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Apostila 03 - Introdução à Teoria do Crime

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Prévia do material em texto

 #costurandoatoga 
 Apostila 03 – Direito Penal 
 Introdução à Teoria do 
Crime 
 
Elaborado dia 06/04/2018 
_____________________________________________________________________________ 
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1 
Elaborado com base no Cléber Masson de 2018, Resumo da Magistratura Federal do TRF1 e 
Jurisprudência do Dizer o Direito atualizada. 
1. INTRODUÇÃO TEORIA GERAL DO CRIME........................................................................................ 1 
1.1. DISTINÇÃO ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO .......................................................................................... 2 
1.2. CONCEITO DE CRIME ......................................................................................................................... 2 
1.2.1. Conceito analítico ............................................................................................................... 3 
1.2.2. Conduta .............................................................................................................................. 5 
1.3. SUJEITOS DO CRIME .......................................................................................................................... 7 
1.3.1. Sujeito ativo ........................................................................................................................ 7 
1.3.1.1. Pessoa jurídica como sujeito ativo de crimes ............................................................................... 7 
1.3.2. Sujeito passivo .................................................................................................................. 10 
1.4. OBJETO DO CRIME .......................................................................................................................... 10 
1.4.1. Bem jurídico ...................................................................................................................... 11 
1.4.2. Espiritualização do bem jurídico ....................................................................................... 12 
2. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES ....................................................................................................... 12 
2.1. CRITÉRIO: FIGURA DO SUJEITO ATIVO ................................................................................................. 12 
2.2. CRIMES SIMPLES E COMPLEXOS ......................................................................................................... 13 
2.3. CRITÉRIO: NECESSIDADE DO RESULTADO PARA A CONSUMAÇÃO ............................................................... 13 
2.4. CRITÉRIO: MOMENTO CONSUMATIVO................................................................................................. 13 
2.5. CRITÉRIO: QUANTIDADE DE PESSOAS NECESSÁRIAS PARA A PRÁTICA DO DELITO ........................................... 14 
2.6. CRITÉRIO: QUANTIDADE DE SUJEITO PASSIVO ....................................................................................... 15 
2.7. CRITÉRIO: CARACTERIZAÇÃO DA CONSUMAÇÃO .................................................................................... 15 
2.8. CRITÉRIO: QUANTIDADE DE ATOS PARA A CONSUMAÇÃO ........................................................................ 16 
2.9. COMISSIVOS, OMISSIVOS E DE CONDUTA MISTA .................................................................................... 16 
2.10. CRITÉRIO: EXISTÊNCIA DE VESTÍGIOS [CLASSIFICAÇÃO DO PROCESSO PENAL] ............................................... 17 
2.11. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES IMPORTANTES ............................................................................................. 17 
 
1. Introdução Teoria Geral do Crime 
 
A infração penal no Brasil é dualista (ou bipartido, binário), pois prevê duas espécies: 
crime (delito) e contravenção penal. 
 A diferença entre crime e contravenção penal é de grau, quantitativa, e também 
qualitativa (qualidade da pena) puramente axiológica, não ontológica. Os fatos mais graves são 
crimes ou delitos, os menos graves considerados contravenções penais. 
 O que é mais grave ou menos grave depende de opção política e ainda de percepção 
política. Vejamos o exemplo absurdo: 
Segundo a LICP, no crime, a pena é de reclusão ou detenção; e na contravenção, a 
pena é de prisão simples. Cita a celeuma que surgiu a partir do art. 28 da Lei de Drogas  
Como ficaria o crime previsto no art. 28 da Lei de Drogas, considerando o entendimento da lei 
de introdução ao Código Penal? 
Segundo LFG, estar-se-ia diante de uma infração penal sui generis (entendimento 
recentemente acatado pelo STF para não reconhecer de HC impetrado por conta do artigo 28 
da lei de drogas, vez que não há pena privativa da liberdade. Não houve descriminalização, 
mas despenalização INFO 887), eis que não há previsão de pena para a sua prática. Para o STF, 
entretanto, se trata de crime punido com pena não privativa de liberdade, conforme 
autorizado pela CF. 
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Crime 
 
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2 
 Embora, a diferença entre as espécies esteja no grau de violação dos interesses do 
Estado (gravidade), sendo meramente axiológica (teoria valorativa). Apesar de 
ontologicamente (natureza comum inerente a todos) serem idênticos, são diferentes quanto à 
gravidade. E daí se faz necessário falar das diferenças entre elas. 
1.1. Distinção entre crime e contravenção 
 CRIMES CONTRAVENÇÕES 
Aplicação da lei penal Em regra, aplica-se a lei 
brasileira aos crimes 
cometidos no território 
nacional e a diversos crimes 
praticados no estrangeiro, 
em razão de sua 
extraterritorialidade 
A lei brasileira somente 
incide no tocante às 
contravenções penais 
praticadas no território 
nacional. 
Tentativa É punível a tentativa Não se pune a tentativa 
Elemento subjetivo Os crimes podem ser 
dolosos, culposos ou 
preterdolosos. 
Basta a ação ou omissão 
voluntária. 
Culpabilidade Os crime são compatíveis 
com o erro de tipo e com o 
erro de proibição 
As contravenções admitem 
unicamente a ignorância ou a 
errada compreensão da lei, 
se escusáveis. 
Tempo de cumprimento das 
penas 
Nos crimes, o tempo de 
cumprimento das penas 
privativas de liberdade não 
pode ser superior à 30 anos. 
A duração da pena de prisão 
simples não pode ser 
superior a 5 anos. 
Período de prova do sursis O período varia entre dois a 
quatro anos e, 
excepcionalmente, de quatro 
a seis anos. 
O período é de um a três 
anos. 
Prazo mínimo das medidas 
de segurança 
Nos crimes, o prazo mínimo 
das medidas de segurança é 
de um a três anos. 
Nas contravenções, o prazo 
mínimo é de seis meses. 
Ação Penal A ação penal pode ser 
pública, incondicionada ou 
condicionada, ou de iniciativa 
privada. 
A ação penal é sempre 
pública incondicionada. 
 
1.2. Conceito de crime 
 Não há um conceito de crime atribuído pelo legislador. Predominam três conceitos na 
doutrina: conceito formal, conceito material e conceito analítico. 
Conceito material ou substancial: é toda ação ou omissão humana que lesa ou expõe 
a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados. Leva em conta a relevância do mal 
produzido aos interesses dos valores selecionados pelo legislador como merecedores da tutela 
penal. É o vetor para o legislador incriminar condutas que necessitam da tutela penal, de 
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modo que este conceito sirva como fator de legitimação. De acordo com o STF, o conceito 
material de crime é fator de legitimação do direito penal, pois, de acordo com a Corte, não 
será toda conduta que será penalmente criminalizada, mas somente aquelas condutas mais 
relevantes (princípio da adequação social); 
 Conceito formal ou legal: crime é o que está na lei, fornecido pelo legislador. O artigo 
1º da Lei de Introdução ao Código Penal descreve que “considera-se crime a infração penal a 
que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou 
cumulativamente com a pena de multa; contravenção a infração penal a que a lei comina, 
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou 
cumulativamente. 
 Tais conceitos não traduzem com precisão o que seja crime. Para o conceito formal, se 
há uma lei penal, e o agente a viola, haverá crime. Já o conceito material sobreleva a 
importância do princípio da intervenção mínima. Contudo, se não houver uma lei penal 
protegendo-o, por mais relevante que seja, não haverá crime se o agente vier a atacá-lo, em 
face do princípio da legalidade. 
1.2.1. Conceito analítico 
Também chamado de formal ou dogmático, o crime consiste num fato típico, ilícito 
(antijurídico) e culpável. O Código Penal adotou a teoria tripartida para os elementos 
conceituais de crime, adotada por Nélson Hungria. 
 Muitas pessoas dizem que o conceito tripartido adota a teoria finalista, de Hans 
Welzel, o que não é verdade, pois para ambos há fato típico e ilícito, acrescentando um 
conceito de culpabilidade. A distinção entre os perfis clássico e finalista reside, principalmente, 
na alocação do dolo e da culpa, e não em um sistema bipartido ou tripartido relativamente à 
estrutura do delito. 
CRIME 
FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPÁVEL 
Conduta: dolosa/culposa, 
comissiva/omissiva (elemento 
subjetivo) 
 
