Buscar

Projeto Concluso 2

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DE RIO VERDE (UniRV)
FACULDADE DE DIREITO
DAVID SILVA LIMA
PERSPECTIVAS JURÍDICO-AMBIENTAIS SOBRE OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA 
RIO VERDE, GO
41
	
2019
DAVID SILVA LIMA
PERSPECTIVAS JURÍDICO-AMBIENTAIS SOBRE OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA 
Monografia apresentada à Faculdade de Direito da Universidade de Rio Verde (UniRV), como parte das exigências para obtenção do título de Bacharel em Direito.
Orientadora: profª. Ma. FERNANDA PERES SORATTO
RIO VERDE - GO
2019
DAVID SILVA LIMA
PERSPECTIVAS JURIDICO AMBIENTAIS SOBRE OBSOLESCENCIA PROGRAMADA
MONOGRAFIA APRESENTADA À BANCA EXAMINADORA DO CURSO DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE RIO VERDE (UNIRV) COMO EXIGÊNCIA PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE BACHAREL EM DIREITO.
Rio Verde, GO, 30 de Maio de 2019.
	
BANCA EXAMINADORA
..........................................................................................
Prof.ª. Ma. Fernanda Peres Soratto
Presidente
..........................................................................................
Prof.ª. Ma. Fernanda Peres Soratto
Presidente
..........................................................................................
Prof.ª. Ma. Fernanda Peres Soratto
Presidente
DEDICATÓRIA
Dedico a Deus e a toda minha família, meus pais Enesia Aparecida da Silva e Adrivone Jorge de Lima, ao meu irmão Douglas Silva Lima, à minha namorada Rayssa Cristina Alves de Oliveira pelos momentos de companheirismo e carinho durante esta jornada de muito trabalho e estudo, e principalmente à minha filha Heloisa Oliveira Lima a qual eu dedicarei todo meu amor, minha felicidade, conhecimento e minha obra.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, a ele devo todas as coisas e circunstâncias que fizeram chegar onde estou. Agradeço também a professora Fernanda Peres Soratto pelo incentivo, dedicação e brilhante orientação sugerindo sempre novas ideias que contribuíram muito para o desenvolvimento e aprimoramento da presente monografia. A Universidade de Rio Verde – UniRV, do zelador ao reitor, agradeço a todos que colaboram para o bom funcionamento desta ilustre instituição. Agradeço também aos meus amigos e aos autores das obras que li, fonte do meu desenvolvimento científico e pessoal.
RESUMO
O presente estudo busca compreender a estratégia de mercado denominada de obsolescência programada e de que maneira essa estratégia contribui para o capital e simultaneamente torna o modo de desenvolvimento admitido pela economia de mercado contemporânea insustentável. No desenvolvimento foi abordado o conceito e as classificações de obsolescência programada, sua evolução histórica, bem como seus efeitos socioambientais. Destaca-se também o questionamento quanto as perspectivas jurídico-ambientais sobre obsolescência programada e os desafios da economia sustentável na sociedade de consumo contemporânea. Notadamente diante da multidisciplinaridade do tema é essencial abordar questões referentes as relações de consumo, publicidade, direito, economia, e filosofias que abarcam as reflexões sobre o mundo moderno. Os aprofundamentos contidos nessa dissertação contribuem para melhor compreender os impactos da obsolescência programada na sociedade líquido-moderna. 
PALAVRAS-CHAVE: Obsolescência programada. Sustentabilidade. Direito. Consumo. Modernidade.
ABSTRACT
The present study it searchs to understand the strategy of called market of programmed obsolescence and how this strategy contributes for the capital and simultaneously it becomes the development admitted for the market economy unsustainable contemporary. In the development he was boarded the concept and the classifications of programmed obsolescence, its historical evolution, as well as its socio-environmental effect. The questioning is also distinguished the legal-ambient perspectives on programmed obsolescence and the challenges of the sustainable economy in the consumption society contemporary. Notably ahead of the multidisciplinarity of the subject is essential to approach questions referring the relations of consumption, advertising, right, economy, and philosophies that accumulate the reflections on the modern world. The deepenings contained in this dissertation contribute better to understand the impacts of the obsolescence programmed in the liquid-modern society.
KEYWORDS: Programmed obsolescence. Sustentabilidade. Right. Consumption. Modernity.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – Evolução dos aparelhos de som portáteis..............................................................38
FIGURA 2 – Modelo “T” da Ford..............................................................................................38
FIGURA 3 – Modelo “30” da General Motors...........................................................................39
FIGURA 4 – Auto móvel da montadora Chrysle.......................................................................39
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	10
2 (IN)FELICIDADE NA MODERNIDADE LIQUIDA	12
2.1 PROGRESSO CRESCIMENTISTA	17
3 BREVE HISTÓRICO SOBRE OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA	20
3.1 CONCEITO	23
3.2 CLASSIFICAÇÕES	25
3.2.1 Teoria De Slade Sobre Obsolescência Tecnológica	26
3.2.1.1 Primero caso Ford versus General Motors 1920	27
3.2.1.2 Proteção quanto a obsolescência técnica no CDC.	28
3.2.2 Teoria de Slade sobre Obsolescência Psicológica	29
3.2.2.1 Segundo caso Ford versus General Motors	30
3.2.2.2 Proteção quanto a obsolescência psicológica no CDC.	31
3.2.3 Obsolescência planejada	33
4 PERSPECTIVAS JURÍDICO-AMBIENTAIS.	35
5 ANEXOS	38
6 CONCIDERAÇÕES FINAIS	40
 1 INTRODUÇÃO
Por que nossas coisas hoje duram menos? Por que compramos coisas das quais não precisamos com o dinheiro que não temos? O que dura mais, nossas coisas ou o desejo de possui-las? Para onde vão as coisas que não mais desejo? Decifrar os enigmas da vida moderna exige as melhores perguntas, e diante destes questionamentos é que surge o interesse em pesquisar sobre as perspectivas jurídico-ambientais sobre obsolescência programada e os desafios da economia sustentável na sociedade de consumo contemporânea.
Compreender de que maneira a obsolescência programada contribui para o capital e simultaneamente torna o modo de desenvolvimento admitido pela economia de mercado contemporânea insustentável, é uma medida indispensável para o pensamento crítico sobre o mundo moderno e sobre os direitos que envolve toda essa estrutura formada pela obsolescência programada em prol do capital.
A matéria embasadora desta pesquisa é de suma importância para o Direito, embora envolva diversas áreas do conhecimento. Identifica-se aplicabilidade jurídica à obsolescência programada vez que esta estratégia é completamente oposta ao princípio da sustentabilidade que é o princípio fundamentador do Estado de Direito Ambiental.
A obsolescência programada incide em direitos difusos compreendidos no ordenamento jurídico brasileiro, como exemplo: o direito de todos não serem expostos à propaganda enganosa e abusiva veiculada pela televisão, rádio, jornais, revistas, painéis publicitários; direito a um meio ambiente hígido, sadio e preservado para as presentes e futuras gerações; direito de reparação dos danos causados por produtos com vícios de qualidade ou quantidade ou defeitos colocados no mercado de consumo.
Adotou-se para o desenvolvimento desta dissertação o método dedutivo, histórico, e a técnica de pesquisa bibliográfica, onde o assunto apresentado foi encontrado com mais abrangência.
No capítulo 2, foram levantadas as questões de aspecto social, trata-se de um capitulo reservado às questões relacionadas ao consumismo e as angústias da vida moderna. Buscou-se compreender como as relações de consumo interferem nas emoções e decisões humanas, foi revisada para tal compreensão em especial a literatura do sociólogo e filósofo Zygmunt Bauman. 
O capítulo terceiro discute de maneira aprofundada todo o mecanismo da obsolescência programada. Foi levantada a questão do seu desenvolvimento histórico, conceito e classificações.Para melhor compreensão da matéria foi realizada pesquisa bibliográfica sobre a teoria apurada por Giles Slade referente as tipologias de obsolescência e trouxe também alguns exemplos de como ocorre a obsolescência na pratica, oportunidade pela qual foi possível analisar também se existem disposições no código de defesa do consumidor afim de coibir a prática.
No quarto capitulo se faz presente as perspectivas ambientais quanto a obsolescência programada. Buscou-se compreender o paradigma da sustentabilidade frente à obsolescência programada, para tanto, foi necessário analisar na constituição federal disposições que tratassem do combate às práticas que causam prejuízo ao meio ambiente e relaciona-las com a estratégia de obsolescência programada. 
Ademais, .
	
2 (IN)FELICIDADE NA MODERNIDADE LIQUIDA
É essencial para a compreensão e contextualização da perspectiva histórica da obsolescência programada e dos caminhos tomados pelo desenvolvimento na contemporaneidade, o estudo referente ao mundo moderno. Entender por que motivos vivemos em uma sociedade cada vez mais consumista, é de suma importância para a consolidação do tema abordado nesta dissertação.
Por tanto, utilizo como referência principal os ideais do sociólogo e filósofo polonês, autor contemporâneo, Zygmunt Bauman. Nascido em 1925 na Polônia, atravessou as tragédias do século XX, acompanhou as transformações sociais e afetivas que vieram com o triunfo da sociedade de consumo.
