Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Identidade identificação IDENTIDADE É o conjunto de caracteres físicos, funcionais e psíquicos, natos ou adquiridos, porém permanentes, que tornam uma pessoa diferente das demais e idêntica a si mesma. “Conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa”. (art. 307, Estatuto Penal vigente) Ocorre que o nome dado a uma pessoa, bem como o estado civil, a filiação, a idade, a nacionalidade, a condição social, a profissão e outros, não deixa marca indelével (que não pode ser apagado) na sua estrutura física, podendo ser modificados a qualquer instante. IDENTIFICAÇÃO É o processo que compara esses caracteres, procurando as coincidências entre os dados previamente registrados e os obtidos no presente. Em outras palavras, é um conjunto de procedimentos diversos para individualizar uma pessoa ou objeto. REQUISITOS TÉCNICOS Para que um processo de identificação seja aplicável, é necessário que preencha cinco requisitos técnicos: 1. Unicidade ou individualidade: é a condição de não ver repetido em outro indivíduo o conjunto dos caracteres pessoais, isto é, apenas um único indivíduo pode tê-los. 2. Imutabilidade: Condição de inalterabilidade, por toda a existência, dos caracteres; São caracteres que não mudam com o passar do tempo. 3. Perenidade: É a capacidade de certos elementos de resistirem à ação do tempo. 4. Praticabilidade: é a condição que torna o processo aplicável na rotina pericial; A qualidade que permite que certos caracteres sejam utilizados, como: custo, facilidade de obtenção, facilidade de registro etc. 5. Classificabilidade: É a condição que torna possível guardar e achar, quando preciso, os conjuntos de caracteres que são próprios e identificadores das pessoas. Isto é, a possibilidade de classificação para facilitar o arquivamento e a rapidez de localização em arquivos. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL Com o passar dos anos começaram a aparecer os denominados métodos científicos, que, por sua vez, podem ser divididos em três grandes grupos, a saber: Sentido estrito • Identidade física Sentido amplo • Além da identidade física, inclui todos os elementos que possam individualizar uma pessoa, como: estado civil, filiação, idade, nacionalidade, condição social, profissão etc Civilizações mais antigas utilizam as mutilações como forma de punir e, ao mesmo tempo, identificar o criminoso. Tal o que acontece, de acordo com a lei islâmica, com o ladrão que, após um julgamento sumário, tem a mão direita amputada por desarticulação. Além disso também se faziam as marcações com ferrete (ferro em brasa), por queimadura, foi bastante utilizada tanto na Europa quanto no Brasil. • Métodos antropométricos: Bertillonage, método geométrico de Matheios, método odontológico de Amoedo, método otométrico de Frigério. • Métodos antropográficos: método craniográfico de Anfosso, método onfalográfico de Bert e Viamay, método flebográfico de Tamassia, método flebográfico de Ameuille, método radiográfico de Levinsohn, método oftalmoscópico de Levinsohn • Métodos dermopapiloscópicos: impressões digitais, impressões palmares, impressões plantares e poroscopia. MÉTODO DE BERTILLON (BERTILLONAGE) Baseia-se na fixidez e na variedade do esqueleto: medem-se os diâmetros transverso e anteroposterior do crânio; a estatura; a envergadura e os comprimentos do antebraço, do pé, dos dedos médio e mínimo do lado esquerdo. Consta de: • Assinalamento antropométrico: medições corporais; • Assinalamento descritivo = fotografia sinalética = foto frente e perfil direito de 5 × 7 cm; • Assinalamento segundo marcas particulares = manchas, marcas, cicatrizes etc. MÉTODO DE AMOEDO consiste no levantamento dos dentes de ambos os arcos dentais, superior e inferior, com o assinalamento das particularidades de cada dente. FUNDAMENTOS DA DACTILOSCOPIA Ciência que se propõe a identificar as pessoas, fisicamente consideradas, por meio das impressões ou reproduções físicas dos desenhos formados pelas cristas papilares das extremidades digitais A datiloscopia preenche todos os requisitos de um processo infalível de identificação, isto é: variedade, imutabilidade, praticabilidade e classificabilidade. • Variedade: Os arranjos dos desenhos papilares são incontáveis, levando em consideração os elementos: qualitativos (formas dos desenhos); quantitativos (número de cristas entre dois pontos do desenho); acidentais (cicatrizes) e topográficos (localização das figuras) • Imutabilidade: Desde em torno do 6o ao 7o mês de vida intrauterina até que a putrefação as destrua, as cristas papilares são invariavelmente as mesmas no mesmo indivíduo. • Praticabilidade: A datiloscopia é técnica segura, de baixo custo, de fácil execução, não sujeita ao subjetivismo dos profissionais que realizam as coletas. • Classificabilidade: Tanto o sistema de Vucetich quanto o de Galton-Henry permitem, sem maior trabalho, a classificação de milhões e milhões de individuais datiloscópicas em pequenos