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PENAL-ESPECIAL-E-LEGISLAÇÃO-PENAL-EXTRAVAGANTE

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2 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 
2 Considerações iniciais. ................................................................................................ 5 
2.1 Noções Gerais ... ....................................................... Erro! Indicador não definido. 
3 CRIMES CONTRA A PESSOA. .................................................................................. 8 
3.1 Crimes contra a vida. ................................................................................................ 8 
3.2 Das Lesões Corporais – Art. 129 C.P. .................................................................... 11 
3.3 Da Periclitação da Vida e Da Saúde – Art. 130 ao 136 C.P. ................................... 12 
3.4 Da rixa – Art – 137 C.P ........................................................................................... 18 
3.5 Dos crimes contra a honra Art. 138 a 145 CP. ........................................................ 19 
3.6 Dos Crimes Contra a Liberdade Individual – Art. 146 a 154 - B .............................. 21 
3.6.1 Dos crimes contra a liberdade pessoal ........................................................... 21 
3.6.2 Dos crimes contra a inviolabilidade do domicílio ............................................ 25 
3.6.3 Dos crimes contra a inviolabilidade de correspondência ................................ 25 
3.6.4 Dos crimes contra a inviolabilidade dos segredos .......................................... 27 
4 DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ................................................................ 30 
5 DO DANO.................................................................................................................. 37 
6 DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA ................................................................................. 38 
7 DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES .............................................................. 40 
8 DA RECEPTAÇÃO .................................................................................................... 41 
9 DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .................................. 42 
10 DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO 
AOS MORTOS .......................................................................................................... 44 
11 CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL ............................................................. 46 
11.1 Dos crimes contra a liberdade sexual .................................................................... 47 
11.2 Da exposição da intimidade sexual (lei nº 13.772, 2018). ..................................... 49 
11.3 Dos Crimes Sexuais Contra Vulnerável - Arts. 217 a 218 - C ............................... 50 
 
3 
11.4 Do lenocínio e do tráfico de pessoa para fim de prostituição ou outra forma de 
exploração sexual. .................................................................................................... 53 
12 LEGISLAÇÃO PENAL EXTRAVAGANTE ................................................................. 56 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 63 
 
 
 
4 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno, 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
5 
2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS. 
 
Esta apostila abrange o estudo dos principais artigos da Parte Especial do 
Código Penal Brasileiro, bem como a Legislação Penal extravagante, que são as leis 
não escritas no código penal, como por exemplo as leis de Crimes Hediondos, Lei 
Maria da Penha, Lei de Crimes Ambientais, estatuto do desarmamento entre outras. 
Não se pode confundir Legislação Penal Especial com Direito Penal especial, 
que leva em consideração os órgãos judiciais que aplicam o direito, ou seja, se a Lei 
penal objetiva pode ser aplicada através da justiça comum (estadual ou federal), sua 
qualificação será a de Direito Penal comum; se, no entanto, somente for aplicável por 
órgãos especiais, constitucionalmente previstos, trata-se de Lei penal especial, tais 
como o Direito Penal Militar e o Direito Penal Eleitoral (AGUIAR, 2016). 
Portanto existe o Direito Penal Comum, o Direito Penal Especial; e existe a 
Legislação Penal, objeto de estudo nesta apostila. A Legislação Penal é dividida em 
Parte Geral (Art. 1 ao 120 C.P.), Parte Especial (Art. 121 a 359 C.P.) e Legislação 
Extravagante constituída pelos demais diplomas legais que não se encontram 
expressos no Código Penal. 
Para iniciarmos nosso estudo iremos apresentar de forma sucinta a Parte 
especial do Código Penal, iniciando pelo Título I “Dos crimes contra a Pessoa”, dando 
sequência aos principais títulos e capítulos do Código Penal, depois passamos para 
análise e estudo de algumas das principais Leis Extravagantes vigentes no país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
 
6 
2.1 Noções gerais 
O código penal está divido em Parte geral (art. 1º a 120) e Parte especial (art. 
121 a 361) 
a) Parte Geral - subdivida em 08 títulos, dedica-se a estabelecer regras gerais 
do Direito Penal; 
b) Parte Especial - contém 11 títulos com enfoque na descrição das condutas 
criminosas e a definição de suas respectivas penas. 
 
Leis Extravagantes: 
Abuso de autoridade - Lei 4.898/1965 
Antidrogas - Lei 11.343/2006 
Desarmamento - Lei 10.826/2003 - conforme Decreto 9.685/2019 
Genocídio - Lei 2.889/1956 
Hediondos - Lei 8.072/1990 - conforme Lei 13.769/2018 
Idoso - Lei 10.741/2003 
Interceptação telefônica - Lei 9.296/1996 
Investigação conduzida pelo delegado de polícia - Lei 12.830/2013 
Lavagem de dinheiro - Lei 9.613/1998 
Licitações - Lei 8.666/1993 
Maria da Penha - Lei 11.340/2006 - conforme Leis 13.641/2018, 13.721/2018 e 
13.772/2018 
Meio ambiente - Lei 9.605/1998 
Ordem tributária, econômica e relações de consumo - Lei 8.137/1990 
Organizações criminosas - Lei 12.850/2013 - conforme Decreto 9.527/2018 
Pessoa com deficiência - Lei 13.146/2015 - conforme Decreto 9.522/2018 
Propriedade intelectual de programa de computador - Lei 9.609/1998 
Racismo - Lei 7.716/1989 
Sistema Financeiro Nacional - Lei 7.492/1986 
Terrorismo - Lei 13.260/2016 
Tortura - Lei 9.455/1997 
Trânsito - Lei 9.503/1997 - conforme Lei 13.804/2019 
Transplante de órgãos - Lei 9.434/1997 
 
 
7 
Bem jurídico 
 
É toda coisa que pode ser objeto do Direito. Bem é tudo quanto pode 
proporcionar ao homem qualquer satisfação. Nesse sentido se diz que a saúde é um 
bem, que a amizade é um bem e etc. Mas juridicamente falando, bens são os valores 
materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito. Bens são 
coisas úteis e de expressão econômica, suscetíveis de apropriação. 
 
Sujeitos do Crime 
 
 Sujeito ativo do crime é aquele que pratica a conduta descrita na lei, ou seja, 
o fato típico.Só o homem, isoladamente ou associado a outros (co-autoria ou 
participação), pode ser sujeito ativo do crime. Sujeito passivo do crime é o titular do 
bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta criminosa. 
 
Tipo objetivo e subjetivo 
 
Na conduta tipificada é possível distinguir os seus aspectos objetivo e subjetivo; 
é chamado aspecto objetivo do tipo a conduta propriamente dita (no crime de 
homicídio, por exemplo - o ato de se matar alguém); já o aspecto subjetivo do tipo é a 
vontade do indivíduo em praticar o ato infracional 
 
Ação Penal 
 
➢ Ação penal pública incondicionada é a ação penal pública cujo exercício 
não se subordina a qualquer requisito. Não depende, portanto, de prévia 
manifestação de qualquer pessoa para ser iniciada. 
 
➢ A ação penal pública condicionada é aquela que, embora deva ser 
ajuizada pelo MP, depende da representação da vítima, ou seja, a vítima 
tem que querer que o autor do crime seja denunciado. 
 
 
8 
➢ A ação penal privada é aquela na qual se tem como titular, em regra, o 
ofendido (§ 2º do art. 100 do CP) e, excepcionalmente, - na falta de 
capacidade da vítima - o seu representante legal (§ 3º do 
art. 100 do CP), por meio da qual se busca o início da ação penal 
mediante a apresentação da queixa 
3 CRIMES CONTRA A PESSOA. 
3.1 Crimes contra a vida. 
 
Fonte: renovamidia.com.br 
O artigo 5º, inciso XXXVIII, da Constituição Federal determina que é da 
competência do tribunal do júri o julgamento de crimes dolosos contra a vida. 
São crimes contra a vida: homicídio (artigo 121), induzimento, instigação ou 
auxílio ao suicídio (artigo 122), infanticídio (artigo 123) e aborto (artigos 124, 125, 126, 
127 e 128). 
Via de regra a vida é resguardada, salvo no caso de legítima defesa, estado de 
necessidade e exercício regular de direito, que excluem a ilicitude, e o aborto legal 
(art. 128, I e II do CP), que extingue a punibilidade. Ninguém pode ser privado de sua 
vida. Mesmo nos países que são favoráveis à pena de morte, proposta em sentença 
transitada em julgado por poder competente, é preservada a vida até a execução, 
oferecendo ao criminoso ainda o direito ao indulto ou comutação de pena. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628196/par%C3%A1grafo-2-artigo-100-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628267/artigo-100-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628149/par%C3%A1grafo-3-artigo-100-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628267/artigo-100-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://renovamidia.com.br/
 
9 
Homicídio – Art. 121 a 128 C.P. 
A palavra Homicídio do latim hominis excidium – matar o homem - é o ato que 
consiste em uma pessoa matar a outra, está previsto no Art. 121 do Código Penal 
Brasileiro, com pena de reclusão de seis a vinte anos. 
Para Fernando Capez (2012), 
 [...] Homicídio é a morte de um homem provocada por outro homem. É a 
eliminação da vida de uma pessoa praticada por outra. O homicídio é o crime 
por excelência. “Como dizia Impallomeni, todos os direitos partem do direito 
de viver, pelo que, numa ordem lógica, o primeiro dos bens é o bem vida. O 
homicídio tem a primazia entre os crimes mais graves, pois é o atentado 
contra a fonte mesma da ordem e segurança geral, sabendo-se que todos os 
bens públicos e privados, todas as instituições se fundam sobre o respeito à 
existência dos indivíduos que compõem o agregado social” 
Bem jurídico: É a vida extrauterina, prevista no art. 5º da Constituição Federal. 
Basta o início da passagem à luz para caracterizar o homicídio. Mesmo que 
não tenha sido cortado o cordão umbilical. Terminada a vida intrauterina, matar o 
recém-nascido é homicídio (CARREIRA, 2015). 
Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa, pois trata-se de crime comum. 
Permite concurso eventual de agentes tanto na co-execução (coautoria) quanto na 
participação. 
Sujeito passivo: Vem identificado pelo elementar “alguém”, que é qualquer 
pessoa humana (CARREIRA, 2015). 
Tipo objetivo: matar alguém. 
Tipo subjetivo: Dolo. 
Consumação e tentativa: Consuma-se com a morte. Admite-se a tentativa. 
 
