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(12) 3904-2900 | www.sjc.sp.gov.br | Av. Olivo Gomes, 250 - Santana | CEP 12211-115 | São José dos Campos - SP Abordagens básicas sobre liderança Texto adaptado de ROBBINS, S. P. (2005) De acordo com Robbins (2005), vamos analisar no texto a seguir, as três abordagens básicas para a determinação do que faz um líder eficaz e o que diferencia um líder de um não-líder. Primeiro, vamos apresentar as teorias dos traços. Elas dominaram os estudos sobre liderança até o final da década de 1940. Depois, discutiremos as teorias comportamentais, que foram populares até o final dos anos 60. Finalmente, falaremos das teorias contingenciais, que são a abordagem dominante no estudo atual da liderança. Mas, antes de tudo, vamos esclarecer o que significa o termo liderança. O que é liderança? Liderança e administração são dois termos que costumam ser confundidos. Qual é a diferença entre eles? John Kotter, da Harvard Business School, argumenta que a administração diz respeito ao enfrentamento da complexidade. A boa administração traz ordem e consistência por meio da elaboração de planos formais, do projeto de estruturas organizacionais rígidas e da monitoração dos resultados em comparação com os planos. A liderança, por outro lado, diz respeito ao enfrentamento da mudança. Os líderes estabelecem direções através do desenvolvimento de uma visão do futuro; depois, engajam as pessoas comunicando-lhes essa visão e inspirando-as a superar os obstáculos. Precisamos, portanto, apresentar a liderança de um modo capaz de refletir como ela é utilizada na teoria e na prática. Definimos liderança como a capacidade de influenciar um grupo para alcançar metas. A origem dessa influência pode ser formal, como a que é conferida por um alto cargo na organização. Como essas posições subentendem um certo grau de autoridade, uma pessoa pode assumir um papel de liderança apenas em função do cargo que ocupa. Nem todos os líderes são administradores e nem todos os executivos são líderes. O fato de a organização conferir a seus executivos alguns direitos formais não lhes assegura a capacidade de liderança eficaz. A liderança não sancionada — aquela capacidade de influenciar os outros que emerge fora da estrutura formal da organização — geralmente é tão importante quanto a influência formal, ou até mais. Em outras palavras, os líderes podem surgir naturalmente de dentro de um grupo ou por indicação formal. No mundo dinâmico de hoje, precisamos de líderes que desafiem o status quo, criem visões de futuro e sejam capazes de inspirar os membros da organização a querer realizar estas visões. Teorias dos traços Há muito tempo, a mídia tem seguidores das teorias dos traços de liderança — que diferenciam líderes dos não-líderes com base nas qualidades e características pessoais. Eles identificam pessoas como Margaret Thatcher, Nelson Mandela, Richard Branson (presidente do Virgin Group), Steve Jobs (cofundador da Apple), Rudolph Giuliani (ex- prefeito de New York) e Kenneth Chenault (presidente da American Express) como líderes e os descrevem usando termos como carismáticos, entusiastas e corajosos. Amplas revisões da literatura sobre liderança, quando organizadas com referência http://www.sjc.sp.gov.br/ maril Realce maril Realce maril Realce (12) 3904-2900 | www.sjc.sp.gov.br | Av. Olivo Gomes, 250 - Santana | CEP 12211-115 | São José dos Campos - SP ao modelo Big Five, têm demonstrado que a extroversão é o traço mais importante do líder eficaz. Mas os resultados mostram que a extroversão está mais associada à emergência do líder do que à sua eficácia. Isto não é surpreendente, já que as pessoas mais sociáveis e dominantes costumam se impor em situações de grupo. A consciência e a abertura para novas experiências também mostraram uma relação forte e consistente com a liderança, mas não tão forte quanto a extroversão. Teorias comportamentais Se a abordagem comportamental tivesse sucesso, as implicações teriam sido completamente diferentes daquelas da abordagem dos traços. Se as teorias dos traços tivessem sido comprovadas, teriam proporcionado um a base para a seleção das