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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AOS PORTADORES DE AFECÇÕES DO SISTEMA CARDIOVASCULAR Docente: Enfª Sâmia Suellen samiasuellenbrito@hotmail.com samiasuellen As doenças cardiovasculares são a segunda causa de morte no Brasil e correspondem a cerca de 30% dos óbitos no País. Dessa forma, a atenção adequada aos portadores dessas situações clínicas, desde antes de sua instalação, é vital na mudança do panorama das doenças e na assistência de qualidade ao adulto. As alterações no sistema cardiovascular podem estar ligadas às diferentes estruturas que compõem esse sistema: coração e vasos sanguíneos. Dentro do coração, as afecções relacionam-se às alterações da circulação cardíaca, às alterações do músculo cardíaco, às alterações do sistema de condução e às alterações da pré-carga e da pós-carga. Pré-carga • força exercida sobre o músculo atrial no final da diástole. Pós-carga • pressão que o ventrículo deve exercer para ejetar o sangue do coração Insuficiência coronariana (ICO) A principal causa dessa interrupção de fluxo é a aterosclerose. É definida pela incapacidade das artérias coronárias em suprir a demanda de oxigênio do músculo cardíaco. Essa impossibilidade de manter o fluxo sanguíneo para o coração se dá por meio da obstrução de uma ou mais artérias coronárias. O desenvolvimento da aterosclerose se dá por meio do depósito de lipídeos, células inflamatórias e elementos fibrosos nas paredes das artérias, principalmente das grandes artérias, como as coronárias, a aorta e as cerebrais. Esse depósito permite então a formação de uma placa de ateroma. O movimento do vaso e o estresse faz com que essa placa se rompa e, como consequência da resposta da cascata de coagulação sanguínea, um trombo se forma, levando à obstrução do fluxo na artéria coronária Manifestações clínicas A interrupção do fluxo pode ocorrer em qualquer artéria coronária e em toda a sua extensão. As manifestações clínicas da doença dependem da localização e do tamanho do estreitamento da luz do vaso. A ausência do fluxo coronariano tem como consequência a isquemia cardíaca, que produz diferentes sinais e sintomas, entre eles, a angina. A angina tem como característica principal a dor ou o desconforto em uma ou mais das seguintes regiões do organismo: região epigástrica, região torácica, mandíbula, ombros e membros superiores. Essa dor tende a piorar durante as atividades físicas ou diante de situações de estresse. Angina típica: pessoa apresenta dor retroesternal, que piora durante atividades físicas e situações de estresse e melhora com repouso e uso de vasodilatadores. Angina atípica: pessoa apresenta apenas dois dos fatores da angina típica Assistência de enfermagem Para o planejamento da assistência de enfermagem a portadores de ICO, são necessários a avaliação dos sinais e sintomas, a identificação dos problemas de enfermagem e o julgamento clínico na elaboração dos Diagnósticos de Enfermagem. Os principais DEs que podem ser identificados diante de um paciente com ICO são, segundo a classificação da Nanda: • definida por energia fisiológica ou psicológica insuficiente para suportar ou completar as atividades diárias requeridas ou desejadas Intolerância à atividade • definida por experiência sensorial e emocional desagradável que surge de lesão tissular real ou potencial ou descrita em termos de tal lesão. Início súbito ou lento, de intensidade leve a acentuada, com duração menor de seis meses Dor aguda • definido por risco de redução na circulação cardíaca Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída Assistência de enfermagem Os diagnósticos são compostos de definição, características definidoras e fatores relacionados Diagnósticos de enfermagem (DEs) Características definidoras/fatores de risco Fatores relacionados Intolerância à atividade Alterações eletrocardiográficas refletindo isquemia, desconforto aos esforços, dispneia aos esforços, relato verbal de fraqueza, relato verbal de fadiga, resposta anormal da frequência cardíaca