Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
@santana.isabelaa COORTE Nos estudos de coorte, sujeitos são classificados de acordo com a presença ou ausência de determinado fator de interesse/exposição e, então, são seguidos por determinado tempo para se verificar quem desenvolve ou não o desfecho de interesse/doença. São estudos longitudinais, de seguimento e próprios para o cálculo de incidência da doença (casos novos). Os estudos de coorte podem ser classificados como retrospectivos e prospectivos, dependendo da relação temporal entre o início do estudo e a ocorrência da doença. No retrospectivo, no entanto, todos os eventos importantes (exposição e doença) já aconteceram no momento em que o estudo é iniciado. Já no estudo de coorte prospectivo, a doença/desfecho ainda não aconteceu (ROUQUAYROL). Nos estudos de coorte, as medidas utilizadas para estudar a magnitude do efeito incluem o risco atribuível (RA) e o risco relativo (RR) (BONITA, R.; Beaglehole, R.; Kjellström, T). A medida de associação entre exposição e desfecho utilizada nos estudos de coorte é o risco relativo (RR), razão entre a proporção de expostos à doença e a proporção de não expostos à doença (ROUQUAYROL). RISCO RELATIVO Um fator de risco refere-se a aspectos de hábitos pessoais ou de exposição ambiental, que está associado ao aumento da probabilidade de ocorrência de alguma doença. Uma vez que os fatores de risco podem ser modificados, medidas que os atenuem podem diminuir a ocorrência de doenças. Os fatores de risco incluem uso de álcool e fumo, dieta, atividade física, pressão sanguínea e obesidade. Uma vez que os fatores de risco podem ser utilizados para predizer a ocorrência de doenças, sua mensuração no nível populacional é importante, mas desafiador (BONITA, R.; Beaglehole, R.; Kjellström, T). O risco relativo ou razão de riscos (RR) é o resultado da divisão entre a ocorrência de doença no grupo exposto pela ocorrência de doença no grupo não exposto. O risco relativo é utilizado para avaliar a probabilidade de uma associação representar uma relação causal (BONITA, R.; Beaglehole, R.; Kjellström, T). Risco atribuível refere-se à proporção (taxa) de doença ou qualquer outro desfecho que pode ser atribuído à exposição. Através do risco atribuível, é possível calcular o total excedente de doentes de uma população em decorrência de uma determinada exposição. Para isso, basta subtrair a taxa do desfecho, que pode ser doença ou morte, dos expostos em relação aos não expostos (BONITA, R.; Beaglehole, R.; Kjellström, T). @santana.isabelaa O risco relativo indica quantas vezes é mais frequente o dano nos expostos (que têm o fator) do que nos não expostos. Um risco relativo alto contribui para afirmar a causalidade. Essa medida é algumas vezes chamada de “coeficiente de probabilidade” (odds ratio ou “coeficiente de ataque”) (ROUQUAYROL). RR = Expostos / não expostos O RR é calculado dividindo-se a incidência da doença entre os expostos pela incidência e os não expostos. Como o RR é uma divisão de duas taxas, se o resultado calculado é a unidade, isso significa que não existe associação entre a exposição e o desfecho, pois as incidências da doença entre expostos e não expostos são iguais. Quando o RR é menor do que a unidade, isso aponta para provável fator de proteção da exposição com relação ao desfecho (ROUQUAYROL). CRITÉRIOS DE CAUSALIDADE Fletcher & Fletcher (2014) sumarizaram o postulado de Bradford-Hill (1965), segundo o qual um conjunto de elementos deve ser avaliado antes de se considerar se a relação entre uma doença e um fator ambiental é causal ou se é apenas uma associação: Temporalidade: Muitos estudos transversais e de caso-controle medem a causa proposta e o efeito no mesmo tempo, estabelecendo-se um pressuposto de que uma variável preceda a outra, sem estabelecer de fato que é assim. Ex: zica e microcefalia Força da associação: deve ser estabelecida por meio do RR, que nos diz o quanto é mais provável que um evento ocorra no grupo de tratamento em relação ao grupo de controle. Assim, se o RR for igual a 1, significa que não há diferença entre os dois grupos. Se o RR for < 1, significa que o tratamento reduz o risco de evento. Por sua vez, um RR > 1 significa que o tratamento aumenta o risco do evento. Relação dose-resposta: presente quando variações da quantidade da exposição proposta se associam a variações de efeito. Maior exposição, maior risco da doença. Ex: dose infectante do covid, alta carga; ato de fumar, quanto mais fuma maior chance de cancer Associações reversíveis: se ao retirarmos um potencial fator de risco houver redução na incidência de um evento, isto é, o evento é reversível com a redução da exposição, teremos então uma forte evidência de causalidade. Ex: pessoa parou de fumar Consistência: Quando diversos estudos, realizados em tempos diferentes, locais diferentes e com diferentes tipos de pacientes, chegam todos à mesma conclusão, a evidência para a relação de causa e efeito se fortalece. Reprodução dos achados outro nome. Plausibilidade biológica: depende do contexto científico da época. Com as constantes descobertas, a plausibilidade pode variar. Relação com o conhecimento biológico daquele estudo. Ex: conhecimento da biologia do zika, @santana.isabelaa encontrou vírus no cérebro, evidencia biológica. Analogia: o argumento de causa e efeito será fortalecido se houver exemplos de causas bem estabelecidas, análogas àquela em questão, embora seja uma fraca força de evidência para comprovar causalidade. Especificidade: quanto mais específico é um fator em relação à doença, mais provável será tratar-se de um fator causa. Ex: seria tipo se eu tirar o cigarro não terei câncer. Coerência cientifica: novos conhecimentos devem ser coerentes com os antigos, já validados em pesquisas anteriores. ROUQUAYROL, Maria Zelia; ALMEIDA FILHO, Naomar de . Epidemiologia e saúde. Rio de Janeiro: Medsi, 2003. @santana.isabelaa
Compartilhar