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Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda Epilepsia Definições (incluindo estado de mal epiléptico): A epilepsia é definida como um distúrbio cerebral caracterizado por predisposição permanente de gerar crises epilépticas e por suas consequências neurobiológicas cognitivas, psicológicas e sociais. Do ponto de vista operacional define-se epilepsia como uma doença encefálica caracterizada por uma das condições seguintes: 1. Pelo menos duas crises não provocadas (ou reflexas) ocorrendo em intervalo superior a 24 horas. 2. Uma crise não provocada (ou reflexa) e uma probabilidade de crises subsequentes semelhante ao risco geral de recorrência (pelo menos de 60%) após duas crises não provocadas, ocorrendo nos próximos 10 anos. 3. Diagnóstico de uma síndrome epiléptica. Epilepsia é considerada resolvida para indivíduos que tiveram uma síndrome epiléptica idade- dependente mas agora passaram a idade vulnerável ou aqueles que permaneceram livres de crises por pelo menos 10 anos, sem medicações antiepilépticas pelos últimos 5 anos. Crise epiléptica é a ocorrência de sinais e/ou sintomas transitórios devidos a uma atividade neuronal anormal, excessiva e síncrona no cérebro. Conceitos SANAR: Crise convulsiva: é uma atividade elétrica anormal, a qual gera sinais e sintomas específicos – como abalos musculares. A crise convulsiva é uma crise epiléptica na qual existe abalo motor. Para considerar que uma pessoa tem epilepsia ela deverá ter repetição de suas crises epilépticas, portanto a pessoa poderá ter uma crise epiléptica (convulsiva ou não) e não ter o diagnóstico de epilepsia (liga brasileira de epilepsia). • Crise provocada: é uma crise epiléptica decorrente de uma causa imediata identificada, como distúrbio metabólico, intoxicação aguda, abstinência de drogas sedativas ou insulto neurológico agudo. Deve existir uma relação temporal entre o desencadeante e a crise, geralmente, nos últimos 7 dias. Entre 1 e 10% da população terá uma crise provocada na sua vida. • Crise não provocada: quando não há uma causa conhecida para a crise, após investigação clínica, laboratorial e de imagem. • Epilepsia: é uma doença cerebral crônica causada por diversas etiologias e caracterizada pela recorrência de crises epilépticas não provocadas. • Síndrome Epiléptica: Uma síndrome epiléptica se refere a um conjunto de características incluindo tipos de crises, EEG e características de imagem, que tendem a ocorrer juntas. Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda Artigo – 2018 A definição de estado de mal epiléptico (EME) permaneceu controversa por muitos anos e, ainda hoje, definições conceitualmente distintas podem ser observadas na literatura. EME foi inicialmente compreendido como uma condição neurológica anormal e suficientemente prolongada ou que recorresse a intervalos curtos capazes de produzir uma condição epiléptica duradoura e invariável. Na prática clínica, EME é definido como uma crise epiléptica com duração igual ou superior a 30 minutos ou crises epilépticas subentrantes sem recuperação completa da consciência. O conceito temporal da definição (30 minutos) é baseado em estudos prognósticos, estando significativamente relacionado ao aumento da mortalidade e morbidade neurológica. Do ponto de vista semiológico, pode ser classificado em “convulsivo”, no qual há manifestações motoras evidentes e exuberantes e “não convulsivo”, caracterizado pela ausência de manifestações motoras ou manifestações motoras discretas2. Contudo, crises epiléticas com duração superior a 5 minutos têm risco elevado para atingirem duração de 30 minutos. Assim, de modo operacional, o EME pode ser definido como uma crise epiléptica contínua ou crises intermitentes sem recuperação da consciência com duração superior a 5 minutos. Em crianças menores de 5 anos de idade, o tempo considerado para conceituar o EME deve ser de 10 minutos. Embora não seja consenso entre os autores e haja mais de uma definição na literatura, o EME com duração superior a 2 horas é denominado EME refratário. O EME super-refratário é aquele cuja crise epiléptica tem duração superior a 24 horas após o início dos fármacos anestésicos, incluindo os casos em que há recorrência do EME durante a retirada ou suspensão da anestesia. Epidemiologia: Atualmente, estima-se que há mais de 50 milhões de pessoas com epilepsia no mundo, a maioria vivendo em países em desenvolvimento onde a qualidade de vida é pior e a incidência de infecções do sistema nervoso central (SNC) é maior. Na população mundial, a prevalência de epilepsia encontra-se entre 1,5 e 30 casos para cada mil habitantes. Classificação Operacional das Crises Epilépticas (ILAE 2017) : Início focal, generalizado, desconhecido ou não classificável. Considera quatro grupos de crises epilépticas: 1. crises focais; 2. crises generalizadas; 3. crises de início desconhecido e 4. crises não classificáveis. Crises epilépticas focais são aquelas que se originam em redes neuronais limitadas a um hemisfério cerebral, as quais podem ser restritas ou distribuídas de forma mais ampla. Crises epilépticas generalizadas são aquelas que se originam em algum ponto de uma rede neuronal e rapidamente envolvem e se distribuem em redes neuronais bilaterais. Crises focais são divididas em perceptivas, quando a percepção de si próprio e do meio ambiente é preservada e disperceptivas ou com comprometimento da percepção quando a percepção é comprometida. As crises focais, podem ser motoras (sete subtipos) ou não motoras (cinco subtipos), e ambos os tipos podem evoluir para crises tonicoclônicas bilaterais. Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda Crises generalizadas são também subdivididas em crises motoras e não motoras (ausências). Há oito subtipos de crises generalizadas motoras e quatro subtipos de ausências como não motoras. A diferenciação destes subtipos de ausências é fundamental para o estabelecimento do diagnóstico sindrômico e do prognóstico. Crises de início desconhecido por não terem sido integralmente testemunhadas, por exemplo, que seriam referidas pela simples palavra “não classificadas” na Classificação de 1981 podem agora receber características adicionais, incluindo motoras e não motoras. Um tipo de crise de início desconhecido pode posteriormente ser classificado tanto como de início focal quanto de início generalizado quando estiverem disponíveis exames complementares como EEG, neuroimagem ou testes genéticos. ALGUMAS SÍNDROMES EPILÉPTICAS GENERALIZADAS Espasmos infantis (Síndrome de West): O termo espasmos infantil descreve uma forma de epilepsia generalizada específica de determinada faixa etária, que pode ser idiopática ou sintomática. Quando todos os dados clínicos são levados em consideração, inclusive resultados dos exames de neuroimagem, apenas cerca de 15% dos pacientes são classificados atualmente como tendo epilepsia idiopática. Os casos sintomáticos resultam de diversas condições, inclusive disgenesia cerebral, esclerose tuberosa, fenilcetonúria, infecções intrauterinas ou lesão hipóxico-isquêmica. As crises epilépticas caracterizam-se por espasmos flexores ou extensores súbitos, que afetam simultaneamente a cabeça, o tronco e os membros. Em geral, as crises começam antes da idade de 6 meses. O EEG mostra anormalidades grosseiras como atividade