e/ou da pressão arterial aos esforços Desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio Dor aguda Evidência observada de dor, relato verbal de dor Agentes lesivos Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída Falta de conhecimento sobre os fatores de risco passíveis de modificação, hiperlipidemia, história familiar de doença coronária ------------- A partir da definição dos DEs, é realizado o planejamento das ações da equipe de enfermagem. São definidas as intervenções de enfermagem necessárias a cada paciente portador de ICO. DE: INTOLERÂNCIA À ATIVIDADE INTERVENÇÃO ATIVIDADES Assistência no autocuidado Atentar à cultura e à idade do paciente ao propiciar auxílio ao autocuidado; Verificar a necessidade do paciente de dispositivos para o auxílio na higiene pessoal, vestir-se, arrumar-se, realizar higiene íntima e alimentar-se; Propiciar artigos pessoais desejados; Fornecer assistência até que o paciente seja capaz de realizar suas atividades por completo; Ajudar o paciente na aceitação da sua dependência; Encorajar a independência, mas interferir quando o paciente tiver dificuldade de desempenhar as atividades. DE: DOR AGUDA INTERVENÇÃO ATIVIDADES Controle da dor: alívio da dor ou redução da dor até um nível de conforto aceitável para o paciente Avaliar a dor quanto a sua localização, características, início/duração, frequência, qualidade e intensidade; Observar presença de expressões não verbais de dor; Verificar fatores que melhoram ou pioram a dor; Determinar uma frequência de avaliação da dor; Reduzir ou eliminar fatores que propiciem o aumento da dor; Verificar a necessidade de repouso para preservar o trabalho cardíaco. DE: RISCO DE PERFUSÃO TISSULAR CARDÍACA DIMINUÍDA INTERVENÇÃO ATIVIDADES Precauções cardíacas: prevenção de um episódio agudo de função cardíaca por meio de redução de eventos contribuintes e comportamentos de risco Avaliar o paciente quanto a comportamentos de risco associados a eventos cardíacos adversos; Orientar paciente e família sobre os sinais de surgimento ou agravamento da doença; Orientar paciente e família sobre modificações dos fatores de risco cardíacos; Orientar o paciente quanto à necessidade de exercícios regulares e progressivos; Orientar paciente e família sobre os sinais de que é o momento do descanso; Orientar quanto a redução do tabagismo, dieta saudável, obtenção e manutenção do peso adequado; Avaliar em relação à ansiedade e à depressão; Promover técnicas efetivas para reduzir o estresse. Insuficiência Cardíaca (IC) A hipertensão arterial sistêmica é a principal causa de IC no Brasil. A doença de Chagas e a valvulopatia por doença reumática são causas especiais de IC que devem ser observadas no País. definida como a incapacidade do coração em fornecer sangue suficiente para suprir as necessidades do organismo. Também pode ser chamada de insuficiência cardíaca congestiva. a hipertensão arterial sistêmica aumenta a pós-carga. O coração tem de fazer um grande esforço para vencer a resistência imposta à ejeção do sangue. Assim, o esforço crescente propicia a hipertrofia das fibras musculares, que, apesar de maiores, perdem a sua função. Manifestações clínicas Os sinais e sintomas de IC são diferentes dependendo do ventrículo alterado. A falha no ventrículo esquerdo é mais comum na IC e leva a sinais de congestão pulmonar e diminuição do débito cardíaco. O mais clássico sinal de IC é a dispneia, que tem como causa a congestão pulmonar. Imagine que, por algum motivo, a função cardíaca esteja diminuída. O volume de sangue que sai do coração diminui e, portanto, aumentam as pressões dentro do ventrículo e do átrio. Além da dispneia, outros sinais e sintomas ficam evidentes diante da congestão pulmonar: a queda da saturação de oxigênio, a tosse, osestertores, a ausculta pulmonar e um batimento cardíaco extra, B3, na ausculta cardíaca. A queda da saturação de oxigênio deve-se à dificuldade da troca gasosa nos alvéolos. Já a tosse tem característica seca e não produtiva e, em casos graves, apresenta saída de secreção espumosa e rósea, efeitos