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Esquizo: um elemento sempre desviante do ideal e do fim (o desviante é a própria afirmação do desejo). Não há centro ou identidade. Não há um eu bem fundado. Análise: é preciso analisar o desejo da imanência; explicar e compreender uma realidade complexa decompondo-a em elementos simples; trazer a luz algo que não está entendido. Esquizoanálise Se propõe a uma reflexão sobre as nossas composições. Não somos apenas uma coisa. Olhar para aquilo que difere e destoa. O que mais importa não é o que é, mas o que se pode fazer. O desejo é o de potência. A essência do sujeito está no desejo, que o movimenta. Institucionalismo: sociedade como forma organizadora de associação humana; história como o devir da sociedade no tempo. Instituições: lógicas que regulam a atividade humana, que lhe atribuem valor, sentido e significado. Podem ser leis, normas, hábitos, costumes, escritos (apesar disso, são abstratas) ou não – objetificação de valores. Constituem a sociedade como se formassem um tecido impenetrável que articula e regula as relações entre os homens. Exemplos: linguagem, parentesco, trabalho, educação, religião e justiça. Para cumprir sua função, as instituições devem materializar-se em dispositivos concretos que são as organizações - formas materiais muito variadas que compreendem desde um grande complexo organizacional até um pequeno estabelecimento. Ou seja, as organizações são grandes ou pequenos conjuntos de formas materiais que concretizam as opções que as instituições distribuem e enunciam. Sociedade: tecido de instituições que se interpenetram e se articulam entre si para regular a produção e a reprodução da vida humana sobre a terra e a relação entre os homens. As instituições não teriam realidade social não fossem as organizações. As organizações, por sua vez, não teriam sentido ou objetivo, não fosse em função de um conjunto de instituições que lhes atravessam e direcionam. Uma organização é composta por diversos estabelecimentos (estabelecimentos possuem em sua estrutura equipamentos). É o dispositivo concreto que materializa as instituições; pode se apresentar como um complexo organizacional ou até mesmo como um estabelecimento pequeno; são orientadas pelas instituições e sem elas não teriam objetivos. Seus estabelecimentos incluem dispositivos técnicos chamados de equipamentos, que podem ter uma realidade material. Organizante – atividade crítica e transformadora que movimenta as organizações. Organizado – o organograma ou fluxograma, que tem tendência natural a cristalizar-se e adotar uma série de vícios. Exemplo: burocracia. Processo de institucionalização-organização: relação e dialética existentes entre o instituinte e o instituído e o organizante e o organizado, se mantendo permanentemente permeáveis, fluidas, elásticas. Estabelecimentos: são de naturezas muito diversas, o que os torna difíceis de serem enunciados por completo. Eles incluem dispositivos técnicos (maquinaria, instalações, arquivos etc.) que vão receber o nome de equipamento. Instituição – Organização – Estabelecimentos – Equipamentos. Exemplo: escola. É um estabelecimento que faz parte de urna grande organização – provavelmente do Ministério da Educação, que, por sua vez, realiza uma grande instituição. Agentes: são os suportes e os protagonistas do sistema. Eles protagonizam práticas verbais, não-verbais, discursivas ou não, teóricas, técnicas, cotidianas ou inespecíficas. São os agentes que dão visibilidade para as unidades institucionais e operam transformações na realidade. Duas vertentes: instituinte e instituído. Ambas atuam em conjunto. Instituinte – movimentos de transformação de uma instituição, forças produtivas de lógicas institucionais; processo; dinâmico. Instituído – produto da transformação, resultado da ação instituinte. É o efeito da atividade instituinte; produto; estático; estável. → O instituinte careceria completamente de sentido se não se materializasse nos instituídos e, por outro lado, os instituídos não seriam efetivos se não estivessem permanentemente abertos à potência instituinte. → Uma instituição supõe a outra, precisa da outra, e o seu conjunto é o que constitui uma civilização ou uma sociedade humana. Toda instituição/organização/estabelecimento apresenta esta função a serviço dos exploradores, dominadores e mistificadores. Funcionamento: é sempre instituinte, transformador, justiceiro e tende à utopia. Função: é predominantemente reacionária, conservadora, a serviço da exploração/dominação/mistificação, e se apresenta aos olhos não atentos como eterna, natural, desejável e invariável. Atravessamento: entrelaçamento, interpenetração que acontece ao nível da função, do conservador, do reprodutivo. A sociedade é uma rede constituída pela interpenetração de forças e entidades reprodutivas e antiprodutivas cujas funções estão a serviço da exploração, dominação e mistificação. Transversalidade: interpenetração ao nível do instituinte, do produtivo, do revolucionário, do criativo. Por exemplo, a escola. A sociedade também está constituída pela interpenetração das forças e entidades que estão a serviço da cooperação, da liberdade, da plena informação, ou seja, da produção e da transformação afirmativa e ativa da realidade. O institucionalismo é expressão de experiências, de práticas sociais, e deve ser entendido como obra aberta. É a articulação de saberes e práticas. Designa movimentos de indagação de modos de viver-saber que se hegemonizaram em diversos campos: do pensamento científico, das práticas de cuidado, das práticas formativas, dos modos de fazer/pensar a política, dos modos de abordar a subjetividade. História: análise dos regimes de verdade e dos processos de subjetivação. Deve recusar linearidades, acentuando contingências e acontecimentos. Irrupção de acontecimentos, emergências, rupturas, diversos começos em que se efetuam confluências e desvios de diversas práticas e abordagens. Dizeres e fazeres que se compõem, se mesclam, se desviam. No institucionalismo não há unidade e/ou identidade, posto que é sucessão de transformações (maneira singular de mudar em contato com o que muda). Pistas Sentido