Quando a própria mãe comete a conduta delitiva acometida pelo estado 
puerperal, durante ou logo depois do nascimento com vida, pode ser enquadrado 
como infanticídio, se cometido por terceira pessoa ou mesmo pela mãe não acometida 
pelo estado puerperal é homicídio. Destaca-se que não há crime quando o feto é 
natimorto, por inidoneidade do objeto. 
Ninguém poderá ser condenado como incurso nas sanções do artigo 121/CPB 
quando for o responsável por matar um animal ou tirar qualquer outro tipo de vida por 
falta de tipicidade. 
 
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Artigo_de_lei&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tipicidade
 
10 
O crime de Homicídio possui 08(oito) subdivisões (Vide art. 121 ao 128 C.P.). 
 
• Homicídio qualificado 
• Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
• Homicídio culposo 
• Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
• Infanticídio 
• Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
• Aborto provocado por terceiro, Forma qualificada, Aborto necessário 
• Aborto no caso de Gravidez resultante de estupro 
 
Classificação da qualificadora do Feminicídio 
 
Feminicídio: morte de uma mulher por razões de gênero (por discriminação ou 
menosprezo à condição de sexo feminino) 
Sujeitos passivo: Obrigatoriamente deve ser uma pessoa do sexo feminino 
(criança, adulta, idosa, desde que do sexo feminino). 
Tipo subjetivo: O feminicídio pode ser praticado com dolo direto ou eventual. 
Consumação e tentativa: Pode ser tentado ou consumado. 
Natureza da qualificadora: A qualificadora do feminicídio é de natureza 
subjetiva, ou seja, está relacionada com a esfera interna do agente (“razões de 
condição de sexo feminino”). Ademais, não se trata de qualificadora objetiva porque 
nada tem a ver com o meio ou modo de execução (DUARTE, 2018). 
 
 Observação: Feminicídio é o homicídio doloso praticado contra a mulher por “razões 
da condição de sexo feminino”, ou seja, desprezando, menosprezando, 
desconsiderando a dignidade da vítima enquanto mulher, como se as pessoas do sexo 
feminino tivessem menos direitos do que as do sexo masculino. 
Existe diferença entre feminicídio e femicídio? 
• Femicídio significa praticar homicídio contra mulher (matar mulher); 
• Feminicídio significa praticar homicídio contra mulher por “razões da condição 
de sexo feminino” (por razões de gênero). 
 
11 
A Lei sobre Feminicídio, pune mais gravemente aquele que mata mulher por 
“razões da condição de sexo feminino” (por razões de gênero). Não basta a vítima ser 
mulher. 
 
3.2 Das Lesões Corporais – Art. 129 C.P. 
A lesão corporal é delito que antecede a um outro delito de maior gravidade, 
normalmente o homicídio. 
Como se trata de delito acessório, um acompanha o outro, quase sempre tem 
a violência física como meio de execução. (Tais como o constrangimento ilegal, roubo, 
extorsão, estupro possessório, atentado contra a liberdade de trabalho) ou 
qualificadora (dano com violência à pessoa, ultraje a culto e impedimento ou 
perturbação de ato a ele relativo com violência pessoal e, etc.). 
Trata-se de delito material, de comportamento e de resultado, em que o tipo 
exige a produção deste. O crime de lesão corporal se aperfeiçoa no momento em que 
há a real ofensa à integridade física ou à saúde física ou mental do ofendido. 
Subdivide-se em: 
• Lesão corporal de natureza grave 
• Lesão corporal seguida de morte 
• Lesão corporal culposa 
• Violência Doméstica – Incluído pela Lei nº 10.886 de 2004). 
 
Classificaçãogeral do crime de Lesões corporais. 
 
Bem jurídico: Integridade física da pessoa humana. 
Sujeito Ativo e Passivo: Qualquer pessoa 
Tipo objetivo: O núcleo é ofender, lesar, ferir. Pode ser praticado de forma livre, 
sendo comissivo ou omissivo. O dano à integridade física ou à saúde do ofendido deve 
ser juridicamente apreciável. 
Consumação: Com a efetiva ofensa, ainda que a vítima sofra mais de uma lesão, o 
crime será único. 
 
12 
Tentativa: Admissível, salvo em algumas figuras qualificadas como: § 1° IV (grave - 
resultando aceleração do parto): § 2° V (gravíssima - resultando aborto); § 3° 
(resultando morte). 
Ação Penal: Será pública condicionada à representação do ofendido. 
3.3 Da Periclitação da Vida e Da Saúde – Art. 130 ao 136 C.P. 
 Crime em que alguém cria uma situação perigosa para lesar ou prejudicar a 
vida ou a saúde de outra pessoa, disseminando algum tipo de doença ou afetando 
diretamente a integridade corporal da vítima. 
Periclitação vem de periclitar, que quer dizer estar em perigo; perigar; ameaçar 
perigo ou ruína. É importante distinguir os delitos de perigo concreto dos de perigo 
abstrato, assim, nos Crimes de perigo e de dano, este consuma-se com a efetiva lesão 
a um bem juridicamente tutelado e aquele contenta-se com a mera probabilidade de 
dano. Então para se configurar um crime de dano será exigida uma efetiva lesão ao 
bem jurídico protegido e nos crimes de perigo basta à possibilidade do dano, ou seja, 
a exposição do bem a perigo de dano. 
Para Rogério Greco (2016, p. 195), 
Os chamados delitos de dano são aqueles em que se exige, para sua 
configuração, a efetiva lesão ou dano ao bem juridicamente protegido pelo 
tipo penal. Ao contrário, os delitos reconhecidos como de perigo não exigem 
a produção efetiva de dano, mas, sim, a prática de um comportamento típico 
que produza um perigo de lesão ao bem juridicamente protegido, vale dizer, 
uma probabilidade de dano. O perigo seria, assim, entendido como 
probabilidade de lesão a um bem jurídico-penal (apud BENFICA NETO, 
2016). 
 
 
Perigo de contágio venéreo 
 
Bem jurídico: A saúde da pessoa humana. 
Sujeitos: Os sujeitos do delito são no rol ativo: qualquer pessoa contaminada 
por moléstia venérea. No rol passivo: qualquer pessoa, Irrelevante o consentimento 
do ofendido. 
Tipo objetivo: Expor alguém por meio de relações sexuais – cópula e seus 
equivalente fisiológicos – ou qualquer ato libidinoso – destinado à satisfação de 
 
13 
prazeres sexuais – a contágio de moléstia venérea (elemento normativo extrajurídico), 
de que sabe ou deve saber que está contaminado. Indispensável o contato corporal 
direto entre agente e vítima (art. 330, caput). 
Tipo subjetivo: No artigo 130, caput, o dolo direito (sabe) ou eventual (deve 
saber); no § 1º, unicamente o dolo direto. 
Consumação e tentativa: A consumação se dá com o contato sexual, 
independentemente do contágio. A transmissão da moléstia venérea exaure o delito. 
É admissível a tentativa. 
Forma qualificada: Trata-se da hipótese de o agente ter a intenção de 
transmitir a moléstia (art. 130, § 1º, CP). 
Penal e ação penal: A competência para processo e julgamento do delito 
previsto no artigo 130, caput é do Juizado Especial Criminal (art. 61, Lei 9,099/1995). 
Admite-se em todas as hipóteses a hipótese de violência doméstica e familiar contra 
a mulher (art. 41, Lei 11.340/2006). 
A ação penal é pública condicionada à representação (art. 130, § 2º, CP). 
 
Perigo de contágio de moléstia grave 
 
Bem jurídico: Incolumidade física pessoal – a vida e a saúde da pessoa 
humana. 
Sujeitos: No rol ativo qualquer pessoa contaminada por moléstia grave e 
contagiosa (delito comum). 
Tipo objetivo: Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que 
está contaminado, ato capaz de produzir o contágio (art. 131. CP). Moléstia grave é 
toda aquela que afete seriamente a saúde, perturbando o funcionamento do 
organismo (elemento normativo extrajurídico). Indispensável que a moléstia grave 
seja transmissível por contágio. 
Tipo subjetivo: Dolo (direto) e o elemento subjetivo do injusto “com o fim de 
transmitir a outrem moléstia grave”. 
Consumação e tentativa: Consumação – com a prática da conduta idônea à 
transmissão da doença. Independentemente do contágio. Sobrevindo este, exaure-se 
o delito. Tentativa – admissível. 
 
14 
Penal e ação penal: Comina-se pena de reclusão, de um a quatro anos, e 
multa (art.131). Cabível a suspensão condicional e familiar contra mulher (art. 41 da 
Lei 11.340/2006 e art 129, § 9º CP). Ação Penal é pública incondicionada. 
 
 
Perigo para a vida ou saúde de outrem 
 
O artigo 132 vem caracterizar como crime a exposição da vida ou saúde de 
outrem a perigo. 
Bem jurídico: O bem jurídico em tela neste artigo é exatamente a vida e saúde 
da pessoa humana. 
Sujeitos: Os sujeitos do delito são no rol ativo: qualquer pessoa. No rol passivo: 
qualquer pessoa desde que individualizada, pois se ação e perigo conjunto ou difuso 
gera outra tipificação. Irrelevante o consentimento do ofendido. 
Tipo objetivo: é a exposição de outrem a situação que coloque em xeque sua 
vida ou sua saúde. 
Tipo subjetivo: pode ser acarretado no ramo subjetivo por dolo direto ou dolo 
eventual. 
Consumação e tentativa: se dará mediante a exposição da pessoa ao perigo 
direto iminente a vida ou saúde da própria. Ainda assim admite-se a tentativa. 
Forma qualificada: A causa de aumento da pena (1/6 a 1/3) se dá, quando o 
perigo advém de situação de transporte de trabalhador para a prestação do serviço. 
Usando da doutrina de Mirabete (2007), encontra-se o caso dos bóias frias que são 
levadas as lavouras em situações de perigo, na carroceria de caminhões sem 
qualquer segurança (apud MORAES, 2016). 
Penal e ação penal: A ação penal nestes casos é pública e incondicionada, e 
a pena nos casos que não se enquadram como grave é de detenção de três meses a 
um ano. 
 
