dar esse primeiro passo: fazer o 
primeiro risco e mergulhar nesse mundo desconhecido: uma folha de papel em 
branco. Vamos fazer como o homem-macaco ou macaco-homem do filme e lançar 
o osso.
Traços livres
 Rabisque numa folha de papel, de olhos fechados, dois ou três riscos aleatórios.
 Troque a sua folha com um colega de classe.
 A partir dos rabiscos na folha do seu colega, deixe a sua imaginação fluir e componha um 
desenho.
 Ao final, comente essa experiência com a turma.
Exercício de observação
 Escolha qualquer objeto e coloque-o sobre a mesa.
 Fixe sobre a mesa, com fita adesiva, as pontas de uma folha de papel.
 Relaxe profundamente e observe atentamente o objeto, procurando perceber o máximo 
possível as linhas do contorno do objeto.
 Desenhe na folha de papel ao lado os traços que você está observando. Mas atenção: não 
olhe para o papel, fique olhando para o traço do objeto.
 Desenhe o que você vê do objeto, e não o que você sabe dele.
 Não se preocupe se o desenho não corresponder à realidade, o importante é a percepção 
dos contornos.
 Ao final comente essa experiência com a turma.
21
Grécia e Roma: 
a Arte Clássica
Vamos agora dar um grande salto no tempo e sair da Pré-His-
tória para pousar na Grécia, algumas centenas de anos antes da Era 
Cristã.
A história grega é dividida em três períodos – o Arcaico, que 
abrange os séculos XII a VI a.C.; o Clássico, os séculos VI, V e IV 
a.C., e o Helênico, 323 a.C. a 30 a.C.
A civilização grega viveu um extraordinário grau de criação 
artística e intelectual. Os séculos V e VI a.C. (época clássica) cons-
tituem a época do esplendor grego. Definitivamente alcançando o 
equilíbrio entre pensamento lógico, técnica apurada, ideal de beleza 
e organização, empreendem-se as grandes obras que viriam a se tor-
nar os pilares da cultura ocidental. Nesse momento da história, a Arte 
chega a um dos clímax da nossa cultura. A arquitetura e a escultura 
atingem ápices até hoje difíceis de serem alcançados. A literatura se 
concretiza, e o teatro explode numa genialidade inigualável.
Afastando-se de seu Período Arcaico, surgiria, nesse canto da 
terra, a arte ocidental propriamente dita. Manifestam-se, nela, três 
influências: o espírito dinâmico, com linhas curvas, vindo da cultura 
crético-mecênica; o geometrismo retilíneo, de origem ariana, e o re-
alismo convencional dos povos orientais.
A convergência dessas influências sobre a Grécia modela uma 
raça que aprende um novo modo de viver em cidades (pólis), nas 
quais o homem tem o interesse voltado para si mesmo, desliga-se do 
culto a deuses terríveis (humaniza essas diversidades) e tem como 
meta alcançar a beleza por meio do apolíneo.
Crético-mecênica.
Geometrismo retilíneo.
Escultura grega.
 Grécia e Roma: a Arte Clássica
22
A arquitetura grega é estática, isto é, baseada no princípio construtivo de 
peso e sustentação, e dominada pelo horizontalismo. Seu melhor exemplo é o 
templo.
Pártenon, em Atenas.
A escultura, em suas manifestações máximas, adquire um caráter realista – 
sobretudo nos retratos – e vivo sentimento dramático. Os escultores tornam-se 
penetrantes psicólogos e captam com vigor expresso o caráter humano.
Escultura grega.
Da pintura grega, no entanto, não restaram obras originais. O que nos ficou 
como registro foi a decoração de vasos. 
Vasos e ânforas gregos.
 Grécia e Roma: a Arte Clássica
23
Quanto à literatura, conhecemos duas obras: a Ilíada e a Odis-
seia, ambas atribuídas a Homero, um lendário poeta. 
Na atualidade, duvida-se da existência desse poeta e supõe-se 
que esses textos sejam obras de vários autores que viveram nos séculos 
VIII e VII a.C.
Mas, nesta aula, vamos nos deter ao teatro. Não que as outras 
manifestações artísticas desse admirável povo sejam menos significa-
tivas, mas não queremos nos prender apenas às chamadas artes visuais 
(pintura, escultura etc.), e sim tentar abranger o maior número de ma-
nifestações artísticas. Outro motivo que também justifica esse enfoque 
mais acentuado no teatro deve-se ao fato de o teatro grego ter atingido 
níveis de qualidade insuperáveis até hoje e também por ter levantado 
questões universais.
Vamos, então, falar do teatro.
De início, devemos dizer que o teatro não é uma invenção grega. Ele é uma 
manifestação artística presente na cultura de muitos povos, e desenvolveu-se es-
pontaneamente em diferentes civilizações.1 Na China e na Índia existem registros 
milenares de textos teatrais. Mas é do Egito que chegam as primeiras notícias de 
representações dramáticas. Essas representações tiveram origem religiosa, sendo 
destinadas a exaltar as principais divindades da mitologia egípcia. Isso se deu três 
mil anos antes da Era Cristã! E foi o teatro egípcio que mais influenciou o grego. 
Foi na Grécia que essa manifestação artística teve desenvolvimento admirável.
A influência do teatro grego na cultura ocidental é avassaladora e extrema-
mente atual. Isso se deve, sem dúvida, à genialidade de seus dramaturgos, mesmo 
que poucas obras tenham chegado até nossos tempos.
Teatro grego.
Busto de Homero.
1Muito antes do floresci-mento do teatro na Grécia, 
na Pré-História já se ensaiava 
um esboço do que viria a ser 
teatro, por meio das ritualiza-
ções com feiticeiros transves-
tidos de animais e caçadores 
representando cenas de caça.
 Grécia e Roma: a Arte Clássica
24
Esses autores teatrais foram:
 Ésquilo – Prometeu Acorrentado, As suplicantes, e outras mais;
 Sófocles – Édipo, Electra, Antígona;
 Eurípedes – As Troianas, Medeia, Orestes;
 Aristófanes – As rãs, As Neuras, Lisístratas. 
Suas obras eram apresentadas em teatros construídos ao ar livre, com ca-
pacidade para centenas de pessoas acomodadas em assentos dispostos em semi-
círculo, que iam se elevando à medida que se distanciavam da plataforma (palco) 
onde os atores declamavam. 
Ésquilo, Sófocles e Eurípedes são chamados de autores de tragédias (apesar 
de existirem indícios de que também escreveram peças de caráter satírico).
O que caracterizava a tragédia era a sua linguagem elevada, evidencian-
do a luta do homem contra a fatalidade ou o destino. Exaltavam a nobreza de 
sentimentos, a virtude, sua moralidade, a aceitação (submissão) da morte, suas 
preocupações éticas. “A finalidade da tragédia era emocionar, comover, provocar 
lágrimas, levar o espectador a se identificar com o herói (protagonista) e com a 
causa por ele sustentada, enobrecendo-se ou purificando-se”; ou seja, levá-lo a 
uma catarse. 
Já a comédia objetivava uma nova reação – rir de si mesmo. Se na tragédia 
exaltava-se a nobreza de sentimentos, a comédia “[...] satirizava os excessos, a 
dissipação, a falsidade, o embuste, os sentimentos mesquinhos.” Riam disso, di-
ziam eles, e riam de si mesmos, e procuravam aprender alguma coisa com isso, 
mostravam uma função didática – procuravam ensinar algo ao público que assis-
tia aos espetáculos. 
