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DIFTERIA, TÉTANO E COQUELUCHE DIFTERIA A difteria, também conhecida como “crupe”, é uma doença transmissível aguda, toxi-infecciosa e imunoprevenível, causada por bactéria, que se aloja principalmente nas amígdalas, faringe, laringe, nariz e, ocasionalmente, em outras mucosas do corpo, além da pele. A difteria ocorre durante todos os períodos do ano e pode afetar todas as pessoas não imunizadas, de qualquer idade, raça ou sexo. Ministério Saúde, 2019 A doença ocorre com maior frequência em áreas com precárias condições socioeconômicas, onde a aglomeração de pessoas é maior e onde se registram baixas coberturas vacinais. O Brasil, desde a década de 1990, apresentou importante redução na incidência dos casos, mediante a ampliação das coberturas vacinais. Entre os anos de 2003 a 2018, a Região Nordeste se destaca com o maior percentual de casos 40%, (87/196) seguida das regiões Sudeste e Sul, com 25% (49/196) e 15% (30/196) respectivamente. Difteria Epidemiologia Difteria Epidemiologia Difteria Epidemiologia Ministério Saúde, 2019 Difteria Doença toxi-infecciosa aguda, contagiosa, potencialmente letal, causada por bacilo toxigênico. É caracterizada por apresentar placas pseudomembranosas típicas. A via respiratória superior e a pele são locais habitualmente colonizados pela bactéria. Reservatório → O principal é o próprio doente ou o portador, sendo esse último mais importante na disseminação do bacilo, pela maior frequência na comunidade e por ser assintomático. Período de incubação → Em geral, de 1 a 6 dias, podendo ser mais longo. 1 3 4 Agente etiológico→ Corynebacterium diphtheriae, bacilo gram-positivo, produtor da toxina diftérica, quando infectado por um fago específico. 2 Transmissibilidade → Em média, até duas semanas após o início dos sintomas. A antibioticoterapia adequada elimina, na maioria dos casos, o bacilo diftérico da orofaringe, 24 a 48 horas após sua introdução. O portador pode eliminar o bacilo por 6 meses ou mais, motivo pelo qual se torna extremamente importante na disseminação da difteria. 5 Difteria Modo de transmissão → Ocorre pelo contato direto de pessoa doente ou portadores com pessoa suscetível, por meio de gotículas de secreção respiratória, eliminadas por tosse, espirro ou ao falar. → Em casos raros, pode ocorrer a contaminação por fômites. Difteria Suscetibilidade e imunidade → A suscetibilidade é geral. → A imunidade pode ser naturalmente adquirida pela passagem de anticorpos maternos via transplacentária, que protegem o bebê nos primeiros meses de vida, ou através de infecções inaparentes atípicas, que conferem imunidade em diferentes graus, dependendo da maior ou menor exposição dos indivíduos. → A imunidade também pode ser adquirida ativamente pela vacinação com toxóide diftérico. → A doença normalmente não confere imunidade permanente, devendo o doente continuar seu esquema de vacinação após a alta hospitalar. Difteria Manifestações clínicas → Placas pseudomembranosas branco- acinzentadas, aderentes, que se instalam nas amígdalas e invadem estruturas vizinhas, é a manifestação clínica típica. Essas placas podem se localizar na faringe, na laringe e nas fossas nasais, e, com menos frequência, também são observadas na conjuntiva, na pele, no conduto auditivo, na vulva, no pênis (pós-circuncisão) → Comprometimento do estado geral do paciente, que pode se apresentar prostrado e pálido. → A dor de garganta é discreta, independentemente da localização ou quantidade de placas existentes. → A febre normalmente não é muito elevada, variando de 37,5 a 38,5°C, embora temperaturas mais altas não afastem o diagnóstico. Difteria Manifestações clínicas →Nos casos mais graves, há intenso edema do pescoço, com grande aumento dos gânglios linfáticos dessa área (pescoço taurino) e edema periganglionar nas cadeias cervicais e submandibulares. →Dependendo do tamanho e localização da placa pseudomembranosa, pode ocorrer asfixia mecânica aguda no paciente, o que muitas vezes exige imediata traqueostomia para evitar a morte. Difteria Formas clínicas → Faringoamigdaliana ou faringotonsilar (angina diftérica) − é a mais comum. Nas primeiras horas da doença, observa-se discreto aumento de volume das amígdalas, além da hiperemia de toda a faringe. Em seguida, ocorre a formação das pseudomembranas características, aderentes e invasivas, constituídas por