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LÍNGUA PORTUGUESA 1 
 
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 
 
As questoes 01 e 02 referem-se ao texto abaixo 
 
O futuro da reputação entre a eternidade e o esquecimento 
 
1. A torcedora do Grêmio flagrada ao gritar ofensas de 
2. cunho racista para o goleiro Aranha, do Santos, poderá 
3. ser indiciada por injúria racial qualificada. Racismo é 
4. crime, e há imagens que comprovam o comportamento 
5. da torcedora. Num país em que 92% da população 
6. acredita ____ atitudes racistas, mas só 2% considera-se 
7. racista, precisamos celebrar quando o tema recebe a 
8. devida atenção. 
9. Mas quem deve julgar a torcedora pelo seu ato de 
10. racismo? A justiça ou a sociedade? E se for a sociedade, 
11. como pode a torcedora pagar pelos seus atos? Será 
12. que 20 anos é tempo suficiente para a torcedora se 
13. redimir, ou será que seus atos merecem nunca ser 
14. esquecidos? 
15. Uma decisão da Corte Europeia de Justiça recentemente 
16. def in iu o ―d i re i to ao esquec imento‖ . Em tempos 
17. de luta por mais privacidade, um espanhol reclamava 
18. que, ao buscar seu nome na rede, aparecia um link 
19. publicado ___ 16 anos sobre uma dívida já paga, o que 
20. violaria sua honra. A Corte aceitou o pedido e solicitou 
21. a retirada do histórico online dos dados ―inadequados 
22. ou que não sejam mais relevantes‖. 
23. Nesse caso pioneiro de revisionismo histórico, ficou 
24. acertado que indivíduos têm direito ao controle do seu 
25. passado digital. Mas quem mais teria esse direito ao 
26. esquecimento garantido? 
27. Xuxa, ainda hoje, tenta retirar de circulação o filme 
28. Amor Estranho Amor , filmado em 1982. O ―pornô da 
29. Xuxa‖, como ficou conhecido, passa-se na década de 
30. 1930 e é uma trama de ficção. A fita VHS de outrora 
31. hoje é vista em vários links no Youtube que mantêm o 
32. filme vivo. 
33. Daniella Cicarelli que o diga. Um vídeo de paparazzo 
34. em 2006 a capturou em praia pública protagonizando 
35. cenas de sexo embaixo d’água. O vídeo levou a uma 
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36. batalha judicial que chegou a retirar o próprio Youtube 
37. do ar (decisão hoje revertida). Mas, passados anos, o 
38. vídeo tropical ainda está aí pelas redes, presente. 
39. E o que falar das fotos íntimas de Carolina Dieckmann 
40. vazadas? Dieckmann é um caso emblemático. Motivada 
41. pela existência de crime comprovado (tentativa de 
42. extorsão, por exemplo), a polícia investigou o caso 
43. identificando responsáveis, e o Congresso, na onda, 
44. passou a ―Lei Carolina Dieckmann‖ (que tipificou o 
45. crime ocorrido). Mas as fotos de Dieckmann ainda 
46. estão por aí, como estarão as fotos da vencedora do 
47. Oscar Jennifer Lawrence que acabaram de ser vazadas 
48. no achan. 
49. Talvez você esteja se perguntando o que a torcedora 
50. do Grêmio tem ______ com memórias na internet 
51. relacionadas a sexo. Alguns vão dizer que não se 
52. devem comparar autores de crimes àqueles que são 
53. vítimas. Mas quando o tema é direito ao esquecimento, 
54. as fronteiras aproximam-se. 
55. O Marco Civil acertou em definir direitos civis do 
56. cidadão na cultura digital, pois, antes de criminalizar 
57. comportamentos, precisávamos definir dire itos. Mas 
58. ainda não discutimos o direito ao esquecimento no 
59. país, e o tema carece de debate. 
60. Temos ou não temos o direito de controlar nosso 
61. passado virtual? 
62. A torcedora do Grêmio, se condenada, merece 
63. punição. Racismo é crime. Mas e quando ela quitar sua 
64. dívida e for uma ex-racista? Quem não se lembra do 
65. casal de São Paulo condenado pela mídia e absolvido 
66. posteriormente pela justiça (não sem antes ver sua 
67. creche e suas vidas arruinadas)? Merece a torcedora 
68. (até mesmo ela) ser julgada eternamente no Facebook 
69. e no Google pelos seus atos, mesmo se tiver pago por 
70. eles? Seria isso um equivalente à prisão perpétua? 
71. O d i re i to ao esquec imento , ma i s cedo ou ma i s 
72. tarde, será necessário a todos. Se racismo é crime, que 
73. se pague por ele. Mas é nessa parte da memória eterna 
74. da internet que temos uma torcedora praticando atos 
75. criminosos que se equipara, momentaneamente, ____ 
76. pessoas idôneas como Xuxa, Cicarel l i , Dieckmann, 
77. Lawrence, a eu e a você, no fantasma de sermos eternamente 
78. lembrados, nunca esquecidos, na rede. 
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01. Em relacao as ideias depreendidas a partir da leitura do texto, assinale a alternativa correta. 
(A) O direito ao esquecimento, que confere aos indivíduos o controle de seu passado digital, foi estabelecido, no 
Brasil, pelo Marco Civil da internet ensejado pelo caso da atriz Carolina Dieckmann. 
(B) Embora o Congresso brasileiro, por meio da ―Lei Carolina Dieckmann‖, tenha tipificado os crimes na internet 
que violam a privacidade, e o Marco Civil tenha definido alguns direitos do cidadao na cultura digital, o direito ao 
esquecimento ainda não foi regulamentado no pais. 
(C) O direito ao esquecimento e uma prerrogativa que deve caber tao somente a vitimas de crimes, e não a 
criminosos, pois, antes de criminalizar, e preciso definir direitos. 
(D) Imagens do jogo entre Gremio e Santos serviram de prova para condenar uma torcedora do Gremio pelo 
crime de racismo, uma vez que a mesma foi flagrada gritando ofensas de cunho racista ao goleiro do Santos. 
(E) A torcedora do Gremio merece ser julgada tanto pela justica quanto pela sociedade, ja que 92% da populacao 
brasileira reconhece o racismo como uma triste realidade do pais. Para que essa punicao seja possivel, foi de suma 
importancia a decisao pioneira da Corte Europeia de Justica. 
 