Bauman diagnosticou as angústias especificas da era pós-moderna, que ele batizou de tempos líquidos. A metáfora da liquidez da modernidade utilizada por Bauman em suas obras remete à ideia de incertezas, volatilidade, fluidez e inconstância de todas as coisas, características estas também agregadas aos líquidos. 
A liquidez moderna defendida por Bauman se refere justamente a essa inconstância e incerteza que é a falta de pontos de referência socialmente estabelecidos, a dizer:
São esses padrões, códigos e regras a que podíamos nos conformar, que podíamos selecionar como pontos estáveis de orientação e pelos quais podíamos nos deixar depois guiar, que estão cada vez mais em falta. Isso não quer dizer que nossos contemporâneos sejam livres para construir seu modo de vida a partir do zero e segundo sua vontade, ou que não sejam mais dependentes da sociedade para obter as plantas e os materiais de construção. Mas quer dizer que estamos passando de uma era de 'grupos de referência' predeterminados a uma outra de 'comparação universal', em que o destino dos trabalhos de autoconstrução individual (…) não está dado de antemão, e tende a sofrer numerosa e profundas mudanças antes que esses trabalhos alcancem seu único fim genuíno: o fim da vida do indivíduo. (BAUMAN, 2001, p.14)
Por tanto, vivemos um tempo de muitas mudanças. Vivemos o ritmo acelerado de um tempo transitório e líquido. O derretimento dos sólidos simboliza o rompimento com os padrões, da estabilidade, da segurança e das certezas. Emerge-se o tempo da indefinição, do medo e da insegurança (BAUMAN, 2008).
Observa-se que o tempo vivenciado por Bauman é o mesmo em que houve a transição do conceito de consumo para consumismo, período em que foi desenvolvida a obsolescência programada nos Estados Unidos da América com o objetivo de potencializar as vendas por meio da alienação das pessoas ao consumo repetitivo. 
De acordo com a obra do citado autor pode-se observar mais um dos impactos da obsolescência programada na sociedade, que é a responsabilização individual pelo fracasso ou sucesso da vida pessoal, ou seja, a insatisfação.
Neste sentido, Bauman (2008, p.31) reflete:
Entre as maneiras com que o consumidor enfrenta a insatisfação, a principal é descartar os objetos que a causam. A sociedade de consumidores desvaloriza a durabilidade, igualando "velho" a "defasado", impróprio para continuar sendo utilizado e destinado à lata de lixo. É pela alta taxa de desperdício, e pela decrescente distância temporal entre o brotar e o murchar do desejo, que o fetichismo da subjetividade se mantém vivo e digno de crédito, apesar de interminável série de desapontamentos que ele causa. [...] Não se espera dos consumidores que jurem lealdade aos objetos que obtêm com a intenção de consumir.
Neste sentido, na sociedade contemporânea está clara a ideia de desvalorização precoce dos bens que possuímos em favor daqueles que desejamos possuir. Nota-se que o desejo é um agente muito importante não só na relação de consumo, mas também pra sociedade em modo geral, vez que mesmo sendo um sentimento subjetivo, pode ser amplamente manipulado pela indústria através da publicidade e cominar em consequências que afetam toda a sociedade e o meio ambiente.
Argumentando ainda sobre a questão da insatisfação e do desejo na sociedade líquido-moderna, onde imagina-se que a felicidade é alcançada através do consumo, Bauman afirma:
O mundo cheio de possibilidades é como uma mesa de bufê com tantos pratos deliciosos que nem o mais dedicado comensal poderia esperar provar de todos. Os comensais são os consumidores, e a mais custosa e irritante das tarefas que se pode pôr diante de um consumidor é a necessidade de estabelecer prioridades: a necessidade de dispensar algumas opções inexploradas e abandoná-las. […]. A infelicidade dos consumidores deriva do excesso e não da falta de escolha. (BAUMAN, 2001, p.75).
É certo dizer que a sociedade líquido-moderna é profundamente marcada pelo consumo, ou mais especificamente pelo consumismo que é o consumo excessivo, desregrado e sem necessidade, que acaba por gerar a insatisfação. O problema do consumismo não é está no consumo, mas sim no vazio que ele busca preencher. 
Neste contexto Dantas & Tobler enfatiza que (2003, p. 3):
(...) A cultura do consumo coloca o sujeito na condição de portador de um sentimento permanente de vazio desesperançado, sentimento este que contribui para a crença de que o remédio para a cura de seus males pode ser adquirido, comprando, ingerindo, incorporando. 
O mal do consumismo está no excesso, na cultura do descartável e desnecessário que nos é oferecido através dos cartões de crédito, dos cheques pré-datados, dos crediários, das compras sem dinheiro, dos parcelamentos, dos créditos pré-aprovados e das facilidades (THURMAN, 2007).
Para distinguir o consumo do consumismo Bauman utiliza os seguintes argumentos: 
Aparentemente o consumo é algo banal, até mesmo trivial. É uma atividade que fazemos todos os dias. Se reduzido à forma arquetípica do ciclo metabólico de ingestão, digestão e excreção, o consumo é uma condição, e um aspecto, permanente e irremovível, sem limites temporais ou históricos; um elemento inseparável da sobrevivência biológica que nós humanos compartilhamos com todos os outros organismos vivos. [...] Já o consumismo, em aguda oposição às formas de vida precedentes, associa a felicidade não tanto à satisfação de necessidades (como suas “versões oficiais” tendem a deixar implícito), mas a um volume e uma intensidade de desejo sempre crescentes, o que por sua vez implica o uso imediato e a rápida substituição dos objetos destinados a satisfazê-la (BAUMAN, 2008, p.37)
Neste sentido Bauman considera o consumo com um fato social normal, vez que desde os primórdios da civilização é natural que o ser humano tome posse de algo a fim de valer-se de tal coisa com determinado objetivo. Já o consumismo está diretamente ligado ao desejo que é cada dia mais volumoso e crescente segundo o autor.
De acordo com Bauman:
Para atender a todas essas novas necessidades, impulsos, compulsões e vícios, assim como oferecer novos mecanismos de motivação, orientação e monitoramento da conduta humana, a economia consumista tem de se basear no excesso e no desperdício. (BAUMAN, 2008, p.53)
Bauman (2008) esclarece que de acordo com esse modelo de desenvolvimento, o indivíduo vai entrando numa espiral em que ao consumir, é consumido; ao gastar, se gasta e se desgasta. O desejo permanece para sempre insatisfeito. A relação do sujeito com o objeto é líquida, volátile transitória, por isso ele está sempre em busca de novos objetos que lhe proporcionem plena satisfação e fica deslocando o desejo de uma coisa para outra.
Nesta espiral de insatisfação mencionada por Bauman (2008) a obsolescência programada se faz indispensável para a manutenção deste sistema. Pois a obsolescência programada seja em qual for a modalidade conduz o indivíduo a necessidade de adquirir, comprar, incorporar a si mesmo algo novo que lhe suponha satisfação. 
Contudo, essa busca incessante por saciar os desejos implica em tornar obsoleto o que se consome por conta do próprio desejo de consumir algo mais novo, tecnológico ou moderno. Nota-se por tanto que um outro fator importante para a manutenção da espiral de insatisfação é a publicidade e o designer que trabalha no subconsciente de cada indivíduo criando novos desejos, e é cada dia mais comum e imperceptível aos olhos da massa.
Serge Latouche (2012, p.30) afirma que:
São necessários três ingredientes para que a sociedade de consumo possa prosseguir o seu circuito diabólico: a publicidade, que cria o desejo de consumidor, o crédito, que lhe fornece os meios, e a obsolescência acelerada e programada dos produtos que, renova a sua necessidade.
O terceiro fator mencionado por Latouche (2012) é o crédito que segundo ele fornece os meios de consumir. Observa se que a utilização do crédito é uma tendência que foi desenvolvida a partir do século XX e que o comportamento das pessoas no século XIX quanto ao crédito era diferente dos tempos atuais, nas palavras de Barreto (1981, p. 142):
[...] enquanto no século XIX a tendência geral era para economizar, e não para permitir-se gastos que não pudessem ser pagos imediatamente, o sistema contemporâneo é exatamente o contrário. Todo mundo é incitado a comprar tudo o que pode mesmo antes de haver economizado o suficiente para pagar suas compras. A propaganda e todos os demais meios de pressão psicológica estimulam poderosamente a necessidade de consumo maior.
O crédito por tanto serve como um potencializador que dá as pessoas o poder de consumir aquilo que demanda o desejo e que lhes preencham de alguma maneira. De um certo modo o instituto do crédito trouxe vantagens ou oportunidades que antes algumas classes não tinham, conforme relata Barbosa (2004, p. 34-35):
A cultura do consumidor é a forma privilegiada para negociar identidade e status em uma sociedade pós-tradicional. Ao contrário das sociedades tradicionais, onde a identidade era atribuída pelo pertencimento a grupos de status e o consumo era determinado pelo pertencimento dos indivíduos a estes grupos e regulado por leis suntuárias, nas sociedades pós-tradicionais a identidade social é construída pelos indivíduos a partir de suas escolhas individuais. Não existem mais instituições que têm o poder de escolher para nós o que vamos ser, o que iremos fazer e com quem iremos casar. Temos uma única obrigação e constrangimento: escolher. 