Abandono de incapaz 
 
Bem jurídico: Vida e saúde da pessoa humana considerada incapaz. 
 
15 
Sujeito ativo: é somente aquele que possua uma especial relação de assistência com 
a vítima, ou que esteja cuidando, ou com a guarda, vigilância ou imediata autoridade 
(delito especial próprio). 
Sujeito passivo: é aquele que está sob a guarda, ainda que provisória, não se 
limitando o legislador a figura do infante, trazendo todos aqueles que figurem como 
incapazes de serem resguardados dos perigos e riscos possíveis do seu abandono. 
Tipo objetivo: quando ocorre o abandono do incapaz, possibilitando serem exposto 
a perigo concreto. 
Tipo subjetivo: caracteriza pelo dolo, isto é, “pela consciência e vontade do agente 
de expor a perigo concreto a vida ou saúde do sujeito passivo através do abandono”. 
(PRADO, 2014, p.275 apud SILVA, 2015). 
Consumação e tentativa: O crime consuma-se através do abandono, uma vez que 
haja perigo concreto. Lembrando que o crime é classificado como instantâneo, sendo 
necessário a situação de perigo que não transcorre com o tempo, mas sim de sua 
concretude e existência (SILVA, 2015). 
Forma qualificada: Quando o sujeito ativo atua com consciência e vontade de 
ofender a vítima. 
Penal e ação penal: As causas de aumento de pena estão previstas no § 3º do artigo 
133 do CP. A ação penal é publica incondicionada. 
 
Exposição ou abandono de recém-nascido 
 
Bem jurídico: A vida e a saúde do recém-nascido. 
Sujeito ativo: Por se tratar de crime que tem como elemento subjetivo o fim de ocultar 
a própria desonra, é possível dizer que é a mãe, nas hipóteses de gravidez extra-
matrimonial, incestuosa ou adulterina, bem como o pai, se o filho for adulterino ou 
incestuoso. 
Sujeito passivo: O recém-nascido 
Tipo objetivo: A conduta típica consiste em expor ou abandonar recém-nascido para 
ocultar desonra própria. 
Tipo subjetivo: Além do dolo de expor ou abandonar, que podeser direto ou 
eventual, é imprescindível o elemento subjetivo do tipo, fim de “ocultar desonra 
própria”. 
 
16 
 Consumação e tentativa: O crime se consuma com o perigo concreto, decorrente 
do abandono. É viável a tentativa, na modalidade comissiva. 
Forma qualificada: Se em razão do abandono houver o resultado lesão corporal 
grave a pena será de 1 a 3 anos de reclusão (§ 1º) Se resulta morte, a pena será de 
2 a 6 anos de reclusão (§ 2º). Observe-se que essa figura privilegiada do art. 134, traz 
pena bem mais branda, na hipótese de qualificadora pela morte, em comparação com 
o art. 133, CP. 
As duas formas qualificadas são crimes preterdolosos, de modo que é preciso 
que exista culpa no resultado. Se, apesar do abandono, for imprevisível o resultado, 
não se aplica a qualificadora por força do art. 19, CP. 
Penal e ação penal: Na forma simples, detenção de 6 meses a 2 anos. Preter 
dolosa que resulte lesão grave de 1 a 3 anos se resultar morte de 2 a 6 anos. Ação 
penal pública incondicionada. 
 
Omissão de socorro 
 
Bem jurídico: Resguarda-se a vida e saúde da pessoa humana. 
Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa sem restrição (delito comum), desde que 
esteja próximo, podendo prestar socorro. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa em grave e iminente perigo. 
Tipo objetivo: A conduta típica consiste em deixar de prestar assistência sem risco 
pessoal quando possível faze-la ou não pedir socorro à autoridade pública competente 
ao se deparar com o sujeito passivo. 
Tipo subjetivo: Dolo direto ou eventual. É a decisão do agente na inação como a 
consciência do agente que poderia agir e com meios necessários para agir. 
Consumação e tentativa: A omissão de socorro consuma-se quando o agente não 
presta o socorro devido ainda que outro o tenha feito posteriormente. E com 
consequência tenha efetiva lesão da vítima. O crime de omissão de socorro é um 
crime de perigo sendo que na primeira parte “que a criança... desamparo” (Art. 135). 
Na segunda parte “grave e iminente perigo” é crime de perigo concreto. 
Forma qualificada: Prevista no § único que a pena será aumentada, se da omissão 
resultar lesão de natureza grave, a pena será aumentada na metade. Na hipótese de 
resultar morte, a pena será triplicada. Essas causas de aumento de pena somente 
incidirão se ficar demonstrado que a execução da conduta devida ou da conduta 
 
17 
omitiva teria evitado o resultado. Obs.: A crítica que se faz ao § único do art. 135 CP, 
é que sua redação é equivocada, pois não há a relação de causalidade alguma na 
omissão sendo-lhe assim mesmo imputado o resultado, desde que seja possível 
demonstrar que a ação devida teria evitado o resultado. 
Penal e ação penal: Pena na forma simples, detenção de 1 a 6 meses ou multa. Se 
resulta lesão grave, reclusão de 1 a 4 anos. Se resultar morte, reclusão de 4 a 12 
anos. Ação penal pública incondicionada. 
 
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial 
(incluído pela lei nº 12.653, de 2012). 
 
Bem jurídico: é a preservação da vida e da saúde da pessoa humana. 
Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa que esteja ligado a pratica da cobrança de 
cheque ou condição para o atendimento do sujeito passivo, atendente ou pessoa 
responsável pela unidade de saúde. 
Sujeito passivo: Pessoa em estado de emergência. 
Tipo objetivo: A conduta criminosa do agente é “exigir” a garantia formal (“cheque-
caução, nota promissória ou qualquer garantia”) de pagamentos dos custos médico-
hospitalares, como “condição” para atendimento médico-hospitalar de emergência. 
Tipo subjetivo: Admite-se somente a forma dolosa de exigir cheque-caução, nota 
promissória ou qualquer outra garantia ou ainda de exigir o preenchimento prévio de 
formulários administrativos, sendo dolo de perigo. Inadmite-se, a modalidade culposa. 
Consumação e tentativa: consuma-se no momento da exigência da garantia de 
cheque-caução, nota promissória ou qualquer outra garantia, bem como o 
preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o 
atendimento médico-hospitalar emergencial. Não admite-se tentativa. 
Forma qualificada: Se da conduta resultar lesão corporal de natureza grave, a pena 
poderá ser majorada ao dobro; resultando em morte, a pena seja majorada ao triplo. 
Penal e ação penal: A conduta tipificada no Art. 135-A, caput, do Código Penal tem 
como sanção aplicável, cumulativamente, a detenção de três a um ano e multa. A 
Ação Penal é Pública Incondicionada. 
 
Maus-tratos 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm#art1
 
18 
 
Delito de quem submete alguém, sob sua dependência ou guarda, a castigos 
imoderados, trabalhos excessivos e/ou privação de alimentos e cuidados, colocando, 
assim, em risco a vida ou a saúde. 
Bem jurídico: Crime de perigo, portanto o bem jurídico tutelado é a vida, a 
integridade corporal e a saúde. 
Sujeito ativo: quem possui com o sujeito passivo relação jurídica especificada: 
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação ensino, tratamento ou 
custódia. 
Sujeito passivo: a pessoa que esteja subordinada a vínculo jurídico de 
subordinação. 
Tipo objetivo: A conduta é expor a perigo. A conduta só será típica se a 
exposição a perigo se der mediante uma das formas de execução: a) privação de 
alimentos, b) privação de cuidados indispensáveis, c) sujeição a trabalhos excessivos 
ou inadequados ou d) abuso dos meios de disciplina e correção. 
 Tipo subjetivo: É o dolo de perigo, que pode ser direto ou eventual. Não há 
previsão de conduta culposa. 
Consumação e tentativa: Com a prática dos maus-tratos e a situação de 
perigo é admissível a tentativa. 
Forma qualificada: Se houver lesão corporal grave, a pena será de reclusão 
de 1 a 4 anos, e se houver morte, de 4 a 12 anos. 
 Penal e ação penal: A pena sofrerá, ainda, uma majoração de 1/3, se a vítima 
for menor de 14 anos. Tal aumento incidirá na pena do caput, tanto quanto nas penas 
dos §§ 1º e 2º. A ação penal pública é incondicionada. 
3.4 Da rixa – Art – 137 C.P 
Bem jurídico: A segurança e proteção da pessoa humana. 
Sujeito ativo/passivo: “Os participantes da rixa são ao mesmo tempo sujeitos 
ativos e passivos uns em relação aos outros: rixa é crime plurissubjetivo (Delito cuja 
definição exige a participação de mais de uma pessoa na prática da ação típica. O 
mesmo que crime de concurso necessário. Não se confunde com a coautoria) 
recíproco, que exige a participação de, no mínimo, três contendores no Direito pátrio, 
ainda que alguns sejam menores” (BITENCOURT, 2014, p.137, apud SILVA, 2015). 
 
19 
Tipo objetivo: “Rixa é uma briga entre mais de duas pessoas, acompanhada 
de vias de fato ou violência reciprocas. Para caracterizá-la é insuficiente a participação 
de dois contendores” [...] (BITENCOURT, 2014, p.137 apud SILVA, 2015). Ou seja, 
deve haver mais de dois sujeitos para que se caracterize o crime. 
 Consumação e tentativa: quando os sujeitos começam o conflito, exatamente 
no momento em que o participante adere voluntariamente à rixa e, respectivamente, 
começam as agressões recíprocas 
Forma qualificada: Havendo lesão corporal de natureza grave ou resultando 
em morte, se estabelece a qualificação do delito rixa. 
Penal e ação penal: A ação penal é de iniciativa pública incondicionada, de 
competência do Juizado Especial Criminal, seja simples ou qualificada. 
3.5 Dos crimes contra a honra Art. 138 a 145 CP. 
Calúnia 
 
O crime de calúnia está previsto no artigo 138 do Código Penal, consiste em 
atribuir falsamente a alguém a autoria de um crime. Para que se configure o crime de 
calúnia, é preciso que seja narrado publicamente um fato criminoso. 
 
