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Gastro - Thayná Martins Turma 104 Cir���� Hepáti�� Introdução Estrutura do fígado normal: ❖ Os hepatócitos estão dispostos em cordões ❖ Espaço de Disse: localizado entre os sinusóides e as células ❖ V. porta > V. centrolobular ❖ Histologia ➢ Zona 3: mais próximo da V. centrolobular; é a área que mais sofre Fígado cirrótico ❖ Perda da arquitetura normal do fígado ❖ Formação de nódulos circundados por fibrose Classificação Morfológica da Cirrose ❖ C. hepática macronodular: o álcool é a principal causa ❖ C. hepática micronodular: hepatites são as principais causas ❖ C. hepática mista Etiologia da Cirrose ❖ Álcool ➢ Ao ser metabolizado no fígado, o álcool forma ácidos graxos que deposita gotas de gordura nos hepatócitos (Esteatose alcoólica) ■ Sofrimento hepático > Inflamação > Fibrose em pontes ■ Predomínio da TGO > sofrimento intracelular ❖ VHC e VHB ❖ Esteato hepatite não alcoólica (NASH) > estresse oxidativo; predomínio da TGP ➢ Obesidade, Diabete tipo 2, Hiperlipidemia, medicamentos Gastro - Thayná Martins Turma 104 ❖ Hemocromatose: causa hereditária; depósito de ferro que leva a um estresse oxidativo no fígado; nesses casos a ferritina geralmente está elevada; pancreatite crônica pode estar associada ❖ Doença de Wilson: alteração no metabolismo do cobre; depósito de cobre ao redor da íris; coexiste alterações neurológicas, ocular, psiquiátricas e a hepatopatia ➢ Acúmulo de cobre nos hepatócitos > inflamação > regeneração > fibrose ❖ Deficiência de alfa 1 antitripsina: é uma causa rara de cirrose ➢ Essa enzima é produzida no fígado e não é excretada, logo fica acumulada no fígado > inflamação crônica > necrose hepatocelular > fibrose ➢ Os neutrófilos do pulmão deixam de ser inibidos por essa enzima levando ao enfisema pulmonar devido a ação exagerada da elastase ❖ Estase Venosa pode levar a uma hepatopatia crônica ➢ Causas: ICC, pericardite constritiva, sd de Budd Chiari (trombose das veias hepáticas) ❖ Obstrução dos ductos biliares ❖ Colangite biliar primária (cirrose biliar primária): doença autoimune ❖ Colangite esclerosante primária: dilatações e estenoses; intimamente ligada a doença inflamatória intestinal;também é autoimune ❖ Hepatite auto imune: processo inflamatório autoimune dentro dos hepatócitos ❖ Uso crônico de drogas/medicamentos: ➢ Metotrexate > imunomodulador ➢ Alfa metildopa > anti hipertensivo; atualmente quase não é mais utilizado ➢ Amiodarona > antiarrítmico Obs: Esquistossomose não causa cirrose e nem ascite, pois ela é pré sinusoidal e não altera a microcirculação hepática (como ocorre com os nódulos de fibrose) - Cirrose = subversão da arquitetura hepática normal por nódulos circundados de fibrose - Esquistossomose: hipertensão portal do tipo pré sinusoidal > fibrose perivascular, função hepática preservada - Principal complicação: sangramento das varizes esofágicas Gastro - Thayná Martins Turma 104 Aspectos Clínicos da cirrose ❖ Cirrose compensada x Cirrose descompensada (icterícia, ascite, HD, encefalopatia) ❖ Sexo (homens bebem muito mais que as mulheres; doenças autoimunes são mais frequentes nas mulheres), idade (certas doenças são diagnosticadas a partir de determinada idade), profissão ❖ Perguntar sobre antecedentes: icterícia, transfusão sanguínea, tatuagens, uso de álcool e drogas ❖ Dor