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Atividade 1 - Desafios Contemporâneos -

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Leila Reis de Souza Lima 
Atividade 1 – Desafios Contemporâneos 
A história ocidental vem sendo impactada de diferentes formas, ao menos, a partir da segunda metade do século XX, podemos observar um grande número de “novos” sujeitos sociais a expressarem-se no cenário político e social. Nesse contexto, a emergência dos chamados subalternos, provocam no âmbito dos espaços de poder importantes reflexões sobre outros sujeitos, que com o ascenso das lutas sociais iniciaram movimentos de críticas contundentes à ideia de sujeito universal da História. Nos últimos 50 anos, as pautas feministas que, juntamente, com as demandas dos movimentos LGBTs, emergiram com muita força pressionando as sociedades, em seus lugares de poder, pela ampliação dos Direitos Humanos, acolhendo Mulheres e LGBTs como sujeitos de direitos. Da mesma forma, por conta de suas particularidades históricas, as populações indígenas e negras, coerentes com sua trajetória de resistência à extrema exploração e bárbara violência que sofreram, passam a imprimir aos combates do presente sua marca e seu capital cultural e político que muito tem a nos ensinar. [...] As expressões dessas lutas no Brasil ganharam espaço no ano de 2013, que foi marcado por uma série de manifestações, que arregimentaram setores diversos da sociedade civil. Se o mote dessas mobilizações foi o aumento da passagem de ônibus (R$ 0,20 centavos), ficou nítido que a necessidade de manifestar-se não se limitava à essa questão, tendo em vista que diversos movimentos sociais empunharam suas bandeiras de luta pelas ruas do país. Esses movimentos, reconfigurados no presente, têm suas raízes em séculos de lutas – nacionais e internacionais.
Fonte: DALAGASSA. A.H. et al. Contra todas as formas de assédio, em defesa dos direitos das mulheres, das-is indígenas, das/os negras/os, e das/os LGBT - Cartilha do GTPCEGDS, Brasília, 2017. Disponível em: http://portal.andes.org.br/imprensa/documentos/imp-doc-1669293546.pdf
Historicamente é possível observar que parcelas da população foram privadas, de diversas formas, dos direitos de liberdade e igualdade apontados na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Essas parcelas da população são reconhecidas a partir do termo “minorias”, e eles são responsáveis por movimentos sociais plurais, com horizontes e objetivos comuns em prol de combater o preconceito e adquirir maior espaço nos diversos setores sociais. Nesse sentido, a partir das informações do texto-base e dos conhecimentos adquiridos na disciplina Desafios Contemporâneos, proponha medidas adequadas para o combate às formas de preconceito e políticas públicas que apresentem garantias para que o direito dessas segmentos seja respeitado.
Direitos Humanos é uma categoria de direitos básicos assegurados a todo e qualquer ser humano, não importando a classe social, raça, nacionalidade, religião, cultura, profissão, gênero, orientação sexual, ao porte de necessidades especiais ou qualquer outra variante possível que possa diferenciar os seres humanos. 
 Primeiramente devemos reconhecer que no Brasil nem todas as pessoas exercem de fato os seus direitos, boa parte da população brasileira se encontra marginalizada e de algum modo excluída do processo de socialização. Chamamos de “minorias” alguns grupos que se encontram vulneráveis em relação aos seus direitos.
A partir de uma visão contemporânea, podemos afirmar que a sociedade capitalista estabelece como “o melhor” um padrão elitista a ser seguido. Entretanto, as minorias são setores sociais que fogem das diversas normatizações impostas e por mais contraditório que pareça, elas são a maioria em números absolutos.
 O sistema capitalista vende a ideia de que quem não atende a classificação normativa da qual foi imposta, é tido como um ser reduzido e sem valor. A hegemonia das classes dominantes se mantem no poder através desta ideologia.
E as pessoas que são beneficiadas através do padrão normativo, são pessoas brancas, com altos resquícios de um sistema misógino, de classe média para a alta, heterossexuais, consideradas produtivas, etc.
Dentre os grupos minoritários que buscam seus direitos e espaço nesta representatividade do poder podemos citar as minorias étnicas negras e indígenas, os negros originários do continente africano, as minorias nacionais: povos ciganos, povos bascos e judeus, a população de baixa renda, mulheres, comunidade LGBTQIA+, MST Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e MTST Movimento dos Trabalhadores Sem Teto.
