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História da Comunicação TelegrafiaTelegrafiaTelegrafiaTelegrafiaTelegrafia Antônio José Chaves* Em 2 de setembro de 1835, Samuel Morseestendeu um fio de cerca de 550m entre duas salas de aula da Universidade de Nova Iorque, onde lecionava, e transmitiu uma série de sinais sem significado. Impressionado, o estu- dante Alfred Vail convenceu Morse a desenvol- ver o sistema na empresa de seu pai em Nova Jersey. Em 6 de janeiro de 1838, Vail passou a seu pai a primeira mensagem, utilizando um primitivo código de pontos e traços que formavam nú- meros, depois aperfeiçoado e simplificado por seu inventor para representar todo o alfabeto. Estava criado o Código Morse. Um mês depois, Morse demonstrou o telé- grafo ao presidente dos EUA. Mas ainda foram necessários cinco anos para que o Congresso liberasse a verba de US$ 30 mil para a instalação da primeira linha experimental de telégrafo, entre Washington e Baltimore, acompanhando a rota da ferrovia Baltimore & Ohio Railroad. A demonstração oficial do telégrafo ao Con- gresso aconteceu em 24 de maio de 1844: pe- rante as principais autoridades do governo norte-americano, Morse transmitiu do Capitólio, em Washington, a mensagem “What hath God wrought!” (“Que obra Deus fez!”), imediata- mente recebida por Alfred Vail no armazém ferroviário de Baltimore. Antes do telégrafo elétrico, o mundo já conhecia outras modalidades de telegrafia, como as linhas de telegrafo acústico, que existiam já no século IV aC; o telégrafo ótico com fogueiras noturnas; os celebres sinais de fumaça dos índios durante o dia, e até mesmo o “telégrafo das selvas”, usando tambores feitos com troncos de árvores. A palavra telégrafo foi criada em 1792, usando os vocábulos gregos tele (à dis- tância) e graphos (escritor). Na ocasião, o fran- cês Claude Chappe tinha criado um sistema de torres com placas de madeira que podia trans- mitir mecanicamente 63 sinais diferentes, sendo usado por Napoleão em sua invasão da Itália. Sistema semelhante ligou Londres aos estaleiros navais de Portsmouth. Por esta razão, tais siste- mas semafóricos foram os primeiros a serem descritos como telégrafos. O mérito de Morse – e de seu código – foi resolver a questão da padronização nas trans- missões telegráficas. Antes, cada país possuía seu próprio sistema de telegrafia e seu código de transmissão (às vezes mais de um), sendo necessário traduzir a mensagem a cada pas- sagem de fronteira. Números comprovam a força da novidade: só dentro da Grã-Bretanha foram despachados 745.880 telegramas no ano de 1855. Em 1889, já usando o código Morse, o total anual pulou para 60 milhões. A primeira tentativa de instalar a telegrafia entre continentes terminou a 380 milhas da cos- ta da Irlanda, em 1857, quando o cabo subma- rino se partiu. Após várias outras tentativas, somente em 1865 iniciou-se o serviço transa- tlântico contínuo. O barão Paul Julius von Reuter, com seu faro para notícias e oportunidades, enxergou no telé- grafo um importante aliado para sua agência noticiosa, que já havia tido grande êxito em 1849 ao utilizar pombos-correio entre França e Alemanha. Contando com cabos submarinos até a Inglaterra, a Reuters abriu escritórios em Lon- dres – o problema é que a imprensa britânica recusava-se a publicar notícias vindas exclusiva- mente por telégrafo. Somente em 1858 o jornal The Times aceitou publicar a notícia de um importante discurso de Napoleão. Mas a desconfiança persistia: quando Reuter recebeu por telegrama a notícia da morte da Abraham Lincoln, em 1865, a informação foi denunciada como mentira lançada por especuladores da Bolsa de Londres. Mas era verdade, e assim o telégrafo e a agência Reuters firmaram-se nas áreas da comunicação e da informação. * pesquisador e mestre em Ciência da Informação. Fontes: Novo Milênio. Telegrafia - Uma história de pontos e traços e Curiosidades da telegrafia. Disponíveis em http://www.novomilenio.inf.br/ano99/ 9902dtl1.htm e http://www.novomilenio.inf.br/ano99/ 9902dtl2.htm, respectivamente, em 27/11/9. LEVINSON, Paul. A arma suave. Lisboa: Editorial Bizâncio, 1998.
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