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Marc Carolina Ferreira -A OMS define prematuridade como todo RN vivo c/ menos de 37 semanas completas de gestação, contadas a partir do 1º dia do último período menstrual ou 259 dias -É a principal causa de morbidade e mortalidade neonatal -O RN prematuro pode ser classificado em: • Prematuro extremo: quando nascido antes de 28 semanas de gestação • Prematuro grave: quando nascido entre 28 e 32 semanas de IG • Prematuro moderado: quando nascido entre 32 e 37 semanas de IG -O RN c/ menos de 2.500 g é denominado de baixo peso, podendo ou ñ ser prematuro, na dependência da IG -A datação da gravidez deve levar em conta a certeza da data da última menstruação (DUM) e sua concordância c/ a USG obstétrica realizada até 12 semanas ou, pelo menos, 2 USG compatíveis até 20 semanas EPIDEMIOLOGIA -15 milhões de crianças todos os anos ao redor do mundo. No mundo, de 4 a 11% No Brasil, em torno de 12% dos nascimentos. Isso significa que 340 mil bebês nascem prematuros todo ano, ou seja, 931 por dia -Em países desenvolvidos, ocorre em 4 a 11% dos nascimentos e tem se mantido constante há alguns anos. Em países pobres, as informações sobre a incidência são + escassas e menos confiáveis -Complicações neonatais + comuns incluem: síndrome do desconforto respiratório, hemorragia intracraniana, enterocolite necrosante e sepse. Tais intercorrências são as + frequentes em IG < a 32 semanas, tornando-se críticas abaixo de 28 semanas CLASSIFICAÇÃO -Em situações de prematuridade eletiva, a gestação é interrompida em virtude de complicações maternas e/ou fetais, e sua prevenção exige o controle de doenças maternas; na prematuridade espontânea (são 70% dos casos), ocorre o TPP, cuja etiologia é multifatorial e, muitas vezes, desconhecida. Os espontâneas podem ser evitados por meio da avaliação pré- concepcional e assistência pré-natal -Outra maneira de classificar a prematuridade considera a IG ao nascer: • Prematuridade precoce: quando o nascimento ocorre antes de 33 semanas e 6 dias. Faz parte deste grupo a prematuridade extrema (20 ou 22 semanas a 27 semanas e 6 dias), que constitui o grupo de > morbidade e mortalidade neonatal • Prematuridade tardia: de 34 semanas a 36 semanas e 6 dias, a qual corresponde a 70% de todos os nascimentos prematuros. -É importante destacar que o nascimento entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias, também denominado termo precoce, traz consigo também > morbidade relacionada à prematuridade do que aquele ocorrido entre 39 e 40 semanas e 6 dias (termo completo). Portanto, a menos que haja alguma indicação de ordem médica, as interrupções eletivas da gestação devem ser realizadas a partir de 39 semanas FATORES DE RISCO Obstétricos: -Infecção amniótica: certos anaeróbios, particularmente Bacteroides sp., cocos anaeróbios e possivelmente Mobiluncus sp., agem c/ a Gardnerella vaginalis, inibindo o crescimento de lactobacilos e outras bactérias da flora normal e promovendo a elevação do pH vaginal (pH > 4,5). O tratamento da vaginose bacteriana é recomendado durante a gestação. Outros agentes também relacionados são Streptococcus do grupo B, Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis, Ureaplasma urealyticum, Treponema pallidum e Trichomonas vaginalis. Diante do processo inflamatório das membranas ovulares, da decídua ou do colo uterino, há a liberação de fatores inflamatórios que atraem leucócitos e macrófagos, ativando-os a produzirem elastases que participam da degradação da matriz extracelular cervical. Isso leva a preparo do segmento inferior e esvaecimento do colo uterino. Marc Carolina Ferreira -Rotura prematura de membranas: infecções, placenta prévia, gemelaridade e polidrâmnio são os fatores predisponentes + importantes p/ essa intercorrência obstétrica -Alterações hormonais: a queda da produção de progesterona desencadeia o trabalho de parto prematuro(TPP) -Incompetência istmocervical: ocorrem dilatação cervical indolor no 2º ou no início do 3º trimestre, exteriorização das membranas seguida por infecção e rotura e consequente perda fetal. O diagnóstico precoce permite tratamento cirúrgico (circlagem) e possibilita o termo da gestação. Sangramento vaginal persistente, dilatação cervical ≥ 4 cm, franco trabalho de parto, corioamnionite, ruptura prematura