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Ana Luiza Bittencourt CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO Origem e formação do Estado – Teorias contratualistas - Existem duas teorias que explicam por que os homens vivem em sociedade: • Teoria da Sociedade Natural: tem como referência a ideia de que “o homem é por natureza um animal social. Aristóteles foi o precursor dessa corrente teórica, em que ele diz que o homem é naturalmente um animal político.” • Teoria Contratualista: o surgimento da sociedade é um acordo de vontades, ou seja, de um contrato social hipotético celebrado entre os homens, razão pela qual esses autores são classificados como contratualistas. Thomas Hobbes - É um contratualista; - Escreve sobre as bases de um Estado já formado por um PACTO, onde o poder é cedido para um que ordena a vida dos indivíduos. - Para ele, o Estado de Natureza é fonte de uma guerra generalizada, em que não há lei nem poder; tudo é de todos e os homens agem conforme sua própria razão. - O homem natural: não é um selvagem; a natureza do homem não muda; homens iguais quanto às faculdades do corpo e do espírito; o homem é vaidoso (supõe possuir maior sabedoria do que o outro); um homem não sabe o que o outro quer, então supõe) > RESULTADO > o mais razoável para cada um é atacar o outro. - Na natureza do homem encontramos 3 causas de discórdia: • Competição: os homens atacam uns aos outros pelo lucro > usam a violência para se tornarem senhores das pessoas, mulheres, filhos; • Desconfiança: os homens atacam tendo em vista a segurança > usam a violência para se defender; • Glória: os homens atacam para manter a reputação > usam a violência para ninharias. - Durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em respeito, eles se encontram em condição de guerra de todos contra todos. - Os desejos e outras paixões não são um pecado, até ao momento em que se tome conhecimento de uma lei que proíba, pois, as paixões e os desejos são naturais. - A partir da semelhança entre os pensamentos e paixões dos diferentes homens, poderá conhecer quais os pensamentos e paixões de todos os outros homens. - Aquele que vai governar uma nação inteira deve ler, em si mesmo, não este ou aquele indivíduo em particular, mas o gênero humano. - Direito de natureza > todo homem tem direito a tudo. É a liberdade que cada homem possui de usar seu próprio poder, de maneira que quiser, para preservação de sua natureza e de fazer o que seu julgamento lhe indique como adequado para preservar sua vida. - Lei de natureza > estabelecida pela razão. Se proíbe a um homem fazer tudo o que possa destruir sua vida ou privá-lo dos meios necessários para preservá-la. - Enquanto cada homem detiver o direito de fazer tudo o que quer se encontrarão em condição de guerra. - No Estado de Natureza o homem possui a liberdade de usar seu poder, de maneira que quiser, para preservação de sua natureza. Assim, utiliza-se apenas de seu próprio julgamento para atingir esse fim > impossibilidade de haver paz e segurança entre os homens + anarquia (insegurança e prejuízos) + “o homem é o lobo do homem” - Estado em Hobbes > a lei de natureza não basta para por fim ao conflito > é preciso de um Estado dotado de espada; um poder para garantir a segurança > o Estado deve ter poder pleno > é a única maneira de instituir um poder comum, capaz de defender os homens das invasões estrangeiras e das injúrias dos outros. - Através de um PACTO, será designado um homem ou uma assembleia de homens como representantes > conferir toda sua força em um homem > cada um é autor dos atos do representante; soberano e súditos; poder ilimitado e obediência. - O pacto: garantir a paz uns com os outros e se protegerem do restante dos homens + concordam e pactuam um com cada um dos outros + todos deverão autorizar os atos e decisões + não pode haver quebra do pacto pelo soberano + o soberano nunca é injusto + o soberano não pode ser punido. - IGUALDADE: fator que leva à guerra de todos. - LIBERDADE: ausência de oposição. - Com esses dois termos anteriores não é impedido de fazer o que é capaz e tem vontade. John Locke - Participa do processo de desconstrução do Absolutismo inglês. - Contexto histórico: a morte do Lorde Protetor, o fim do protetorado e Cromwell; voltar a monarquia para evitar a guerra civil: o retorno dos Stuart ao trono inglês (Carlos II). - Ideias centrais de Locke: • Liberdade; • Tolerância religiosa; • Pai da doutrina do Empirismo (conhecimento deriva da experiência); • Teoria da Tábula Rasa (crítica a Platão): crítica à doutrina das ideias natas, de Platão (retomada por Descartes) > o conhecimento prescinde da experiência. - Síntese do Segundo Tratado: • O Estado de Natureza; • A Teoria da Propriedade; • O contrato Social; • A sociedade política ou civil; • 0 direito da resistência. - Neste Segundo Tratado, a vida, a liberdade e a propriedade são vistas como direitos inalienáveis do indivíduo > não é possível abrir mão deles. Além disso, o direito natural preexiste ao Estado