É elemento encontrável por 
exclusão, quando o agente não 
atua em: 
Imputabilidade 
Resultado Estado de necessidade Potencial consciência sobre a 
ilicitude do fato 
Nexo de Causalidade Legítima defesa Exigibilidade de conduta diversa 
Tipicidade: formal, conglobante 
(conduta antinormativa, não 
imposta ou fomentada e 
tipicidade material) 
Estrito cumprimento do dever 
legal 
 
 Exercício regular de direito 
 Quando não houver o 
consentimento do ofendido 
como causa supralegal de 
 
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exclusão da ilicitude 
 
 A função do conceito analítico é a de analisar todos os elementos ou características 
que integram o conceito de infração penal sem que com isso se queira fragmentá-lo. O crime é 
um todo unitário e indivisível. Ou há delito ou há indiferente penal. 
 O conceito analítico tripartido prescreve que crime é o fato típico, ilícito e culpável. 
 O fato típico é composto dos seguintes elementos: 
 a) conduta dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva; 
 b) resultado; 
 c) nexo de causalidade entre a conduta e o resultado; 
 d) tipicidade (formal e conglobante). 
 A ilicitude (antijuridicidade) é aquela relação de contrariedade, de antagonismo, entre 
a conduta do agente e o ordenamento jurídico. É encontrada por exclusão, ou seja, não se 
verificará se o agente houver atuado amparado por uma das causas excludentes da ilicitude 
previstas no art. 23 do CP. Além das causas legais de exclusão da ilicitude, a doutrina menciona 
o consentimento do ofendido. 
 Para que o consentimento do ofendido exclua a ilicitude, é necessário: 
 I – Que o ofendido tenha capacidade para consentir; 
 II – Que o bem sobre o qual recaia a conduta do agente seja disponível; 
 III – Que o consentimento tenha sido dado anteriormente, ou pelo menos numa 
relação de simultaneidade à conduta do agente. 
 A culpabilidade é o juízo de reprovação pessoal que se faz sobre a conduta ilícita do 
agente. São elementos integrantes da culpabilidade, segundo a concepção finalista assumida 
pelo autor: 
 a) Imputabilidade. 
 b) Potencial consciência sobre a ilicitude do fato; 
 c) Exigibilidade de conduta diversa. 
 Há 3 acepções do princípio da culpabilidade: 
 i – Princípio que integra o conceito analítico de crime; 
 ii – Princípio medidor da pena – art. 59 – juízo de reprovação da conduta do agente; 
 iii – Princípio impedidor da responsabilidade objetiva. 
 