de membranas, sofrimento fetal, anomalia fetal letal e morte fetal são contraindicações p/ a realização da circlagem. -Sangramentos vaginais de 1º e 2º trimestres: no 1º trimestre, o risco de parto prematuro em 2 vezes. Quando o sangramento ocorre também no 2º trimestre, o risco eleva-se em 3 vezes. A trombina local, decorrente do sangramento decidual, contratilidade uterina e desencadeia o parto prematuro. -Placenta prévia e descolamento prematuro de placenta: resultam em partos prematuros. -Gemelaridade e polidrâmnio: nesses casos, o TPP seja desencadeado pela superdistensão uterina. Na gestação gemelar, o parto prematuro ocorre em cerca de 50% dos casos e, na gestação trigemelar, em aproximadamente 90% das vezes. -Malformações fetais e placentárias: destacam-se anencefalia e agenesia renal c/ hipoplasia pulmonar. -Partos prematuros anteriores: gestantes c/ história de 1 parto prematuro espontâneo anterior têm probabilidade de 37% de um 2º parto prematuro, e aquelas c/ 2 ou + partos anteriores prematuros apresentam 70% de risco de repetição. Ginecológicos: -Amputação de colo uterino: provoca incompetência cervical, proporcionando dilatação precoce do colo uterino e exposição das membranas ovulares, favorecendo a infecção. C/ isso, surgem as contrações uterinas. -Malformações uterinas: incidência de parto prematuro é >, cerca de 30% estão relacionados ao útero didelfo, 25% ao útero bicorno e 10% ao útero septado. -Miomas: pode causar sangramentos e rotura prematura de membranas ovulares. Os miomas de pior prognóstico são os submucosos, especialmente quando estão próximos à inserção placentária (subplacentários). Epidemiológicos: -Baixo nível socioeconômico: más condições de higiene (predispõe a infecções urinárias/vaginais), nutrição inadequada, gravidez na adolescência, gravidez indesejada, conflitos familiares, fumo, consumo de drogas, estresse constante e falta de assistência pré-natal adequada constituem fatores agravantes. -Desnutrição: é um fator causador de estresse, liberação de catecolaminas e c/ isso estimula os receptores alfa presentes no miométrio, c/ da atividade uterina e ocorre o parto prematuro -Gravidez indesejada e assistência pré-natal inadequada: a > incidência de prematuridade entre as adolescentes se relaciona + ao baixo nível socioeconômico, gravidez indesejada, conflitos familiares e falta de assistência pré-natal adequada do que à faixa etária propriamente dita. -Estresse:a ativação do eixo hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal materno e fetal leva à produção do CRH. A liberação de catecolaminas constante e em crises emocionais estimula os receptores alfa no útero e provoca na contratilidade uterina. -Fumo: as gestantes fumantes apresentam níveis + elevados de catecolaminas circulantes. Além disso, está associado a > incidência de rotura prematura de membranas e sangramentos vaginais. -Drogas: o risco é particularmente alto c/ o uso de cocaína e derivados, essas drogas influenciam a produção de prostaglandinas na placenta, o que predispõe à contração uterina. Clínico-cirúrgicos: -Doenças maternas: DM, HAS, nefropatias, cardiopatias e distúrbios da tireoide (hiper ou hipotireoidismo) ñ tratados, resultam em parto prematuro espontâneo ou eletivo, devido as complicações maternas ou fetais. A pielonefrite e a pneumonia apresentam > incidência de parto prematuro. -Procedimentos cirúrgicos na gravidez: a ocorrência de parto prematurodepende de quanto o ato cirúrgico influi sobre o metabolismo e o estado geral da gestante. Iatrogênicos: -Eros na determinação da IG e partos eletivos FISIOPATOLOGIA Marc Carolina Ferreira -Admite-se que existam 4 mecanismos fisiopatológicos p/ o parto prematuro: ativação do eixo hipotálamo-hipófise- adrenal (estresse); inflamação e infecção; sangramento decidual e distensão ou contratilidade uterina patológica -O estresse fetal ou materno pode desencadear a liberação de hormônios hipotalâmicos (CRH, ocitocina) e adrenais (cortisol, adrenalina). Os processos inflamatórios e infecciosos (corioamnionite, cervicite) promovem a liberação de endotoxinas e citocinas inflamatórias, como o TNF-alfa e as interleucinas. O sangramento decidual, c/ a produção de trombina, a contratilidade uterina. E a sobredistensão uterina é causa de contratilidade uterina , que ocorre no