E como é o “fazer teatro”?
Vamos lá!
Você já viu uma criancinha dar tchau? Ou uma menina vestindo as roupas 
da mãe, admirando-se diante do espelho?
Isso é teatro, ou pelo menos o embrião do que se convenciona chamar tea-
tro. Teatro, então, é imitação? – você deve estar pensando. É, Teatro é imitação, 
mas também é muito, muito mais.
Vamos aprender um pouco mais sobre isso.
Primeiramente, o mais importante no teatro é o ator. Ele é a pessoa que co-
munica um texto ao público. Faz isso por meio da expressão – expressão pela voz, 
pelos movimentos e pela sensibilidade.
O ator é como um instrumento e, portanto, “tem que ser afinado para comu-
nicar da melhor maneira possível” o texto que foi escrito pelo autor.
O autor, podemos então deduzir do que foi dito anteriormente, é quem es-
creve a história que será transmitida ao público pelo ator. A essas histórias escri-
 Grécia e Roma: a Arte Clássica
25
tas para serem “contadas” no teatro, damos o nome de peça de teatro, e o lugar 
onde se passam chama-se palco.
Assim, para que o teatro aconteça é “[...] precisouma história, um (ou al-
guns) ator(es) para representar e um palco.”
E, dessa forma, surge um novo elemento que constitui o teatro – o palco, 
que pode ser como aquele que vemos num teatro, ou apenas um tablado, ou uma 
simples sala que permita a representação.
Resumindo, diríamos, por enquanto, que teatro é uma história representada 
por atores num palco.
Dramatização
 Dividir a turma em grupos.
 Valendo-se de um sorteio, cada grupo recebe uma história a ser dramatizada.
 história 1 – O Fantasma num Quarto Escuro. Meninas brincando de fantasma. No meio 
da brincadeira, ouve-se um barulho vindo de fora. O medo torna-se real. Tomam coragem e 
se escondem. Entra um ladrão e começa a roubar. Os meninos observam e resolvem gozar 
do ladrão – fazem barulho, aparecem vestidos de fantasmas. O ladrão se apavora e foge.
 história 2 – A Pescaria. Pessoas saem de barco para pescar. Arma-se uma tempestade, os 
pescadores tentam remar para a praia (mímica de pescaria, mímica de remar). Ansiedade. 
Reação segundo o temperamento de cada um. O mais corajoso pede calma, outro reza, 
outro chora etc. Finalmente, veem ao longe um barco que se aproxima para salvá-los. Ale-
gria.
 história 3 – O Espantalho. Toda noite um ladrão roubava a plantação da família. Os me-
ninos resolvem descobrir quem é. Colocam-se no lugar dos espantalhos. Quando o ladrão 
chega, começam a fazer barulho e, fantasiados de espantalho, agarram-se entre si, ame-
drontando o ladrão, que acaba sendo preso pelos meninos.
 história 4 – O Milagre. Um casal pobre não tinha tempo de arrumar a casa. Os filhos, 
fingindo-se de fadas, resolvem arrumar tudo durante a noite. Quando os pais acordam, não 
sabem quem trabalhou e acham que é um milagre. No dia seguinte, a mesma coisa. Na ter-
ceira vez, os pais resolvem ficar de vigília para ver quem eram os anjos que os ajudavam. 
Quando descobrem que eram seus filhos, ficam muito alegres.
Observação: outras histórias podem ser criadas pelos grupos.
 Ao final, comente com a turma sobre a experiência.
27
A religião domina o 
mundo ocidental
Idade Média
O fim do Império Romano do Ocidente ocorreu com a invasão das terras pertencentes a Roma 
pelos chamados bárbaros, ou povos germânicos. As diversas raças que o constituíam espalharam-se 
por toda a Europa, criando muitos reinos com características próprias e que viriam, muitos deles, a se 
transformar nos atuais países europeus.
Uma nova maneira de viver organizou-se na Europa. Nasceram as cidades e nelas surgiram 
o que se chamou de confraria de artesãos (um conjunto de profissionais de uma mesma área – por 
exemplo, marceneiros, pintores, ferreiros e outros mais) organizados com o objetivo de melhor se 
fortalecerem em suas profissões.
Nasceram as primeiras universidades, e, com elas, uma maior expansão do ensino. 
Os muçulmanos dominaram o Mare Nostrum (Mar Mediterrâneo), que se tornou, assim, um 
mar proibido aos navios europeus. Foi o fim do comércio mediterrâneo e o fim também da civilização 
greco-romana. Na verdade, as invasões bárbaras já haviam destruído o poder político de Roma, mas, 
com a dominação do Mar Mediterrâneo pelos muçulmanos, os habitantes da Europa Ocidental foram 
obrigados a procurar novas maneiras de sobrevivência, voltando-se então para o campo. Naquele 
mundo rural que surgiu, cada unidade, castelo ou mosteiro tratou de bastar-se a si mesmo, de ter uma 
existência econômica própria – lavrar seus campos, tecer seus tecidos, costurar seus sapatos, enfim, 
realizar cada qual todas as atividades necessárias capazes de lhes garantir a independência.
Nesse mundo, a justiça era aplicada pelos senhores feudais, e a esse regime político-econômico 
deu-se o nome de feudalismo.
Esse mundo fragmentado tinha apenas uma organização, cuja estrutura nasceu em Roma e que 
manteve uma precária unidade: a Igreja Católica.
A Igreja Católica, na verdade, era, na Idade Média, a grande força unificadora e dominante em 
toda a Europa. O cristianismo é uma religião que incorporou elementos vindos das religiões mais 
primitivas, principalmente do judaísmo: Deus único, a história do mundo, os Dez Mandamentos, a 
cosmologia etc. Em meio a tudo isso, viveu a Arte antes do ano 1000. A Igreja se constituía na grande 
produtora e consumidora das obras artísticas. Como uma potência econômica, foi capaz de propiciar, 
numa época de profunda decadência financeira, a produção de obras de Arte, como a construção de 
mosteiros e templos. No entanto, o que a Igreja realmente ambicionava era fazer da arte um eficaz 
instrumento da fé. A verdade propagada por Cristo era a verdade absoluta, e não devia ser questiona-
da – diziam os religiosos da época. E impunham uma total submissão a esses princípios. Não se podia 
discutir a verdade estabelecida pela Igreja; o que se devia fazer era conservar esses ensinamentos 
tornando-os sagrados.
A religião domina o mundo ocidental
28
Apenas a manifestação da santidade passou a ser valorizada: o lado divino do 
ser humano. O nu, tão privilegiado na arte grega, foi desprezado; e as figuras foram 
deformadas, enrijecidas, para melhor expressar uma espécie de transe religioso. 
O cristianismo foi marcado pela transcendência. E por transcendência pode-
mos entender o desejo de alcançar o céu. Isso levou a arte medieval a se distanciar 
do realismo grego, em que a forma humana era extremamente valorizada. Como 
podemos ver nas imagens a seguir:
Arte medieval.
A fase culminante do pensamento medieval foi a época da arte gótica (XII 
a XV).
O gótico expressou-se sobretudo na arquitetura (fundamentalmente nos 
templos). 
A pintura gótica mostrava a vida e os milagres dos santos com narrativas de 
brilhante colorido. 
Interior da Basílica de São Francisco de Assis. Fachada da Catedral de Colônia.