caótica lenta de voltagem alta com descargas multifocais – um padrão conhecido como hipsarritmia. O tratamento preferido é corticotrofina ou prednisona e os espasmos são reconhecidamente resistentes aos FAE tradicionais. As exceções são topiramato e zonisamida que, de acordo com alguns estudos, são alternativas eficazes à corticotrofina em alguns casos selecionados. Embora o tratamento com corticotrofina, vigabatrina, zonisamida ou topiramato geralmente controle os espasmos e reverta as Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda anormalidadesdo EEG, ele tem pouco efeito no prognóstico a longo prazo. Apenas cerca de 5 a 10% das crianças com espasmos infantis têm inteligência normal ou praticamente normal e mais de 66% apresentam limitações graves. Crise de Ausência na infância: Na maioria dos casos, esse distúrbio começa entre as idades de 4 e 12 anos e caracteriza-se predominantemente por crises repetidas de ausência que, quando não são tratadas, podem ocorrer literalmente centenas de vezes/dia. Durante uma crise de ausência, o EEG caracteriza-se por descargas estereotipadas bilaterais de espícula-onda ritmadas a 3Hz. Cerca de 30 a 50% dos pacientes também têm crises tônico-clônicas generalizadas. A maioria das crianças é normal, tanto neurológica quanto intelectualmente. Etossuximida e valproato são igualmente eficazes para tratar crises de ausência, mas a opção preferida é valproato ou lamotrigina quando também há crises tônico-clônicas. Topiramato, levetiracetam e zonisamida também podem ser eficazes para controlar crises generalizadas desde o início. Síndrome de Lennox-Gestaut: Esse termo é utilizado para descrever um grupo heterogêneo de encefalopatias epilépticas infantis, que se caracterizam por atraso intelectual, crises epilépticas incontroláveis e um padrão típico no EEG. A síndrome não é uma doença única, porque as manifestações clínicas e eletroencefalográficas resultam de malformações cerebrais, asfixia perinatal, traumatismo craniano grave, infecção do sistema nervoso central (SNC) ou, raramente, de uma síndrome degenerativa ou metabólica progressiva. Em cerca de 65 a 70% das crianças afetadas, é possível identificar a causa suposta. Em geral, as crises epilépticas começam antes da idade de 4 anos e cerca de 25% das crianças têm história de espasmos infantis. Nenhum tratamento é eficaz em todos os casos e 80% das crianças continuam a ter crises epilépticas na idade adulta. Em geral, os melhores resultados são obtidos com FAE de espectro amplo (p. ex., valproato, clobazam, lamotrigina, topiramato ou zonisamida). A rufinamida pode ser especialmente eficaz para tratar crises atônicas associadas a essa síndrome. Apesar da incidência mais elevada de efeitos colaterais graves, o felbamato frequentemente é eficaz quando esses outros fármacos não permitem o controle ideal das crises. Epilepsia Mioclônica-Juvenil: Na maioria dos casos, o subtipo epilepsia mioclônica juvenil (EMJ) da epilepsia generalizada idiopática começa em indivíduos saudáveis sob outros aspectos entre as idades de 8 e 20 anos. A síndrome plenamente desenvolvida consiste em abalos mioclônicos matutinos; crises tônico-clônicas generalizadas, que ocorrem pouco depois de despertar; inteligência normal; história familiar de crises epilépticas semelhantes; e EEG com descargas generalizadas de espículas isoladas e agrupadas (polispícula) a 4 a 6Hz. A intensidade dos abalos mioclônicos varia de espasmos bilaterais graves e quedas, até abalos musculares isolados suaves, que alguns pacientes consideram nada mais que “falta de destreza matinal”. Valproato é o tratamento preferido e controla as crises convulsivas e as mioclonias em mais de 80% dos casos. Lamotrigina, zonisamida, levetiracetam e topiramato podem ser igualmente eficazes em alguns pacientes, enquanto a lamotrigina algumas vezes exacerba a mioclonia. SÍNDROMES EPILÉPTICAS RELACIONADAS COM A LOCALIZAÇÃO Epilepsia do Lobo Temporal: Esse é o tipo de síndrome epiléptica mais comum nos adultos. Na maioria dos casos, a região epileptogênica está localizada nas estruturas mesiais do lobo temporal, especialmente hipocampo, amígdala e giro para-hipocampal. As crises epilépticas geralmente começam no final da infância ou na adolescência e é comum haver história de crises febris. Quase Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda todos os pacientes têm crises parciais complexas, das quais algumas podem generalizar-se. Auras são frequentes e as sensações viscerais são especialmente comuns. Outros indícios comportamentais típicos são postura imóvel, perda da consciência (gradativa em alguns casos) e automatismos oroalimentares, inclusive morder os lábios. A regra é que ocorra um período de confusão pós-ictal variável, embora geralmente longo. Entre as crises, o EEG mostra alentecimento temporal focal e ondas agudas ou descargas epileptiformes na região temporal anterior. Em geral, os FAE são eficazes para suprimir as crises generalizadas secundárias, mas a maioria dos pacientes continua a ter crises parciais. Quando as crises persistem, o tratamento preferido é ressecção do lobo temporal ou amígdalo-hipocampectomia seletiva. Existe mais controvérsia quanto à necessidade de usar FAE por períodos longos depois da operação bem-sucedida; uma porcentagem pequena dos pacientes pode ter recidivas alguns anos depois. Etiologias: Desde o momento em que o paciente apresenta a primeira crise epiléptica, o clínico deve objetivar a determinação da etiologia de sua epilepsia. É importante entendermos que existem diversos tipos de etiologias que podem/estão envolvidos com a epilepsia. Dessa forma, podemos organizar essa etiologias em 5 principais grupos: estrutural, genética, infecciosa, metabólica, imune e desconhecida. A epilepsia de um paciente pode ser classificada em mais de uma categoria etiológica. As etiologias não são hierárquicas e a importância dada ao grupo dependerá da circunstância em que o paciente se encontra. Estrutural: Uma etiologia estrutural se refere a anormalidades visíveis em estudos de neuroimagem estrutural. Em que, a avalição eletroclínica associada aos achados de imagem levam à um grau razoável de inferência de que a anormalidade da imagem é, provavelmente, a causa das crises do paciente. As etiologias estruturais podem ser adquiridas - como uma encefalopatia hipóxico-isquêmica, acidente vascular cerebral, trauma e infecção – ou genéticas - como a esclerose tuberosa. Sendo importante salientar que, apesar de existir uma base genética em tais malformações, é a alteração estrutural a responsável pela epilepsia deste indivíduo. Genética: A epilepsia genética é o resultado direto de uma mutação genética conhecida ou presumida na qual as crises epilépticas constituem o sintoma central da doença. As epilepsias na quais a etiologia genética tem sido implicada são muito diversas e, na maioria dos casos, os genes responsáveis ainda não são conhecidos. Primeiramente, a inferência de uma etiologia genética pode ser baseada apenas em uma história familiar de uma doença autossômica dominante. Em segundo lugar, uma etiologia genética pode ser sugerida pela pesquisa clínica em populações com a mesma síndrome. Em terceiro, uma base Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda molecular pode ter sido identificada, podendo implicar um único gene ou variações no número de cópias