pessoas "certas" para assumir posições formais em grupos e organizações que buscavam liderança. Em comparação, se a abordagem comportamental conseguisse identificar os determinantes críticos do comportamento dos líderes, então seríamos capazes de treinar as pessoas para a liderança. A diferença entre as abordagens dos traços e a comportamental, em termos de aplicabilidade, está em suas premissas básicas. As teorias dos traços pressupõem que os líderes nascem com suas características de liderança, e não que eles se formam líderes. Por outro lado, se existissem comportamentos específicos que identificassem os líderes, a liderança poderia ser ensinada — poderíamos elaborar programas para implantar esses padrões comportamentais nos indivíduos que desejassem tornar-se líderes eficazes. Este seria um caminho muito mais estimulante, já que se presume que o grupo de líderes poderia estar sempre em expansão. Se o treinamento funcionasse, teríamos um celeiro inesgotável de líderes eficazes. Estudos da Universidade Estadual de Ohio As teorias comportamentais mais abrangentes e mais reproduzidas resultaram de um a pesquisa iniciada no final dos anos 40 na Universidade Estadual de Ohio. Os pesquisadores buscaram identificar dimensões independentes do comportamento do líder. Começando com mais de mil dimensões diferentes, foram afunilando a lista até chegar a duas categorias que são substancialmente responsáveis por boa parte do comportamento de liderança descrito por funcionários. Eles chamaram estas duas dimensões de estrutura de iniciação e consideração. A estrutura de iniciação se refere à extensão em que um líder é capaz de definir e estruturar o seu próprio papel e o dos funcionários na busca do alcance dos objetivos. Isso inclui o comportamento que tenta organizar o trabalho, as relações de trabalho e as metas. O líder com alto grau de estrutura de iniciação pode ser descrito como alguém que "delega tarefas específicas aos membros do grupo", "espera que os trabalhadores mantenham padrões definidos de desempenho" e "enfatiza o cumprimento dos prazos". Thomas Charlton e Tom Siebel mostram esse tipo de comportamento em alto grau. A consideração é descrita como a extensão em que uma pessoa é capaz de manter relacionamentos de trabalho caracterizados por confiança mútua, respeito às ideias dos funcionários e cuidado com os sentimentos deles. Esse líder demonstra preocupação pelo bem-estar, conforto, status e satisfação de seus liderados. Um líder com alto grau de consideração pode ser descrito como alguém que ajuda seus funcionários em seus problemas pessoais, é amigável e disponível e trata como iguais todos os subordinados. O presidente da AOL Time Warner, Richard Parsons, demonstra esse tipo de comportamento http://www.sjc.sp.gov.br/ (12) 3904-2900 | www.sjc.sp.gov.br | Av. Olivo Gomes, 250 - Santana | CEP 12211-115 | São José dos Campos - SP em alto grau. Seu estilo de liderança é voltado para as pessoas, enfatizando a cooperação dos funcionários e o consenso. Estudos da Universidade de Michigan O grupo de Michigan chegou a duas dimensões do comportamento de liderança, que foram chamadas de orientação para o funcionário e orientação para a produção. Os líderes vistos como orientados para os funcionários foram descritos como enfatizadores das relações interpessoais; demonstravam interesse pessoal nas necessidades de seus funcionários e aceitavam as diferenças entre os membros do grupo. Os líderes orientados para a produção, por seu lado, tendiam a enfatizar os aspectos técnicos e práticos do trabalho — sua principal preocupação estava na execução das tarefas do grupo e seus membros eram apenas o meio para se atingir um fim. Estudos escandinavos Os pesquisadores escandinavos fizeram um a revisão dos dados originaisda pesquisa de Ohio. Descobriram que aqueles pesquisadores haviam incluído itens de desenvolvimento, tais como “busca de novas formas de fazer as coisas", "criar novas abordagens para os problemas" e "encorajar as pessoas a iniciar novas atividades". Mas esses itens, naquela época, não tinham muito a ver com a liderança eficaz. Segundo os pesquisadores escandinavos, isso se