A religião domina o mundo ocidental
29
Na Idade Média, o teatro sofreu um forte declínio, pois a Igreja 
Católica o via com maus olhos e o combatia violentamente. O teatro se 
manteve, durante essa época, preservado pelos saltimbancos, que eram 
mais malabaristas e palhaços que qualquer outra coisa.
No entanto, com o decorrer do tempo, a Igreja Católica diminuiu 
a perseguição às apresentações teatrais e ela própria passou a utilizar o 
teatro como meio capaz de transmitir ao povo histórias e ensinamentos 
religiosos. 
Cenas bíblicas foram transformadas em pequenas peças teatrais. 
A vida de santos e histórias de pessoas recompensadas com o céu ou 
castigadas no inferno encenadas em praças públicas e, até mesmo, no 
adro das igrejas.
Esse tipo de teatro religioso ainda se mantém nos nossos dias nas 
representações ao ar livre do Drama da Paixão de Cristo, como as que 
acontecem em Nova Jerusalém, no estado de Pernambuco, e em Curitiba, na Pe-
dreira Paulo Leminski.
No ano de 1450, o alemão Johannes Gutenberg criou a impressão mecânica, 
utilizando tipos móveis de metal, permitindo a produção de livros de uma maneira 
veloz e menos complicada, e disseminando com maior amplitude o conhecimento 
escrito nos livros.
Essa invenção, as alterações políticas e econômicas e uma sede crescente 
de conhecimento estruturaram as bases para uma fase esplendorosa do mundo 
europeu – o Renascimento.
Seis cenas da vida de Cristo.
Palco renascentista.
A religião domina o mundo ocidental
30
Entrando em contato com o mundo interno
 Sente-se da maneira mais confortável possível.
 Feche os olhos e “esvazie a mente”.
 Coloque as mãos sobre as pernas e relaxe braços e pernas.
 Preste atenção às palavras do professor.
 Após deixar esse estado de relaxamento profundo, desenhe em uma folha de papel a pai-
sagem que você viu.
 Não se preocupe com a qualidade do desenho, simplesmente desenhe tudo de que se lem-
brar. O importante é manter contato com essas imagens internas.
 A partir do seu desenho, crie uma história com começo, meio e fim.
 Ao final, comente essa experiência com a turma.
Professor,
Nesse relaxamento, trabalha-se o corpo todo, dos pés à cabeça, principalmente as articula-
ções. São dois os movimentosbásicos, expansão e contração muscular (três vezes cada): lentamente, 
contraia o pé direito e relaxe-o, voltando à posição inicial. Repita esse exercício com o pé esquerdo. 
Lentamente, estique o pé direito e relaxe-o, voltando à posição inicial. Repita esse exercício com o 
pé esquerdo. Faça o mesmo com joelhos, quadril, abdome, tórax, braços, mãos, ombros, pescoço e 
cabeça.
Eis o que deve ser dito suave e pausadamente aos alunos para que eles alcancem profundo es-
tado de relaxamento, de preferência embalado pelos sons da natureza (pássaros, água, chuva, vento, 
folhas etc.): 
 seu corpo começa a ficar cada vez mais leve...
 cada vez mais leve...
 e você começa a levitar, saindo lentamente da sala de aula (através do teto)...
 levitando sobre a cidade...
 afastando-se dela até chegar num lindo bosque...
 procure esse bosque...
 observe-o com atenção (as árvores, a mata, os pássaros, os bichos, o céu, um riacho, o baru-
lho do riacho...)
Dê tempo aos alunos agora e, depois, peça que eles se despeçam desse bosque e conduza-os de 
volta à sala de aula, repetindo o processo inversamente.
31
O homem volta a 
olhar para o homem
Renascimento
Por volta de 1500, a Europa sofria enormes transformações:
 a navegação no Mediterrâneo voltava a se dinamizar, proporcionando intercâmbio comercial 
e cultural entre os povos que habitavam a Europa;
 a burguesia se tornava mais participante na vida econômica e social;
 o homem passava a ser visto de uma maneira mais humanista e, nesse processo, surgiu o con-
ceito de individualismo – o homem, detentor de direitos inalienáveis, livre para trabalhar onde 
bem entendesse, para exercer com liberdade seus talentos;
 o mundo continuava a ser encarado como criação de Deus, mas a Arte já não se prendia apenas a 
ele ou a tudo que a ele se relacionasse, e o homem passava a assumir uma posição privilegiada.
Essa transformação do universo medieval se processou lentamente, mas a sua grande conquista 
foi a revalorização do homem e a rejeição da cultura do mundo medieval em troca de uma preocu-
pação com uma ciência distanciada da religião e interessada em entender as causas das coisas – por 
exemplo: a causa da movimentação da água e dos ventos para se construírem melhores navios.
Na Arte, então, o que realmente importava era criar a ilusão de um mundo imaginário que, de 
repente, adquiriria vida própria. O Nascimento de Vênus é um exemplo disso.
O Nascimento da Vênus, 1483. Boticelli.
O homem volta a olhar para o homem
32
Os artistas e pensadores do Renascimento voltavam seus olhos 
para a cultura clássica (cultura greco-romana), não apenas para copiá-la, 
mas também para a respeito dela refletir, a fim de assimilá-la, retiran-
do de ambas os conhecimentos necessários para desenvolver uma nova 
forma de expressão, estilística e graficamente diferente, tanto da cultura 
clássica quanto da medieval, no entanto, relacionada com ambas e delas 
oriunda.
Podemos apresentar como exemplo a escultura La Pietá, de Mi-
chelangelo Buonarroti (1475-1564).
O tema é cristão (medieval), mas a forma como a obra foi feita é 
clássica.
O poder expressivo e a beleza do corpo humano foram os dois ide-
ais que a Renascença encontrou realizados na Arte Clássica, pois o Renascimento 
surgiu quando o homem começou a estudar e a valorizar o seu passado.
Arte greco-romana. Arte medieval. Arte renascentista.
A pintura, segundo alguns historiadores, foi a manifestação artística que 
mais progrediu no Renascimento. Os pintores renascentistas ficaram famosos por 
suas figuras perfeitas e pelo aperfeiçoamento da perspectiva. Leonardo da Vinci 
foi um dos artistas representativos desse período. 
A Última Ceia, 1498. Leonardo da Vinci.
E souberam bem distribuir a luz e as sombras, dando mais exatidão as suas 
obras. De um modo geral, os princípios estéticos do Renascimento são:
La Pietà, 1498. Michelângelo.
O homem volta a olhar para o homem
33
 a Arte como estudo da natureza, corpo humano e paisagens deve 
ser apresentada sem disfarce; 
 a pintura e a escultura são coisas do espírito e da inteligência; 
 o uso da perspectiva científica e a elaboração das teorias matemá-
ticas da proporção.
Se, na pintura, Leonardo da Vinci é considerado o maior nome, na 
escultura o grande mestre foi Michelângelo, cujas obras, incluindo suas pin-
turas, pelo vigor dos desenhos e do volume, possuem caráter escultório.
Mas não foi apenas em manifestações artísticas visuais que o Renas-
cimento nos legou grandes obras de arte.
A literatura traz nomes de grande dimensão – Dante Alighieri, Boc-
caccio, Rabelais, Luís de Camões, Miguel de Cervantes e Shakespeare.
Três deles, com o decorrer do tempo, cresceram em importância e 
significado para a cultura ocidental. 
