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Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Cirrose hepática Fígado Abaixo do rebordo costal direito; Dupla nutrição vascular ➝ artéria hepática própria (1/3 da nutrição) e veia porta (2/3); Circulação porta: veia porta ➝ veia esplênica; veia mesentérica superior; veia mesentérica inferior; veia gástrica direita e esquerda (relacionadas com varizes esofágicas e de fundo gástrico); Maior órgão abdominal; Funções: produção de proteína (albumina); fatores de coagulação; metabolização de toxinas; metabolismo da glicose; produzir e secretar a bile; Fisiopatologia Cirrose: grau de fibrose avançada do fígado ➝ distorção (sangue tem dificuldade em fluir) da arquitetura hepática ➝ formação de nódulos de fibrose; o Macronodular >3mm; o Micronodular <3mm Injuria hepática progressiva ➝ fibrose ➝ hipertensão porta e descompensação ➝ inicialmente assintomática ➝ ascite; peritonite bacteriana espontânea; encefalopatia hepática; HD varicosa; síndrome hepatorrenal; carcinoma hepatocelular; Fígado normal ➝ hepatite crônica ➝ cirrose ➝ hepatocarcinoma Etiologia HBV e HVC crônica; Doença Hepática Alcoólica; Esteato-hepatite não-alcoólica; Hemocromatose; Hepatite auto-imune; Colangite Biliar Primária (CBP) e Colangite Esclerosante Primária (CEP); Doença de Wilson; Deficiência de α-1-antitripsina; Cardíaca; Infecção (sífilis; Medicações (metotrexato, isoniazida, metildopa) Investigação Sorologias virais (anti-HCV, HBsAg, anti-HBc, anti-HBs); História de etilismo; DM2 e Síndrome Metabólica; Perfil de ferro (ferritina e saturação de transferrina); Anticorpos Hepatite auto-imune (HAI), Colangite Benigna Primária (CBP) e Colangite Esclerosante Primária (CEP); Manifestações clínicas Compensados: assintomáticos ou inespecíficos (anorexia, fraqueza, fadiga) ➝ Child A; Descompensados: icterícia/ colúria, acolia; prurido; sangramentos; distensão abdominal; confusão mental; distúrbios do sono; câimbras; amenorreia e irregularidade menstrual; impotência, infertilidade, perda de libido e atrofia testicular; Exame físico Tendência a hipotensão arterial; Pele: icterícia, teleangiectasia; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Cabeça e pescoço: hipertrofia de parótidas, halitose hepática; Tórax: ginecomastia, perda de pelos axilares; Telangiectasias, alterações hormonais, ginecomastia, perda de pelos, atrofia muscular, eritema palmar; Abdome: ascite, esplenomegalia, circulação colateral; Genital: atrofia testicular; Extremidades: eritema palmar, baqueteamento digital, contratura de Dupuytren; Neurológico: Flapping/ Asterixs; Laboratorial Transaminases: moderadamente elevadas (TGO/TGP 2:1 ➝ sugere hepatopatia alcoólica); Fosfatase alcalina: >3x ➝ sugere colestase associado (CBP, CEP…); GamaGT: associado a fosfatase alcalina; avalia o uso de álcool e medicação; Bilirrubinas: aumento associa-se com severidade da cirrose; Albumina: severidade da cirrose; Tempo de Protrombina: meia-vida < 24 h; severidade da cirrose; Sódio: hiponatremia ➝ dificuldade de excretar água livre (começam a ficar hemodiluídos); Hematológico: plaquetopenia ➝ tende a piorar com a progressão da hipertensão portal; mecanismos hormonais, deficiência da produção de trombopoetina, sequestro esplênico de plaquetas (hiperesplenismo); anemia; leucopenia; ➝ Risco de sangramento pequeno pela plaquetopenia Diagnóstico Diagnóstico definitivo: biópsia hepática (padrão- ouro) (raramente é feito para diagnóstico de cirrose hepática) ➝ dúvida em relação ao diagnóstico ou dúvida em relação à etiologia; Clínico: estigmas de hepatopatia crônica o Evidências laboratoriais (bilirrubina aumentada, INR baixo, albumina baixa) ou radiológicas ou visualização direta em cirurgia (irregular, micronodular de aspecto cirrótico); o Hemorragia Digestiva Alta (HDA) varicosa, ascite, PBE ou encefalopatia hepática; o Fator etiológico identificado (paciente etilista