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PALPAÇÃO: Os objetivos de se realizar a palpação são: Avaliar o estado e o grau de resistência da parede abdominal; Estabelecer as condições físicas das vísceras reconhecidas pela palpação; Explorar a sensibilidade dolorosa do abdome. A técnica adequada para a palpação é: Manter o paciente em decúbito dorsal com pernas estendidas e braços ao lado do corpo; Despir o abdome da sínfise púbica até o apêndice xifoide; Mãos do examinador aquecidas; Palpar área dolorosa por último; Evitar força excessiva, pois pode causar contração voluntária da parede; Pedir para o paciente respirar profundamente, pois a expiração relaxa a musculatura; Observar sempre a face do paciente, em busca de eventual expressão de dor. A palpação abdominal divide-se em superficial e profunda, e pode ser feita com uma só mão ou com ambas as mãos (palpação bimanual). A mão espalmada será colocada sobre a parede anterior do abdome, com os dedos em ligeira flexão, os quais se movimentam à medida que se aprofunda a palpação. O paciente deverá respirar calmamente, aproveitando-se a fase expiratória, em que se reduz a tensão abdominal, para a palpação profunda. Inicia-se a palpação pela avaliação da tensão da parede abdominal. Com as pontas dos dedos, produzem-se dois a três abalos em cada local, percorrendo-se todas as regiões da parede abdominal de maneira ordenada. Em condições normais, a tensão abdominal é ligeiramente maior no centro do que nos flancos, em razão dos músculos retos abdominais, e, no andar inferior, em relação à região epigástrica. A tensão aumenta com a inspiração e diminui com a expiração. É maior nos jovens que praticam esporte, nos obesos, e reduzida nas crianças, nos idosos, nas multíparas e nos pacientes desnutridos. A palpação superficial inclui o exame das estruturas da parede e, eventualmente, das vísceras em contato com a mesma. Além das alterações próprias da pele e do tecido celular subcutâneo, a palpação superficial destina-se a avaliar a sensibilidade, a temperatura, a espessura e a continuidade da parede abdominal. De forma geral, durante a palpação superficial devem ser analisados a tensão, sensibilidade, presença de nodulações, presença de hérnias, espessura da parede e temperatura da parede abdominal. Há determinados pontos na parede abdominal que têm a particularidade de se tornar hipersensíveis, quando há comprometimento dos órgãos a eles correspondentes, e que devem ser pesquisados. Os principais pontos dolorosos são: Ponto Epigástrico: localiza-se na metade da linha xifoumbilical e mostra- se muito sensível na úlcera péptica em atividade. Ponto Cístico: situa-se no ângulo formado pela reborda costal direita, com a borda externa do músculo reto abdominal. A compressão desse ponto desperta dor nos processos inflamatórios da vesícula biliar. → Sinal de Murphy: para pesquisa desse sinal, o examinador posiciona um ou dois dedos (em geral o polegar) no ponto vesicular). Solicita a seguir ao paciente que inspire profundamente enquanto pressiona o ponto vesicular com o polegar. O sinal positivo é caracterizado pela abrupta interrupção da respiração pelo paciente, devido ao rápido aumento da dor referida no ponto vesicular provocada pelo encontro da vesícula (grande e dolorosa) contra o dedo que palpa. Apesar de esse sinal ser muito sugestivo de colecistite aguda, ele não é patognomônico. Esse sinal pode ser positivo em pacientes com distensão de alças intestinais, particularmente no ângulo entre o cólon ascendente e o transverso. Na colecistite aguda, a defesa muscular poderá ou não estar presente na área vesicular. → Sinal de Courvoisier-Terrier: esse sinal é definido pelo encontro de vesícula grande e palpável, porém não dolorosa, em paciente ictérico. Ponto Apendicular: localiza-se na união do terço externo, com os dois terços internos da linha que une a espinha ilíaca anterossuperior à cicatriz umbilical. A dor nesse ponto sugere apendicite aguda, especialmente quando há sinais de reação peritoneal. A compressão lenta da parede abdominal no ponto apendicular, seguida de descompressão brusca, produz dor no momento da descompressão quando há inflamação do peritônio (sinal de Blumberg). Pontos ureterais: localizam-se na borda externa dos músculos retos abdominais em dois níveis: na interseção com uma linha horizontal, que passa pela cicatriz umbilical, e outra que liga as duas espinhas ilíacas anterossuperiores. A maior sensibilidade nesses