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01_Apostila_Graduação_Multivix_-_Antropologia_Cultural

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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1
ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
ANTROPOLOGIA 
CULTURAL
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/20172
ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
A Faculdade Multivix está presente de norte a 
sul do Estado do Espírito Santo, com unidades 
em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, 
Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e 
Vitória. Desde 1999 atua no mercado 
capixaba, destacando-se pela oferta 
de cursos de graduação, técnico, 
pós-graduação e extensão, com quali-
dade nas quatro áreas do conheci-
mento: Agrárias, Exatas, Humanas e 
Saúde, sempre primando pela quali-
dade de seu ensino e pela formação 
de profissionais com consciência 
cidadã para o mercado de trabalho.
Atualmente, a Multivix está entre o 
seleto grupo de Instituições de Ensino Superi-
or que possuem conceito de excelência junto 
ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 
instituições avaliadas no Brasil, 
apenas 15% conquistaram notas 4 e 
5, que são consideradas conceitos de 
excelência em ensino.
Estes resultados acadêmicos colocam 
todas as unidades da Multivix entre as 
melhores do Estado do Espírito Santo 
e entre as 50 melhores do país.
 
MISSÃO
Formar profissionais com consciência cidadã 
para o mercado de trabalho, com elevado 
padrão de qualidade, sempre mantendo a credi-
bilidade, segurança e modernidade, visando à 
satisfação dos clientes e colaboradores.
 
VISÃO
Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhe-
cida nacionalmente como referência em quali-
dade educacional.
-
R E I T O R
GRUPO
MULTIVIX
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3
ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte)
As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com
D352a Delgado, Oscar Omar Carrasco.
Antropologia cultural / Oscar Omar Carrasco Delgado. – Serra: Multivix, 2017.
93f.; 30 cm
Inclui referências.
1. Antropologia 2. Antropologia cultural I. Título.
CDD: 306
EDITORIAL
Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra
2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX
Diretor Executivo
Tadeu Antônio de Oliveira Penina
Diretora Acadêmica
Eliene Maria Gava Ferrão Penina
Diretor Administrativo Financeiro
Fernando Bom Costalonga
Diretor Geral
Helber Barcellos da Costa
Diretor da Educação a Distância
Pedro Cunha
Conselho Editorial
Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do
Conselho Editorial)
Kessya Penitente Fabiano Costalonga
Carina Sabadim Veloso
Patrícia de Oliveira Penina
Roberta Caldas Simões
Revisão de Língua Portuguesa
Leandro Siqueira Lima
Revisão Técnica
Alexandra Oliveira
Alessandro Ventorin
Graziela Vieira Carneiro
Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo
Carina Sabadim Veloso
Maico Pagani Roncatto
Ednilson José Roncatto
Aline Ximenes Fragoso
Genivaldo Felix Soares
Multivix Educação à Distância
Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico
Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial
Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia
Direção EaD
Coordenação Acadêmica EAD
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/20174
ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
-
R E I T O R
APRESENTAÇÃO
DA DIREÇÃO
EXECUTIVA
Aluno(a) Multivix,
Estamos muito felizes por você agora fazer parte do 
maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito 
Santo e principalmente por você ter escolhido a Multi-
vix para fazer parte da sua trajetória profissional.
A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoeiro 
de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São 
Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no 
mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos 
de graduação, pós-graduação e extensão de quali-
dade nas quatro áreas do conhecimento: 
Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na 
modalidade presencial quanto a distância.
Além da qualidade de ensino já comprovada 
pelo MEC, que coloca todas as unidades do 
Grupo Multivix como parte do seleto grupo das 
Instituições de Ensino Superior de excelência no 
Brasil, contando com sete unidades do Grupo 
entre as 100 melhores do País, a Multivix 
preocupa-se bastante com o contexto da 
realidade local e com o desenvolvimento do 
país. E para isso, procura fazer a sua parte, 
investindo em projetos sociais, ambientais e na 
promoção de oportunidades para os que 
sonham em fazer uma faculdade de qualidade 
mas que precisam superar alguns obstáculos. 
Buscamos a cada dia cumprir com nossa missão que 
é: “Formar profissionais com consciência cidadã para 
o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e 
modernidade, visando à satisfação dos clientes e 
colaboradores.”
Entendemos que a educação de qualidade sempre foi 
a melhor resposta para um país crescer. Para a Multi-
vix, educar é mais que ensinar. É transformar o 
mundo à sua volta.
Seja bem-vindo!
Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina
Diretor Executivo do Grupo Multivix
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 5
ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
1
3
2
SUMÁRIO
CONCEPÇÕES BÁSICAS DE ANTROPOLOGIA 11
1.1 OBJETIVO 11
1.2 PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA 11
1.3 ÁREAS DA ANTROPOLOGIA COMO CIÊNCIA 12
1.3.1 ANTROPOLOGIA FÍSICA 13
1.3.2 ANTROPOLOGIA CULTURAL 14
1.3.3 ANTROPOLOGIA LINGUÍSTICA 15
1.4 MÉTODOS DE PESQUISA DE CAMPO DA ANTROPOLOGIA 16
1.4.1 MÉTODOS ARQUEOLÓGICOS E PALEOANTROPOLÓGICOS 16
MÉTODOS DA ANTROPOLOGIA 18
2.1 OBJETIVO 18
2.2 MÉTODOS ETNOGRÁFICOS 18
2.3 O MÉTODO COMPARATIVO DA ANTROPOLOGIA 19
2.4 A CULTURA HUMANA 20
2.4.1 CONCEITO DE CULTURA 20
2.4.1.1 CULTURA É APRENDIDA 20
2.4.1.2 CULTURA COMPARTILHADA 21
2.4.1.3 CULTURA É BASEADA EM SÍMBOLOS 23
2.4.1.4 CULTURA É INTEGRADA 23
2.4.1.5 CULTURA É DINÂMICA 24
2.4.1.6 CULTURA É ADAPTAÇÃO 25
2.4.1.7 CULTURA É MUDANÇA 26
ETNOCENTRISMO 27
3.1 OBJETIVO 27
3.2 ETNOCENTRISMO E AVALIAÇÃO DA CULTURA 27
3.3 IDENTIDADE SOCIAL, PERSONALIDADE E GÊNERO 28
3.3.1 ENCULTURAÇÃO: SELF E IDENTIDADE SOCIAL 28
3.3.1.1 A QUESTÃO DA PERSONALIDADE 29
UNIDADE
UNIDADE
UNIDADE
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/201706
ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
SUMÁRIO
3.4 SEXO, CASAMENTO E FAMÍLIA 29
3.5 MUDANÇAS GLOBAIS E O PAPEL DA ANTROPOLOGIA 30
3.5.1 MODERNIZAÇÃO NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO 30
3.5.2 SOCIEDADES PLURALISTAS E MULTICULTURALISMO: 
 CONCEPÇÕES BÁSICAS 31
3.5.2.1 SOCIEDADES PLURALISTAS E ETNOCENTRISMO 32
3.5.3 PODER ESTRUTURAL NA ERA GLOBALIZADA 32
BIOLOGIA E EVOLUÇÃO 34
4.1 OBJETIVO 34
4.2 INTRODUÇÃO BÁSICA 34
4.3 HISTÓRIA ACERCA DA EVOLUÇÃO E DA CRIAÇÃO 35
4.4 O SURGIMENTO DAS CIDADES E DOS ESTADOS 36
4.5 LÍNGUA E COMUNICAÇÃO 38
4.5.1 PESQUISA LINGUÍSTICA E NATUREZA DAS LÍNGUAS 40
4.5.2 LINGUÍSTICA DESCRITIVA 40
4.5.3 LINGUÍSTICA HISTÓRICA 41
4.5.4 LÍNGUA NO CONTEXTO SOCIAL E CULTURAL 41
4.5.5 VERSATILIDADE DA LÍNGUA 42
4.5.6 ALÉM DAS PALAVRAS: OS SISTEMAS DE GESTOS 42
ANTROPOLOGIA CULTURA: HOMEM, CULTURA E SOCIEDADE 44
5.1 OBJETIVO 44
5.2 HOMEM, CULTURA E SOCIEDADE 44
5.3 A NATUREZA NÃO INSTINTIVA DA CULTURA 46
5.3.1 COMPORTAMENTO APRENDIDO 46
5.3.2 COMPORTAMENTO INSTINTIVO 47
5.4 CULTURA COMO CONSTRUÇÃO OU REALIDADE 47
5.4.1 A CONSTRUÇÃO DA CULTURA 48
4
5UNIDADE
UNIDADE
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 07
ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
SUMÁRIO
6UNIDADE
5.4.2 A CULTURA REAL: CONCEITUAÇÃO 48
5.4.3 A CULTURA IDEAL: CONCEITUAÇÃO 49
5.5 ORIGEM DA PERSONALIDADE: TREINAMENTO DACRIANÇA, 
 ENCULTURAÇÃO E EDUCAÇÃO 49
5.5.1 ENCULTURAÇÃO: CONCEITUAÇÃO BÁSICA 50
5.5.2 EDUCAÇÃO PRIMITIVA: CONCEITUAÇÃO 51
5.5.3 AMBIENTE FÍSICO: SUA IMPORTÂNCIA 51
5.6 DETERMINANTES CULTURAIS 52
5.6.1 ORGANIZAÇÃO SOCIAL: CONCEITUAÇÃO 52
5.6.2 INSTITUIÇÕES SOCIAIS: CONCEITUAÇÃO 53
5.7 O ESTUDO DO HOMEM EM SUA DIVERSIDADE 53
5.7.1 A ANTROPOLOGIA DOS SISTEMAS SIMBÓLICOS 54
5.5.2 A ANTROPOLOGIA ESTRUTURAL E SISTÊMICA 55
TEORIAS DA CULTURA E CULTURAS NEGRAS NO BRASIL 59
6.1 OBJETIVO 59
6.2 EVOLUCIONISMO CULTURAL 59
6.2.1 PRIMEIROS EVOLUCIONISTAS: CONSIDERAÇÕES BÁSICAS 61
6.2.1.1 REPRESENTANTES MAIS SIGNIFICATIVOS 62
6.2.2 POSTULADOS BÁSICOS DESSA TEORIA 63
6.2.3 ASPECTOS NEGATIVOS E POSITIVOS DESSA TEORIA 64
6.3 NEOEVOLUCIONISMO: CONCEITUAÇÃO 65
6.4 DIFUSIONISMO: CONCEITUAÇÃO 66
6.5 DIFUSIONISMO INGLÊS: CONCEITUAÇÃO 67
6.6 DIFUSIONISMO ALEMÃO-AUSTRÍACO: CONCEITUAÇÃO 68
6.7 DIFUSIONISMO NORTE-AMERICANO: CONCEITUAÇÃO 69
6.8 FUNCIONALISMO: CONCEITUAÇÃO 71
6.9 ESTRUTURALISMO: CONCEITUAÇÃO 74
6.9.1 PRINCIPAL REPRESENTANTE DO ESTRUTURALISMO NA ANTROPOLOGIA 74
6.10 CULTURAS NEGRAS NO BRASIL: ASPECTOS HISTÓRICOS 75
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ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
6.10.1 OS PRIMÓRDIOS DA ESCRAVIDÃO AFRICANA 76
6.10.2 O CONTEXTO DO ESCRAVO NA ECONOMIA BRASILEIRA 77
6.10.3 ORIGENS AFRICANAS: CONTEXTO CULTURAL 79
6.10.4 A DIVERSIDADE DE GRUPOS E DE CULTURAS 80
6.10.5 A DISTRIBUIÇÃO NO TERRITÓRIO NACIONAL 82
6.10.6 CONTRIBUIÇÃO CULTURAL 84
6.10.7 CULTURA IMATERIAL E SEU CONTEXTO 84
6.11 OS PROCESSOS DE MISCIGENAÇÃO 86
6.11.1 CONTATOS INTERÉTNICOS E SUA IMPORTÂNCIA 87
6.11.2 RESULTANTE BIOLÓGICO NA MISCIGENAÇÃO 88
6.11.3 O RESULTANTE CULTURAL COMO NOVA CONFIGURAÇÃO 90
REFERÊNCIAS 93
SUMÁRIO
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ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
ICONOGRAFIA
ATENÇÃO 
PARA SABER
SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR
DICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
GLOSSÁRIO
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
CURIOSIDADES
QUESTÕES
ÁUDIOSMÍDIAS
INTEGRADAS
ANOTAÇÕES
EXEMPLOS
CITAÇÕES
DOWNLOADS
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/201710
ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico(a).
