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E-Book 1 Augusto Nishimura Liderança, Gestão de Equipes e Comportamento Organizacional NESTE E-BOOK: Introdução ������������������������3 o que é lIderança? ����������������7 ConsIderações fInaIs ������������� 26 síntese ���������������������������27 2 Introdução Você sabe o que é liderança? Qual o seu papel e a importância para a gestão de equipes? E sob o ponto de vista de suas experiências, você já liderou equipes? Você se considera um líder? Agora, pense em uma pessoa que você considera um exemplo de liderança. O que ela tem ou faz que a caracteriza como líder? Ao fazer uma rápida pesquisa na internet, é possível encontrar inúmeras definições sobre o tema. Em livros, há também diversos pontos de vista de diferentes autores sobre o assunto. Mas, afinal, será que há uma definição mais correta? A existência de diferentes perspectivas sobre o assunto mostra o quão complexo é o tema. Porém, entendê-las é muito importante, pois nos ajudam a construir uma compreensão mais completa e integrada sobre o assunto. Para iniciarmos as nossas discussões, vamos refletir sobre um trecho do livro O Monge e o Executivo: “Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando a atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum.” (HUNTER, 2004, p. 25) Vamos lá, que tal analisarmos com mais detalhes essa definição? 3 A liderança pode ser vista como habilidade, ou seja, é algo que pode ser desenvolvido pelo indi- víduo. Antigamente, defendia-se que as pessoas “nasciam líderes”, ou seja, era inato. Pesquisa- dores buscavam entender essencialmente as características do indivíduo e não havia muita preocupação de olhar as influências externas, tais como as relações entre as pessoas e o contexto em que ocorriam essas relações. Depois, novas perspectivas ganharam força e o conhecimento sobre o assunto foi avançando. Atualmente, entende-se que se trata também de um potencial e, portanto, uma habilidade que pode ser desen- volvida pelas pessoas, em um processo contínuo de aprendizagem e de aperfeiçoamento a partir das experiências vividas. Note que não estamos necessariamente negando a existência de pes- soas que possuem mais facilidade ou afinidade para liderar, mas incorporando a noção de que é uma competência passível de ser desenvolvida e aperfeiçoada ao longo do tempo. Além disso, trata-se do ato de influenciar pessoas. O líder não existe sem que haja pessoas ao seu redor. Portanto, é uma atividade social e o seu papel é promover o engajamento das pessoas. O líder deve ser capaz de criar condições neces- sárias para estabelecer um ambiente em que as pessoas possam se sentir motivadas. Quando a equipe se sente motivada e reconhece de fato o gestor como um líder, as pessoas tendem a trabalhar entusiasticamente. 4 Mas não basta haver pessoas motivadas, é ne- cessário que os objetivos a serem alcançados sejam conhecidos e compartilhados com to- dos. Assim, o líder deve estabelecer as metas conjuntamente com o grupo, para que todos possam alcançar esses objetivos para o bem comum. Note-se que o “bem comum” tem uma importância muito grande, uma vez que o alcan- ce do resultado só é possível quando o esforço individual contribui para o alcance do resultado do grupo e esse entendimento é compactuado com todos. Será que a liderança só se aplica aos gestores de equipes nas empresas? O entendimento é que a liderança pode ser exercida em diversos contextos que extrapolam o mundo empresarial. De fato, a literatura aborda de maneira mais intensa a questão da liderança nas empresas, mas a sua aplicação estende-se para outras situações da vida. Por exemplo, num grupo de trabalho na escola, na comunidade do bairro onde o indivíduo reside, em atividades específicas na família ou em grupo de amigos, dentre outros exemplos. Além disso, nas situações em que há a formação de grupos de trabalho para conduzir um determinado projeto, a liderança independe de sua função na organização. Ou seja, o exer- cício da liderança ocorre independentemente da posição hierárquica. PODCAST 1 5 https://famonline.instructure.com/files/132647/download?download_frd=1 Com base nessa discussão inicial, convido você a ir um pouco além e se aprofundar nos estudos sobre as teorias de liderança. Nesse sentido, iremos tratar aqui dos seguintes assuntos: • Discutir sobre os conhecimentos, habilidades e atitudes um líder; • Entender os principais papéis do líder na ges- tão de equipes; • Compreender os diferentes estilos de liderança. Vamos desbravar esse assunto tão fascinante e importante? Então, vamos lá! SAIBA MAIS Quais as relações entre liderança, poder, gestão de pessoas e conhecimentos? Para entender essa discussão, assista ao vídeo do Professor Mario Sergio Cortella. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=923F4HxB6u4 6 https://www.youtube.com/watch?v=923F4HxB6u4 https://www.youtube.com/watch?v=923F4HxB6u4 o que é lIderança? Como observamos até aqui, a liderança pode ser exercida em diversas situações, inclusive fora do ambiente organizacional. Isso implica dizer também que os administradores de empresas ou gestores de organizações não são os únicos que exercem a liderança. Praticamente em todas as profissões e ambiente sociais os indivíduos podem exercer a liderança. Como afirma Rob- bins (2010, p. 359), “nem todos os líderes são administradores, nem todos os administradores são líderes”. Nas organizações, há a liderança formal, que é aquela vinculada ao cargo que o profissional ocupa e está associada ao poder; por exemplo, nos cargos de supervisor, gerente, diretor ou presidente. Porém, o simples fato de um profissional ocupar essa posição não significa, necessariamente, que sua liderança será efetiva. “A liderança não sancionada – aquela capaci- dade de influenciar os outros que emerge fora da estrutura da organização – pode ser tão im- portante quanto a influência formal.” (ROBBINS, 2010, p. 359) Em outras palavras, a liderança não ocorre au- tomaticamente quando um indivíduo passa a assumir um cargo ou uma posição hierárquica superior. A liderança vai além disso. Para que o ato de influenciar as pessoas seja efetivo, é 7 necessário também o uso de conhecimentos, habilidades e atitudes que extrapolam o poder formal do cargo. Ainda poderíamos nos questionar: se um indiví- duo assume um cargo, ele não estaria exercendo um certo grau de influência sobre sua equipe? Afinal, ele possui o poder formal da estrutura hierárquica e, desse modo, a equipe precisaria seguir as suas “ordens”. Pois bem, a grande diferença é que essa é a visão tradicional, em que há o “chefe” e todos deveriam seguir as suas determinações e haveria um controle rígido das atividades realizadas pelas pessoas. O fluxo de informações é unidirecional, ou seja, de cima para baixo, não importando as opiniões e sugestões da equipe. Você conseguiu enxergar que há uma grande diferença entre ser chefe e ser líder? Enquanto o chefe gerencia seus subordinados pelo controle, o líder estimula sua equipe pelo comprometimento! PODCAST 2 8 https://famonline.instructure.com/files/132648/download?download_frd=1 Você saberia dizer qual é a diferença entre poder e autoridade? Segundo Hunter (2004, p. 26): O poder “é a faculdade de força ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer” e a autoridade é a “habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal”. Diante dessas definições, o que melhor carac- terizaria o verdadeiro líder: o seu poder ou a sua autoridade? Será que é necessário assumir um cargo para poder assumir o papel de líder? O processo de liderança, conforme já foi dito, pode ocorrer em qualquer espaço social e, nesse sentido, “toda pessoa é capaz de exercer influência sobre as ou- tras e, portanto, que toda pessoa é potencialmenteum líder”. (LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002) Agora vamos compreender, com mais detalhes, as principais ideias sobre liderança, a partir da seguinte pergunta: será que a liderança depende exclusivamente das características pessoais? Os primeiros estudos que tentaram compreender a questão da liderança estiveram muito ligados à descrição das características dos indivíduos. REFLITA 9 Por exemplo, buscou-se pesquisar quais ca- racterísticas pessoais estariam associadas a Buda, Napoleão, Nelson Mandela, dentre outros líderes históricos. Essa busca de característi- cas individuais comuns aos líderes foi objeto das primeiras pesquisas na