pontos é encontrada na cólica nefrética durante a migração de um cálculo renal. Palpação do Fígado: deve-se analisar a borda (se está fina ou romba), superfície (regular/lisa ou irregular), sensibilidade (indolor ou dolorosa), consistência (elástica/normal ou firme/aumentada) e reflexo hepatojugular (ausente ou presente). Palpação do Baço: utiliza-se a técnica de Mathieu-Cardarelli, em que o examinador fica posicionado do lado esquerdo do paciente, voltado para os pés do paciente, procurando palpar o baço com os dedos das mãos dispostos em garra e colocados ao longo do rebordo costal esquerdo. A palpação, nesse caso, deve também ser feita de forma harmônica com a respiração do paciente, pressionando os dedos sobre o rebordo costal esquerdo no final da expiração e procurando sentir a borda inferior do baço no final da inspiração seguinte. Método de Devoto: para a palpação do rim direito, o examinador, posicionado à direita, coloca sua mão esquerda paralela à 12ª costela por baixo do paciente, fazendo pressão para cima (tentando deslocar o rim anteriormente). A mão direita fica posicionada no quadrante superior direito, lateral e paralela ao músculo reto abdominal. O examinador, então, pede ao paciente que inspire profundamente, e tenta palpar o pólo inferior do rim direito pressionando sua mão direita com força contra o abdome. O detalhe importante dessa técnica é que a mão direita do examinador só deve pressionar o abdome bem no final da inspiração, para não impedir que o rim se desloque para baixo. O rim esquerdo é mais difícil de ser palpado do que o rim direito. Mesmo assim, a palpação pode ser tentada em casos específicos, com procedimento semelhante ao utilizado para o rim direito. Método de Israel: ou técnica das mãos em contrapressão: o paciente assume o decúbito lateral oposto ao rim que se palpará. Para a palpação do rim direito, por exemplo, o paciente assume o decúbito lateral esquerdo, flexionando o membro inferior direito levemente sobre a bacia. Nessa posição, a mão esquerda do examinador pressiona o ângulo lombocostal aproximando o rim para a frente, enquanto a mão direita tenta palpar o pólo inferior do rim na descida inspiratória. Palpação do Estômago: a grande curvatura só é palpável quando o órgão estiver distendido. Paciente em decúbito dorsal, examinador à direita do paciente, mãos oblíquas com convergência dos dedos. Deslocar as mãos no epigástrio na linha xifo-umbilical, de baixo para cima. A grande curvatura será sentida como um degrau. Palpação do Colo Transverso: geralmente localizado no mesogástrio, próximo à cicatriz umbilical. Percebido como um cordão cilíndrico de 1,5 a 3cm. Pode ser palpável em indivíduos magros, com parede abdominal flácida. Técnica igual à palpação do estômago. Palpação do Cólon Ascendente/ Ceco/ Cólon Descente/ Sigmóide: paciente em decúbito dorsal, examinador do lado a ser examinado, mãos oblíquas em arco com a borda ulnar apoiada no abdômen. Realizar movimentos de cima para baixo e de dentro para fora. Sigmóide é a estrutura mais facilmente palpável. Palpação na Psoíte: mãos sobrepostas acima da cicatriz umbilical, aplicar forte pressão em movimentos de cima para baixo, em zigue-zague,em sentido oblíquo em direção à fossa ilíaca. Nota- se massa muscular endurecida e dolorosa. Sinal do Psoas: mãos sobrepostas acima da cicatriz umbilical, aplicar forte pressão em movimentos de cima para baixo, em zigue-zague, em sentido oblíquo em direção à fossa ilíaca. Nota- se massa muscular endurecida e dolorosa. Hérnias: colocar a ponta do indicador direito no anel herniário e pedir para o paciente realizar a manobra de valsalva. Sentir a alça intestinal com a ponta do dedo. Palpação na Peritonite: contratura muscular localizada: sinal precoce de peritonite. Abdome em “´tábua”: contratura muscular generalizada, fase avançada da peritonite. Ponto de McBurney: na união entre o terço externo e os 2 terços mediais da linha entre a cicatriz umbilical e a crista ilíaca Ântero-superior direita. Fica doloroso à palpação na apendicite. Sinal de Rovsing: compressão da fossa ilíaca esquerda em direção ao cólon ascendente. Paciente refere dor na fossa ilíaca direita. A dor é causada pelo deslocamento retrógrado de gás, irritando o apêndice inflamado. Sinal do M. Obturador: o examinador flexiona a coxa direita do paciente sobre o quadril com o joelho direito flexionado, faz-se a rotação interna da coxa direita e o paciente refere dor em hipogástrio, à