Diversas pesquisas mostram que o Brasil é um país racista, machista e preconceituoso.
Inúmeras são as formas de preconceito na sociedade, que pode ser encontrada facilmente, como por exemplo, contra a pessoa obesa, o negro, a pessoa magra demais, homossexuais, a mulher, a religião que a pessoa segue etc.
O preconceito nem sempre vem acompanhado de uma agressão, em sua maioria é revelado de maneira sutil, com discretos atos que comprovam a sua existência no subconsciente de quem convive com essa diferença.
São várias as consequências vislumbradas em vítimas de atos discriminatórios, dentre elas a depressão, a baixa autoestima, a agressividade, desvios comportamentais, formação debilitada da identidade, além de dificuldades na aprendizagem.
Também são variados os comportamentos expressivos de quem sofre o preconceito. As pessoas que sofrem desse mal passam a ter dificuldade de se relacionar, tem atitudes de competição, muitas vezes de demonstram agressivas e violentas, têm comprometimento do senso crítico e ético, sentem-se inferiores ou até mesmo se expressam de forma superiores, causando uma inadequação social. 
As ações afirmativas têm minimizado gradativamente os efeitos do preconceito, principalmente com relação ao negro, à mulher e a pessoa deficiente. 
Da participação ativa de organizações não governamentais feministas, órgãos internacionais de direitos humanos, setores acadêmicos, pessoas ligadas ao Direito, poder Executivo e o Congresso Nacional foi criada a Lei Maria da Penha (11.340/2006). Segundo dados do IPEA de 2015, essa legislação contribuiu para a diminuição em 10% sobre os casos de assassinatos contra mulheres no país.
Também no âmbito do combate à violência contra a mulher, existe a Secretaria de Políticas para as Mulheres, órgão federal criado em 2003 e de importância central para a defesa dos direitos das mulheres. Um de seus serviços é a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência – Ligue 180, que recebe denúncias de violência e reclamações sobre os serviços da rede de atendimento à mulher e orienta sobre seus direitos e sobre a legislação vigente.
Durante o governo da presidente, outra medida de grande repercussão nesse tema foi sancionada: a Lei 13.104/15, que torna qualificado o homicídio quando realizado contra mulheres em razão do gênero (também conhecido como feminicídio) e o inclui no rol de crimes hediondos.
Um programa que muitas vezes é encarado como puro assistencialismo, mas que na prática é uma política pública eficaz não só na redistribuição de renda como na melhoria da vida de milhares de brasileiras é Bolsa Família.
Mesmo com esses avanços (ou por causa deles), ameaças de retrocessos – ligados, principalmente, às questões de saúde e direitos reprodutivos e do direito a estar livre de todas as formas de discriminação – persistem. Projetos como o Estatuto do Nascituro ou que dificultam o tratamento adequado a mulheres vítimas de estupro, além de falas discriminatórias e violentas feitas por parlamentares a suas colegas mulheres, são alguns exemplos recentes.
Em maio de 2016, o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos foi extinto. Além disso, todos os Ministérios passaram a ser ocupados por homens. Diante dessa realidade, o país caiu 22 posições em ranking internacional de igualdade de gênero. 
“Não ter mulheres significa perder, pois metade da população não está representada, nesse governo, nessa junta executiva. A possibilidade de perdas de políticas públicas, dos avanços, da [possibilidade de] ir além do que normalmente estásendo visto por só uma parte da população, é muito grande”, afirmou a representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman.
Persiste uma articulação das desigualdades de gênero e raciais no contexto da educação, do mercado de trabalho e renda, da exclusão e da violência. Recortes de classe e raça também devem ser feitos. De acordo com o Mapa da Violência 2015, o número de mulheres negras mortas cresceu 54% em 10 anos (de 2003 a 2013), enquanto que o número de mulheres brancas assassinadas caiu 10% no mesmo período.
A inclusão de temas ligados ao gênero (discriminação e violências contra mulheres e LGBTfobias, por exemplo) foi algo muito discutido, disputado e vencido na aprovação de planos de educação no âmbito nacional, estadual e municipal.