abdominal, emagrecimento, ascite, hemorragia digestiva, encefalopatia ➢ Encefalopatia hepática é a presença de derivados nitrogenados que não foram metabolizados pelo fígado e ultrapassam a barreira hematoencefálica, funcionando como falsos neurotransmissores ■ Flapping de mãos ❖ Exame físico: ➢ Importante analisar o estado geral, nutrição, presença de icterícia, hálito hepático (cheiro enjoativo) ➢ Aranhas vasculares ou telangiectasias (micro aneurismas) > ocorrem por conta do hiperestrogenismo ou seja, não aparecem somente na cirrose ➢ Eritema palmar ➢ Atrofia testicular ➢ Ginecomastia (por causa do aumento do estrogênio circulante) ➢ Alteração da distribuição de pelos: também ocorre devido ao hiperestrogenismo ➢ Edema de MMII ➢ Examinar o fígado > pode estar aumentado ou diminuído (fibrose) ou de tamanho normal ➢ Examinar o baço ➢ Examinar a ascite > pesquisa da macicez móvel ➢ Observar a presença de circulação colateral Gastro - Thayná Martins Turma 104 Aranhas vasculares; Eritema palmar; Ginecomastia; Circulação colateral, hérnia umbilical e ascite Aspectos Laboratoriais ❖ Hemograma: anemia, pancitopenia, leucopenia ❖ Plaquetas ❖ TAP (tempo de atividade de protrombina) ❖ Bilirrubinas ❖ ALT ❖ AST ❖ GGT ❖ FA ❖ Albumina ❖ Uréia > avaliar a função renal ❖ Creatinina > avaliar a função renal ❖ Na ❖ K ❖ Análise do Líquido ascítico: citometria, citologia, proteína total, albumina ➢ GASA, infecção ❖ Marcadores virais Gastro - Thayná Martins Turma 104 ❖ Auto-anticorpos: FAN e outros específicos ❖ Ferro ❖ Saturação de transferrina ❖ Ceruloplasmina (Doença de Wilson) ❖ Alfa-1-antitripsina Exames complementares: ❖ Endoscopia digestiva alta (EDA): varizes esofágicas ➢ Verificar a necessidade de uma profilaxia primária para evitar hemorragia ❖ USG: importante para confirmar a hepatopatia (baixa sensibilidade e alta especificidade) > aspecto de papel rasgado, heterogenecidade, dilatação de veia porta, aumento do lobo caudado ❖ Tomografia ❖ Elastografia: analisa a rigidez do fígado ❖ Biópsia hepática por agulha: diagnóstico histológico (não é muito utilizado) ❖ Laparoscopia Tratamento ❖ Medidas gerais ➢ Dieta balanceada: 1-1,2 g proteína/dia ➢ Abstinência ao álcool ➢ Restrição parcial de sódio ➢ Evitar uso de medicação hepatotóxica (isoniazida) ➢ Evitar uso de benzodiazepínicos (evitar encefalopatia) ➢ Praticar atividade física ❖ Tratamento etiológico ➢ CH alcoólica: abstinência do álcool ➢ Hepatites virais: Interferon/ribavirina, lamivudine ➢ HAI: corticoide + azatioprina ➢ D. wilson: penicilamina ➢ Hemocromatose: sangria terapêutica ➢ CBP/CEP: ácido ursodesoxicólico Gastro - Thayná Martins Turma 104 Com���c�ções �� C��ro�� H��áti�� - Principais repercussões clínicas - Hipertensão portal e Insuficiência hepática - Consequências: hemorragia digestiva, ascite > peritonite bacteriana espontânea; encefalopatia hepática (flapping); sd hepatorrenal Hemorragia digestiva varicosa Fatores de risco para sangramento por varizes de esôfago: - Tamanho da variz > quanto maior, maior o risco - Presença de sinais vermelhos > pontos vermelhos no topo da variz - Gravidade da doença hepática (Child C) - Gradiente de pressão venosa hepática > 12 mmHg - Acima de 10 mmHg já surgem as varizes Medidas profiláticas ou de suporte: Gastro - Thayná Martins Turma 104 - Propanolol é o betabloqueador não seletivo mais utilizado (é contraindicado para paciente asmático, dpoc, doença arterial periférica - Ligadura elástica: mais cara, menos disponível nos serviços - O sangramento de muitos paciente para espontaneamente - Terlipressina: droga vasoativa (constritores esplânicos) - Antibioticoprofilaxia: prevenir peritonite e diminuir a chance de ressangramento (ceftriaxona ou norfloxacina) - Na profilaxia secundária há uma terapia combinada - Balão é uma medida temporária - TIPS: shunt intra hepatico porto sistemico; Ascite Causas de ascite ❖ Cirrose hepática (80%): hipertensão portal + hipoalbuminemia ❖ Carcinomatose peritoneal ❖ ICC ❖ Tuberculose peritoneal ❖ Desnutrição Gastro - Thayná Martins Turma 104 Fisiopatologia da ascite: Diagnóstico da ascite: ● É clínico (macicez móvel e piparote) ● Exames de imagem ajudam a confirmar ou para pegar ascites pequenas Paracentese diagnóstica: ● Descobrir de onde vem essa ascite ● Deve ser realizada em todo paciente internado com ascite, no momento da admissão hospitalar; quando houver deterioração do quadro clínico ou quando o paciente apresentar febre Análise do líquido ascítico ● Obrigatórios: Contagem de células, albumina, proteínas totais e cultura do LA ● Opcionais: glicose/DHL, Gram/Cultura TB, Amilase/triglicerídeos, pesquisa de células neoplásicas Cálculo do GASA ● Albumina sérica menoso valor da albumina do líquido ascítico ● Gradiente Alto (> 1.1) ○ Causas: Cirrose hepática, IC, metástases hepáticas e sd de Budd Chiari ● Gradiente Baixo (<1.1) ○ Causas: Carcinomatose peritoneal, sd nefrótica, peritonite tuberculosa, ascite pancreática Gastro - Thayná Martins Turma 104 Características do líquido ascítico em pacientes cirrótico ● Contagem de células baixas: leucócitos < 500 células/mm3 (PMN < 250) > (não infectado) ● GASA > 1.1 ● Proteína total < 2,5 g/dl (baixa) ● Cor amarelo citrino Tratamento da ascite no cirrótico ● Dieta com restrição de Na+ (2g/dia) ● Restrição hídrica se Na < 120 mEq/l ● Diurético Terapia: espironolactona (100 mg/día) / furosemida (40 mg/día) ● Paracentese terapêutica com reposição de albumina ( 6-8 g/litro de LA) ○ Repor para evitar uma disfunção circulatória e recorrência da ascite Características do líquido ascítico na ICC ● Leucócitos < 500 (PMN < 250) ● GASA > 1.1 ● Proteína total > 2,5 g/dl (alta) ● Amarelo citrino Características do líquido ascítico na carcinomatose peritoneal ● Contagem de células baixas ● GASA < 1.1 ● Proteína total alta ● Cor amarelo citrino/hemorrágico Gastro - Thayná Martins Turma 104 Peritonite bacteriana espontanea ● Infecção do líquido ascítico que ocorre em cirróticos descompensados na ausência de uma fonte intra abdominal de infecção (divertículo perfurado, úlcera perfurada…) ● Patogênese: ocorre por translocação de bactérias entéricas e baixa capacidade de opsonização do LA ● Diagnóstico: Contagem de PMN no LA > 250/mm3 e cultura de LA positivo, além de outras características clínicas de infecção: febre ● Tratamento: ○ Cefotaxima (antibiótico) + albumina (a reposição de albumina tem o objetivo de prevenir disfunção renal e melhorar a sobrevida de pacientes com creatinina > 1 mg/dl e/ou bilirrubina > 4 mg/dl) ○ Duração: 5 a 10 dias ○ Repetir a paracentese após 48h do início da ABT (a contagem de PMN tem que ter reduzido de 25 a 50%) ○ Profilaxia secundária (evitar recorrência): Norfloxacina 400mg/dia