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Emergências cirúrgicas - Aula 10 - Atendimento inicial ao queimado

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Beatriz Machado de Almeida 
Emergências cirúrgicas – Aula 10 
MORFOLOGIA DA PELE 
O atendimento ao politraumatizado, como o queimado, 
é dividido em 2 partes: a avaliação primária e a 
avaliação secundária. Na avaliação primária o 
médico avalia o paciente, identifica os estigmas, 
sinaliza os riscos iminentes de vida, trata, deixa o 
indivíduo vivo, transfere e faz a avaliação 
secundária com a história ampla, exame físico dos 
pés à cabeça para fazer o diagnóstico definitivo e 
tratar o paciente. 
A pele é um órgão! Existem 4 tecidos orgânicos 
básicos: o tecido epitelial, que reveste as 
estruturas, a pele e os trados, nos trados ele 
produz um liquido chamado de muco, por isso, que é 
chamado de mucosa e forma as glândulas. O tecido 
nervoso que tem a capacidade de transmitir o 
impulso; o tecido muscular que é contrátil, onde há o 
tecido muscular estriado, que tem uma contração 
voluntária, o liso que tem uma contração involuntária 
e o cardíaco que é autoexcitável. O tecido conjuntivo 
que tem a capacidade de se modificar originando 
vários tipos de tecido como ósseo, cartilaginoso. 
A pele é um tecido epitelial pavimentoso, porque as 
células parecem um pavimento, um azulejo de chão, 
estratificado porque tem várias camadas e 
queratinizado porque lá em cima tem a queratina que 
é uma proteína que impermeabiliza essa pele. 
A pele é dividida em 3 camadas e paralelo as camadas 
da pele existem os anexos epidérmicos. 
Estruturas da pele: camadas + anexos. 
• Camadas: epiderme (mais superficial), derme, 
hipoderme; 
• Anexos: glândulas sudoríparas, glândulas 
sebáceas, folículo piloso, unhas. 
A importância 
disso é: na 
camada mais 
superficial da 
pele, que é a 
epiderme, vai 
existir uma grande quantidade de células 
distribuídas em extratos que vão desde um extrato 
basal, onde há uma grande quantidade de células 
pluripotentes, essas células vão se desenvolvendo e 
vão formando as camadas mais superiores. Nesse 
processo de dentro para fora as células vão 
perdendo o núcleo e vão aumentando a quantidade 
de queratina. Queratina é uma proteína, é ela que 
forma a fibra do cabelo, é ela que reveste a pele, é 
ela que forma a unha e a função da queratina é 
impermeabilizar se não haveria muita perda de 
liquido pela pele. 
Abaixo da epiderme existe a derme e entre elas duas, 
como visto na imagem, a membrana basal. Na 
membrana basal existem os melanócitos, que são as 
células com reticulo endoplasmático rugoso que 
produzem os melonossomos que são sáculos com 
pigmentos. A pele está frequentemente exposta a 
radiação solar, que é formada pela radiação UVa e 
UVb, para decorar sempre lembramos que A vem 
primeiro que B, então A menor comprimento de onda, 
mais superficial, A queima, a radiação Uva é 
responsável por aumentar a energia térmica e ela 
faz isso da seguinte forma: você dá energia, o elétron 
vai lá pra fora da periferia da célula, volta pra perto 
do núcleo e libera energia, com isso, ele aquece a 
célula e a célula morre, dar hiperemia. 
A radiação UVb tem um comprimento de onda maior, 
ela vai lá dentro, só que essa membrana basal, que tem 
os melanoblastos (ACHO que o prof se confundiu, 
ACHO que é melanossomo), que são produzidos pelos 
melanócitos eles formam uma espécie de guarda-
chuva, os melanócitos não aumentam de tamanho, 
eles produzem mais melanoblastos, e ai esse guarda-
chuva impede que a radiação UVb, que é 
extremamente oncogênica, penetre para as 
estruturas profundas da pele, por isso que ela 
bronzeia, porque vai produzir mais pigmento e por 
isso que ela dá o melanoma, porque na hora que a 
radiação chega, ela libera energia lá dentro do núcleo 
da célula, forma radical livre, forma melanoma. 
Na derme existem os anexos, onde está o folículo 
pilosebáceo e ele é pilosebáceo porque é o pelo 
associado a glândula sebácea. As glândulas 
Atendimento inicial ao queimado 
 