deve ao fato de o desenvolvimento de novas ideias e a implementação de mudanças não serem fatores críticos naquele tempo. No ambiente dinâmico de hoje, a realidade é outra e, por isso, os pesquisadores conduziram novos estudos para descobrir a existência de um a terceira dimensão — a orientação para o desenvolvimento — relacionada com a liderança eficaz. Teorias das contingências O modelo de Fiedler O primeiro modelo contingencial abrangente de liderança foi desenvolvido por Fred Fiedler. O modelo da contingência de Fiedler propõe que a eficácia do desempenho do grupo depende da adequação entre o estilo do líder e o grau de controle que a situação lhe proporciona. Identificação do Estilo de Liderança Fiedler acredita que um fator essencial para o sucesso é o estilo de liderança do indivíduo. Assim, ele começa por tentar descobrir qual é o estilo básico. Fiedler elaborou o questionário do colega menos preferido (LPC) - Least Preferred Co-worker (N. T.) para esse fim. Seu propósito é avaliar se uma pessoa é orientada para os relacionamentos ou para as tarefas. O questionário LPC contém 16 adjetivos contrastantes (como agradável-desagradável, eficiente-ineficiente, aberto-reservado, apoiador-hostil). Pede-se aos respondentes que pensem em todos os colegas que já tiveram e selecionem aquele com quem gostaram menos de trabalhar, classificando-o em um a escala de 1 a 8 em todos os 16 pares de adjetivos. Fiedler acredita que, com base nessas respostas, pode-se determinar o estilo básico de liderança de cada pessoa. Se o colega menos querido for descrito com termos relativamente positivos (uma alta pontuação LPC), o respondente estará basicamente interessado em manter uma boa relação com ele. Se você descrever em termos favoráveis a pessoa com quem menos gostaria de trabalhar, Fiedler o rotulará de orientado para o relacionamento. Ao contrário, se o colega menos http://www.sjc.sp.gov.br/ (12) 3904-2900 | www.sjc.sp.gov.br | Av. Olivo Gomes, 250 - Santana | CEP 12211-115 | São José dos Campos - SP preferido for descrito em termos relativamente desfavoráveis (uma baixa pontuação LPC), o respondente estará basicamente interessado na produtividade e, assim, será rotulado como orientado para a tarefa. Cerca de 16 por cento dos respondentes pontuam na média. Essas pessoas não podem ser classificadas em nenhum a das duas orientações, ficando, portanto, fora da previsão da teoria. Deste modo, o restante de nossa discussão refere-se apenas aos 84 por cento que se situam nos extremos de pontuação do LPC. Fiedler parte do princípio de que o estilo de liderança de um a pessoa é fixo. Como mostraremos a seguir, isso é importante porque significa que, se um a situação requer um líder orientado para a tarefa e a pessoa na posição de liderança é orientada para o relacionamento, ou a situação terá de ser modificada ou o líder substituído para que se possa obter a eficácia ótima. Definindo a Situação depois que o estilo básico de liderança do indivíduo for avaliado por meio do questionário LPC, será necessário adequar a pessoa à situação. Fiedler identifica três dimensões contingenciais que, na sua opinião, definem os fatores situacionais básicos que determinam a eficácia da liderança. São elas as relações entre líder e liderados, a estrutura da tarefa e o poder da posição. Essas dimensões são definidas da seguinte maneira: 1. Relação entre líder e liderados: o grau de confiança, credibilidade e respeito que os membros do grupo têm em seu líder. 2. Estrutura da tarefa: O grau de procedimentos estabelecidos no trabalho (ou seja, se as tarefas são estruturadas ou não estruturadas). 