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Ao Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região Agravante: Ericssom Leão Agravado: Hotel Letsgol Ltda. Origem: 12ª Vara do Trabalho de Vitória/ES Autos: TRT-ES2222-2009-012-00-17-01 Ericssom Leão, já devidamente qualificado nos autos do agravo de petição, vem, por intermédio do seu advogado que ao final subscreve, tributando o máximo respeito e acatamento à insigne presença de Vossa Excelência, inconformado, data venia, com v. acordão, interpor com fulcro no artigo 896 alínea “a”, da Consolidação das Leis do Trabalho, o presente RECURSO DE REVISTA consoante as razões em anexo, requerendo seu recebimento e processamento na forma da lei, intimando-se a parte contrária para, querendo, apresentar suas contrarrazões, fulcrado no artigo 900 da CLT. Por fim, requer a remessa dos autos para o Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, para seu processamento e julgamento. Nestes termos, Pede-se deferimento, Vitória/ES .. de ... de .... Advogado OAB/UF Egrégio Tribunal Superior do Trabalho Recorrente: Ericsson Leão Recorrido: Hotel Letsgol LTDA Origem: 12ª Vara do Trabalho de Vitória/ES Autos: TRT-ES2222-2009-012-00-17-01 RAZÕES DE RECURSO DE REVISTA Colenda Turma Nobres Julgadores I– DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O presente recurso de revista, tem como objetivo uniformizar a jurisprudência dos Tribunais Regionais do Trabalho, a fim de eliminar possíveis conflitos nas decisões trabalhistas, com base no que disciplina o artigo 896 da CLT, vejamos: “Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando: a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal; b) b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a; c) c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal. (grifei) No caso em tela, o Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, entendeu que embora o juízo de piso, em fase de conhecimento, tenha se manifestado no sentido de que o salário pago remunerava tão somente a jornada legal reconhecida, ou seja, seis horas diárias e trinta e seis horas semanais, esta turma entende que em se tratando de empregado horista não há como se reconhecer tal premissa esposada na decisão transitada em julgado. Por derradeiro, entendeu que o adicional de periculosidade é pago sobre o salário mínimo e não sobre o salário base, em total desacordo com entendimento já sedimentado pelos tribunais. Portanto, o presente Recurso de Revista preenche os requisitos para que seja admitido, por ser de direito e Lídima Justiça. II – DA TEMPESTIVIDADE O acordo foi remetida há publicação no dia .., sendo publicado no DJE no dia ..., iniciando a contagem do prazo no dia ..., sendo que o derradeiro dia será dia ..., o recurso foi interposto na data ..., Portanto, o Recurso de Revista é tempestivo. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm III– BREVE SÍNTESE PROCESSUAL. Ericssom Leão ajuizou reclamatória trabalhista pelo rito ordinário em face de Hotel Letsgol Ltda. A ação foi distribuída à 12ª Vara do Trabalho de Vitória/ES sob nº RT 2222/2009. O reclamante postulou pagamento de horas extras, assim consideradas as excedentes da 6ª diária de trabalho prestado em turno ininterrupto de revezamento, equiparação salarial, adicional de periculosidade, diferenças de FGTS e honorários advocatícios, atribuiu à causa valor de R$ 60.000,00. A reclamada apresentou defesa escrita impugnando especificamente cada um dos pedidos por Ericssom Leão. Em audiência de instrução foram ouvidas duas testemunhas de cada parte. O juízo de primeiro grau (12ª Vara do Trabalho de Vitória/ES), em sentença, deferiu o pagamento de horas extras excedentes da 6ª hora diária e da 36ª hora semanal, entendendo que o salário pago, mesmo em se tratando de trabalhador horista, remunerou somente a jornada estabelecida em lei, ou seja, 6 horas diárias e 36 semanais. Também condenou a empresa ao pagamento do adicional de periculosidade sobre o salário base do reclamante, deferiu ainda as diferenças de FGTS postuladas e honorários advocatícios, os demais pedidos foram rejeitados. A sentença atribuiu como valor da causa a quantia provisória de R$ 30.000,00 e fixou as custas em R$ 600,00. Inconformada com a sentença de fundo, a reclamada recorreu ao TRT da 17ª Região atacando todos os pontos da sentença que lhe foram desfavoráveis, fazendo o devido depósito recursal e pagamento das custas. A 2ª Turma do TRT da 17ª Região negou provimento ao recurso da reclamada. Insatisfeita