02. Assinale a afirmacao INCORRETA no que se refere a coesao textual. 
(A) Ao se substituir a expressao o que (l. 19) pela expressao a qual, mantem-se o sentido e a correção gramatical 
da sentenca. 
(B) A expressao Nesse caso (l. 23) constitui elemento de coesao que retoma as informacoes do paragrafo anterior. 
(C) A expressao Mas (l. 37) estabelece relacao de oposicao entre o periodo em que ocorre e o anterior. 
(D) O trecho antes de criminalizar comportamentos (l. 56-57) tem funcao adverbial temporal. 
(E) O pronome isso (l. 70) constitui elemento de coesão que retoma uma ideia expressa no periodo anterior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A questão 03 refere-se ao texto abaixo. 
 
O domínio público e a liberdade de uso de obra 
 
1. Em 2014, as redes sociais foram bombardeadas de 
2. posts criticando a intenção da escritora Patrícia Engel 
3. Secco em adequar as obras de Machado de Assis ao 
4. vocabulário dos estudantes. Disse a autora de mais de 
5. uma centena de livros infanto-juvenis que lançaria, em 
6. junho daquele ano, a versão simplificada de "O Alienista". 
7. Segundo ela própria, o desinteresse dos jovens pelos 
8. livros se dá, especialmente, porque têm dificuldade em 
9. compreender as construções dos textos. 
10. A intenção da autora, ____ tanto se comentou, era 
11. usar um texto que, em sua concepção, era complexo 
12. para os jovens e alterá-lo para simplificar a linguagem. 
13. Como se tratava de obra em domínio público, a autora, 
14. pelo que se presume, se arvorou no direito de reescrever 
15. uma obra de outro autor. 
16. Não há muito mais a ser dito sobre o enfoque 
17. literário dessa questão depois do texto de João Ubaldo 
18. Ribeiro, publicado no O Globo de 1º de junho de 2014. 
19. Escreveu o baiano: 
20. E a lição se estende da literatura às outras artes. 
21. O povo não gosta de música erudita porque são aquelas 
22. peças vagarosas e demoradas demais . De novo, a 
23. solução virá ao adaptarmos Bach ____r itmos funk, 
24. fazermos ar ran jos de s in fon ias de Beethoven em 
25. compasso de pagode e trechos de no máximo cinco 
26. minutos cada e organizarmos uma coleção axé das 
27. obras de Villa-Lobos. Tudo para distribuição gratuita, 
28. como acontecerá com os livros de Machado reescritos, 
29. pois cont inuamos a ser um dos poucos povos do 
30. mundo que acreditam na existência de alguma coisa 
31. gratuita. E talvez o único em que o governo chancela, 
32. com dinheiro do cidadão, o aviltamento de marcos 
33. essenciais ao autorrespeito cultural e ____ identidade da 
34. nação, ao tempo em que incentiva o empobrecimento 
35. da língua e a manutenção do atraso e do privilégio. 
36. No que tange à questão do domínio público, deve-se 
37. considerar que, no Brasil, vige uma norma de direito de 
38. autor que garante ao criador intelectual a proteção 
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39. plena de sua obra ao longo de toda sua vida e até setenta 
40. anos após sua morte. Essa disciplina é consentânea ____ 
41. legislações de outros países e disciplinada na Convenção 
42. de Berna. Esse prazo varia um pouco _____ extensão 
43. entre os signatários da norma internacional, mas ele 
44. estará sempre presente. Transcorrido esse prazo, a 
45. obra intelectual ingressa em um estado chamado de 
46. "domínio público". Após setenta anos, seu uso será 
47. livre e, consequentemente, ninguém – nem mesmo o 
48. Estado - poderá se opor à reprodução, à adaptação, à 