da tentativa do organismo de livrar-se da secreção instalada no alvéolo. Em virtude da passagem do ar pelo líquido acumulado nos alvéolos estertores, esses efeitos são identificados na ausculta pulmonar Manifestações clínicas O quadro a seguir resume os sinais e sintomas da IC Assistência de enfermagem Para o planejamento da assistência de enfermagem a portadores de IC, são necessários a avaliação dos sinais e sintomas, a identificação dos problemas de enfermagem e o julgamento clínico na elaboração dos Diagnósticos de Enfermagem. Os DEs prioritários encontrados em pacientes com IC são débito cardíaco diminuído e volume de líquidos excessivo, que são definidos pela Nanda • quantidade insuficiente de sangue bombeado pelo coração para atender as demandas metabólicas corporais Débito cardíaco diminuído • retenção aumentada de líquidos isotônicos Volume de líquidos excessivo Assistência de enfermagem Os diagnósticos são compostos de definição, características definidoras e fatores relacionados Diagnósticos de enfermagem (DEs) Características definidoras/fatores de risco Fatores relacionados Débito cardíaco diminuído Estertores a ausculta pulmonar; Débito cardíaco diminuído; Fração de ejeção diminuída; Ortopneia Sons B3; Tosse; Dispneia; Oligúria; Pele fria e pegajosa; Distensão da veia jugular; Edema; Fadiga; Ganho de peso Contratilidade alterada; Frequência cardíaca alterada; Pós-carga alterada; Pré-carga alterada; Volume de ejeção alterado Volume de líquidos excessivo Congestão pulmonar ; Alteração da pressão arterial Pulmonar; Anasarca; Distensão da veia jugular Edema; Ganho de peso em curto período; Oligúria; Ortopneia; Pressão venosa central alterada; Ruídos respiratório adventícios; Sons B3 Mecanismos reguladores comprometidos A partir dos DEs mais comuns aos portadores de IC, foram elaboradas as intervenções de enfermagem necessárias, baseadas na classificação proposta pela NIC . DE: DÉBITO CARDÍACO DIMINUÍDO INTERVENÇÃO ATIVIDADES Assistência no autocuidado Atentar à cultura e à idade do paciente ao propiciar auxílio ao autocuidado; Verificar a necessidade do paciente de dispositivos para o auxílio na higiene pessoal, vestir-se, arrumar-se, realizar higiene íntima e alimentar-se; Propiciar artigos pessoais desejados; Fornecer assistência até que o paciente seja capaz de realizar suas atividades por completo; Ajudar o paciente na aceitação da sua dependência; Encorajar a independência, mas interferir quando o paciente tiver dificuldade de desempenhar as atividades. Cuidados cardíacos: limitação de complicações resultante de um equilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio ao miocárdio para pacientes com sintomas de função cardíaca prejudicada Certificar-se do nível de atividade que não comprometa o débito cardíaco; Encorajar aumento gradual da atividade quando a condição estiver estabilizada; Avaliar circulação periférica; Monitorar os sinais vitais; Observar sinais e sintomas de redução de débito cardíaco; Monitorar presença de tosse e estertores; Monitorar o equilíbrio hídrico; Observar alterações de pressão arterial; Restringir o tabagismo; Observar presença de dispneia, fadiga, taquipneia e ortopneia; Orientar paciente e família sobre o objetivo dos cuidados e evolução; Encaminhar para o programa de reabilitação cardíaca. DE: VOLUME DE LÍQUIDOS EXCESSIVO INTERVENÇÃO ATIVIDADES Controle hídrico: promoção do equilíbrio hídrico e prevenção de complicações decorrentes de níveis anormais ou indesejados de líquidos Pesar diariamente; Manter um registro preciso de ingestão e eliminação; Inserir sonda vesical se o paciente não conseguir solicitar dispositivo para eliminação de urina; Monitorar sinais vitais; Observar sinais de excesso de líquidos: pressão venosa central aumentada, edema, distensão jugular e ascite; Avaliar evolução do edema; Distribuir a ingestão de líquidos nas 24 horas; Orientar a restrição hídrica se necessário. Patologia Definição Características definidoras Hipertensão Arritmia Valvulopatia
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