placas esbranquiçadas ou amarelo-acinzentadas, eventualmente de cor cinzento-escura ou negra, que se tornam espessas e com bordas bem definidas. → Difteria hipertóxia (difteria maligna) − denominação dada aos casos graves, intensamente tóxicos, que, desde o início, apresentam importante comprometimento do estado geral. Observa-se a presença de placas de aspecto necrótico, que ultrapassam os limites das amígdalas, comprometendo as estruturas vizinhas. Há um aumento importante do volume dos gânglios da cadeia cervical e edema periganglionar, pouco doloroso à palpação, caracterizando o pescoço taurino. Difteria Formas clínicas → Laríngea (laringite diftérica)− na maioria dos casos, a doença se inicia na região da orofaringe, progredindo até a laringe. É uma forma bastante comum no Brasil. Os sintomas iniciais, além dos que são vistos na faringe diftérica, são: tosse, rouquidão, disfonia e dificuldade respiratória progressiva, podendo evoluir para insuficiência respiratória aguda. Em casos raros, pode haver comprometimento isolado da laringe, o que dificulta o diagnóstico. → Nasal (rinite difitérica) − é mais frequente em lactentes, sendo, na maioria das vezes, concomitante à angina diftérica. Desde o início observa- se secreção nasal serossanguinolenta, geralmente unilateral, podendo ser bilateral, que provoca lesões nas bordas do nariz e no lábio superior. Difteria Formas clínicas → Cutânea - apresenta-se sob a forma de úlcera arredondada, com exsudato fibrinopurulento e bordas bem demarcadas que, embora profunda, não alcança o tecido celular subcutâneo. Devido à pouca absorção da toxina pela pele, a lesão ulcerada de difteria pode se tornar subaguda ou crônica. No entanto, seu portador constitui-se em reservatório e disseminador do bacilo diftérico, daí sua importância na cadeia epidemiológica da doença. Difteria Complicações → Miocardite; → Neurite; → Nefropatia. Em geral, a difteria é uma doença grave que necessita de assistência médico-hospitalar imediata e isolamento. Difteria Diagnóstico → O diagnóstico da difteria é clínico, após análise detalhada dos sintomas e características típicas da doença por um profissional de saúde. Para confirmação do diagnóstico, o médico deverá solicitar coleta de secreção de nasofrainge para cultura. Em casos de suspeita de difteria cutânea (na pele), devem ser coletadas amostras das lesões da pele. É realizado pelo isolamento e identificação do C. diphtheriae por meio de cultura de amostras biológicas. Essa técnica é considerada o padrão ouro para o diagnóstico da difteria. Difteria Tratamento → A medida terapêutica eficaz na difteria é a administração do soro antidiftérico (SAD), que deve ser feita em unidade hospitalar, e cuja finalidade é inativar a toxina circulante o mais rápido possível, possibilitando a circulação de excesso de anticorpos em quantidade suficiente para neutralizar a toxina produzida pelos bacilos. → O uso de antibiótico deve ser considerado como medida auxiliar da terapia específica, objetivando interromper a produção de exotoxina, pela destruição dos bacilos diftéricos e sua disseminação. Pode-se utilizar eritromicina ou penicilina G cristalina ou penicilina G procaína, com a mesma eficácia, durante 14 dias. O prognóstico depende do estado imunitário do paciente, da precocidade do diagnóstico e da instituição do tratamento. Difteria → Doença de notificação compulsória. → Todo caso suspeito deve ser notificado imediatamente, para desencadeamento da investigação e adoção das medidas de controle pertinentes. O prognóstico depende do estado imunitário do paciente, da precocidade do diagnósticoe da instituição do tratamento. Difteria Prevenção → A vacinação com o toxóide diftérico é a medida de controle mais importante da difteria. → O emprego sistemático dessa vacina, com altas coberturas vacinais ao longo do tempo, além de diminuir a incidência de casos clínicos, determina importante redução do número de portadores, induzindo a chamada “imunidade coletiva”. → Os indivíduos adequadamente imunizados neutralizarão a toxina produzida pelo bacilo diftérico, responsável pelas manifestações clínicas da doença. Difteria Cuidados de Enfermagem → Deve ser realizada a investigação dos casos e dos comunicantes imediatamente após a notificação do caso suspeito, devido ao curto período de incubação e à alta transmissibilidade da doença. O procedimento visa à detecção precoce