Os programas de saúde avançaram. No entanto, a mulher é atendida baseada em sua função na família. O direito à decisão sobre o próprio corpo, a exercer sua sexualidade, a partos bem assistidos e livres de violência e mesmo a ter atendimento adequado sendo lésbica ou transexual permanecem como necessidades.
Com tantos desafios, iniciativas municipais e da sociedade civil são importantes e podem servir de modelo a ser propagado. Em São Paulo, dois programas têm o objetivo de promover os direitos humanos e promover a cidadania LGBT: os Centros de Cidadania LGBT e o Transcidadania. O governo de Minas Gerais já estrutura uma ação semelhante a este último e representante do governo norte-americano também foram a São Paulo conhecer a iniciativa. Jovens adolescentes também estão engajados e formaram a Rede Nacional de Adolescentes LGBT.
Organizações não governamentais são igualmente importantes. Geledés Instituto da Mulher Negra e Themis Gênero e Justiça são idealizadoras da plataforma PLP 2.0 de enfrentamento à violência contra mulher, criado para fortalecer a rede de proteção para mulheres em situação de violência.
Coletivos e mulheres organizadas autonomamente das mais diversas formas são outras iniciativas significativas. O Coletivo de Saúde Feminista Sexualidade e Saúde, por exemplo. O Coletivo é uma ONG que desenvolve desde 1981 um trabalho com especial foco na atenção primária em saúde das mulheres, com uma perspectiva feminista e humanizada. Assim, as políticas públicas voltadas às mulheres são conquistas dadas das mais diversas maneiras.
Espaços no plano institucional, cargos eletivos e as formas alternativas de participação política são três eixos que atuando conjuntamente nos dão um horizonte de grandes possibilidades. Nas ruas e nas redes conquistamos muitos direitos, a começar pelo direito ao voto até as políticas públicas de gênero hoje existentes. Os problemas que as mulheres levantam se forem encarados, vão trazer soluções para toda a sociedade, e não só para as mulheres. Há muito que fazer e retrocessos para evitar. Juntas e juntos podemos construir uma sociedade igualitária.
A garantia de participação de cada gênero na política, com reserva de no mínimo 30%, é uma vitória significante para o sexo feminino. Até as primeiras décadas do Século XX a mulher era apenas cidadão de segunda categoria.
Desde 1961 o legislador vem trabalhando a inclusão do deficiente no meio escolar, o que vem gradativamente tendo maior atenção depois da Constituição Federal de 1988. O Decreto nº 3.956/2001 trouxe em seu bojo a reafirmação de que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, sendo que qualquer diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais será considerado como discriminação.
Desde 1991 é obrigatória a contratação de deficientes para trabalhar em empresas privadas e públicas. Inegável que essa legislação trás no seu bojo o sentimento de inclusão dessas pessoas que de certa forma sofrem discriminação.
É incontestável que o Brasil tem, constitucionalmente, o objetivo fundamental de construir uma sociedade livre, justa e solidária, assim como promover a redução das desigualdades, sem preconceito de raça ou qualquer outra forma de discriminação. Mas é inegável que os diversos preconceitos que assolam a nossa sociedade residem como uma linha que separa um do outro, qual seja o preto do branco, o gordo do magro, o homem da mulher etc.
As decisões de adoção de cotas nas universidades e, agora, também nos tribunais, é uma construção cultural para acabar com a segregação.
A cota racial aplicada em concurso público, por exemplo, é uma ação que visa a integrar o negro à sociedade de dominação branca através da criação de políticas que favoreçam a igualdade de oportunidades entre brancos e negra.
Como forma de reparação dessa desigualdade ainda tão alarmante, recentemente, a Ordem dos Advogados do Brasil concedeu o título de advogado a LUIZ GAMA, depois de 133 anos da sua morte. O rábula, orador, jornalista e escritor brasileiro, nascido de mãe negra livre e pai branco, foram feito escravo, vendido pelo pai para pagar uma divida, estudioso, mas impedido de cursar direito por ser negro.
Esse título de reconhecimento é um meio de resgatar também a esperança na construção de um país melhor, de um mundo mais justo e também da luta que o povo negro vem travando há mais de 120 anos.
Portanto, as ações afirmativas assumem um significado muito especial e irrestrito, uma vez que assegura o acesso a posições sociais importantes a membros de grupos que, na ausência dessa medida, permaneceriam excluídos.