espaços, que, depois, podem ser achadas com a maior facilidade, notadamente no presente, com os processos informatizados SISTEMA DATILOSCÓPICO DE VUCETICH Vucetich observou nos desenhos datiloscópicos três grandes conjuntos de cristas papilares que formam os sistemas: central ou nuclear, o mais importante, em torno do qual se localizam dois outros; basal; e marginal No local da existência de ponto(s) de confluência entre os três sistemas, cria-se uma figura típica denominada delta (D) ou trirrádio. Em função dessa figura, as impressões poderão: • Não ter delta ou trirrádio • Ter um delta ou trirrádio à direita ou à esquerda do observador • Ter dois deltas, um de cada lado. Vucetich observou as suas quatro figuras básica: arco, presilha interna, presilha externa e verticilo. • Arco: É o datilograma adéltico, constituído de linhas mais ou menos paralelas e abauladas que atravessam ou tendem a atravessar o campo digital, podendo muitas vezes apresentar, ao centro, as linhas angulares ou que se verticalizam, ou ainda assumir configurações semelhantes a uma presilha. • Presilha interna: É o datilograma que apresenta um delta à direita do observador e um núcleo constituído de uma ou mais linhas que, partindo da esquerda, vão ao centro do desenho, curvam-se e voltam ou tendem a voltar ao lado de origem, formando uma ou mais laçadas de perfeita inflexão. • Presilha esquerda: É o datilograma que apresenta um delta à esquerda do observador e um núcleo constituído de uma ou mais linhas que, partindo da direita, vão ao centro do desenho, curvam-se e voltam ou tendem a voltar ao lado de origem, formando uma ou mais laçadas de perfeita inflexão. • Verticilo: É o datilograma que se caracteriza pela presença de um delta à direita e outro à esquerda do observador e um núcleo de forma variada, apresentando pelo menos uma linha curva à frente de cada delta. As configurações que aparecem nos dedos, para fins de classificação, se dividem em quatro formas fundamentais que se designam por letras quando se encontram no polegar e por números quando se encontram em qualquer um dos outros dedos, exceto o polegar. Configuração No polegar Em outro dedo Deltas Designação Arco A 1 0 Adéltico Presilha interna I 2 1 Monodéltico à direita Presilha externa E 3 1 Monodéltico à esquerda Verticilo V 4 2 Bidéltico (Didéltico) Algumas situações especiais e sua classificação: • Ausência de falange: (0) • Cicatriz que impede a classificação: (X) Desenho digital: desenho formado pelas cristas papilares da polpa digital da falange distal de cada quirodáctilo. Datilograma ou impressão digital: reprodução do desenho digital quando impresso sobre um suporte. Onde as linhas impressas correspondem as cristaspapilares e os intervalos que as separam, os sulcos interpapilares. FÓRMULA DATILOSCÓPICA Também chamada de individual datiloscópica, é representada por uma fração cujo numerador se colocam os datilogramas dos dedos da mão direita (série) e no denominador, as configurações de cada dedo da mão esquerda (secção). (A) Arco; (B) presilha interna; (C) presilha externa; (D) verticilo ATOS DE IDENTIFICAÇÃO • Tomada: registro de caracteres • Verificação e classificação: necessitam da mesa do datiloscopista, de ampliadores de imagem (lupas, microscópios estereoscópios) e dos arquivos de fichas datiloscópicas. • Comparação: entre os caracteres obtidos na cena do crime e os que se encontram nos arquivos datiloscópicos. • Recolhimento e transporte: Sistema Dactiloscópico de Vucetich INTERPRETAÇÃO A identificação se faz verificando os pontos característicos de cada uma das impressões: a “problema” achada no local e a de um suspeito . Os pontos característicos são apontados nas duas impressões (de preferência ampliadas) por setas numeradas, iniciando-se pelo ângulo inferior direito e progredindo, circularmente, no sentido dos ponteiros do relógio até completar um ou mais giros, de acordo com o número de coincidências. A coincidência de cada ponto característico representa uma probabilidade de 4n, em que n = no de pontos característicos. Quando há de 12 a 20 pontos característicos coincidentes entre a impressão “problema” e a de um suspeito, a identificação é considerada positiva. IDENTIFICAÇÃO PELOS DENTES Os dentes podem oferecer dados sobre o cadáver, como: • Espécie • Grupo racial • Sexo • Idade • Altura • Dados particulares • Determinadas profissões. Espécie Anatomia externa • Humanos: coroa e raiz encontram-se no mesmo plano; • Animais: a raiz sempre descreve curvas, exibindo uma grande angulação Exame microscópico • Humanos possuem características exclusivas como: Prismas de esmalte ondulados, paralelos e perpendiculares à dentina, apresentam estrias escuras e união entre esmalte e dentina possue aspecto de guirlanda. Grupo racial Sexo Altura Existe um método matemático que permite o cálculo da altura do indivíduo a partir das dimensões dos dentes. É chamado de método de Correa. A fundamentação desse método é de que existe proporcionalidade entre os diâmetros dos