polidrâmnio e na gemelidade. Na contratilidade uterina anormal podem estar envolvidos os receptores de ocitocina, a relativa da progesterona ou as gap junctions PREVENÇÃO -Prevenção primária: é deficiente, identificar todos os fatores de risco, é preciso remover todas as causas, necessita da equipe multidisciplinar, anamnese detalhada, fatores de risco epidemiológicos atuar desde o início -Prevenção secundária: exames de rotina pré-natal + culturas de secreção vaginal e pesquisa de ISTs em pacientes c/ fator de risco + pesquisa de infecção ITU (trata-se bacteriúria assintomática em gestantes e profilaxia em ITU de repetição) + pesquisa de streptococcus grupo B + monitorização das contrações uterinas (ensinar a gestante acompanhar clinicamente contrações e tocógrafo) + USG p/ medida do colo (gestantes c/ fator de risco entre 18 e 24 semanas e comprimento e sinais como afunilamento) + teste de fibronectina fetal -Prevenção terciária: são recomendadas a inibição do TPP e a corticoterapia, só há benefício se as medidas forem tomadas na fase inicial do TPP, c/ dilatação cervical < 3 cm. -Tratamento do colo curto (<25 mm): repouso + abstinência sexual + investigação de infecções+ progesterona vaginal + internação + se sintomas fibronectina fetal -Progesterona: natural micronizada 100 a 200MCG via vaginal -Teste da fibronectina fetal: é um glicoproteína produzida pelo trofoblast, é presente em condições normais antes das 20 semanas e após 35 semanas. Entre 20 e 22 semanas c/ a fusão do âmnio e córion, ela desaparece. Se estiver presente: marcador de TPP. Elevado valor preditivo negativo por até 2 semanas após teste (96%). É indicada a ser feita em gestantes sintomáticas -P/ a coleta do teste de fibronectina fetal é preciso ter: bolsa íntegra; abstinência sexual; ausência de sangramento vaginal; dilatação < 3 cm e ñ ter realizado toque vaginal antes -Trabalho de parto prematuro: são contrações rítmicas e regulares que modificam o colo uterino antes de 37 semanas -Tocólise: seu objetivo é postergar o parto de 48 a 72 horas, p/ remover a paciente p/ um centro de referencia ou p/ poder fazer corticoterapia/neuroproteção/ antibioticoterapia p/ quando o feto nascer tem uma melhor chance de sobrevida -Critérios p/ realizar tocólise: contrações rítmicas (TPP verdadeiro); menos que 3 cm (fase de latência); esvaiecimento ñ pronunciado; IG até 34 semanas e viabilidade (depende do serviço, se o serviço ñ segura viabilidade de < 20 semanas ñ faz de jeito maneira) -Contraindicações de tocólise: corioamnionite, rotura de membranas ovulares, sangramento grave (DPP, PP), condições clínicas maternas desfavoráveis, morte fetal/ anomalias fetais incompatíveis c/ a vida, sofrimento fetal e contraindicações relacionadas às drogas Marc Carolina Ferreira Procedimentos p/ a detecção do risco de parto prematuro espontâneo: -A presença de fatores de risco ñ indica necessariamente parto prematuro -Monitorização das contrações uterinas:é comum que a gestante apresente contrações ao realizar um movimento brusco (levantar, deitar ou praticar um exercício físico). O que ñ é normal é apresentar contrações rítmicas e c/ frequência elevada, ou seja, 4 ou + eventos em 1 hora em IG ≤ 30 semanas e 6 ou + eventos por hora quando > 30 semanas. A monitorização das contrações uterinas é um dos métodos que permitem o rastreamento do parto prematuro. As gestantes c/ > predisposição ao TPP apresentam da frequência das contrações uterinas nos dias ou nas semanas que precedem o trabalho de parto. Perante o resultado positivo, é importante relacioná-lo a outros marcadores do parto prematuro. -Medida do comprimento do colo uterino pelo toque vaginal e pela USG transvaginal: o encurtamento do colo e a dilatação de seu orifício interno podem acontecer semanas antes do TPP. Os mecanismos envolvidos acredita-se há contrações uterinas silenciosas ou eventual processo inflamatório local. Sabe-se que a invasão de células inflamatórias locais (neutrófilos) causa a produção de colagenases que provocam a lise do colágeno, principal componente do colo. No parto prematuro, o encurtamento do colo ocorre de maneira semelhante. As alterações no colo uterino podem ser notadas clinicamente por meio do toque vaginal seriado. Na predição do parto prematuro, esse recurso ñ tem se mostrado útil, por causa da subjetividade