Bem jurídico: é a honra objetiva, isto é, a reputação do indivíduo. 
“Honra é valor imaterial, insuscetível de apreciação, valoração ou mensuração 
de qualquer natureza, inerente à própria dignidade e personalidade humana”.(BITENCOURT, 2014, p.567 apud SILVA, 2015). 
 Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa imputável, pois se trata de crime comum. 
Sujeito passivo: quem recebe a ofensa. 
Tipo objetivo: Caluniar, que significa difamar, infamar, fazendo acusação falsa. 
Tipo subjetivo: Admite o dolo direito ou o indireto eventual. Não há previsão legal 
para a forma culposa. 
Consumação e tentativa: Consuma-se quando a falsa imputação torna-se conhecida 
de outrem, que não o sujeito passivo, ou seja, quando chega ao conhecimento de 
terceiros. É possível a tentativa somente na modalidade escrita, que é crime 
 
20 
plurissubsistente. Não se admite na forma verbal, porque o crime se perfaz em um 
único ato, é unissubsistente. 
 
Forma qualificada: Art. 141, incisos I, II e III. 
Penal e ação penal: A Ação penal é de iniciativa privada, de competência do 
Juizado Especial Criminal, por se tratar de crime de menor potencial ofensivo. 
Exceção da verdade: quando o sujeito ativo tem a possibilidade de provar o 
fato imputado. (Art.141, § 3°, do CP), como o próprio tipo aponta a falsidade da calúnia 
como elemento indispensável para que o crime seja exaurido (SILVA, 2015). 
 
Difamação 
 
Bem jurídico: O bem protegido é a honra, a reputação. “A tutela da honra, como bem 
jurídico autônomo, não é um interesse exclusivo do indivíduo, mas da própria 
objetividade, que se interessa pela preservação desse atributo, além de outros bens 
jurídicos, indispensáveis para a boa convivência harmônica em sociedade”. 
(BITENCOURT, 2014, p.579, apud SILVA, 2015). 
Sujeito ativo: pode ser tanto qualquer pessoa nos dois sujeitos. 
Tipo objetivo: Difamar é imputar a uma pessoa fato ofensivo à sua reputação. Em 
oposição ao delito de calúnia o fato imputado, não precisa ser falso e nem tampouco, 
ser definido como crime (SILVA,2015). 
Tipo subjetivo: A subjetividade deste delito reside no dolo de dano, “que se constitui 
na vontade consciente de difamar o ofendido imputando-lhe a prática de fato 
desonroso; é irrelevante tratar-se de fato falso ou verdadeiro. [...] O dolo pode ser 
direto ou eventual”. (BITENCOURT, 2014, p. 581 apud SILVA, 2015). 
Consumação e tentativa: ao atingir o conhecimento de outras pessoas o crime está 
estabelecido, não admite-se tentativa. 
Forma qualificada: Art. 141, incisos I, II e III. 
Retratação – antes da sentença, admite retratação (Art. 143, CP). 
Penal e ação penal: A Ação penal é de iniciativa privada, de competência do Juizado 
Especial Criminal. 
 
Injúria 
 
 
21 
Bem jurídico: Trata-se de crime contra honra, havendo diferença que esta 
honra é a subjetiva. 
“A injúria real, definida no § 2°, do Art. 140, é um dos chamados crimes 
complexos, reunindo sob sua proteção dois bens jurídicos distintos: e a integridade ou 
incolumidade física de alguém” (BITENCOURT, 2014, p.140, apud SILVA, 2015). 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa pode ser vítima do crime de injúria. 
(Os mortos não podem ser injuriados, ao contrário do que ocorre na calúnia) 
Tipo objetivo: Injuriar alguém é ofender a sua dignidade ou decoro. 
Tipo subjetivo: O elemento subjetivo do crime de injúria é o dolo de dano - 
vontade consciente de injuriar, de lesar a honra subjetiva do indivíduo. 
Consumação e tentativa: A consumação do crime de injúria ocorre quando a 
ofensa chega ao conhecimento da vítima. Não admite a tentativa. 
Forma qualificada: Art. 141, incisos I, II e III. 
Penal e ação penal: A Ação penal é de iniciativa privada, de competência do 
Juizado Especial Criminal. 
3.6 Dos Crimes Contra a Liberdade Individual – Art. 146 a 154 - B 
São aqueles crimes que ferem a liberdade legalmente garantida das pessoas 
em território brasileiro. 
3.6.1 Dos crimes contra a liberdade pessoal 
 
Constrangimento ilegal 
 
Bem jurídico: A proteção é tanto a liberdade individual, bem como a liberdade 
de pensar livremente. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa que impeça o exercício da liberdade individual 
de outrem. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa que tenha autodeterminação, e que se veja 
forçada a realizar ou a se abster de determinada conduta pela ação do agente. 
Tipo objetivo: Constranger (forçar, compelir, obrigar, coagir), considerando 
que para se efetivar o delito é importante destacar o alcance de fazer “alguém a não 
fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda (SILVA, 2015). 
 
22 
Tipo subjetivo: Há composição do dolo, há por assim dizer consciência e a 
vontade de constranger a vítima, “através da violência física ou moral, para dela obter 
a conduta pretendida. Exige-se a consciência da ilegitimidade da pretensão. São 
irrelevantes os motivos determinantes e o fim visado, salvo se capazes de excluir a 
ilicitude do constrangimento”. (PRADO, 2014, p. 800,801 apud SILVA, 2015). 
Consumação e tentativa: Havendo a efetiva realização, pelo constrangido da 
conduta visada pelo agente. E um dado importante: “se na cobrança de dívidas é 
utilizada ameaça, coação, constrangimento físico ou moral ou qualquer outro 
procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira em 
seu trabalho, descanso ou lazer, há o delito do art. 71 do CDC”. (PRADO, 2014, p. 
801, apud SILVA, 2015). 
Forma qualificada: “O § 1° do art. 146 determina a aplicação cumulativa e em 
dobro das penas previstas [...] – quando para execução do crime: a) se reúnem mais 
de três pessoas, ou; b) há emprego de arma. 
Penal e ação penal: Competência do Juizados Especial; Ação Penal Pública 
Incondicionada. 
 
Ameaça 
 
Bem jurídico: A liberdade individual, em particular “à liberdade psíquica da 
pessoa humana”. (PRADO, 2014, p.806, apud SILVA, 2015). É relevante dizer que 
esta tipificação pode produzir “mal injusto e grave produz efeitos na livre capacidade 
de autodeterminação da vontade [...] no delito de ameaça é, portanto, a tranquilidade, 
a paz interior da vítima, cuja ofensa conduz à limitação da liberdade pessoal”. 
(PRADO, 2014, 806 apud SILVA, 2015). 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa que possa crivelmente ameaçar a vítima. 
Sujeito passivo: também pode ser qualquer pessoa desde que determinada e 
capaz de entender a intimidação objetivada. 
Tipo objetivo: a conduta típica consiste em ameaçar, isto é intimidar, anunciar 
a provocação de um mal injusto. 
Tipo subjetivo: Crime doloso. A ameaça deve ser séria e idônea. A 
jurisprudência é predominante no sentido de que não se configura a ameaça quando 
feita: a) - em momentos de cólera; b) - em estado de embriaguez (autores e julgados 
contrariam reiterando o art. 28, II do CP, onde a embriaguez não exclui o crime); c) - 
 
23 
quando a vítima não lhe dá maior crédito. Todavia, não é necessário que o agente 
tenha no seu íntimo a intenção de concretizar o mal prometido (DUARTE, 2018). 
Consumação e tentativa: Consuma-se no momento em que a vítima toma 
conhecimento do conteúdo da ameaça, independentemente de sua real intimidação. 
Trata-se de crime formal, bastando à intenção de amedrontar e que a mesma tenha 
potencial para tanto (DUARTE, 2018). 
Penal e ação penal: ação pública à representação nos termos do art. 147, 
parágrafo único, do Código penal. Competência Juizado Especial Criminal. 
 
Sequestro e Cárcere privado 
 
É a privação da liberdade de alguém mediante enclausuramento ou 
confinamento. No cárcere privado há clausura, encerramento em recinto fechado, com 
impossibilidade de a vítima se afastar do local determinado pelo agente (DUARTE, 
2018). 
Bem jurídico: liberdade individual, de forma particular a liberdade de ir e vir. 
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa (delito comum), todavia, se for o agente é 
funcionário público (Art.327, CP), pratica o crime “com abuso da função ou pretexto 
de exercê-la, configura-se o delito de violência arbitrária (Art. 322, CP), ou exercício 
arbitrário ou abuso de poder (Art. 350, CP) previsto também pelalei 4.898/1965 
(Abuso de Autoridade). Constitui abuso de autoridade qualquer atentado à liberdade 
de locomoção (Art. 3°, “a”, Lei de 4.898/1965). (PRADO, 2014, pag. 814, apud SILVA, 
2015) 
Sujeito passivo: pode ser qualquer pessoa sem distinção. 
Tipo objetivo: a conduta típica é privar alguém de sua liberdade de ir e vir, essa 
privação pode se dar por qualquer meio – violência, grave ameaça, uso de soníferos 
etc. pode ser cometido mediante deslocamento (detenção), levando-se a vítima até 
um determinado local, ou mediante retenção no próprio local onde se encontra (trancar 
a pessoa em casa por exemplo) (DUARTE, 2018). 
Urge se destacar, “o sequestro é o gênero do qual o cárcere privado é 
espécie, ou, noutro dizer, o sequestro (arbitrária privação ou compreensão da 
liberdade de movimento e espaço) toma o nome tradicional de cárcere 
privado quando exercido[...] em qualquer recinto fechado, não destinado a 
prisão pública” (PRADO, 2014, p. 813 apud SILVA, 2015). 
 