Entretanto, de acordo com o teólogo, filosofo e economista Jung Mo Sung a sociedade de consumo demanda três grandes contradições. A primeira é referente ao “[...] predomínio dos valores e padrões estéticos veiculados pelas propagandas e pelas mídias sobre os valores e padrões estéticos e culturais locais; e o consequente complexo de inferioridade ou baixa auto- estima da população local” (SUNG, 2006, p. 135).
A segunda questão está relacionada à depreciação pessoal daqueles que não conseguem logra êxito na perspectiva dos padrões de consumo das elites, ou seja, a desigualdade crescente das classes. Nas palavras de Lipovetsky 
[...] todo mundo aspira se integrar ao mundo do consumo, dos lazeres e das grifes famosas. Ao menos enquanto intenção, todos se incorporaram ao rol dos hiperconsumistas. Mas o que pensar dos indivíduos educados numa atmosfera consumista à qual, entretanto, não podem ter acesso? Sem dúvida, amargam um sentimento de frustração, de desqualificação interior e de insucesso pessoal (LIPOVETSKY, 2007, p. 11-12).
Já a terceira contradição diz respeito aos efeitos ambientais que serão tratados em capitulo apartado para melhor contextualização do tema e das ideias abordadas nesta dissertação.
Destrinchando o raciocínio da insatisfação e o vazio existencial da sociedade líquido-moderna, é possível perceber que existe uma linha tênue entre o consumismo e a toxicomania no sentido de que entre ambos, existe uma proposta de felicidade fácil que incentiva o sujeito ao consumo.
Neste sentido Stacechen & Bento (2008, p. 423) enfatiza que:
(...) Nota-se que há uma ligação direta entre o discurso capitalista do consumismo e a toxicomania, pois em ambos vê-se a promessa de uma felicidade fácil que conduzirá o indivíduo ao seu consumo. Nesse contexto, a toxicomania é o lado sombrio e ilegal de um mundo voltado para o consumo extremo.
Resta ainda salientar que a crítica ao mundo moderno levantada neste capitulo não consiste no discurso moralista onde defende-se que o indivíduo deva consumir somente aquilo que é o “mínimo necessário” para sua existência, mas sim na reflexão do que simboliza a felicidade em tempos modernos e por que a questão econômica tomou tanta importância no desenvolvimento capitalista em detrimento de outras virtudes.
Nas palavras de Rocha (2005, p. 127):
[...] possuir produtos e serviços é ser feliz. São cervejas que trazem lindas mulheres, carros que falam do sucesso pessoal, cosméticos que seduzem, roupas que rejuvenescem. Produtos e serviços que, agradavelmente, conspiram para fazer perene nossa felicidade. Consumir qualquer coisa é uma espécie de passaporte para a eternidade, consumir freneticamente é ter a certeza de ser um peregrino em viagem ao paraíso.
Ocorre que essa analise social e quase que psíquica dos indivíduos na sociedade é de extrema importância pra intender os passos do desenvolvimento com relação as perspectivas ambientais. Vez que a felicidade, bem como a vontade e as estratégias que interferem significativamente na tomada de decisão das pessoas são fatores determinantes para a análise dos impactos dos indivíduos ao meio ambiente e de que maneira os minimizar.
2.1 PROGRESSO CRESCIMENTISTA
Diante dos problemas causados pela ideologia de desenvolvimento crescimentista, onde o consumismo e o crescimento econômico misturam-se com o ideal de desenvolvimento, o filósofo francês Serge Latouche (2006) desenvolveu a teoria do decrescimento, que consiste no abandono da busca pelo crescimento econômico e em desconstruir a ideia de que a felicidade pode ser alcançada através do consumo. Essa teoria aplica-se a obsolescência programada pois busca reordenar o crescimento econômico de forma com que o consumo seja cada vez mais consciente, sustentável e independente.
Crescer tem um significado mítico civilizatório, pressupõe uma ideia de evolução, de caminhar em certa direção com a ganância de atingir determinado objetivo. Na bandeira brasileira por exemplo duas palavras - “ordem e progresso” - revelam o pensamento de que tem a sociedade a respeito do crescimento.
Estas palavras nos remetem ao pensamento de que os nossos objetivos serão alcançados logo a frente e que o desenvolvimento se dá de forma contínua, progressiva, e em ordem crescente. Com esse mesmo raciocínio é que se desenvolveu a economia “crescimentista” assim denominada por Packard (1965) para designar o ininterrupto crescimento econômico e produtivo.
Peet e Hartwick acerca da economia crescimentista, defendem que:
[...] a noção dominante de desenvolvimento, como certo tipo de crescimento econômico fundado na eficiência capitalista, resulta de uma interpretação de um aspecto da história de um povo, feita sob o ponto de vista de uma classe ascendente à dominação na Europa ocidental (PEET & HARTWICK, 2009, p. 14, tradução nossa).
Não é necessário trazer à tona as inúmeras referencias que contrastam a grande diferenciação entre desenvolvimento e crescimento econômico. Basta-nos o apontamento de que o Brasil tem um dos maiores PIB do mundo, ficando à frente da Inglaterra inclusive, e mesmo assim ainda é consideradocomo país emergente. (COSTA,2012)
Observa-se, portanto, que o crescimento econômico é apenas uma das vertentes do desenvolvimento. Embora a economia seja importante para o desenvolvimento, principalmente para os países que integram o sistema capitalista, é um grande erro a redução do conceito de desenvolvimento ao de crescimento econômico.
Esse modelo de desenvolvimento crescimentista, cujo ideal de desenvolvimento confunde-se erroneamente com o de crescimento econômico, deparou-se com um grave obstáculo: a finitude dos recursos naturais existentes, e então somente a partir da metade do século XX que se observa alguma preocupação pelo meio ambiente. (ACCIOLY, 2010).
Analisando os resultados do modelo de desenvolvimento crescimentista, Campos (2009, p. 27) considera:
Embora tenha gerado resultados materiais diferenciados entre os países, em um aspecto o modelo de desenvolvimento em pauta apresentou resultados semelhantes naqueles países que o adotaram: a deterioração do meio ambiente em função do uso e da subordinação indiscriminada dos recursos naturais às demandas do crescimento econômico.
De acordo com Sachs (2002) antes do Encontro de Founex, que ocorreu em 1971 e precedeu a Conferência de Estocolmo de 1972, havia dois blocos opostos de posições: o primeiro acreditava que a aceleração do crescimento dos países menos ricos era prioritária em relação à proteção do meio ambiente, a qual poderia ser solucionada tecnicamente em um momento posterior; já o segundo defendia a estagnação do crescimento demográfico e econômico ou ao menos do crescimento do consumo.
Depois disso surgiu o ideal de desenvolvimento sustentabilidade, que ocorre quando os aspectos social, econômico e ambiental estiverem equilibrados. Segundo Sachs (2002, p. 217-220):
Não se pode imaginar um crescimento extensivo que consumiria cada vez mais recursos materiais para gerar um volume cada vez maior de dejetos, ou seja, que aumentaria o ritmo de transformação das matérias-primas. Mas um crescimento intensivo, capaz de garantir uma intensificação da produção, a partir da mesma quantidade de matérias-primas, ao mesmo tempo que coloca em circulação um volume menor de dejetos por unidade de produto acabado está longe de ser incompatível com as ações ecológicas. [...]
É preciso encontrar um equilíbrio entre a necessidade de fabricar produtos duráveis economizando recursos e a necessidade de autorizar uma taxa razoável de evolução técnica [...]. Os países em desenvolvimento não podem enfrentar a aceleração da obsolescência que prevalece atualmente.
Por tanto é certo dizer que essa busca incessante pelo progresso através do consumo repetitivo, alcançado através da estratégia de obsolescência programada, está acabando com os limites naturais de recomposição e resiliência do planeta.
3 BREVE HISTÓRICO SOBRE OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA
Para Slade foram os americanos que criaram os produtos descartáveis, como fraldas, câmeras, lentes de contato, entre outros. A obsolescência programada, em todas as suas formas, tecnológica, psicológica e planejada, é uma criação norte-americana. Tal estratégia foi, de certo modo, responsável pelo sucesso da economia dos Estados Unidos da América, como será visto adiante. (SLADE, 2007)
A obsolescência programada surge como estratégia para acabar com os problemas causados pela crise econômica de 1929, período pós segunda guerra mundial, conhecida como “Grande Depressão”. A crise de 1929 atingiu a todos os países capitalistas dependentes da economia norte americana, e foi provocada pela superprodução, diminuição do consumo e pela quebra da bolsa de Nova York.