área, pretendendo identificar os traços que poderiam predizer o comportamento de líder dos indivíduos. Essa perspectiva ficou conhecida como Teoria dos Traços (ROBBINS, 2010) e, dentre os modelos desenvolvidos, destaca-se o Modelo BIG FIVE, que classifica a personalidade humana em cinco dimensões básicas, a saber: extroversão, amabili- dade, conscienciosidade, estabilidade emocional e abertura para experiências (tabela 1). Dimensão Descrição Extroversão Dimensão que se refere ao nível de conforto de uma pessoa com seus relacionamentos. Os extrovertidos costumam ser agregadores, assertivos e sociáveis. Os introvertidos costumam ser reservados, tímidos e quietos. Amabilidade Dimensão que se refere à propensão de um indivíduo em acatar as ideias dos outros. As pessoas muito amáveis são cooperativas, receptivas e confiáveis. As pessoas que têm baixa pontuação nessa dimensão são frias, desagradáveis e confrontadoras. 10 Dimensão Descrição Conscienciosidade É uma medida de confiabilidade. Uma pessoa altamente conscienciosa é responsável, organizada, confiável e persistente. Aquelas que têm baixa pontuação nessa dimensão são facilmente distraídas, desorganizadas e pouco confiáveis. Estabilidade Emocional Dimensão geralmente rotulada por seu oposto – o neuroticismo – e que se refere à capacidade de uma pessoa para lidar com o estresse. As pessoas com estabilidade emocional positiva costumam ser calmas, autoconfiantes e seguras. Aquelas com pontuação negativa tendem a ser nervosas, ansiosas, deprimidas e inseguras. Abertura para Experiências Dimensão que se refere aos interesses de uma pessoa e seu fascínio por novidades. Pessoas muito abertas são criativas, curiosas e sensíveis artisticamente. As que ficam na outra ponta dessa dimensão tendem a ser convencionais, conservadoras e se sentem melhor com coisas já familiares. Tabela 1: Dimensões do Modelo Big Five. Fonte: Adap- tado de Robbins (2010) Mas por que isso é importante e o que afeta cada traço de personalidade no comportamento humano nas organizações? Segundo Robbins (2010), a estabilidade emocional está associada à redução de pensamentos e emoções negativas, 11 influenciando a satisfação pessoal no trabalho e níveis de estresse. A extroversão está ligada às habilidades interpessoais, dominância social e ex- pressão emocional, influenciando o desempenho, a liderança e satisfação na vida e no trabalho. A abertura para experiências diz respeito à aprendi- zagem, criatividade, flexibilidade e autonomia, que favorece o desempenho no treinamento, liderança e adaptabilidade às mudanças. A amabilidade está voltada à questão de ser “amado” e pelo fato de ser menos contestador e mais conformado, que favorece o desempenho e baixos níveis de desvios de comportamento no trabalho. Por fim, a conscienciosidade está associada ao esforço, persistência, energia, disciplina, organização e planejamento, que leva ao aumento do desem- penho, favorecendo a liderança. E qual é a limitação das teorias que buscam descrever as características pessoais? Basica- mente, esses traços de personalidade ajudam mais na identificação e previsão da emergência de um líder e menos para verificar se um líder é eficaz ou não. Segundo Limongi-França e Arellano (2002), os traços individuais – tais co- mo, fatores físicos, habilidades e aspectos de personalidade – são importantes, entretanto, essa perspectiva ignora outras questões, como o próprio potencial humano e o contexto em que ocorrem as interações. PODCAST 3 12 https://famonline.instructure.com/files/132649/download?download_frd=1 “Cientistas encontraram um novo tipo de per- sonalidade. Há boas chances de ser o seu”. Saiba mais lendo este artigo, disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/cientistas- -encontraram-um-novo-tipo-de-personalidade- -ha-boas-chances-de-ser-o-seu. Até aqui, percebemos que a teoria dos traços contribuiu para o entendimento da liderança, sob o ponto de vista da análise dos traços individu- ais. Esses traços são importantes para prever a emergência de um líder, mas ignora outras questões, como o contexto em que as relações líder-liderado ocorre. Diante dessas limitações, emergiu o enfoque contingencial, que parte do pressuposto de que um