3. Poder da posição: O grau de influência que um líder tem sobre as variáveis de poder, tais como o poder de contratar, demitir, tomar ações disciplinares, conceder promoções e aumentos salariais. O passo seguinte no modelo de Fiedler é avaliar a situação em relação a essas três variáveis contingenciais. A relação entre líder e liderados é boa ou ruim, o grau de estrutura da tarefa é alto ou baixo e o poder da posição é forte ou fraco. Segundo Fiedler, quanto melhor a relação líder-liderados, mais alto o grau da estrutura da tarefa e mais forte o poder da posição, mais controle o líder tem. Um exemplo de situação altamente favorável (na qual o líder possui um grande controle) pode ser a de uma gerente de pessoal respeitada por subordinados que confiam nela (boa relação líder- liderados), cujas atividades — como o preenchimento de formulários, o processamento da folha de pagamento e o preenchimento de cheques — são claras e específicas (alto grau de estrutura de tarefa) e ela tem considerável liberdade para recompensar e punir os subordinados (forte poder de posição). Por outro lado, poderíamos ilustrar uma situação desfavorável como a do chefe pouco estimado de uma equipe de voluntários que trabalham no levantamento de doações de fundos — situação em que o líder tem pouquíssimo controle. No conjunto, combinando as três variáveis contingenciais, temos oito situações potenciais ou categorias diferentes em que um líder pode se encontrar. Adequando os Líderes às Situações - Com os resultados do questionário LPC do indivíduo e a avaliação das variáveis contingenciais, o modelo de Fiedler propõe que se faça a adequação entre eles para se chegar ao máximo de eficácia na liderança. Com base em sua pesquisa, Fiedler concluiu que os líderes orientados para a tarefa tendem a ter melhor desempenho em situações extremamente favoráveis ou extremamente desfavoráveis a eles (veja o Quadro 11.2). Ele prevê que esse tipo de líder tem melhor desempenho quando enfrenta situações das categorias I, II, III, VII ou VIII. Os líderes http://www.sjc.sp.gov.br/ (12) 3904-2900 | www.sjc.sp.gov.br | Av. Olivo Gomes, 250 - Santana | CEP 12211-115 | São José dos Campos - SP orientados para o relacionamento, entretanto, têm melhor desempenho em situações moderadamente favoráveis — categorias de IV a VI. Recentemente, Fiedler condensou essas oito categorias em apenas três. Ele agora afirma que os líderes orientados para a tarefa têm melhor desempenho em situações de alto e baixo controle, enquanto os líderes orientados para o relacionamento têm melhor desempenho nas situações de controle moderado. Tendo em vista essas descobertas de Fiedler, como você as aplicaria? Você procuraria adequar o líder à situação. Os resultados do questionário LPC vão determinar o tipo de situação para a qual o líder é mais indicado. A "situação" seria definida pela avaliação dos três fatores contingenciais, ou seja, a relação entre o líder e os liderados, a estrutura da tarefa e o poder da posição. Mas lembre-se de que Fiedler entende o estilo de liderança individual como uma coisa fixa. Portanto, existem, na verdade, apenas duas formas de melhorar a eficácia da liderança. Primeiro, você pode mudar o líder para atender à situação. Em uma partida de futebol, o técnico pode escalar mais jogadores de ataque ou de defesa, dependendo do jogo. Assim, por exemplo, se a situação de um grupo é extremamente desfavorável e ele está sendo liderado por alguém orientado para o relacionamento, o desempenho do grupo pode melhorar se esse líder for substituído por alguém orientado para a tarefa. A segunda alternativa seria modificar a situação para adequá-la ao líder. Isso poderia ser feito através da reestruturação das tarefas, aumentando ou diminuindo o poder do líder para controlar fatores como salários, promoções e ações disciplinares. Avaliação: no geral, a revisão dos principais estudos que testarama validade do modelo de Fiedler chegou a uma conclusão positiva. Existem evidências consideráveis para apoiar pelo menos uma parte substancial do modelo. Se as previsões feitas a partir desse modelo usassem apenas três categorias, em vez dos oito originais, haveria uma ampla evidência para apoiar as conclusões de Fiedler. Mas o questionário LPC e a utilização prática do modelo têm alguns problemas que precisam ser examinados. Por exemplo, a lógica que norteia o LPC não é muito clara e alguns estudos revelaram que seus resultados não são estáveis. Além disso, as variáveis contingenciais são complexas e difíceis de serem avaliadas na prática. Geralmente é complicado avaliar, na prática, se a relação líder- liderados é boa, como são estruturadas as tarefas e qual o