49. inclusão, à distribuição ou ____ qualquer outro tipo de 
50. utilização da obra intelectual. 
51. Há um limite, entretanto, fixado na própria Lei de 
52. Direito de Autor, para uso da obra caída em domínio 
53. público. Quem pretender fruir ou dispor da obra intelectual, 
54. i r remediave lmente , deve respei tar a patern idade 
55. e a integridade da obra. É obrigado a indicar o nome 
56. do autor no momento da utilização e – relevante para 
57. o caso Machado – abster-se de modificar a obra a 
58. ponto de prejudicá-la ou atingir a reputação ou a honra 
59. do autor. 
60. A adaptação é livre, mas é preciso deixar claro o 
61. que se concebe em direito como adaptação para que 
62. não se confunda esse valioso instituto autoral com 
63. violação da integridade da obra. Segundo Eliane Abrão, 
64. adaptar é transformar a obra em outra, de gênero 
65. diferente. Por exemplo, a utilização de texto literário 
66. para a linguagem cinematográfica é a adaptação da 
67. linguagem escrita para a linguagem falada, dialogada, 
68. encenada, necessária à realização do filme". 
69. Em caso de violação da paternidade e da integridade, 
70. como a obra já está em domínio público e os sucessores 
71. podem ser desconhecidos ou de difícil identificação, 
72. quem tem obrigação legal de fiscalizar o uso da obra, 
73. impedindo que sofra alterações ou seja publicada sem 
74. designação de autoria, é o Estado, nos termos do §2° 
75. do art. 24 da Lei nº 9.610/98. Dentro do Estado, compete 
76. ao Ministério Público (art. 129, I I I da Constituição 
77. Federal) a defesa do patrimônio público e social. 
 
 
 
 
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03. Em relação às ideias depreendidas a partir da leitura do texto, assinale a alternativa correta. 
(A) Na visão de João Ubaldo Ribeiro, o governo brasileiro contribui para o empobrecimento da língua portuguesa 
e para a manutenção de privilégios na medida em que não proporciona a sua população o acesso a bens culturais 
devidamente adaptados, os quais facilitariam sua compreensão. 
(B) O autor vê o projeto de adequação da obra ―O Alienista‖, de Machado de Assis, ao vocabulário de estudantes 
como problemático, pois o texto, embora já esteja em domínio público, seria reescrito sem designação de autoria. 
(C) Embora o autor do texto valha-se do conceito de adaptação, do ponto de vista do direito, enquanto ato de 
transformar uma obra em outra pertencente a gênero diferente àquele da obra original, a fim de desmerecer o 
projeto proposto por Patrícia, a adequação da linguagem machadiana à dos jovens contemporâneos caracterizaria 
mudança de gênero, podendo, portanto, ser considerada adaptação. 
(D) O texto problematiza o projeto de adaptação de obras machadianas a uma linguagem mais simplificada, 
valendo-se, para tanto, de dois argumentos de autoridade: o ponto de vista de um literato, que vê tal projeto 
como algo negativo à cultura nacional; e o do direito, que delimita o que pode ser entendido como adaptação, 
bem como estabelece as diretrizes dos direitos autorais. 
(E) A norma brasileira do direito autoral prevê proteção plena à obra por até setenta anos após morte do autor, 
sendo que, transcorrido esse período, seu uso torna-se irrestrito, uma vez que passa a domínio público. A partir de 
então, nem mesmo o Estado pode opor-se a qualquer tipo de utilização da obra sob a singular condição de que a 
honra ou a reputação do autor não sejam atingidas. 
 