O primeiro, Camões, tem um significado especial para nós, brasilei-
ros, por ser um poeta português que, em sua principal obra, Os Lusíadas, 
narra o heroísmo das grandes aventuras portuguesas.
O segundo, Cervantes, escreveu a obra-prima Dom Quixote, que 
narra as aventuras de um fidalgo espanhol. Dom Quixote, um homem fora 
do seu tempo, era fascinado pelo mundo medieval. O mundo medieval 
ficara no passado, já não mais existia. Numa espécie de delírio, o já idoso 
Dom Quixote acredita ser cavaleiro andante e sai pelas terras da Espanha 
em busca da mulher amada, Dulcinéia. As aventuras se sucedem e a con-
dição do homem diante das surpresas da vida é relatada de uma forma 
sensível e comovente.
O terceiro deles é o dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-
1616).
Segundo Arnold Hauser, Shakespeare, assim como Cervantes, são 
os errantes de sua época. Falam de um mundo antigo que desaparecia – a 
Idade Média, ao mesmo tempo que revelam um novo mundo, uma nova 
visão de mundo se estruturando – o mundo renascentista. 
Se o personagem de Cervantes, Dom Quixote, vive perdido em um 
mundo de sonhos, de delírio, da fantasia em choque com a realidade; os 
personagens de Shakespeare vivem grandes conflitos e fraquezas espi-
rituais, naturais em qualquer pessoa e, embora não defendam nenhuma 
tendência religiosa, seus heróis sempre atingem um objetivo final, moral-
mente virtuoso. 
Entre seus principais textos, podemos citar romeu e Julieta, Hamlet, 
Otelo e A Megera Domada.
Madona del Garofano, 
1480. Leonardo da Vinci.
Dom Quixote, “O cavaleiro da 
triste figura” de Cervantes.
O Juízo Universal (detalhe 
do Cristo Juiz), 1541. Mi-
chelângelo.
Davi, 1504 
Michelângelo.
O homem volta a olhar para o homem
34
Dramatização das histórias
 Em grupo, relatar uns aos outros a história que criaram na última atividade.
 Criem uma história, tomando como base aquilo que foi apresentado nas histórias individuais.
 Dramatizem a história criada coletivamente e a apresentem aos colegas dos outros grupos.
 Ao final comente a experiência com a turma.
35
O homem descobre 
novos mundos
Do Renascimento até nossos dias
Nos últimos 500 anos, e principalmente no século XX, o mun-
do passou por transformações notáveis.
O comércio marítimo expandiu-se fenomenalmente: passou a 
ser realizado não apenas entre países europeus, mas, ultrapassando 
distantes fronteiras, também se estabeleceu com países da Ásia, como 
China, Índia e Japão.
Nos séculos XV e XVI surgiu uma nova visão de mundo – 
antropocentrismo (sistema filosófico segundo o qual o homem era o 
centro do universo). Nessa mesma época, surgiu a ciência moderna. 
Toda a produção artística europeia do final do século XVI até 
quase metade do século XVIII abandonou as leis reguladoras que 
haviam sido seguidas no Renascimento. 
Enquanto os artistas renascentistas visavam à linha e ao de-
senho, o barroco procurava o pictórico, as cores; os renascentistas 
preferiam estudar os planos e as superfícies, enquanto os barrocos 
privilegiavam a profundidade e os volumes; os renascentistas procu-
ravam a harmonia; e o barroco, a emoção. 
Os temas já não eram apenas religiosos. Acontecimentos histó-
ricos, econômicos e sociais eram também focalizados. Um exemplo 
disso se percebena obra de Rembrandt, pintor holandês que retratou 
com excepcional qualidade a burguesia mercantil, usando a técnica 
de luz e sombra, procurando dar uma interpretação psicológica de 
seus modelos ou de si próprio nos seus notáveis autorretratos.
No Brasil, muitos pintores da fase barroca se destacaram, sendo 
o mais renomado o mineiro Manoel da Costa Athaíde. 
Mas é da escultura que vem o nome de um dos nossos maiores 
artistas: Antônio Francisco Lisboa (1730-1814), chamado de “Aleija-
dinho”.
O Homem Vitruviano, 1490 
Leonardo da Vinci.
ronda Noturna, 1642. Rembrandt.
Autorretrato com a esposa. Rembrandt.
O homem descobre novos mundos
36
O que caracterizou o século XIX foi a escola neoclássica, que, em síntese, 
representou a tentativa de restaurar as artes da Antiguidade Clássica greco-roma-
na. O Arco do Triunfo é um exemplo da arquitetura neoclássica.
Arco do Triunfo, Paris.
A partir de 1820, as escolas se sucederam rapidamente: Romantismo, Rea-
lismo e Impressionismo. 
E, aqui, devemos falar um pouco a respeito da última escola – o Impressio-
nismo.
O Impressionismo foi o movimento mais importante e revolucionário ocor-
rido na pintura ocidental, nessa época.
Para melhor entender essa escola, vejamos alguns dos seus princípios mais 
importantes: 
 As cores não traduzem uma realidade permanente, elas mudam constan-
temente; por exemplo, o mar muda a sua cor conforme decorre o dia – o 
mar não tem a mesma cor ao amanhecer, ao entardecer e ao anoitecer.
 As sombras não são pretas ou escuras, elas são luminosas e coloridas.
 A forma dos objetos não é definida.
Como exemplo de pintura impressionista, vejamos Ninfeas, de 1910, um 
quadro de Monet.
Vejam que, no quadro, água e flores convertem-se apenas em notas lumino-
sas, em torno das quais o artista cria infinitas variações tonais. Aqui, o Impressio-
nismo é quase abstrato. 
Alguns anos antes (1905), Monet havia pintado esse mesmo lago de seu 
jardim. Observem a diferença. Na pintura feita em 1905, existe uma melhor defi-
nição das formas e cores:
O homem descobre novos mundos
37
Ninfeas, 1910. Monet. Ninfeas, 1905. Monet.
Outras escolas vieram: Expressionismo, Fauvismo, Cubismo, entre outras.
Devemos destacar o Abstracionismo. Nele, as formas e cores não possuem 
relação direta com as formas e cores da realidade visual. Seu maior representante 
é Kandinsky (1863-1944). A seguir, temos uma de suas obras mais famosas, cha-
mada Improvisação 26.
Improvisação 26, 1912. Kandinsky.
Vejam que, nesse quadro, as formas e cores estão desligadas de quaisquer 
modelos, dispondo-se espontaneamente segundo um ritmo próprio que nada tem 
a ver com a realidade objetiva. 
Podemos dividir a arte brasileira em duas fases: a primeira geração, de 1922 
a 1950, e a segunda geração, de 1950 para cá. 
Nomes de alguns artistas representativos dessa época na pintura: Anita 
Malfati, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral e Portinari. Na literatura: Mário de 
Andrade, Oswald de Andrade, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, José Lins do 
Rego. 
Porém, a maior característica do século XX é a diversidade de manifesta-
ções artísticas. Novas formas de se expressar artisticamente surgem: fotografia, 
cinema, televisão, publicidade e design industrial.
39
Arte: nossa eterna 
companheira
“Lendo” um quadro
As Meninas, 1636. Velásquez.