do exame. O avanço da USG transvaginal permitiu o exame do colo uterino de maneira + eficaz, deve ser empregado, de preferência, às gestantes de risco p/ o parto prematuro, que estejam entre 18 e 24 semanas, na mesma ocasião em que se faz a USG morfológica. Considera-se que quando o comprimento do colo for < a 20 mm, a gestante será de risco p/ o parto prematuro espontâneo (< 25 mm, de acordo c/ o MS). -Uso de marcadores bioquímicos: as interleucinas (ILs) 6 e 8, o hormônio liberador da corticotrofina (CRH), o estriol sérico e salivar, a fibronectina fetal (fFN) e a proteína-1 fosforilada ligada ao fator de crescimento insulina- símile (phIGFBP-1) são os marcadores principais. Níveis elevados de IL-6 e IL-8 no líquido amniótico e no conteúdo cervical associam ao parto prematuro, principalmente na presença de infecções. Elevações do CRH no soro materno, ocorre a partir da 20º semana, em gestantes submetidas ao estresse e que tiveram parto prematuro. Os estrogênios agem nas células miometriais, a sensibilidade a ocitocina. A ativação do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal materno e/ou fetal se relaciona à produção placentária de estrogênios, que acontece de 3 a 5 semanas antes do parto, c/ elevação dos níveis de estriol plasmático e salivar. A fFN é uma glicoproteína produzida pelo trofoblasto, sua função é assegurar a aderência do blastocisto à decídua, está presente no conteúdo cervicovaginal durante as primeiras 20 semanas de gestação. Após a 22º semana, ocorre a fusão do âmnio c/ o cório, e a fFN desaparece da vagina até a 36º semana, a menos que haja rotura de membranas, presença de fator mecânico que separe o cório da decídua ou diante de um processo inflamatório, infeccioso ou isquêmico na interface materno-fetal. Além de tudo isso, é aplicada basicamente em 2 grupos: gestantes sintomáticas, c/ queixas de contrações uterinas e gestantes assintomáticas, mas de alto risco p/ prematuridade (antecedente de parto prematuro espontâneo e gestação gemelar). A detecção da phIGFBP-1 no colo uterino, c/ membranas intactas, sugere comprometimento da decídua Marc Carolina Ferreira -A coleta dos biomarcadores deve ser realizada em gestante apenas nas seguintes condições: a) IG entre 22 e 36 semanas b) Bolsa íntegra c) Dilatação cervical < 3 cm d) Ausência desangramento genital e) Ausência de relação sexual nas últimas 24 horas -As amostras são coletadas no fundo de saco de Douglas c/ o auxílio do espéculo vaginal e do kit próprio p/ o exame. É importante ñ realizar toque vaginal, coleta de esfregaços vaginais e uso de lubrificantes vaginais antes da coleta do exame, uma vez que esses recursos as taxas de falso positivo ou negativo. CONDUÇÃO NO TRABALHO DE PARTO PREMATURO Estágio I: -No 1º estágio, enquadram-se as gestantes c/ fatores de risco p/ o parto prematuro, + importante é o bom acompanhamento pré-natal. O ideal é que o obstetra atue como membro de uma equipe de multiprofissionais. A gestante deve receber orientações quanto a hábitos de higiene, nutrição e aporte psicológico -O exame US deve ser realizado o + precocemente, a fim de estabelecer c/ precisão a IG e diagnosticar situações de risco (presença de malformações uterinas, miomas e gestação gemelar). As intercorrências clínicas + comuns devem ser diagnosticadas e tratadas corretamente. -Malformações uterinas (útero didelfo, bicorno e septado) e partos prematuros de repetição: deve ser utilizada a progesterona por via vaginal a partir da 16º semana de gestação. -Incompetência cervical: faz-se a circlagem eletiva do colo uterino entre a 12º e a 16º semanas de gestação → Na gestação gemelar, a gestante é orientada a fazer repouso físico a partir da 25º semana. -Consultas médicas: devem ser + frequentes, c/ retornos quinzenais até a 28º semana e, após, devem ser semanais. O objetivo é verificar as queixas, avaliar as contrações uterinas e as condições cervicais. -É importante que as gestantes de risco tenham conhecimento dos sintomas e dos sinais do trabalho de parto (aparecimento de contrações uterinas regulares, durante pelo menos 1 hora, mesmo que indolores, da sensação de peso no baixo-ventre e da alteração no fluxo vaginal) Estágio II: -Trata-se de um estágio em que ocorrem os eventos bioquímicos do TPP, a contratilidade uterina é anormal e as alterações cervicais