Bem-vindo(a) à disciplina de Antropologia Cultural, na qual estudaremos, para apro-
fundar seus conhecimentos, a cultura humana, no curso de Pedagogia da Faculdade 
Multivix – Serra.
Para que seu estudo se torne proveitoso e prazeroso, esta disciplina foi organizada 
em 6 unidades, com temas e subtemas que, por sua vez, são subdivididos em seções 
(tópicos), atendendo aos objetivos do processo de ensino-aprendizagem.
De modo geral, na disciplina de Antropologia Cultural, que trata da cultura humana, 
procuraremos compreender a dinâmica e a evolução da cultura no contexto social. 
Descreveremos as diferentes áreas da Antropologia. Detalharemos as principais con-
cepções da antropologia cultural na sociedade. Ao longo da disciplina destacaremos e 
promoveremos uma discussão partindo da contextualização dos principais conceitos 
da cultura, destacando os vários enfoques da Antropologia cultural, para, assim, reali-
zarmos um bom curso.
Esperamos que, até o final da disciplina, você possa:
• ampliar a compreensão acerca de diferentes concepções de cultura.
• conhecer os diferentes métodos da Antropologia.
• identificar os aspectos mais relevantes da cultura humana.
• compreender a importância da aplicação dos vários conceitos da cultura brasi-
leira no contexto escolar.
Para tanto, fique atento(a) à leitura dos mais importantes conceitos da atualidade na 
Antropologia dentro da realidade da sociedade vigente.
Antes de iniciar a leitura, gostaria que você parasse um instante para refletir a respeito 
da Antropologia cultural. Não se preocupe, até o final da disciplina, você terá respostas 
e, também, outras perguntas formuladas.
Enfim, esperamos promover reflexões acerca do assunto e desejamos sucesso e 
bons estudos!
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 11
ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
CONCEPÇÕES BÁSICAS DE 
ANTROPOLOGIA 
1.1 OBJETIVO
Explicação dos conceitos básicos de Antropologia Cultural e sua importância no con-
texto social e educacional, assim como, as diferentes áreas e principais métodos de 
investigação da Antropologia, relacionando com a prática do papel do antropólogo.
1.2 PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA
A disciplina de Antropologia Cultural é a ciência que estuda a humanidade em todo 
tempo e lugar. Muitas outras disciplinas preocupam-se, de uma forma ou de outra, 
com o ser humano. Por exemplo, a anatomia e a fisiologia estudam o homem como or-
ganismo biológico, já as ciências sociais estudam as relações, e a área de humanidades 
examina as realizações artísticas e filosóficas da cultura. A antropologia se distingue, 
porque focaliza a interconexão e a interdependência de todos os aspectos da existên-
cia humana em todo lugar, no presente e no passado remoto, muito antes do nasci-
mento da escrita. Nessa visão global, única e ampla, permite-se que o antropólogo se 
concentre nesse aspecto, que é difícil de definir ou descrever a evolução do homem.
Nesse sentido, o antropólogo recebe com gratidão a contribuição de estudos de outras 
disciplinas e, assim, oferece a elas as próprias descobertas. O antropólogo não pre-
tende conhecer profundamente a estrutura da análise humana, como o especialista 
em anatomia, ou a percepção da cor, como o psicólogo. Como sintetizador, entretanto, 
UNIDADE 1
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/201712
ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
está preparado para entender como essas áreas de conhecimento se relacionam com 
a prática de dar nome às cores em diferentes sociedades. Por buscar uma extensa 
base de ideias e práticas sem se limitar a um único aspecto social ou biológico, o 
antropólogo tem que ter uma visão especialmente ampla da estrutura do organismo 
biológico e cultural complexo que é o ser humano.
Dessa forma, a visão global também ajuda o antropólogo a ter consciência profunda 
do impacto que seus próprios valores (concepções/conceitos) culturais podem causar 
na pesquisa. Ou seja, as pessoas enxergam aquilo em que acreditam, não o que está 
diante dos olhos. Ao manter a consciência crítica com relação às próprias suposições 
acerca da natureza humana, o antropólogo verifica várias vezes se as próprias cren-
ças e ações estão influenciando a pesquisa; ele se empenha em obter conhecimento 
objetivo a respeito do comportamento das pessoas. Tendo isso em mente, ele procura 
entender a complexidade do conceito de etnocentrismo, a crença de que a própria 
cultura é a única forma adequada de viver. 
Portanto, o antropólogo contribui para o entendimento da diversidade do pensamento, 
da biologia e do comportamento humano, assim como para o entendimento de muitas 
coisas que os seres humanos têm em comum. Um exemplo disso são nossos compor-
tamentos do dia a dia, nossas relações sociais dentro de um mundo mutante.
1.3 ÁREAS DA ANTROPOLOGIA COMO 
CIÊNCIA
Entendemos que o antropólogo, geralmente, se especializa em uma de quatro áreas 
ou subdisciplinas: antropologia física (biológica), antropologia cultural, antropologia 
linguística ou arqueologia. Alguns antropólogos consideram a arqueologia e a linguís-
tica um estudo mais amplo das culturas humanas, mas ambas também estão estreita-
mente ligadas à antropologia biológica. Por exemplo, a antropologia linguística estuda 
os aspectos culturais de uma língua, mas tem ligações profundas com a evolução da 
linguagem humana e com as bases biológicas da fala e da linguagem estudadas pela 
antropologia física.
Cada uma das áreas pode ter uma abordagem diferente no estudo do ser humano,FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 13
ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
mas todas coletam e analisam dados essenciais para explicarem suas semelhanças e 
diferenças ao longo do tempo e do espaço. Além disso, todas produzem conhecimento 
com inúmeras aplicações práticas. Em todas as quatro áreas, a antropologia aplicada 
é empregada, o que exige o uso de métodos e de conhecimentos antropológicos para 
resolver problemas práticos. 
Ao desenvolver seu estudo, o antropólogo aplicado não deixa de lado sua perspectiva. 
Ao contrário, colabora ativamente com a comunidade na qual realiza o seu trabalho, 
estabelecendo objetivos, resolvendo problemas e conduzindo pesquisas conjuntas. 
Neste livro, vários exemplos de como a antropologia contribui para a solução de mui-
tos desafios enfrentados pelo homem aparecem na seção “Antropologia Aplicada”.
Exemplos dessa área de especialização estão na seção “Conexão Biocultural” deste 
material, incluindo o artigo apresentado nesta unidade, “Antropologia dos transplan-
tes de órgãos”.
1.3.1 ANTROPOLOGIA FÍSICA
A Antropologia Física olha o ser humano como um organismo biológico. Tradicional-
mente, a Antropologia Biológica se concentra em evolução humana, primatologia, 
crescimento e desenvolvimento, adaptação humana e área forense. Atualmente, a 
Antropologia Molecular, o estudo antropológico dos genes e das relações genéticas, é 
um importante sub-ramo da Antropologia Física e contribui significativamente para o 
estudo contemporâneo da diversidade biológica do ser humano. Comparações entre 
grupos separados por tempo, geografia ou frequência de um gene podem revelar de 
que forma os seres humanos se adaptaram e para onde migraram. Como especialista 
Um bom exemplo da antropologia aplicada foi o movimento 
internacional de saúde pública, na década de 1920, que marcou 
o início da antropologia médica - uma área que emprega 
abordagens teóricas e aplicadas da antropologia cultural e 
da biologia da saúde e de doenças humanas. O trabalho dos 
antropólogos médicos esclareceu as conexões entre saúde 
humana e forças políticas e econômicas, local e mundialmente.