O preconceito ainda encontra-se arraigado na sociedade, sendo atingidas todas as classes, idades e diferentes tipos de pessoas, sejam famosas ou anônimas.  Os obstáculos a uma educação que se volte contra os atos praticados por pessoas que resistam se adequar ao processo civilizatório certamente são muitos. Vivemos numa sociedade de uma cultura machista, homofóbica e racista, onde  as atitudes de certas pessoas matam todos os dias.
Um primeiro marco relativo à formulação de políticas públicas foi o Programa Nacional de Direitos Humanos 2 (PNDH 2), divulgado em 2002 pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso, que trazia, entre suas 518 ações, cinco que contemplavam "orientação sexual" como uma dimensão da "garantia do direito à liberdade, opinião e expressão" e dez relativas à "garantia do direito à igualdade" de "Gays, Lésbicas, Travestis, Transexuais e Bissexuais – GLTTB".6 A primeira versão do PNDH, aprovada em 1996, já pretendia atribuir aos direitos humanos o estatuto de política pública, seguindo recomendação aprovada na Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, realizada em Viena, em 1993; mas não fazia nenhuma alusão à população LGBT. Já no prefácio à segunda versão do PNDH, o referido Presidente diz que os "direitos dos homossexuais" passaram a integrar a pauta das políticas públicas do Governo Federal. Tais ações voltadas para atender demandas do movimento LGBT, contudo, não chegaram a ser assumidas por nenhum órgão de governo como um conjunto de diretrizes para a formulação de políticas públicas. Àquela época, também se deve registrar, a frente prioritária de atuação do movimento LGBT estava no Poder Legislativo, ainda que já fossem visíveis as resistências às demandas relativas a direitos sexuais e reprodutivos, especialmente em função da atuação de parlamentares vinculadas a grupos religiosos.
Talvez essa seja a principal razão para o movimento organizado ter voltado seu foco de atuação para o Poder Executivo, encontrando receptividade do Governo Lula que, de 2004 em diante, começou a assegurar direitos diversos, a partir de um conjunto de seis iniciativas principais: 
• criação do Brasil Sem Homofobia (BSH) – Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLBT e de Promoção da Cidadania Homossexual, em 2004;
• realização da I Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, com o tema Direitos humanos e políticas públicas: o caminho para garantir a cidadania de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, em 2008;
• lançamento do Plano Nacional de Promoção da Cidadaniae Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – PNDCDH-LGBT, 2009;
• publicação do decreto que cria o Programa Nacional de Direitos Humanos 3 – PNDH 3, 2009;
• criação da Coordenadoria Nacional de Promoção dos Direitos de LGBT, no âmbito da Secretaria de Direitos Humanos, 2010; e
• implantação do Conselho Nacional LGBT, em 2010, com representação paritária do governo federal e da sociedade civil. 
As ações e os programas mapeados em nossa pesquisa são, em princípio, produto do reconhecimento, pelo Poder Executivo dos diferentes níveis de governo (federal, estadual e municipal), da necessidade de políticas públicas de combate ao preconceito, à discriminação e à exclusão que atingem essa população. E mais: tais ações e programas são particularmente importantes num cenário em que o Poder Legislativo ainda não aprovou nenhuma lei que assegure direitos civis e sociais à população LGBT e em que o acesso ao Poder Judiciário é restrito, na maior parte das vezes, às pessoas que dispõem de recursos financeiros para contratar advogadas e às que têm coragem para enfrentar a recorrente homofobia de Estado, cujas magistradas, diante do vazio legal, muitas vezes ainda se negam a reconhecer que há vidas legítimas e inteligíveis para além da heteronormatividade.
O desenvolvimento da pesquisa pautou-se, ainda, pela compreensão de que a pretensão de realizar um mapeamento preliminar e crítico de políticas públicas para a população LGBT não implicava um monitoramento e/ou uma avaliação estritos de tais políticas, por mais que tenhamos convicção quanto à importância dos processos avaliativos e de sua fragilidade no cenário brasileiro. Assim, o mapeamento objetivou apontar questões centrais e sinalizar pontos de força e de fragilidade na forma como o governo, a sociedade civil e outras atrizes sociais vêm enfrentando o desafio da garantia de direitos humanos e de cidadania para pessoas LGTB, que ainda são vistas por muitos como sujeitos não legítimos para reivindicar direitos na arena política ou até mesmo como não humanos o suficiente para terem sua integridade física, autonomia moral e liberdade existencial protegida pelo Estado.