Uma das consequências econômicas da grande depressão foi a intervenção do Estado na economia para evitar outras crises de superprodução, “o meio de acabar com o excesso de comida era produzir comilões” surgindo então a tal estratégia de mercado conceituada de obsolescência programada que proporcionou grande crescimento econômico principalmente nos Estados Unidos e Europa. (PACKARD, 1965, p. 27)
Em seu livro the waste makers, Vance Packard descreve: “o fascínio recente de muitos empresários com obsolescência planejada tem sido um dos principais desenvolvimentos do período pós-guerra. Utilizada como estratégia para influenciar a forma do produto ou a atitude mental do consumidor.” (PACKARD, 1965, p. 50)
Bernard London, um corretor imobiliário de Nova York, foi o primeiro a introduzir o conceito de obsolescência programada numa versão impressa em 1932 no seu folheto "Ending the Depression Through Planned Obsolescence" - Acabar com a depressão através da obsolescência planejada. Seu plano consistia em determinar o prazo legal de duração dos produtos manufaturados quando desenvolvidos e postos à venda. Defende que, findo o prazo legal pré-determinado, os produtos deveriam ser considerados obsoletos e devidamente devolvidos para que fossem destruídos por uma agência governamental, a ser definida. Sendo assim, novos produtos seriam vendidos em substituição àqueles destruídos. (LONDON, 1932)
Nota-se por tanto que neste primeiro momento a obsolescência planejada teria como função servir de forma positiva ao capital pois seria uma maneira de gerar receita para diversos sujeitos: os fabricantes, pela receita da venda de novos produtos; o governo, por meio da arrecadação de impostos; e a classe trabalhadora, com a garantia de novos empregos e fontes de renda. As pessoas, por sua vez, devolveriam os produtos obsoletos para uma agência governamental em troca, receberiam um valor pelo produto devolvido, que serviria para comprar um novo produto. (LONDON, 1932)
O produto devolvido poderia ainda estar em perfeitas condições de funcionamento, ou seja, não se tratava de devolução de um produto que deixou de funcionar, mas sim de uma medida de coerção ao descarte prematuro pois caso o consumidor decidisse manter o produto após o prazo de vida útil definido pelo governo em lei, deveria pagar uma taxa pelo uso do material obsoleto. 
London, e a grande maioria dos indivíduos que viviam aquela época, consideravam que existia uma abundância de recursos e commodities capazes de manter o ciclo produtivo no mercado e que tal circunstância permitia ao governo rever o prazo de vida útil dos produtos, conforme os interesses governamentais. Deste modo, seria mais vantajoso destruir produtos sem uso ou mesmo obsoletos do que assumir o risco de destruir ativos mais importantes como a vida humana, a saúde e a confiança da população.
Observa-se por tanto que naquela época não se consideravam os efeitos causados pelo descarte prematuro dos produtos e a finitude dos recursos naturais utilizados para atender a demanda da superprodução em massa.
Segundo Moraes (2015) os sistemas constitucionais só começaram a reconhecer o meio ambiente como valor digno de maior proteção em meados de 1970, tornando uma tendência internacional que culminou no surgimento e consolidação do Direito Ambiental.
Slade relata que a primeira vez que o termo obsolescência programada surgiu, na imprensa, foi no artigo do industrial americano Brooks Stevens intitulado “The desire of the new”, publicado em 1953. O artigo explana essa mudança no comportamento das pessoas, pois para Stevens o importante era a obsolescência psicológica, ou seja, importava o tempo para se esgotar o desejo de possuir determinado bem, não o tempo para que ele quebrasse. Seu artigo ajudou a desenvolver esse “desejo por algo um pouco mais novo, um pouco melhor e um pouco mais moderno do que o necessário” (SLADE, 2007, p. 153)
Porém, a criação e a aplicação do conceito de obsolescência programada psicológica na indústria é anteriormente e atribuída a Alfred Sloan, presidente da General Motors na década de 1920. Segundo Slade (2007), esse conceito foi implementado graças à concorrência entre Ford e GM, líderes de mercado do segmento automobilístico da época, valendo-se da obsolescência psicológica.
Também nesta época surgiram invenções como lâmina de barbear, preservativo, curativo adesivo, absorvente e tampão higiênico elenços de papel, que contribuiu para a apreciação dos produtos descartáveis. Revestidos da ideia de versatilidade, higiene e saúde conduziram as pessoas à cultura do desperdício e ao consumo repetitivo, fato antecessor indispensável à obsolescência programada. (SLADE, 2007).
Conforme contextualiza Slade:
O que tem sido chamado de “cultura descartável” ou “a ética de jogar tudo fora” começou nos EUA em meados do século XIX, quando uma variedade de materiais baratos se torna disponível para a indústria. As inovações no equipamento de produção de papel, por exemplo, fizeram do papel um substituto prático para o tecido. (SLADE, 2007)
Devido ao uso e ao desgaste natural dos materiais, é comum que um produto apresente defeitos após um período de utilização, isso não caracteriza a obsolescência programada. A estratégia questionada teve início quando a indústria identificou a possibilidade de manipular falhas técnicas de forma planejada em produtos manufaturados.
Durante a crise de 1929, os fabricantes passaram a utilizar materiais inferiores na fabricação dos produtos, como uma medida de economia. Foi quando perceberam que o uso de materiais com qualidade inferior também estimulava a demanda, por forçar um consumo repetitivo (SLADE, 2007).
O maior exemplo de obsolescência programada encontrado nos livros e dissertações acerca do tema e também um dos primeiros casos de cartel que se conhece — o Phoebus —, é o da lâmpada. Em que as poucas empresas produtoras de lâmpadas espalhadas pelo mundo, entre elas Osram (na Alemanha) e a Phillips (na Holanda), reuniram-se para trocar informações sobre patentes e determinar o tempo de vida útil das lâmpadas. 
Thomas Edison apresentou o primeiro modelo de lâmpada comercializado em 1871, como algo muito estável e com uma estimativa de duração de 100 mil horas. Sua fabricação começou em 1895, e o cartel tem uma data estimada de início em 1924, ano no qual as lâmpadas eram comercializadas com 2,5 mil horas de vida, tempo esse que foi reduzido a mil horas até 1940, de acordo com o documentário The man who made us spend (2014). 
Conforme mencionado anteriormente, os fabricantes tinham a expectativa de salvar a economia americana estimulando a prática do consumo repetitivo através da obsolescência programada. Não havia discussão referente ao desenvolvimento sustentável, pois seus ideais estavam pautados em uma perspectiva de abundância, conforme descreve Lippincott: 
Nosso costume de trocar nossos automóveis todo ano, de ter um novo refrigerador, aspirador de pó ou ferro elétrico a cada três ou quatro anos é econômico. Nossa vontade de nos desfazer de algo antes de estar completamente desgastado é um fenômeno que não se nota historicamente em nenhuma outra sociedade. É um hábito verdadeiramente americano, e é profundamente baseado em nossa economia de abundância. (LIPPINCOTT, 1947, p. 14)
Segundo Latouche três elementos se fazem necessários para que a sociedade viva uma economia de mercado “crescimentista” condenada ao crescimento constante, em um planeta com recursos limitados. Que são: “a publicidade, que cria o desejo de consumir; o crédito, que fornece os meios; e a obsolescência acelerada e programada dos produtos, que renova a necessidade deles”.
E acrescenta destacando o papel fundamental da publicidade nesse sistema desenvolvido com o objetivo de fabricar consumidores ansiosos para satisfazer seus desejos através do consumo: “[...] a publicidade nos faz desejar o que não temos e desprezar aquilo de que já desfrutamos. Ela cria e recria a insatisfação e a tensão do desejo frustrado”. (LATOUCHE, 2006).
Apesar de que atualmente temos uma maior preocupação com o desenvolvimento sustentável, a prática dessa estratégia ainda é comum em todos países cujo sistema econômico adotado é o capitalismo. Porem essa prática é quase imperceptível aos olhos da sociedade. Fato este que é explorado de maneira profunda no capítulo reservado à modernidade liquida, onde foi utilizado os ideais do sociólogo polonês Zygmunt Bauman para melhor compreensão da vida moderna e as frustrações da vida moderna.
A falta de legislação específica tratando sobre o tema foi um dos grandes propulsores que motivou a realização dessa pesquisa. No Brasil, assim como na Europa e nos Estados Unidos da América, não há normas especificas com a finalidade de coibir a prática, deixando os consumidores e o meio ambiente vulnerável aos abusos oriundos da prática. 
i. 
ii. 
3.1 CONCEITO
Como foi possível observar no capítulo anterior, o desenvolvimento da obsolescência programada foi tortuoso, sendo concebida, ora como benefício para a sociedade, ora como problema social e ambiental.
O primeiro estudo a respeito dos conceitos e categorização de obsolescência programada foi levantado por Vance Packard, um jornalista americano e crítico social, no livro the waste makers de 1965 descrevendo o impacto da produtividade americana, especialmente no caráter nacional.
Para Packard (1965, p.66) "é essencial que o componente ou estrutura que tenha a menor duração de vida sirva como o critério contra o qual a expectativa de vida útil de todos os outros componentes será julgado.” Indicando assim, que a obsolescência ocorre quando o produto deixa de ter uso devido a curta duração de algum componente do produto realizada de forma estratégica pelo fornecedor.