24 
Tipo subjetivo: Tem a necessidade de dolo, sendo ou pela consciência ou 
pela vontade de privar alguém de sua locomoção (SILVA, 2015). 
Consumação e Tentativa: A consumação ocorre quando a vítima for privada 
de sua liberdade por tempo juridicamente relevante. A tentativa é possível quando, 
por exemplo, o agente inicia o ato de execução, mas não consegue manter a vítima 
privada de sua liberdade por tempo juridicamente relevante (DUARTE, 2018). 
Forma qualificada: Hipóteses do Art. 148, § 1º e § 2º. 
Penal e ação penal: Ação penal – publica incondicionada. 
 
Redução Análoga à escravo 
 
Crime em que uma pessoa fica totalmente sujeita, submissa a outra, sob o seu 
domínio. Não há necessidade de inflação de maus-tratos, ou sofrimento a vítima, pois 
o que se protege é a liberdade e a não submissão da vítima à vontade de outrem 
(DUARTE, 2018). 
 
Bem jurídico: A liberdade em todas as suas manifestações. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa que esteja sobre vivendo a situação descrita 
no crime. 
Tipo objetivo: Não é necessário que haja escravidão – nos moldes do 
passado, bastando que a conduta do empregador se enquadre em uma das figuras 
expressamente elencadas no tipo penal. A Lei 10.803/2003 especificou o modus 
operandi da prática de reduzir a vítima à condição análoga à de escravo, 
transmutando-o em crime de forma vinculada. Permitindo o texto legal ao tipificação 
do ilícito sempre que se mostrar presente quaisquer das condutas típicas elencadas 
no texto legal (DUARTE, 2018). 
Tipo subjetivo: dolo – direito e ou eventual. 
Consumação e tentativa: exige-se que a vítima seja reduzida à condição 
análoga a de escravo e deve perdurar por período razoavelmente longo, de modo a 
ser possível a constatação do delito, classificado, portanto, como crime permanente. 
Pois se a vítima for sujeita a trabalhos forçados, de forma eventual, constitui apenas 
crime de maus-tratos (art. 136 CP) (DUARTE, 2018). É admissível a Tentativa. 
Forma qualificada: Art.149,§ 2º do CP. 
 
25 
Penal e ação penal: Ação penal - publica incondicionada de competência da 
Justiça Federal. 
 
3.6.2 Dos crimes contra a inviolabilidade do domicílio 
 
Violação de domicílio 
 
Entrar, permanecer, clandestinamente, ou contra a vontade expressa tácita de 
quem de direito, em casa alheia ou suas dependências. 
O crime já se configura com o acesso à área externa da residência (quintal, 
jardim, garagem), desde de que exista uma separação visível com as áreas de uso 
comum do povo (calçada), através de cerca, muro etc. não é necessário o ingresso 
na área interna da residência (DUARTE, 2018). 
Bem jurídico: Tranquilidade da vida doméstica. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, inclusive proprietário do imóvel, quando a 
posse estiver legitimamente com terceiro. 
Sujeito passivo: Aquele que pode impedir a entrada de outrem em sua casa, 
que seja proprietário, locatário, possuidor legítimo etc. 
Tipo objetivo: Entrada completa ou permanência (sem consentimento de 
quem de direito). 
Tipo subjetivo: O dolo. A doutrina é unanime em afirmar que para a 
configuração do crime de violação de domicilio, é necessário que a conduta seja um 
fim específico (DUARTE, 2018). 
Consumação e tentativa: Quando o agente ingressa completamente na casa 
da vítima, ou quando, ciente de que deve sair, não o faz por tempo juridicamente 
relevante, pois a rápida permanência, com espontânea e imediata retirada na 
sequência, não constitui crime. Trata-se de crime de mera conduta, vez que o tipo 
penal não descreve qualquer resultado. É possível a tentativa em ambas as figuras 
(DUARTE, 2018). 
Forma qualificada: Art. 150 § 1º e § 2 
Penal e ação penal: Ação Penal Pública inconcionada. 
 
3.6.3 Dos crimes contra a inviolabilidade de correspondência 
 
 
26 
A Constituição Federal estabelece no artigo 5º, XII – "é inviolável o sigilo da 
correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas”, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a 
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 
(DUARTE, 2018). 
 
Violação de Correspondência 
 
Bem jurídico: A inviolabilidade da correspondência alheia. 
Sujeito ativo e passivo: qualquer pessoa. Passivos: destinatário e remetente. 
Trata-se de crime subsidiário. Consumação 
Tipo objetivo: trata a lei de proteger a carta, o bilhete, o telegrama, ofício e 
similares, atuais e dirigidas a pessoa determinada desde que fechados. 
Tipo subjetivo: é o dolo. Não existe modalidade culposa, entretanto, não se 
pode punir aquele que, por engano, abre e lê correspondência alheia. 
Consumação e tentativa: consuma-se com o conhecimento do teor da 
correspondência. Admite-se a tentativa. 
Forma qualificada: As penas são aumentadas se comprovado o dano efetivo 
para outrem nos termos do art. 40, § 2° da Lei 6538/78. O dano pode ser econômico 
ou moral 
Penal e ação penal: A Competência é federal se a carta ainda estiver em 
trânsito, porque aí haverá crime contra o serviço de Correio, vinculado à União, ou 
estadual, se entregue ao destinatário. Ação penal - é pública incondicionada. Cabe: 
Transação no artigo 40, §§ 1° e 2 e suspensão condicional do processo no artigo 40, 
§ 1° da Lei 6.538/78 (artigos 76 e 89 da Lei 9.099/95) 
 
Correspondência Comercial 
 
Bem jurídico: A inviolabilidade da correspondência alheia. 
Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio, que só pode ser cometido pelas 
pessoas elencadas no texto legal – sócio ou empregado da empresa. Não é 
necessário que o agente esteja trabalhando no momento da infração. 
 
 
27 
Sujeito passivo: É a empresa remetente ou destinatária. 
Tipo objetivo: O dolo consistente na vontade livre e consciente de praticar as 
ações incriminadas e o elemento subjetivo do tipo referido pela expressão: abusar 
(fazer uso indevido) da condição de sócio ou empregado. 
Consumação e tentativa: Consuma-se com o efetivo desvio, sonegação, 
subtração, suspensão ou revelação total ou parcial. Admite-se a tentativa. 
Penal e ação penal: Ação penal - é pública incondicionada. 
 
3.6.4 Dos crimes contra a inviolabilidade dos segredos 
 
Divulgação de segredo 
 
Bem jurídico: Resguardar o sigilo em relação aos fatos da vida cujo 
conhecimento por outras pessoas possa provocar dano. 
Sujeito ativo: O destinatário ou detentor do segredo. 
Sujeito passivo: A pessoa que pode sofrer o dano pela divulgação. 
Tipo objetivo: Não se protege o segredo recebido oralmente, mas apenas o 
contido em documento particular ou correspondência confidencial. O núcleo é 
divulgar, que significa propagar, difundir. Para alguns doutrinadores, exige-se que se 
conte o segredo a mais de uma pessoa. Alguns doutrinadores são de opinião que 
"basta que se narre a uma só, porquanto o que se tem em vista éo comportamento 
divulgar e não o resultado divulgação...” (DUARTE, 2018). 
Tipo subjetivo: O dolo contido na vontade livre e consciente de divulgar. 
Inexiste punição a título de culpa. 
Consumação e tentativa: Consuma-se no momento da conduta, mesmo que 
não sobrevenha o efetivo dano. Trata-se de crime instantâneo, formal, próprio quanto 
ao sujeito, doloso, comissivo. Admite-se a tentativa. 
Forma qualificada: Art. 153, § 1º - A 
Penal e ação penal: pública condicionada, (§§ 1 e 2º, salvo se o fato causar 
prejuízo à administração pública). Na modalidade simples a competência é do JECrim. 
 
Violação do segredo profissional 
 
 
28 
Bem jurídico: Resguardar o sigilo profissional o jurídico: A liberdade individual 
no aspecto do sigilo profissional. 
Sujeito ativo: Somente as pessoas que têm conhecimento do segredo em 
razão de certas condições. Trata-se de crime próprio. 
Sujeito passivo: Aquele que pode sofrer algum dano com a revelação do 
segredo, podendo ser o titular do segredo e ou terceiro. 
Tipo objetivo: A conduta típica consiste em revelar o segredo, o que significa 
dar ciência, contar a alguém o segredo, ao contrário do crime anterior cuja conduta é 
divulgar. 
Consumação e tentativa: Como ato de divulgar, independentemente do 
prejuízo. Admite-se a tentativa. O crime é próprio, doloso, comissivo, instantâneo e 
formal. Admite-se tentativa. 
Penal e ação penal: Pública condicionada à representação do ofendido. 
 
Invasão de dispositivo informático 
 
Bem jurídico: É a inviolabilidade da intimidade e da vida privada, consistente 
no resguardo dos dados e informações armazenadas em dispositivo informático da 
vítima. 
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, uma vez que o tipo penal não exige 
nenhuma qualidade especial do agente. 
Sujeito passivo: é a pessoa que pode sofrer dano material ou moral em 
consequência da indevida obtenção, adulteração ou destruição de dados e 
informações em razão da invasão de dispositivo informático. 
Tipo objetivo: Para configurar o delito de invasão de dispositivo informático 
exige-se uma avaliação do significado jurídico ou social, dos seguintes elementos 
normativos do tipo: (1) Alheio – é necessário que o dispositivo informático seja alheio, 
ou seja, de outrem, de terceiro; (2) Sem autorização – é necessário que a violação 
(indevida ou não) de mecanismo de segurança não tenha sido precedida de 
autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo. Assim, se o dispositivo 
informático não for alheio, ou seja, se for próprio ou coisa abandonada (res derelicta), 
ou se a conduta típica foi precedida de autorização do seu titular, não haverá crime 
por ausência de tipicidade do fato (DUARTE, 2018). 
 