único estilo de liderar não é aplicável a todo e qualquer contexto (LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002), diferentemente daquilo que pregava os estudiosos da teoria dos traços. Significa, portanto, que cada situação demanda um determinado estilo de liderança para que esta seja efetiva. Nessa perspectiva, parte-se do pressuposto que a liderança é influenciada por outros fatores, por exemplo, o contexto em que ocorre a rela- ção entre líder e liderado. De acordo o Modelo Contingencial de Fiedler, essa relação afeta o SAIBA MAIS 13 https://super.abril.com.br/ciencia/cientistas-encontraram-um-novo-tipo-de-personalidade-ha-boas-chances-de-ser-o-seu. https://super.abril.com.br/ciencia/cientistas-encontraram-um-novo-tipo-de-personalidade-ha-boas-chances-de-ser-o-seu. https://super.abril.com.br/ciencia/cientistas-encontraram-um-novo-tipo-de-personalidade-ha-boas-chances-de-ser-o-seu. desempenho do grupo e depende tanto do nível de adequação entre o estilo do líder quanto o nível de controle exercido nessa relação (ROBBINS, 2010). Segundo essa proposta, a efetividade depende de uma vantagem situacional, que é o grau de vantagem ou dificuldade enfrentado pelo líder. Essa vantagem é composta por três fatores, em ordem de importância: (1) a relação entre o líder e membros; (2) a estrutura das tare- fas; e (3) o poder da posição. (VECCHIO, 2008) Fatores Definição Relação entre líder e membros A relação entre líder e membros reflete o grau em que um líder é aceito e gera reações emocionais positivas de seus subordinados. Uma situação em que as relações são relativamente boas é potencialmente mais fácil de gerenciar do que aquela em que são tensas. A estrutura das tarefas A estrutura das tarefas é o grau em que as tarefas a ser executadas podem ser especificadas com clareza. Tal estrutura se torna evidente em regras, descrições de cargo e políticas. Quando as tarefas são relativamente estruturadas, ocorre pouca ambiguidade a respeito de como devem ser consideradas. Além disso, as metas são claras, as medidas de desempenho são compreendidas e as soluções ou abordagens múltiplas de um problema tem pouca possibilidade de existir. 14 Fatores Definição Poder da posição Poder da posição é a extensão em que um líder pode se valer de sanções formais, isto é, ele pode controlar o destino dos subordinados, oferecendo retribuições ou ameaçando com punição. Na igualdade das demais condições, as situações em que um líder detém poder da posição são consideradas mais fáceis de gerenciar do que as opostas. Tabela 2: Modelo Contingencial de Fiedler. Fonte: Adap- tado de Vecchio (2008) Ao fazer a combinação desses fatores, Fiedler descreveu oito situações (tabela 3). Note-se que a coluna 1 é a situação ideal, em que a relação entre o líder e liderados é boa, há uma clareza com relação à estrutura das tarefas em que todos sabem o que deve ser feito e o líder pode utilizar também o poder de sua posição, quando considerar necessário o seu uso. 15 Situação Mais FavorávelMenos Favorável 1 2 3 4 5 6 7 8 Relação entre líder e membros Boas Boas Boas Boas Empo- brecidas Empo- brecidas Empo- brecidas Empo- brecidas Estrutura da Tarefa Estru- turada Estru- turada Não es- truturada Não es- truturada Estru- turada Estru- turada Não es- truturada Não es- truturada Poder da Posição Forte Fraco Forte Fraco Forte Fraco Forte Fraco Tabela 3: Situações a partir do modelo de Fiedler. Fonte: adaptado de Vecchio (2008) Por outro lado, a situação da coluna 8 é nociva ao desempenho da equipe. A relação entre o líder e seus membros é muito fraca e as relações são meramente formais, a estrutura das tarefas não são claras e os integrantes se sentem obrigados a realizar tais atividades e, além disso, o líder não consegue exercer seu poder, uma vez que não é reconhecido e legitimado pelas pessoas. A partir da análise das ideias de Fiedler, podemos verificar que a efetividade da liderança não depen- de unicamente das características pessoais, mas também da relação entre líder e seus membros, da estrutura da tarefa e do poder reconhecido 16 de sua posição. Note que esses fatores podem ser combinados de várias maneiras, tornando ainda mais complexo o processo de liderança. PODCAST 4 