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sudoríparas estão a parte, elas podem ser as 
glândulas écrinas, que estão presentes na maior 
parte do corpo ou as glândulas apócrinas, que 
existem nas regiões de dobras e produzem uma 
secreção com odor característico, como na axila e 
na virilha por exemplo. 
O folículo pilosebáceo se olharmos no desenho, do 
lado direito, lá embaixo, vai existir uma grande 
quantidade de células pluripotentes na matriz desse 
pelo, isso é como se a base do pelo tivesse uma grande 
quantidade de células com capacidade de formar 
outras células, essas células vão pela periferia do 
pelo até a superfície da pele, as células da pele são 
chamadas de queratinócitos, então elas vão, se 
modificam e formam os queratinócitos, sendo estes 
responsáveis por regenerar a pele. A gente entende, 
por exemplo, quando uma queimadura é muito 
profunda, ou seja, quando ela lesiona esse folículo 
pilosebáceo a pele perde a capacidade de se 
regenerar. 
MORFOLOGIA 
A queimadura é uma lesão orgânica decorrente de 
um trauma térmico (p. ex. água quente), químico 
(tanto ácida quanto básica) ou elétrico (uma corrente 
elétrica quando passa por uma estrutura ela sofre 
resistência, por isso que fio esquenta, na hora que 
desce a energia térmica ela esquenta as estruturas e 
causa o dano térmico, causa queimadura). Diante 
disso, um indivíduo vítima de um queimado é um 
politraumatizado porque várias estruturas orgânicas 
são acometidas. 
A pergunta que todo mundo se faz e ninguém nunca 
respondeu a vocês: POR QUE A QUEIMADURA 
MATA? 
• No corpo humano existe uma noção básica que 
toda agressão seja por uma gente infeccioso, 
seja por um agente traumático, ela é respondida 
pelo corpo na forma de inflamação e a 
inflamação é uma tentativa de limpar o que tiver 
de ruim, conter aquele processo naquele local e ao 
mesmo tempo regenerar, e para isso são liberados 
vários mediadores IL1, fator de necrose 
tumoral alfa, todos aqueles mediadores químicos. 
Então, a pessoa sofreu a queimadura, a água quente 
caiu, a pele foi lesionada, proteínas coaguladas e aí 
teve o dano, o corpo responde INFLAMANDO. 
Uma analogia que vocês podem fazer é o que acontece 
na tuberculose: na hora que o M. tuberculosis ele 
chega no lobo superior do pulmão, o processo 
inflamatório inicia porque ele vai combater aquele 
agente, mas ele fica circunscrito naquela região 
formando um granuloma tuberculoso e ele só é 
reativado quando a imunidade do indivíduo está 
debilitada, mas o processo inflamatório se deu, então 
na queimadura o processo inflamatório vai acontecer. 
O primeiro ponto é a dilatação arteriolar. Só para 
vocês entenderem, o sistema circulatório é formado 
por uma estrutura que se inicia pelas artérias de 
grande calibre, que são as artérias musculares – a 
aorta e seus principais ramos – depois as artérias de 
médio calibre, que são as artérias musculares e a 
grande diferença delas é a composição da túnica 
média, depois disso vem as arteríolas que são a porta 
de entrada e de saída do sistema da microcirculação 
e todos esses mediadores não vão agir na aorta, não 
vão agir na ilíaca, eles vão agir na arteríola fechando 
e abrindo, então eles vão levar a dilatação arteriolar 
e isso é porque o corpo levando mais sangue para ali, 
vai estar levando mais substrato para poder 
reconstruir o tecido que foi lesionado e o resultado 
disso é o rubor e calor porque chegou muito sangue. 
Depois disso, vai continuar chegando muito sangue, a 
pressão vai aumentar muito, o liquido vai começar a 
passar nos capilares para o terceiro espaço, a pressão 
aumenta tanto que vai começar a ter uma perda de 
proteínas de tão intensa que vai ser a pressão 
hidrostática e isso vai levar ao edema, ao tumor, que 
distende, estimula as terminações nervosas e dá a 
dor. Nesse momento, primeiro os linfócitos T 
helpper, natural killer e citotóxicos vão agir, vão 
trazer os neutrófilos e os macrófagos que vão 
destruir o queestiver de ruim e combater bactérias 
e microrganismo e, também, vão fazer uma limpeza 
nos tecidos danificados e com isso ocorrerá a dor. Ao 
final de tudo o que ocorrerá é o dano do tecido e a 
perda da função. É isso que acontece na queimadura 
e a depender da espessura, da profundidade dessa 
queimadura, esse dano é reversível, a pele vai 
conseguir vir e se restabelecer, mas em outras 
situações isso não vai acontecer. 
 