 
29 
Tipo subjetivo: É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de invadir 
dispositivo informático alheio, mediante violação indevida de mecanismo de 
segurança ou de instalar no mesmas vulnerabilidades, tornando-o desprotegido, 
facilmente sujeito a violações. Exigem-se, ainda, os elementos subjetivos específicos 
(finalidades específicas) representados pelas expressões “com o fim de obter, 
adulterar ou destruir dados ou informações” e “para obter vantagem ilícita”. Assim, se 
ausentes essas finalidades específicas, ou se outra for a intenção do agente, o fato é 
atípico em relação ao delito em estudo. O tipo penal não admite a modalidade culposa 
(DUARTE, 2018). 
 
Consumação e tentativa: A invasão de dispositivo informático é crime formal 
(ou de consumação antecipada), que se consuma sem a produção do resultado 
naturalístico consistente na efetiva obtenção, adulteração ou destruição de dados ou 
informações da vítima, que se houver, constitui no simples exaurimento do crime. 
Consuma-se, portanto, no momento em que o agente invade o dispositivo informático 
da vítima, mediante violação indevida de mecanismo de segurança, ou instala no 
mesmo vulnerabilidades, tornando-o facilmente sujeito a violações. Trata-se de crime 
instantâneo, cuja consumação não se prolonga no tempo. A tentativa é possível por 
se tratar de crime plurissubsistente (DUARTE, 2018). 
 
Forma qualificada: § 3º, do art. 154-A 
 
Penal e ação penal: Em regra, é condicionada à representação, salvo se o 
crime é cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos 
Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas 
concessionárias de serviços públicos, hipóteses em que a ação será pública 
incondicionada (CP, art. 154-B). 
 
30 
4 DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
Do Furto 
 
Bem jurídico: corresponde exclusivamente ao patrimônio, no que diz respeito 
à posse e propriedade do objeto. 
Sujeito ativo e passivo: Qualquer pessoa pode ser tanto o sujeito ativo ou 
passivo. 
Tipo objetivo: Os elementares do crime de furto podem ser divididos em 
quatro partes: a) – Conduta típica – consistente em um ato de subtração; b) – Objeto 
material, deve ser coisa móvel; c) – Elemento normativo – necessidade de que se trate 
de coisa alheia. d) – elemento subjetivo o fim de assenhoramento definitivo do bem. 
Tipo subjetivo: É exigido o dolo, enquanto “o elemento subjetivo do tipo 
específico, que é a vontade de apossamento do que não lhe pertence, 
consubstanciada na expressão ‘para si ou para outrem’. Essa intenção deve espelhar 
um desejo do agente de apoderar-se definitivamente, da coisa alheia. É o que se 
chama tradicionalmente de dolo específico. Não existe a forma culposa” (IBIDEM, p. 
866, apud SILVA, 2015). 
Consumação e tentativa: Existem algumas teorias para explicar o momento 
consumativo do crime de furto: 
a) - Contrectacio: segundo esta teoria, a consumação se dá pelo simples 
contato entre o agente e a coisa alheia. Se tocou já consumou (DUARTE, 2018). 
 
31 
b) - Apprehensio (amotio): a consumação ocorre no momento em que a coisa 
subtraída passa para o poder do agente, ainda que por breve espaço de tempo, 
mesmo que o sujeito seja logo perseguido pela polícia ou pela vítima (DUARTE, 2018). 
c) - Ablatio: para a qual a consumação ocorre quando a coisa, além de 
apreendida, é transportada de um lugar para outro (DUARTE, 2018). 
 d) - Ilatio: a consumação só ocorre quando a coisa é levada ao local desejado 
pelo ladrão para tê-la a salvo (DUARTE, 2018). 
Posicionamento adotado pelo STF e STJ – a teoria da apprehensio (amotio) “o 
delito de furto consuma-se com a simples posse, ainda que breve, da cosia alheia 
móvel subtraída clandestinamente, sendo desnecessário que o bem saia da esfera de 
vigilância da vítima e tampouco que a posse tenha sido mansas e pacifica”. (STJ, 
REsp. 899.482/RS, DJ 29/10/20070). No mesmo sentido: STJ, (HC 99761/MG, rel. 
Og. Fernandes. DJe 06/10/2008) (DUARTE, 2018). Admite-se a Tentativa. 
Forma qualificada: Art. 155 § 4º, §5,§6,§7. 
Privilegiado: É possível o reconhecimento do privilegio no furto qualificado 
(assim, como o corre no crime de homicídio) entendimento do STF e STJ desde 2008 
ao julgar parcialmente a ordem de habeas corpus de nº 96.140-MS, rel.Min. Jorge 
Mussi, 02/12/2008 que assim manifestou-se “A turma entendeu que, no furto 
qualificado pelo concurso de agentes, não há óbice ao reconhecimento do privilegio, 
desde que estejam presentes os requisitos ensejadores de sua aplicação, quais 
sejam, a primariedade do agente e o pequeno valor da coisa furtada, o que ocorreu 
no caso.” Assim, assentou que, no crime de furto, é possível a aplicação simultânea 
do privilegio e da citada qualificadora. De qualquer modo, reconhecida a hipótese, 
veda-se “a substituição da pena corpórea por multa (CP, art. 44, § 2º 1ª parte) ou a 
imposição de somente pena de multa” (STF, HC 94765/RS, rel. min Ellen Gracie, 
09/09/20080) (DUARTE, 2018). 
Penal e ação penal: pública incondicionada. Como a pena mínima. Não supera 
a 1 (um) ano é cabível também a suspensão do processo (art. 89, lei 9.099/95), se 
presentes osdemais requisitos. 
 
Furto de Coisa Comum 
 
Bem jurídico: A Coisa Comum (Condomínio, coerdeiro, sócio). 
 
32 
Sujeito ativo: O condômino, coerdeiro ou sócio são sujeitos ativos especiais. 
O condômino é o coproprietário; o coerdeiro é o sucessor juntamente com outra 
pessoa; e o sócio é o membro de uma sociedade, portanto, aquele que é proprietário 
em comum com outras pessoas, pertencentes ao mesmo agrupamento; de acordo 
com cada situação. 
Sujeito passivo: são os mesmos, acrescentando que deve estar na posse 
legítima da coisa. 
Tipo objetivo: Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para 
outrem, que legitimamente a detém, a coisa comum. Não é punível a subtração de 
coisa comum fungível, cujo valor não exceda a cota a que tem direito o agente. 
Tipo subjetivo: O delito de furto de coisa comum somente pode ser perpetrado 
de maneira dolosa, inexistindo previsão para a modalidade culposa no Ordenamento 
vigente. Ao lado disso, além do dolo, “o tipo penal exige, segundo a doutrina 
majoritária, o chamado especial fim de agir, caracterizado pela expressão para si ou 
para outrem, constante do art. 156 do Código Penal” (DUART, 2018). 
Penal e ação penal: Pública condicionada à representação do ofendido, 
conforme insculpido no §1º do dispositivo supramencionado. 
A competência é do Juizado Especial Criminal a competência para julgamento, 
bem como a proposta de suspensão condicional do processo, na forma assinalada na 
redação do artigo 89 da Lei Nº. 9.099/1995. 
 
DO ROUBO 
 
Bem jurídico: O patrimônio e a incolumidade física ou a liberdade individual. 
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, exceto o próprio dono do bem. Trata-
se de crime comum. Admite-se coautoria e participação. 
Sujeito passivo: o proprietário do bem como possuidor ou detentor do bem, 
que sofra prejuízo econômico, e também todos aqueles que sofram a violência ou 
grave ameaça, ainda que não tenham prejuízo patrimonial. Pessoa jurídica também 
pode ser sujeito passivo. 
Tipo objetivo: O roubo, em princípio contém as mesmas elementares do furto: 
a) - subtração como conduta típica; 
 b) – coisa móvel como objeto material; 
 c) – a circunstância de a coisa ser alheia como elemento normativo; 
 
33 
 d) – a finalidade de assenhoramento definitivo para si ou para outrem, como 
elemento subjetivo. Trata-se, de infração bem mais grave do que o furto, enquanto no 
furto ocorre uma subtração pura e simples, no roubo, o agente subjuga a vítima, pelo 
emprego da violência ou da grave ameaça ou qualquer outro meio, para viabilizar a 
subtração. 
Consumação e tentativa: no exato momento em que ele se apossa do bem 
pretendido, ainda que seja preso no local. "Consuma-se o crime de roubo com a 
inversão da posse do bem, mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda 
que por breve tempo e em seguida a perseguição imediata ao agente e recuperação 
da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada." 
Segundo entendimento da (3ª seção do STJ firmou entendimento sobre o momento 
da consumação dos crimes de furto e de roubo, em julgamento de dois recursos 
representativos de controvérsia, sob o rito dos repetitivos ver processos relacionados 
– (Resp. 1.499.050 e REsp 1.524.450) (DUARTE, 2018). Admite-se a tentativa. 
Forma qualificada: Art. 157, § 3º e seguintes. 
Penal e ação penal: o julgamento do crime de latrocínio, é do juiz singular nos 
termos da Súmula 603 do STF - “A competência para o processo e julgamento de 
latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do Júri” Ação penal Pública 
incondicionada. 
Da Extorsão 
 
Bem jurídico: tutela o patrimônio, bem como a incolumidade física e a 
liberdade individual. 
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa trata-se de crime comum. 
Sujeito passivo: tosos os que sofrem a violência ou a grave ameaça, como 
aqueles que sofrem a lesão patrimonial. 
Tipo objetivo: consiste em obrigar, coagir a vítima a fazer algo (e entregar 
dinheiro ou outro bem qualquer, a preencher um cheque, a fazer compras para o 
agente, a pagar suas contas, etc.), tolerar que se faça algo permitir que o agente 
rasgue um titulo de credito, fazer uso de um imóvel sem pagar por isso etc.) ou deixar 
de fazer alguma coisa (não entrar em uma concorrência, não ingressar com uma ação 
de execução) etc. 
 