de outros casos. → Nesse sentido, é importante desencadear busca ativa, ou seja, ir à comunidade, escola, local de trabalho e perguntar se há casos de “amigdalite”. Difteria Ministério Saúde, 2019 Difteria Cuidados de Enfermagem - Lavar sempre as mãos, antes e depois de qualquer procedimento; - Manter paciente em repouso no leito; - Administrar medicações, antibioticoterapia; - Fazer higiene bucal e gargarejo regularmente; - Controle do equilíbrio hidroeletrolítico (sódio, potássio, cálcio, etc); - Nebulização ou vaporização, oxigenação; - Administrar dieta líquido-pastosa (facilita a ingestão dos alimentos); - Fazer controle frequente de temperatura, saturação, edema; - Observar e comunicar sinais de alterações no comportamento; - Manter precauções respiratórias, principalmente, máscaras e luvas, durante o período de transmissão; - Orientar o paciente e família, sobre os cuidados pós-alta. TÉTANO No Brasil, observa-se um declínio do número de casos de tétano acidental. Na década de 1990, foram registrados em média mais de 1.000 casos por ano, caindo em média para 460 casos por ano na década de 2000. A maioria dos casos de tétano acidental ocorre nas categorias dos aposentados e pensionistas, bem como entre os trabalhadores agropecuários, seguida pelos grupos de trabalhadores da construção civil (pedreiros) e donas de casa. Ministério Saúde, 2019 Em 2016, 2017 e 2018, foram confirmados 243, 230 e 196 casos, em todo o país. A letalidade, nesse mesmo período, foi de 33%, 30% e 38,7% respectivamente, sendo considerada elevada, quando comparada com os países desenvolvidos, onde se apresenta entre 10 a 17%. Tétano acidental Epidemiologia Tétano acidental Epidemiologia Tétano acidental Tétano acidental AGENTE ETIOLÓGICO O C. tetani é um bacilo gram- positivo esporulado, anaeróbico, semelhante à cabeça de um alfinete, com 4 a 10 µm Produz esporos que lhe permitem sobreviver no meio ambiente por vários anos. Tétano acidental Tétano acidental Tétano acidental Modo de transmissão A presença de tecidos desvitalizados, corpos estranhos, isquemia e infecção contribuem para diminuir o potencial de oxirredução e, assim, estabelecer as condições favoráveis ao desenvolvimento do bacilo. Tétano acidental Suscetibilidade e imunidade Tétano acidental Manifestações clínicas A toxina produzida pela bactéria ataca principalmente o sistema nervoso central. Os espasmos podem ser tão fortes que rompem os músculos ou causam fraturas na coluna. Tétano acidental Manifestações clínicas Rigidez paravertebral - Opistótono Trismo / riso sardônico A hipertonia torácica, a contração da glote e as crises espásticas podem determinar insuficiência respiratória, causa frequente de morte nos doentes de tétano. Tétano acidental Manifestações clínicas Tétano acidental Complicações Tétano acidental Diagnóstico É essencialmente clínico e não depende de confirmação laboratorial. Os exames laboratoriais auxiliam no tratamento do paciente e no controle das complicações. Tétano acidental Tratamento Tétano acidental Tratamento Tétano acidental Tratamento Tétano acidental Tratamento / cuidados - Sedar e relaxar o paciente antes de qualquer procedimento; - Utilizar analgésico para aliviar a dor ocasionada pela contratura muscular. Tétano acidental Tétano acidental Prevenção A principal medida de prevenção contra do tétano acidental é a vacinação. A vacina Penta oferece proteção contra difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenza tipo B e hepatite B. Tétano acidental Ministério Saúde, 2019 Com a implementação de uma política de eliminação do tétano neonatal como problema de saúde pública no mundo, sua incidência tem sido reduzida sensivelmente, principalmente nas Américas. Ministério Saúde, 2019 No Brasil, entre 2007 e 2016, ocorreram 35 casos de tétano neonatal, com maior registro nas regiões Norte e Nordeste. Nesse período, verificou-se uma tendência decrescente no comportamento da doença, com redução de 80% no número de casos. A taxa de incidência no país está abaixo do preconizado pela OMS. Tétano Neonatal Epidemiologia Ministério Saúde, 2019 Tétano Neonatal Ministério Saúde, 2019 Tétano Neonatal Ministério Saúde, 2019 Tétano Neonatal Transmissão Ministério Saúde, 2019 Tétano Neonatal Transmissão Tétano Neonatal Manifestações clínicas Os espasmos são desencadeados ao menor estímulo (tátil, luminoso, sonoro, por temperaturas elevadas) ou surgem