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Nossa meta hoje é controlar todos os efeitos que isso 
causa no corpo para que o indivíduo não morra. 
EPIDEMIOLOGIA 
• Lesões frequentes em acidentes domésticos. 
❖ 67% destes acometem crianças. 
• Quarta causa de óbito por trauma. 
• No Brasil: 
❖ 1.000.000 de acidentes/ano. 
❖ 100.000 atendimentos hospitalares. 
A lógica epidemiológica de uma queimadura é: o 
indivíduo vai sofrer a queimadura, um paciente agudo, 
ele demanda um cuidado para viver, tirar do risco de 
vida, o paciente vai se estabilizar, vai precisar de 
suportes específicos, procedimento, e, por fim, vão 
ser tratadas as sequelas. É uma cadeia muito longa. 
Nosso objetivo hoje é apenas o paciente agudo. 
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA 
ATENDIMENTO INICIAL 
Sistematização de condutas: 
• Avaliação primária (ABCDE) – medidas auxiliares 
a avaliação e reanimação; 
Só lembrando: na avaliação primária – avaliou, 
identificou alguma coisa, reanimou. Fazendo uma 
analogia: é como se você identificasse alguma coisa e 
tratasse. O termo correto é reanimação 
• Avaliação secundária – medidas auxiliares a 
avaliação secundária; 
Nesse ponto é basicamente a mesma coisa, mas na 
avaliação primária o nosso objetivo é manter o 
nosso paciente vivo e na secundária é identificar 
patologias principais que precisem de tratamento 
especifico e mais complexos. 
• Tratamento definitivo. 
Ou seja, até agora, com base no atendimento 
protocolar do ATLS seguimos o fluxo normal. 
Frente a um paciente queimado sabemos que vai 
proceder um atendimento preconizado pelo ATLS, 
então as nossas ações devem ser: 
1. Afastar a vítima da fonte causadora – ou seja, 
se é uma combustão afastar da fonte queimada, 
se foi a área de exposição química, afastar da 
área de exposição; 
2. Retirar adornos e vestimentas – o edema se 
instala de forma muito rápida de forma que o 
indivíduo pode estar usando uma pulseira, um anel 
e isso pode levar a uma má perfusão da 
extremidade por compressão vascular porque o 
edema é BRUSCO; 
No caos do uso da roupa sintética, a combustão dessa 
roupa pode levar a uma queimadura secundária a ela, 
então sempre retiramos com cuidado. 
3. Lavagem exaustiva com água corrente; 
NUNCA em água gelada, porque você perdeu a 
proteção cutânea e se lavou com água gelada 
aumenta enormemente o risco de hipotermia. 
Lavamos em água em temperatura ambiente, essa 
lavagem é só para retirar os detritos grosseiros, por 
exemplo, folhas, areia... 
4. Evitar a hipotermia; 
Recobrir com uma manta ou com uma estrutura 
refletora que parece o papel alumínio, ela não gruda 
na pele. Na hora que aplica no paciente, o calor que 
sai do paciente sofre uma reflexão e mantem o 
ambiente aquecido. 
5. Avaliar a queimadura; 
6. Estabilizar o paciente. 
A estabilização ocorre através da avaliação primária 
→ ABCDEF da queimadura. 
 
Aplicamos muito o ABCDEF da queimadura, depois que 
tiramos ele do risco, iniciamos esse processo de 
avaliação primária. 
A letra A é da mesma forma, avaliando a perviedade 
da via área – guedel, aspiração – fornecer O2 a 100% 
da mesma forma. O colar cervical, as indicações são 
analisadas – pacientes com trauma de alta energia, 
estigmas, deformidades, dor cervical, a mesma 
aplicabilidade. 
A letra B é o exame físico do aparelho respiratório. 
No queimado existe um ponto a mais, esse exame 
físico do aparelho respiratório ele é direcionado 
para 2 pontos: o ponto chave é a lesão inalatória, 
 
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isso é, no paciente que teve a queimadura em 
ambiente fechado, ele sofre a ação de vários fatores 
– primeiro que a combustão ela é ocasionada pelo 
oxigênio, que é o catalisador, então à medida que a 
combustão acontece diminui O2, então, obviamente, 
ele está em um ambiente hipóxico. 
Segundo ponto: a maioria dos materiais são 
derivados do petróleo. Por essa razão, a combustão 
desses materiais resulta em substâncias que são 
extremamente tóxicas, conhecidas vulgarmente 
como fumo. Essas substâncias quando inaladas vão 
até a via aérea inferior e na membrana alvéolo-
capilar elas vão se instaurar, sendo que nesse local 
existe um tecido linfático (tecido BALT), que leva a 
um processo inflamatório extremamente agressivo, 
semelhante ao que acontece no COVID, levando a um 
quadro de pneumonite química. O excesso de líquido 
aprisionado vira meio de cultura, facilitando também 
que aconteça em um momento seguinte uma 
pneumonia bacteriana. 
Além disso, pode haver intoxicação pelo monóxido de 
carbono. A combustão leva a liberação do monóxido; 
o problema é que ele tem 240 vezes mais afinidade 
pela hemoglobina do que o O2. Lembrando que a 
hemoglobina é formada pelo grupamento heme, em 
que existe um anel de protoporfirina 4 e o íon ferroso 
e 4 globinas; esse grupamento heme faz uma ligação 
covalente com o oxigênio e faz o seu transporte. 
Como a afinidade pelo monóxido é muito maior, 
existem 100 moléculas de O2 e uma de CO, então 
ele vai conseguir se ligar a hemoglobina. Dessa forma, 
a hemoglobina vai ficar com a ligação covalente (que 
é uma ligação estável), dificultando a condução do O2, 
ou seja, vai levar a um processo de hipóxia severa. 
Esse CO chega no SNC impregnando os neurônios, 
podendo levar a um quadro de coma e morte. 
Outro fator é que devido a temperatura do gás 
inalado, essa questão de que queima a via aérea é mais 
cultural. O que ocorre, por conta da temperatura 
maior, é um edema intenso da via aérea 
supraglótica, o que pode dificultar a via aérea 
definitiva. Por isso que nesses pacientes, quando já 
se colocou a máscara não reinalante na letra A, 
você dificulta o risco de lesão inalatória, pois vai 
ser um CO lutando contra um milhão de O2, 
dificultando a intoxicação e evitando a hipóxia. 
Caso o paciente precise de uma via aérea 
definitiva, ela deve ser indicada muito 
precocemente, pois o edema pode impossibilitar, 
fazendo com que seja preciso uma via aérea cirúrgica. 
Na letra C, como de costume, garante-se dois 
acessos (16 ou 14), de preferência na região 
antecubital. A segunda via de acesso é a intraóssea 
e a terceira é o central. Um ponto importante é que 
a avaliação dos sinais de choque é mais complexa 
no paciente queimado. O choque do paciente 
queimado é do tipo hipovolêmico por desidratação; 
ocorre uma má distribuição do líquido que leva a uma 
diminuição da volemia e o paciente vai para o choque 
hipovolêmico. Deve-se puncionar o acesso e vai 
iniciar a fluidoterapia com parcimônia. Por enquanto 
não se repõe com a famosa fórmula já conhecida; 
se inicia como de costume com ringer lactato. Para 
avaliar se está sendo efetivo, os parâmetros 
habituais, como pressão arterial, a frequência 
cardíaca, eles são mais difíceis, visto que o edema 
pode dificultar a aferição. O parâmetro mais 
fidedigno entre esses é a frequência cardíaca; uma 
FC acima de 110, sinaliza a instalação de um 
quadro de choque. A PA não deve ser levada em 
consideração porque o manguito fica totalmente 
desnivelado, pois o edema de tecido é muito grande, 
então o parâmetro para avaliação da PA na artéria 
braquial vai ficar comprometido. Nesse momento, 
existe outra medida auxiliar e também de 
reanimação, que é a passagem de uma sonda vesical, 
sendo que a diurese vai ser o parâmetro mais 
importante para sinalizar o choque do paciente. O 
objetivo de um paciente queimado é uma diurese 
em torno de0,5 mL/kg/h. 
Na letra D, faz-se a avaliação neurológica habitual 
pela escala de coma de Glasgow. 
Na letra E, deve-se expor o paciente buscando 
outros agravos de trauma. É nesse momento que se 
reveste o paciente. Enquanto vai fazendo isso, já está 
avaliando a queimadura; lembrando que isso é feito 
em até 3 minutos e é feito quantas vezes forem 
necessárias. 
Na letra F, pode-se ou não indicar a fluidoterapia. 
A fluidoterapia é a infusão de líquidos baseado no 
cálculo de uma fórmula específica. Diferente da 
infusão de 1 litro, reavalia e infunde o líquido. Dessa 
 