ativo do conceito de instituição. Análise das condições institucionais de existência dos grupos. Análise coletiva das implicações. Tansversalização da análise. Desnaturalização do objeto grupo. A imanência desejo-produção. Inseparabilidade teoria-prática, clínica e política, subjetividade e política, pesquisa e intervenção. No lugar da origem e dos limites instituídos (antes/depois, dentro/fora) a genealogia e cartografia (o começo pelo meio/entre). A atenção para os processos no lugar da fixação simplesmente na forma. A transdisciplinarização dos saberes (interrogando inter e multidisciplinaridade). A compreensão da demanda como processo sempre produzido e não natural. A compreensão da subjetividade como produção. Maio, 1968 Movimento popular, de origem estudantil, de alcance global. Revolução política, social e comportamental. Reivindicação de direitos: liberdade, diversão, opinião, reconhecimento, trabalho digno, entre outros. A análise institucional é a transformação de uma palavra terapêutica, até agora escravizada pelos analistas, em uma palavra política, liberada e liberadora, dos analisadores. É o ataque conduzido sobre o próprio terreno onde até então se mantinha a dominação analítica. Passa-se, portanto, da noção de análise à de analisador. Reconstruir uma totalidade a partir da compreensão de seus elementos e suas relações. Procede-se trazendo à luz o que está escondidoe só se revela pela operação que consiste em estabelecer relações entre elementos aparentemente disjuntos. Trata-se de reconstruir uma totalidade que se havia rompido. Hermenêutica: interpretação/produção de sentidos; desvelamento da repressão do sentido. Uma análise permite dar visibilidade a relações imediatamente não visíveis, olhar para os elementos sem perder a visão do todo e compreender as instituições que formam a trama social (não dito; censurado). Descobrir ou dar visibilidade ao não dito, ao censurado, ao reprimido – Marx (a luta de classes) e Freud (o inconsciente). A partir de um questionamento das instituições ocultantes (regras, leis, preconceitos etc.), provocações do pensamento. As análises partem ou utilizam-se de analisadores, que revelam a natureza dos instituídos, que denunciam os instituídos e as instituições. Apesar de nem sempre óbvios, os analisadores são imediatamente visíveis. As instituições podem ser concebidas como o sistema de regras que determinam a vida dos indivíduos, dos grupos e das formas sociais organizadas. As instituições, organizações, estabelecimentos, agentes e práticas desempenham uma função. Função é predominantemente sinônimo de reprodução, tentativa de perpetuar o que já existe, impede as transformações sociais. Tendência à estabilização e à invariabilidade. A instituição atravessa todos os conjuntos humanos e faz parte da organização social em todos os níveis: no nível individual, no da organização, no grupo informal ou no grupo formal. No entanto, as instituições também carregam em si um caráter e uma dimensão instituinte, que lhe dá o caráter de passível de transformação e de contestação. As instituições são necessárias para que mantenha o sistema social, para a estabilidade das relações sociais dominantes. Processo de Institucionalização – a dominação do instituído, a naturalização das instituições (autonomização institucional). Quando as instituições ganham a aparência de fixas e eternas, como algo dado, distante de suas perspectivas históricas, ignorando suas origens e seus contextos. Tarefa da Análise Institucional – dar visibilidade às instituições e aos processos de institucionalização. Interrogar o ato de instituir, atento tanto às produções do instituído quanto às produções do instituinte. Inconsciente coletivo e político porque colocam-se como dimensão nem sempre perceptível, quase sempre oculta, não dita, mas que atravessa todos os níveis. As forças instituintes funcionam sempre como analisadores do poder de dominação do instituído, pois provocam outra lógica que desestabiliza e desequilibra a instituição. A função do intelectual analista – enunciar proposições a partir da análise das relações e das práticas sociais. Jamais ditar dogmas ou verdades inequívocas. É ele em si também um efeitos dos analisadores (a primazia do analisador sobre o analista). Implicação – remete aos atravessamentos e às transversalidades na produção do ser. Distancia o sujeito de qualquer pretensão de neutralidade. Implicação: compromisso, participação, investimento afetivo, emoção. Uso utilitarista e pragmático – de acordo com as conveniências. Não se trata apenas de jogo de palavras, trata-se de conceito. A implicação é um nó de relações. Remete a relação e produção que necessita ser compreendida e ganhar visibilidade. Não há um formato pré-estabelecido e dado a priori. Não é, a priori, boa/positiva (uso voluntarista), nem a priori, má/negativa (uso jurídico/policialesco). Remete a envolvimento e corresponsabilidade, em participação. O que importa não é a implicação, mas a análise da implicação. A sobreimplicação remete ao sobretrabalho, à cobrança pela implicação como culpa ou responsabilidade exclusiva, à subjetividade-mercadoria. É justamente a tomada da implicação como forma, como cobrança de um determinado padrão de ação e de envolvimento. Interfere na análise de implicação quando a análise se concentra apenas em um ou outro aspecto, desconsiderando tantos outros possíveis. Ao refletir sobre nosso processo de implicação em relação a qualquer campo, somos atravessados pela sobreimplicação quando nossa análise se concentra e se restringe a um único ponto de sentido. Ela se apresenta também como forma de exigência de um padrão de implicação, como valorização de determinados comportamentos, ações e manifestações do sujeito em direção ao que se deseja. Portanto, potencializa os riscos de individualização da vida, de separação do sujeito de sua “implicação coletiva” e caracteriza divisões (fábrica). Ambas as implicações precisam ser colocadas em análise, para se pensar em seus efeitos, suas ressonâncias. Assim, muitas vezes a implicação se encontra “camuflada de sobreimplicação, mantida à sua sombra”.
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