e com ascite provavelmente é cirrose; paciente teve hepatite C com hemorragia digestiva alta varicosa provavelmente é cirrose); Classificação e prognóstico Critérios da classificação de Child-Pugh (dinâmico): o Ascite (ausente, leve, moderado); Variável clínica ➝ ausente, controlado por diuréticos e sem controle por diuréticos; o Encefalopatia (variável clínica); o Bilirrubina; o Albumina; o TP (INR); A. 5 – 6 pontos B. 7-9 pontos C. >10 pontos Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo ➝ Sobrevida em 1 ano: child A 100%; child B 80%; Child C 45% MELD: lista de transplante ➝ critérios objetivos (apenas variáveis laboratoriais): creatinina; bilirrubina; INR; Na+; ➝ Child é muito operador dependente; ➝ MELD > 15 pontos ➝ mortalidade começa a ficar maior que 10% (começa a ser avaliado para transplante); Tratamento Medidas profiláticas: vacinação; nutrição; profilaxias primárias; screening HCC (hepatocarcinoma); Tratar complicações: ascite ➝ PBE (Peritonite Bacteriana Espontânea); Hipertensão Digestiva Alta (HDA) varicosa; Síndrome hepato-renal; Encefalopatia hepática; Vacinação Vacina gripe; hepatite B; hepatite A; Pneumocócica (P23 – a cada 5 anos); antitetânica; COVID; febre amarela (vacina de vírus vivo e atenuado ➝ risco de descompensar a hepatopatia de pacientes Child B ou Child C); Nutrição Desnutrição 20-60% em cirróticos; Dietas hiperproteicas (melhora sustentada do estado mental): 1-1,5 g/kg de peso seco; Dieta com restrição proteica não tem benefício comprovado em encefalopatia hepática aguda (dieta normoproteica é o indicado); Estado hipermetabólico: suplementação no final da noite; Ingesta de sódio 2 g/dia ➝ ascite; Restrição hídrica (ingesta < volume de urina): hiponatremia < 120 mmol/L, se não, não há benefício em fazer restrição hídrica; Complicações Ascite Hipertensão portal ➝ produção maior de vasodilatadores (principalmente óxido nítrico) ➝ dilatação do sistema arteriolar esplênico (veias gástricas, veias mesentéricas, veias esplênicas) ➝ sequestro de sangue e de líquido nesse sistema ➝ o coração interpreta que há uma hipervolemia ➝ ativação do sistema renina-angiotensina- aldosterona ➝ o rim retém mais sódio e consequentemente mais água ➝ aumenta o volume plasmático ➝ formação de exsudato ➝ ascite; Por outro lado, ocorre aumento da pressão capilar esplênica intra-hepática e aumento da produção de linfa hepática que acaba se depositando na cavidade peritoneal; Bloqueadores β-adrenérgico diminuem a pressão portal ➝ diminui a pressão capilar ➝ ajuda a diminuir a formação de ascite. Os antagonistas de aldosterona atuam principalmente no rim, evitando a reabsorção de sódio; Ascite refratária ➝ paracentese; Cirrose hepática é responsável por até 85% das causas de ascite; Diagnóstico diferencial: análise do Líquido Ascítico, obtido por meio da paracentese; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Diagnóstico: história clínica; exame físico; análise do fluído ascético; Análise do líquido ascético: o GASA: Albumina do Plasma (Sérica) - Albumina do LA > 1,1 ➝ 97% de acurácia para hipertensão portal; ➝ GASA = Gradiente da Albumina Soro-Ascite Kit básico de avaliação do líquido ascítico: contagem celular total e diferencial; albumina sérica no sangue e no liquido; proteína total do líquido ascítico; Classificação de acordo com o GASA: o Gradiente Alto (≥ 11 g/L): cirrose; hepatite alcoólica; ascites devido a complicações cardíacas; hepatite fulminante; síndrome de budd-chiari; trombose de veia porta; doença da oclusão venosa; o Gradiente baixo (< 11 g/L): carcinoma peritoneal; tuberculose peritoneal; ascites devido a complicaçõespancreáticas; ascites devido a complicações biliares; síndrome nefrótica; serosites provocadas pelo lupus eritematoso sistêmico, doenças vasculares; Tratamento: o Ascite de moderado volume: tratado ambulatorialmente; Diurético: Espironolactona (50 a 200 mg/dia) ou Amilorida (5 a 10 