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forma, na letra F, após a avaliação da queimadura, 
deve-se decidir se vai ter fluidoterapia ou não. 
VIA AÉREA E COLUNA CERVICAL 
• Estabilizar coluna cervical em traumas de 
grande energia; 
• Avaliar e manter perviedade da via aérea; 
• Fornecer oxigênio. 
 
Lembrando: na letra A se estabiliza a coluna cervical 
utilizando as manobras mandibulares, fornece 
oxigênio em máscara não reinalante. 
RESPIRAÇÃO (BREATHING) 
• Inspeção, palpação, ausculta e percussão; 
• Sinais de lesão inalatória: 
❖ Queimadura por chamas em locais fechados. 
❖ Queimaduras em face e pescoço. 
❖ Queimadura em vibrissas. 
❖ Escarro carbonáceo. 
❖ Intoxicação por monóxido de carbono. 
 
Na letra B, faz-se o exame físico do aparelho 
respiratório. Lembrando que sinais de queimadura de 
vibrissas, queimaduras faciais, escarro 
carbonáceo, material preto na região da 
hipofaringe, edema da região bucal, sinaliza 
chances altas de lesão de via aérea. Essa lesão de 
via aérea é tão perigosa porque frente a uma lesão de 
via aérea não se pode esperar o paciente “descer a 
ladeira” para depois tomar uma atitude. Deve-se 
lembrar que nesse momento que acaba a letra B, é o 
momento em que se decide se mantem a 
suplementação de oxigênio ou se vai para uma via 
aérea avançada. 
Frente a um paciente que recebe oxigênio, porém 
satura mal, padrão ruim, deve-se garantir a via aérea 
rapidamente, antes que seja preciso uma via aérea 
cirúrgica. Dessa forma, pacientes com lesão 
inalatória, pacientes com intoxicação por CO (sinal: 
alteração do nível de consciência, náuseas, vômitos 
ou até comatoso, com queimadura em ambiente 
FECHADO. A palavra FECHADO sinaliza 
intoxicação por monóxido, porque o gás resultante 
da combustão ficou retido dentro do espaço), 
pacientes com queimaduras circunferenciais; no 
momento que a acontece a queimadura, toda a 
epiderme encarapaça, desenvolvendo uma 
dificuldade na ventilação, na troca dos gases. Por 
isso, deve-se garantir a via aérea e durante a 
avaliação secundária talvez sejam necessárias outras 
medidas de ressuscitação que serão abordadas 
futuramente. 
 
CIRCULAÇÃO 
• Garantir 2 acessos venosos; 
• Avaliar sinais de choque; 
• Quantificar diurese; 
• Definir demanda de fluidoterapia. 
*Obs.: hemorragias → Lesões associadas. 
Ao garantir o acesso, inicia-se o ringer lactato. A 
quantificação da diurese é o principal parâmetro para 
esses pacientes. Em um segundo plano, tem-se a 
frequência cardíaca aferida no pulso; sempre 
lembrar que a FC, em um paciente com BAVT, p. ex., 
vai ter a FC aferida lá no monitor e a FC aferida no 
exame físico; sempre leva em consideração a FC 
aferida no pulso do paciente. 
Lembrando que o paciente pode ter traumas 
associados e hemorragia vigente, podendo agravar o 
choque. 
AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA 
• Escala de Coma de Glasgow. 
 