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
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ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
na anatomia de ossos e tecidos humanos, o antropólogo físico aplica seu conheci-
mento em áreas específicas, como laboratórios de anatomia geral, saúde pública e 
investigações criminais. 
1.3.2 ANTROPOLOGIA CULTURAL
Uma das principais áreas é a Antropologia Cultural (também conhecida como Antro-
pologia Social ou Sociocultural), que estuda os padrões comuns de comportamento, 
pensamento e sentimentos humanos; concentra-se no ser humano como criatura pro-
dutora e reprodutora de cultura. Desse modo, para entender o trabalho do antropólo-
go cultural, precisamos esclarecer o significado de “cultura”. Para atender aos nossos 
objetivos, nesta unidade, podemos pensar em cultura como padrões por meio dos 
quais a sociedade - um grupo estruturado de pessoas - opera. Esses padrões são in-
corporados socialmente, não são adquiridos pela herança biológica. As manifestações 
da cultura podem variar consideravelmente de lugar, mas, no sentido antropológico, 
uma pessoa não possui mais cultura do que a outra. 
A Antropologia Cultural apresenta dois componentes principais: etnografia e etnolo-
gia. Etnografia é a descrição detalhada de cultura específica, com base em pesquisa de 
campo; é um termo empregado por todos os antropólogos para a pesquisa realizada 
no local estudado. Como a característica principal da participação social com a obser-
vação pessoal na comunidade estudada, assim como entrevistas e discussões com 
membros do grupo, o método etnográfico é normalmente descrito como a observação 
participante. 
Hoje em dia, o trabalho de observação do participante leva em conta a colaboração 
ativa entre os antropólogos e as comunidades nas quais eles trabalham. A etnografia 
apresenta informações utilizadas para fazer comparações sistemáticas entre as cultu-
ras em todo o mundo. Conhecida como etnologia, essa pesquisa intercultural permite 
aos antropólogos desenvolverem teorias que explicam por que há certas diferenças 
ou semelhanças importantes entre os grupos. 
Assim, é possível observar a Antropologia Cultural por meio dos padrões, das normas, 
dos valores, das crenças e dos símbolos que existem em nossa sociedade. Um casa-
mento, por exemplo, é típico de um padrão cultural na sociedade atual. 
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
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ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
1.3.3 ANTROPOLOGIA LINGUÍSTICA
Outra área importante é a Antropologia Linguística. Talvez, o aspecto mais caracte-
rístico da espécie humana seja a linguagem. Embora os sons e os gestos feitos por 
alguns animais – principalmente os macacos – possam ter funções comparáveis às da 
linguagem humana, nenhum outro ser desenvolveu um sistema de comunicação sim-
bólica tão complexo. A linguagem permite a transmissão e a preservação de detalhes 
incontáveis da cultura de geração para geração.
A Antropologia Linguística é a área que estuda a linguagem humana. Apesar de com-
partilhar dados e métodos com a Linguística, difere desta, pois os emprega para res-
ponder às questões antropológicas. Quando essa área surgiu, enfatizava a documenta-
ção de linguagens e culturas dentro de estudos etnográficos, principalmente daquelas 
cujo futuro parecia precário. 
O estudo das línguas nativas norte-americanas, com estruturas gramaticais muito di-
ferentes das línguas indo-europeias e semíticas às quais os especialistas europeus e 
norte-americanos estavam acostumados, sugeriu a noção de relatividade linguística. 
Isso se refere à ideia de que a diversidade linguística reflete não somente as diferen-
ças gramaticais e sonoras mas também as diferentes formas de ver o mundo.
Um exemplo seria a observação de que a língua dos indígenas Hopi tem uma obser-
vação única do tempo. Da mesma forma, a observação de que os norte-americanos 
tinham várias gírias – como dough (massa, comida), greenback (qualquer nota de 
dólar – por sua cor verde) loot (prata), bucks (cobres), change (trocados), paper 
(cédula), cake (bolo), moolah (bufunfa), benjamins (nota de dólares com a efígie de 
Benjamim Franklin) e Bread (pão) – para se referir a dinheiro pode ser resultado da 
relatividade linguística. A variedade de palavras ajuda a identificar algo de importância 
especial para uma cultura. Assim, o valor do dinheiro para a cultura norte-americana 
também fica evidente na relação entre o tempo e o dinheiro em expressões como 
“tempo é dinheiro”, “perda de tempo” e “gastar algum tempo”.
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ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
1.4 MÉTODOS DE PESQUISA DE CAMPO 
DA ANTROPOLOGIA
De um modo geral, a Antropologia centraliza a pesquisa de campo. Os métodos com-
parativos são empregados em todas as áreas da Antropologia; os métodos específi-
cos são característicos apenas da Paleontologia e da Antropologia, cujo foco é o ser 
humano e os ancestrais do passado remoto. Outros métodos são típicos de pesquisas 
voltadas para a cultura das sociedades contemporâneas. 
1.4.1 MÉTODOS ARQUEOLÓGICOS E PALEOANTROPOLÓGICOS
Os arqueólogos e os paleoantropólogos enfrentam um dilema. A única maneira de 
investigar completamente o passado é escavar áreas onde se encontram restos bio-
lógicos e culturais. Infelizmente, essa prática provoca a destruição do local. Portanto, 
o antropólogo tenta escavar de modo que tanto o local quanto o contexto de tudo o 
que foi recuperado, não importa o tamanho, sejam minuciosamente registrados. Sem 
esses registros, o conhecimento que se pode obter com os restos físicos e culturais 
diminui drasticamente.
O arqueólogo lida com artefatos,qualquer objeto produzido ou alterado pelo homem: 
uma raspadeira de pedra, uma cesta, um machado ou construções com ruínas ou pa-
redes. Um artefato expressa uma faceta da cultura humana. Como é algo feito por 
alguém, o arqueólogo prefere dizer que um artefato é um produto ou uma represen-
tação do comportamento e das crenças humanas, ou, em termos mais técnicos, um 
artefato representa uma cultura material. Os artefatos não são considerados isola-
damente, estão integrados a restos biológicos e ecológicos para apresentarem um 
contexto que permite a reconstrução de modos de vida no passado. Alguns dos restos 
biológicos mais antigos sobreviveram durante o processo de fossilização. 
Em uma definição ampla, fóssil é qualquer traço, ou impressão, de organismo de perí-
odos geológicos passados preservados na crosta terrestre. A fossilização geralmente 
envolve as partes rígidas desse organismo. Ossos, dentes, carapaças, chifres e tecidos 
lenhosos das plantas são materiais que se fossilizam com mais facilidade. Embora as 
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ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
partes moles de organismo raramente se fossilizem, os moldes, a impressão de pega-
das, os cérebros e, inclusive, os corpos inteiros já foram encontrados. 
Em suma, esqueletos fósseis inteiramente preservados que datam do período anterior 
à prática cultural de enterrar os mortos, aproximadamente 100.000 anos atrás, são ex-
tremamente raros. Um exemplo dessa área ocorre quando se observa um antropólogo 
fazendo escavações de sítios arqueológicos.
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ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
MÉTODOS DA 
ANTROPOLOGIA 
2.1 OBJETIVO
Desenvolver os conceitos de métodos etnográficos e comparativos na Antropologia e 
logo as concepções diferenciadas da cultura humana. Analisar como a cultura é apren-
dida e compartilhada, para que possamos melhorar nossa compreensão sobre os 
fatos da educação.
2.2 MÉTODOS ETNOGRÁFICOS 
Para a Antropologia Cultural, os métodos Etnográficos são relevantes na pesquisa de 
campo. Para o arqueólogo e o paleoantropólogo, a pesquisa de campo acontece onde 
há restos físicos e materiais. Para o pesquisador etnográfico, o mundo inteiro é um local 
de pesquisa, o problema ou a pergunta de pesquisa pode direcionar a escolha do local.
Logo, o antropólogo se prepara para a pesquisa de campo estudando a teoria, a histó-
ria, a etnografia e qualquer outro material relevante para o problema a ser investiga-
do, assim como tudo o que foi previamente documentado acerca da cultura específica 
que se deseja investigar. Após examinar a literatura existente, esse antropólogo pode, 
então, elaborar um projeto teórico e estabelecer a pergunta que direcionará a pesqui-
sa de campo. Se possível, o etnógrafo faz uma viagem preliminar ao local antes de se 
mudar para realizar a pesquisa extensiva.
UNIDADE 2
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ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
Como o antropólogo deve ser capaz de se comunicar com as pessoas que escolheu 
estudar, também precisa aprender a língua delas. Muitas das 6 mil línguas atualmente 
faladas no mundo já foram gravadas e escritas, principalmente durante os últimos 
séculos. Portanto, o antropólogo precisa aprender muitas línguas diferentes antes da 
pesquisa de campo.
2.3 O MÉTODO COMPARATIVO DA 
ANTROPOLOGIA
Naturalmente, o produto final da pesquisa antropológica, se realizada adequadamen-
te, é um relato coerente que apresenta explicações acerca de crenças, comportamen-
tos ou biologia do grupo estudado. Esse relato, por sua vez, permite que o antropólo-
go elabore hipóteses mais amplas a respeito de crenças, comportamentos e biologia 
humana. Geralmente, um único exemplo de um fenômeno não é suficiente para fun-
damentar uma hipótese plausível. Sem alguma base para comparação, a hipótese 
fundamentada em um único caso pode ser uma coincidência histórica específica. 