Cornetta define o conceito de obsolescência programada da seguinte forma: 
1)	redução da vida útil do produto mediante o uso de artifícios ou uso de materiais de menor durabilidade;
2)	redução da vida útil do produto pela impossibilidade de realização de manutenção, seja pela ausência de peças para reposição ou assistência técnica, seja pela incompatibilidade entre componentes antigos e novos, incluindo softwares e suas atualizações, ou pela ausência de consumíveis, acessórios, produtos associados ou relacionados com o produto principal;
3)	introdução de produtos ou outras condições no mercado, como fatores psicológicos, mercadológicos, tecnológicos, funcionais ou outra forma de persuasão, fazendo com que o produto funcional em posse do consumidor seja menos desejável;
4)	redução do prazo de validade ou do número de vezes de uso do produto sem qualquer razão científica. (CORNETTA, 2016 p. 50)
De acordo com a definição feita pelo Ministro Luís Felipe Salomão no julgamento do Recurso Especial nº 984.106 – SC, “Obsolescência programada, consistente na redução artificial da durabilidade de produtos ou do ciclo de vida de seus componentes, para que seja forçada a recompra prematura.”. 
Em seu voto o relator além de conceituar a obsolescência programada, traz exemplos práticos de como essa estratégia é realizada pelos fornecedores para que seja realizada nova compra, conforme grifo em análise: 
Ressalte-se, também, que desde a década de 20 - e hoje, mais do que nunca, em razão de uma sociedade massificada e consumista -, tem-se falado em obsolescência programada, consistente na redução artificial da durabilidade de produtos ou do ciclo de vida de seus componentes, para que seja forçada a recompra prematura.
Como se faz evidente, em se tratando de bens duráveis, a demanda por determinado produto está visceralmente relacionada com a quantidade desse mesmo produto já presente no mercado, adquirida no passado. Com efeito, a maior durabilidade de um bem impõe ao produtor que aguarde mais tempo para que seja realizada nova venda ao consumidor, de modo que, a certo prazo, o número total de vendas deve cair na proporção inversa em que a durabilidade do produto aumenta.
Nessas circunstâncias, é até intuitivo imaginar que haverá grande estímulo para que o produtor eleja estratégias aptas a que os consumidores se antecipem na compra de um novo produto, sobretudo em um ambiente em que a eficiência mercadológica não é ideal, dada a imperfeita concorrência e o abuso do poder econômico, e é exatamente esse o cenário propício para a chamada obsolescência programada (a propósito, confira-se: CABRAL, Hildeliza Lacerda Tinoco Boechat; RODRIGUES, Maria Madalena de Oliveira. A obsolescência programadana perspectiva da prática abusiva e a tutela do consumidor. in. Revista Magister de Direito Empresarial, Concorrencial e do Consumidor. vol. 1. Porto Alegre: Magister (fev./mar. 2005 e vol. 42, dez./jan. 2012).
São exemplos desse fenômeno: a reduzida vida útil de componentes eletrônicos (como baterias de telefones celulares), com o posterior e estratégico inflaciona mento do preço do mencionado componente, para que seja mais vantajoso a recompra do conjunto; a incompatibilidade entre componentes antigos e novos, de modo a obrigar o consumidor a atualizar por completo o produto (por exemplo, softwares); o produtor que lança uma linha nova de produtos, fazendo cessar açodadamente a fabricação de insumos ou peças necessárias à antiga.
Registro, por exemplo, da jurisprudência do TJRJ, caso em que um televisor apresentou defeito um ano e doze dias depois da venda (doze dias após o término da garantia), e tendo o consumidor procurado a assistência técnica, constatou ele que não existiam mais peças de reposição para solucionar o vício, de modo que, em boa verdade, o produto - bem durável - tornou-se imprestável em brevíssimo espaço de tempo (AC 0006196-91.2008.8.19.0004, 4a Câmara Cível do TJRJ, ReI. Des. Sérgio Jerônimo A. Silveira, j. 19.10.2011).
Certamente, práticas abusivas como algumas das citadas devem ser combatidas pelo Judiciário, visto que contraria a Política Nacional das Relações de Consumo, de cujos princípios se extrai a ‘garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho’ (art. 4º, inciso II, alínea ‘d’, do CDC), além de gerar inegável impacto ambiental decorrente do descarte crescente de materiais (como lixo eletrônico) na natureza. 
De acordo com Parecer do Comitê Econômico e Social Europeu sobre consumo sustentável, a obsolescência programada define-se como sendo a:
[...] ‘degradação de um material ou de um equipamento antes da sua deterioração material pelo uso’ (Dicionário: Le Petit Larousse), a ponto de perder valor e utilidade por razões independentes do seu uso físico, mas ligadas ao progresso técnico, à evolução dos comportamentos, à moda, etc. (COMITÊ ECONÔMICO E SOCIAL EUROPEU, 2013, p.2)
Moraes (2015) conceitua também a obsolescência programada como a redução artificial da durabilidade dos bens de consumo, para que induza os consumidores a adquirirem novos produtos prematuramente, consequentemente com mais frequência que o necessário.
3. 
3.1 
3.2 CLASSIFICAÇÕES
Essa estratégia de tornar obsoleto o produto prematuramente se desenvolve de três formas distintas segundo Packard (1988), quais sejam, pela qualidade, pela função e pela desejabilidade. 
A obsolescência de função ocorre quando um novo produto com melhores funções é introduzido no mercado de consumo, tornando o anterior obsoleto. Na obsolescência de qualidade ocorre o desgaste ou quebra do produto, devido ao planejamento malicioso do fabricante para que o produto fique inutilizável de forma prematura. Quanto a obsolescência psicológica ou de desejabilidade o produto torna-se obsoleto devido a mudança de estilo ou por outras estratégias de marketing, tornando o produto indesejável ou até mesmo constrangedor ter a posse. (PACKARD, 1988)
Como mencionado anteriormente Packard foi o primeiro a estudar a obsolescência trazendo as classificações já mencionadas, contudo com o tempo o conceito de obsolescência bem como os seus objetivos sofreram alterações com o passar do tempo.
Giles Slade, um escritor canadense conhecido como autor de “Made to Break: Tecnologia e Obsolescência na América”, classifica também de três formas a obsolescência – psicológica, tecnológica e planejada.
O próximo capitulo irá tratar especificamente da tipologia de obsolescência adotada por Slade, pois o estudo elaborado por Slade a respeito das classificações de obsolescência é mais amplo e representa uma evolução em relação à classificação criada por Packard, como também serve como base para demonstrar a ação do fornecedor para induzir o consumidor a realizar compras repetitivas e, ainda, suportar o exame de formas de prevenção e de mecanismos reparatórios dessas práticas no âmbito do CDC.
3.2.1 Teoria De Slade Sobre Obsolescência Tecnológica
A obsolescência Tecnológica segundo Slade surgiu por volta de 1913, utilizada pelo mercado automobilístico onde substituíram o mecanismo de partida à manivela pela nova tecnologia de partida elétrica para acionar o motor do veículo. (SLADE, 2007)
De acordo com Slade (2007) ouve obsolescência tecnológica no caso da concorrência entre Ford e General Motors, pois esse modo de obsolescência tecnológica ocorre quando é introduzida pelos fornecedores uma nova tecnologia ou funcionalidade no produto fazendo com que o desejo dos consumidores seja destinado a essa nova tecnologia em desfavor da antiga.
Esse tipo de obsolescência mencionado por Slade é muito parecida com a obsolescência de função observada por Packard que ocorre quando um novo produto que realiza as mesmas funções dos outros que já estão no mercado às realiza com maior qualidade e desempenho. Por tanto a diferença entre as duas é que na de função abordada por Packard não se trata de uma nova tecnologia, mas sim do aprimoramento das já existentes.
Pode-se deduzir por tanto que a obsolescência tecnológica tem caráter positivo no prisma da evolução e do desenvolvimento. 
Durante o decorrer dos anos podemos notar vários casos de obsolescência tecnológica, como poderá ser observado nos anexos na figura 1 pode-se observar que ouve a substituição do aparelho discman comercializado nos anos 90, pelos aparelhos mp3 nos anos 2000 e posteriormente pelos telefones dedicados à música ainda no mesmo período, que atualmente é substituído pela tecnologia das caixas portáteis de som que permitem conexão via Bluetooth da marca JBL.
3.2.1.1 Primero caso Ford versus General Motors 1920
De acordo com Slade (2007) o caso piloto da obsolescência tecnológica é oriundo da concorrência entre a Ford, representada pelo então presidente Henry Ford, e a General Motors representada por Alfred Sloan em 1920.
Ocorre que, de acordo com os relatos de Slade (2007) o modelo T desenvolvido pela Ford foi campeão de vendas na época pois era vendido com um custo benefício acessível e apresentava qualidade em seu desempenho. Em 1920 mais da metade da população dos norte-americanos que tinham condições de possuir um veículo automóvel, tinha um Ford T. Slade relata também que a durabilidade do modelo era superior à dos demais modelos da época. 
Slade descreve também em seu livro o trecho de uma entrevista com Henry Ford, em que ele declara que, ainda que soubesse que muitas empresas considerassem boa a prática, e não uma falta de ética, a implementação de pequenas mudanças no design dos carros para aumentar suas vendas, seu pensamento de negócio era precisamente contrário, e ele não poderia conceber servir ao consumidor de outra maneira que não fornecendo algo que durasse para sempre (SLADE, 2007).