Soy loco por ti, América 
 
―A interpretação da nossa realidade com esquemas alheios só contribui para tornar-nos cada vez mais 
desconhecidos, cada vez menos livres, cada vez mais solitários.‖ Fomos ―descobertos‖ ou reinventados pelos 
colonizadores, que impuseram o sentido que mais lhes convinha à nossa história. ―Insistem em medir-nos com o 
metro que se medem a si mesmos‖ e assim se consideram ―civilizados‖ e a nós, ―bárbaros‖. Não se dão conta de 
que ―os estragos da vida são iguais para todos‖ e que a busca da identidade própria é tão árdua e sangrenta para 
nós como foi para eles. Talvez os ex-colonizadores — hoje imperialistas — fossem mais compreensivos conosco — 
os ―bárbaros‖ —, se olhassem melhor para o seu próprio passado, sem a mistificação com que o envolveram antes 
de exportá-lo para nós. 
A América Latina e o Caribe reivindicam o direito de ter uma história própria, assim como temos uma 
cultura e um esporte próprios — tão admirados por eles. ―A solidariedade com nossos sonhos não nos fará sentir 
menos solitários, enquanto não se concretize com atos de apoio legítimo aos povos que assumam a ilusão de ter 
uma vida própria na divisão do mundo.‖ 
―Por que a originalidade que nos é admitida, sem reservas na literatura, nos é negada com todo tipo de 
suspeitas em nossas tão difíceis tentativas de transformação social, que os colonizadores tiveram tanta dificuldade 
— eles também — para encontrar e, ainda assim, com defeitos, que cada vez mais ficam evidentes? Por que nos 
condenar a viver ―como se não fosse possível outro destino senão o de viver à mercê dos grandes donos do 
mundo? Este é, amigos, o tamanho da nossa solidão.‖ 
A Vila Isabel desfilou este ano, na passarela do Sambódromo, com o tema Soy loco por ti, América, 
originalmente na música de Capinam e de Gil, reatualizando as citações do discurso com que García Márquez 
recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 8 de dezembro de 1982 –— já lá vai um quarto de século. 
Emir Sader. Jornal do Brasil, 26/2/2006 (com adaptações) 
 
 
 
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Com referência ao texto “Soy loco por ti, América”, julgue os itens seguintes. 
 
04. Evidencia-se, no trecho selecionado, a intertextualidade, marcada explicitamente pelo emprego das aspas, 
estabelecendo-se, no discurso, a relação entre a voz do autor do texto e a do escritor Gabriel García Márquez bem 
como a remissão ao texto de Capinam e Gilberto Gil e ao desfile da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
05. Há elementos no texto que permitem a inferência de que o processo de emancipação do povo latino-
americano não sofreu significativas alterações no período de dezembro de 1982 a fevereiro de 2006. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
06. No discurso de García Márquez, o emprego dos pronomes de primeira e terceira pessoa expressa a tensão 
entre os interesses dos povos latino-americanos, ―bárbaros‖ (l.4 e 6) — nós—, e os dos povos ―civilizados‖ (l.4), os 
―grandes donos do mundo‖ (l.14) — eles. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Duas sociedades 
 