mg/dia) ➝ reservada para casos que o paciente apresenta ginecomastia volumosa ou dolorosa; + Furosemida 20 a 40 mg/dia pode ser adicionada nos primeiros dias (principalmente em pacientes com edema periférico) ➝ Cuidar com piora da função renal); ➝ Diuréticos poupadores de potássio: espironolactona e amilorida; Perda de peso recomendada (variações de peso tem correlação com a variação de líquido); Com edema periférico: 800 a 1000 mg/dia; Sem edema periférico: 300 a 500 mg/dia; Ascite de grande volume: o Paracentese de grande volume: infusão de Albumina 6-8 g para cada litro quando passa de 5 litros (medida profilática para o desenvolvimento de síndrome hepato-renal ➝ quando se retira grandes quantidades de líquido ascítico do abdome a tendência do organismo é produzir mais líquido); o Administração de Diuréticos em doses crescentes (Espironolactona até 400 mg/dia e Furosemida até 160 mg/dia); ➝ Quando pensar em suspender os diuréticos: Desenvolvimento de encefalopatia; Diminuição do sódio para < 120 mg/dL; Aumento da creatinina basal (perda de função renal); ➝ Paciente cirrótico: deve ser considerado renal crônico ➝ variações muito rápidas ou uso de diurético muito descontrolado pode levar ao desenvolvimento de insuficiência renal; Peritonite bacteriana espontânea Definição: o Presença de > 250 PMN (neutrófilos/mm³); o Cultura positiva do líquido ascético o Agente causal: BGN entéricos em 70% dos casos (bacilo gram negativo entérico migra para o líquido ascítico); Diagnósticos relacionados: o Ascite neutrofílica: presença de PMN > 250/mm³, com cultura negativa (considerada uma PBE e é tratada com antibiótico); o Bacterioascite: bactéria possivelmente causadora de Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE), porém com neutrófilos < 250/mm³ (repuncionar em 48 horas porque as vezes pode ser só contaminação); Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Prevenção da Síndrome hepato- renal (SHR): infusão de albumina 1,5 g/kg e 1 g/kg/dia, nas primeiras 6 horas e 3º dia respectivamente; Sucesso terapêutico: o Paracentese após 48 horas do início da ATB, com redução igual ou superior a 25% no número de PMN; o Profilaxia secundária: Norfloxacina 400 mg/d por tempo indeterminado; Profilaxia primária: o Hemorragia Digestiva Alta (HDA): Ceftrixone 1g 1x/dia ou Norfloxacin/Ciprofloxacin, por 7 dias; o Prevenção primária (Norfloxacin 400 mg/dia) em paciente com ascite para que ele não desenvolva um primeiro episódio de PBE: Proteína do líquido ascítico < 1,5 g/dL; Creatinina > 1,2 / Ureia > 85; Sódio < 130; Child C ou Bilirrubinas > 3,0; Encefalopatia hepática Disfunção cerebral difusa: o Insuficiência hepática e/ou shunt porto-sistêmico (ligação direta entre a circulação portal a circulação sistêmica pela veia cava inferior); o Manifestações neurológicas ou psiquiátricas; alterações subclínicas até coma; 10-14% dos cirróticos; o 16-21% na cirrose descompensada; o 10-50% em pacientes com shunt transjugular intra-hepático porto-sistêmico (TIPS); Encefalopatia mínima (alterações neurológicas só detectadas através de testes clínicos ou psicométricos que avaliam a lentidão do raciocínio do paciente) ocorre em 20-80% dos pacientes com cirrose; Classificação: o Episódica: paciente previamente hígido com delírio agudo ou distúrbio de consciência (episódio de descompensação; depois o paciente volta ao seu ciclo basal após correção); o Persistente: sintomas contínuos de disartria, distúrbio de personalidade, de memória e ciclo do sono e vigília (independente da correção de fatores subjacentes, o paciente continua encefalopata ➝ avalia para enviar ao transplante hepático); Principais fatores descompensantes que levam à encefalopatia: benzodiazepínicos, narcóticos e álcool; Correção dos fatores precipitantes: correção de DHE; tratamento de infecções; uso de benzodiazepínicos; constipação; hipovolemia induzida por diuréticos ou HDA; Orientações