 CONCEITO DE CRIME ADOTADO POR DAMÁSIO, DOTTI, MIRABETE E DELMANTO 
 Para estes autores, crime é um fato típico e antijurídico. A culpabilidade seria mero 
pressuposto de aplicação da pena. Rogério Greco discorda, pois o fato típico e a ilicitude 
também são pressupostos de aplicação da pena. Afinal, se não houver fato típico, ou se a 
conduta não for ilícita, não haverá pena. 
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 Segundo Rogério Greco, tais autores se fundamentam no fato de o CP prever, mais de 
uma vez, que a ausência de culpabilidade acarretará a isenção de pena. É o caso, por exemplo, 
do art. 26, que estabelece que “é isento de pena o agente que (...) era, ao tempo da ação ou 
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato” (imputabilidade). Outro 
exemplo é a segunda parte do art. 21, caput, que diz que o erro sobre a ilicitude do fato, se 
inevitável, isenta de pena. 
 Contudo, a expressão “isento de pena” também aparece para afastar outras 
características do crime, como no caso do erro de tipo permissivo (art. 20, § 1º) ou no caso da 
escusa absolutória do art. 181 (isenção de pena, nos crimes contra o patrimônio, do cônjuge, 
do ascendente, por exemplo). 
Assim, embora o CP utilize essas expressões quando quer se referir às causas 
dirimentes da culpabilidade, tal opção legislativa não nos permite concluir que o crime seja 
tão-somente um fato típico e antijurídico. Assim, não é possível afirmar de maneira segura o 
conceito de crime adotado pelo Código Penal: se bipartido ou tripartido. Majoritariamente, 
utiliza-se a corrente tripartida. 
1.2.2. Conduta 
 É o primeiro elemento integrante do fato típico, sinônimo de ação e comportamento. 
Embora o crime seja o resultado de uma ação humana, o legislador previu a possibilidade de 
punição da pessoa jurídica por prática de atividade lesiva ao meio ambiente (art. 225, §3º, da 
CF, e art. 3º da Lei nº 9.605/1998). 
 A ação, ou conduta, compreende: 
a) Qualquer comportamento humano comissivo (positivo) ou omissivo (negativo); 
b) Elemento subjetivo: doloso (agente quer a produção do resultado) ou culposo 
(inobservância de um dever de cuidado, atuando com negligência, imprudência ou 
imperícia). 
 CONCEITO DE AÇÃO – CAUSAL, FINAL E SOCIAL 
 Concepção causalista clássica: ação é o movimento humano voluntário produtor de 
uma modificação no mundo exterior. Sem ato de vontade não há ação, não há injusto, não há 
crime. Mas isso também não ocorre se não houver modificação no mundo exterior. 
 Problema: não consegue solucionar o problema da omissão. 
 Concepção causalista neoclássica: a ação deixa de ser absolutamente natural para 
estar inspirada de um certo sentido normativo que permita a compreensão tanto da ação em 
sentido estrito (positiva) como da omissão. Agora a ação se define como o comportamento 
humano voluntário manifestadono mundo exterior. 
 Concepção finalista: ação é um comportamento humano voluntário, dirigido a uma 
finalidade qualquer. O homem, quando atua, seja fazendo ou deixando de fazer alguma coisa a 
que estava obrigado, dirige a sua conduta sempre a determinada finalidade, que pode ser 
ilícita (atuação com dolo, por exemplo) ou lícita (quando não quer cometer delito algum, mas 
que, por negligência, imprudência ou imperícia, causa um resultado lesivo, previsto pela lei 
penal). 
 Concepção da teoria social da ação: é toda atividade humana social e juridicamente 
relevante, segundo os padrões axiológicos de uma determinada época, dominada ou 
dominável pela vontade. Interpreta a ação como fator estruturante conforme o sentido da 
realidade social, com todos os seus aspectos pessoais, finalistas, causais e normativos. 
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 CONDUTAS DOLOSAS E CULPOSAS 
 Há dois tipos de condutas: dolosas e culposas. Ou o agente atua com dolo, quando 
quer diretamente o resultado, ou assume o risco de produzi-lo; ou age com culpa, quando dá 
causa ao resultado em virtude de sua imprudência, imperícia ou negligência. 
 CONDUTAS COMISSIVAS E OMISSIVAS 
 Além de atuar com dolo e culpa, o agente pode praticar a infração penal fazendo ou 
deixando de fazer alguma coisa a que estava obrigado. As condutas, dessa forma, podem ser 
comissivas (positivas) ou omissivas (negativas). 
 Nos crimes comissivos, o agente direciona sua conduta a uma finalidade ilícita. Ex: 
crime de furto – finalidade de subtrair os bens móveis pertencentes à vítima. Nos crimes 
omissivos, ao contrário, há uma abstenção de uma atividade que era imposta pela lei ao 
agente, como no crime de omissão de socorro (art. 135). 
 Os crimes omissivos podem ser próprios (puros ou simples) ou impróprios (comissivos 
por omissão ou omissivos qualificados). 
Crimes omissivos próprios são os que objetivamente são descritos como uma conduta 
negativa, de não fazer o que a lei determina, consistindo a omissão na transgressão da norma 
jurídica e não sendo necessário qualquer resultado naturalístico. São delitos nos quais existe o 
chamado dever genérico de proteção. 
 Crimes omissivos impróprios só podem ser praticados pelas pessoas referidas no § 2º 
do art. 13, uma vez que para elas existe um dever especial de proteção. São elas: 
 I – pessoa que se encontre na posição de garante ou garantidor, ou seja, que tenha a 
obrigação legal de cuidado, proteção ou vigilância; 
 II – Pessoa que, de outra forma, assuma a responsabilidade de impedir o resultado; 
 III – Pessoa que, com seu comportamento anterior, tenha criado o risco da ocorrência 
do resultado. 
 AUSÊNCIA DE CONDUTA 
 Se o agente não atua dolosa ou culposamente, não há a ação. Isso pode acontecer se o 
agente estiver impedido de atuar, como nos casos de força irresistível, movimentos reflexos e 
estados de inconsciência. 
 A força irresistível pode decorrer da natureza ou da ação de terceiro. Ex: vento forte 
que arrasta a pessoa para cima de outra, causando-lhe lesões corporais. Coação física 
irresistível. Situação em que o agente é jogado por uma terceira pessoa de encontro a outras 
pessoas, vindo a lesioná-las. Em todos os casos, não há conduta, não respondendo o agente 
pelas lesões que vier a causar. 
 Os movimentos reflexos são reações a determinados impulsos que podem causar 
danos. Ex: pessoa coloca fio de seu aparelho de som em uma tomada e recebe uma pequena 
descarga elétrica, causando, num efeito reflexo, ao movimentar seu corpo, lesão em terceiro. 
Não haverá conduta. 
 Ressalte-se, contudo, que se o movimento reflexo era previsível, os resultados dele 
advindos deverão ser imputados ao agente, geralmente a título de culpa. Ex: pessoa que vai 
consertar chuveiro elétrico, mesmo percebendo a existência de um fio desencapado, tenta 
fazê-lo sem desligar a chave de força. Se sofrer descarga elétrica e, mediante movimento 
reflexo, causar lesão, vai ter que responder. 
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7 
 Os estados de total inconsciência eliminam também a conduta do agente. Ex: 
sonambulismo, ataques epiléticos, hipnose, etc. 
 No caso da embriaguez completa, desde que não seja proveniente de caso fortuito ou 
força maior, embora não seja predeterminada a intenção de praticar crime, o agente será 
responsabilizado. Aqui, na verdade, o agente é responsabilizado pelos resultados ocorridos em 
virtude do ato de querer, voluntariamente, embriagar-se, ou mesmo em razão de ter, 
culposamente, chegado ao estado de embriaguez. Ocorre a chamada actio libera in causa, 
tendo em vista que a ação foi livre na causa, devendo o agente responder pelos resultados 
dela decorrentes. 
1.3. Sujeitos do crime 
1.3.1. Sujeito ativo 
Pessoa que realiza direta ou indiretamente a conduta criminosa, seja isoladamente, 
seja em concurso. 
 Sabe-se que o delito é uma ação humana, sendo que, em regra, só realiza crime a 
pessoa física. Entretanto, a Constituição Federal previu hipótese de crime para pessoas 
jurídicas, abrindo-se possibilidade para esta discussão. 
1.3.1.1. Pessoa jurídica como sujeito ativo de crimes 
 Levando-se em consideração que a pessoa jurídica é pessoa distinta de seus membros, 
a doutrina discute sobre a possibilidade da penalização da pessoa jurídica. 
 -Previsão constitucional: 
a) [art. 173, § 5º, CF] – Responsabilidade da pessoa jurídica nos atos praticados 
contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. Trata-se de 
norma de eficácia limitada [ “A lei (...)”] 
b) [art. 225, § 3º, CF] – responsabilidade da pessoa jurídica quanto às condutas 
lesivas ao meio ambiente. Trata-se de norma de eficácia limitada. 
 -Previsão infraconstitucional: 
a) [art. 3º, caput, Lei 9.605/98] – regulamenta o art. 225, § 3º da CF possibilitando a 
responsabilidade penal da pessoa jurídica. Aqui há divergência quanto à 
possibilidade da pessoa jurídica figurar como sujeito ativo: 
Argumentos pro e contra: 
a) IMPOSSIBILIDADE: 
 A pessoa jurídica não tem vontade. 
 Não é dotada de consciência e vontade, portanto, não pode “dirigir uma ação” de 
acordo com sua intenção. Ademais, pela ausência de consciência, a pena não geraria o 
caráter intimidativo. 
 A pessoa jurídica é inimputável, pois não entende o caráter ilícito de um fato e de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 A punição da pessoa jurídica representa verdadeira responsabilidade penal objetiva, o 
que compromete o princípio da culpabilidade. 
 A pena deve ser personalíssima e a punição da pessoa jurídica acabaria gerando a 
punição do sócio. Ex.: sócios minoritários contrários à decisão que acarretou a 
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 Pessoa jurídica não pode ir para a prisão. A aplicação de multa pode ocorrer por 
qualquer outra área do direito. 
 