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EXPOSIÇÃO 
• Expor o paciente; 
• Buscar outros agravos de trauma; 
• Controlar hipotermia. 
Durante a exposição do paciente, 
faz-se a cobertura do paciente com 
essa superfície refletora que 
geralmente tem em qualquer suporte 
de vida. Parece um papel alumínio; o 
calor do paciente reflete sobre o 
mesmo e faz esse aquecimento. 
FLUÍDO (REPOSIÇÃO VOLÊMICA) 
• Início precoce; 
• Usar Ringer Lactato; 
• Avaliar a queimadura. 
Calcular SCQ e Avaliar profundidade. 
*Indicações: 
❖ Adultos: SCQ > 20%. 
❖ Crianças menores: SCQ ≥ 10%. 
❖ Crianças maiores: SCQ ≥ 15%. 
A letra F corresponde a fluidoterapia. Dessa maneira, 
decide se vai fazer ou não fluidoterapia. O que 
determina a fluidoterapia é a superfície corporal 
queimada. 
Existem dois parâmetros em relação a queimadura: 
quanto do corpo ela queimou e a profundidade. A 
profundidade não determina para nós a reposição 
volêmica, mas sim sendo importante para definir a 
estratégia reconstrutora. De uma forma ampla e 
geral, um paciente adulto com superfície do corpo 
queimada (SCG) > 20% deve receber fluidoterapia, 
que é a infusão de soro ringer lactato baseado em uma 
fórmula. 
São exceções as queimaduras superficiais. 
As crianças menores não existem um termo na 
literatura que estabeleça quem são elas, mas no dia a 
dia usa-se o bom tom dizendo que são os lactentes. 
Já as crianças maiores são os escolares. 
 
*Parkland é uma cidade nos EUA onde essa fórmula 
foi elaborada. 
A Fórmula de Parkland utiliza a SCQ e o peso do 
paciente. A fórmula era tradicionalmente 4x a SCQ 
multiplicada pelo peso. Porém, ela foi readaptada, 
porque se observou que em alguns pacientes não era 
necessário essa quantidade de volume, pois (como 
falado anteriormente), a medida que ocorre a 
dilatação dos capilares, ocorre o aumento de 
pressão hidrostática pelo grande influxo de sangue. 
Se der muito líquido, esse edema vai piorar. Dessa 
forma, chegou-se ao consenso que a fórmula varia de 
2 a 4 mL. 
Adultos, jovens e hígidos → 4 mL. 
Idosos e crianças → 2 mL. 
Essa reposição é única e exclusivamente para as 
primeiras 24 horas, sendo que a hora zero é a hora 
do incidente, p. ex., um incêndio começou as 3h da 
manhã, mas o SAMU só chegou 4h da manhã → deve-
se iniciar a contar a reposição a partir das 3h da 
manhã. É sempre na hora zero, na hora do incêndio. 
Administra-se 50% do volume calculado nas 
primeiras 8 horas, seguido por 50% do volume 
calculados nas próximas 16 horas, completando 24 
horas. 
Após 24 horas (lembrando que o paciente já está com 
a sonda colocada na letra C), vai fazer hidratação 
mediante a diurese, cujo alvo é 0,5 mL/kg/h. Se a 
diurese der mais que isso, diminui-se a vazão de 
soro. Se der menos que isso, aumenta-se a vazão 
de soro, mantendo o paciente monitorizado. 
Lembrando que de todos os parâmetros da 
 
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monitorização multimétrica, a FC acima de 120 é 
o que desperta o alerta no médico. 
AVALIAÇÃO DA QUEIMADURA 
 
Para se fazer a fluidoterapia, é necessário avaliar 
primeiramente a queimadura. Essa avaliação é feita 
observando primeiro qual é a natureza da 
queimadura; se é uma escaldadura (água quente), se 
é uma substância química, elétrica. Além disso, 
saber os horários para que se defina as reposições, a 
extensão da queimadura e a profundidade. 
Para avaliar a extensão e a profundidade, utiliza-se 
dois extremos de análise. Para avaliar a 
profundidade, é preciso ter o conhecimento mínimo 
em relação a estrutura da pele → epiderme, derme 
e hipoderme. Para avaliar a extensão, é com a famosa 
regra dos 9 ou regra de Wallace, que utiliza o 
princípio que uma mão fechada equivale a 1% da 
superfície corporal queimada. 
 