Não restam dúvidas, porém, de que investigar processos sociais, políticos, culturais e econômicos em curso – no presente e em tempo real – é um desafio que nos coloca diante dos limites e das fragilidades do olhar de pesquisadoras e dos questionamentos acerca de nossa capacidade de compreender os fenômenos sociais em toda sua complexidade, dinamicidade, intangibilidade e porosidade. Isso é particularmente relevante quando se observa o grande número de iniciativas isoladas, relativas à proteção de direitos de pessoas LGBT, que têm sido propostas pelo Poder Executivo, nos três níveis de governo, o que torna praticamente impossível manter um mapeamento atualizado. Talvez o exemplo mais emblemático seja o do crescente número de portarias, resoluções, decretos e mesmo leis que disciplinam o uso de nomes sociais por travestis e transexuais, aprovados em 2009 e 2010, em diferentes estados e municípios. O caráter fragmentado dessas iniciativas, cujo alcance às vezes se restringe a áreas específicas como saúde, educação ou assistência social, explicita como as demandas da população LGBT têm encontrado acolhidas crescentes por parte da administração pública, ao mesmo tempo em que ainda não é objeto de políticas públicas mais organicamente articuladas e de alcance nacional.
Esse exemplo talvez seja a melhor expressão de como, em face da ausência de uma legislação federal que explicitamente assegure direitos civis para a população LGBT, o movimento social tem encontrado alternativas, ainda que parciais e de alcance limitado, recorrendo ao apoio de governadoras, prefeitas, secretárias de governo e gestoras públicas sensíveis às suas demandas. Paradoxalmente, a realidade que se materializa contraria a tradição de um federalismo centralizado, próprio ao Estado brasileiro (Souza, 2010), já que estados e municípios distintos têm dado tratamento diferenciado a reivindicações de uma mesma ordem, criando uma situação de insegurança jurídica quanto aos direitos assegurados, já que não existe uma normativa de alcance nacional12, mesmo que não seja lei, que atenda à reivindicação da maneira mais ampla e uniforme possível. Deve ser lembrado que, também em face da ausência de uma lei de alcance nacional que penalize práticas homofóbica e diante da competência privativa da União para legislar sobre direito penal, vários estados e municípios têm rompido com o mencionado centralismo federativo, por meio da aprovação de leis que preveem apenas sanções na esfera civil, como multa, advertência e cassação de alvarás de funcionamento, em situações em que fique comprovada a discriminação de lésbicas, gays, bissexuais, travestis ou transexuais em órgãos públicos e estabelecimentos comerciais ou por outros cidadãos.
Sistematicamente, a humanidade dessas pessoas é questionada ou mesmo negada, a partir de crenças e tradições heteronormativas, naturalizantes e religiosas, incompatíveis com os princípios de respeito à dignidade, de garantia da autonomia e de proteção da liberdade, que a princípio caracterizam as sociedades democráticas e os Estados laicos.
A dificuldade em lidar com o preconceito envolve o nosso processo (de) formativo e o quanto, desde muito cedo, fomos cegados pelas práticas preconceituosas. A começar pelo convívio familiar e os primeiros anos escolares. É na família e na escola que a criança é submetida às práticas preconceituosas e a um mundo de incompreensões que produzem crianças sádicas “herdeiras de um universo adulto cruelmente infantil.” (Frenette, 2000, p. 22).
Praticar condutas que rebatam o preconceito, como falar mais sobre as nossas experiências preconceituosas já vividas na família, na escola e em outros espaços onde ele se manifesta;  conversar sobre situações desconcertantes, as quais colocam em evidência o nosso preconceito mais recôndito, certamente ajudará no combate dessa problemática. Apesar das coisas não serem tão simples assim, pois nem todos estão dispostos a entrar em contato com o nosso próprio preconceito ou nem mesmo nos admitimos preconceituosos.
A educação tem sido comprovadamente, o caminho mais acertado para combater esse mal que sempre assolou a sociedade. E, buscando o conceito de educação, pode-se proceder a uma análise mais profunda da finalidade educativa e do conteúdo pedagógico das medidas aplicadas tanto para as crianças, adolescentes, bem como no meio em que se convive, seja social ou familiar, utilizando-se inteligentemente das teorias de Kant, Marx e Paulo Freire.