dietéticas: ingesta proteica para 40 g/dia (inicial); Medidas farmacológicas: o Lactulose (manter 3 evacuações por dia) ➝ aumenta o fluxo intestinal, acidifica as vezes e diminui a produção de amônia, transformando-a em amônio, que é excretada nas fezes; o Antibióticos (Metronidazol, Neomicina, Rifaximina) ➝ diminui a ação das bactérias e diminui a formação da amônia intraluminal; o Flumazenil (em casos de intoxicação de benzodiazepínicos); Síndrome hepato-renal Insuficiência renal no cirrótico não significa síndrome hepato-renal, significa uma linha de avaliações que se tem até chegar na síndrome hepato-renal; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Insuficiência renal no cirrótico: aumento da creatinina sérica em 0,3 ou 1,5-2x mais que o basal do paciente; Principal diagnóstico diferencial de Síndrome hepato-renal é Insuficiência renal pré-renal (quase 40% dos casos) ➝ laboratorialmente e nos exames de urina é tudo igual; Para diferenciar Síndrome hepato-renal de Insuficiência renal pré-renal ➝ expandir o intravascular do paciente com albumina 1 g/kg/dia por 2 dias. Se com essa expansão o paciente melhorou a função renal, ele tinha provavelmente uma Insuficiência renal pré-renal. Se mesmo expandindo o volume ele não melhorou ou ele continua piorando a função renal, então provavelmente ele tenha uma Síndrome hepato- renal, a qual deve ser tratada com Albumina e Vasopressor (Noradrenalina ou Terlipressina) por 1-2 semanas com objetivo de reduzir a creatinina em 1,5 e encaminhar esse paciente a centro de transplante hepático; Hemorragia digestiva alta (HDA) varicosa Causas: varizes esofágicas e ectópicas; gastropatia e colopatia hipertensiva; hemorragia digestiva ulcerosa; Manifestações clínica: hematêmese; melena ou hematoquezia ➝ sangramento agudo; instabilidade hemodinâmica; Mortalidade: 30%; Fatores precipitantes: EH, PBE, SHR; Todo cirrótico deve fazer EDA para avaliar a presença de varizes esofágicas ➝ médio e grosso calibre +/- profilaxia primária; Prevenção: o Primária: ▪ Ascite e varizes de alto risco (moderada/grosso calibre ou com sinais vermelhos ou pacientes Child-Pugh C), independente do tamanho das varizes, faz-se o uso de betabloqueadores não seletivos ou Carvedilol; pacientes com ascite, que não são tolerantes aos betabloqueadores ou tem contraindicação, é feito ligadura elástica; ▪ Pacientes hipotensos ou com disfunção renal, deve-se reduzir ou suspender o betabloqueador; o Secundária (o paciente sangrou e houve o controle ➝ o que fazer para evitar novos sangramentos?) ▪ Uso de propranolol ou carvedilol e ligadura elástica (uso concomitante); ▪ TIPS: reservado para pacientes que não toleram ou continuam continuaram sangrando mesmo com o carvedilol e com a ligadura elástica; Hepatocarcinoma Tumor nutrido principalmente por ramos da artéria hepática; 3 a 5% ao ano Icterícia progressiva; emagrecimento; dor no HD e ascite hemorrágica; Diagnóstico precoce: Tx hepático ➝ objetivo é identificar o tumor num momento que ele seja tratável; Rastreamento: Ultrassom e AFP a cada 6 meses (Se notar aumento ➝ tomografia com contraste trifásica) Nódulos ➝ TC ou RNM; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo AFP > 250 a 400 ng/mL ➝ patognomônica; Síndrome hepatopulmonar 11 a 32% dos cirróticos; Tríade clínica: doença hepática; elevação do gradiente alvéolo-arterial deoxigênio; dilatações vasculares intrapulmonares; Maioria assintomático (5 a 13% tem sintomas); Manifestações clínicas: dispneia e platipneia (quando deita melhora, quando levanta piora ➝ vasodilatação arteriolar no pulmão), fadiga, cianose, hipocratismo digital e aranhas vasculares; Hipertensão portopulmonar ocorre em 5% dos cirróticos ➝ TTO com viagra; Transplante hepático Avaliação quando MELD > 14 (MELD 15 encaminha-se para lista de transplante); Lembrar que cirróticos descompensados podem necessitar;
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