De outro modo, um único caso pode ser suficiente para levantar dúvidas acerca de 
uma teoria considerada válida ou, talvez, refutá-la. Por exemplo, em 1948, a desco-
berta de que habitantes da Terra de Arnhem, no norte da Austrália, trabalhavam em 
média seis horas por dia, ou menos, e viviam muito acima do nível de pobreza foi 
suficiente para questionar a noção amplamente aceita de que os povos coletores vi-
vem tão preocupados em encontrar comida, que é escassa, que não têm tempo para 
atividades de lazer. As observações feitas no estudo sobre a Terra de Arnhem já foram 
confirmadas muitas vezes em outras partes do mundo.
As explicações hipotéticas de fenômenos culturais e biológicos podem ser testadas 
por meio da comparação de dados arqueológicos, biológicos, linguísticos, históricos 
e/ou etnográficos para várias sociedades que vivem em uma determinada região. A 
comparação cuidadosamente controlada apresenta uma base mais ampla para a ela-
boração de conclusões a respeito do ser humano do que o estudo de uma única cultura 
ou população.
Um recurso importante para a comparação intercultural são os Human Relations 
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SUMÁRIO
Área Files - HRAF (Arquivos de Relações Humanas por Área), um conjunto de dados 
etnográficos e arqueológicos indexado e catalogado por características culturais e lo-
calização geográfica. Iniciando na Universidade de Yale, em meados do século XX, 
esse banco de dados, que aumenta a cada dia, classifica mais de 700 características 
culturais e bioculturais e inclui quase 400 sociedades, do passado e do presente, de 
todas as partes do mundo. Arquivado em quase 300 bibliotecas (em microfichas e/
ou on-line) e com, aproximadamente, um milhão de páginas de informação, facilita a 
pesquisa comparativa acerca de praticamente qualquer aspecto cultural que se possa 
imaginar: guerras, práticas de subsistência, padrões de povoamento, práticas de nas-
cimento, casamentos, rituais etc.
2.4 A CULTURA HUMANA
2.4.1 CONCEITO DE CULTURA
2.4.1.1 CULTURA É APRENDIDA
Vale dizer que toda cultura é socialmente adquirida, não é herdada biologicamente. 
Aprende-se a própria cultura crescendo com ela. O processo de transmissão da cultura 
de uma geração para a outra se chama enculturação.
A maior parte dos animais come e bebe quando sente necessidade. Os seres humanos, 
O conceito moderno de cultura foi elaborado no fim do século 
XIX. A primeira definição realmente clara e compreensiva foi 
a do antropólogo britânico Sir Edward Burnett Tylor. Em 1871, 
ele definiu cultura como “(...) um todo complexo que inclui 
conhecimentos, crenças, arte, lei, moral, costumes e quaisquer 
outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como 
membro de uma sociedade” (apud LARAIA, 1986, p. 25).
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ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
contudo, aprendem a comer e a beber em certos horários culturalmente prescritos e 
a sentir fome à medida que essa hora se aproxima. Esses horários de alimentação va-
riam de uma cultura para a outra, assim, como o que é consumido, como é preparado 
e como e onde é consumido. 
Para acrescentar mais complexidade, a comida é utilizada para outros contextos, além 
de satisfazer às necessidades nutricionais. Quando empregada para celebrar rituais 
religiosos, como no geral acontece, a comida “estabelece relacionamentos de dar e re-
ceber, de cooperação, de compartilhamento, de uma união emocional que é universal” 
(HAVILAND et al. apud CAROULIS, 1996, p. 16).
2.4.1.2 CULTURA COMPARTILHADA
Esse modo de cultura é um conjunto compartilhado de ideias, valores e padrões de 
comportamento, a cultura é o denominador comumque torna os atos dos indivídu-
os inteligíveis para os outros membros da sua sociedade. Permite a esses indivíduos 
compreenderem de que modo outras pessoas provavelmente se comportam em de-
terminada circunstância e lhes diz como reagir adequadamente. 
Pode-se definir sociedade como um grupo organizado ou um grupo de pesso-
as interdependentes que, geralmente, compartilha espaço, linguagem e cultura e 
que atua junto para a sobrevivência e o bem-estar coletivo. O modo como essas 
pessoas dependem umas das outras pode ser visto em aspectos como sistema 
econômico, de comunicação e de defesa. elas também estão ligadas por um senso 
de identidade comum.
Porém, como cultura e sociedade são conceitos estreitamente relacionados, os an-
tropólogos estudam ambos. Obviamente, não pode haver cultura sem sociedade. Do 
mesmo modo, não há nenhuma sociedade humana conhecida que não apresente cul-
tura. Não se pode afirmar isso a respeito de outras espécies animais, visto, por exem-
plo, que formigas e abelhas, por exemplo, cooperam de maneira instintiva.
Embora a cultura seja padronizada pelos membros de uma sociedade, é importante 
perceber que nem tudo é uniforme. Em primeiro lugar, duas pessoas não apresentam 
a mesma versão exata de sua cultura; provavelmente, existem outras variações. No 
mínimo, há algumas diferenças entre os papéis do homem e da mulher. Isso se deve 
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SUMÁRIO
ao fato de as mulheres darem à luz e os homens não e de existirem diferenças óbvias 
entre a anatomia masculina e a feminina e, também, em sua fisiologia reprodutora. 
Toda sociedade atribui sentido cultural às diferenças biológicas entre sexos, explican-
do-as de modo particular e especificando o significado delas em termos de papéis 
sociais e padrões esperados de comportamento.
Cada cultura faz isso a seu modo, por isso, pode haver tremendas variações de uma 
sociedade para outra. Os antropólogos empregam o termo gênero para se referirem às 
elaborações e aos significados culturais estabelecidos para a diferença biológica entre 
os sexos. Portanto, embora o sexo de uma pessoa seja biologicamente determinado, 
o gênero é socialmente construído no contexto específico de cultura. 
A respeito das variações de gênero e de idade, pode haver variação cultural entre 
subgrupos nas sociedades que compartilham uma cultura geral. Podem ser grupos 
ocupacionais em sociedades em que existe divisão complexa do trabalho, ou classes 
sociais em uma sociedade estratificada, ou grupos étnicos em outras, de modo que, 
quando existem esses grupos em uma sociedade, cada um com seus modelos diferen-
tes de ideias, padrões e comportamentos, mas ainda compartilhando alguns modelos 
comuns, chamamos de subculturas. Assim, a palavra subcultura não implica status 
mais baixo em relação ao vocábulo cultura.
Nesse aspecto, as comunidades Amish são um exemplo de subcultura dentro da so-
ciedade América do Norte. Especificamente, formam um grupo étnico- pessoal que, 
coletiva e publicamente, se identificam como um grupo distinto com base em aspectos 
culturais comuns, como origem, língua, costumes e crenças tradicionais. Os Amish se 
originaram na região oeste da Europa, durante a Reforma Protestante, no século XVI. 
Atualmente, há quase 100 mil membros desse grupo étnico e eles vivem, especial-
mente, nos estados da Pensilvânia, Ohio, Illinois, Indiana, nos Estados Unidos e em 
Ontário, no Canadá.
Esses pacifistas rurais baseiam suas vidas nas crenças tradicionais anabatistas, que afir-
mam que apenas o batismo do adulto é válido e que os “cristãos verdadeiros” (como se 
autodefinem) não devem ter governo, portar armas ou usar a força. Eles proíbem casa-
mento com pessoas que não fazem parte da mesma fé, o que exige obediência aos ensi-
namentos cristãos radicais, incluindo a separação social do que eles consideram “mundo 
maligno” e a rejeição de riqueza material, considerada vanglória.
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ANTROPOLOGIA CULTURAL
SUMÁRIO
2.4.1.3 CULTURA É BASEADA EM SÍMBOLOS 
Vale dizer que o comportamento humano envolve símbolos-signos, sons, emblemas 
e outros elementos que se relacionam a algo e o representam de forma significativa. 
Como geralmente não há relação inerente ou necessária entre um objeto e sua repre-
sentação, os símbolos são arbitrários, adquirindo significados específicos quando as 
pessoas concordam em usá-los em sua comunicação.
Na verdade, os símbolos - por exemplo, bandeira nacional, aliança de casamento, di-
nheiro - estão presentes nos aspectos da cultura, na vida social, na religião, na política 
e na economia. Sabemos muito bem o fervor e a devoção que um símbolo religioso 
pode despertar em um fiel. A lua crescente para os islamitas, a cruz para os cristãos, 
a estrela de Davi para os judeus, o sol para os incas, a vaca para os hindus, o búfalo 
branco para os indígenas das planícies norte-americanas ou quaisquer outros objetos 
de adoração podem evocar a lembrança de anos de luta e perseguição, ou podem 
representar toda uma filosofia ou credo.
Então, o aspecto simbólico mais importante da cultura é a língua, o uso de palavras 
para representar objetos e ideias. Por meio da língua, os seres humanos conseguem 
transmitir a cultura de uma geração para a outra. Em particular, a língua possibilita 
o aprendizado cumulativo de experiência compartilhada. Sem ela, uma pessoa não 
poderia transmitir informações acerca de eventos, emoções e outras experiências a 
pessoas que deles não participa. A língua é tão essencial que uma unidade inteira será 
dedicada a esse assunto.
2.4.1.4 CULTURA É INTEGRADA
A cultura, como já vimos, inclui: o que as pessoas realizam para sobreviver, as ferra-
mentas que utilizam, o modo como trabalham juntas, como transformam o ambiente 
e constroem suas moradias, o que comem e bebem, qual é religião seguem, o que 
consideram certo e errado, quando e que presentes costumam dar, com quem casam, 
como educam os filhos, enterram os mortos e assim por diante. Os antropólogos 
raramente se concentram em um aspecto isolado; eles olham cada aspecto conside-
rando o contexto geral e examinando cuidadosamente suas ligações com aspectos 
culturais relacionados.