e é baseado no consenso, na subordinação do Poder Executivo ao Legislativo, de um poder limitado, de direito de resistência (diretrizes do Estado liberal). - Política: • Dois de seus tratados sustentaram a implantação da monarquia parlamentarista na Inglaterra; • Seus tratados inspiraram a Constituição dos Estados Unidos e as ideias dos iluministas franceses; • Criticou a teoria do direito dividido de Hobbes; • Defendeu que o Estado deve ser regido pelas leis na natureza e pelas leis civis. - Conhecimento: • Empirismo: as experiências constroem o conhecimento; • “a mente humana é uma tábula rasa”; • As experiências e observações preenchem a mente com conhecimento; • Todos nascem bons, iguais e independentes; • A sociedade é responsável pela formação do indivíduo. - O Estado de Natureza é o estado de perfeita igualdade e de perfeita liberdade. É a situação existencial do homem antes mesmo da sociedade política. Implica a existência de uma ordem natural. O estado natural é um estado de liberdade, não de libertinagem, porque os seus membros estão sob a influência daquilo que lhes é mais natural. - Igualdade = comunidade de espécie e ausência de subordinação; - Liberdade = possibilidade de dispor livremente sobre o próprio corpo e os bens dados pela natureza. - Todos os seres humanos possuem uma característica comum: a razão. - Sendo conatural ao ser humano, a razão possui características de lei natural, legitimando-a. - No estado natural existe uma lei natural. Como lei, vincula o ser humano a segui-la. Decorre desta lei, Direitos Naturais (vida, liberdade, propriedade). - Quando se permite a propriedade promove-se a conservação da vida, tendo como finalidade a liberdade. - O mais importante é o direito à PROPRIEDADE. A propriedade é importante porque serve de garantia à conservação da vida e esta é condição sine qua non para a existência da liberdade. - É o TRABALHO que LEGITIMA a PROPRIEDADE > é a forma identificativa da propriedade. - Para Locke, o estado de natureza possui uma condição natural que não leva necessariamente à guerra de todos contra todos, há a possibilidade de sociabilidade entre os homens. - O objetivo do governo é garantir os direitos individuais da população > vida, liberdade e igualdade > individualismo liberal. A função do Estado é proteger a propriedade para que se tenha condições para o funcionamento da economia. - A permanência de um governo dependia da aprovação do povo; - Separação da Religião e do Estado; - 3 poderes: executivo, legislativo e judiciário, sendo o legislativo o mais importante. - Defendia a escravidão dos prisioneiros de guerra. - Contrato social: • No Estado de Natureza ninguém tinha poder para garantir o cumprimento da lei natural, os indivíduos decidiram abdicar de certas liberdades e celebrar um contrato social.• Por esse contrato cedem o seu poder ao Estado, incumbindo-o de fazer e executar as leis necessárias à preservação dos direitos de todos, constituindo assim a sociedade civil e o Estado. • Logo, contrato social = é o acordo pressuposto entre os indivíduos que, livremente e de mútuo consentimento, prescindem de certas liberdades em troca da proteção do estado. - O Estado assume as seguintes obrigações: • Assegurar o respeito pela lei natural; • Repor a ordem infringida, punindo os infratores; • Fazer as leis necessárias para garantir o bem-comum; • Impor o cumprimento das leis; • Proteger os direitos individuais; • Governar segundo as leis estabelecidas; • Julgar e fazer reinar a justiça; • Defender a paz, a segurança e o bem comum; • Respeitar a finalidade para que foi instituído; • Não exercer o poder de modo absoluto e discricionário. - Aos direitos naturais à vida, liberdade e propriedade se junta, como garantia de que serão estes respeitados, o direito a resistir ao tirano que não estiver apto a garanti-los. Jean Jacques Rousseau - Afirma que o ser humano é inatamente bom e tem seu comportamento corrompido pela sociedade. - Contexto histórico: • Humanos existiam em um estado de natureza antes da sociedade > eles eram livres e felizes, como os animais. Mas trocaram sua liberdade por um contrato social e leis. • Não é possível voltar para o estado de natureza, pois renunciar à liberdade é renunciar a ser homem, mas é possível escrever um contrato social promovendo a liberdade por meio da lei. - Visão do homem: • O homem é naturalmente bom e todos nascem iguais; • São corrompidos pela sociedade, em consequência das injustiças, opressão e escravidão. • Solução: transformar a sociedade – garantindo a todos a liberdade de expressão e culto e fornecendo mecanismos de defesa contra tiranias. - O contrato social pode ser visto como uma teoria da democracia contemporânea que abarca: a igualdade, a liberdade dos cidadãos e a soberania do povo. - O contratualismo rousseniano parte do pressuposto da necessidade de se estabelecer um pacto legítimo, que lhes devolva a liberdade natural perdida com o surgimento das relações sociais.
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