direita. PERCUSSÃO: A percussão digital do abdome deve ser feita com o paciente em decúbito dorsal. As vísceras maciças, como o fígado e o baço, produzem som maciço, enquanto as vísceras que contêm ar produzem som timpânico. A percussão do hipocôndrio direito é utilizada para determinar os limites superior e inferior do fígado. A obtenção de som timpânico no hipocôndrio direito indica pneumoperitônio ou interposição do cólon entre a parede abdominal e o fígado. Em presença de ascite, estando o paciente em decúbito dorsal, obtém-se som timpânico, na região mesogástrica, e maciço nas demais regiões. Com a mudança de posição, alteram-se os limites das zonas de timpanismo e macicez. Sinal de Jobert: é um sinal clínico que se refere ao desaparecimento da macicez e aparecimento de hipertimpanismo na região hepática. Sinal de Torres-Homem: aparecimento agudo de dor à percussão digito-digital na projeção do fígado sugestivo de abcesso hepático Sinal de Giordano: paciente sentado, percussão súbita da loja renal com a borda ulnar da mão ou com a mão fechada realizando um anteparo com a outra mão. Espaço de Traube: é uma zona de percussão de timbre timpânico de formato semilunar, limitada à direita pelo lobo esquerdo do fígado, acima pelo diafragma e pulmão esquerdos e à esquerda pela linha axilar anterior esquerda. O normal é o paciente apresentar timpanismo (traube livre), é considerado anormal quando há macicez (indica esplenomegalia). Hepatimetria: para determinação da altura da macicez hepática, devemos efetuar a percussão no tórax anterior sobre a linha hemiclavicular direita, iniciando na altura do quarto espaço intercostal. O fígado, normalmente, passa a ser percutível a partir do quinto espaço intercostal direito na maioria das pessoas, atingindo uma altura variável de 6 a 12cm. Se a borda superior do fígado (identificada com facilidade por essa técnica) estiver abaixo do sexto espaço intercostal, podemos estar diante de uma ptose hepática ou atrofia do fígado. ASCITE: Mecanismos envolvidos da formação de ascite: 1. Transudação de fluídos como resultado de hipertensão portal, da veia hepática ou da VCI; 2. Obstrução da drenagem linfática do peritônio; 3. Diminuição da pressão oncótica; 4. Aumento da produção de fluídos por inflamação ou carcinomatose peritoneal. Na inspeção deve-se analisar: Estrias no abdome por distensão; Cicatriz umbilical tende a ficar mais próxima à sínfise púbica; Presença de hérnias pelo aumento da pressão intra-abdominal; Presença de edema escrotal nos homens; Circulação colateral venosa tipo porta: ocorre na hipertensão portal; Circulação colateral venosa tipo cava: ocorre nas obstruções da VCI; Pesquisa do sentido do fluxo venoso: comprimir uma extremidade da veia. Fazer uma. Liberar a pressão do primeiro dedo. Na ausculta deve-se avaliar: Sinal Puddle (poça d’água): permite detectar ascites mínimas (até 120 ml). Paciente de cócoras no leito, com região central do abdome pendente. Realiza-se piparote em um flanco com o estetoscópio na porção pendente do abdome. Desloca-se o estetoscópio para o outro flanco e faz-se outro piparote. O segundo som é mais nítido do que o primeiro, pois não tem a barreira do líquido. Percussão na ascite: Macicez de flancos: útil em ascites pequenas. Em decúbito dorsal o líquido acumula-se em flancos rechaçando as alças intestinais para a parte anterior e central do abdome. Som maciço em flancos e timpânico na parte central Macicez móvel: percutir o abdome da cicatriz umbilical em direção ao flanco até determinar onde inicia-se a macicez com o paciente em decúbito dorsal. Paciente assume decúbito lateral oposto ao que está sendo percutido; nova percussão no ponto inicial mostra som timpânico, devido deslocamento do líquido para o lado contralateral. Sinal do Piparote ou onda de fluido: presente em ascites médias ou grandes. Pedir para o paciente ou um assistente colocar a borda ulnar da mão na linha média do abdome (impede a passagem cutânea da onda); uma mão espalmada em um dos flancos Piparote no flanco contralateral. A mão espalmada sente a onda líquida bater na parede; percutir da cicatriz umbilical em direção aos flanco e hipogástrio. O som timpânico próximo à cicatriz umbilical, passa a ser maciço nos flancos e hipogástrio. A união imaginária desses pontos forma um semicírculo (Skoda). REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: Livro – Semiologia Médica – Porto – 7ªed.
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