podem ser pequenas ou estar ausentes. O aparecimento de contrações uterinas sem alteração do colo do útero se chama útero irritável, situação em que a gestante deve ser mantida em repouso e submetida à sedação -Intercorrências clínicas: quando presentes, devem ser tratadas, e, pela frequência elevada, as infecções urinárias e vaginais devem ser sempre investigadas -USG obstétrica: é extremamente necessária a fim de analisar a IG, as estruturas e o crescimento fetais. A partir da 28º semana de gestação, deve-se analisar a vitalidade fetal por meio da cardiotocografia ou do perfil biofísico fetal. -É importante manter a paciente em repouso e sob vigilância contínua. Diante do das contrações uterinas e da mudança progressiva do colo, deve-se atuar como no estágio III. Estágio III (VERDADEIRO TPP): -Nesse estágio, existem contrações uterinas rítmicas, capazes de provocar dilatação cervical. Marc Carolina Ferreira Estão presentes contrações uterinas regulares a cada 5 min, dilatação cervical de, pelo menos, 1 cm e esvaecimento cervical de, no mínimo, 80%. → No falso trabalho de parto, ñ ocorre a mudança progressiva do colo, e as contrações cessam espontaneamente após um período de repouso. Em casos duvidosos, é importante que a gestante permaneça em repouso durante 2 a 3 horas, p/ observação clínica. Nesses episódios, podem ser empregados ainda os marcadores bioquímicos. -Diante de doença materna que torne desfavorável o ambiente intrauterino ou se agrave c/ a continuidade da gestação, o trabalho de parto ñ deve ser inibido -Caso se decida pela inibição das contrações uterinas, a gestante deve ser mantida em repouso absoluto no leito e deve ser iniciada a hidratação parenteral. Até 50% das pacientes c/ contrações regulares respondem bem apenas c/ o repouso e a hidratação. Se, após 1 hora, persistirem as contrações uterinas, deverá ser introduzida a terapêutica tocolítica. 1. Condições p/ o uso de tocolíticos: período de latência do trabalho de parto; dilatação cervical < 3 cm; esvaecimento ñ pronunciado; IG entre 22 e 34 semanas e contrações uterinas rítmicas 2. Contraindicações p/ a tocólise: óbito fetal; sofrimento fetal; malformações fetais incompatíveis c/ a vida; restrição do crescimento fetal; infecção amniótica; DPP; placenta prévia sangrante; síndrome hipertensiva grave; diabetes insulinodependente instável; hipertireoidismo e anemia falciforme. -Uterolíticos: seu uso deve ser iniciado assim que se estabelecer o diagnóstico de TPP. O principal objetivo da tocólise é ganhar tempo necessário p/ a ação da corticoterapia e/ou o transporte materno p/ serviço terciário c/ segurança. Os + utilizados p/ a inibição das contrações uterinas, no passado, eram os beta-agonistas. Bloqueadores dos canais de cálcio: a nifedipina (1º escolha MS) 10 mg VO a cada 20 minutos até 4 doses OU 20 mg VO em dose única, e se necessário 20 mg após 90–120 minutos se a atividade uterina persistir. Se após a 2ª dose mantiver atividade uterina, considerar falha terapêutica e utilizar outro agente. Manutenção: 20 mg VO a cada 4 a 8 horas por no máximo 72 horas. Contraindicações são: hipotensão materna (PA < 90/50 mmHg) e bloqueio atrioventricular Inibidores de prostaglandinas: a principal é a indometacina, são bacanas pois apresenta fácil administração, bem tolerados, porém passam facilmente a placenta. Efeitos colaterais: enterocolite necrotizante, fechamento precoce do ducto arterioso, hipertensão pulmonar primária, oligoâmnio e hemorragia intracraniana fetal. Indicação: transferência a centros especializados Sulfato de magnésio: age como um antagonista do cálcio na fibra muscular e representa alternativa a determinadas situações clínicas em que o beta-agonista pode ser utilizado.Possui baixa ação tocolitica. Apresenta neuroproteção fetal, o que a chance de paralisia cerebral. Indicado em gestações c/ indicação de resolução abaixo de 32 semanas. Paro a tocálise faço a neuroproteção antes do parto e faço o parto na sequencia. Ataque: 4 g IV por 30 minutos. Manutenção 1 g/H até parto (caso demore). Ñ é necessário magnesemia materna Antagonista de ocitocina: é usado o atosibano, possui efeitos colaterais mínimos, no entanto é muito caro e ñ se mostrou superior nos trabalhos a nifedipina Etanol: inibe a secreção de ocitocina e hormônio antidiurético pela neuro-hipófise, reduz