Se o desempenho do líder depende de diversas variáveis, que outros fatores poderiam afetar positivamente ou negativamente a atuação do líder? Será que haveria fatores mais impor- tantes e decisivos, conforme cada situação enfrentada pelo líder? Como estudamos até aqui, a teoria dos traços buscou compreender que características indivi- duais poderiam definir um líder, enquanto o foco da teoria contingencial partiu do pressuposto de que outros fatores teriam influência no processo de liderança. Que outras ideias surgiram sobre liderança? Ire- mos estudar agora, outros três enfoques sobre o tema: a transacional, a transformacional e a carismática. A liderança transacional está associada às trocas rotineiras entre líder e seus liderados e o líder tem a incumbência de direcioná-los para o alcance dos objetivos e à elevação do desem- penho. (LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002; VECCHIO, 2008) REFLITA 17 https://famonline.instructure.com/files/132650/download?download_frd=1 Liderança Transacional “Líderes que conduzem ou motivam seus se- guidores em direção às metas estabelecidas por meio do esclarecimento das funções e das exigências das tarefas.” (ROBBINS, 2010, p. 374) Ou seja, podemos entender como liderança transacional aquela exercida pelo “chefe”, que gerencia as funções e alcance de objetivos por meio de recompensas e punições, sem que haja preocupações com a questão motivacional das pessoas. Esse tipo de liderança impõe suas opini- ões e é enérgica em suas atitudes e, pelo fato de não considerar as necessidades e expectativas da equipe, o clima organizacional e a satisfação no trabalho tende a ser prejudicada. Características do líder transacional Descrição Recompensa Contingente Negocia a troca de recompensa por esforço, promete recompensa pelo bom desempenho, reconhece as conquistas. Administração por Exceção (ativa) Procura e observa desvios das regras e padrões, tomando atitudes corretivas necessárias. Administração por Exceção (passiva) Intervém apenas quando os padrões não são alcançados. Laissez-faire Abdica das responsabilidades, evita tomar decisões. Tabela 4: Liderança Transacional. Fonte: Adaptado de Robbins (2010) 18 Por outro lado, na liderança transformacional existe um maior envolvimento emocional e moti- vacional, em que o líder engaja as pessoas para a mudança e compartilha valores. (LIMONGI- -FRANÇA; ARELLANO, 2002) Liderança Transformacional “Líderes que inspiram seus seguidores a transcen- derem os próprios interesses e que são capazes de causar um impacto profundo e extraordinário em seus liderados.” (ROBBINS, 2010, p. 374) Esse tipo de liderança tem como característica a sua potência e sua durabilidade, pela capacidade de influenciar o liderado a transcender seus próprios objetivos para alcançar os objetivos do grupo, em busca da conquista coletiva. O líder dedica grande parte de seu tempo interagindo com sua equipe, valendo-se de sua sensibilidade, empatia e apoiando constantemente seus seguidores a alcançarem os objetivos (BERGAMINI, 2009) O líder é capaz de compreender as necessidades e expectativas do grupo, atuando em conjunto para estabelecerem os objetivos, metas e mu- danças necessárias, compartilhando a mesma visão, missão e valores. O líder possui empatia e é capaz de compreender as necessidades e expectativas dos liderados, criando um ambiente propício para que se sintam motivados (tabela 5). 19 Características do líder transformacional Descrição Influência idealizada Oferece uma visão e o sentido da missão, estimula o orgulho, ganha respeito e confiança. Motivação inspiracional Comunica suas altas expectativas, utiliza símbolos para focar os esforços, expressa propósitos importantes de maneira simples. Estímulo intelectual Promove a inteligência, a racionalidade e a cuidadosa resolução de problemas. Consideração individualizada Dá atenção personalizada, trata de cada funcionário individualmente, aconselha, orienta. Tabela 5: Liderança Transformacional. Fonte: Adaptado de Robbins (2010) Outro tipo de liderança ocorre quando as pessoas atribuem capacidades heroicas e extraordinárias aos seus líderes, caracterizando-se a liderança carismática, que está associado ao carisma e à confiança, em