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SUMÁRIO
Para fins de comparação e análise, os antropólogos costumam conceituar uma cultu-
ra como um sistema bem estruturado, composto de partes distintas que funcionam 
juntas com um todo organizado. Enquanto distinguem cada parte como uma unidade 
claramente definida, com suas características próprias e seu lugar específico dentro 
do sistema social total, os antropólogos reconhecem que a realidade é uma identi-
dade complexa e entrelaçada, e as divisões entre as unidades culturais nem sempre 
são tão nítidas.
De modo geral, os aspectos gerais de uma sociedade podem ser organizados em três 
categorias: estrutura social, infraestrutura e superestrutura. Estrutura social refere-se 
às relações governadas por regras, com todos os direitos e obrigações que mantêm 
os membros de uma sociedade unidos. Arranjos familiares, famílias, associações de 
poder, incluindo a política, fazem parte da estrutura social. 
A estrutura estabelece a coesão do grupo e permite que as pessoas atendam, de 
modo consistente, suas necessidade básicas, incluindo alimento e abrigo para si e seus 
dependentes, por meio do trabalho. Portanto, existe relação direta entre a estrutura 
social de um grupo e sua função econômica, que inclui práticas de subsistências, ferra-
mentas e outros equipamentos utilizados para garantir a sobrevivência.
2.4.1.5 CULTURA É DINÂMICA 
Todas as culturas são, necessariamente, dinâmicas, mas algumas são bem menos que 
outras. Quando uma cultura é extremamenterígida ou estática e deixa de fornecer a 
seus membros os meios necessários para a subsistência em longo prazo, é provável 
que não consiga sobreviver.
A cultura é um sistema dinâmico que responde aos movimentos 
e às ações que acontecem internamente e em torno dela. 
Quando um elemento interno do sistema se modifica ou 
se altera, o sistema inteiro tenta se ajustar; isso também 
acontece quando uma força externa exerce pressão sobre ele. 
Para funcionar adequadamente, uma cultura deve ser flexível, 
a fim de permitir esses ajustes, face às circunstâncias instáveis 
ou modificadoras.
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SUMÁRIO
Por outro lado, algumas culturas são tão fluidas e abertas às mudanças que podem 
perder as características que as distinguem. Os Amish, mencionados anteriormente 
nesta unidade, tipicamente resistem às mudanças o máximo possível; no entanto to-
mam decisões equilibradas de maneira constante, para se ajustarem quando absolu-
tamente necessário. Os norte-americanos em geral, contudo, criaram uma cultura em 
que a mudança se tornou um ideal positivo.
2.4.1.6 CULTURA É ADAPTAÇÃO
No curso da sua evolução, os homens, como todos os animais, enfrentam continua-
mente o desafio de se adequarem ao meio ambiente. Como discutimos, o termo adap-
tação se refere a um processo gradual por meio do qual os organismos se ajustam às 
condições do lugar onde vivem. Os organismos se adaptam biologicamente à medida 
que a frequência de alelos vantajosos e fenótipos correspondentes aumentam em 
uma população, por meio do processo conhecido como seleção natural. Por exemplo, 
os pelos que cobrem o corpo e outros traços fisiológicos que protegem os mamíferos 
de temperaturas extremas, dentes adequados que os ajudam a encontrar o tipo de ali-
mento necessário e assim por diante. As respostas fisiológicas de curto prazo ao meio 
ambiente estão aliadas às respostas que se incorporam em um organismo por meio da 
interação com o meio ambiente.
Os seres humanos, entretanto, dependem cada vez mais da adaptação cultural, um 
complexo de ideias, tecnologias e atividades que permite que sobrevivam e se desen-
volvam em seu ambiente. A biologia não lhes deu um corpo coberto de pelos grossos 
para protegê-lo em climas frios, mas lhes proporcionou a habilidade de fazer seus 
próprios casacos de pele e construir abrigos para se protegerem do frio. Esses seres, 
talvez, não consigam correr com a mesma velocidade do guepardo, mas são capazes 
de inventar e construir veículos que os transportam com mais velocidade e que, em 
comparação com qualquer outra criatura, alcançam maiores distâncias. Por meio da 
cultura e de suas muitas construções, a espécie humana garantiu não só a sua so-
brevivência mas também sua expansão, à custa de outras espécies e cada vez mais 
do planeta como um todo; manipulou os ambientes, das regiões geladas do Ártico às 
zonas escaldantes do deserto do Saara; inclusive, já pisou na Lua.
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SUMÁRIO
2.4.1.7 CULTURA É MUDANÇA
Nos contextos atuais, as culturas sempre sofrem alterações ao longo do tempo, em-
bora raramente com tanta rapidez ou em tão grande escala como ocorre hoje. As mu-
danças acontecem em resposta a eventos, como crescimento da população, inovações 
tecnológicas, crises ambientais, intrusão de indivíduos marginais ou modificação de 
comportamentos e valores próprios da cultura. Nessa era de globalização, estamos 
testemunhando um ritmo muito acelerado de mudanças amplas e radicais, que serão 
discutidas com detalhes na última unidade deste livro.
Nesse sentido, as culturas têm certa flexibilidade para permanecerem adaptativas. A 
mudança cultural também pode provocar resultados inesperados e, no geral, desas-
trosos; por exemplo, considere a relação entre o comportamento cultural e as secas 
que, periodicamente, afligem um número considerável de pessoas que vivem nos pa-
íses africanos, ao sul do deserto do Saara. A vida de cerca de 14 milhões de pastores 
nômades, nativos dessa região, gira em torno do gado e de outros animais domés-
ticos, levados de um lugar a outro em busca de pastagem e água. Por isso, durante 
milhares de anos, essas pessoas conseguiram desenvolver sua atividade, utilizando, 
com eficiência, imensas áreas de terras áridas, de modo que, muitas vezes, consegui-
ram sobreviver a secas severas. Infelizmente, esse modo de vida não é bem visto pelo 
governo central dos estados modernos da região, porque envolve a movimentação 
entre fronteiras internacionais, o que torna difícil acompanhar os nômades para fins 
de cobrança de impostos e outros controles governamentais.
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SUMÁRIO
UNIDADE 3
ETNOCENTRISMO 
3.1 OBJETIVO
Abordar o fenômeno do Etnocentrismo, Identidade Social, Personalidade e Gênero, 
assim como a família e o casamento além das mudanças globais da cultura e dos 
comportamentos. Refletir sobre as concepções básicas necessárias para um melhor 
entendimento da sociedade global e para uma visão crítica na educação.
3.2 ETNOCENTRISMO E AVALIAÇÃO DA 
CULTURA
Na era pós-moderna, discute-se um dos principais conceitos culturais: o Etnocentris-
mo. Assim, há inúmeras soluções culturais extremamente diversificadas para os desa-
fios da existência humana. A questão é: qual é a melhor? Os antropólogos ficam intri-
gados ao descobrirem que todas as culturas se observam como a maior dentre todas 
as existentes. Isso se reflete na forma como as sociedades individuais se referem a si 
mesmas: tipicamente, o nome tradicional que uma sociedade dá a si própria, no geral, 
se traduz como “verdadeiros seres humanos”.
Em comparação à forma como designam os estrangeiros, traduzindo-se, normalmente, 
em várias versões de “subumanos”, incluindo “macacos”, “cachorros”, “gente de aparên-
cia estranha”, “gente que fala engraçado” e outras expressões. Qualquer cultura que fun-
cione de modo adequado considera suas próprias condutas positivas e, geralmente, as 
únicas apropriadas - essa é uma visão conhecida como etnocentrismo.
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Portanto, os antropólogos estão ativamente engajados no estudo do fenômeno etno-
centrismo, desde que começaram a estudar e a viver entre os povos tradicionais com 
culturas radicalmente diferentes, aprendendo, por meio da experiência pessoal, que 
esses “outros” são tão humanos e tendo como objetivo entender as culturas particu-
lares e o conceito geral de cultura. Para isso, os antropólogos examinam cada cultura 
em seus próprios termos, tentando discernir se ela atende ou não às necessidades e 
às expectativas do seu próprio povo. Se um povo praticava sacrifício humano ou pena 
capital, por exemplo, os antropólogos investigavam as circunstâncias que transforma-
ram essa prática em algo aceitável, segundo os valores particulares daqueles grupos.
3.3 IDENTIDADE SOCIAL, 
PERSONALIDADE E GÊNERO
3.3.1 ENCULTURAÇÃO: SELF E IDENTIDADE SOCIAL
Por conseguinte, as crianças não são biologicamente preparadas para sobreviverem 
sem a cultura. Esse aspecto foi esclarecido por vários casos documentados de “meni-
nos-lobo”, que cresceram sem contato com outros seres humanos. Nenhum deles teve 
um final feliz. Por exemplo, não houve nada romântico em relação à menina Kamala, 
Culturalmente, desde o nascimento, toda pessoa enfrenta 
muitos desafios para sobreviver. Naturalmente, os recém-
nascidos não conseguem atender sozinhos às próprias 
necessidades biológicas. Apenas em mitos e fantasias 
românticas encontramos histórias de crianças que sobrevivem 
sozinhas, ou que são criadas por animais na natureza.Milhões 
de crianças em todo o mundo ficam fascinadas com a história 
de Tarzan, criado por macacos, ou de Mogli, o menino-lobo. 
Além disso, pessoas de todas as idades são cativadas por 
falsas histórias de “meninos-lobo”, como a do menino de 10 
anos que supostamente teria sido visto correndo com gazelas, 
no deserto da Síria, em 1946.
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supostamente resgatada de uma caverna de lobos, em 1920, na Índia. Ela andava de 
quatro e não conseguia se alimentar sozinha. Em Paris, o “menino-lobo” capturado na 
floresta perto da vila de Aveyron, em 1800, foi considerado um idiota incurável. Evi-
dentemente, a fim de existir, a capacidade biológica para o que consideramos humano, 
que exige cultura, deve ser nutrida.