O quadro mostra a
infanta Margarida na companhia de duas damas de honra; ela visita seus pais no momento em que eles estão 
sendo retratados pelo artista. O pintor aparece de pé, do lado esquerdo, diante de enorme tela na qual se vê ape-
nas a armação do fundo. A sala baixa apresenta paredes em tons mornos, recobertas de quadros. Num espelho 
brilham os vultos do rei e da rainha que estão sendo retratados. A luz jorra de uma porta, ao fundo, contrastando 
com a imagem negra de um oficial da côrte e parente do pintor. Embora existam outras fontes de luz, vindas das 
janelas à direita, a iluminação principal de toda a cena está concentrada no brilho especial que destaca a figura 
da infanta.
A análise do quadro As Meninas, feita por Michel Foucault, revolucionou toda a visão estética 
das obras de arte. Foucault prova que Velásquez cria uma composição que não se restringe apenas aos 
limites da pintura. Nela, o espectador não é apenas um observador; na verdade, ele (o observador) é 
como que sugado para dentro do quadro – torna-se “participante” do quadro. 
O quadro o envolve como um laço e “puxa-o para dentro de si”; ocorre uma interação da obra 
e espectador.
Arte: nossa eterna companheira
40
Agora, vamos ver como e por que isso acontece.
O quadro retrata o próprio pintor executando uma grande tela, e está, na 
pintura, de costas; ao seu lado, as meninas e acompanhantes ao fundo, uma porta 
aberta onde se vê um homem. Na parede do fundo, vários quadros e um espelho 
com duas figuras aparecendo entre os brilhos do reflexo do vidro. Essa disposição 
dos elementos que constituem a obra monta um contexto riquíssimo para nós, 
espectadores. “O pintor está ligeiramente afastado do quadro. O braço que segura 
o pincel está dobrado para a esquerda, na direção da palheta. Essa mão está pen-
dente do olhar.” O olhar do autorretratado (Velásquez) capta quem observa a obra 
e daí parte o início de um diálogo que poderia ser assim resumido:
 Quem observa a cena?
 Quem pinta?
 Quem é retratado?
É com esse artifício que Velásquez faz desaparecer o distanciamento entre 
obra e observador e cria a ilusão de que o observador é quem está sendo retrata-
do. Nesse momento o espectador pode pensar: o pintor está olhando para fora do 
quadro, está olhando para mim, é a mim que ele está pintando.
Mas se essa pessoa que observa continuar tentando “ler”, entender o quadro, 
observará que o olhar de outras personagens parecem também olhar para fora; 
olhar para quem está sendo realmente retratado. Nesse momento, o observador 
deve quebrar essa sensação de “estar dentro” do quadro e procurar olhar racional-
mente e perguntar-se novamente: quem o pintor está realmente retratando?
É esse enigma que cria toda a magia dessa obra de Velásquez.
Mas vamos observar novamente o quadro. Quem o pintor está pintando? A 
resposta é simples, o pintor está pintando o rei e a rainha, que aparecem refletidos 
no espelho, no fundo, e quase no centro do quadro.
Esse vaivém de olhares traça no ar a linha que une o quadro ao ambiente ao 
qual ele pertence. A obra deixa de ser algo estático, como se criasse vida, movi-
mento. “O quadro se abre para frente numa grande volta”, (diz Foucault); começa 
no olhar do pintor do autorretrato, vai ao espectador, leva-o ao espelho que fixa 
o casal real no lugar ao lado do autor, no momento em que compõe, e ao lado 
do espectador, daí corre aos personagens cada um recebendo e devolvendo essa 
maravilhosa serpentina que se remete ao espaço que atravessa o observador, volta 
ao quadro e retorna novamente ao que observa. É como uma serpentina que se 
desenrola e a tudo envolve.
No momento em que estamos observando essa obra, vem-nos uma sensação 
inicial de confusão e espanto, pois o quadro, como num passe de mágica, elimina 
o tempo e o espaço – por alguns momentos somos levados ao local em que aquela 
cena está acontecendo e deixamos o presente para mergulhar no passado ou o pas-
sado vem até nós e nos transporta para um novo estado de consciência. E, então, 
“voltamos” à realidade e ao presente. Nós não apenas observamos a obra, mas a 
“vivenciamos”, e, com isso, nos transformamos.
Arte: nossa eterna companheira
41
Observe bem o quadro acima e responda:
1. Qual é a sensação ao contemplar essa obra?
a) Tensão.
b) Energia.
c) Conflito.
d) Harmonia.
e) Alegria.
f) Tristeza.
g) Realidade.
h) Fantasia.
2. O que você acha que o artista pensou quando realizou essa obra? O que ele quis “dizer” com 
ela?
A mesma luz que acaricia o rosto da jovem 
desvenda, ao fundo, uma caveira, num contras-
te violento que é comum na produção artística do 
Seiscentos.
Tocadora de Alaúde, II Genovesino, Palácio Vermelho,Gênova.
Arte: nossa eterna companheira
42
3. Como você se sente diante desse trabalho? 
43
Na infância do homem: 
o nascimento da Arte
Música
O que é música?
Música, poderíamos dizer, é a arte dos sons, combinados de acordo com as variações da altura, 
proporcionados segundo a sua duração e ordenados sob as leis da estética.
São três os elementos fundamentais de que se compõe a música:
 melodia;
 ritmo;
 harmonia.
Mas, como dissemos no início, a música é a arte dos sons; assim, para melhor entendê-la, pri-
meiro falaremos um pouco a respeito de som.
O que é som?
A definição de som que nos é dada pelo Dicionário Aurélio é: “Fenômeno acústico que consiste 
na propagação de ondas sonoras produzidas por um corpo que vibra em meio material elástico (espe-
cialmente o ar). Som é a sensação auditiva criada por esse fenômeno.
Sempre que pensamos em som, pensamos em música.
Som, entretanto, não é apenas música. A palavra é som. O barulho de dois elementos sólidos 
se chocando é som. O vento passando por frestas produz som. Eco é som. É som também o barulho 
do mar; o balbuciar de um bebê, bem como o riso, o choro e um grito de socorro; o arrastar de uma 
cadeira; a explosão de uma bomba, tudo produz som. Tudo isso é som.
Mas surge uma nova pergunta: 
Quais elementos dão forma ao som?
Primeiro é preciso que se diga que todos os sons provêm de uma fonte, que recebe o nome de 
fonte sonora. Por exemplo: bata palmas. Isso é uma fonte sonora. Outro exemplo: assovie. Passe uma 
lixa sobre a madeira. Tudo isso é fonte sonora.
Os exemplos anteriores, além de esclarecerem o que é uma fonte sonora, também trazem um 
novo dado: os sons têm diferenças, são variáveis em suas manifestações. E isso acontece porque as 
ondas sonoras, como já vimos, não são iguais, por isso produzem vibrações diferentes.
Essas diferenças são provocadas pelos elementos formadores do som. 
Na infância do homem: o nascimento da Arte
44
E quais são esses elementos formadores do som?
 altura;
 duração;
 densidade;
 intensidade;
 timbre.
Agora, vamos voltar ao Dicionário Aurélio e ver como ele define cada um 
desses elementos.
Altura
Propriedade de uma onda ou vibração sonora, caracterizada pela frequência 
da vibração.
Dependendo de sua altura, o som pode ser grave ou agudo.
Podemos também dizer que são essas diferenças de altura que criam as 
notas musicais.
Essas notas musicais são conhecidas como Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si.
À sequência dessas notas damos o nome de escala musical, e elas são, pode-
ríamos dizer, as letras do “alfabeto” musical com as quais o compositor vai criar 
as “palavras”, que vão compor as “frases” da “história” musical que o compositor 
desejar criar.