Segundo Kant, somente o ser humano precisa ser educado, ou seja, a educação é característica exclusiva do gênero humano. “Por educação entende-se o cuidado de sua infância (a conservação, o trato), a disciplina e a instrução com a formação”.
A pedagogia kantiana é toda baseada na transmissão de conhecimento adquirido de geração em geração, ou seja, educar  significa repassar à geração seguinte toda a experiência adquirida ao longo da vida. Assim, segue-se uma sequencia, o indivíduo transmite automaticamente suas experiências e seus conhecimentos à geração seguinte, e assim sucessivamente.
Ainda na  educação kantiana, o homem deve alcançar quatro aspectos: a) tornar-se disciplinado, ou seja, controlar a animalidade humana; b) tornar-se culto; c) tornar-se prudente, pois isso lhe trará a civilidade; d) tornar-se moral, com finalidades que possam ser aprovadas por todos e que possam ser as finalidades de cada um.
Para Marx a educação está voltada para conscientização da dignidade, ou seja, para que o trabalhador consiga viver dignamente e não seja explorado por aqueles que detêm os meios de produção, ainda sendo necessário conhecer todos os aspectos teóricos e práticos da produção. Daí sua preocupação em que todo homem precisa trabalhar para se tornar digno, assim como em fazer com que o ensino sirva para transformar  a mão de obra operária unilateral, fazendo com que o homempasse a  conhecer todos os aspectos do modo de produção e não apenas um deles, podendo no caso tornar-se posteriormente útil e necessário.
E, em conformidade com o pensamento de um dos maiores pedagogos de nosso país, Paulo Freire, educação nada mais é que um método capaz de educar para a liberdade, não existindo educador e educando, os seres humanos envolvidos na relação de educação aprenderiam um com o outro, sempre  tendo por base o objeto a ser conhecido.
Sendo essa a mais relevante teoria e sempre atual, com referencia ao conceito de educação, pois não significa veementemente alguém aprendendo e alguém ensinando, mas sim um processo, mediante o qual ninguém tenta impor ao outro um conhecimento que já vem pronto, mas sim que transforma.
Nesse tipo de educação, fala-se do conhecimento  construído a partir da relação estabelecida entre as pessoas que buscam no respeito à liberdade do seu semelhante, a razão para estabelecer o objeto e o modo como este será conhecido.
O chamado para enfrentar o racismo estrutural, que já estava presente fazia décadas nas obras e pensamentos difundidos por intelectuais, ganhou impulso e visibilidade dentro da babel de discussões da internet.
“Depois da pandemia, a grande pauta de 2020 é a luta antirracista”, diz Mário Medeiros. Nesse contexto, as redes sociais transformaram o ambiente de discussão das causas políticas e sociais no país. 
Além de medidas de combate ao racismo, é preciso também que haja mobilização permanente para evitar retrocessos. Na Fundação Palmares, órgão subordinado à Secretaria da Cultura, o presidente Sérgio Cargo, um homem negro e fiel apoiador de Bolsonaro, tem promovido sucessivas políticas de desmonte e enfrentamento ao movimento negro, chamado por ele de “escória maldita” 
Para 2022 está marcada uma revisão da Lei das Cotas pelo Congresso, o que poderá ampliar ou restringir o acesso dos beneficiados às universidades. 
Nas instâncias políticas, a falta de representatividade entre os eleitos prejudica a formação de um combate mais propositivo. Difícil, no entanto, será silenciar ou ignorar a parcela da população que está atenta ao tema, seja pressionando autoridades a reparar iniquidades históricas, seja trabalhando para manter a sociedade em alerta contra perda de conquistas já adquiridas. Tudo indica que essa mobilização tende a ficar mais forte e que os brasileiros estão dispostos a encarar essa vergonha e chaga nacional.
Portanto, fortalecer a cultura dos direitos, a convivência pacífica e solidária em sociedade, redução das desigualdades, enfrentamento das diversas violações dos direitos humanos, reconhecimento das diferenças e valorização das diversidades, ampliação pela sociedade civil do estado para ele seja efetivamente democrático de direito, afinal queremos ser humanamente livres e conviver em condições de real igualdade.

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