3.3.1.1 A QUESTÃO DA PERSONALIDADE
No processo de enculturação, vimos que, em cada indivíduo, é introduzida a ideia de 
self do ambiente comportamental característico de sua própria cultura. O resultado é 
a criação de um tipo de mapa mental do mundo em que o indivíduo avaliará e atuará. 
É o mapa específico de como percorrerá os caminhos do labirinto da vida. Quando 
nos referimos à personalidade de alguém, fazemos generalizações acerca do mapa 
cognitivo dessa pessoa ao longo do tempo. Portanto, a personalidade é o produto da 
enculturação, conforme as experiências do indivíduo, cada um com sua formação ge-
nética distinta.
Por isso, não é fácil apresentar uma definição formal de personalidade, mas, para aten-
der aos nossos objetivos, vamos considerar as formas distintas de pensamentos, sen-
timentos e comportamentos de um indivíduo. O termo deriva do latim persona, que 
significa “máscara”, e refere-se à ideia de aprender a representar um papel no palco da 
vida cotidiana. Gradualmente, a “máscara”, conforme é “colocada” no rosto da criança, 
começa a moldá-la, até que a criança não a sinta como uma força estranha que lhe é 
imposta. Ao contrário, a máscara parece natural, como se a criança tivesse nascido com 
ela. Assim, o indivíduo finalmente internalizou, com êxito, a cultura. 
3.4 SEXO, CASAMENTO E FAMÍLIA
De fato, a sexualidade varia significativamente de uma família para outra, pois a 
cultura é importante para determinar quando, como e entre quais pessoas as re-
lações sexuais acontecem. Em algumas sociedades, as relações sexuais durante a 
gravidez é tabu; outras julgam tais relações como positivas, promovendo o cresci-
mento do feto. Já outras sociedades condenam veementemente as relações sexuais 
entre pessoas do mesmo sexo.
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Nesse aspecto, os hábitos de matrimônio também variam muito entre as culturas: a 
escolha do cônjuge, os rituais de casamento, os códigos de matrimônio e as regras 
(ou proibição) do divórcio. Para alguns, o matrimônio é um evento privado, do qual 
participam apenas os noivos, os parentes mais próximos e uma autoridade política 
ou espiritual que confirma, de modo formal, o ritual de união. Em outras culturas, 
pode envolver todos os membros da comunidade e, às vezes, pessoas de comunida-
de vizinhas. Quando acontece o matrimônio de líderes de alta posição ou de pessoas 
famosas, o evento pode se transformar em um espetáculo público com milhares de 
convidados e milhões de pessoas que o acompanharam pelas novas tecnologias, 
como a TV e a Internet.
Assim, privado ou público, sagrado ou secular, o hábito do matrimônio revela, confirma 
e ressalta ideias e valores importantes de uma cultura; é rico em simbologia, geral-
mente, apresenta rituais litúrgicos específicos, vestimentas, posturas e gestos, comida 
e bebida, música e danças predeterminadas.
3.5 MUDANÇAS GLOBAIS E O PAPEL DA 
ANTROPOLOGIA
3.5.1 MODERNIZAÇÃO NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO
Hoje, um dos termos usados com mais frequência para descrever as mudanças sociais 
e culturais, à medida que acontecem, é modernização. Isso é mais claramente definido 
como um amplo processo de mudanças econômicas, por meio do qual as sociedades 
em desenvolvimento adquirem algumas características políticas e sociais comuns das 
sociedades industriais ocidentais.
A ideia predominante implícita nesse conceito é a de que “ser moderno” é ser como 
as sociedades da Europa Ocidental, da América do Norte e de outras sociedades in-
dustriais ou pós-industriais ricas; não ser assim significa estar preso ao passado, ser 
retrógrado, interior e que precisa de melhorias. É lamentável que o termo moderni-
zação continue a ser tão amplamente utilizado. O melhor que podemos fazer aqui é 
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reconhecer que o termo tem uma tendenciosidade limitada pela cultura, mesmo que 
continuemos a empregá-lo.
3.5.2 SOCIEDADES PLURALISTAS E MULTICULTURALISMO: 
CONCEPÇÕES BÁSICAS
De acordo com a antropologia cultural, se uma única cultura global homogênea não 
é, necessariamente, a tendência do futuro, qual é? Alguns especialistas preveem um 
mundo em que os grupos étnicos se tornarão mais nacionalistas em resposta à globa-
lização, e cada grupo vai enfatizar a própria herança cultural, realçando as diferenças 
em grupos vizinhos. Nem todos os grupos étnicos se organizam politicamente como 
nações distintas com grupos vizinhos.
Na verdade, é comum que dois ou mais grupos étnicos ou nações vizinhas se organi-
zem em uma união politicamente livre, mas mantenham as respectivas identidades 
culturais. No entanto, como tais sociedades pluralistas não têm herança e identida-
de cultural comuns e, geralmente, não compartilham a mesma língua ou religião, as 
relações políticas entre elas podem ser repletas de tensão. Quando os sentimentos 
etnonacionalistas vêm à superfície, a pressão pode aumentar e o resultado será a se-
paração política e a independência.
Naturalmente, um modo de reprimir a pressão para divisão em sociedades multiétni-
cas ou pluralistas é a adoção de políticas públicas com base no respeito mútuo e na 
tolerância das diferenças culturais. Conhecida como multiculturalismo, essa política ou 
doutrina assegura o valor das culturas diferentes que coexistem em um país e destaca 
a responsabilidade recíproca de todos os cidadãos de aceitarem o direito do outro para 
expressar sua visão e seus valores. Contrário às políticas do estado, em que um grupo 
étnico dominante usa o poder para impor a própria cultura como padrão nacional, for-
çando outros grupos dentro desse mesmo estado à assimilação, o multiculturalismo 
envolve políticas públicas para gerenciar a diversidade cultural de uma sociedade. 
Nesse contexto, exemplos de multiculturalismo podem ser observados em Estados 
como a Suíça (em que falantes de alemão, francês, italiano e romance coexistem no 
mesmo governo) e o Canadá (em que os canadenses falantes de inglês e de francês, 
assim como de várias nações indígenas vivem lado a lado).
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3.5.2.1 SOCIEDADES PLURALISTAS E ETNOCENTRISMO
Um grande obstáculo para o bom funcionamento de uma sociedade pluralista é a 
lealdade que cada grupo étnico tem relação à própria língua e às tradições culturais 
singulares, das quais os membros obtêm apoio psicológico e forte ligação social com a 
comunidade. Esse orgulho étnico geralmente está atrelado à crença de que a própria 
cultura é a única forma de viver. Para superar esse tipo de complexo de superioridade 
cultural, ou etnocentrismo, uma sociedade pluralista talvez tenha que desenvolver 
uma superestrutura comum, com a força ideológica que une povos diferentes, junta-
mente com o senso coletivo de identidade e destino compartilhados.
Além disso, é muito fácil transformar orgulhoétnico e lealdade em licença para dene-
grir pessoas com práticas culturais diferentes e explorá-las para o benefício do próprio 
grupo; embora não seja um resultado inevitável, quando ocorre, normalmente, há 
tumultos, hostilidade e violência.
Atualmente, os governos poderosos, em geral, operam com base na ideia política de 
que nenhum grupo cultural tem o direito de interferir em outros grupos culturais. Esse 
conceito é comumente empregado para justificar a exploração dos recursos naturais 
em regiões tradicionalmente ocupadas por agricultores de subsistência, pastores nô-
mades ou coletores, sem nenhum respeito por seus direitos, preocupações ou desejos. 
3.5.3 PODER ESTRUTURAL NA ERA GLOBALIZADA
Uma nova forma de expansão do capitalismo internacional vem surgindo desde mea-
dos da década de 1990. Ao operar sob a bandeira da globalização, essa nova forma se 
baseia nas estruturas culturais anteriores das redes mundiais de comércio e é a suces-
sora de um sistema de colonialismo em que alguns poucos estados capitalistas podero-
sos, especialmente europeus, governavam e exploravam países de outros continentes.
Assim, a globalização, extremamente complexa e turbulenta, é um processo dinamica-
mente estruturado, no qual indivíduos, empresas e instituições políticas reorganizam 
e reestruturam a área política para obter vantagem competitiva, disputando recursos 
naturais cada vez mais escassos, mão de obra barata, novos mercados comerciais e 
lucros cada vez maiores. Na era da globalização, essa reestruturação ocorre em uma 
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imensa arena que se espalha para outros países. Para essa realização, naturalmente, 
é preciso ter muito poder.
De fato, o poder se refere à competência da pessoa para impor seus desejos sobre 
os outros e obrigá-los a executarem determinadas ações, mesmo contra a própria 
vontade. O poder pode ser aplicado para impor e manter a lei e a ordem, as quais 
coordenam, regulam e controlam o comportamento coletivo em uma comunidade ou 
sociedade específica e, também, fora dela. Afinal, há diferentes níveis de poder nas 
sociedades. O antropólogo austríaco-americano Eric Wolf destacou a importância de 
se entender o nível macro de poder, que chamou de poder estrutural – aquele que 
organiza e administra a interação global na sociedade e entre as sociedades, dirigin-
do, por um lado, as forças econômicas e políticas, por outro, as forças ideológicas que 
moldam ideias, crenças e valores públicos.
O conceito de poder estrutural não se aplica apenas às organizações políticas, como 
os estados, mas também captura as novas forças globais complexas que, atualmente, 
reestruturam as sociedades e os ambientes em todos os lugares da Terra.
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BIOLOGIA E EVOLUÇÃO
4.1 OBJETIVO
Abordar os principais conceitos de Biologia e Evolução. O principal conceitos é sobre 
a Língua e Comunicação e o papel da Linguística no cotidiano das pessoas. A língua 
dentro do contexto social e cultural. Com essas concepções, o educador terá uma visão 
da totalidade da língua e suas implicações na educação.