b) POSSIBILIDADE: 
 A pessoa jurídica tem vontade. 
 Não reconhecer a existência de vontade seria limitar a teoria da pessoa jurídica. 
 Teoria organicistaou da realidade (Otto Gierke) – [adotada no Brasil] – reconhece que 
a pessoa jurídica tem vontade própria e distinta dos seus membros. A sua vontade é 
fruto da fusão das vontades dos seus membros. 
o Em contraposição à essa teoria existe a teoria da ficção (Savigny), que 
reconhece a pessoa jurídica como uma ficção jurídica não dotada de 
consciência e vontades próprios, não adotada no ordenamento brasileiro. 
 É necessário constatar que as pessoas muitas vezes se escondem atrás dessas 
instituições. 
 Mesmo que se admitisse que a pessoa jurídica não fosse dotada de vontade, é 
necessário reconhecer que o direito penal, em algumas situações excepcionais, admite 
responsabilidade penal objetiva. [ex.: embriaguez] 
 Em qualquer crime, quando se pune o agente, é possível existir pessoas inocentes 
prejudicadas, isso não quer dizer que ocorreria violação do princípio da personalidade. 
 Hoje, a ideologia do direito penal não se limita à aplicação de penas privativas de 
liberdade, sendo possível a aplicação de penas alternativas. 
 Não há como não deixar de reconhecer o aspecto moral que uma pessoa jurídica 
condenada se sujeitaria. 
 -Penas aplicáveis à pessoa jurídica: [art. 22 e seguintes da lei 9.605/98] 
O magistrado não poderá aplicar outra pena senão as que estão expressamente 
previstas no ordenamento como penas aplicáveis às pessoas jurídicas. 
Penas restritivas de direito: 
 Suspensão parcial ou total de atividades – aplicada quando a pessoa jurídica não 
estiver obedecendo as disposições legais ou regulamentares relativas à proteção do 
meio ambiente. 
 Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade - aplicada quando o 
estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando: 
o Sem a devida autorização. 
o Em desacordo com a autorização concedida. 
o Com violação de dispositivo legal ou regulamentar. 
 Proibição de contratar com o poder público, bem como dele obter subsídios, 
subvenções ou doações. 
o Não poderá exceder a 10 anos. 
 Prestação de serviços à comunidade: consiste em: 
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o a) custeio de programas e de projetos ambientais; 
o b) execução de obras de recuperação de áreas degradadas; 
o c) manutenção de espaços públicos; 
o d) contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. 
 Liquidação da pessoa jurídica: penalidade aplicada à empresa constituída ou utilizada 
preponderantemente para a prática de crimes previsto na lei 9.605/98. 
Teoria da dupla imputação: para punir a pessoa jurídica é necessário punir a pessoa 
física. Tese não adotada tanto pelo STF, quanto pelo STJ, que seguiu o entendimento da 
Suprema Corte. 
Em julgado recente, a 1ª Turma do STF (3x2) julgou pela desnecessidade de dupla 
imputação: [...] É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, 
ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do 
órgão responsável pela prática criminosa. [...] sublinhou-se que, ao se condicionar a 
imputabilidade da pessoa jurídica à da pessoa humana, estar-se-ia quase que a subordinar a 
responsabilização jurídico-criminal do ente moral à efetiva condenação da pessoa física. 
Ressaltou-se que, ainda que se concluísse que o legislador ordinário não estabelecera por 
completo os critérios de imputação da pessoa jurídica por crimes ambientais, não haveria como 
pretender transpor o paradigma de imputação das pessoas físicas aos entes coletivos 
Trabalha-se uma concepção social da culpabilidade, quando se fala de pessoa jurídica, 
tendo um aspecto teórico e outro prático. 
No aspecto teórico, o ente pode ser punido quando atua fora dos limites permitidos 
pelo Estado. O único texto legal que prevê essa responsabilidade é a lei 9.605 (crimes 
ambientais), pois a lei para crimes contra a economia popular e contra a ordem econômica 
praticados por Pessoa Jurídica ainda não foi editada. 
Para que a PJ seja punida o primeiro pressuposto é a infração, ou seja, o resultado 
lesivo ao meio ambiente deve ser cometido por decisão de seu representante legal ou 
contratual ou do órgão colegiado. Se não for vontade desses órgãos, não pode haver punição 
penal à PJ. É o vínculo psicológico da PJ, sob pena de responsabilidade penal objetiva. 
O segundo pressuposto é que o DANO, além de ter sido ocasionado por decisão de 
pessoas representantes da PJ, deve advir de uma conduta adotada para atender os interesses 
ou benefícios do próprio ente jurídico, e não das pessoas físicas que a compõem. A soma 
desses requisitos é denominada de responsabilidade penal em cascata, pois não tem como 
construir uma conduta própria da PJ, surgindo a responsabilidade criminal desta como 
consequência da ação de uma pessoa física. 
Isto posto, o STJ entendia ser obrigatória dupla imputação (pessoa física + jurídica). 
Porém, o STF decidiu o caso, fixando o a tese de que a CF não fez essa obrigação, entendendo 
pela possibilidade de condenação da pessoa jurídica dissociada da pessoa física. 
Aqui, se fala em culpabilidade social, conceito moderno entendido como 
descumprimento do papel social que se espera de todo e qualquer ente coletivo que atua nas 
mesmas condições. O STF entende que, conforme BULLOS, há uma espécie de autonomia 
punitiva entre os cometimentos ilícitos praticados pelo homem, enquanto cidadão comum, e os 
delitos exercidos por empresas. Ambos não se imiscuem, pois estão sujeitos a regimes jurídicos 
diversos. 
 