Duração
Consiste no espaço de tempo em que o som acontece. Ele pode ser obvia-
mente longo, curto ou, até mesmo, estar ausente. A essas ausências de som damos 
o nome de pausas. À combinação de sons e pausas damos o nome de ritmo.
Densidade
A qualidade daquilo que é “denso”, isto é, “que tem muita massa e peso em 
relação ao volume”. Transpondo isso para a música, poderíamos dizer que densi-
dade é a quantidade de sons acontecendo ao mesmo momento num mesmo lugar.
Por exemplo: 
1. o som de uma flauta; o som de vários instrumentos numa bateria de 
escola de samba.
Intensidade
Poderíamos definir intensidade como o maior ou menor grau de força com 
que um som é emitido. No campo da música, podemos dizer que é a maior ou a 
menor amplitude de vibrações, que podem ser fortes ou fracas, dependendo da 
força com que acontecem. Por exemplo: o som de um trovão; o barulho suave do 
vento nas folhas das árvores.
Na infância do homem: o nascimento da Arte
45
Timbre 
Qualidade distinta de sons da mesma altura e intensidade, que resulta da 
combinação dos sons harmônicos presentes e de suas intensidades relativas ao 
som fundamental. Timbre, na verdade, é a marca, o selo que personaliza o som, 
que o caracteriza, que nos permite saber se ele é de um piano, de uma guitarra ou 
de uma corneta.
Falamos o tempo todo a respeito do som porque música é simplesmente som 
(ou ausência dele). E, falando do som, falamos de música, pois som é a matéria-
-prima de que é feita a música e, para entendê-la, devemos simplesmente estar 
atentos aos sons: altura, densidade, intensidade, timbre e duração. 
É dele que o compositor faz uso para expressar, por meio de sua composição 
musical, aquilo que pretende comunicar, dizer ao ouvinte. É por meio dele que um 
compositor cria uma música suave como Garota de Ipanema; empolgante como o 
Hino Nacional; alegre como uma marchinha de carnaval; profunda como as sin-
fonias de Beethoven, e envolvente e triste como o Lago dos Cisnes.
 Distribuir balões vazios (bexigas) para os alunos e pedir que não os encham.
 Incentivar os alunos a explorarem o máximo possível o balão vazio: esticá-lo, cheirá-lo, 
sentir sua textura, procura tirar algum som do balão vazio.
 Pedir que os alunos encham o balão e que voltem a explorá-lo, agora cheio.
 Pedir que os alunos procurem tirar algum som do balão. Experimentar as várias possibili-
dades que ele apresenta.
 Incentivar os alunos a produzirem sons graves, agudos; sons suaves e sons rápidos; ritmos 
diferentes; aumentar ou diminuir a densidade do som etc.
 Pedir que os alunos procurem “criar” uma única música como se formassem uma “orquestra”. 
 Comentar a experiência.
47
Dança
A dança nasceu associada às práticas mágicas do ho-
mem. Com o desenvolvimento da civilização, o rito separou-se 
da dança, configurando-se assim um campo mais específico 
para essa manifestação cultural.
Como vimos em nossas primeiras aulas, o homem pri-
mitivo pintava nas paredes das grutas, cavernas e galerias sub-
terrâneas cenas de caça e rituais que representavam a caçada. 
Pareciam acreditar ser possível, pela representação pictórica, 
alcançar determinados objetivos, como abater um animal, por 
exemplo.
Na figura ao lado, vemos a representação de um ritual de 
caça ao rinoceronte.
Na figura logo abaixo o que vemos é um homem com 
uma máscara de ave. O que está aí desenhado não é exatamen-
te uma figura humana, e sim “uma figura fantasiada de ani-
mal”. Podemos deduzir que o significado disso é que o homem/
feiticeiro, vestido com peles de animais, ou máscaras que o 
representem, está naquele momento incorporando o poder des-
se animal e, mediante a incorporação das forças dele, adquire 
sobre ele um domínio, um controle das suas forças.
Nessa tentativa de conquistar magicamente a caça, o ho-
mem primitivo não apenas pintava as paredes, mas também criava rituais com fundo mágico, nos 
quais, por meio da imitação desses animais, de atos de caça ou de luta, procurava estabelecer uma 
ligação misteriosa com as forças da natureza e, sobre elas, adquirir domínio. 
Desses rituais, originaram-se teatro, música e dança.
Os primeiros registros dessas atividades ritualísticas datam do paleolítico superior. Naquela 
época, os homens viviam em pequenos bandos isolados, cultivando um primitivo individualismo, 
apenas se preocupando em coletar alimentos. Não há indicações de que cultuassem alguma divindade 
ou acreditassem na vida após a morte, nem que possuíssem um pensamento lógico. Eles eram apenas 
dominados por esse pensamento mágico, rudimentar.
Já no neolítico,o homem 
adorava os espíritos, cultuava e enterrava seus mortos. Nas cerimônias e cultos, a dança tinha um importante papel, 
sendo mesmo a Arte dominante do período; sua execução estava a cargo dos homens, principalmente dos magos 
e sacerdotes. Talvez já fossem acompanhados por alguma música, como se depreende de uma ou outra pintura 
mural e pelo encontro, em escavações, entalhados em osso, flautas e matracas, muitas vezes também representa-
dos em tais pinturas.
A princípio, homens deviam dançar nus. Quando a dança tornou-se um elemento ritual e sua execução quase 
que só um privilégio de sacerdotes, eles se cobriram de amuletos na presunção, talvez, de que assim teriam mais 
forças para enfrentar os poderes sobrenaturaise a própria natureza.
Caça ao rinoceronte.
Homem com máscara de ave atacado por um 
bisonte ferido.
Dança
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A dança pode ser considerada a mais antiga das artes, a mais capaz de 
exprimir tanto as mais fortes quanto as mais simples emoções, sem o auxílio da 
palavra.
A arte da dança é também profundamente simbólica, “capaz de sugerir, ili-
mitadamente, imagens e associações cheias de riqueza e de vitalidade.”
O Dicionário Aurélio define dança como uma sequência de movimentos 
corporais executados de maneira ritmada, em geral ao som de música. Essa defi-
nição levaria a um dado fundamental para se entender a dança, o ritmo.
Dança expressa movimentos e gestos, mas esses
gestos e movimentos só obteriam efeito mágico ou encantatório se executados dentro de 
certas regras e medidas, não necessariamente regulares ou aparentes, mas que os tor-
nassem um conjunto homogêneo e fluente no tempo, quando tinham, enfim, sua duração 
dividida em determinados intervalos, isto é, dentro de um ritmo, fator indispensável para 
que essa atividade se configurasse uma dança.
Vimos, na aula passada, que ritmo é uma sequência de durações de sons e 
silêncios, isto é, ritmo é um agrupamento, uma organização, uma combinação ou 
junção de durações sonoras.
Dentro da linguagem musical, ritmos são as diversas maneiras de usar o 
som de que um compositor faz uso para realizar sua obra.
Dois elementos do ritmo são fundamentais para defini-lo: o andamento e a 
pulsação.
O andamento está relacionado com a rapidez ou com a lentidão de uma 
música. A pulsação é o elemento que regula uma música. Ela corresponderia às 
batidas do nosso coração. 
É ele que nos faz bater o pé, ou bater palmas, procurando fazer o acompa-
nhamento de determinada música.