que liderados aceitam, obedecem, se envolvem emocionalmente, além de possuir alto nível de desempenho. (LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002) 20 Liderança Carismática “Teoria que defende que os seguidores atribuem capacidades heroicas ou extraordinárias a seus líderes quando observam determinados com- portamentos” (ROBBINS, 2010, p. 360) Mas, será que o carisma é algo inato? Enquanto há especialistas que defendem ser herdado, grande parte dos estudiosos no assunto acredita que as pessoas podem ser treinadas para exibir comporta- mentos carismáticos. Como se dá esse processo? Primeiramente, é necessário apresentar uma aura de carisma, apresentando visão otimista e mostran- do toda a paixão e entusiasmo para influenciar as pessoas. Depois, é importante estabelecer laços com pessoas e, por fim, é fundamental valorizar o potencial das pessoas ao seu redor, enaltecendo o entusiasmo. (ROBBINS, 2010) A influência exercida pelos líderes carismáticos parte, essencialmente, do compartilhamento da visão. Essa visão de futuro atrai a todos, em que todos possuem o real interesse em alcançá-la. Essa visão deve ser claramente formalizada e compactuada com todos, com objetivos e metas claras. Uma vez que a comunicação é efetiva, se consolida o clima de confiança e o fortalecimento dos valores. O grande trunfo de uma liderança carismática é a alta correlação com o desempenho e a satisfação da equipe. (ROBBINS, 2010) 21 Características Descrição Visão e Articulação Eles têm uma visão – expressa como uma meta idealizada – que propõe um futuro melhor que o status quo. São capazes de esclarecer a importância da divisão em termos compreensíveis para os demais. Risco Pessoal Estão dispostos a correr riscos pessoais, assumem os custos de suas atitudes e sacrificam-se para atingir sua visão. Sensibilidade às necessidades dos liderados São perceptivos com relação às capacidades dos outros e sensíveis às suas necessidades e sentimentos. Comportamentos não convencionais Apresentam comportamentos vistos como inovadores e que vão contra as normas. Tabela 6: Liderança Carismática. Fonte: Adaptado de Robbins (2010). Agora que já compreendemos as diferenças en- tre as lideranças transacional, transformacional e carismática, convido você a refletir sobre as seguintes questões: será que há situações nas organizações em que a liderança transacional ou a transformacional é mais indicada?Por outro lado, será que a liderança carismática traz sem- pre resultados positivos para as organizações? PODCAST 5 22 https://famonline.instructure.com/files/132651/download?download_frd=1 A compreensão das teorias é essencial para que o gestor tenha em mãos as ferramentas necessá- rias para tomar decisões que julgar necessárias. Entretanto, essa compreensão também passa pelo entendimento das limitações dessas teorias. Por exemplo, nas situações de crise ou de emergência, cujo foco é a resolução do problema específico, há quem defenda que a liderança transacional seja mais efetiva; por outro lado, a liderança transformacional parece ser mais efetiva nos níveis administrativos mais elevados. Por fim, a liderança carismática pode ter seus efeitos perversos em função das ações do líder, quando as suas intenções se res- tringem somente a alimentar seu ego e devoção a si próprio. (VECCHIO, 2008) Como observamos no início, há diferentes pers- pectivas sobre a liderança. Além das teorias estudadas aqui, quais seriam as outras ideias sobre liderança? Para saber mais, acesse as leituras sugeridas nesses links: Qual estilo de liderança funciona melhor: ht- tps://exame.abril.com.br/negocios/5-estilos- -de-lideranca-e-quando-eles-funcionam-melhor Descubra seu estilo de liderança: https://exame. abril.com.br/pme/voce-sabe-qual-seu-estilo- -de-lideranca-descubra Estilos de Liderança: https://www.youtube. com/watch?v=DCF3SlKdrhE SAIBA MAIS 23 https://exame.abril.com.br/negocios/5-estilos-de-lideranca-e-quando-eles-funcionam-melhor/ https://exame.abril.com.br/negocios/5-estilos-de-lideranca-e-quando-eles-funcionam-melhor/ https://exame.abril.com.br/negocios/5-estilos-de-lideranca-e-quando-eles-funcionam-melhor/ https://exame.abril.com.br/pme/voce-sabe-qual-seu-estilo-de-lideranca-descubra/ https://exame.abril.com.br/pme/voce-sabe-qual-seu-estilo-de-lideranca-descubra/ https://exame.abril.com.br/pme/voce-sabe-qual-seu-estilo-de-lideranca-descubra/ https://www.youtube.com/watch?v=DCF3SlKdrhE https://www.youtube.com/watch?v=DCF3SlKdrhE Por fim, do ponto de vista prático, quais seriam os obstáculos a serem enfrentados pelo líder? Muitas das situações fogem ao controle do líder, uma vez que são diversas variáveis a se- rem consideradas nesse processo. Entretanto, estudos foram realizados indicando os principais assuntos que o líder não deve deixar de lado. Se- gundo Vecchio (2008, p. 159), foram listadas as 10 razões que podem levar um líder ao fracasso. 1. Ficar alheio a eventos no campo de atuação e limitar-se à própria área de atuação; 2. Recusar-se a assumir maior responsabilidade ou a ser responsável pelas próprias ações; 3. Deixar de se assegurar que as tarefas sejam entendidas, supervisionadas e finalizadas; 4. Recusar-se a avaliar, de modo realista, o pró- prio desempenho e capacidade; 5. Usar a posição para ganho pessoal ou faltar com a verdade; 6. Não dar um exemplo positivo e pessoal aos subordinados; 7. Tentar se apreciado, em vez de respeitado; 8. Enfatizar regras, no lugar de aptidões; 9. Falhar em manter construtivas as críticas; 10. Não dar atenção aos aborrecimentos e queixas dos empregados. 24 Você percebe alguma ligação entre esses itens e as teorias e perspectivas estudadas até aqui? Se não, convido você a retomar os conceitos analisados anteriormente e identificar quais itens estão relacionados às ideias estudadas. Vamos lá? Será que ainda há espaço, no mundo atual, para indivíduos que se comportam como “chefe” em relação às pessoas ao seu redor? Quais seriam as consequências dessa atitu- de, especialmente quando temos pessoas de diferentes gerações compondo a mesma equipe? Para ajudar nessa reflexão, assista ao vídeo disponível em: https://www.ted.com/talks/simon_si- n e k _ h o w _ g r e a t _ l e a d e r s _ i n s p i r e _ action?language=pt#t-588645 REFLITA 25 ConsIderações fInaIs O conhecimento é incremental, ou seja, novas ideias vão se juntando à anterior, trazendo novas formas e perspectivas. Estudamos os diferen- tes enfoques sobre liderança, realizando uma análise comparativa das teorias, bem como de suas limitações. O desafio que colocamos para você é para que se aprofunde nos estudos dos temas abordados aqui e vá além! Busque inves- tigar quais são as outras perspectivas que têm surgido ao longo do tempo. Afinal, conforme observamos aqui, a liderança é um potencial que pode ser desenvolvido em um processo contínuo de aprendizagem. Mão à obra! Bom trabalho! 26 A IMPORTÂNCIA DO LÍDER PARA O ENGAJAMENTO DA EQUIPE 1. Teoria dos Traços: buscou identificar os traços que poderiam descrever o comportamento os indivíduos. 2. Enfoque Contingencial: diferentes contextos demandam distintas maneiras de liderar. 3. Liderança Transacional: exercida pelo “chefe”, que geren- cia as funções e alcance de objetivos por meio de recompensas e punições. 4. Liderança Transformacional: exercida pelo “líder”, que inspiram seus seguidores a transcenderem os próprios interesses. 5. Liderança Carismática: ocorre quando seguidores atribuem capacidades heroicas ou extraordinárias a seus líde- res. síntese referênCIas BIBlIográfICas & Consultadas BERGAMINI, C. W. Liderança: administração do sentido. São Paulo: Atlas, 2009. [Minha Biblioteca] BERGAMINI, C. W. Motivação nas organiza- ções: nem todos fazem as mesmas coisas pelas mesmas razões. São Paulo: Atlas, 2018. [Minha Biblioteca] CORTELLA, M. S.; MUSSAK, E. Liderança em foco. Campinas: Papirus/7 Mares, 2013. [Bi- blioteca Virtual] DRUMMOND, V. S. Confiança e liderança nas organizações. São Paulo: Cengage Learning, 2007. [Minha Biblioteca] ESCORSIN, A.P.; WALGER, C. Liderança e de- senvolvimento de equipes. Curitiba: InterSabe- res, 2017. [Biblioteca Virtual] HUNTER, J. O Monge e o executivo. Rio de Janeiro: Sextante, 2004. LIMONGI-FRANÇA, A. C.; ARELLANO, E. B. Liderança, poder e comportamento organiza- cional. In: FLEURY, M. T. L. (Coord.) As pesso- as na organização. São Paulo: Editora Gente, 2002. ROBBINS, S. 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