ainda com a decisão de segundo grau a reclamada interpôs recurso de revista ao TST, todavia o recurso da empresa não foi admitido, por defeito dos pressupostos intrínsecos. Ultrapassado o prazo recursal, sem manifestação das partes, o processo foi devolvido à vara de origem para a execução da sentença. O juízo de execução determinou ao perito calculista que apresentasse os cálculos de liquidação de sentença. O perito apresentou os cálculos, no valor de R$ 42.222,00. Todavia o contador do juízo calculou as horas extras a partir da 8ª diária, computando quanto à 7ª e 8ª hora apenas o adicional de horas extras e, quanto ao adicional de periculosidade utilizou como base de cálculo o salário mínimo e não o salário base do reclamante. Os cálculos foram homologados sem vista para as partes. Após, garantido o juízo sem qualquer manifestação do executado, o exequente apresentou, no prazo e na forma prevista no artigo 884, caput, da CLT, impugnação à sentença de liquidação demonstrando as irregularidades nos cálculos homologados. O juízo da execução julgou improcedente o pedido do exequente sob o argumento de que os cálculos estavam corretos, pois no turno de revezamento não se justifica o pagamento de horas extras sobre a 7ª e 8ª hora trabalhada. O julgador também fundamentou que o adicional de periculosidade é pago sobre o salário mínimo nos termos da lei. Inconformado com a decisão do juízo a quo, o exequente apresentou agravo de petição ao TRT da 17ª Região, pedindo a reforma do julgado em relação a matéria em discussão. O TRT proferiu acórdão, com base na fundamentação abaixo descrita, negando provimento ao recurso do exequente parte do acórdão proferido pela E. Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região – Espírito Santo: “Agravante: Ericssom Leão Agravado: Hotel Letsgol Ltda. Origem: 12ª Vara do Trabalho de Vitória/ES Autos: TRT-ES2222-2009-012-00-17-01 “TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO. ..... Pretende o agravante a reforma da decisão do juízo da execução, que determinou o pagamento apenas do adicional de horas extras sobre a sétima e oitava horas, pretendendo o pagamento de hora extra de forma integral a partir da sexta diária. A decisão de mérito, transitada em julgado, determinou o pagamento das horas extras excedentes da sexta hora diária e trigésima hora semanal. Também reconheceu que o reclamante, ora exequente, percebia salário por hora, ou seja, recebia pelonúmero de horas efetivamente trabalhadas. Muito embora o juízo primeiro, em fase de conhecimento, tenha se manifestado no sentido de que o salário pago remunerava tão somente a jornada legal reconhecida, ou seja, seis horas diárias e trinta e seis horas semanais, esta turma entende que em se tratando de empregado horista não há como se reconhecer tal premissa esposada na decisão transitada em julgado. Corolário lógico de tais premissas é que as horas normais efetivamente trabalhadas pelo empregado encontram-se pagas. Se calcularmos as horas extras integrais e abatermos a hora normal já paga, posto que todas as horas trabalhadas foram devidamente pagas, inclusive a sétima e oitava hora, restará devido somente o adicional de horas extras em relação a estas. Sendo assim, esta turma entende que não merece provimento o agravo de petição do exequente, posto que correto o julgamento primeiro, em execução, que determinou o pagamento apenas do adicional de horas extras.” ..... “ADICIONAL DE PRERICULOSIDADE ..... Esta turma tem entendimento que adicional de periculosidade é pago sobre o salário mínimo e não sobre o salário base, como pretende o agravante. A base de cálculo do referido adicional é o salário mínimo, conforme a legislação vigente. Observa-se, portanto, que a sentença proferida pelo juiz de primeiro grau, na fase de conhecimento, contrariou o preceito de lei. Por estas razões, nego provimento.” Irresignado, o recorrente passa a enfrentar o acordão atacado, requerendo ao final, sua revisão, onde roga pelo restabelecendo da segurança jurídica. IV- DO MÉRITO a) DO TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO. O Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, em decisão do colegiado, entendeu que, muito embora o juízo primeiro, em fase de conhecimento, tenha se manifestado no sentido de que o salário pago remunerava tão somente a jornada legal reconhecida, ou seja, seis horas diárias e trinta e seis horas semanais, esta turma entende que em se tratando de empregado horista não há como se reconhecer tal premissa