Na dança, o ritmo pode ser externo ou interno. O ritmo de origem externa é 
aquele que provém da música ou de sons que chegam até o dançarino. O ritmo in-
terno é aquele que provém do mundo interior (psíquico e biológico) do dançarino. 
Acompanhar os batimentos cardíacos pode ser um exemplo desse tipo de ritmo. 
Com o passar do tempo, assim como a música e o teatro, a dança vai se 
distanciando do aspecto mágico ou religioso. Vai tornando-se mais complexa e 
tomando forma diferenciada, típica dos variados grupos sociais dos quais se ori-
gina. Por exemplo, a dança na Grécia é diferente da que é executada na China. 
Grupos sociais diferentes criam diferentes maneiras de se expressar artisticamen-
te, quer seja na música, no teatro ou na dança.
Na Grécia, a dança originou-se de rituais religiosos. Acreditavam, os gre-
gos, no poder mágico da dança. Os vários deuses gregos eram cultuados de dife-
rentes maneiras, e deles a música era parte fundamental. Importante no teatro, a 
dança nele se manifestava por meio do coro.
Em Roma, a dança nunca foi privilegiada. Na verdade, em Roma, a dança 
entra em total decadência. Só no Renascimento ela recupera suas qualidades e sua 
importância.
Dança
49
Renascimento 
A dança no Renascimento.
A dança, no Renascimento, torna-se mais complexa e passa a ser executada 
também por pessoas ou grupos organizados, com estudos específicos em palcos 
ou em outros espaços adequados, sendo então conhecida como balé.
Até o Renascimento, a dança permanecera como uma atividade lúdica exe-
cutada por pares ou grupos entre nobres, aldeões e plebeus.
Se até essa época a dança era algo improvisada, a partir desse momento 
da história, tal divertimento adquire uma forma mais disciplinada. Começa-se a 
anotar os passos das danças, para que sejam codificados e criado um repertório de 
movimentos estilizados.
É nesse período que começa a ser usado o termo balé, na época, balleto, 
significando um conjunto de ritmos e passos, a partir dos quais muitos outros 
se seguiriam. Graças a essa ordenação e codificação de movimentos da dança, 
tornou-se possível estudar separadamente os seus passos, de acordo com a criati-
vidade do coreógrafo.
Estavam, enfim, abertas as portas para a organização, o desenvolvimento 
e o crescimento da dança em qualidade. No século XVI, o balleto era a grande 
moda na Itália e, a seguir, na França.
Dança
50
Nessa época, na comemoração do casamento de uma irmã da rainha Catari-
na, as damas da corte, até então excluídas das danças, tomaram parte, constituin-
do o que pode ser considerado o primeiro corpo de baile.
Nessa época, também, Beaujoyesusc (o mais importante homem de balé da 
corte de Carlos IX) une os elementos tradicionais de espetáculos italianos com 
elementos teatrais, criando um gênero novo em que se incluem dança, mímica, 
declamação, canto, cenografia e cenotécnica, a que chamou de ballet comique de 
la reine.
O século XVII é considerado o grande século do balé. O balé sai dos salões 
dos castelos e transfere-se para os palcos. Essa mudança provoca transformações 
na maneira de apresentar-se, criando uma nova coreografia.
No século XVIII, a dança readquire todo o seu esplendor, sendo executada 
nos palcos dos teatros por verdadeiros profissionais de ambos os sexos e uma 
verdadeira revolução acontece. Surge uma fórmula nova, o drama – balé – pan-
tomima.
Antes de continuar, façamos uma breve interrupção para procurar entender 
o que é coreografia pantomima.
Pantomima pode ser definida como a arte ou ato de expressar-se por meio de 
gestos, ou seja, qualquer peça teatral de qualquer gênero, em que o ator ou atores 
se manifestam simplesmente por gestos, expressões corporais ou fisionômicas, 
sem o uso da palavra.
Agora vejamos o que é coreografia. Coreografia é a arte de compor bai-
lados. É a arte de anotar, sobre o papel, os passos e as regras do bailado. São os 
gestos, os movimentos, a localização no palco que o coreógrafo deseja que sejam 
executados pelo dançarino.
Voltemos agora a falar a respeito do desenvolvimento da arte da dança, que 
interrompemos anteriormente.
O uso da pantomima veio trazer o que faltava no balé: um sentido ao en-
redo, tornado dramático, além da beleza dos cenários, dos figurinos. Explicando 
melhor, podemos dizer que, com a pantomima, o balé pôde “contar” uma história 
com começo, meio e fim. 
No entanto, a revolução do balé só se completaria no final do século XVIII, 
com o surgimento do Romantismo. O Romantismo procurou recuperar a harmo-
nia entre o homem e o mundo. Sendo absorvido pelo balé, o termo romantismo, 
que até aquela época falava de histórias de fadas, bruxas, ou feiticeiras, adquire 
um caráter mais amplo.
Dança
51
É nessa época, também, que se começa a usar as sapatilhas.
A decadência do balé romântico acentua-se no começo da segunda metade 
do século XIX, quando, então, uma mulher iria novamente revolucionar toda a 
dança. Seu nome: Isadora Ducan.
E ela, Isadora, faz principalmente uma grande renovação na dança; até en-
tão ninguém dançara na ponta dos pés no balé, por que não dançar assim: mais 
livre, mais solta, mais como a vida é? E a partir desse pensamento, criara-se um 
novo tipo de dança, sem as cadeias que a aprisionavam até aquela época.
No início do século XX, o grande revolucionário da dança foi o russo, Serge 
Pavlovitch Diaglhilev, que, mesmo não vendo um dançarino, criou as condições 
míticas, como Nijinski.
Nos Estados Unidos, na década de 1950, Martha Grahan cria uma nova 
maneira de dançar; uma forma de dançar independente da música, baseando-se 
principalmente nos sentimentos que qualquer som consegue provocar. E com isso 
Martha abre espaço para todas as possibilidades de danças.
 Ao som relaxante que você está ouvindo tente “esvaziar” sua mente e preste atenção so-
mente à música.
 Deixe-se levar pela música e, à medida que se sinta levado por ela, comece a movimentar-se.
 Levante-se e solte-se com a música.
 Ao final, discuta a respeito de tudo que foi vivenciado.
53
Cinema
Falaremos um pouco a respeito do cinema e, para isso, vamos inicialmente procurar imitá-lo.
Tentemos visualizar estas cenas: 
Noite de inverno em Paris; mais precisamente, o Natal já ficou para trás e faltam ainda alguns 
dias parao ano terminar; estamos no dia 28 de dezembro de 1895.
É sábado e as ruas estão repletas de pessoas. As comemorações das festas de fim de ano criam 
um clima festivo e, apesar do frio da noite invernal, em meio às músicas, luzes e alegre movimenta-
ção, num porão escuro do Gran Café, algo inusitado, quase misterioso acontece: em uma sala escura, 
um pequeno grupo de pessoas olha hipnotizado para uma grande tela branca. 
Na verdade, a tela aos poucos deixa de ser branca, pois nela surgem imagens de pessoas saindo 
de uma fábrica. Logo depois, outra cena cria um verdadeiro alvoroço na sala: um trem avança em 
direção à plateia. Algumas pessoas chegam a pular de suas cadeiras, assustadas, criando um princípio 
de tumulto. No entanto, o trem passa e tudo continua como antes; esse foi o primeiro susto que essa 
invenção provocou no público que assistiu à apresentação.
Nessa noite, e com esse “susto”, nascia o cinema, e daí em diante faria nascer um novo mundo. 