ESCALDADURA 
Na hora da avaliação sobre a queimadura ainda na 
avaliação primária, é importante saber se a 
escaldadura foi por um líquido puro ou se tinha 
soluto, pois se for uma substância com soluto, 
geralmente ele tende a causar uma queimadura 
mais grave, visto que as moléculas vão fazer ligações 
químicas (iônicas e covalentes), vai ser necessário 
mais energia para quebrar essas ligações e aquela 
água evaporar. No líquido puro não é assim, já que só 
tem a molécula de H2O e dificilmente ela chega em 
uma temperatura tão quente quanto a outra. Por isso 
que uma queimaduracom alimentos é pior que uma 
queimadura com água pura. 
QUÍMICA 
Se for uma substância química, cada substância 
química tem uma conduta específica, sendo impossível 
decorar. Por isso, o professor recomenda que se ligue 
para o CIAV (Centro de Informação Antivenenos); lá 
não são só venenos, mas também substâncias de uma 
forma geral. Ao entrar em contato, você relata qual 
foi a substância e ele vai te dizer se existe algum 
neutralizante etc., qual a conduta certa seguir. Em 
relação a queimadura, se procede da forma habitual. 
ELÉTRICA 
A queimadura elétrica é uma entidade a parte. Ela é 
causada pela passagem de uma corrente elétrica 
pelo corpo. Essa passagem é o chamado choque 
elétrico. Na física, é a passagem de elétrons através 
de uma diferença de potencial; esses elétrons podem 
vir de um capacitor ou não, podendo virem de uma 
área onde uma corrente estava passando e ela foi 
interrompida. Na hora que ocorre a diferença de 
potencial, a corrente passa. Ao longo os órgãos do 
corpo humano, existe uma resistência da passagem de 
corrente diferente; à medida que ele resiste a 
passagem da corrente, é liberado calor. O tecido que 
tem maior resistência é o osso, seguido pela 
gordura, tendão, pele, músculo, vaso e nervo. 
Quanto menos resistência ele tem, menos calor é 
gerado. Na hora que a corrente passa e o calor é 
gerado, manifesta-se no local um edema que leva a 
compressão dos compartimentos, levando a 
manifestação de diversos sintomas. Além disso, essa 
corrente vai alterar outras funcionalidades 
orgânicas como, p. ex., alteração da contratilidade 
cardíaca, podendo levar a taquiarritmias 
ventriculares, principalmente FV. 
• Danos aos tecidos internos e externos; 
• Perigo: corrente contínua de alta voltagem e 
alternada de baixa voltagem; 
• Atentar para: FV e rabdomiólise. 
 
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A foto acima é um caso real do SAMU de queimadura 
elétrica. O paciente é um motociclista que se bateu 
em um cabo de alta tensão na rua, causando esse 
orifício de entrada. É importante lembrar que a 
corrente elétrica pode ser de dois tipos: alternada 
e contínua. Na alternada, ela tem um orifício de 
entrada e outro de saída; na contínua não. Outra 
coisa importante é a voltagem, que é a quantidade 
de energia que o paciente recebe. É um pouco 
contraditório; na corrente alternada de baixa 
voltagem ela é mais perigosa, enquanto a corrente 
contínua de alta voltagem é mais perigosa em termo 
de danos ao corpo. 
Esse paciente teve muita sorte, com uma lesão 
superficial e uma queimadura de terceiro grau de 
espessura total, observado exposição da hipoderme. 
EXTENSÃO DA QUEIMADURA 
• A extensão da queimadura corresponde a 
“superfície corporal queimada (SCQ)”; 
• Para este cálculo pode-se utilizar: 
❖ “Regra dos nove” de Wallace → Maior 
praticidade; 
❖ Diagrama de Lund e Browner → Maior precisão. 
DIAGRAMA DE LUND E BROWNER: 
• O mais avançado método para calcular a SCQ. 
• Leva em consideração a faixa etária para 
cálculo preciso. 
 
 
É uma avaliação mais minuciosa e criteriosa, 
fazendo um cálculo mais preciso, no entanto, no 
ponto de vista prático é inexequível decorar isso. 
REGRA DOS ¨NOVE¨DE WALLACE: 
 
No dia a dia é utilizada essa regra. Foi desenvolvido 
um mnemônico para não esquecer: tudo para cima é 
9, tudo para baixo é 18 e dorso é 18. 
A genitália é 1%. 
Pergunta: uma questão dizendo que o paciente 
queimou o braço direito. 
Resposta: braço tem o braço e o antebraço, se for o 
membro superior é ele por inteiro. A questão informa 
se é anterior ou posterior. 
PROFUNDIDADE DA QUEIMADURA 
 
A queimadura pode acometer somente a epiderme 
(camada superficial), depois da membrana basal tem 
a camada granulosa, espinhosa, camada de queratina, 
depois vai ter a derme. 
Na hora que os grandes vasos partem dos órgãos e 
vão vascularizar a parede, eles emitem artérias e 
essas artérias passam dentro dos músculos ou entre 
os músculos e vão partir delas, vasos que chamamos 
 
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Beatriz Machado de Almeida 
Emergências cirúrgicas – Aula 10 
de perfurantes, eles vão até a derme e originam um 
plexo (conjunto de estruturas, pode ser um plexo 
nervoso, um plexo vascular), esse plexo subdérmico, 
vasculariza a derme e a epiderme. Quando vemos a 
imagem azul e vermelha, é o plexo subdérmico que 
está ao longo da derme, já junto da hipoderme que é 
a gordura, vindo do músculo, porque a base desses 
vasos vem dos músculos. 
A derme é dividida em duas, a mais superior que é 
chamada de papilar, porque ela se projeta para fora 
e a reticular é mais interna, onde tem a maior 
concentração de vasos, onde se encontram as 
terminações nervosas, corpúsculo de Meissner, ... 
(1:59:25), que identifica o tato, a dor, a 
temperatura, também estão nessa região, mais 
abaixo encontra-se a hipoderme. 
A classificação tradicional de queimadura de 1°, 2° 
e 3° grau é uma classificação meio obsoleta, hoje em 
dia não é mais tão utilizada. 
SUPERFICIAIS (1º GRAU): 
 