poder de posição que o líder detém. Teoria do Recurso Cognitivo - Recentemente, Fiedler e um colega, Joe Garcia, reconceitualizaram a teoria original. Mais especificamente, eles se concentraram no papel do estresse como forma de desvantagem situacional e em como a inteligência e a experiência de um líder influenciam a sua reação ao estresse. Deram o nome de teoria do recurso cognitivo a essa reconceitualização. A essência da nova teoria é a de que o estresse é inimigo da racionalidade. E difícil para o líder (e para qualquer outra pessoa) pensar de forma lógica e analítica quando está sob forte tensão. Além disso, a importância da inteligência e da experiência do líder difere nas situações de alta e baixa tensão. Fiedler e Garcia descobriram que a inteligência do líder tem uma relação positiva com o desempenho sob baixa tensão, e negativa, sob alta tensão. Por outro lado, a experiência do líder tem uma relação negativa com o desempenho sob baixa tensão, e positiva, sob alta tensão. Assim, de acordo com Fiedler e Garcia, é o nível de estresse da situação que determina se a inteligência e a experiência do indivíduo vão contribuir para o desempenho da liderança. http://www.sjc.sp.gov.br/ (12) 3904-2900 | www.sjc.sp.gov.br | Av. Olivo Gomes, 250 - Santana | CEP 12211-115 | São José dos Campos - SP Apesar de ser novidade, a teoria do recurso cognitivo já possui um embasamento significativo em pesquisas para a sua sustentação. Isto é, em situações de alta tensão, indivíduos brilhantes têm um desempenho de liderança pior do que aqueles menos inteligentes. Quando a tensão é baixa, os indivíduos mais experientes têm desempenho pior do que aqueles menos experientes. Quadro 11.2 - Descobertas do Modelo de Fiedler MITO OU CIÊNCIA? É a experiência que conta! A crença de que a experiência é um bom indicador da eficácia da liderança é bastante forte e amplamente aceita. Infelizmente, a experiência, por si só, não é um bom indicador da eficácia da liderança. As empresas procuram cuidadosamente candidatos para os cargos mais altos com base em suas experiências. Da mesma forma, as empresas normalmente exigem vários anos de experiência em algum nível da organização antes de considerar a promoção de um indivíduo. Você alguma vez já fez uma entrevista de emprego em que não fosse perguntado sobre suas experiências profissionais? Obviamente, a administração acredita que a experiência é um dado importante. Mas a evidência não corrobora esta crença. Estudos envolvendo oficiais militares, equipes de pesquisa e desenvolvimento, supervisores de lojas, gerentes de agências de correio e diretores de escolas mostram que os executivos mais experientes não são mais eficazes do que aqueles com pouca experiência. Uma das falhas na lógica do “a experiência é que conta" é o pressuposto de que o tempo passado em uma mesma função seja uma medida válida de experiência. O tempo nada revela da qualidade da experiência. O fato de uma pessoa estar na mesma função há 20 anos e outra há apenas dois não significa, necessariamente, que a primeira seja dez vezes mais experiente que a última. Muito frequentemente, 20 anos de experiência significam apenas um ano de experiência repetido vinte vezes! Mesmo nos trabalhos mais complexos, o aprendizado real termina por volta do segundo ano. Nessa altura, http://www.sjc.sp.gov.br/ (12) 3904-2900 | www.sjc.sp.gov.br | Av. Olivo Gomes, 250 - Santana | CEP 12211-115 | São José dos Campos - SP praticamente todas as situações novas e específicas já foram vivenciadas. Portanto, um problema na tentativa de relacionar a experiência à capacidade de liderança está na falta de atenção dada à qualidade e à diversidade das experiências vividas. Um segundo problema é que existe uma variabilidade entre as situações que influencia a transferência e a relevância das experiências. A situação em que a experiência foi obtida dificilmente será comparável à nova situação enfrentada. O trabalho difere, os recursos alocados diferem, a cultura organizacional difere, as características dos liderados diferem e assim por diante. Por isso, uma outra razão pela qual a experiência não é um bom indicador de