Observa-se por tanto que diante da qualidade e durabilidade que apresentava o modelo T, a Ford se recusava fazer alterações no modelo para propulsionar as vendas. Porem logo seu concorrente Alfred Sloan, que estava à frente da General Motors, pregava que o dinamismo do capitalismo fazia a obsolescência tecnológica indispensável (SLADE, 2007).
A primeira tecnologia agregada aos carros da General Motors segundo Slade (2007) foi a inclusão do motor de partida elétrica. Que fez com que o desejo dos consumidores saísse da mira do modelo T da Ford, fazendo com que tornassem obsoletos. Logo em seguida outros fabricantes agregaram outras tecnologias aos veículos como para-brisas, luzes interiores redutoras de ruídos e odores para o motor e ainda conforto e estilo.
Observa-se nos anexos as imagens dos veículos oriundos dessa concorrência entre a Ford e a GM que é conhecida como caso piloto da obsolescência tecnológica, representados na figura 2 e 3.
3.2.1.2 Proteção quanto a obsolescência técnica no CDC.
Como já mencionado em outros capítulos por diversosautores, a obsolescência serve como estratégia comercial ou industrial que conduz o consumidor a realizar nova compra.
Com o desenvolvimento de nova tecnologia no produto posteriormente colocado no mercado, o consumidor é igualmente induzido a realizar nova compra. E com isso as tecnologias anteriores vão ficando obsoletas e a cada dia mais oneroso o reparo e manutenção dos produtos a quem persiste continuar com o produto obsoleto até o final da vida útil.
Diante dessa questão, haja vista também de todos os outros problemas causados pela obsolescência ora sociais ora ambientais, surge o interesse em buscar na legislação brasileira mecanismos capazes de coibir esta prática.
De imediato há de se dizer que, no ordenamento jurídico brasileiro, não existe se quer uma norma especifica com relação ao combate da obsolescência técnica. Entretanto como menciona Cornetta (2016) o que existem são princípios e direitos fundamentais quem permitem uma proteção relativa de efeito limitado ao caso concreto.
O princípio da informação contido de maneira implícita na Constituição Federal, conforme menciona Malfatti (2001) pode ser extraído da interpretação conjunta de outros postulados: dignidade da pessoa humana; livre-iniciativa; construção de uma sociedade livre, justa e solidária; erradicação da pobreza; redução das desigualdades sociais e regionais; promoção do bem de todos; proteção à vida (e à saúde); liberdade de expressão; acesso à informação; defesa do consumidor; livre concorrência; e respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Sua interpretação pode ser coletada a partir do artigo 1º, incisos II, III e IV, artigo 5º, incisos XIV, XXXII, XXXIII e LXXII, artigo 170, inciso IV, e artigos 220 e 221 da Constituição Federal.
De acordo com Cornetta (2016): 
O direito básico à informação tem, portanto, a finalidade de promover o equilíbrio entre fornecedores e consumidores; ademais, visa permitir que os consumidores tenham acesso a todas as informações sobre os produtos ou serviços que almejam adquirir.
Entretanto, Cornetta (2016) assevera que a proteção referente ao direito à informação é relativa, vez que segundo este princípio o fornecedor está obrigado a prestar apenas as informações referente aos produtos já lançados no mercado de consumo e que o CDC não impõe ao fornecedor o dever de informar quais serão as novas tecnologias adotadas pelos produtos à serem disponibilizados no mercado.
E segue dizendo: 
As informações colocadas no mercado sobre novos produtos, os teasers, têm uma função mais comercial do que propriamente informar o consumidor. Na prática, percebe-se que o fornecedor comunica ao mercado o lançamento de um novo produto ou versão com o objetivo de fazer o consumidor optar por comprar dele e não do concorrente. (COORNETTA, 2016, p. ?) 
Por tanto observa-se a fragilidade do consumidor quanto a essa estratégia de mercado. Seria de extrema importância algum dispositivo com a finalidade de reprimir a prática pois com essas informações referentes as tecnologias que ainda serão lançadas em determinado período o consumidor poderá identificar que produto de fato recebeu novas funcionalidade ou tecnologias e os que receberam apenas designer e marketing.
3.2.2 Teoria de Slade sobre Obsolescência Psicológica 
Esse tipo de Obsolescência também apontado por Slade (2007) consiste na mudança do designer e do estilo afim de incitar nova compra. 
É importante destacar que o produto nesse tipo de obsolescência não é substituído por motivo de algum defeito ou que tenha sido implantado alguma função ou tecnologia nova no mercado. Essa modalidade de obsolescência atinge não o produto, mas a sim a perspectiva emocional do indivíduo quanto ao produto.
Entretanto, Grillo e Salles (2015) observam que existe uma tendência atualmente que é adotada por parte dos consumidores relativa ao consumo dos produtos com design “retrô”. Nos últimos anos, alguns consumidores passaram a venerar produtos com design retrô, como é o caso de toca-discos de vinil, utensílios de cozinha, carros e outros.
De acordo com Sung: 
Os especialistas em marketing e em propaganda perceberam que, na nossa cultura de consumo, o mais importante no ato de consumir não são as características do produto ou a sua capacidade de satisfazer as necessidades ou desejos do consumidor, mas sim o significado pessoal, interpessoal e social do ato de consumir determinadas marcas e mercadorias (SUNG, 2002, p. 9).
Atualmente, essa persuasão está retornando, com o chamado design emocional, aquele cujo produto apela para memórias afetivas dos consumidores ou lhes confere algum status.
Neste sentido, conforme assevera Cornetta (2016) sobre a tendência do consumo moda retrô, vale destacar que a concepção do designer emocional não deseja que os consumidores preservem os seus produtos antigos. Na verdade, o que se pretende é uma nova compra de produtos que eventualmente se tornaram ultrapassados ou até mesmo obsoletos, mas o seu design, sua estética, atrai emocionalmente o consumidor.
Para que fique caracterizada a obsolescência psicológica é necessário que haja uma mudança em alguma das três modalidades de ciclo de vida apontadas por Kotler (2000, p. 326), que são elas: 
 
O estilo é um modo básico e distinto de expressão, que surge em uma área da atividade humana. O estilo aparece em casas (coloniais, country), na maneira de se vestir (formal, informal, extravagante) e na arte (realista, surrealista, abstrata). Um estilo pode durar várias gerações, entrando e saindo de moda.
Moda é um estilo correntemente aceito ou popular em uma determinada área.
Modismo é a moda que chega rapidamente, é adotada com grande entusiasmo, chega logo ao pico e declina muito rapidamente. Seu ciclo de aceitação é pequeno e ele tende a atrair um número limitado de adeptos, que estão em busca de emoção ou querem se destacar dos demais. Como regra, o modismo é um elemento de aspecto singular e imprevisível, como o piercing ou a tatuagem. O modismo não sobrevive, uma vez que normalmente não atende a uma forte necessidade.
Portanto observa-se que existem variadas formas de persuasão do desejo do consumidor por parte dos fabricantes com o interesse de que seja realizada nova compra. No próximo item segue ainda mais um caso prático de obsolescência psicológica na indústria automobilística.
3.2.2.1 Segundo caso Ford versus General Motors
Como já mencionado anteriormente, o caso Ford versus General Motors também é pioneiro quanto a utilização da obsolescência psicológica que ainda é amplamente utilizada no ramo automobilístico.
O caso anterior trata-se do artificio utilizado pela General Motors para tornar obsoleto o modelo T da Ford que persistia em não invar a tecnologia utilizada em seu veículo, caracterizando assim a obsolescência tecnológica do modelo desenvolvido pela Ford.
De acordo com o documentário The man who made us spend (2014), Sloan percebeu que poderia segmentar o mercado apresentando opções de cor e de modelos de carro, em contraposição à Ford, que era líder de mercado com apenas um, o Model T, cujo slogan era “você pode ter ele em qualquer cor, desde que seja preto”.
Ocorre que segundo Slade (2007) a cor preta era considerada de baixo prestigio pelas mulheres, ao passo que a GM e a Chrysle dispunham de carros de variadas cores. Como o custo era auto para o desenvolvimento de um novo carro, a General Motors lançava versões anualmente, pode-se observar na figura 3 em anexo que o carro desenvolvido pela Chrysle propunha que o carro combinasse com a roupa da mulher.
Observa-se por tanto da combinação dos dois casos de concorrência entre a Ford e a General Motors, que existe diversos artifícios que fazem com que o consumidor volte a consumir. Por tanto será explorado no tópico seguinte novamente a questão dos mecanismos legais capazes de coibir também essa tipologia de obsolescência.
3.2.2.2 Proteção quanto a obsolescência psicológica no CDC.
Como visto anteriormente a obsolescência psicológica é alcançada através do marketing e da publicidade, que induzem o consumidora realizar compras repetitivas. De acordo com Cornetta (2016) não é uma situação vinculada ao produto que está em poder do consumidor, mas que atua na mente do consumidor com o intuito de substituir o produto por outro.