Queimadura de sol (insolação) que vai liberar 
energia, estimula o elétron, promove uma destruição 
das camadas superficiais das células e dá a 
hiperemia reativa, a característica clínica é a 
hiperemia e a dor. O tratamento é analgesia simples 
(ex: dipirona de 1g), evita o anti-inflamatório e vai 
passar uma substância calmante para pele, porque 
essa substância vai hidratar, facilita a reepitelização 
e melhora os sintomas álgicos, como o Osmogel, nívea 
pós sun que também ajuda nessa hora, então, uma 
substancia tópica e um analgésico oral. 
ESPESSURA PARCIAL 
SUPERFICIAL/PROFUNDA (2º GRAU): 
 
Pode ser de espessura parcial superficial ou de 
espessura parcial profunda. A queimadura de 
espessura parcial se caracteriza pela bolha, o edema 
forma essa bolha e tem duas características, quando 
ela é mais superficial, devemos comprimir a base 
da bolha e onde estava vermelho fica branco e 
depois volta a ficar vermelho, porque não houve 
lesão de vasos, uma vez que eles estão mais para 
baixo. 
Na queimadura de espessura parcial profunda não 
é conseguido esse efeito de voltar a ficar vermelho 
após compressão, ela acaba estando mais enegrecida, 
é comprimida e não tem alteração de coloração. 
Então, tem-se uma Queimadura de espessura parcial 
superficial, onde só a derme papilar é acometida e 
uma queimadura de espessura parcial profunda, 
onde a derme reticular é acometida. 
Essa bolha não deve ser rompida, caso essa bolha 
esteja muito grande, pode-se pegar uma agulha de 
insulina, furar, retirar o excesso de líquido, mas 
a pele, jamais. 
ESPESSURA TOTAL (3º GRAU): 
 
Atinge todas as camadas da pele, indo até ossos e 
tendões. Forma esse tecido macarado peroláceo, 
totalmente inviável. 
As características em relação a profundidade 
definem a reconstrução. 
Na queimadura de espessura parcial superficial, 
geralmente ela consegue apenas com o tratamento 
tópico, regenerar a pele. Na espessura parcial 
profunda, pode ou não, e a de espessura total, não 
consegue, perdeu todos os anexos epidérmicos, para 
revestir essa área precisa lançar mão das técnicas de 
cirurgia plástica, como os enxertos e os retalhos. 
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA 
1. Manter monitorização multimétrica - É preciso 
monitorizar o paciente. 
 
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2. Passagem de SNG - Caso a superfície corporal 
queimada seja maior que 20%, é necessária a 
passagem da SNG, porque nesses pacientes, há 
grande processo inflamatório em vigência, 
quanto maior a SCQ, mais intenso é esse 
processo inflamatório, mais intensa é a REMIT 
(leva a gastroparesia, ou seja, chance de vômito), 
passando a sonda para descomprimir o estômago. 
3. Analgesia - sempre venosa. 
4. Profilaxia para tétano – feita sempre que há uma 
solução de continuidade na pele, perda da 
integridade. 
5. Cuidados com circulaçãoperiférica - nesse 
momento o edema já se instalou, pode ser que 
esse edema esteja comprimindo as estruturas 
vasculho-nervosas dentro dos compartimentos, 
se não for feito algo, vai ocorrer o 
comprometimento do suprimento dos músculos, 
que vão morrer. 
6. Curativo em 4 camadas - a estrutura geral do 
curativo é a mesma, o que pode mudar daqui para 
os EUA, por exemplo, são os materiais. 
Já fez o ABCDE, avaliou a queimadura, definiu 
fluidoterapia, o paciente está fora de risco, nesse 
momento é preciso tratar aquele paciente. 
O tratamento definitivo é o tratamento da 
queimadura. 
DECISÃO SOBRE O INTERNAMENTO: Depois de 
ser feita a avaliação secundária, vamos decidir se 
esse paciente vai para casa fazendo o 
acompanhamento ambulatorial ou vai internar. 
ANALGESIA 
• Dipirona 2g IV (faz analgesia de um obeso de 
120kg). 
• Morfina 2mg IV (2ª opção) → Queimaduras de 
espessura parcial. 
❖ Nubain. 
❖ Ketamin (droga de escolha na refratariedade, 
porque pode ser feita em BIC, prepara-se uma 
solução padrão e ministra em BIC em solução 
padrão). 
• Ocasião pertinente para profilaxia do tétano. 
 
Existe a profilaxia ativa e a passiva. A vacina 
antitetânica tem 3 doses, o soro antitetânico é 
chamado de tetanogama, no SUS não tem porque é 
caro. Se não tem cartão vacinal, não é possível 
informar a história vacinal, então, o ideal é fazer o 
tetanogama, encaminha para o postinho, toma as 
3 doses da vacina do tétano. 
 