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1.3.2. Sujeito passivo 
 É o titular do bem jurídico que sofre a conduta típica, podendo ser denominado de 
vítima ou ofendido, dividindo-se em duas espécies. 
a) Sujeito passivo formal, mediado, indireto, geral, constante, genérico – é o Estado, pois 
todo crime viola normas editadas pelo estado, bem como a paz social; 
b) Sujeito passivo material, eventual, acidental, direto, imediato, particular– é o titular do 
bem jurídico lesado ou ameaçado de lesão, podendo ser pessoa jurídica, desde que 
compatíveis com a sua natureza. 
Se não existir um sujeito passivo determinado, este será considerado como sendo a 
sociedade. Esses tipos de crime são denominados de crimes vagos, uma vez que possuem 
sujeitos passivos indeterminados. [ex.: crime de quadrilha ou bando] 
 Crime contra animais, sujeito passivo: sociedade. 
 Crime contra cadáver, sujeito passivo: sociedade e familiares; bem jurídico – respeito 
aos mortos. 
ATENÇÃO: o morto, os animais e as coisas inanimadas não podem ser sujeitos passivos do 
crime por não serem titulares de bens jurídicos. O sujeito passivo será o titular do bem jurídico 
lesado. Quando a titularidade é de várias pessoas, mesmo se o titular esteja atacando o que é 
seu estará cometendo o crime. [ex.: fazendeiro derrubando a mata em seu imóvel] 
 Sujeito ativo pode atingir objeto material que é seu e responder pelo crime, conforme 
no exemplo dado acima. Ainda, é possível que a figura do sujeito ativo e do sujeito passivo do 
crime estejam na mesma pessoa, como no crime de rixa. Há também o crime multivitimário – 
crime com várias vítimas. 
 Importante mencionar que ninguém pode praticar um crime contra si próprio, salvo 
quando consistir elemento do tipo, como nos casos da pessoa que se lesiona para receber um 
seguro, que é uma fraude, considerada crime.1.4. Objeto do crime 
É o bem jurídico tutelado, é o interesse protegido pela norma. Todo crime possui objeto 
jurídico. 
 Objeto material – é a pessoa, coisa ou interesse sobre o qual recai a conduta típica. 
 Pode haver crime sem objeto material. [ex.: ato obsceno ou falso testemunho] 
o Existência de crime sem objeto material 
 Há quem interprete a expressão “material” de forma literal e identifica apenas a 
“pessoa” e a “coisa” sobre a qual recai a conduta típica. Nesse sentido afirmam ser possível a 
existência de crime sem objeto material. 
 -Guilherme Nucci diverge desse posicionamento e identifica, além da “coisa” e da 
“pessoa”, a possibilidade de a conduta recair sobre “interesse”. Nesse sentido seria incorreto 
afirma que existiria crime sem objeto jurídico. 
 No que concerne à interesses, temos os interesses coletivos e difusos, como meio 
ambiente, saúde, economia, finanças. Para isso, devemos fazer uma análise do que é o bem 
jurídico sujeito à tutela penal. 
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1.4.1. Bem jurídico 
Numa concepção formal, bem jurídico é o objeto da tutela penal. Defende-se porém a 
necessidade de uma acepção material do termo, como limite à atividade do legislador criminal. 
Estes dividem-se em dois grupos: aqueles que entendem que o bem jurídico é externo ao 
ordenamento jurídico, qualificando-o como bem da vida, independentemente da vontade 
legislativa; e aqueles que defendem que o bem jurídico é determinado juridicamente, mas por 
meios externos ao Direito Penal, mormente pelo Direito Constitucional. 
Luiz Régis Prado aponta as seguintes funções desempenhadas pelo bem jurídico: a) 
função de garantia: o bem jurídico é erigido como conceito-limite da dimensão material da 
norma, restringido o poder punitivo do Estado; b) função teleológica: critério de interpretação 
dos tipos penais; c) função individualizadora: como critério de medida da pena, no momento 
de sua fixação, levando-se em conta da lesividade ao bem jurídico (desvalor do resultado); d) 
função sistemática: como elemento classificatório decisivo na formação dos grupos de tipos da 
parte especial do Código Penal. 
POSIÇÃO DE ROXIN (Resumo TRF5) 
Um dos principais defensores da utilidade do conceito de bem jurídico como 
mecanismo de limitação do poder punitivo estatal é Claus Roxin, segundo quem apenas a 
discricionariedade legislativa não é suficiente para legitimar a criminalização de condutas 
(ROXIN, 2006, p. 11). 
Também entende que não é possível desvincular o conceito de bem jurídico da 
finalidade que se atribui ao próprio Direito Penal. Defende que a intervenção jurídico-penal 
deve resultar de uma ‘função social do direito penal’ que consiste em “garantir a seus cidadãos 
uma existência pacífica, livre e socialmente segura, sempre e quando estas metas não possam 
ser alcançadas com outras medidas político-sociais que afetem em menor medida a liberdade 
dos cidadãos” (ROXIN, 2006, p. 16 et seq.). 
Veja-se que dois são os pressupostos de que parte Claus ROXIN ao tratar da teoria do 
bem jurídico: a) a imprescindibilidade de que o poder punitivo penal do Estado seja limitado, 
tendo em vista o princípio da subsidiariedade; e b) a possibilidade de efetivação do princípio 
da subsidiariedade do Direito Penal (ultima ratio) por via do conteúdo de bem jurídico penal. 
Em consonância com o princípio da subsidiariedade, Roxin defende que a intervenção 
jurídico-penal somente é legítima quando objetiva “assegurar aos cidadãos uma coexistência 
pacífica e livre, sob a garantia de todos os direitos humanos” (ROXIN, 2006, p. 17). 
Tanto as condições individuais quanto as instituições sociais necessárias à coexistência 
pacífica são denominadas por Roxin como bens jurídicos, os quais constituem circunstâncias 
reais, mesmo que imateriais, haja vista que também se insere no conceito de bem jurídico a 
possibilidade de disposição sobre os bens materiais, que não deixam de ser parte de uma 
realidade empírica. Nas palavras do autor, 
[...] podem-se definir os bens jurídicos como circunstâncias reais dadas ou finalidades 
necessárias para uma vida segura e livre, que garanta todos os direitos humanos e civis de 
cada um na sociedade ou para o funcionamento de um sistema estatal que se baseia nestes 
objetivos. A diferenciação entre realidades e finalidades indica aqui que os bens jurídicos não 
necessariamente são fixados ao legislador com anterioridade, como é o caso, por exemplo, da 
vida humana, mas que eles também possam ser criados por ele, como é caso das pretensões 
no âmbito do Direito Tributário. (ROXIN, 2006, p. 19) 
Na concepção de Roxin (2006, p. 19), o conceito de bem jurídico não se limita àqueles 
individuais, sendo de se aceitar bens jurídicos da generalidade, desde que estes sirvam 
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definitivamente ao cidadão do Estado em particular. Para o autor, esse conceito de bem 
jurídico tem função de crítica à legislação, “na medida em que pretende mostrar ao legislador 
as fronteiras de uma punição legítima.” (ROXIN, 2006, p. 20) 
1.4.2. Espiritualização do bem jurídico 
Também chamada de “desmaterialização, dinamização ou liquefação” do bem jurídico. 
Nos tempos atuais de uma sociedade de risco (Ulrich Beck), as transformações sociais, 
econômicas e tecnológicas repercutem no direito penal. A criminalidade moderna, entre 
outros aspectos, caracteriza-se pelas grandes concentrações de poder político e econômico, 
especialização profissional, domínio tecnológico. Nesse contexto, busca o legislador criar 
figuras típicas visando a mais de uma forma de controle social de novos bens jurídicos, 
notadamente de caráter coletivo, como a ordem econômica e o meio ambiente. Com isso, há 
um maior foco na intervenção penal de bens jurídicos universais ou coletivos, de perfis mais 
abstratos. 
Assim, temos o que se chama de sociedade de risco do direito penal, diante de perigos 
que podem surgir com a evolução das sociedades, de modo que é preciso adequar os tipos 
penais à realidade. Hoje, temos a preocupação com os direitos difusos, havendo a criação de 
tipos abstratos e cumulativos. 
Crimes/tipos de perigo abstrato são criados diante da probabilidade de uma ação ser 
considerada perigosa. Assim, o legislador antecipa a proteção do direito penal ao dano 
propriamente dito, punindo uma conduta entendida como perigosa ao bem jurídico a ser 
protegido. O tipo penal visa evitar não o dano, mas o próprio perigo do dano. Ex: soltar balão 
de fogo. Falaremos mais na classificação quanto à caracterização da consumação. 
Já os crimes/tipos cumulativos, consiste na punição da conduta que, de forma isolada, 
não seria relevante, mas se praticada generalizadamente traria prejuízos para sociedade. Ex: 
delitos ambientais. Logo: não pune a conduta por sua lesividade, mas para prevenir a prática 
generalizada, que é capaz de provocar perigo supraindividual. 
Na seara desses tipos penais, temos a aplicação do Direito Penal Negocial, 
consubstanciando-se em resposta à expansão do direito penal, que passa a tutelar bens 
jurídicos supraindividuais, ameaçados por novos riscos sociais. Nesse modelo, o Estado abre 
mão de parcela do ius puniendi e incorpora institutos negociais no ordenamento, sob a 
justificativa de redução de custos com o aparato judicial ede maior eficiência no combate à 
criminalidade organizada. 
2. Classificação dos crimes 
A classificação pode ser legal, que trata-se do nome atribuído ao delito pela lei, ou pode 
ser doutrinária, que é o nome dado pelos estudiosos do Direito Penal às infrações penais. 
2.1. Critério: figura do sujeito ativo 
1) Crime comum: é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa. Podem ainda ser 
bicomuns, quando praticado por qualquer pessoa e contra qualquer pessoa. 
2) Crime próprio ou especial: é aquele que somente pode ser cometido por uma 
determinada categoria de pessoas. Ex.: crimes funcionais. 
a) Puros: também chamado de especiais impróprios, a ausência da condição imposta 
pelo tipo penal leva à atipicidade do fato. Ex: prevaricação, pois se não for funcionário 
público não há crime algum. 
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b) Impuros: Nestes, a ausência da condição especial acarreta na desclassificação para 
outro crime. Ex: peculato passaria a ser furto ou apropriação indébita, conforme o 
caso. 
c) Bipróprios: exige situação peculiar do sujeito ativo e do sujeito passivo, como no 
infanticídio. 
3) Crime de mão própria, de atuação pessoa, de conduta infungível: é o crime próprio cujo 
agente precisa agir pessoalmente, só podendo ser praticado pela pessoa expressamente 
indicada no tipo penal. Assim, não admitem a coautoria, mas somente participação, pois a 
lei não permite delegar a execução do crime a terceira pessoa. 
a) Ex: crime de falso testemunho. O STF, a admitiu a participação, em caso em que 
envolvia advogado. HC 81.327-SP, rel. Ministra Ellen Gracie, 11.12.2001. STF também 
admite coautoria RHC 81327 / SP. O advogado pode auxiliar a testemunha a faltar 
com a verdade, mas jamais poderá mentir em seu lugar ou juntamente com ela. 
2.2. Crimes simples e complexos 
a) Crime simples: é aquele que se amolda em um único tipo penal. Ex: furto. 
b) Crime complexo: crime que prevê, de forma explícita, 2 ou mais tipos penais em uma 
única descrição legal (SENTIDO ESTRITO), ou aquele que abrange um tipo simples 
acrescido de fato não típico (SENTIDO AMPLO). 
Crime complexo em sentido estrito: é formado pela conjugação de 2 ou mais figuras típicas. 
a. Crime complexo em sentido amplo: é formado pela conjugação de conduta 
penalmente tipificada acrescida de um fato atípico. Ex: estupro = violência ou 
ameaça (conduta típica) + conjunção carnal (figura atípica). 
 