Para o Direito a prática da modalidade de obsolescência psicológica é um tanto mais complicada de ser combatida, vez que, apesar de sermos bombardeados diariamente com publicidades que instigam a apreciação e a desejabilidade do novo em desfavor do velho, somos subjetivamente capazes de decidirmos quando, quanto e como vamos consumir. 
Esse artifício trata-se por tanto, de um fator externo à relação de consumo, pois o produto não apresenta defeitos e seu funcionamento ainda atende ao fim ao qual se destinou. Bem como pondera Cornetta (2016): 
A obsolescência pode ainda ser artifício interno ou externo da relação de consumo: interno, quando o fornecedor, de alguma forma, faz com que tal artíficio esteja presente no produto ou mesmo na relação de consumo (pós-contratual), por exemplo, deixa de disponibilizar consumíveis ou peças de reposição; externo, quando o fornecedor cria um ambiente ou condição de mercado fazendo com que o consumidor venha a substituir o seu produto, como é o caso da obsolescência psicológica.
O art. 30 do CDC estabelece a obrigação da parte do fornecedor em ser fiel à informação ou à publicidade relacionada ao produto ou serviço. Já o artigo seguinte diz respeito ao teor dessas informações, que assim dispõe respectivamente:
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
Observa-se por tanto que o legislador não trouxe por tanto nenhum dispositivo capaz de coibir a publicidade que tem como objetivo o consumo repetitivo. Não consta nada sobre esse tipo de obsolescência nas práticas abusivas elencadas no art. 39 do CDC, que estão descritas da seguinte forma: 
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
I	- Condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
II	- Recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
III	- enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;
IV	- Prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
V	- Exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
VI	- Executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes;
VII	- repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos;
VIII	- colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
IX	- Recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais;
X	- Elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.
XI	- Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999
XII	- deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério.
XIII	- aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido.
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
Cornetta (2016) considera que o artificio da obsolescência psicológica não é direta nem indiretamente tratado no âmbito da legislação protetiva do consumidor, tanto no aspecto preventivo como no aspecto reparatório. E ainda idealiza como seria o senário ideal para mitigar esse artificio através do seguinte exemplo: 
Como exemplo, pode-se citar a publicidade veiculada por um banco brasileiro com a qual adverte seus clientes a terem cuidado ao utilizar os limites do cartão de crédito e do crédito rotativo da conta corrente. Apesar de a mensagem não estar diretamente relacionada com a questão da obsolescência, o banco procura conscientizar os consumidores em relação ao uso excessivo dos seus serviços e eventuais riscos ou impactos financeiros negativos que podem resultar dos excessos no uso do crédito.
Portanto está clara a fragilidade do consumidor quanto a esta estratégia que tem por finalidade servir o capital através do consumo repetitivo.
3.2.3 Obsolescência planejada
Essa tipologia de obsolescência descriminada por Slade consiste na deliberação, por parte do fornecedor, sobre a vida útil do produto com a intenção que esse apresente algum empecilho no seu funcionamento após algum tempo.
Brian (2010) entende que a longevidade de um produto corresponde à sua vida útil e depende dos materiais utilizados na sua confecção, da qualidade do design, da manufatura e montagem, da qualidade do projeto, da facilidade de manutenção e reparabilidade, e da possibilidade de atualização ou melhoria de seus componentes (upgrade). 
Brian acrescenta ainda que:
[...] teoricamente a ‘vida técnica’ deve ser mais longa que a ‘vida em uso’ do produto, já que os produtos podem estar desatualizados, ou não serem mais necessários, ou ainda demandarem reparo que é considerado muito custoso, arriscado e/ou inconveniente. A ‘vida em uso’ do produto é menor que a ‘vida econômica’, sendo que esta última considerada quando o produto é descartado ainda funcionando ou quando é descartado pelo fato de demandar um custo de reparo. (BRIAN, 2010. p. 39)
Para melhor análise desta tipologia de obsolescência, é necessário combinar a teoria da obsolescência planejada de Slade com o citado Parecer do Comité Econômico e Social Europeu – CMMI/112.
De acordo com o Parecer CMMI/112 uma das formas de obsolescência é a obsolescência técnica ou tecnológica, que apesar de receber denominação diversa da utilizada por Slade percebe-se que as duas são conceitualmente muito parecidas.
A obsolescência técnica se divide em quatro espécies: obsolescência por vício funcional, obsolescência por incompatibilidade, obsolescência indireta e obsolescência por notificação.
Obsolescência por vício funcional trata-se de um recurso técnico existente no produto, cujo objetivo é causar o fim de sua vida útil, assim como ocorre na obsolescência planejada de Slade. Esse tipo de obsolescência ocorre quando os fabricantes adicionam determinada peça no equipamento com o intuito de provocar algum empecilho e ele então deixa de funcionar.
A área de tecnologia da informação, é o melhor senário para a obsolescência por incompatibilidade. Tornar um produto inútil por não ser compatível com versões futuras ou com as correntes tecnológicas disponíveis no mercado, é o que consubstancia esse tipo de obsolescência. Segundo Cornetta (2016) é o que acontece, particularmente, com softwares/programas de computador.
A ideia da obsolescência indireta é fazercom que produtos associados, relacionados ou acessórios, incluindo peças de reposição tornem-se parcial ou totalmente indisponíveis, dificultando, consequentemente, que o consumidor utilize o produto principal. Ainda conforme exemplifica Cornetta (2016) essa pratica é comum em telefones celulares e seus carregadores, como bateria, por exemplo.
De acordo com o Parecer do Comité Econômico e Social Europeu – CMMI/112 – a obsolescência indireta ocorre também quando o produto é inviolável ou não permite que o produto seja aberto para reparo.
Na obsolescência em virtude de expiração o fornecedor informa a data de expiração do produto. Normalmente a vida útil nessa modalidade é associada ao prazo de validade, servem como exemplo os alimentos e os remédios, que possuem datas de validade por razões óbvias de saúde e de segurança pública. Contudo, este tipo de obsolescência fica caracterizada quando o fabricante deliberadamente reduz a vida útil do produto indicando prazos de validade mais curtos, quando na verdade ainda pode ser consumido.
A obsolescência por notificação, ocorre por meio de uma notificação que informa o consumidor de que é necessário fazer um determinado reparo, manutenção ou substituição de peças, no todo ou em parte. Cornetta (2016) cita como exemplo os automóveis, quando comunicam a necessidade de revisão obrigatória após um determinado número de quilômetros rodados.
Como observado, as classificações de obsolescência podem ser variadas de maneira que pode-se concluir deste capitulo que existem diversos artifícios utilizados pelos fornecedores com o propósito de induzir os consumidores a novas compras. O capítulo seguinte trata das perspectivas ambientais referente a obsolescência programada, bem como o paradigma do desenvolvimento sustentável em tempos atuais.
4 PERSPECTIVAS JURÍDICO-AMBIENTAIS.	
A Constituição Federal Brasileira de 1988 traz como dever e direito fundamental, a proteção ambiental, previsto em seu artigo 225. Que traz o seguinte texto:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Vale lembrar que apesar de não estar inserido no artigo 5° da CF, o direito de proteção ambiental trata-se de direito fundamental devido ao parágrafo segundo do referido artigo que permite que o nosso sistema de direitos fundamentais seja aberto.
Ainda de acordo com o artigo 225 da CF, observa-se a preocupação do legislador em estabelecer vedações expressas referente as práticas que coloquem em risco a função ecológica e provoquem a extinção de espécies da fauna e da flora. Nesse sentido, a obsolescência programada deveria ser uma prática combatida pelo próprio Estado, pois provoca o consumo repetitivo e a produção excessiva de bens de consumo. 
No que se fere às vedações, estabelecem os incisos V e VII do parágrafo primeiro do artigo 225 da Carta Magna:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: […]
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; […]
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
Analisando os incisos V e VII do parágrafo primeiro e confrontando-os com os efeitos socioambientais causados pela obsolescência programada, deduz-se que a pratica de obsolescência programada deveria ser uma pratica ilícita, tento em vista que essa pratica coopera para a superprodução de resíduos sólidos e exploração predatória dos recursos naturais. 
Ainda de acordo com o que estabelece a Constituição Federal, observa-se também que o legislador precisou intervir na ordem econômica afim de proteger o meio ambiente. Conforme disposto no inciso VI do artigo 170 da CF, verbis:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
[...]
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
Portanto, a defesa do meio ambiente é um dos princípios que dão legitimidade à atividade econômica de acordo com o artigo supracitado. Fazendo uma ligação entre os dois artigos supra citados é possível analisar que, embora haja fundamentos distintos, tanto o Direito ambiental quanto o Direito Econômico visam a melhor qualidade de vida para a sociedade.
Neste contexto Derani (1997) explica que incumbe ao Direito estabelecer as regras quanto ao modo de apropriação dos recursos naturais e da definição do grau de transformação das atividades produtivas. O Direito tem a possibilidade de fixar os caminhos, as metas e os instrumentos fundamentais da política econômica.
Ainda no viés jurídico-ambiental evoca-se também, no combate ao problema da obsolescência, a Política Nacional de Resíduos Sólidos que se fundamenta nos seguintes princípios: 
Art. 6° São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:
I - a prevenção e a precaução;
II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor;
III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública;
IV - o desenvolvimento sustentável;
V - a eco eficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta;
VI - a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade;
VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania;
IX - o respeito às diversidades locais e regionais;
X - o direito da sociedade à informação e ao controle social;
XI - a razoabilidade e a proporcionalidade.
