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Milena Lopes “A todo e qualquer distúrbio da marcha, dá-se o nome de disbasia”. A disbasia pode ser uni ou bilateral, e os tipos mais representativos são determinados a seguir. MARCHA HELICÓPODE, CEIFANTE OU HEMIPLÉGICA Ao andar, o paciente mantém o membro superior fletido em 90°C no cotovelo e em adução, e a mão fechada em leve pronação. O membro inferior do mesmo lado é espástico, e o joelho não flexiona. Devido a isso, a perna tem de se arrastar pelo chão, descrevendo um semicírculo quando o paciente troca o passo. Esse modo de caminhar lembra o movimento de uma foice em ação. • Patologias: - Pacientes que apresentam hemiplegia, cuja causa mais comum é acidente vascular cerebral (AVC). Milena Lopes MARCHA ANSERINA OU DO PATO O paciente para caminhar acentua a lordose lombar e vai inclinando o tronco ora para a direita, ora para a esquerda, alternadamente, lembrando o andar de um pato. Possui miopatia, comprometimento do glúteo médio que tem a função de estabilização do quadril. • Patologias: - É encontrada em doenças musculares e traduz diminuição da força dos músculos pélvicos e das coxas. - Distrofia musculares de Duchenne e Becker. - Miopatias; - Luxação do quadril; - Gestante pode ter marcha anserina, por conta da abertura da púbis e consequentemente o encurtamento dos glúteos, principalmente o médio; MARCHA PARKINSONIANA O doente anda como um bloco, enrijecido, sem o movimento automático dos braços. A cabeça permanece inclinada para a frente, e os passos são miúdos e rápidos – acelerando -, dando a impressão de que o paciente "corre atrás do seu centro de gravidade" e vai cair para a frente. Observada nos defeitos dos núcleos da base da doença de Parkinson. A postura é inclinada para frente, com flexão da cabeça, dos membros superiores, dos quadris e dos joelhos. Os pacientes demoram a começar a caminhar. Os passos são curtos e atrapalhados, com festinação – patinação na tentativa de iniciar a marcha- (aceleração da marcha). O balanço dos membros superiores diminui, e os paciente giram o corpo “em bloco”. O controle postural é insatisfatório (retropulsão). Milena Lopes • Patologias: - Portadores da doença de Parkinson. MARCHA CEREBELAR OU MARCHA DO ÉBRIO (EBRIOSA) Ao caminhar, o doente ziguezagueia como um bêbado. Esse tipo de marcha traduz incoordenação de movimentos em decorrência de lesões do cerebelo. Quando possui ataxia cerebelar, pois o cerebelo é a estrutura responsável pelo equilíbrio e coordenação motora. Possui dificuldade para falar. • Patologias: - Doenças do cerebelo; - Bêbados. Milena Lopes MARCHA TABÉTICA / TALONANTE Para se locomover, o paciente mantém o olhar fixo no chão; os membros inferiores são levantados abrupta e explosivamente, e, ao serem recolocados no chão, os calcanhares tocam o solo de modo bem pesado. Com os olhos fechados, a marcha apresenta acentuada piora, ou se torna impossível. Indica perda da sensibilidade proprioceptiva por lesão do cordão posterior da medula. • Patologias: - Aparece na tabes dorsalis (neurolues), na mielose funicular (mielopatia por deficiência de vitamina B12, ácido fólico ou vitamina B6), mielopatia vacuolar (ligada ao vírus HIV), mielopatia por deficiência de cobre após cirurgias bariátricas, nas compressões posteriores da medula (mielopatia cervical). MARCHA DE PEQUENOS PASSOS / CAUTELOSA É caracterizada pelo fato de o paciente dar passos muito curtos e, ao caminhar, arrastar os pés como se estivesse dançando "marchinha'. O paciente apresenta uma marcha com uma postura típica de flexão da cabeça, tronco, ombro e cotovelo, punhos, joelhos e tornozelos, com passos curto de maneira lenta, rígida e arrastada. O balanceio característico do braço também fica comprometido. É a marcha da doença de Parkinson e na aterosclerose avançada. • Patologias: - Na paralisia pseudobulbar; - Atrofia cortical da senilidade; - Marcha típica de idosos, com sensação de queda, passos curdos e cuidadosos. MARCHA VESTIBULAR / ESTRELA O paciente com lesão vestibular (labirinto) apresenta lateropulsão quando anda; é como se fosse empurrado para o lado ao tentar mover-se em linha reta. Se o paciente for colocado em um ambiente amplo e lhe for solicitado ir de frente e voltar de costas, com os olhos fechados, ele descreverá uma figura semelhante a uma estrela. • Patologias: - Labirintopatias. Milena Lopes MARCHA ESCARVANTE / PÉ CAÍDO Quando o doente tem paralisia do movimento de flexão dorsal do pé, ao tentar caminhar, toca com a ponta do pé o solo e tropeça. Para evitar isso, levanta acentuadamente o membro inferior, o que lembra o "passo de ganso" dos soldados prussianos. • Patologias: - Lesões do nervo fibular, ciático ou na raiz de L5, doenças do neurônio motor inferior; MARCHA CLAUDICANTE (VASCULAR ) Ao caminhar, o paciente manca para um dos lados. • Patologias: - Insuficiência arterial periférica e em lesões do aparelho locomotor. MARCHA EM TESOURA OU ESPÁSTICA Os dois membros inferiores enrijecidos e espásticos permanecem semifletidos, os pés se arrastam e as pernas se cruzam uma na frente da outra quando o paciente tenta caminhar. O movimento das pernas lembra uma tesoura em funcionamento. Observada na doença da medula espinal, que provoca espasticidade bilateral dos membros inferiores, inclusive espasmo dos músculos adutor e se propriocepção anormal. A marcha é rígida. Os pacientes avançam cada membro inferior lentamente, e as coxas tendem a cruzar uma com a outra anteriormente a cada passo. Os passos são curtos. Os pacientes parecem estar caminhando através da água. • Patologias: - Manifestações/ transtornos espásticos, mais comum na paralisia cerebral, também na esclerose múltipla.
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