4.2 INTRODUÇÃO BÁSICA
Antes de tudo, dentre os primatas, o ser humano é a única espécie capaz de habitar 
todas as regiões do planeta. No curso da história da nossa evolução, tanto a cultura 
como a biologia contribuíram para a nossa capacidade de adaptação a inúmeros am-
bientes. Em termos de Evolução biológica, a adaptação representa mudanças na for-
mação genética das populações ao longo do tempo. As forças do meio ambiente, por 
meio do processo de seleção natural, provocam essas mudanças. 
Para os seres humanos, entretanto, além dessas forças naturais, o ambiente inclui ele-
mentos transformados por meio das práticas culturais. Por exemplo, ao contrário da 
grande maioria dos adultos no mundo inteiro, Kevin Garnett, que já jogou basquete no 
Timberwolves, consegue digerir leite porque alguns dos seus ancestrais genéticos vi-
veram da tradição leiteira. Por isso, apenas populações com essa tradição cultural têm 
alta frequência dos genes necessários para continuarem a digerir leite na idade adulta. 
Codificada nos genes, essa capacidade permaneceu nos descendentes dessas popu-
lações, mesmo que eles não realizem mais a mesma atividade atualmente. A seleção 
UNIDADE 4
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natural é uma das quatro forças evolutivas que respondem pela diversidade da vida.
4.3 HISTÓRIA ACERCA DA EVOLUÇÃO E 
DA CRIAÇÃO
Para os Nezperce, o ser humano foi criado pelo Coyote, um trickster, habitante da 
terra antes dos homens. Segundo o mito, o Coyote perseguiu o monstro Wishpoosh, 
um castor gigante, por toda a região e deixou um rastro que formou o rio Columbia. 
Quando ele conseguiu capturar Wishpoosh, matou-o, arrastou o corpo até a beira do 
rio e o cortou em pedaços. Cada parte do corpo se transformou em um dos povos que 
habitam a região. Os Nezperce foram criados a partir cabeça de Wishpoosh, o que 
lhes confere grande inteligência e habilidade com cavalos.
Isso explica como as histórias acerca da criação representam a relação entre o ser 
humano e o restante do mundo natural, refletindo, às vezes, uma ligação profunda 
entre as pessoas, os animais e a terra. Na narrativa tradicional dos Nezperce, os povos 
surgiram de partes específicas do corpo, cada um com talento especial e com uma 
relação com determinado animal. Em comparação, a narrativa apresentada em Gêne-
sis enfatiza a singularidade do ser humano e o conceito de tempo: a criação divina é 
a partir do barro, moldando o primeiro homem à sua própria imagem e semelhança, 
antes do sétimo dia, quando ele, Deus, descansou.
Assim, a evolução, o princípio mais importante que organiza as ciências biológicas, 
também descreve a diversidade da vida na Terra. Na Antropologia, as teorias da 
Neste tópico, é relevante destacar que um aspecto comum das 
mitologias de diferentes povos é a importância da narrativa 
que explica o surgimento dos seres humanos na Terra. O 
relato da Criação registrado no Livro de Gênesis, por exemplo, 
explica a origem do homem. Um exemplo completamente 
diferente, mas com a mesma função, é a crença tradicional do 
Nezperce, povo indígena da região leste do Oregon e de Idaho, 
nos Estados Unidos.
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evolução apresentam mecanismos de mudança e explicações acerca de como surgiu 
a grande variedade de organismos, do passado e do presente. Contudo a evolução 
é diferente das narrativas a respeito da criação (mitos de criação), pois explica a 
diversidade das formas de vida em linguagem científica consistente, empregando 
ideias que podem ser testadas (hipóteses). Por isso, os cientistas contemporâne-
os comparam os organismos vivos para testar hipóteses elaboradas pela teoria da 
evolução. Por meio de suas pesquisas, os pesquisadores já decifraram a base mole-
cular da evolução e os mecanismos pelos quais as forças evolutivas atuam sobre as 
populações de organismos. Embora as teorias científicas considerem o ser humano 
um organismo biológico, os processos históricos e culturais também formulam uma 
teoria da evolução e, assim, aumentam nossa compreensão sobre ela.
4.4 O SURGIMENTO DAS CIDADES E DOS 
ESTADOS
Inicialmente, com o surgimento de cidades e estados, as sociedades humanas come-
çaram a desenvolver e construir governos que centralizam o poder e possibilitam a 
construção de grandes estruturas, como as grandes pirâmides do Egito, próximas à 
cidade do Cairo. No entanto as cidades e os estados também geraram uma série deproblemas que os seus habitantes ainda hoje enfrentam. Por exemplo, a divisão social, 
em que uma elite dominante controla os meios de subsistência e muitos outros as-
pectos da vida cotidiana, traz a exploração a muitos moradores de áreas mais pobres.
Embora as pessoas das sociedades divididas sejam interdependentes, a elite tem aces-
so desproporcional a todos os recursos e exerce controle sobre eles, incluindo a mão 
de obra. No Cairo, capital do Egito, como em outras grandes cidades, as residências, 
por exemplo, são dramaticamente diversas para diferentes classes sociais. Enquanto a 
elite vive em casas luxuosas, aproximadamente 5 milhões de pessoas habitam ilegal-
mente as tumbas de um cemitério, conhecido como cidade dos Mortos.
Fazer um passeio por uma rua movimentada de Nova York ou São Francisco mos-
tra inúmeras atividades essenciais da sociedade norte-americana. Percebe-se que as 
ruas estão repletas de pessoas que entram e saem de escritórios e lojas. No cotidiano, 
o fluxo intenso de carros, táxis e caminhões periodicamente provocam congestiona-
mentos. Em apenas duas quadras pode-se encontrar comercio variado: mercearias, 
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lojas de roupa e de utilidades, livraria, restaurantes, banca de jornal e revistas, postos 
de gasolina, cinemas. Outros locais, como museus, delegacias de polícia, escolas, hos-
pitais ou igrejas, distinguem alguns bairros.
Em outras palavras, cada um desses postos de serviços ou locais de comércio depende 
de outros que estão fora dessas duas quadras. Um açougue, por exemplo, depende 
de matadouros e fazendas de criação de gado. Uma loja de roupas não existe sem 
estilistas e fazendeiros que produzem algodão e lã, ou operários que manufaturam as 
fibras sintéticas. Os restaurantes dependem de transporte refrigerado e produtores de 
legumes, verduras e laticínios. Os hospitais precisam de seguradoras, farmacêuticas e 
de equipamentos médicos para funcionarem. Todas as instituições, afinal, necessitam 
dos serviços de utilidade pública – telefone, gás, água e eletricidade. Isso nos mostra a 
interdependência na cultura humana e é um aspecto relevante nas cidades modernas. 
Ou seja, a interdependência de bens e serviços em uma grande cidade faz com que 
inúmeros produtos estejam prontamente disponíveis. 
Em contrapartida, a interdependência também gera vulnerabilidade. Se houver greve, 
mau tempo ou atos de violência, pode haver interrupção no funcionamento do ser-
viço; outros podem se deteriorar. Ao mesmo tempo, as cidades apresentam rapidez 
na capacidade de responder às tensões. Quando um serviço é interrompido, outros 
assumem suas funções.
Esses fenômenos de interdependência nos lembram o aumento recente do número 
de reality shows nos Estados Unidos, durante a greve dos roteiristas de Hollywood, no 
fim de 2007 e no início de 2008. Em muitas partes do mundo, a violência das guerras 
tem causado danos imensos à infraestrutura básica para lidar com a situação, desde 
tarefas básicas, como obter alimentos, à comunicação entre os sistemas políticos glo-
bais. Com os surgimentos das novas tecnologia da comunicação e informação, como 
a internet, a interdependência de bens e serviços, que costumava ser característica 
apenas das cidades, se estende muito além dos seus limites.
À primeira vista, a vida na cidade parece tão ordenada que a consideramos normal, 
mas, ao refletir, lembramos que a estrutura intrincada nem sempre existiu e a diversi-
dade humana é um desenvolvimento muito recente na história humana.
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4.5 LÍNGUA E COMUNICAÇÃO
Um dos aspectos da antropologia cultural, 
no contexto da educação, é compreender a 
questão da língua e da comunicação humana. 
Ou seja, como criaturas sociais que depen-
dem umas das outras para sobreviverem, os 
seres humanos desenvolvem como criativi-
dade muitas formas de se comunicarem de 
modo expressivo, empregando uma varieda-
des de gestos distintivos, sons, toques e pos-
turas corporais.
Atualmente, o nosso meio mais sofisticado de 
compartilhar grande número de informações 
complexas é a língua – a pedra fundamental 
de cada cultura humana. Hoje, a tecnologia 
moderna permite que as pessoas se comuni-
que instantaneamente por meio de oceanos, 
desertos e montanhas. Entretanto, embora 
seus equipamentos eletrônicos sejam ex-
tremamente sofisticados, é preciso que elas 
compartilhem a língua para a mensagem ter 
sentido.
De fato, língua é um sistema de comunicação 
que emprega sons e/ou gestos, agrupados 
de acordo com determinadas regras, os quais 
resultam em significados inteligíveis para 
todos os que compartilham essa língua. Es-
ses sons e gestos são considerados símbolos 
(são definidos como símbolo sons, emblema 
ou qualquer coisa relacionada a algum objeto, 
ser ou evento e que o representa de forma 
significativa). Por exemplo, a palavra chorar 
é um símbolo, uma combinação de sons que 
A capacidade humana de 
se comunicar por meio da 
linguagem reside diretamente 
em nossa formação biológica. 
Somos “programados” para a 
linguagem, por meio de sons, 
gestos. As linguagens de sinais, 
empregadas por deficientes 
auditivos, são totalmente 
desenvolvidas por competência 
própria. Com exceção do 
choro dos bebês, que não é 
aprendido, mas, realmente, 
trazem uma mensagem, os 
homens precisam aprender 
suas línguas. Assim, qualquer 
criança normal, de qualquer 
parte do mundo, aprende 
rapidamente a língua 
de sua cultura.