1. P(ain)/DOR. 
2. Parestesias. 
3. Paralisia. 
4. Palidez. 
5. Pulso ausente. 
O momento da avaliação secundária é um momento 
meio que crucial, porque, mantendo o paciente 
monitorizado, está fazendo as medidas, agora, de 
tratamento definitivo. Nesse momento, pode se 
instalar uma situação muito grave, que é a síndrome 
compartimental, à medida que o edema dentro do 
compartimento, causado pelo edema generalizado, 
o paciente queimado morre desidratado, afogado, 
porque a água está dentro dele, mas fora do 
intravascular. Nessas situações, o edema é muito 
intenso, nas situações em que ocorre uma queimadura 
circunferencial, que acomete todo o membro, todas 
as estruturas que estão dentro dele, estão 
comprimidas. 
Outra situação é que aquela pele superficial vira uma 
carapaça, formando uma crosta que impede, por 
exemplo, no tórax, a expansibilidade. No caso dos 
membros, o problema eminentemente grave que já 
foi, inclusive, trabalhado no trauma, só que no trauma 
 
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Beatriz Machado de Almeida 
Emergências cirúrgicas – Aula 10 
de extremidades, foi visto associado a fratura, o 
paciente fraturava o osso, o aumento da pressão 
dentro do compartimento levava a compressão 
vasculho-nervosa. Aqui é diferente, aqui o edema do 
tecido, comprime as estruturas que estão dentro 
do compartimento, lá era o osso, então, a síndrome 
compartimental da fratura é mais grave do que a 
do queimado, mas o quadro clínico é o mesmo, nessa 
progressão como está demonstrado. Primeiro com a 
dor intensa, que evolui para parestesia, paralisia, 
palidez e o pulso ausente, devendo agir 
IMEDIATAMENTE. 
 
No caso da fratura, como o edema vem de dentro 
do compartimento, a fasciotomia é mais bem 
indicada, porque se o edema é dentro do 
compartimento, temos que liberar, cortar, até o 
ponto que o músculo solte para fora, porque o osso 
está quebrado. 
 
Nesse caso, o edema é externo, então, a escarotomia 
acaba sendo mais eficaz, não precisa penetrar até o 
tecido profundo, porque dentro do compartimento 
está tudo ok, a compressão é externa. Por isso que 
no queimado, a escarotomia é mais utilizada do que 
a fasciotomia. 
 
CURATIVO EM 4 CAMADAS 
1. Pomada: 
• Sulfadiazina de Prata. 
• Acetato de mafenide. 
• Nitrato de Prata. 
2. Gaze não aderente: 
• Gaze vaselinada. 
• Rayon. 
• Adaptic. 
3. Substância absorvente: 
• Algodão. 
• Zobec. 
• Morim (tecido de algodão extremamente macio). 
Na abordagem do curativo preconiza que seja num 
ambiente estéril, primeiro limpa com soro 
fisiológico, retira os detritos grosseiros, aplica 
uma pomada, a mais utilizada é a sulfadiazina de 
prata 1%. Após passo aplica-se uma gaze não 
aderente (parece umas telinhas), a função é que, na 
hora que a pele estiver reepitelizando e eles saírem, 
vão acabar impedindo que a pele nova solte, 
garantindo que a pele nova fique no lugar. Após isso, 
aplica-se uma substância absorvente, porque a 
produção de exsudato é muito intensa. Por último, 
coloca-se a atadura ortopédica e isola, existe um 
método específico para colocar a atadura ortopédica. 
RESUMO: COMO MANEJAR A QUEIMADURA 
 
 
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Beatriz Machado de Almeida 
Emergências cirúrgicas – Aula 10 
Após as medidas, o paciente é mandado para casa. Se 
a queimadura for superficial: analgesia, pomada e 
manda para casa. 
 
Criança com questão de vulnerabilidade. 
Quentão social: um queimado que não tem indicação, 
mas que se ele não ficar internado, ele não terá 
nenhum tipo de tratamento, por exemplo, esse 
paciente vai para o hospital. 
Se não houver manifestação de arritmia na 
primeira hora, dificilmente apresentará arritmia 
depois. 
A hidratação venosa é de acordo com a diurese, 
até ele estabilizar, ou seja, paciente manteve 
0,5mL/Kg/h, vai começando a diminuir a vazão, até 
conseguir manter a diurese com a hidratação basal 
(42 mL/h). 
Mantém analgesia, porque a dor é muito forte, 
principalmente na queimadura de espessura parcial. 
Sonda nasogástrica caso a SCQ>20%. 
O curativo é trocado a cada 48h. no ambulatorial, 
vai para o posto ou para o consultório, troca e vai para 
casa, no hospital, troca lá mesmo a cada 2 dias. Essa 
troca é feita e reavaliada. Hoje, já existem curativos 
especiais, que quando a ferida evolui para 
determinado ponto pode-se utilizar. Nas lesões de 
espessura total o curativo não resolve, então, utiliza 
o curativo inicialmente, até preparar o terreno, 
tirar as áreas de necrose, formar um tecido de 
granulação, um tecido favorável para cirurgia 
reparadora que pode ser um enxerto ou um retalho, 
geralmente é enxerto, porque são áreas de grande 
monta. 
 
 
TRATAMENTO FINAL 
 
O paciente teve alta, vai para o hospital tratar as 
sequelas, que são as cicatrizes hipertróficas. como o 
processo inflamatório é muito intenso, ocorre um 
depósito de colágeno também exacerbado e forma 
essas cicatrizes hipertróficas. 
Hoje, já dá alta com órteses que são moldeiras, 
impedindo nas dobras que o paciente contraia e gere 
uma deformidade. 
No caso dessa criança acima, foi retirado o tecido 
cicatricial, colocou na matriz dérmica celular, que é 
um substituto dérmico que faz a função da derme. 
Fez um enxerto de pele de espessura total e depois 
colocou um curativo a vácuo, uma terapia de pressão 
negativa para facilitar a adesão do enxerto, depois 
retirou o curativo a vácuo e ficou com o aspecto final.

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