como efeito maior. Nas formas de epilepsia que seguem herança complexa, a qual implica que múltiplos genes com ou sem contribuição ambiental, podem ser identificadas variantes de susceptibilidade que contribuem para causar a doença mas são insuficientes, por si só, para causar epilepsia. Nesta situação, pode não haver história familiar de epilepsia pois outros membros da família podem não ter variantes dos genes de epilepsia suficientes para serem afetados. É importante ressaltar que genético não é sinônimo de hereditário. O paciente pode ter uma mutação nova que surgiu nele, e que a mutação genética não foi herdada, e assim, é improvável que haja história familiar de crises. No entanto este paciente pode agora ter uma forma hereditária de epilepsia. Pacientes também podem ser mosaicos para a mutação. Isso significa que eles apresentam duas populações de células, uma que contém a mutação e outra que tem o alelo tipo selvagem (normal). Mosaicismo pode impactar na gravidade de sua epilepsia, com taxas de mosaicismo mais baixas resultando em epilepsias de menor gravidade. Uma etiologia genéticanão exclui uma contribuição ambiental. O fato de que fatores ambientais contribuem para a epilepsia é um conceito bem aceito, por exemplo, vários indivíduos com epilepsia são mais propensos a ter crises quando expostos a privação de sono, estresse e doenças. Infecciosa: infecciosa resulta diretamente de uma infecção conhecida, na qual as crises epilépticas são os sintomas centrais da afecção. Uma etiologia infecciosa se refere a um paciente com epilepsia e não às crises ocorrendo no contexto de uma infecção aguda como meningite ou encefalite. Exemplos comuns em regiões específicas do mundo incluem: neurocisticercose, tuberculose, HIV, malária cerebral, panencefalite esclerosante subaguda, toxoplasmose cerebral, e infecções congênitas como pelo Zika vírus e citomegalovírus. Metabólica: A epilepsia metabólica, por sua vez, é o resultado direto de um distúrbio metabólico conhecido ou presumido, no qual o sintoma central do distúrbio são as crises epilépticas. Está relacionada a distúrbios metabólicos bem delineados com manifestações ou alterações bioquímicas em todo o corpo como: porfiria, uremia, aminoacidopatias ou as crises por dependência de piridoxina. Imune: A epilepsia imune resulta diretamente de um distúrbio imune no qual as crises são o sintoma central desta afecção. Pode ser conceituada quando há evidência de uma inflamação imuno- mediada no sistema nervoso central. Desconhecida: A Epilepsia de etiologia desconhecida é descrita quando mesmo depois da investigação, não é possível determinar a origem do quadro. Não sendo possível fazer um diagnóstico específico além da semiologia eletroclínica básica. Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda Diagnóstico Anamnese, exame físico (manifestações motoras e não motoras), exames laboratoriais. Anamnese: A história adequada deve fornecer um quadro claro das manifestações clínicas das crises epilépticas e da sequência com que elas ocorreram; da evolução do distúrbio epiléptico; dos fatores que desencadeiam as crises, inclusive ingestão de álcool ou privação de sono; dos fatores de risco para crises epilépticas, inclusive gestação anormal, crises febris, história familiar de epilepsia, traumatismo craniano, encefalite ou meningite e AVE; e da resposta ao tratamento usado até então. Nas crianças, é importante obter a história do desenvolvimento. O tipo de movimentos automáticos ou involuntários repetitivos (automatismos), as posturas sustentadas, a ocorrência de mioclonia e a duração da crise epiléptica ajudam a determinar os tipos específicos de epilepsia ou síndromes epilépticas. Anormalidades pós-ictais inespecíficas como letargia e confusão mental devem ser diferenciadas das anormalidades neurológicas focais (p. ex., hemiparesia ou afasia), que poderiam indicar o hemisfério no qual a crise começou. Exame físico: O exame neurológico geralmente é normal nos pacientes com epilepsia, mas em alguns casos pode fornecer indícios quanto à etiologia. Sinais focais indicam alguma lesão cerebral coexistente. Assimetria da mão ou da face pode indicar atrofia cerebral localizada ou hemisférica contralateral ao lado menor. As facomatoses estão associadas comumente a crises epilépticas e são sugeridas por manchas café com leite, angioma facial, telangiectasia conjuntival, máculas hipopigmentadas, nevos fibroangiomatosos ou placas acamurçadas na região lombossacra. Algumas manifestações motoras que o paciente pode apresentar, são: • Automatismos: movimentos estereotipados (Ex: mastigação); • Atônica: perda do tônus muscular; • Tônica: hipertonia muscular; • Clônica: abalos rítmicos focais; • Mioclônica: abalos focais breves e irregulares (semelhante a um susto). Sendo que paciente que tem mioclonia geralmente não a percebe; • Hipercinética: movimentos rápidos; • Espasmos epilépticos: (Ex: flexão e extensão dos braços e flexão do tronco). Como manifestações não-motoras que o paciente pode apresentar, temos: • Autonômico: palago. • Cognitivo: alteração de linguagem, sensação de dejavu, incerteza; • Emocional: ansiedade, medo extremo; • Sensitivo: parestesia, hipoestesia; • Parada comportamental: indivíduo parado com olhar vago. Exames laboratoriais: Os exames hematológicos de rotina são necessários para recém-nascidos e pacientes idosos com doença sistêmica aguda ou crônica, de forma a detectar anormalidades dos eletrólitos, glicose, cálcio ou magnésio, ou disfunção hepática ou renal que possa contribuir para a ocorrência de crises epilépticas. Esses exames raramente são úteis para estabelecer o diagnóstico em crianças ou adultos saudáveis. Dosagens dos eletrólitos séricos, provas de função hepática e Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda hemograma completo (HC) devem ser realizados quando houver suspeita de anormalidades metabólicas ou infecciosas, mas estes exames são úteis principalmente para definir valores basais antes de iniciar o tratamento com FAE. Qualquer suspeita de meningite ou encefalite deve ser investigada por punção lombar. As triagens toxicológicas do sangue e da urina devem ser consideradas quando ocorrem crises epilépticas generalizadas de início recente, que não possam ser explicadas por outras causas. EECG: O EEG no diagnóstico das epilepsias é fundamental, porque oferece sinais de distúrbio epileptiforme causado por disfunção neuronal durante o período em que o paciente se encontra assintomático, isto é, entre crises, ou durante o período ictal (registro de crises). As descargas epileptiformes (espículas e ondas agudas) estão diretamente relacionadas com a suscetibilidade às crises epilépticas e podem ser detectadas no primeiro EEG de cerca de 50% dos pacientes. Alterações semelhantes são detectadas em apenas 1 a 2% dos adultos normais e em uma porcentagem um pouco maior das crianças normais. Quando são registrados vários EEG, as anormalidades epileptiformes por fim aparecem em 60 a 90% dos adultos com epilepsia, mas o índice de exames positivos não aumenta expressivamente depois de três ou quatro registros. Os registros prolongados ambulatoriais ou hospitalares aumentam a detecção das anormalidades epileptiformes entre as crises, tanto porque os tempos de registro são mais longos, como também porque são incluídos ciclos complexos de sono-vigília. Desse modo, é importante lembrar que 10 a 40% dos pacientes com epilepsia não apresentam anormalidades epileptiformes no EEG de rotina. Por essa razão, um EEG normal ou com anormalidades inespecíficas nunca exclui o diagnóstico. Sono, hiperventilação, estimulação fótica e posições especiais dos eletrodos são usados rotineiramente para aumentar as chances de detectar anormalidades epileptiformes. Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda Neuroimagem (TC, RNM , Espectroscopia por RNM, PET, SPECT) Todos os pacientes com epilepsia devem ser submetidos a exame de RM ou tomografia computadorizada, exceto aqueles com formas típicas de epilepsia generalizada primária (p. ex., epilepsia mioclônica juvenil, ausência da infância) ou epilepsias focais autolimitadas da infância com clínica e EEG característicos e resposta adequada às drogas antiepilépticas (DAEs). Existem duas situações básicas para a realização de exames de neuroimagem em pacientes com diagnóstico de epilepsia. A primeira se aplica a pacientes recém-diagnosticados e aqueles com epilepsia de longa data que ainda não foram devidamente investigados. A segunda se aplica a pacientes com epilepsia de difícil controle e, portanto, candidatos a tratamento cirúrgico. Mesmo pacientes com epilepsia focal de longa duração sem etiologia definida devem ser submetidos a exame de neuroimagem. ESPECTROSCOPIA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (ERM) A ERM possibilita obter informação química de compostos que estão presentes em concentrações muito menores que a água nos tecidos. TOMOGRAFIA POR EMISSÃO DE PÓSITRONS (PET) As imagens de PET com uso de glicosemarcada (FDG-PET) podem demonstrar hipometabolismo focal ou regional coincidente com a área epileptogênica, sobretudo em epilepsias do lobo temporal. Este hipometabolismo pode estender além da zona epileptogênica definida pelo EEG, ou além da área de lesão estrutural, como, por exemplo, a região de esclerose medial temporal. Este hipometabolismo pode representar deaferentação ou morte neuronal, e pode “recuperar” parcialmente após cirurgia bem-sucedida. TOMOGRAFIA POR EMISSÃO DE FÓTON ÚNICO (SPECT) Os exames interictais para estudo de fluxo sanguíneo cerebral com SPECT (single photon emission computed tomography) são de pouca precisão e utilidade e não são indicados de rotina. Por outro lado, estudos com SPECT durante a crise (ictal) utilizando o radiofármaco HMPAO-99m. Tc ou o ECD- 99mTc podem identificar tanto focos epileptogênicos temporais como extratemporais, desde que o radiofármaco seja injetado o mais rápido possível após o início da crise durante a monitoração vídeo- EEG (Duncan, 2010). O SPECT ictal é mais eficaz para localização do foco epileptogênico em pacientes com ELT, com sensibilidade e especificidade entre 80% a 97%. Nas epilepsias extratemporais o SPECT ictal é bem menos eficaz, e varia de acordo com o substrato patológico e com o lobo cerebral acometido. Em crises com rápida propagação (p. ex., crises do lobo frontal) a grande limitação é o tempo necessário para injetar o radiofármaco. Tratamento medicamentoso Quando iniciar: A decisão de iniciar um tratamento deve levar em consideração que os FAEs também oferecem um risco potencial e podem ter impacto negativo na qualidade de vida do paciente. Esta decisão é ainda mais relevante considerando que a duração do tratamento em geral é longa. Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda O uso de FAEs após uma primeira crise reduz o risco de crises subsequentes, entretanto o tratamento não afeta o prognóstico de controle das crises e não modifica a história natural da epilepsia. Assim, o tratamento precoce é justificável nos pacientes com vários fatores de risco para recorrência das crises ou naqueles em que a recorrência oferece potenciais consequências relacionadas com a direção de veículos, o trabalho e a segurança em geral. Quando parar A maioria dos pacientes com epilepsia apresenta bom controle das crises. Remissão foi observada em 86% dos pacientes durante 3 anos e 68% em 5 anos. Entre as razões para interromper o tratamento estão os efeitos adversos, potencial efeito teratogênico, inconveniências do tratamento medicamentoso e efeitos adversos associados ao uso crônico de um FAE. A probabilidade de retorno das crises após a interrupção de FAEs varia de 12% a 63%, sendo que a maioria dos estudos mostra um risco inferior a 41%. Vários fatores estão associados ao risco de recorrência. Entre eles destaca-se a classificação da síndrome epiléptica. Epilepsia ausência infantil e epilepsia focal benigna da infância com espículas centrotemporais apresentam baixa porcentagem de recorrência. Por outro lado, epilepsia mioclônica juvenil e epilepsia de lobo temporal estão relacionadas com elevada taxa de retorno das crises. Um dos fatores mais consistentes para o risco de recorrência é a idade de início das crises. Crises com início após 10-12 anos apresentam perfil desfavorável para a retirada dos FAEs. Outro importante dado é que, quanto maior o tempo sem crises, maior a chance de permanecer sem crises após a interrupção dos FAEs. Portanto, em geral, a retirada das medicações é considerada quando o paciente permanece por 2 anos sem crises. Os fatores de risco para recorrência precisam ser investigados criteriosamente. No caso de recorrência das crises após a descontinuação de FAEs, complicações como estado de mal epiléptico, traumatismos e morte são consideradas bastante raras. Com relação ao controle das crises após a reintrodução da medicação, 95% dos pacientes apresentaram 1 ano de remissão em 3 anos de seguimento; e 90%, 2 anos de remissão em 5 anos de seguimento. Os FAEs devem ser retirados de forma gradual e um de cada vez, no caso de politerapia. Com relação ao tempo de retirada, não há evidência suficiente na literatura. Em comparação com as outras medicações, os barbitúricos e os benzodiazepínicos precisam ser retirados de forma ainda mais lenta. Escolha da medicação Epilepsias focais: existem poucos estudos de elevado nível de evidência mostrando maior eficácia de qualquer FAE sobre outro para crises de início focal e em monoterapia. A carbamazepina apresentou o melhor equilíbrio entre eficácia e tolerabilidade em um estudo comparativo que também incluiu fenitoína, fenobarbital e primidona. A partir deste estudo, a carbamazepina é geralmente considerada uma das primeiras opções para monoterapia inicial em pacientes adultos com epilepsias focais. A lamotrigina é mais tolerada que a carbamazepina de liberação imediata. Entretanto, estudos avaliando a carbamazepina de liberação prolongada mostram perfil semelhante à lamotrigina e ao levetiracetam também consideradas medicações de primeira linha para o tratamento das epilepsias focais. Epilepsias generalizadas: Entretanto, o valproato é a medicação considerada mais eficaz para pacientes com crises generalizadas incluindo ausências e mioclonias. Levetiracetam e lamotrigina também são considerados FAEs de primeira linha neste grupo de epilepsias. O valproato deve ser evitado em mulheres devido ao risco de teratogenicidade. A etossuximida é classicamente avaliada como a medicação de escolha para crises de ausência, entretanto ela não tem ação contra outros tipos de crise. Os autores concluíram que, na epilepsia ausência infantil, a etossuximida é a