2.3. Critério: necessidade do resultado para a consumação 
a) Crime de resultado, material ou causal: é aquele que se consuma com a ocorrência do 
resultado naturalístico, o qual necessariamente deve ser verificado, sob pena de se 
constituir em mera tentativa. 
b) Crime formal, de consumação antecipada, ou de resultado cortado: a ocorrência do 
resultado naturalístico caracterizará exaurimento, de modo que basta a realização da 
conduta, não havendo necessidade da produção do resultado naturalístico. 
a. Ex: extorsão: Súmula 96 STJ: O crime de extorsão consuma-se 
independentemente da obtenção da vantagem indevida. 
c) Crime de mera conduta ou de simples atividade: só há uma conduta, não havendo 
resultado naturalístico, razão pela qual ele jamais poderá ser verificado. É impossível 
acontecer o resultado naturalístico. Ex.: violação de domicílio; ato obsceno. 
 
2.4. Critério: momento consumativo 
a) Crime instantâneo ou de estado: é aquele cujo momento consumativo ocorre num 
momento determinado, sem continuidade no tempo. 
b) Crime permanente: é aquele cujo momento consumativo se prolonga no tempo até 
quando queira o agente. A prisão em flagrante é cabível a qualquer momento, 
enquanto perdurar a ilicitude. A prescrição inicia-se com o último ato de 
execução/tentativa. 
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a. Necessariamente permantentes: é imprescindível a manutenção da situação 
contrária ao Direito por tempo juridicamente relevante. Ex: sequestro. 
b. Eventualmente permanentes: em regra são instantâneos, mas, no caso 
concreto, a situação de ilicitude pode ser prorrogada pela vontade do agente, 
como no furto de energia elétrica. 
c) Crime instantâneo de efeitos permanentes: é o delito instantâneo cujos efeitos 
deixados após a consumação são visíveis, gerando dúvida em relação à própria 
consumação. Ex: crime de bigamia: no momento que a pessoa casa pela 2ª vez o delito 
já se consumou, o que permanece são os efeitos e estelionato previdenciário, quando 
praticado por terceiro não beneficiário. 
a. ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO: natureza binária (praticado pelo beneficiário 
e por terceira pessoa/agente público). 
i. Quando praticado pelo beneficiário, é crime permanente (o momento 
consumativo prolonga-se no tempo), a ofensa ao bem jurídico é 
reiterada mês a mês, enquanto não descoberta a fraude. O termo 
inicial de prescrição se dá com o último recebimento indevido do 
benefício. 
ii. Quando praticado por terceira pessoa ou funcionário da previdência 
não beneficiário, o crime é instantâneo e de efeitos permanentes 
(consuma-se num só momento e os efeitos se prolongam no tempo) – 
uma vez feito, consumou-se. Ex: amigo falsifica documento para uma 
pessoa conseguir benefício previdenciário. 
iii. O pagamento integral do débito NÃO extingue a punibilidade. A 
extinção prevista na lei 10.684 só se aplica aos crimes tributários 
materiais. Aos formais não. 
iv. Não se aplica o princípio da insignificância, pois a lesividade transcende 
o âmbito individual e abala a esfera coletiva. 
v. DIFERENTE EM CASO DE MORTE E SAQUE INDEVIDO: Se a pessoa, 
após a morte do beneficiário, passa a receber mensalmente o 
benefício em seu lugar, mediante a utilização do cartão magnético do 
falecido, pratica o crime de estelionato previdenciário (art. 171, § 3º, 
do CP) em continuidade delitiva. Segundo o STJ, nessa situação, não se 
verifica a ocorrência de crime único, pois a fraude é praticada 
reiteradamente, todos os meses, a cada utilização do cartão 
magnético do beneficiário já falecido. Assim, configurada a reiteração 
criminosa nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de 
execução, tem incidência a regra da continuidade delitiva prevista no 
art. 71 do CP. 
d) Crimes a prazo: a consumação exige a fluência de determinado período. É o caso da 
lesão corporal grave em decorrência da incapacidade para as ocupações habituais por 
mais de 30 dias. 
 
2.5. Critério: quantidade de pessoas necessárias para a prática do delito 
a) Crime unissubjetivo, unilateral, monosubjetivo: é aquele que pode ser praticado por 
uma só pessoa, embora nada impeça a coautoria ou participação. 
b) Crime plurissubjetivo: é aquele que, por sua conceituação típica, exige dois ou mais 
agentes para a prática da conduta criminosa. 
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a. Bilaterais ou de encontro: exige dois agentes cujas condutas tendem a se 
encontrar. Ex: bigamia. 
b. Coletivos ou de convergência: reclama a existência de dois ou mais agentes, 
podendo ser praticado um contrao outro (de condutas contrapostas) ou em 
auxílio dos agentes (de condutas paralelas). 
c) Crimes eventualmente coletivos: são aqueles em que, não obstante seu caráter 
unilateral, a diversidade de agentes atua como causa de majoração da pena, como se 
dá no furto qualificado. 
Pode haver condutas paralelas (mesmo fim), convergentes (condutas diferentes que se 
completam, ainda que uma não seja culpável) ou divergentes (dirigidas umas contra as 
outras). 
2.6. Critério: quantidade de sujeito passivo 
a) Crimes de subjetividade passiva única: são aqueles em que consta no tipo penal uma 
única vítima. 
b) Crimes de dupla subjetividade passiva: o tipo penal prevê a existência de duas ou 
mais vítimas, tal como o aborto sem consentimento da gestante. 
2.7. Critério: caracterização da consumação 
a) Crime de dano ou de lesão: é aquele que somente se consuma com a efetiva lesão ao 
bem jurídico. 
b) Crime de perigo: é aquele que se consuma com a mera possibilidade do dano. 
a. Crime de perigo concreto: delito cujo perigo deve ser investigado e provado. 
b. Crime de perigo abstrato, presumido ou de simples desobediência: delito 
cujo perigo é presumido pelo tipo penal, não precisa ser provado. Há 
presunção absoluta de perigo a bens jurídicos. São constitucionais, mas devem 
ser utilizados com parcimônia. 
A criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si só, 
comportamento inconstitucional por parte do legislador penal. A tipificação de 
condutas que geram perigo em abstrato, muitas vezes, acaba sendo a melhor 
alternativa, ou a medida mais eficaz, para proteção de bens jurídico-penais 
supraindividuais ou de caráter coletivo, como o meio ambiente, por exemplo. 
Os crimes de perigo abstrato devem restringir-se aos comportamentos que, 
segundo os diagnósticos e prognósticos realizados pelo legislador com base 
em dados e análises científicas disponíveis no momento legislativo – e daí a 
importância da verificação de fatos e prognoses legislativos em sede de 
controle judicial de constitucionalidade – geralmente configuram perigo para o 
bem jurídico protegido, estando descartados aqueles que apenas de forma 
excepcional podem ensejar tal perigo. nesse sentido, segundo a máxima da 
necessidade, quando houver medidas mais eficazes para a proteção do bem 
jurídico-penal, porém menos gravosas para os direitos individuais em jogo, 
os crimes de perigo abstrato serão contrários aos princípios da 
subsidiariedade e da ofensividade e, dessa forma, ao princípio da 
proporcionalidade. 
 