o nº de receptores p/ ocitocina e age como inibidor da ocitocina no miométrio. Ñ é utilizado, já que é menos eficaz e apresenta efeitos colaterais indesejáveis (vômitos, agitação, acidose láctica e coma) Nitroglicerina: é administrado sob a forma de adesivos e tem sido empregada em alguns estudos como agente tocolítico. Seu mecanismo de ação se baseia na formação de óxido nítrico, possui ação relaxante no músculo liso. Marc Carolina Ferreira Betagonista: esses uterolíticos são úteis por adiarem o parto durante 2 a 3 dias, tempo suficiente p/ o emprego dos corticosteroides, importantes p/ reduzirem as complicações pulmonares e neurológicas do RN.Entre essas drogas, destacam-se a terbutalina(+ USADA NA VIDA REAL), o salbutamol(+ USADA NA VIDA REAL), a isoxsuprina, o fenoterol e a ritodrina(é que a FDA aprova). Deve-se ter cuidado c/ o uso de betamiméticos e hidratação venosa devido ao risco de edema agudo de pulmão. Podem elevar a glicemia materna Salbutamol: solução de 5 mg (10 ampolas) em 500 mL de soro glicosado a 5% (0,01 mg/mL). Iniciar a 10 µg/min (60 mL/h em bomba de infusão ou 20 gotas/min) e 10 µg/min de 20 em 20 minutos até a inibição das contrações ou o aparecimento de efeitos colaterais maternos indesejáveis (FC > 120 bpm, dor torácica ou hipotensão). Manterpor 60 minutos, 10 µg/min a cada 30 minutos até < dosagem efetiva p/ a inibição das contrações e manter por 12 horas; Terbutalina: 5 mg (ou 10 amp.) em 500 ml SG 5% (0,01mg/ml) 60 ml/hr em bomba de infusão ou 20 gotas/min. Aumentar 10 µg/ min de 20 em 20 minutos até inibição das contrações. Efeitos colaterais maternos: pulso >120 bpm; dor torácica; hipotensão e edema agudo de pulmão. Manter por 12 horas Ritodrina: solução de 50 mg (ou 5 ampolas) em 500 mL de soro glicosado a 5% (0,1 mg/mL). Iniciar a 50 µg/min (30 mL/h em bomba de infusão continua ou 10 gotas/min) por via intravenosa e 50 µg/min de 20 em 20 minutos até inibição das contrações ou efeitos colaterais maternos (FC > 120 bpm, dor torácica ou hipotensão). Manter por 60 min, 50 µg/min a cada 30 min até < dosagem que mantiver contrações inibidas e manter por 12 horas. -Deve-se evitar o uso concomitante de uterolítico beta-agonista e corticosteroide. -A paciente deve permanecer em repouso absoluto e sob vigilância por + 24 horas. Caso retornem as contrações, o esquema intravenoso pode ser reutilizado. -Corticoterapia: os corticosteroides atuam em receptores pulmonares fetais, leva à produção de fosfatidilcolina, o principal componente do surfactante. A betametasona e a dexametasona são os corticosteroides preferidos p/ a terapia antenatal. Preconiza-se o uso dessas drogas entre a 24º e 34º semanas de gestação. Deve ser evitada na vigência de tocólise c/ beta- agonista, pelo > risco de edema agudo de pulmão; em casos como esse, os corticosteroides devem ser administrados a partir da retirada do agente tocolítico. Os efeitos atingem seu benefício máximo se o parto ocorrer entre 24 horas e 7 dias após a última dose do medicamento. Se o parto ocorrer fora desse prazo ainda existe benefício. Contraindicações: evidências clínicas de infecção e/ou parto iminente -Beneficios da corticoterapia: redução 40-60% da membrana hialina; < gravidade da síndrome do desconforto respiratório; melhor resposta ao surfactante pulmonar; menos hemorragia intracraniana e menos enterocolite necrotizante → Betametasona em dose IM de 12 mg, c/ intervalo de 24 horas, em um total de 2 aplicações. → A dexametasona em dose IM de 6 mg, a cada 12 horas, em um total de 4 aplicações. → Em ambos os esquemas, o efeito máximo inicia-se em 24 horas. → O MS do Brasil permite a realização de até 3 ciclos de corticoterapia desde que a droga utilizada seja a betametasona. → Ciclo: betametasona 12 mg IM de 24 em 24h + dexametasona 6 mg IM de 12 em 12h x 4 doses → 1 ciclo - ideal → 2 ciclos - individualizar → 3 ciclos- Ministério da Saúde orienta só se c/ betametasona Marc Carolina Ferreira -Neuroproteção: o uso do sulfato de magnésio na neuroproteção de prematuros apresenta < incidência de lesões do SNC. Assim, certos serviços de Neonatologia o preconizam o uso da droga importante p/ a prevenção de paralisia cerebral em prematuros, utilizam-se 4 g de sulfato de magnésio por via EV logo antes do parto. Tal conduta ñ faz parte do protocolo do Ministério da Saúde do Brasil. 