espontaneamente. Tétano Neonatal Manifestações clínicas OPISTÓTONO FLEXÃO DOS PUNHOS Contração da musculatura da mímica facial leva ao cerramento dos olhos, fronte pregueada e contratura da musculatura dos lábios, como se o recém-nascido fosse pronunciar a letra U. Tétano Neonatal Complicações Tétano Neonatal Diagnóstico / Tratamento O diagnóstico é essencialmente clínico e não existe exame laboratorial específico para diagnóstico do tétano. * O recém-nascido deve ser internado em unidade de terapia intensiva (UTI) ou em enfermaria apropriada, deve dispor de isolamento acústico, redução da luminosidade, de ruídos e da temperatura ambiente. Tétano Neonatal Tratamento Além da antibioticoterapia, o debridamento do foco infeccioso é importante. O tratamento cirúrgico do foco deve ser precedido do uso da antitoxina tetânica e é de grande relevância a retirada de corpos estranhos e tecidos desvitalizados. Tétano Neonatal Tétano Neonatal Prevenção → A realização do pré-natal é extremamente importante para prevenir o tétano neonatal. → É quando se inicia o estabelecimento de um vínculo entre a usuária e a unidade de saúde, onde serão realizadas as ações de vacinação (atualização ou início do esquema vacinal), promoção do parto asséptico, da amamentação, do planejamento familiar e dos cuidados de higiene com o recém-nascido, em especial do coto umbilical. → Nesse sentido, é necessário melhorar a cobertura e a qualidade do pré- natal e da atenção ao parto e puerpério. Tétano Neonatal Prevenção Ministério Saúde, 2019 COQUELUCHE Desde a década de 1990, verifica-se significativa redução na incidência dos casos de coqueluche no Brasil, decorrente da ampliação das coberturas vacinais de tetravalente e tríplice bacteriana. Com a manutenção das altas coberturas vacinais, a incidência continuou a cair, passando de 0,72/100.000 hab., em 2004, e para 0,32/100.000 hab., em 2010. Ministério Saúde, 2019 Em 2014, registrou-se maior pico de casos, com incidência de 4,2/100.000 hab. A partir de 2015, observa-se uma diminuição do número de casos em que a incidência da doença passou de 4,2/100.000 habitantes em 2014 para 1,0/100.000 habitantes em 2018. Em 2016, 2017 e 2018 foram registrados 1.333, 1.900 e 2.098 casos de coqueluche no país. Coqueluche Epidemiologia Coqueluche Epidemiologia Coqueluche Epidemiologia Coqueluche Doença infecciosa aguda, de alta transmissibilidade, de distribuição universal. Importante causa de morbimortalidade infantil. Em lactentes, pode resultar em um número elevado de complicações e até em morte. Agente etiológico → Bordetella pertussis, bacilo gram-negativo, aeróbio, não esporulado, imóvel e pequeno, provido decápsula (formas patogênicas). 1 3 4 Compromete especificamente o aparelho respiratório e se caracteriza por paroxismos de tosse seca. 2 Reservatório → O homem é o único reservatório natural. Ainda não foi demonstrada a existência de portadores crônicos, embora possam ocorrer casos assintomáticos, com pouca importância na disseminação da doença. 5 Coqueluche Coqueluche → Ocorre, principalmente, pelo contato direto entre a pessoa doente e a pessoa suscetível, por meio de gotículas de secreção. → Em alguns casos, pode ocorrer a transmissão por objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas doentes, mas isso é pouco frequente, pela dificuldade de o agente sobreviver fora do hospedeiro. Coqueluche Em lactentes menores de 6 meses, pode prolongar-se por até 4 ou 6 semanas após o início da tosse. Coqueluche Manifestações clínicas Os lactentes jovens (principalmente os menores de 6 meses) constituem o grupo de indivíduos particularmente propenso a apresentar formas graves, muitas vezes letais. Coqueluche O cuidado adequado para esses bebês exige hospitalização, isolamento, vigilância permanente e procedimentos especializados. Coqueluche Complicações Coqueluche Diagnóstico → É realizado mediante o isolamento da B. pertussis pela cultura de material colhido de nasofaringe. → A coleta do espécime clínico deve ser realizada antes da antibioticoterapia ou, no máximo, até 3 dias após seu início. → Não se dispõe, até o momento, de testes sorológicos adequados e padronizados. Coqueluche Tratamento Coqueluche Coqueluche BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. ed 3. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Referências Bibliográficas
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