terapia Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda ótima inicial tanto pelo melhor controle das crises, quanto pelo menor efeito adverso na atenção destas crianças. Bloqueadores de canal de sódio como a carbamazepina e a fenitoína não devem ser utilizados nas epilepsias generalizadas idiopáticas, porque podem piorar as crises e induzir estado de mal epiléptico. Principais fármacos Benzodiazepínicos Atuam principalmente no receptor tipo A do ácido gama-aminobutírico (GABA-A) aumentando a frequência de abertura dos canais de cloro. Os mais utilizados para o tratamento das epilepsias são o clobazam e o clonazepam. Prática clínica: os benzodiazepínicos, e principalmente o clobazam, são geralmente utilizados na terapia adjuvante de epilepsias refratárias. O clonazepam pode ser utilizado para o tratamento de mioclonias. Em pacientes com epilepsia mioclônica juvenil o uso do clonazepam deve ser feito com cautela, pois as mioclonias podem ser o único aviso de uma crise tonicoclônica generalizada iminente. Carbamazepina Seu mecanismo de ação é por meio da ligação com canais de sódio em estado ativo prolongando o estado de inativação rápida. A carbamazepina é metabolizada no fígado pelo citocromo P450 e principalmente pela enzima 3A4. É um metabólito ativo também responsável por alguns efeitos adversos. A carbamazepina é um potente indutor enzimático. Desta forma, esta medicação reduz o nível sérico de medicações e substâncias endógenas metabolizadas pelo sistema enzimático do citocromo P450. Prática clínica: a carbamazepina permanece como uma das medicações de primeira linha para o tratamento das epilepsias focais. Seu efeito indutor deve ser considerado durante a escolha. Esta medicação também pode ser utilizada para o tratamento da neuralgia do trigêmio, mania aguda e transtorno bipolar. Etossuximida O mecanismo de ação é por meio do bloqueio das correntes de cálcio tipo T explicando sua ação nas crises de ausência. Prática clínica: é a medicação de escolha para epilepsia ausência quando o indivíduo apresenta apenas crises de ausência. Fenitoína O mecanismo de ação da fenitoína é semelhante ao da carbamazepina. Ela bloqueia os canais de sódio reduzindo o disparo neuronal de alta frequência. É uma medicaçãocom elevada taxa de ligação proteica (90%), portanto sua fração livre pode variar na insuficiência hepática e renal, em situações de hipoproteinemia, durante a gestação, em idosos e na presença de outras medicações com alta ligação proteica como o valproato. Seu metabolismo é saturável resultando em uma cinética não linear. Deste modo, após determinada concentração, geralmente além do limite terapêutico, pequenos aumentos de dose resultam em aumentos desproporcionais da sua concentração. É potente indutor do sistema microssomal hepático. Prática clínica: o uso da fenitoína tem diminuído por ser medicação indutora enzimática e em decorrências de seus efeitos adversos como hipertrofia gengival. Possui apresentação parenteral sendo ainda muito utilizada no tratamento do estado de mal epiléptico. Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda Fenobarbital Seu mecanismo de ação é por meio da ligação com o receptor GABA-A prolongando a abertura do canal de cloro associado. Prática clínica: o fenobarbital é pouco utilizado por ser um potente indutor enzimático e em decorrência dos efeitos adversos na esfera cognitiva. Entretanto, por ser uma medicação amplamente disponível, ministrada em uma tomada diária e de baixo custo pode ser uma opção para indivíduos com níveis socioeconômicos inferiores. Gabapentina Seu mecanismo de ação é por meio da ligação com a unidade alfa-2-delta do canal de cálcio voltagem dependente reduzindo o influxo de cálcio e a liberação de neurotransmissores associados em condições hiperexcitáveis. Apresenta espectro de ação estreito atuando contra crises focais. Prática clínica: frequentemente utilizada para dores neuropáticas. No tratamento das epilepsias pode ser utilizada em idosos, geralmente como adjuvante, ou em pacientes com neuropatias dolorosas como comorbidade. Lacosamida É um bloqueador de canal de sódio. Entretanto, a lacosamida prolonga a inativação lenta de forma oposta à maioria dos bloqueadores de canal de sódio que bloqueiam a inativação rápida. Apresenta excelente perfil farmacocinético. Prática clínica: atualmente utilizada para crises focais e como terapia adjuvante. Lamotrigina É um bloqueador de canal de sódio como a fenitoína e a carbamazepina. Entretanto, deve ter outros mecanismos de ação para explicar sua eficácia contra ausências. É amplamente metabolizada no fígado predominante por glucuronidação. A lamotrigina é um FAE de amplo espectro, porém para ausências é menos eficaz do que o valproato e a etossuximida. Pode ser eficaz para mioclonias em alguns pacientes e exacerbar estas crises em outros. É também utilizada para o tratamento do transtorno bipolar. Sua titulação deve ser feita de forma lenta para evitar reações cutâneas. A titulação precisa ser feita de forma ainda mais lenta na presença do valproato. Por outro lado, na presença de indutores sua titulação pode ser mais rápida. Os anticoncepcionais orais reduzem em até 50% o nível sérico de lamotrigina. Assim, quando se inicia o tratamento com anticoncepcionais orais frequentemente é necessário aumentar a dose da lamotrigina. Prática clínica: a lamotrigina é uma medicação de primeira linha para pacientes com epilepsias focais e generalizadas. A lamotrigina apresenta uma das mais baixas taxas de teratogenicidade podendo ser utilizada em mulheres. Entretanto, o manejo em gestantes é difícil devido a queda do nível sérico relacionada com o aumento de sua metabolização. Apresenta efeito sinérgico quando utilizada com o valproato com eficácia maior que a prevista. Levetiracetam O principal mecanismo de ação é a ligação com a proteína sináptica SV2A. Esta ligação resulta em diminuição da liberação de neurotransmissores durante a hiperativação neuronal. É uma medicação de amplo espectro com excelente perfil farmacocinético. Irritabilidade e hostilidade podem ocorrer, principalmente em crianças. Prática clínica: considerado primeira linha para epilepsias focais e generalizadas. O levetiracetam é uma das medicações de escolha para mulheres em idade fértil com epilepsia generalizada idiopática. Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda Oxcarbazepina É um análogo estrutural da carbamazepina, porém com grandes diferenças no metabolismo e nas vias de metabolização. De forma semelhante a carbamazepina e a fenitoína, atua nos canais de sódio inibindo disparos neuronais repetitivos de alta frequência. A oxcarbazepina é rapidamente convertida em seu metabólito ativo, o mono-hidroxi-derivado (MHD ou licarbazepina), que é o responsável pela ação da medicação. De forma oposta a carbamazepina, o efeito indutor da oxcarbazepina é pequeno. Geralmente, pode interagir com contraceptivos orais em doses maiores do que 900 mg/dia. A transição da carbamazepina pode ser feita rapidamente utilizando 300 mg de oxcarbazepina para cada 200 mg de carbamazepina sobretudo quando a dose diária da carbamazepina é inferior ou igual a 800 mg. Prática clínica: apresenta eficácia semelhante a fenitoína e a carbamazepina de liberação imediata e provavelmente com tolerabilidade superior. A oxcarbazepina induz mais hiponatremia do que a carbamazepina. Idosos utilizando diuréticos constituem um grupo de alto risco para a hiponatremia. Pregabalina Estruturalmente relacionada com a gabapentina e apresenta mecanismo de ação semelhante. Prática clínica: espectro estreito. Pode ser utilizada da mesma forma que a gabapentina. Primidona É convertida no fígado em fenobarbital e feniletilmalonamida (PEMA) que também é um metabólito ativo. Portanto, seu mecanismo de ação é semelhante ao fenobarbital. A primidona pode ser utilizada para o tratamento do tremor essencial. Entretanto, a primidona é menos tolerada que a carbamazepina, fenitoína e fenobarbital e está associada a uma reação tóxica aguda não relacionada ao fenobarbital. Prática clínica: raramente utilizada. Pode ser utilizada ocasionalmente em pacientes com epilepsia e tremor essencial. Pelos efeitos adversos, deve ser iniciada em doses baixas 50 mg/dia ou menos e gradualmente titulada. Topiramato Apresenta múltiplos mecanismos de ação incluindo antagonismo dos receptores alfa-amino-3- hidroxi-metil-5-4-isoxazolpropiónico (AMPA)/cainato, aumento da atividade do GABA e bloqueio dos canais de sódio voltagem dependentes. É um indutor enzimático leve. Em doses maiores que 200 mg/dia pode reduzir o nível sérico de contraceptivos orais. É uma medicação de amplo espectro. É frequentemente utilizado para tratamento do transtorno bipolar, na profilaxia de migrânea e para perda de peso. A titulação deve ser lenta e o maior problema do topiramato são os efeitos adversos cognitivos. Os pacientes podem não perceber estes efeitos. O topiramato está associado a malformações incluindo fendas orais e baixo peso. Prática clínica: não é considerado medicação de primeira linha devido aos efeitos adversos. Pode ser utilizado em pacientes com migrânea e obesidade como comorbidades. Valproato (ácido valproico e divalproato) Apresenta múltiplos mecanismos de ação incluindo potencialização do GABA, bloqueio dos canais de cálcio tipo T (explicando a eficácia contra crises de ausência) e bloqueio de canais de sódio. Liga- se altamente a proteínas (90%). Sua fração livre aumenta com o aumento da dose e com a coadministração da fenitoína que compete pela ligação proteica. É amplamente metabolizado por conjugação e oxidação. O valproato é um potente inibidor enzimático reduzindo o clearance do fenobarbital, lamotrigina e do epóxido da carbamazepina. Apresenta amplo espectro de ação e pode ser utilizado para o tratamento profilático da migrânea e bipolaridade. Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda Prática clínica: o valproato é uma medicação de primeira linha no tratamento das epilepsias generalizadas idiopáticas. Permanece como primeira escolha em homens com estas síndromes. Entretanto, o valproato não deve ser utilizado em mulheres, pois é o FAE mais teratogênico. Os riscos de malformaçõesmaiores são superiores a 30% em pacientes com doses maiores que 1.100 mg/dia. Este risco parece ser dose dependente e é ainda maior com politerapia ou histórico de malformações. A tolerabilidade e a eficácia do valproato nas crises focais com perda de consciência parece ser inferior à da carbamazepina. Vigabatrina É um inibidor irreversível da GABA transaminase resultando em acúmulo deste neurotransmissor. O efeito adverso mais preocupante é a constrição do campo visual que ocorre de forma concêntrica, progressiva e permanente. Pode ocorrer em 30%-40% dos indivíduos. O risco aumenta com o aumento da dose e da duração do tratamento. Prática clínica: raramente utilizada devido ao risco de efeito adverso. Só se justifica o seu uso em espasmos infantis da síndrome de West. Tratamento cirúrgico: O tratamento cirúrgico da epilepsia, embora já realizado haja muito tempo e apresente sucesso em grande parcela dos casos, ainda não tem abrangência suficiente para este grupo de pacientes, mesmo em países desenvolvidos. Este fato deve-se a fatores como escassez de recursos especializados e pouco conhecimento sobre as situações clínicas nas quais o tratamento cirúrgico apresenta altas taxas de sucesso. Infelizmente, muitas vezes há demora no encaminhamento a centros especializados porque se insiste no tratamento farmacológico. Um dos erros mais comuns é que a cirurgia para epilepsia deva ser utilizada apenas em pacientes em que tudo foi tentado. Outro erro comum é o temor de sequelas neurológicas, somáticas ou na esfera cognitivo comportamental. O atraso na indicação cirúrgica, em situações em que esse tratamento apresenta altos índices de sucesso, como EH, malformações corticais focais bem localizadas e tumores de baixo grau levam a consequências clínicas, cognitivas, psiquiátricas e sociais. É importante que médicos envolvidos no atendimento de pacientes portadores de epilepsia conheçam as indicações para o tratamento cirúrgico. Os principais objetivos da cirurgia são eliminar ou reduzir as crises e proporcionar melhor qualidade de vida aos pacientes. Os familiares e os próprios pacientes esperam que a cirurgia possa representar melhores oportunidades de educação, emprego e relacionamentos. Nas crianças, o objetivo, além do controle das crises com mínima repercussão funcional, retomada ou manutenção do desenvolvimento neuropsicomotor, melhora do comportamento e melhora cognitiva. A avaliação é complexa e requer uma equipe multidisciplinar e bem integrada que inclui neurologista, neurofisiologista, neurocirurgião, neuropsicólogo, psiquiatra, neurorradiologista e médico nuclear, com o intuito de esclarecer: 1. Localização da área epileptogênica. 2. Presença de comorbidades, como depressão, psicose e ansiedade; presença de déficit cognitivo. 3. Qual a possibilidade de bom resultado cirúrgico em relação ao controle das crises e melhora da qualidade de vida. 4. Riscos da cirurgia e como compará-los com os riscos de não a realizar. A avaliação pré-cirúrgica, portanto, deve ser considerada para todos aqueles pacientes com características de epilepsia focal e que preencham os critérios para refratariedade. Ainda hoje, apesar de todos os avanços, a área epileptogênica pode não ser visualizada diretamente, mas sim presumida a partir da combinação de cinco outras zonas corticais: a) a zona sintomatogênica, responsável pelos sintomas iniciais de aura ou crises focais perceptivas; b) a zona de déficit funcional, que corresponde aos déficits neurológicos ou neuropsicológicos interictais Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda (avaliados por meio de testagem neuropsicológica ou imagem funcional); c) a zona irritativa responsável pela geração de descargas epileptiformes interictais e que pode ser estimada mediante eletroencefalograma (EEG) interictal; d) a zona de início ictal, responsável pela descarga inicial e que pode ser avaliada pelos registros de EEG de superfície e tomografia por emissão de fóton único (SPECT) ictais; e) a lesão epileptogênica, que é a anormalidade estrutural responsável pela geração das crises visualizadas na RM. O objetivo da avaliação não invasiva é estabelecer o diagnóstico e localizar a zona epileptogênica. Quando a estratégia cirúrgica não pode ser definida por eletrodos de superfície, ou quando os estudos não invasivos são inconclusivos ou discrepantes, justifica-se uma avaliação invasiva com eletrodos intracranianos, como os eletrodos de profundidade e placas subdurais. Os eletrodos invasivos permitem a identificação e a localização do córtex eloquente adjacente à zona epileptogênica. As principais indicações para o implante de eletrodos invasivos são: • Dificuldade de determinar com segurança a área de início ictal. • Limitar a área epileptogênica. • Epilepsias não lesionais. • Determinação de áreas eloquentes (área motora, área de linguagem). O diagnóstico topográfico depende, portanto, dos diagnósticos clínico, eletrográfico, neuropsicológico e de neuroimagem (estrutural e funcional) e o resultado cirúrgico depende diretamente do grau de convergência destes fatores. Tratamento com neuroestimulação: Quando a cirurgia para epilepsia não é possível porque existem vários focos epileptogênicos, ou a crise epiléptica começa no córtex eloquente inoperável, a neuroestimulação tem sido uma alternativa quando o tratamento farmacológico é ineficaz. Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda Edema Cerebral Definição: A definição de edema cerebral é a ampliação do volume do encéfalo, causada por aumentos das quantidades de água e sódio. Quando é bem localizado ou discreto, o edema cerebral está associado a pouca ou nenhuma evidência clínica de disfunção neurológica; contudo, quando é grave, pode causar efeito expansivo intracraniano grave e herniação potencialmente fatal do tronco encefálico. Como o cérebro fica encarcerado dentro do espaço craniano rígido, o edema cerebral focal ou generalizado causa hipertensão intracraniana quando é suficientemente grave para suplantar os mecanismos compensatórios, que modulam a pressão intracraniana (PIC). O deslocamento dos tecidos cerebrais, ou herniação, é causado pelo efeito expansivo compartimentalizado e pelas diferenças de pressão dentro do crânio. Os tipos principais de herniação são central, transtentorial (ou do unco), subfalcina (ou do cíngulo) e cerebelar. Edema cerebral e congestão vascular são processos diferentes. A congestão vascular cerebral consiste no aumento do volume sanguíneo do cérebro, que é causado por obstrução das veias e sistemas venosos do encéfalo, ou por vasodilatação arterial (p. ex., secundária à hipercapnia). Outra causa de congestão vascular cerebral é hipertensão arterial suficientemente grave para suplantar a capacidade do cérebro de autorregular-se e manter um nível constante de fluxo sanguíneo cerebral (FSC). A congestão vascular cerebral também é conhecida como hiperemia ou hiperperfusão. Fisiopatologia Por convenção, o edema cerebral é classificado em três grupos principais: vasogênico, citotóxico e intersticial. Um esquema de classificação mais recente enfatiza a localização principal do líquido do edema como intracelular ou extracelular. Com base nesse esquema, os dois tipos principais de edema intracelular são citotóxico e osmótico, enquanto os dois tipos principais de edema extracelular são vasogênico e intersticial (hidrocefálico). Diversas causas de edema cerebral, inclusive AVE hemorrágicos, infarto venoso e traumatismo, causam uma combinação desses diferentes tipos de edema cerebral e as contribuições relativas de cada tipo podem variar com o tempo. Vasogênico: Edema vasogênico é um tipo de edema extracelular, que se caracteriza por aumento da permeabilidade da barreira hematencefálica aos líquidos, solutos e macromoléculas (inclusive proteínas plasmáticas), cujo acesso normalmente é limitado pelas junções estreitas existentes entre as células do endotéliocapilar. O aumento da permeabilidade é demonstrado quando há intensificação pelo contraste administrado como parte da tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM). Os níveis elevados de proteínas do líquido cerebrospinal (LCS) também indicam permeabilidade endotelial aumentada. As sequências FLAIR (fluid-attenuated inversion recovery, em inglês) da RM são mais sensíveis que a TC para demonstrar aumentos do volume de água nos tecidos cerebrais e do volume extracelular, que caracterizam o edema vasogênico. Citotóxico: O edema citotóxico caracteriza-se por edemaciamento de todos os elementos celulares do cérebro (neurônios, glia e células endoteliais), com redução simultânea do volume do espaço ocupado pelos líquidos extracelulares do cérebro. Em geral, a permeabilidade capilar não é alterada pelo edema osmótico (i. e., hiponatremia) ou na fase inicial de uma lesão hipóxicoisquêmica. As bases biológicas do edema cerebral citotóxico ou osmótico envolvem a sinalização do cálcio astrocítico e ativação dos canais de aquaporina-4, que são as vias principais de acesso da água ao Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda interior das células. Os pacientes com edema citotóxico “puro” têm concentrações normais de proteínas no LCS e a TC e a RM não demonstram intensificação pelo contraste. A RM na sequência ponderada em difusão (DWI, ou diffusion-weighted imaging, em inglês) reflete a limitação da difusão da água dentro das células edemaciadas e uma técnica muito mais sensível para demonstrar edema citotóxico. Alterações significativas da função cerebral podem ser resultantes dos processos que causam edema citotóxico, inclusive encefalopatia, estupor ou coma, elevação da PIC, herniação do tronco encefálico, asterixe, mioclonia e crises epilépticas focais ou generalizadas. Como regra geral, o edema intracelular causado pelos desequilíbrios osmóticos é muito mais sensível ao tratamento que o edema citotóxico resultante de uma lesão hipóxico-isquêmica, porque a função celular é mantida no primeiro caso. O grau de edema celular e a gravidade da disfunção neurológica resultante das hiposmolalidade aguda estão diretamente relacionados com a rapidez com que se desenvolvem; os estados crônicos de hiposmolalidade extrema alcançada gradativamente causam sinais e sintomas mínimos. A lesão hipóxico-isquêmica causa edema citotóxico e necrose celular seletiva. Quando o processo avança para infarto inequívoco dos tecidos, o edema vasogênico instala-se em seguida. A demora em detectar intensificação por contraste na TC realizada depois de um AVE isquêmico ilustra o tempo necessário para que ocorram alterações da permeabilidade das células endoteliais. Intersticial (Hidrocefalia): Edema intersticial é o terceiro tipo de edema, que tipicamente ocorre nos pacientes com hidrocefalia obstrutiva, na qual as quantidades de água e sódio da substância branca periventricular aumentam em consequência da transferência do LCS através da superfície ependimal dos ventrículos. A obstrução da drenagem do LCS causa transferência transependimal e, deste modo, acarreta um aumento absoluto do volume de líquido extracelular do cérebro. Por essa razão, o edema intersticial é estritamente periventricular nas imagens de TC e RM, com predomínio nas regiões anterior e posterior dos ventrículos laterais. A composição do edema intersticial é semelhante à do LCS. Em geral, é difícil diferenciar entre as manifestações clínicas do edema intersticial (demência, lentidão psicomotora e distúrbio da marcha) e as que ocorrem nos pacientes com hidrocefalia normotensiva, na qual ocorre tração física dos tratos de fibras da substância branca periventricular. Tratamentos específicos do edema cerebral Glicocorticoides Os glicocorticoides começam a reduzir drástica e rapidamente (em algumas horas) os sinais focais e gerais do edema cerebral ao redor de tumores e abscessos, mas não são eficazes para tratar edema resultante de infarto cerebral, HIC, HSA ou LCT. O