1. Cuidados gerais na administração: a) Se o sulfato de magnésio for iniciado, a tocólise deverá ser descontinuada; b) Pode ser administrado antes que as drogas tocolíticas sejam eliminadas da circulação materna c) O uso prévio de nifedipino ñ contraindica o uso de sulfato de magnésio p/ neuroproteção d) O parto ñ deve ser postergado p/ a sua administração p/ neuroproteção nos casos em que há recomendação p/ interrupção de urgência por indicações materna e/ou fetal e) Ñ é necessária a monitorização dos níveis de magnésio sérico f) Quando o parto pré-termo for eletivo por indicações materna e/ou fetal, o sulfato de magnésio deverá ser iniciado idealmente 4 horas antes do nascimento – dose de ataque de 4 g IV, por 30 min, seguida por infusão de 1 g/h até o parto Estágio IV: -Assistência ao parto prematuro: são necessários, no acompanhamento do trabalho de parto, ao menos 2 obstetras. O parto prematuro se associa a problemas clínicos e obstétricos que envolvem riscos (rotura prematura de membranas, gestação gemelar, inserção baixa de placenta, DPP, hipertensão arterial grave). Um bom berçário e uma UTI neonatal adequada são fundamentais p/ que o trabalho de toda a equipe envolvida alcance o sucesso esperado. -Escolha da via de parto: os seguintes aspectos devem ser considerados p/ decidir sobre a melhor via de parto: IG (viabilidade), peso estimado do feto, apresentação fetal, condições do colo uterino, integridade das membranas amnióticas, possibilidade de monitorização fetal, experiência da equipe e condições do berçário. Apesar da melhora na sobrevida a 28º semana ainda é considerada limite da viabilidade; abaixo disso, a morbidade permanece elevada. Deve-se optar pelo parto vaginal diante de TPP espontâneo em apresentação cefálica fletida e nas apresentações pélvicas c/ peso fetal estimado pela USG ≥ 2.500 g e naqueles < 1.000 g (< 28 semanas), ou seja, inviáveis. O de catecolaminas durante o trabalho de parto causa da produção de líquido pelas células alveolares dos pulmões fetais. Além disso, RN ao passar pelo canal de parto, elimina + facilmente o líquido pulmonar e expande melhor os pulmões. -Durante o trabalho de parto prematuro, deve-se evitar a realização de toques vaginais frequentes p/ que se a chance de contaminação do feto e da câmara amniótica, especialmente c/ relação ao Streptococcus do grupo B. -Durante a assistência ao parto prematuro, deve-se evitar o uso de analgésicos tranquilizantes ou sedativos, que deprimem a respiração → A analgesia do parto c/ anestesia combinada (raquidural + peridural) deve ser instituída, sempre que possível, p/ minimizar a reação de estresse em resposta à dor e à ansiedade materna e suas consequências fetais. -Amniotomia: deve ser tardia, ou seja, > 8 cm de dilatação cervical. Recomenda-se tal atitude pelo efeito protetor da bolsa das águas sobre a cabeça fetal. O desprendimento do polo cefálico e do bisacromial deve ser lento, p/ evitar os traumas sobre o SNC e o plexo braquial, além de favorecer a expressão torácica durante a passagem pelo canal de parto, permitindo expansão pulmonar adequada. Marc Carolina Ferreira -O fórcipe baixo encurta o período expulsivo e a incidência de hemorragia do SNC, ñ deve ser utilizado se o peso fetal estimado for < a 1.500 g. -A cesárea deve ser feita diante de intercorrências clínicas e obstétricas e nas apresentações cefálicas defletidas e pélvicas c/ peso fetal estimado entre 1.000 e 2.499 g, situações em que os traumas fetais prejudicam o prognóstico neonatal. -A laqueadura do cordão umbilical deve ser realizada após 45 a 60 segundos, mantendo-se o RN em nível inferior ao da placenta, sem praticar a ordenha. Por outro lado, a passagem excessiva de sangue p/ o RN pode levar a hiperbilirrubinemia e hiperviscosidade sanguínea. -Assistência ao parto prematuro: a) Parto vaginal: apresentações cefálica fletida e pélvicas e peso > 2.500 g ou <1.000g; b) Parto cesárea: apresentações cefálica defletida e pélvica e peso entre 1.000 e 2.499 g; c) Analgesia do parto sempre que possível; d) Amniotomia tardia para proteção do polo cefálico; e) Desprendimento lento do polo cefálico ao nascimento (evitar trauma do SNC). -Profilaxia da infecção neonatal pelo Streptococcus do grupo B: o Streptococcus do grupo B (Streptococcus agalactiae) é frequentemente encontrado