capacidade de liderança é dada, sem dúvida, pela variabilidade das situações enfrentadas pelo líder. A teoria situacional de Hersey e Blanchard Paul Hersey e Ken Blanchard desenvolveram um modelo de liderança que vem conquistando seguidores entre diversos especialistas em desenvolvimento da administração. Esse modelo, chamado de teoria da liderança situacional, foi incorporado aos programas de treinamento de liderança de mais de 400 das 500 empresas listadas pela revista Fortune. Seus elementos básicos vêm sendo ensinados a mais de um milhão de executivos por ano nas mais variadas organizações. Essa é um a teoria contingencial que centra seu foco sobre os liderados. A liderança bem-sucedida é alcançada pela escolha do estilo adequado, que Hersey e Blanchard argumentam ser contingente ao nível de prontidão dos liderados. Antes de prosseguirmos, devemos esclarecer dois pontos: por que o enfoque nos liderados? O que eles querem dizer com prontidão? A ênfase nos liderados, no que se refere à eficácia da liderança, reflete a realidade de que são eles que aceitam, ou não, um líder. Independentemente do que o líder fizer, a eficácia dependerá das ações de seus liderados. Essa é uma dimensão importante que foi menosprezada ou pouco enfatizada na maioria das teorias sobre liderança. O termo prontidão, conforme a definição de Hersey e Blanchard, refere-se à habilidade e à disposição demonstradas pelas pessoas para a realização de uma determinada tarefa. A teoria da troca entre líder e liderados A teoria da troca entre líder e liderados argumenta que, por causa das pressões do tempo, os líderes estabelecem um relacionamento especial com um pequeno grupo de seus liderados. Esses indivíduos constituem o "grupo de dentro" — têm toda a confiança, recebem uma parcela desproporcional de atenção do líder e costumam ser alvo de privilégios especiais. Os demais membros formam o "grupo de fora". Recebem menos tempo do líder, menos recompensas controladas por ele e seu relacionamento se baseia nas interações formais de autoridade. A teoria propõe que, logo no início da história da interação entre um líder e um liderado, o líder implicitamente o categoriza como um "de dentro" ou um "de fora", e que esse relacionamento vai se manter relativamente estável no tempo. Exatamente como o líder escolhe quem fica em qual categoria não é muito claro, mas há evidências de que os membros "de dentro" são escolhidos porque têm atitudes e características de personalidade semelhantes as do líder ou por possuírem um nível de competência superior ao dos demais membros. A questão-chave a ser lembrada aqui é que, embora quem faça a escolha seja o líder, são as características dos liderados que conduzem a essa decisão. http://www.sjc.sp.gov.br/ (12) 3904-2900 | www.sjc.sp.gov.br | Av. Olivo Gomes, 250 - Santana | CEP 12211-115 | São José dos Campos - SP As pesquisas têm oferecido boa sustentação a essa teoria. Mais especificamente, a teoria e as pesquisasoferecem evidências substanciais de que os líderes realmente diferenciam seus liderados; que essas diferenciações não são aleatórias; que os membros do "grupo de dentro”, de maneira geral, recebem avaliações melhores e têm menos intenções de rotatividade e maior satisfação com seus superiores. Essas descobertas não são exatamente surpreendentes se nos reportarmos à profecia auto realizadora. Os líderes investem seus recursos em quem acreditam que terá melhor desempenho. "Sabendo" que os membros do "grupo de dentro" são mais competentes, os líderes os tratam como tal e, inconscientemente, realizam sua profecia. A teoria da meta e do caminho Atualmente, uma das mais respeitadas abordagens sobre liderança é a teoria da meta e do caminho. Desenvolvida por Robert House, ela é um modelo contingencial de liderança que extrai elementos da pesquisa da Universidade Estadual de Ohio sobre estrutura de iniciação e consideração, bem como da teoria das expectativas na motivação. A Teoria - Essencialmente, a teoria da meta e do caminho argumenta que é função do líder ajudar os subordinados no alcance de suas metas, fornecendo orientação e/ou apoio necessário para assegurar que tais metas