O homem inventara o cinema, e este inventaria o mocinho, a mocinha e o bandido, criaria novos mun-
dos no fundo dos mares, em desertos e nas estrelas. Em épocas passadas e futuras, contaria histórias 
alegres e tristes, mostraria o homem no seu cotidiano e seus mundos de fantasia, mostraria a realidade 
e o sonho.
A sétima arte nascia. A arte que viria representar soberbamente o século XX e que só nele po-
deria ter acontecido, pois para que ele (o cinema) fosse possível, a humanidade já deveria encontrar-se 
inserida em um sistema industrial com suas incríveis invenções, como a eletricidade, a fotografia, a 
persistência retiniana etc.
Hoje, gravada numa pedra, no número 14 da rua dos Capucinos, em Paris, uma inscrição eter-
niza aquela noite. Nela está escrito: “Aqui, em 28 de dezembro de 1895, tiveram lugar as primeiras 
projeções públicas de fotografia animada com auxílio de cinematógrafo, aparelho inventado pelos 
irmãos Lumière.”
Naquela data ficou estabelecido o nascimento do cinema, e seus criadores foram os irmãos Au-
guste e Louis Lumière; no entanto, para chegar até esse momento, toda uma história aconteceu. E a 
história do nascimento do cinema é, resumidamente, esta:
Século XVIII, reinado de Luis XIV, o mundo tem notícia do embrião do cinema – a lanterna 
mágica.
Cinema
54
Lanterna mágica
A lanterna mágica.
Um artefato projetou imagens, como mostram as figuras acima. 
Outro passo importante foi dado com a invenção do fenacistiscópio: 
aparelho constituído de dois discos de papelão; num deles estão desenhadas as diferentes 
fases de um mesmo movimento, o outro tem fendas distribuídas de maneira tão regular 
quanto as imagens se distribuem. Fazendo girar os dois discos, tem-se a impressão de ver 
o movimento acontecer e repetir-se.
Para melhor esclarecer, o funcionamento desse aparelho, observe as figuras 
a seguir:
Um fenacistiscópio.
Logo a seguir, o terceiro passo seria dado com a invenção do teatro óptico, 
por Emile Reynald.
Teatro óptico.
Cinema
55
Na verdade, o teatro óptico apresentou-se como um aperfeiçoamento de 
uma outra descoberta de Emile – o praxioscópio.
Praxioscópio.
O que diferenciou o teatro óptico de todas as invenções anteriores e que 
o aproximou do cinema foram as imagens projetadas numa tela transparente ou 
numa parede branca.
No final do século XIX, várias descobertas se sucederam, facilitando o nas-
cimento do cinema. A eletricidade e a fotografia destacaram-se como duas des-
sas descobertas, facilitadoras da criação do cinematographe (cinematógrafo): um 
aparelho capaz de projetar numa tela imagens em movimento, por meio de uma 
sequência de fotografias.
Cinematógrafo.
Obturador
Entrada do filme
Suporte 
de garras
Guia do 
suporte 
de garras
Saída do filme
Câmera 
triangular
E, assim, chegamos àquela noite de inverno de 28 de dezembro de 1895.
Após aquela sessão, outras apresentações se sucederam, sempre cheias. Os 
Cinema
56
irmãos Lumière levaram sua invenção para toda a França e, logo depois, para 
outros países, inclusive para os Estados Unidos. E foi nos Estados Unidos que a 
nova invenção tornou-se uma indústria gigantesca.
No século XX, o cinema espalhou-se por todos os países; novas tecnologias 
surgiram e a qualidade dos filmes cresceu espantosamente. A capacidade de re-
criar a realidade foi se tornando cada vez maior, e o desejo de o homem conhecer 
o mundo e conhecer-se recebeu um fantástico reforço com essa nova maneira de 
ele expressar-se artisticamente.
Falamos um pouco a respeito dos primórdios do cinema, mas agora deve-
mos fazer novas perguntas: afinal de contas, o que é cinema? O que o diferencia 
das outras formas de expressão artística? Qual é a sua real importância?
A essas perguntas, daremos respostas na próxima aula.
57
Cinema II
Vamos iniciar esta aula com uma pergunta:
O que é um filme?
O Dicionário Aurélio nos dá a seguinte definição: é uma “sequência de imagens e/ou cenas, 
em movimento ou não, registradas em filme por uma câmera cinematográfica, para projeção poste-
rior em tela, depois de revelada a película.
Outra definição de filme poderia ser: uma história contada por meio de imagens em movi-
mento projetadas em uma tela.
Essa definição levanta uma questão: filme é sempre uma história contada?
A resposta é não, um filme não é necessariamente uma história contada. Alguns filmes não 
contam uma história, mostram aos espectadores um determinado acontecimento; uma certa região 
geográfica e, para tanto, não precisam “contar” uma história, mostram apenas fatos. A esses tipos 
de filme damos o nome de documentário.
Mas, se pensarmos no filme tradicional, e não no documentário, o que nos vem à mente é uma 
história contada. Para “contar essa história”, o filme faz uso de uma espécie de linguagem.
E o que é linguagem?
Linguagem é o uso da palavra articulada ou escrita como meio de expressão ou comunicação 
entre duas ou mais pessoas. Mas não apenas a palavra comunica, as imagens também atuam como 
um meio de comunicação.
Assim sendo, linguagem no cinema significa o uso de imagens apresentadas em sequência 
numa tela branca, com o objetivo de comunicar, expressar, contar algo para aquele que a observa. 
Vamos tentar entender melhor isso.
Exemplo: 
Cena I – uma mulher está tomando banho.
Cena II – aparece uma mão segurando uma faca afiada.
Cena III – a mão com a faca aproxima-se da cortina do banheiro onde a mulher se encontra.
Cena IV – a mulher vê a faca e grita.
Cena V – gotas de sangue sujam uma parede. 
O que você deduz disso? Você sabe, mesmo sem ter visto, que houve um caso de agressão, um 
assassinato (ou pelo menos a tentativa de um assassinado) e esse entendimento só foi possível porque 
a sequência de imagens comunicou a intenção do diretor do filme: praticar um assassinato.
Cinema II
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E ele (o diretor) fez tudo isso sem o uso de palavras. As imagens “contaram” 
o fato. Bem, filme é isto: uma sequência de imagens contando uma história.
No início da aula anterior, fizemos a descrição de um fato: a noite em que 
foi feita pela primeira vez a exibição de um filme para um público. Vamos retornar 
até lá e transformar tal descrição em um roteiro.
Syd Freld, famoso consultor de roteiro, esclarece melhor em que consiste um 
roteiro cinematográfico. Diz ele: 
O roteiro tem uma forma original; não é um romance nem peça de teatro, mas combina 
elementos contidos em ambos. Um roteiro consiste em uma história contada por meio de 
imagens, com diálogos e descrições localizadas dentro do contexto da estrutura dramática. 
E continua, agora a respeito de estrutura. 
A estrutura é o fundamento de todo roteiro – é a espinha, o esqueleto que ‘mantém’ tudo 
coeso. A estrutura de roteiro é como um mapa rodoviário do deserto, que mostra todas 
as informações de que o viajante necessita para enfrentar a jornada. É tanto um guia 
como um apoio [...]
E agora vamos à tarefa de transformar um texto em um roteiro cinemato-
gráfico. Veja como fica.
Exterior – rua da cidade – noite 
Uma rua de Paris. É noite. Luzes

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