na vagina e no reto da mulher grávida. Quando essa bactéria é transmitida da mãe p/ o feto (o que acontece na maioria das vezes durante o trabalho de parto e no parto), pode causar sepse neonatal, principalmente no prematuro. Pesquisa em gestantes entre 35 e 37 semanas. Amelhor forma de evitar a infecção neonatal pelo Streptococcus do grupo B é a profilaxia c/ antibióticos durante o trabalho de parto. A profilaxia antibiótica deve ser realizada em todas as gestantes de risco ou aquelas c/ cultura perineal positiva → Em todos esses casos, deve-se prescrever, no período intraparto, penicilina G na dose de 5.000.000 UI IV, como dose de ataque, e 2.500.000 UI a cada 4 horas, até o parto. Como alternativa, pode ser empregada ampicilina 2 g IV, na dose de ataque, e 1 g a cada 4 horas, até o parto. Alergia á penicilina usa clindamicina 900 mg IV de 8 em 8h. P/ SER COMPLETA A PROFILAXIA SÃO 2 COMPLETAS -Fatores de riscos + importantes: TPP; rotura prematura de membranas no feto prematuro; rotura prematura de membranas por + de 18 horas; história de RN anterior c/ infecção pelo Streptococcus do grupo B; bacteriúria por Streptococcus agalactiae durante a gestação e febre durante o trabalho de parto. -Detecções e condutas: 1. A 1º conduta é a prevenção do TPP: a) Pesquisa de fatores de risco e acompanhamento pré- natal adequado; b) USG precoce, p/estabelecer a IG precisa e diagnosticar malformação uterina, gemelaridade, miomas; c) Circlagem entre a 12º e 16º semanas de gestação nos casos de incompetência cervical; d) Uso de marcadores bioquímicos, como IL-6, IL-8, CRH, fFN e phIGFBP-1, que podem servir p/ indicar risco de TPP. 2. Detecção e conduta no TPP: a) O verdadeiro TPP apresenta: • Contrações uterinas regulares a cada 5 minutos • Dilatação cervical de, pelo menos, 1 cm • Esvaecimento cervical de, no mínimo, 80%. -Operação cesariana no prematuro: deve estar de acordo c/ as indicações obstétricas. Entretanto, na prematuridade deve-se estar atento aos cuidados p/ facilitar a extração fetal e evitar os traumatismos. Laparotomia muito reduzida e histerotomia segmentar transversa, quando o segmento inferior do útero ainda é espesso, dificultam a extração fetal, prolongam o tempo operatório e as complicações maternas e fetais. Sendo assim, na ausência de segmento inferior adequado, recomenda-se a incisão segmentocorporal. Em situações em que inadvertidamente tenha-se praticado a incisão segmentar transversa e ocorram dificuldades Marc Carolina Ferreira para a extração fetal, deve-se recorrer a uma incisão complementar longitudinal que se assemelha à letra T invertida. A extração do feto prematuro exige que o obstetra seja experiente. As manobras obstétricas devem ser cuidadosas, lentas e delicadas, de preferência a c/ o nascituro empelicado. As técnicas de eleição p/ a anestesia são as regionais, raqui ou peridural. A escolha entre raqui e peridural é feita c/ base nas condições clínicas da gestante e no tempo cirúrgico estimado. Pela prematuridade é preferível a raquianestesia c/ agulha fina, em que se utiliza < quantidade de anestésico, c/ < comprometimento fetal e > relaxamento da musculatura, o que facilita a extração do feto e propicia < risco de traumatismo. Entretanto, essa anestesia apresenta > risco de hipotensão materna. Nesse sentido, deve-se estar atento às gestantes que foram submetidas à tocólise recente c/ beta-agonistas ou antagonistas do cálcio, pela possibilidade de interação medicamentosa c/ o anestésico, o que pode causar hipotensão arterial. Recomenda-se que após a suspensão da tocólise haja um intervalo de pelo menos 2 horas p/ a realização da anestesia Quais são os benefícios neonatais da corticoterapia antenatal? Os benefícios da terapêutica antenatal c/corticosteroides incluem redução de 40 a 60% de membrana hialina entre RN de 28 a 34 semanas, < gravidade da síndrome da angústia respiratória quando presente, < incidência de hemorragia intracraniana e de enterocolite necrosante, e > sobrevida dos RN prematuros, c/ melhora na estabilidade circulatória e c/ necessidades reduzidas de oxigenação e de suporte ventilatório. Além disso, observam-se melhores respostas terapêuticas ao uso do surfactante neonatal quando a paciente faz uso do corticosteroide no período antenatal.
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