sejam compatíveis com os objetivos da organização. Os termos meta e caminho derivam da convicção de que os líderes eficazes abrem os caminhos para ajudar seus liderados a atingirem seus objetivos, tornando a jornada mais fácil ao reduzir os seus obstáculos. Comportamentos do Líder - House identifica quatro comportamentos de liderança. O líder diretivo faz com que os liderados saibam o que se espera deles, organiza o trabalho a ser feito e fornece instruções precisas sobre como as tarefas devem ser realizadas. O líder apoiador é amigável e demonstra sensibilidade às necessidades de seus subordinados. O líder participativo consulta os liderados e utiliza suas sugestões antes de tomar um a decisão. O líder orientado para a conquista estabelece metas desafiadoras e espera que os liderados ofereçam o melhor desempenho possível. Ao contrário de Fiedler, House parte do pressuposto de que os líderes são flexíveis, podendo mostrar qualquer um desses comportamentos, ou todos eles, dependendo da situação. Variáveis Contingenciais e Previsões - A teoria da meta e do caminho propõe duas classes de variáveis contingenciais ou situacionais que moderam a relação entre o comportamento do líder e os resultados obtidos: aquelas ambientais, que estão fora do controle do funcionário (a estrutura da tarefa, o sistema formal de autoridade e o grupo de trabalho), e as que fazem parte das características pessoais do funcionário (centro de controle, experiência e capacidade percebida). Os fatores ambientais determinam o tipo de comportamento requerido do líder como um complemento para que os resultados atingidos pelos seguidores sejam maximizados, enquanto as características pessoais do funcionário determinam como o ambiente e o comportamento do líder são interpretados. Assim, a teoria propõe que o comportamento do líder será ineficaz quando for redundante em relação às fontes da estrutura ambiental ou incongruente com as características do funcionário. • A liderança diretiva leva a uma maior satisfação quando as tarefas são ambíguas ou estressantes do que quando são altamente estruturadas e planejadas. • A liderança apoiadora leva a um melhor desempenho e a uma maior satisfação quando os funcionários realizam tarefas estruturadas. • A liderança diretiva pode ser percebida como redundante entre funcionários http://www.sjc.sp.gov.br/ (12) 3904-2900 | www.sjc.sp.gov.br | Av. Olivo Gomes, 250 - Santana | CEP 12211-115 | São José dos Campos - SP com grande capacidade percebida ou com experiência considerável. • Os funcionários com centro de controle interno ficam mais satisfeitos com o estilo participativo de liderança. • A liderança orientada para a conquista aumenta as expectativas dos funcionários de que os esforços conduzirão a um melhor desempenho quando as tarefas forem estruturadas de maneira ambígua. Avaliação - As evidências pesquisadas geralmente corroboram a lógica que fundamenta esta teoria. Ou seja, o desempenho e a satisfação do funcionário tendem a ser positivamente influenciados quando o líder oferece qualquer coisa que falte ao liderado ou ao ambiente de trabalho. Quando o líder perde tempo explicando tarefas já suficientemente claras ou quando o funcionário tem a experiência e a capacidade de cuidar delas sem interferência, ele provavelmente se tornará ineficaz, pois o liderado verá esse comportamento diretivo como redundante, ou até mesmo ofensivo. O modelo de participação e liderança Victor Vroom e Phillip Yetton desenvolveram o modelo de participação e liderança, que relaciona o comportamento de liderança com a participação no processo decisório. Reconhecendo que as estruturas de tarefas possuíam demandas diferentes para as atividades rotineiras e as não-rotineiras, esses pesquisadores argumentavam que o comportamento do líder devia se ajustar à estrutura da tarefa. O modelo de Vroom e Yetton era normativo— oferecia um a sequência de regras que deviam ser seguidas para a determinação da forma e do volume de participação no processo decisório, de acordo com os diferentes tipos de situação. O modelo era uma árvore decisória que incorporava sete contingências (cuja relevância podia ser