34 
Tipo subjetivo: a intenção de obter vantagem econômica é o que diferencia a 
extorsão dos crimes de constrangimento ilegal (art. 146 CP) e exercício arbitrário das 
próprias razões (art. 345 CP). 
Consumação e tentativa: “O crime de extorsão consuma-se 
independentemente da obtenção da vantagem indevida” (Súmula 96 – STJ). A 
tentativa é possível. A terceira sessão do STJ decidiu em 2004 (CC 40.569/SP, rel. 
Min José Arnaldo da Fonseca) que, em se tratando de mensagens eletrônicas 
ameaçadoras, o crime se consuma quando as vítimas as receberem. 
Forma qualificada: Art. 158, 2º e 3º. 
Penal e Ação Penal: Ação Penal Pública incondicionada. 
 
Extorsão Mediante Sequestro 
 
Bem jurídico: O patrimônio e a liberdade. 
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
Sujeito passivo: também qualquer pessoa 
Tipo objetivo: a conduta típica e sequestrar, que consiste em capturar alguém 
e priva-lo de sua liberdade. 
Tipo subjetivo: É dolo de obter que consiste em obter qualquer vantagem 
como condição ou preço do resgate. 
Consumação e tentativa: É crime formal. Opera-se a consumação com o 
simples sequestro, independentemente da obtenção da vantagem, desde que seja 
esta a intenção do agente. A privação da liberdade da vítima, segundo jurisprudência 
dominante, deve ser por um tempo juridicamente relevante. 
É possível a tentativa. Há entendimento minoritário, no sentido de que o 
“sequestro relâmpago” deve ser tipificado neste caso. Aqueles que discordam de tal 
tipificação argumentam que a extorsão mediante sequestro a vítima do sequestro 
deve ser distinta daquela extorquida (DUARTE, 2018). 
Forma qualificada: Art. 158, § § 2º e 3º, CP 
Penal e Ação Penal: É publica incondicionada; Competência do local onde se 
deu a captura (art. 70 do Código Penal). 
 
Extorsão Indireta 
 
35 
 
Bem jurídico: O patrimônio e, indiretamente, a administração da justiça, que 
pode ser afetada em caso de apresentação do documento fraudulento às autoridades. 
Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. Embora 
na maioria das vezes, o autor desse crime é um agiota. 
Sujeito passivo: Também qualquer pessoa em dificuldade financeira. 
Consumação e tentativa: Na hipótese em que o próprio agente exige o 
documento fraudulento como garantia da dívida, o crime se consuma no instante em 
que a exigência chega ao conhecimento da vítima. Trata-se de crime formal, pois se 
consuma ainda que a vítima não elabore o documento. Pois a sua efetiva elaboração 
e entrega ao agente constitui mero exaurimento. Na figura receber o crime é material. 
Só se aperfeiçoa com a tradição do documento ao credor. É possível a tentativa 
quando se trata de exigência feita por escrito que se extravia (DUARTE, 2018). 
Penal e Ação Penal: É pública incondicionada, sendo cabível a suspensão do 
processo (art. 89 da lei 9.099/95). 
Da Usurpação 
 
Bem jurídico: a posse e a propriedade dos bens imóveis. 
Sujeito ativo: amplamente dominante o entendimento de tratar-se de crime 
próprio, pois, somente pode ser alterado pelo vizinho do imóvel, que na zona urbana, 
quer na rural. 
Sujeito passivo: o vizinho dono ou possuidor do imóvel. 
Tipo objetivo: possui duas condutas típicas: 
a) – supressão, ou seja, a total retirada do marco divisório; 
b) – deslocamento do marco divisório, afastando-o do local correto, de modo a 
aumentar a área do agente. 
Tipo subjetivo: a intenção de apropriar-se no todo ou em parte da propriedade 
alheia. 
Consumação e tentativa: no exato momento em que o agente suprime ou 
desloca o marcodivisório, ainda que a vítima posteriormente perceba e retorno a parte 
de que foi tolhida. Trata-se de crime formal. É possível quando o agente é flagrado 
iniciando a supressão ou deslocamento e é impedido de prosseguir (DUARTE, 2018). 
 
 
36 
Usurpação de Água 
 
Bem jurídico: o curso natural das águas. 
Sujeito ativo: vizinho do imóvel 
Sujeito passivo: vizinho ou possuidor 
Tipo objetivo: desviou ou deslocamento das águas alheias. 
Tipo subjetivo: causar prejuízo à uma propriedade pública ou privada. 
 
Esbulho Possessório 
 
Bem jurídico: A posse de bem imóvel. 
Sujeito ativo: Geralmente o proprietário em concurso de agentes. 
Sujeito passivo: possuidor indireto do imóvel 
Tipo objetivo: Tomar posse do bem imóvel de modo a expulsar o possuidor. 
Tipo subjetivo: Violência, grave ameaça, concursos de agentes. 
Penal e Ação Penal: Em todos os crimes descritos no artigo 161, não 
havendo violência, a ação será privada, caso contrário, pública incondicionada. Além 
disso, se a propriedade for pública, a ação também será pública incondicionada. 
Cabe Conciliação no caput e no § 1°, I e II, se a propriedade é particular e não há 
emprego de violência (§ 3°)( DUARTE, 2018). 
 
 Supressão ou Alteração de Marcas em Animais 
 
Bem jurídico: a propriedade e a posse dos animais 
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, inclusive quem possui animal que 
pertença à terceiro 
Sujeito passivo: o dono do animal. 
Tipo objetivo: apagar ou modificar o sinal indicativo de propriedade em gado 
e rebanhos alheios. (gado consiste em animais de grande porte = bois, cavalos. 
Rebanhos = porcos ovelhas cabras e etc). 
Consumação e tentativa: Consuma-se com a supressão ou alteração da 
marca, sinal, ainda que se dê apenas em relação a um animal. A tentativa é possível 
uando o agente não consegue concretizar a remarcação iniciada pela repentina 
 
37 
chegada de alguém no local, ou quando concretiza a remarcação, mas a faz de tal 
forma que continua sendo possível identificar a marca do verdadeiro dono. 
Penal e Ação Penal: Ação Penal Pública Incondicionada. 
 
5 DO DANO 
Dano 
 
Bem jurídico: pode ser coisa móvel ou imóvel desde que tenha dono. 
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa exceto o proprietário da coisa danificada. 
Por condômino ou sócio, haverá crime apenas se o bem for infungível ou, se fungível, 
quando o valor do prejuízo exceder ao montante da quota-parte do agente. O 
proprietário que destrói ou danifica objeto seu em poder de terceiro (aluguel; penhora, 
etc), incide no delito do artigo 346 do Código Penal (DUARTE, 2018). 
Sujeito passivo: O proprietário, ou o possuidor que sofra prejuízo econômico em 
consequência do dano. 
Tipo objetivo: Destruir, Inutilizar, Deteriorar, coisa alheia (a obtenção de vantagem 
de ordem econômica, não constitui elemento do tipo). 
Tipo subjetivo: o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de destruir, inutilizar ou 
prejudicar. 
Consumação e tentativa: consuma-se, no momento em que o bem é danificado no 
todo ou em parte. Admite-se a tentativa. 
Forma qualificada: Ocorrendo violência ou grave ameaça à pessoa (I); uso de 
inflamável ou explosivo, não constituindo crime mais grave (II); contra bem público, de 
concessionário ou de sociedade de economia mista (III): motivo egoístico ou prejuízo 
considerável para a vítima (IV). Dá-se o dano qualificado com penas mais severas. 
Penal e Ação Penal: Nos danos simples a Ação Penal é de iniciativa Privada e nos 
demais é pública incondicionada. 
 
 
 
 
 
38 
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia 
 
Bem jurídico: os direitos reais e a posse (superfície, usufruto, arrendamento 
etc.). 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. Aquele que introduz ou deixa animal em 
propriedade alheia. 
Sujeito passivo: proprietário ou possuidor do imóvel invadido (seja ele legitimo 
possuidor, usufrutuário, arrendatário etc.). 
Consumação e tentativa: Consuma-se com a simples introdução ou 
abandono, ainda que o fato se dê em relação a apenas um animal, conforme 
inclinação geral da doutrina. Não se admite a tentativa. 
Penal e Ação Penal: Ação Penal Privada. 
 
6 DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA 
Apropriação Indébita 
 
Bem jurídico: Coisa alheia móvel de que tem posse o agente. 
Sujeito ativo: – pode ser qualquer pessoa que tenha a posse ou a detenção 
lícita de uma coisa alheia. 
Sujeito passivo: quem sofre o prejuízo. Normalmente o proprietário, possuidor 
ou usufrutuário. Porém, quem apropriar-se de bens, proventos, pensão ou rendimento 
de pessoa idosa, incorre no crime previsto no art. 102 do estatuto do idoso (Lei 
10.741/03). 
Tipo subjetivo: é o dolo de tornar-se dono daquilo de que é mero possuidor 
ou detentor. 
Consumação e tentativa: embora dependa de uma avaliação subjetiva, a 
consumação do crime opera-se quando o agente inverte a posse ou domínio da coisa. 
No caso de negativa de restituição, a consumação ocorre no momento em que o 
agente se recusa a devolver a coisa. Não havendo prazo pré-fixado para a devolução, 
é necessário interpelação ou notificação. 
 