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2.8. Critério: quantidade de atos para a consumação 
a) Crime unissubsistente: é aquele que se consuma com a realização de um só ato. Não 
admite tentativa nem fracionamento. 
b) Crime plurissubsistente: é aquele cuja consumação é composta de vários atos. Admite 
tentativa e fracionamento. 
2.9. Comissivos, omissivos e de conduta mista 
Além de atuar com dolo e culpa, o agente pode praticar a infração penal fazendo ou 
deixando de fazer alguma coisa a que estava obrigado. As condutas, dessa forma, podem ser 
comissivas (positivas) ou omissivas (negativas). 
a) Crimes comissivos: praticado mediante uma conduta positiva, um facere. Ex: crime de 
furto – finalidade de subtrair os bens móveis pertencentes à vítima. 
a) Crimes omissivos: há uma abstenção de uma atividade que era imposta pela lei ao 
agente, como no crime de omissão de socorro (art. 135). A própria omissão está 
tipificada, sendo ela uma elementar do tipo. resultado que eventualmente surgir dessa 
omissão será irrelevante para a consumação do crime, podendo configurar apenas 
uma majorante ou qualificadora. Os crimes omissivos podem ser próprios (puros ou 
simples) ou impróprios (comissivos por omissão ou omissivos qualificados). 
a. Crimes omissivos próprios: são os que objetivamente são descritos como uma 
conduta negativa, de não fazer o que a lei determina, consistindo a omissão na 
transgressão da norma jurídica e não sendo necessário qualquer resultado 
naturalístico. São delitos nos quais existe o chamado dever genérico de 
proteção, podendo ser praticados por qualquer pessoa. Ex: omissão de 
socorro. Não admitem tentativa, pois são unissubsistentes (omissão de 
socorro). 
b. Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão: só podem ser 
praticados pelas pessoas referidas no § 2º do art. 13, uma vez que para elas 
existe um dever especial de proteção. São elas: 
I – pessoa que se encontre na posição de garante ou garantidor, ou seja, que 
tenha a obrigação legal de cuidado, proteção ou vigilância; 
II – Pessoa que, de outra forma, assuma a responsabilidade de impedir o 
resultado; 
III – Pessoa que, com seu comportamento anterior, tenha criado o risco da 
ocorrência do resultado. 
 São crimes materiais, bem como, admitem a tentativa. 
 Coautoria em crimes omissivos (próprios e impróprios): segundo 
entendimento majoritário, é possível a coautoria em comissivos. O mesmo ocorre com a 
participação. 
Dissecando melhor: 
Coautoria em crimes omissivos (próprios e impróprios): Para Nilo Batista, não se 
cogita de coautoria nos delitos omissivos, uma vez que cada agente possui o seu dever de agir 
de forma individualizada. Já Greco e Bittencourt entendem possível, desde que cada agente 
possua o dever de agir no caso concreto e exista o liame subjetivo. 
 Participação em crimes omissivos (próprios e impróprios): Bittencourt afirma 
ser possível, desde que o partícipe esteja impossibilitado de cumprir a norma mandamental 
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(ex: se for tetraplégico) ou, no caso de delito omissivo impróprio, desde que não esteja 
incluso na figura do garantidor. 
 
2.10. Critério: existência de vestígios [classificação do processo penal] 
a) Delito não transeunte ou de fato permanente: é aquele que deixa vestígios. 
b) Delito transeunte ou de fato transitório: é aquele que não deixa vestígios. 
 
2.11. Outras classificações importantes 
Crime progressivo: corresponde à consideração de que um tipo abstratamente considerado 
contém, de forma implícita, outro, sendo que este deve, necessariamente, ser realizado para 
se alcançar o resultado. Ex.: homicídio – implicitamente está a lesão corporal. 
Crime progressivo x progressão criminosa 
Crime progressivo: o agente, desde o início, pretende praticar o crime mais grave e para tanto, 
por meio de atos sucessivos, praticas gradativas e crescentes violações o bem jurídico. Há uma 
só infração penal. Desde o início, há a intenção de praticar o crime “maior”. 
Progressão criminosa: o agente deseja inicialmente produzir um resultado menos grave, 
porém, após atingi-lo, decide prosseguir e reiniciar a sua agressão e produzir um resultado 
mais grave. Haverá mais de 1 infração penal. No início da conduta a intenção do agente é a 
prática do crime “menor”. Posteriormente sua intenção se altera para a prática do crime de 
maior gravidade. 
●  Crime Progressivo = C vem antes de P. A vontade vem antes. 
● Progressão Criminosa = C vem depois de P. A vontade vem depois. 
Crime habitual próprio: delito que busca punir um conjunto de condutas praticadas pelo 
agente demonstrativo de um estilo de vida inadequado. Tipo penal criado para punir um 
estilo de vida. Ao contrário do que se defende em algumas doutrinas, esses crimes admitemsim o flagrante, quando a prisão é feita após já se ter verificado o implemento da 
habitualidade e a configuração criminosa. Ex: curandeirismo, casa de prostituição. 
Crime habitual e tentativa: a doutrina majoritária é pela impossibilidade de tentativa. 
Crime habitual e flagrante: a doutrina majoritária é pela possibilidade. 
Crime habitual impróprio: basta um único ato para a configuração do delito, porém a prática 
de mais de um ato constitui crime único. Ex: gestão temerária ou fraudulenta (Lei 7.492). 
Habitualidade criminosa: a pessoa faz do crime um estilo de vida. STJ: Ainda que superado 
esse óbice, esta Corte tem reiteradamente decidido que a habitualidade delitiva comprovada 
por meio da extensa folha de antecedentes criminais impede o reconhecimento da 
continuidade delitiva. 
Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: é aquele que contém várias modalidades de 
condutas (núcleos no preceito primário) em sua descrição legal. Pode ser alternativo (prática 
de mais de uma conduta constitui crime único) ou cumulativo (prática de mais de uma conduta 
constitui mais de um crime). Ex: art. 22, parágrafo único, da Lei 7.492 (evasão de divisas) – 
proteção de bens jurídicos diversos. 
Crime vago: é aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade de pessoas destituída de 
personalidade jurídica. 
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Crime 
 