Na formação histórica dos Estados Unidos, houve desde cedo uma presença constritora da lei, religiosa e civil, 
que plasmou os grupos e os indivíduos, delimitando os comportamentos graças à força punitiva do castigo exterior e 
do sentimento interior do pecado. 
Esse endurecimento do grupo e do indivíduo confere a ambos grande força de identidade e resistência, mas 
desumaniza as relações com os outros, sobretudo os indivíduos de outros grupos, que não pertençam à mesma lei e, 
portanto, podem ser manipulados ao bel-prazer. A alienação torna-se ao mesmo tempo marca de reprovação e 
castigo do réprobo; o duro modelo bíblico do povo eleito, justificando a sua brutalidade com os não eleitos, os outros, 
reaparece nessas comunidades de leitores cotidianos da Bíblia. Ordem e liberdade – isto é, policiamentos internos e 
externos, direito de arbítrio e de ação violenta sobre o estranho – são formulações desse estado de coisas. 
No Brasil, nunca os grupos ou os indivíduos encontraram efetivamente tais formas; nunca tiveram a 
obsessão da ordem senão como princípio abstrato, nem da liberdade senão como capricho. As formas espontâneas 
de sociabilidade atuaram com maior desafogo e por isso abrandaram os choques entre a norma e a conduta, 
tornando menos dramáticos os conflitos de consciência. 
As duas situações diversas se ligam ao mecanismo das respectivas sociedades: uma que, sob alegação de 
enganadora fraternidade, visava a criar e manter um grupo idealmente monorracial e monorreligioso; outra que 
incorpora de fato o pluralismo étnico e depois religioso à sua natureza mais íntima. Não querendo constituir um 
grupo homogêneo e, em consequência, não precisando defendê-lo asperamente, a sociedade brasileira se abriu com 
maior largueza à penetração de grupos dominados ou estranhos. E ganhou em flexibilidade o que perdeu em 
inteireza e coerência. (Adaptado de Antonio Candido, Dialética da malandragem) 
 
07. O critério utilizado pelo autor do texto para assinalar a principal distinção entre as DUAS SOCIEDADES diz 
respeito, fundamentalmente, 
(A) à ambição política das classes subalternas. 
(B) às formas de fanatismo religioso que as modelaram. 
(C) ao grau de tolerância no trato com as diferenças. 
(D) à homogeneidade que cada uma soube constituir. 
(E) ao projeto cultural alimentado por ambas. 
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08. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: 
(A) incorpora o pluralismo étnico = institui a dissimulação racial. 
(B) à sua natureza mais íntima = à sua mais profunda inclinação. 
(C) presença constritora da lei = atuação subjacente dos códigos legais. 
(D) castigo do réprobo = estigma de quem reprova. 
(E) enganadora fraternidade = solidariedade reprimida. 
 
09. A frase E ganhou em flexibilidade o que perdeu em inteireza e coerência deve ser compreendida como uma 
avaliação final do autor, para quem 
(A) a nossa sociedade é incoerente por ser tão áspera quanto flexível. 
(B) as duas sociedades se opõem por conta de seus projetos políticos. 
(C) a nossa sociedade é menos inteiriça e áspera que a dos EUA. 
(D) as duas sociedades se completam por causa de suas diferenças. 
(E) a sociedade dos EUA é menos conflitiva e mais coerente que a nossa. 
 
10. Na frase No Brasil, nunca os grupos ou indivíduos encontraram efetivamente tais formas, o segmento sublinhado 
está-se referindo 
(A) ao modo pelo qual se apresentam os não eleitos, os outros. 
(B) às marcas do maior desafogo da nossa sociabilidade. 
(C) às formas espontâneas de sociabilidade. 
(D) às manifestações de endurecimento do grupo e da sociedade. 
(E) a abrandamentos de choques entre a norma e a conduta. 
 
11. Atente para as seguintes afirmações: 
I. No 2° parágrafo, a desumanização das relações com os estranhos é dada como causa da rigidez na formação 
dos grupos sociais dos EUA. 
II. No 3° parágrafo, a menor dramaticidade dos conflitos de consciência, no Brasil, é atribuída a nossas formas 
espontâneas de sociabilidade. 
III. No 4° parágrafo, há referência ao caráter ilusório do tipo de fraternidade que se estabelece entre grupos e 
indivíduos brasileiros. 
Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em 
(A) II. 
(B) III. 
(C) II e III. 
(D) I. 
(E) I e II. 
 
 
GABARITO 
01. B 02. A 03. D 04. C 05. C 06. C 07. C 08. B 09. C 10. D 
11. A

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