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estabelece significado para uma ação específica, e nós podemos empregá-lo para co-
municar esse significado quando alguém perto de nós está realmente chorando.
Nesse sentido, sinais, ao contrário de símbolos culturalmente aprendidos, são sons e 
gestos instintivos que têm significado natural ou evidente. Gritos, suspiros, tosse, por 
exemplo, são sinais que transmitem algum tipo de estado emocional ou físico. Hoje, os 
linguistas divergem a respeito de até que ponto se deve dar crédito a animais, como 
várias espécies de golfinhos e símios, pela habilidade de empregar símbolos e sinais. 
Já se tornou, porém, evidente que muitos animais se comunicam de formas notáveis.
Quais são as implicações para nosso entendimento acerca da natureza e da evolução 
das línguas? Não haverá resposta definitiva e clara até que se tenha mais conhecimen-
to a respeito dos vários sistemas da comunicação animal. Enquanto isso, mesmo que 
o debate sobre a comunicação do ser humano e de como os animais se relacionam 
continue, não se pode descartar a comunicação entre espécies não humanas como um 
conjunto de reflexões instintivas simples ou um padrão de ações fixas.
Nesse aspecto, um exemplo extraordinário dos muitos esforços científicos em de-
senvolvimento nessa área é a história de um orangotango chamado Chantek, apre-
sentado no “Estado Original”. Dentre outras coisas, ele ilustra o processo criativo de 
desenvolvimento da língua e a capacidade de um primata não humano para reco-
nhecer símbolos.
Estudos linguísticos como o que envolve Chantek são fascinantes e revelam muito 
acerca da cognição dos primatas; contudo permanece a questão de que a cultura hu-
mana depende essencialmente de um sistema elaborado de comunicação, muito mais 
complexo que o de qualquer outra espécie, até mesmo as de nossos parentes prima-
tas. O motivo é simplesmente a quantidade de conhecimento que deve ser aprendi-
do por cada indivíduo para que consiga participar de modo pleno de uma sociedade. 
Naturalmente, ocorre uma quantidade significativa de aprendizagem na ausência da 
linguagem, por meio da observação e da imitação, direcionadas por um número limi-
tadode signos ou símbolos expressivos.
Entretanto todas as culturas humanas conhecidas têm conteúdo tão rico que exigem 
sistemas de comunicação que não somente estabelecem rótulos precisos a várias 
classes de fenômenos como permitam que se pense e fale acerca das próprias expe-
riências e expectativas e das de outras pessoas, no passado, no presente e no futuro. 
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Afinal, o sistema de comunicação humana mais importante e desenvolvido é a língua. 
O conhecimento a respeito de como ela opera, portanto, é essencial para o entendi-
mento completo acerca do que é e de que forma opera a cultura.
4.5.1 PESQUISA LINGUÍSTICA E NATUREZA DAS LÍNGUAS
Na atual conjuntura da globalização, qualquer língua humana – chinês, inglês, suaíli ou 
qualquer outra – é um meio para transmitir informações e compartilhar experiências 
individuais e coletivas. É um sistema que nos permite traduzir preocupações, crenças e 
percepções em símbolos, os quais podem ser entendidos e interpretados pelos outros. 
Por isso, na linguagem falada, isso é feito por meio dos sons – nenhuma língua emprega 
mais do que, aproximadamente, cinquenta sons – e das regras desenvolvidas para agru-
pá-los de forma significativa. Isso ocorre com gestos nas linguagens de sinais, como as 
da American SignLananguague (Dicionário da Língua Brasileira de sinais - Libras, no Bra-
sil). O grande número de linguagens no mundo, em torno de 7 mil, pode muito bem nos 
deixar estarrecidos e desorientados pela imensa variedade e complexidade; contudo, os 
linguistas descobriram que todas essas linguagens, até o que se pode acompanhar, são 
organizadas da mesma forma básica.
Na medida em que as teorias e os fatos linguísticos são verificados por pesquisadores 
independentes, os quais examinam os mesmos materiais, pode-se afirmar que a ciên-
cia linguística tem três áreas principais: linguística descritiva, linguística histórica e uma 
terceira área que se concentra na linguagem em relação ao contexto social e cultural.
4.5.2 LINGUÍSTICA DESCRITIVA
Neste tópico, é preciso questionar: como um antropólogo, comerciante, missionário, 
diplomata ou qualquer outro estrangeiro pode pesquisar uma língua que ainda não 
foi descrita e analisada ou que não tem material escrito disponível? Há centenas de 
línguas que não foram documentadas no mundo. Felizmente, métodos eficazes foram 
desenvolvidos para ajudar nessa tarefa.
Assim, a linguística descritiva estuda a língua por meio de registros, descrições e aná-
lises de todos os aspectos da língua. É um processo dinâmico, mas compensador, pois 
proporciona profundo entendimento a respeito da língua - da estrutura, do repertório 
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linguístico (figuras de linguagem, jogo de palavras etc.) e da relação com outras línguas.
4.5.3 LINGUÍSTICA HISTÓRICA
Vale ressaltar que a linguística descritiva estuda todos os aspectos de uma língua es-
pecífica, em qualquer momento no tempo; a linguística histórica analisa as mudanças 
de uma língua. Além de analisar línguas “mortas”, que não são mais faladas, o espe-
cialista dessa área investiga as relações entre formas anteriores e posteriores, estuda 
línguas antigas para identificar os processos que as transformaram em línguas moder-
nas e examina as inter-relações entre línguas antigas.
Por exemplo, ele tenta organizar como o desenvolvimento do latim (falado há quase 
1500 anos no sul da Europa) se transformou em italiano, espanhol, português, francês 
e romeno, identificando as mudanças naturais na língua original e as alterações pro-
vocadas, durante os séculos seguintes, pelo contato direto com os invasores falantes 
de alemão do norte da Europa.
4.5.4 LÍNGUA NO CONTEXTO SOCIAL E CULTURAL
Como foi discutido na seção “Linguística Descritiva”, uma língua não é simplesmente a 
combinação de sons, conforme certas regras, para produzir enunciados significativos. 
É importante lembrar que as línguas são faladas por pessoas que integram sociedades 
distintas. Além do fato de que muitas sociedades têm a própria cultura, os indivíduos 
de cada uma delas tendem a empregar a língua de formas variadas, com base em fa-
tores sociais, como gênero, idade, classe e etnicidade. 
Igualmente, podemos escolher as palavras e as frases para transmitir significados, 
mas o que é significativo para uma comunidade ou cultura pode não ser para outra. 
O uso da linguagem reflete o restante de nossa cultura e é refletido por ela. Por esse 
motivo, os antropólogos linguísticos também pesquisam a língua em relação aos di-
versos contextos culturais e sociais. Essa terceira área de estudos linguísticos abrange 
duas categorias: sociolinguística e etnolinguística.
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4.5.5 VERSATILIDADE DA LÍNGUA
Em muitas sociedades pós-modernas, é comum que os indivíduos sejam fluentes em 
duas, três ou mais línguas diferentes. Eles conseguem isso porque utilizam vários idio-
mas desde criança, não aprendem na escola, que é a norma nos Estados Unidos.
Há algumas regiões onde grupos que falam diferentes coexistem, integram as pes-
soas e, geralmente, se entendem, preferindo, porém, falarem a língua materna. Um 
exemplo disso é o que acontece nas regiões de fronteira no norte da Bolívia e no sul 
do Peru, onde falantes de quíchua e aimará são vizinhos. Quando um agricultor ai-
mará conversa em aimará com um pastor quíchua, este responde em quíchua e 
vice-versa; cada um sabe que o outro entende ambas as línguas, mesmo utilizando 
apenas uma delas; a habilidade de compreender duas línguas, mas se expressar em 
apenas uma chama-se bilinguismo receptivo ou passivo.
Hoje, nos Estados Unidos, talvez como reflexo de seu extenso território e poder, muitas 
pessoas não têm interesse em aprender uma segunda língua. Isso é principalmente 
significativo - e problemático -, já que os Estados Unidos não são apenas países com 
mais diversidade étnica do mundo mas também com a maior economia mundial e uma 
nação altamente dependente das relações de comércio internacional. 
No mundo globalizado, ser bilíngue ou multilíngue pode abrir as portas da comunica-
ção não somente para o comércio mas também para o trabalho, a diplomacia, a arte e 
a amizade. Ironicamente, a relutância em aprender outra língua prevalece nos Estados 
Unidos, apesar do fato de a principal língua das Américas não ser o inglês, e sim o 
espanhol. O espanhol não é apenas a principal língua do hemisfério mas é, também, a 
que mais rapidamente cresce nos Estados Unidos.
4.5.6 ALÉM DAS PALAVRAS: OS SISTEMAS DE GESTOS
Conforme antropólogos, embora as línguas sejam eficientes para nomear e discutir 
ideias, ações e objetos, todas apresentam, até certo ponto, deficiências para comuni-
car determinados tipos de informação que as pessoas precisam saber para entende-
rem completamente o que está sendo falado. Por isso, a fala humana sempre utiliza 
um sistema de sons e gestos que compartilhamos com primatas não humanos.
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Ou seja, os vários sons e gestos desse sistema servem para “traduzir” a fala, oferecen-
do ao ouvinte uma estrutura adequada para interpretar o que o falante está dizendo. 
Esses sistemas comunicam com eficiência as mensagens relacionadas a emoções e 
a intenções humanas: o falante está feliz, triste, furioso, entusiasmado, cansado ou 
qualquer outro estado emocional? Ele/ela está solicitando uma informação, negando 
algo, relatando a verdade ou mentindo? Tais informações não são transmitidas apenas 
pela língua falada.
Portanto, na língua inglesa,

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