Dentre estes princípios os que mais se contrapões à pratica de obsolescência programada são o da prevenção (inciso I), desenvolvimento sustentável (inciso IV), e o da ecoeficiência (inciso V).
De acordo com Paulo Affonso Leme Machado,
A ecoeficiência é alçada à categoria de princípio, pretendendo compatibilizar o fornecimento de bens e serviços, que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação do planeta (cf. art. 6º, V). Trata-se de uma harmonização das atividades humanas: de um lado, há o fornecimento de bens e de serviços e, de outro lado, é feita a redução do impacto ambiental e do consumo num nível sustentável. (MACHADO, 2011, p.598)
Os objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos elencados no art. 7°, demonstram mais uma vez que a pratica de obsolescência programada em desconformidade com a previsão legal. Dentre eles os que mais se destacam são a não geração e redução dos resíduos sólidos (inciso II), o estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços (inciso III), e o estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto (inciso XIII).
Neste sentido Baggio (2008, p.1744) destaca a importânciada longevidade da vida útil dos produtos: 
[...] prolongando-se o ciclo de vida dos bens produzidos, reduz-se, consequentemente, a quantidade de matéria-prima e também a sobrecarga de lixo que é jogada nos ecossistemas. [...]
O modo mais viável, assim sendo, para que a exploração das matérias-primas e outras fontes de recursos naturais (renováveis ou não) seja sustentável, implica em garantir – sempre que possível – a sua máxima duração, ou seja, o seu uso mais prolongado, através da produção de bens de consumo resistentes, duráveis, passíveis de consertos quando danificados, de recargas quando esgotadas as suas capacidades energéticas, portanto, em condições de uma ideal economia conservativa.
A utilização de instrumentos jurídicos embasados no Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, no princípio da sustentabilidade bem como no princípio da dignidade da pessoa humana, é por tanto uma ferramenta indispensável para solucionar os problemas causados pela obsolescência programada.
6 CONCIDERAÇÕES FINAIS
Devido a esta estratégia muitos direitos tem sido esbulhado de forma ardilosa não só pelos grandes fabricantes dos produtos, mas também pelos fornecedores, grandes organizações e até mesmo Governos cooperam para essas violações que são fruto da obsolescência programada.
Quanto ao enfrentamento da obsolescência programada no CDC sabe-se que é uma questão ainda pouco discutida. Segundo Cornetta (2016) o CDC não protege o consumidor de forma eficiente, vez que o CDC não impõe ao fornecedor o dever de informar quais são os novos produtos a serem colocados em disponibilidade no mercado, de modo a prevenir o consumidor contra a obsolescência tecnologia. O que existem são princípios e direitos básicos que propiciam uma proteção relativa e podem ter efeito muito limitado. 
Quanto a obsolescência classificada como planejada, o CDC também demostra fragilidade, segundo Cornetta (2016) o CDC não estabelece de forma expressa a obrigação do fornecedor apresentar a vida útil esperada do produto, mas sim apenas a validade de produtos perecíveis. Eximindo o fornecedor da obrigação de informar como chegou a determinação do referido prazo de validade.
No que tange aos efeitos ambientais causados pela obsolescência programada, Cornetta (2016) pondera dois problemas típicos dessa estratégia: o primeiro trata-se da exploração dos recursos naturais que são finitos e podem se exaurir devido a sua retirada como matéria prima; o segundo trata-se da superprodução de resíduos sólidos.
Observa-se, no desenvolvimento da pesquisa, a precariedade de normas especificas capazes de combater essa estratégia abusiva, tanto no CPC quanto no viés ambiental. Constatou-se nesta pesquisa que a pratica de obsolescência programada não é legalmente proibida, tendo em vista a falta de disposição expressa que trate a questão. Porém é ilegítima frente aos princípios de Direito Ambiental e Direito do Consumidor tratados nesta monografia.
Em contraponto, uma medida que poderia surtir efeitos contra a pratica seria a concessão de benefícios fiscais para fabricantes que produzem produtos com maior expectativa de vitaliciedade e onerar aumentando as alíquotas dos impostos pagos pelos fabricantes que lançam no mercado produtos de má qualidade.
Outrossim, o presente estudo permitiu o entendimento de que o poder público precisa intervir na ordem Econômica de forma com que o desenvolvimento seja cada dia mais sustentável, sendo função do Direito regular o caminho para o desenvolvimento considerando o dever fundamental da proteção ambiental. 
Em suma, a obsolescência programada não é uma pratica ilegal no Brasil porém é ilegítima pois fere princípios constitucionais e infraconstitucionais.
5 ANEXOS
Figura 1
Fonte: https://kondzilla.com/wp-content/uploads/2018/01/Caixas-de-SOM-2.jpg
Figura 2 Figura 3
 
Fontes: http://automovelbrasileiro.blogspot.com/2011/10/ford-t.html http://www1.uol.com.br/bestcars/carros/gm/cadillac/self-starter-1912.jpg 
*O modelo T da Ford e o modelo 30 introduzido pela GM, respectivamente.
Figura 4
Fonte: https://www.hemmings.com/blog/2014/02/15/four-links-larry-watsons-rainbow-cars-prop-car-african-ameri- cans-in-auto-advertising-geobaker/
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. 18. ed. Saraiva, São Paulo. 2010.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Ed. Jorge Zahar. Rio de Janeiro, 2001.
______. Vida para o consumo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
BAGGIO, Andreza Cristina; MANCIA, Karin Cristina Borio. A proteção do consumidor e o consumo sustentável: análise jurídica da extensão da durabilidade dos produtos e o atendimento ao princípio da confiança. In: CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI, 17, 2008, Brasília. Anais. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2008. 
BRASIL. Política nacional de resíduos sólidos. Disponível em: <https://fld.com.br/catadores/pdf/politica_residuos_solidos.pdf.> Acesso em: 21 nov. 2018
______. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do Consumidor. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em: 22.05.2019
______. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 984.106-SC (2007/0207915-3). Relator Ministro Luis Felipe Salomão. Brasília, DF. Julgamento em 4 de outubro de 2012. DJE 20.11.2012. p. 1-23. Disponível em: <http://s.conjur.com.br/dl/cdc-proteger-consumidor-obsolescencia.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2018
CAMPOS, Gardenia Margarida Medeiros. Desenvolvimento e sindicalismo: o projeto de economia solidária da Central Única dos Trabalhadores no Pajeú Pernambuco – a experiência da Ecosol Pajeú/PE. 2009. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2009.
CONCEIÇÃO, Joelma Teles e Pacheco; CONCEIÇÃO, Márcio Magera; ARAÚJO, Paulo Sérgio Lopes de. Obsolescência programada – tecnologia a serviço do capital. INOVAE - Journal of Engineering and Technology Innovation, São Paulo, v. 2, n. 1, 2014.
BRIAN, Burns. Re-evaluating obsolescence and planning of it. In: COOPER, Tim (Ed.). Longer lasting products – Alternatives to the throwaway society. United Kingdom: MPG Books Group, 2010. p. 39-60.
CORNETTA, William. A Obsolescência como artificio usado pelo fornecedor para induzir o consumidor a realizar compras repetitivas de produtos e a fragilidade do CDC para combater essa pratica. Tese Doutorado em Direito – Pontifica Universidade Católica de São Paulo. São Paulo. 2016.
COSTA. Antonio Luiz M. C. Brasil: sexta economia do mundo. Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/economia/brasil-sexta-economiado-mundo/ Acesso em: 02 fev. 2012.
DANTAS, Marília Antunes; TOBLER, Vanessa Locke. O sofrimento psicológico é a pedra angular sobre a qual repousa a cultura do consumo. In: CONGRESSO ABRAPSO, Brasil, 2003. p.3
DERANI, Cristiane. Direito ambiental econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997.
GRILLO, Cristina; SALES, Livia Cunha. Objetos que amamos. Revista Época, São Paulo, n. 883, 11 maio de 2015. p. 58.
LATOUCHE, Serge. O desafio do decrescimento. Trad: António Viegas. Lisboa: ed. Ipiaget, 2006.
LIPPINCOTT, Gordon. Design for business. Chicago: Paul Theobald, 1947.
LIPOVETSKY, Gilles. A sociedade da decepção. Barueri: Manole, 2007.
LONDON, Bernard. Ending the Depression through Planned Obsolescence. 1932. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/27/London_%281932%29_Ending_the_depression_through_planned_obsolescence.pdf. Acesso em: 05 nov. 2018
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 19. ed. São Paulo: Malheiros, 2011. 1224 
MORAES, Kamila Guimarães de. Obsolescência Planejada e Direito - (in)sustentabilidade do consumo à produção de resíduos. Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2015.
MALFATTI, Alexandre David. O princípio da informação no Código de Defesa do Consumidor. 2001. Dissertação (Mestrado em Direitos Difusos). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2001. 
PACKARD, Vance. The waste makers. Introduction

Continue navegando