contínuo Encefalopatia hepática ● São alterações neuropsiquiátricas reversíveis > tratável ● Tem um amplo espectro clínico: formas subclínicas até o coma ● Ocorre durante a Cirrose hepática descompensada, quando há a formação de shunts portossistêmicos e na insuficiência hepática aguda ● Graus ○ Grau I: déficit de atenção. euforia, inversão do padrão sono vigília ○ Grau II: alteração de comportamento, desorientação, asterixis (flapping) ○ Grau III:Estupor, desorientação, incontinência esfincteriana ○ Grau IV: Coma, convulsões, hipo ou arreflexia.. ● Patogenia ○ Aumento dos níveis de amônia (pois o fígado não está metabolizando corretamente) ○ Ação de falsos neurotransmissores ○ Aumento do número e da sensibilidade de receptores GABA/benzodiazepínicos (inibitórios) Gastro - Thayná Martins Turma 104 ○ Aumento de neurotransmissores inibitórios ● Fatores precipitantes: (aumentam a permeabilidade da barreira hematoencefálica) ○ Hemorragia digestiva ○ Infecções (pneumonia, ITU, PBE) ○ Ingestão excessiva de proteínas ○ Alterações eletrolíticas: hipocalemia > pode ser causada pelo uso de diuréticos ○ Uso de benzodiazepínicos ○ Insuficiência renal ○ TIPS (shunt intra hepatico porto sistemico) ● Diagnóstico ○ É clínico! ■ Alterações neuropsíquicas, asterix, hálito hepático.. ○ Testes psicométricos para encefalopatia subclínica ○ Eletroencefalograma (raro fazer) ● Tratamento ○ Identificar e corrigir o fator desencadeante: infecções, HD, excesso de proteína, sedativos (benzodiazepínicos), diuréticos ○ Suspender o uso de diurético ○ Restringir proteínas de origem animal da dieta ○ Suporte calórico adequado ■ Sarcopenia favorece a permanência da encefalopatia ○ Lactulose: 10 a 30 ml 3 x dia ○ Neomicina: 2 a g/dia ○ Metronidazol: 750 mg/dia Síndrome hepatorrenal ● Insuficiência renal funcional que ocorre em pacientes com CH avançada na ausência de evidência clínica, laboratorial ou anatômica de doença renal ● Não há lesão arquitetural e sim vasoconstrição das artérias renais ● Complicação mais grave e com maior mortalidade do paciente cirrótico ● Alterações histológicas renais mínimas ou ausentes ● Rim transplantado de pacientes com SHR para paciente com insuficiência renal, funciona normalmente ● Transplante de fígado reverte a insuficiência renal Gastro - Thayná Martins Turma 104 ● Classificação: ○ Tipo 1: rápida e progressiva perda da função renal em curto período de tempo (dias ou semanas) ○ Tipo 2: evolução mais lenta, sobrevida superior ao tipo 1, paciente que tem ascite refratária ● Critérios para diagnóstico de SHR: ○ Cirrose com ascite ○ Lesão renal aguda pelos critérios de ICA AKI ■ Aumento da creatinina nas últimas 48h ○ Ausência de melhora nos valores de creatinina após pelo menos dois dias de interrupção do uso de diuréticos e iniciada a expansão com albumina ○ Ausência de choque, uso recente ou recorrente de drogas nefrotóxicas ○ Ausência de doença renal parenquimatosa indicada por proteinúria superior a 500 mg/dia, hematúria microscópica (> 50 hemácias por campo) e/ou encontro de alterações renais estruturais na USG ● Tratamento: ○ O melhor é a prevenção de SHR ○ Transplante hepático antes da SHR ○ Evitar fatores precipitantes: paracentese sem reposição de albumina, PBE e hemorragia digestiva ○ Tratar fatores precipitantes
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