esposada na decisão transitada em julgado. Vejamos trecho do acordão: ..... Pretende o agravante a reforma da decisão do juízo da execução, que determinou o pagamento apenas do adicional de horas extras sobre a sétima e oitava horas, pretendendo o pagamento de hora extra de forma integral a partir da sexta diária. A decisão de mérito, transitada em julgado, determinou o pagamento das horas extras excedentes da sexta hora diária e trigésima hora semanal. Também reconheceu que o reclamante, ora exequente, percebia salário por hora, ou seja, recebia pelo número de horas efetivamente trabalhadas. Muito embora o juízo primeiro, em fase de conhecimento, tenha se manifestado no sentido de que o salário pago remunerava tão somente a jornada legal reconhecida, ou seja, seis horas diárias e trinta e seis horas semanais, esta turma entende que em se tratando de empregado horista não há como se reconhecer tal premissa esposada na decisão transitada em julgado. Corolário lógico de tais premissas é que as horas normais efetivamente trabalhadas pelo empregado encontram-se pagas. Se calcularmos as horas extras integrais e abatermos a hora normal já paga, posto que todas as horas trabalhadas foram devidamente pagas, inclusive a sétima e oitava hora, restará devido somente o adicional de horas extras em relação a estas. Sendo assim, esta turma entende que não merece provimento o agravo de petição do exequente, posto que correto o julgamento primeiro, em execução, que determinou o pagamento apenas do adicional de horas extras.” ..... Pois bem, a decisão regional trouxe contradição existente na sentença de primeiro grau já transitada em julgado, não há informação quanto a qualquer acordo coletivo, o que consequentemente faz jus o recorrente ao pagamento das horas extraordinárias laboradas além da 6ª, bem como o respectivo adicional. Ora, a própria Constituição Federa, assegura a todos os trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social, a jornada de seis horas para o trabalho. Vejamos: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva”. (grifo nosso) Vemos aqui a orientação jurisprudencial nº: 275 do Tribunal Superior do Trabalho, vejamos: “TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO . HORI STA. HORAS EXTRAS E ADICIONAL. DEVIDOS. Inexistindo instrumento coletivo fixando jornada diversa, o empregado horista submetido a turno ininterrupto de revezamento faz jus ao pagamento das horas extraordinárias laboradas além da 6ª, bem como ao respectivo adicional. Observação: Inserida em 27/9/2002” “TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO . HORA NOTURNA REDUZIDA. INCIDÊNCIA. O trabalho em regime de turnos ininterruptos de revezamento não retira o direito à hora noturna reduzida, não havendo incompatibilidade entre as disposições contidas nos arts. 73, § 1º, da CLT e 7º, XIV, da Constituição Federal. Observação: DEJT divulgado em 9, 10 e 06/11/2010” Portanto, o recorrente, que era à época horista submetido a turno ininterrupto de revezamento faz jus ao pagamento das horas extraordinárias laboradas além da 6ª, bem como ao respectivo adicional. b) DO ADICIONAL DE PRERICULOSIDADE O Egrégio Tribunal Regional Federal da 17ª Região, também entendeu que o adicional de periculosidade é pago sobre o salário mínimo e não sobre o salário base. Vejamos, in verbis: ..... Esta turma tem entendimento que adicional de periculosidade é pago sobre o salário mínimo e não sobre o salário base, como pretende o agravante. A base de cálculo do referido adicional é o salário mínimo, conforme a legislação vigente. Observa-se, portanto, que a sentença proferida pelo juiz de primeiro grau, na fase de conhecimento, contrariou o preceito de lei. Por estas razões, nego provimento.” Contudo, não obstante os fundamentos elencados no v. acordão, não devem prosperar, posto que o trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações no lucro da empresa. Vejamos o que disciplina a CLT, in verbis: “Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: (...) § 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa”. Portanto, mais uma vez o Tribunal de origem decidiu contrario a normas instituídas pelas CLT e, em total afronto a jurisprudência já sedimentada pelos Tribunais Superiores. V- DA CONCLUSÃO Ante o exposto, requer o conhecimento e provimento do recurso de revista nos termos da fundamentação supra. Termos em que, Pede e espera deferimento. Vitória/ES .... de .... de ... Advogado OAB/UF
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