dentes e a altura do indivíduo. Mede-se, em milímetros o “arco” de circunferência, constituído pela somatória, no arco inferior, dos diâmetros mesodistais do incisivo central, do incisivo lateral e do canino inferiores A “corda” desse “arco”, geometricamente falando, é medida traçando-se a linha reta entre os pontos inicial e final (borda mesial do incisivo central até a borda distal do canino ipsilateral) do “arco”. A altura humana irá se dar entre a altura máxima (medida do arco) e a mínima (medida raio-corda). A altura masculina estará mais próxima da altura máxima calculada, enquanto a altura feminina será mais próxima da altura mínima calculada. Este método é utilizado para cálculo da altura nos casos de fragmentação ou esquartejamento, acidental ou criminal, dos cadáveres ou naqueles casos em que o odontolegista dispõe de restos humanos nos quais foram preservadas as peças dentárias. Individualidade Assim como na identificação nas impressões digitais, a comparação entre dentes precisa ter um número suficiente de coincidências a ocorrência de um ou mais pontos discordantes pode permitir a exclusão durante o procedimento de identificação.. Por exemplo, a ausência de dentes por extração a realização de implantes e/ou colocação de pinos em datas posteriores às dos registros na ficha odontológica de que dispomos, e, até porque às vezes são trabalhos realizados por outros profissionais que nos são Raças ortognatas (brancos ou caucasóides) • Molares superiores com cúspides palatinodistais muito pequenas, quando comparadas com as cúspides mesopalatinas. • Ambos os grupos de cúspides encontram-se separados pelo sulco principal, constituído por uma depressão bem marcada • Forma mamelonada Raças prognatas (negro, melanodermas e faiodermas) • Nos seus molares superiores as cúspides palatinodistais de bom tamanho • Nos molares inferiores, uma cúspide posterior diferenciada • Forma intermediária. Mulheres • Incisivos centrais superiores menos volumosos • Menor diâmetro mesodistal do incisivo central e o do incisivo lateral superior. • Erupção da dentição definitiva é mais precoce Homens • Incisivos centrais superiores são mais volumosos • Maior diâmetro mesodistal do incisivo central e o do incisivo lateral superior desconhecidos, retirando possíveis pontos característicos ou de coincidência, não invalidam a identificação, quando esta é possível nos dentes que subsistem. ELEMENTOS CONGÊNITOS • Anomalias dentárias: hipoplasias, inclusão de dentes, dentes conoides, entre outras. • Peculiaridades anatômicas: supranumerários, micro ou macrodontia, volume, rotação, desalinhamento, diastemas, etc. • Forma do arco: arco normal (elipse), trapezoidal, triangular, redondo e assimétrico.. • Forma do palato: em “alça de balaio” (menos acentuada a elevação e acentuada, ogival (elevação central muito acentuada e plano. ESTIGMAS RESULTANTES DE PROFISSÕES E HÁBITOS PESSOAIS • Ação mecânica: sapateiros, alfaiates e costureiras que seguram tachas, pregos e agulhas entre os dentes (comum haver reentrâncias nas bordas incisais dos incisivos centrais, formando dentes de Hutchinson falsos). As pessoas que têm o hábito de fumar cachimbo acabam por provocar um desgaste e até deslocamento das peças dentárias em que costumam apoiar a piteira.. Os músicos que executam instrumentos com o uso de uma palheta (saxofones, clarineta, oboé etc.), em razão dos repetidos traumas com a boquilha, podem apresentar perdas de substância no esmalte dos incisivos superiores centrais. • Ação química: Manchas acinzentadas no colo dos incisivos e dos caninos, pelo chumbo, Coloração cinzenta global, pelo mercúrio, Manchas esverdeadas com reborda azul, pelo cobre, Manchas amarronzadas na borda livre dos incisivos, pelo ferro, Manchas amarelas, pelo cádmio etc. PATOLOGIAS FETAIS DA INFÂNCIA • Qualquer transtorno sistêmico ou doença grave que se instale no embrião a partir da 6a semana de desenvolvimento até a infância, como doenças infecciosas ou parasitárias – rubéola, sífilis, tuberculose etc. – ou doenças metabólicas (porfiria) pode provocar modificações no desenvolvimento do broto dentário (capuz), atingindo tanto a dentina como o esmalte. • A utilização de certos produtos medicamentosos na mãe durante a gravidez ou na criança antes da erupção da dentição permanente faz com que os brotos dentários sejam atingidos durante o seu desenvolvimento, ficando marcas cromáticas indeléveis da iatrogenia, como acontece, por exemplo, com o uso das tetraciclinas para debelar quadros infecciosos • Malformações resultantes de modificações da sequência embriológica de desenvolvimento. É o caso, por exemplo, da malformação resultante da fusão incompleta dos brotos palatinos do maxilar, que enseja a formação de uma fenda palatina interdentária. TRATAMENTOS ODONTOLÓGICOS • Restaurações em amálgama e resina; • Endodontias • Próteses • Exodontias Fonte: VANRELL, J. P. Odontologia Legal e Antropologia Forense. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
Compartilhar