mecanismo principal responsável pela eficácia no edema cerebral vasogênico é um efeito de normalização direta da função das células endoteliais e da permeabilidade, quando o processo é desencadeado pela liberação local de citocinas, fatores angiogênicos, moléculas de aderência vascular e outros mediadores inflamatórios. Os glicocorticoides de alta potência e ação prolongada são utilizados mais amplamente para tratar edema vasogênico causado por infecção ou tumor. A dose inicial habitual de dexametasona é de 10 mg, seguida de 4 a 6 mg administrados 4 vezes/dia a partir daí – uma dose com potência equivalente a mais de 400 mg de cortisol por dia. Esses doses elevadas são cerca de 20 vezes maiores que a taxa de produção endógena humana normal de cortisol. No entanto, não existem dados experimentais ou clínicos convincentes de que os glicocorticosteroides produzam efeitos benéficos no tratamento do edema cerebral citotóxico ou osmótico, independentemente da causa. Os corticosteroides também são usados comumente pelos neurocirurgiões para aumentar a complacência e o relaxamento cerebrais durante a craniotomia, ainda que existam poucas evidências quanto à sua eficácia. Os corticosteroides podem ser úteis ao tratamento de doenças menos comuns Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda caracterizadas por edema cerebral com LCS inflamatório, inclusive encefalomielite disseminada aguda pós-infecciosa (EMDA), vasculite do SNC e sarcoidose meníngea. Manitol Manitol intravenoso (IV) é o soluto mais utilizado para tratar hipertensão intracraniana associada ao edema cerebral. Administrado em solução a 20% na dose de 0,25 a 1,5 g/kg, o manitol desidrata os tecidos cerebrais e produz um efeito redutor da PIC por vários mecanismos. Primeiramente, o manitol é um diurético osmótico, que produz um gradiente de concentração através da barreira hematencefálica e atrai água livre no cérebro. Isso reduz o volume do parênquima cerebral e diminui a PIC. Em segundo lugar, o manitol aumenta a PPC em razão da expansão plasmática e acarreta vasoconstrição e redução do volume sanguíneo cerebral porque diminui a viscosidade e aumenta o FSC. Por fim, o manitol é excretado na urina, resultando na eliminação final de água livre e aumento da osmolalidade sérica. Quando é administrado em infusão rápida, o manitol pode reduzir a PIC dentro de apenas 10 a 30 min. A dose pode ser repetida até de hora em hora quando a PIC está elevada. As complicações do tratamento com manitol são desidratação, déficits eletrolíticos e insuficiência renal osmoticamente mediada. Uma diferença ampliada de mais de 10 mOsm/ℓ entre a osmolaridade determinada e a osmolaridade calculada pode indicar eliminação parcial do manitol pelos rins e risco mais alto de necrose tubular renal. Com a administração de doses intermitentes repetidas, pode haver um “efeito de rebote” com elevações sucessivas da PIC. Embora alguns afirmem que o manitol perde sua eficácia quando a osmolaridade sérica está acima de 320 mOsm/ℓ, existe pouca evidência a favor desta suposição. Solução salina hipertônica A solução salina hipertônica tem efeito osmótico no cérebro em razão de sua tonicidade alta e sua capacidade de manter-se efetivamente no lado exterior da barreira hematencefálica. Estudos numerosos com animais sugeriram que a reposição de líquidos hipertônicos depois do choque hemorrágico impeça a elevação da PIC, que ocorre depois da reanimação com líquidos isotônicos. As soluções salinas hipertônicas podem ter efeitos favoráveis no FSC porque reforçam a PPC e por seus efeitos locais na microcirculação cerebral. Entretanto, um estudo clínico comparou solução salina hipertônica com cristaloide isotônico em pacientes com LCT, mas não conseguiu demonstrar qualquer efeito benéfico. A infusão rápida de solução salina hipertônica na concentração de 3%, 7%, 10% ou 23% causa redução máxima da PIC dentro de 30 a 120 min com aumento simultâneo da PPC. Nos EUA, o uso das “balas” com30 mℓ de solução salina a 23,4% tornou-se a abordagem mais popular para tratamento osmótico com salina hipertônica. As complicações comuns da administração dessas soluções são sobrecarga de volume, edema pulmonar e déficits eletrolíticos. Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda Hipertensão Intracraniana Definição: Hipertensão Intracraniana (HIC) é o aumento da Pressão Intracraniana (PIC) acima de 15 mmHg (ou 20 cmH2O). Valor normal: 5-15mmHg ou 10-20 cmH2O. A PIC depende da quantidade de líquido no interior do encéfalo, incluindo aquele contido no interior das células, interstício e ventrículos. Aumentos agudos deste líquido, como no edema cerebral (vasogênico ou citotóxico) e na hidrocefalia (edema intersticial), podem elevar a PIC. Lesões expansivas do tipo hemorragia, tumor ou abscesso também elevam a PIC, principalmente pelo edema que se forma ao redor destas lesões. Fisiopatologia: A HIC surge sempre que tiver edema cerebral significativo, ou uma massa ocupando espaço que surgiu de forma aguda (ex.: hematoma), ou ainda um acúmulo rápido de fluido no interior dos ventrículos cerebrais, isto é, um aumento do conteúdo sem aumentar o continente (crânio). Em crianças pequenas, as suturas entre os ossos cranianos são flexíveis o bastante para permitir o aumento da cavidade craniana, um fenômeno impossível em crianças maiores e adultos. Por outro lado, quando um edema, uma hidrocefalia ou uma lesão se expande lentamente, a adaptação do tecido cerebral pode evitar uma HIC grave, permitindo que o paciente permaneça assintomático ou oligoassintomático. Etiologias: A hipertensão intracraniana é um sintoma que está presente em várias condições médicas. As possíveis etiologias são divididas em dois grandes grupos: Causas neurológicas e causas não neurológicas. Dentro das causas neurológicas, encontram-se: aneurisma roto, acidente vascularcerebral, cisto de aracnoide, contusões cerebrais, encefalopatia hipertensiva, hemorragia subaracnoide, hematoma subdural, hematoma extradural, hidrocefalia etc. Quanto as condições não neurológicas, merecem destaque: o abuso e dependência de opioides, cetoacidose diabética, encefalopatia hepática aguda, edema cerebral pós-cirúrgico, hiponatremia, obesidade mórbida e trombose traumática de veias jugulares. Quadro Clínico: O quadro de HIC, no paciente acordado, já se manifesta por cefaleia, “vômitos em jato”, papiledema, paralisia do VI par craniano, ou nervo abducente (pseudolocalização) são sinais frequentes de HIC. A cefaleia pode ser holocraniana, occipital ou mesmo frontal; tem a característica de piorar pela manhã, quando a PIC atinge o seu valor máximo, e de se exacerbar com o esforço físico, tosse, espirro ou qualquer manobra que eleve a pressão intratorácica subitamente. A lesão do VI par se dá pela compressão deste nervo em seu longo trajeto pelo espaço subaracnoide (é o nervo de maior comprimento dentro do espaço liquórico). O comprometimento pode ser uni ou bilateral, caracterizando-se pelo estrabismo convergente, com pupilas preservadas e fotorreagentes. O edema de papila óptica na fundoscopia é um sinal de HIC grave. Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda Tratamento Tutoria 2- 3º módulo/Jeovanna Miranda REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Tratado de Neurologia- Merritt Med Curso - Neuro
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