identificada por escolhas entre “sim" ou "não”) e cinco estilos alternativos de liderança. Um trabalho mais recente de Vroom e Arthur Jago resultou em uma revisão desse modelo. O novo modelo mantém os cinco estilos alternativos de liderança — desde o líder tomando as decisões sozinho até o compartilhamento do problema com o grupo e o desenvolvimento de uma decisão de consenso, mas acrescenta uma série de problemas e aumenta o número de variáveis contingenciais para 12. Estas variáveis contingenciais estão listadas no Quadro 11.5. As pesquisas que testaram tanto o modelo original como o revisado são encorajadoras, embora os índices do modelo revisado sejam mais altos em termos de eficácia. As críticas têm focado as variáveis omitidas e a complexidade geral do modelo. Outras teorias contingenciais demonstram que o estresse, a inteligência e a experiência são variáveis situacionais importantes. Mesmo assim, o modelo de participação e liderança não inclui esses fatores. Mas o mais importante, pelo menos sob o ponto de vista prático, é que esse modelo é complicado demais para ser usado pelo administrador típico em seu dia a dia. Embora Vroom e Jago tenham desenvolvido um programa de computador para guiar os executivos por todas as ramificações decisórias do modelo revisado, não é muito realista esperar que um administrador, na prática, considere doze variáveis contingenciais, oito tipos de problema e cinco estilos de liderança antes de selecionar o processo decisório mais adequado a um determinado problema. Obviamente, não fizemos justiça aqui à sofisticação desse modelo. O que se pode tirar desta breve discussão? Algumas novas inferências sobre variáveis contingenciais http://www.sjc.sp.gov.br/ (12) 3904-2900 | www.sjc.sp.gov.br | Av. Olivo Gomes, 250 - Santana | CEP 12211-115 | São José dos Campos - SP importantes. Vroom e seus associados nos fornecem algumas delas, específicas e empiricamente aprovadas, que você deve considerar quando for escolher um tipo de liderança. QUADRO 11. 5 - Variáveis Contingenciais do Modelo de Participação e Liderança Revisado Resumo A liderança tem um papel crucial para a compreensão do comportamento do grupo, pois é o líder quem, geralmente, oferece a direção para o alcance dos objetivos. Portanto, uma capacidade de previsão mais apurada pode ser valiosa para a melhoria do desempenho do grupo. A principal contribuição da abordagem comportamental foi a classificação da liderança em duas categorias: a orientada para a tarefa e a orientada para as pessoas. Mas nenhum estilocomprovou ser efetivo em todas as situações. A maior novidade em nossa compreensão da liderança veio com o reconhecimento da necessidade de desenvolvimento de teorias da contingência que incluíssem os fatores situacionais. No momento, as evidências indicam que as variáveis situacionais relevantes devem incluir a estrutura da tarefa do trabalho; o nível de estresse situacional; o nível de apoio do grupo; a inteligência e a experiência do líder; e as características dos liderados, tais como personalidade, experiência, capacidade e motivação. Fonte: ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional (11ª Edição). São Paulo: Prentice Hall, 2005. 1. Importância da decisão. 2. Importância da obtenção do comprometimento do subordinado à decisão. 3. Se o líder tem uma quantidade suficiente de informações para tomar uma boa decisão. 4. Quão bem-estruturado está o problema. 5. Se uma decisão autocrática receberia o comprometimento dos subordinados. 6. Se os subordinados "vestem a camisa" dos objetivos da empresa. 7. Se pode haver conflitos entre os subordinados em relação às alternativas de solução. 8. Se os subordinados têm informações suficientes para tomar boas decisões. 9. As limitações de tempo do líder que podem restringir o envolvimento dos subordinados. 10. Se os custos para reunir subordinados geograficamente dispersos são justificáveis. 11. Importância para o líder de minimizar do tempo requerido para a tomada de decisões. 12. Importância do uso da participação como uma ferramenta para o desenvolvimento das habilidades decisórias dos subordinados. http://www.sjc.sp.gov.br/