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Crime condicionado: é aquele que tem punibilidade condicionada a um fato exterior e 
posterior à consumação. Ex: sonegação fiscal. [constituição do crédito é condição objetiva de 
punibilidade]. 
Crimede tendência intensificada x crime de intenção 
 Delitos de intenção: requerem um agir com ânimo, finalidade ou intenção adicional de obter 
um resultado ulterior ou uma ulterior atividade, distintos da realização do tipo penal. Gera os 
delitos de resultado cortado (ex: extorsão mediante sequestro) e os mutilados de dois atos (ex: 
quadrilha). 
Delitos de tendência: nesses crimes, não é a vontade do autor que determina o caráter lesivo 
do acontecer externo, mas outros extratos específicos, inclusive inconscientes. Ex: crimes 
contra a honra (propósito de ofender); crime do art. 212 (propósito de ultrajar). 
Crimes Naturais e Plásticos: Naturais os que violam valores éticos absolutos e universais, 
como a vida. Plásticos, aqueles que não violam valores éticos universais e absolutos, como 
aqueles contra a administração, ordem tributária, em defesa do Estado. 
Crimes de mínimo potencial ofensivo: não comportam pena privativa da liberdade. Ex: art. 28 
da lei de drogas. 
Crimes de menor potencial ofensivo: a pena privativa de liberdade não ultrapassa 2 anos, 
cumulada ou não com multa. 
Crimes de médio potencial ofensivo: a pena mínima não ultrapassa um ano, 
independentemente da pena privativa máxima. Admitem sursis, na forma do 89 da lei 9099. 
Crimes de elevado potencial ofensivo: apresentam pena mínima superior a um ano, e pena 
máxima acima de dois anos. 
Crimes de máximo potencial ofensivo: recebem tratamento diferenciado pela CF: hediondo, 
tortura, tráfico de drogas, terrorismo, racismo, ação de grupos armados, civis ou militares 
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. 
Crime remetido: ocorre quando a sua definição se remete a outros crimes, que passam a 
integrá-lo. É o caso do art. 304 (fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados a 
que se referem os arts. 297 a 302). 
Crime doloso: o agente quis ou assumiu o risco de produzir o resultado. É a regra geral. 
Crime preterdoloso: é o crime em que o resultado delitivo é mais grave do que o querido pelo 
agente. O agente deseja praticar uma ação e produzir um resultado (como dolo, portanto), 
mas, por imperícia, imprudência ou negligência, produz um resultado mais grave. Há dolo na 
ação e culpa no resultado. Deve haver uma expressa previsão legal do resultado culposo mais 
grave (como ocorre para o crime de homicídio, por exemplo). Se não houver, apenas o crime 
doloso será punido. Não se admite tentativa em crimes preterdolosos, porque a tentativa é 
inconcebível para resultados culposos. Todos os crimes preterdolosos são qualificados pelo 
resultado, porém, nem todo crime qualificado pelo resultado é preterdoloso, porque o 
resultado qualificador pode ter sido desejado (e crimes preterdolosos exigem resultado 
culposo). O crime qualificado pelo resultado é gênero, do qual o crime preterdoloso é 
espécie. Quando o resultado mais grave advém de caso fortuito ou força maior não se imputa 
a agravação ao agente, porque não há nexo causal. O resultado mais grave tem que ser pelo 
menos culposo, e a culpa deve ser demonstrada no caso concreto para configuração do crime 
preterdoloso. É dizer, o versari in re illicita não vale para os crimes preterdolosos. Esse 
brocardo é usado para defender que aquele que quem se envolve em coisa ilícita (crime 
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antecedente) deve também responder pelo resultado fortuito (resultado agravador 
consequente), independente da demonstração de culpa. 
Crime culposo: é o crime que o agente deu causa por imprudência, negligência ou imperícia, 
não havendo em si qualquer desejo de praticar o resultado juridicamente reprovável. O crime 
culposo só é possível em tipos penais que expressamente o prevejam, como no homicídio. 
Quase de forma absoluta, não se admite a tentativa nos crimes culposos. 
Crime de ímpeto: cometido por reação emocional, sem premeditação. 
Crimes funcionais: aqui é importante prestar atenção, porque influencia na jurisprudência em 
relação ao procedimento utilizado. Funcionais próprios: a condição é indispensável à 
tipicidade do fato, de modo que a ausência causa atipicidade. Funcionais impróprios: a 
ausência da condição de funcionário público implica em desclassificação para outro delito. 
Crime impossível, putativo, tentativa inidônea, tentativa inadequada: ocorre quando o 
agente se utiliza de meio ABSOLUTAMENTE INEFICAZ ou objeto ABSOLUTAMENTE IMPRÓPRIO 
para consumar o crime. É o caso da tentativa de homicídio dando-se um copo de água à vítima 
na expectativa de que ela venha a morrer (meio absolutamente ineficaz) ou quando se tenta 
furtar a carteira de uma vítima que não trazia a carteira no bolso (objeto absolutamente 
impróprio, já que não há como furtar aquele objeto). A relativa ineficácia do meio e a relativa 
impropriedade do objeto não afastam a configuração do crime, geralmente dando azo à 
forma tentada, porque é ainda possível que um meio relativamente ineficaz ou um objeto 
relativamente impróprio produzam dano. O crime impossível deve ser analisado somente 
após a realização do fato, visto que algo aparentemente inofensivo (como um objeto 
relativamente impróprio) pode ter o efeito de efetivamente gerar o crime. Sobre o crime 
impossível há três teorias: 
1. TEORIA OBJETIVA PURA: não distingue entre absoluta ou relativa impropriedade do objeto 
ou ineficácia do meio. Segundo a teoria objetiva pura, não interessa saber, por exemplo, se a 
arma não funcionou porque nunca funcionaria, ou a arma não funcionou naquele caso porque, 
por azar do autor, ela emperrou. Tanto um, quanto em outro caso, se estaria diante de um 
crime impossível. NÃO É ADOTADA NO BRASIL. 
2. TEORIA OBJETIVA TEMPERADA: prima pela distinção entre absoluta ou relativa 
impropriedadedo objeto ou ineficácia do meio. Essa teoria sustenta que só há perigo ao bem 
jurídico apto a fundamentar a punibilidade do crime tentado quando o objeto ou o meio 
forem, em tese, aptos à produção do resultado, ainda que circunstancialmente não se consiga 
produzi-lo. Ou seja, em tese, para a teoria objetiva temperada, só seria caso de se reconhecer 
o crime impossível após a arma utilizada para um roubo ser periciada. Se a perícia chegar à 
conclusão de que a arma que foi acionada não disparou e nunca dispararia por ser defeituosa 
(ineficácia absoluta do meio), seria caso de crime impossível. Porém, se essa arma, uma vez 
apreendida e submetida à perícia, for revelada como apta a produzir disparos, tendo o 
insucesso do roubo decorrido unicamente de seu emperramento episódico, o meio será 
relativamente ineficaz, merecendo o agente, pois, punição pela tentativa. ESSA FOI 
CLARAMENTE A OPÇÃO ADOTADA PELO LEGISLADOR BRASILEIRO. 
3. TEORIA SINTOMÁTICA OU SUBJETIVA: defende que o agente deve ser punido, mesmo em 
caso de crime impossível, porque demonstrou periculosidade, disposição para agredir um bem 
jurídico. Nesse caso, ele seria punido pela intenção, e não por algum fato. NÃO É ADOTADA NO 
BRASIL. 
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Crime putativo, delito de alucinação: no crime putativo, o agente pratica uma conduta 
acreditando estar praticando um ilícito penal, quando, de fato, sua ação não está tipificada. 
Por exemplo, ocorre quando o agente trai a esposa com o fito de cometer crime (o adultério 
não é mais considerado ilícito penal em nosso ordenamento, logo, não há crime). O crime 
putativo pode ocorrer nas seguintes hipóteses: 
1. Crime putativo por erro de proibição: o agente acredita ofender uma lei penal que não existe 
realmente. A existência da lei incriminadora só existe na mente do agente, recaindo o erro, 
portanto, sobre a ilicitude do fato. Esse é o caso do exemplo do agente que trai a esposa com 
o fito de cometer crime (não há norma incriminando o adultério). 
2. Crime putativo por erro de tipo: o crime imaginário se verifica quando o autor acredita 
ofender uma lei penal incriminadora, mas os fatos revelam faltar uma elementar do tipo. Ou 
seja, a lei penal existe, entretanto, o fato não foi típico porque o agente não realizou todas as 
elementares. Aqui, há um erro sobre uma circunstância fática, e não sobre uma questão 
jurídica. Por exemplo, ocorre quando o agente quer cometer um crime tributário declarando 
erroneamente dados na DCTF; porém, ao invés de preencher a DCTF, ele preenche um 
formulário de cadastro no show do milhão. 
3. Crime putativo por obra do agente provocador: denominado também de crime de ensaio, 
crimes de laboratório, ou crime de experiência, ocorre quando uma pessoa induz o agente a 
cometer uma conduta criminosa e, simultaneamente, adota medidas para impedir a 
consumação. Aqui, incide a Súmula 145 do STF, que trata do flagrante preparado ou 
provocado: “Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a 
sua consumação”. 
 
 
 
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