 
39 
 
Quanto a tentativa, diverge a doutrina, alguns consideram possíveis, exceto na 
hipótese de negativa de restituição. Outros entendem que por tratar-se de modalidade 
omissiva é incompatível com a figura da tentativa. 
Forma qualificada: Art. 168, § 1º, CP 
Penal e Ação Penal: Pública incondicionada. Cabível a suspensão do 
processo (arft. 89 da Lei 9.099/95), na modalidade simples. De acordo com o STJ 
“compete ao juízo local onde representante comercial deveria efetuar a prestação de 
contas processar e julgar o crime de apropriação indébita imputado a ele” (DUARTE, 
2018). 
Apropriação Indébita Previdenciária 
 
Bem jurídico: o patrimônio de todos os cidadão assegurado pelo sistema da 
seguridade social. 
Sujeito ativo: é a pessoal responsável por recolher a contribuição e repassá-
la ao sistema previdenciário. 
Sujeito passivo: é o Estado, representado pelo INSS (Instituto Nacional do 
Seguro Social). 
Tipo objetivo: é a contribuição social que já foi descontada do contribuinte, 
mas que não foi repassada ao sistema previdenciário dentro do prazo. 
Consumação: Consuma-se com o decurso do prazo para o recolhimento. 
“O STF firmou orientação de que os crimes de sonegação e apropriação 
indébita de contribuições previdenciárias têm natureza material, a exigir a ocorrência 
de resultado naturalístico para a sua consumação. Assim, o dano à previdência, 
nesses casos, faz-se necessário, a fim de se vislumbrar justa causa para a instauração 
de inquérito policial, o esgotamento da via administrativa, tido como condição de 
procedibilidade para a ação penal, pois o suposto crédito pendente de lançamento 
definitivo impede a configuração daqueles delitos e a contagem do prazo 
prescricional” (DUARTE, 2018). 
 
 
 
 
 
 
40 
 
Apropriação de Coisa Havida por Erro, Caso Fortuito ou Força da Natureza 
 
Bem jurídico: é o patrimônio, coisa perdida ou tesouro visado. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa 
Sujeito passivo: é o proprietário ou legitimo possuidor da coisa desviada ou 
perdida, bem como o dono do prédio onde o tesouro for achado. 
Consumação: quando ocorrer a apropriação da coisa ou do tesouro, com a 
ressalva do prazo de quinze dias para a devolução feitiço, inciso II, inseriu-se um 
elemento temporal, que provocou o surgimento de uma condição para o 
aperfeiçoamento do tipo (DUARTE, 2018). 
 
7 DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES 
 Estelionato 
 
Bem jurídico: o patrimônio. 
Sujeito ativo: é tanto aquele que emprega a fraude como aquele que dolosamente 
recebe a vantagem ilícita. 
Sujeito passivo: os que sofrem o prejuízo patrimonial os que foram enganados 
pela fraude perpetrada (ainda que não sejam economicamente prejudicados). Assim, 
pode ser pessoa física ou jurídica, desde que seja determinada. 
Tipo objetivo: o estelionato é um crimepelo emprego de fraude, uma vez que o 
agente vale-se de alguma artimanha, consegue enganar a vítima e convencê-la a 
entregar-lhe algum bem e, na sequência, locupleta-se ilicitamente com tal objeto. 
Consumação e tentativa: Só se consuma com a obtenção da vantagem ilícita. Se a 
vantagem é licita, constitui exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 CP). O 
dano efetivo, necessário ao crime, não significa lucro efetivo do agente. Admite-se a 
tentativa. 
Forma qualificada: Art. 171, § 3º, CP 
Penal e Ação Penal: Pública incondicionada. 
 
 
41 
8 DA RECEPTAÇÃO 
Bem jurídico: O patrimônio 
Sujeito ativo: qualquer pessoa 
Sujeito passivo: – é o proprietário ou legitimo possuidor de coisa produto de crime. 
Tipo objetivo: o crime de receptação dolosa possui as seguintes figuras: 
• Simples que pode ser própria (art. 180, caput, 1ª parte) ou imprópria (art. 180, 
caput 2ª parte); 
• Qualificada (§ 1º); 
• Agravada (§ 6º); 
• Privilegiada (§ 5º 2ª parte) 
• O crime de receptação própria possui cinco núcleos pela conjunção 
alternativa “ou”, assim, a realização de uma só conduta já é, suficiente para 
configurar o crime, mas a prática de uma delas em relação ao mesmo objeto 
material constitui crime único. 
Consumação e tentativa: quando houver prejuízo para a vítima em face do seu 
distanciamento da coisa que lhe foi tomada. É admissível a tentativa. 
Ação Penal: Pública incondicionada em todas as modalidades descritas no tip. 
 
Da Violação do Direito Autoral 
 
Bem jurídico: propriedade imaterial ou intelectual do autor 
Sujeito ativo: poderá ser qualquer pessoa que pratique o crime, podendo ainda ter 
coautor ou participante, a exemplo do editor de um livro plagiado. Trata-se de crime 
comum. 
Sujeito passivo: é o autor da obra ou titular do direito autoral, os herdeiros ou 
sucessores, quando já falecido o autor da obra. A lei 9.610/98 em seus arts. 49 a 52 
traz também a possibilidade de ser sujeito passivo a pessoa jurídica de direito público 
ou privado na hipótese em que o autor cede os direitos sobre a obra. 
Tipo subjetivo: é o dolo, consistente na vontade livre e consciente de o sujeito violar 
o direito autoral. Nas figuras qualificadas (§§ 1º a 3º), exige-se, ainda, o fim especial 
de agir contido na expressão “com o intuído de lucro direito ou indireto”. O tipo penal 
é exclusivamente doloso, não admite a modalidade culposa (DUARTE, 2018). 
 
42 
Consumação e tentativa: há consumação com a efetiva pratica da violação dos 
direitos autorais, mediante reprodução, venda ou oferecimentos ao público, 
independente da ocorrência do resultado. Tentativa é aceita em todas as 
modalidades. 
Penal e Ação Penal: Existem várias regras no art. 186 do CP. Vejamos: a) – ação 
privada – na figura do caput; b) – ação pública incondicionada - nas figuras 
qualificadas dos §§ 1º e 2º bem como se o crime for cometido em desfavor de 
entidades de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia 
mista ou fundação instituída pelo poder público; c) – ação pública condicionada a 
representação - na figura do § 3º. 
9 DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 
Atentado contra a liberdade de trabalho 
 
Bem jurídico: a atividade laborativa ou empresarial. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que pratique o crime, podendo ainda ser praticado em 
concurso de pessoas. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa que recaia a violência ou grave ameaça, inclusive 
o proprietário do estabelecimento. 
Tipo objetivo: consiste em constranger mediante violência física, (compelindo ou 
obrigando) ou grave ameaça (promessa de causar mal), a fim de atingir a liberdade 
de trabalho do sujeito passivo. 
Consumação e tentativa: A consumação ocorre no momento que a vítima, coagida, 
realiza ou deixa de realizar a atividade que o agente determinou. Admite-se a tentativa. 
Penal e Ação Penal: é pública incondicionada. Como a pena máxima aplicada é de 
um ano, a competência e do JECrim. 
 
Atentado Contra a Liberdade de Contrato de Trabalho e Boicotagem Violenta 
 
Bem jurídico: é a liberdade de trabalho. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa. 
 
43 
Tipo subjetivo: O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade livre e 
consciente de constranger, não admite a modalidade culposa. 
Consumação e tentativa: na primeira figura consuma-se no momento em que é 
celebrado o contrato de trabalho. Na boicotagem no instante em que é negado 
fornecimento ou aquisição de mercadorias. É admissível a tentativa. 
Penal e Ação Penal: é pública incondicionada. Em razão da pena competência 
JECrim. 
 
Atentado Contra a Liberdade de Associação 
 
Bem jurídico: Liberdade da livre associação profissional ou sindical. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa. 
Tipo subjetivo: O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade livre e 
consciente de constranger, não admite a modalidade culposa. 
Consumação e tentativa: na primeira figura consuma-se no momento em que é 
celebrado o contrato de trabalho. Na boicotagem no instante em que é negado 
fornecimento ou aquisição de mercadorias. É admissível a tentativa. 
Penal e Ação Penal: é pública incondicionada. Em razão da pena competência 
JECrim. 
 
Paralisação de Trabalho, Seguida de Violência ou Perturbação da ordem 
 
Bem jurídico: Liberdade de trabalho 
Sujeito ativo: na primeira figura é o empregador, e na segunda – os empregados. 
Também respondem pelo crime aqueles que não são empregados ou empregados, 
mas que, em conluio com estes, empreguem a violência. 
Sujeito passivo: poderá ser qualquer pessoa natural quando houver violência 
contra a pessoa, ou pessoa jurídica quando houver dano à coisa. 
Tipo subjetivo: é o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de praticar 
a suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando durante a paralisação 
violência contra a pessoa ou contra a coisa, não admite a modalidade culposa. 
 
44 
Consumação e tentativa: A consumação se efetiva com a prática violenta praticada 
por empregado ou empregador no transcurso do movimento. A tentativa é 
admissível, uma vez que o sujeito ativo inicia determinada violência, porém não 
obtém êxito devido a forças alheias a sua vontade. 
Penal e Ação Penal: é pública incondicionada. Como a pena máxima aplicada é de 
um ano, a competência e do JECrim. 
10 DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO 
AOS MORTOS 
Dos Crimes contra o Sentimento Religioso Ultraje a culto e impedimento 
ou Perturbação de Ato a ele Relativo. 
 
Bem jurídico: Tutela-se a liberdade individual de ter a crença e culto, seu 
sentimento religioso, independentemente da religião professada. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, pois se trata de crime comum. 
Sujeito passivo: é a pessoa que sofre com o escarnecimento, assim como a 
perturbação, impedimento de cerimônia ou prática de culto religioso, como também o 
vilipendio. Portanto, são pessoas determinadas que são vítimas, pois tanto pode ser 
um sacerdote, crente, rabino, padre, freira, pastor, ministro, assim como a toda a 
coletividade praticante da atividade religiosa. 
Tipo objetivo: há três condutas diversas previstas no artigo 208 que configuram o 
delito, vejamos: 
a) Escarnecer alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa. 
b) Impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso. 
c) Vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso. 
 Tipo subjetivo: Em todas as condutas acima é representado pelo dolo (vontade 
livre e consciente) de modo especifico, já que inexiste modalidade culposa. 
Consumação e tentativa: Trata-se de delito material, com o escarnecimento, 
independentemente do resultado; com o efetivo impedimento ou perturbação; com o 
vilipêndio, sendo este material ou de simples conduta. É admissível a tentativa. 
Penal e Ação Penal: publica incondicionada,

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