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HEMATO AULA 04-3

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HEMATOLOGIA 
BÁSICA
Bruna Amorin
Casos clínicos em hematologia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Realizar a interpretação dos parâmetros hematológicos liberados 
pelo contador celular.
  Comparar os parâmetros liberados com a microscopia hematológica.
  Ilustrar a correlação clínico-laboratorial dos dados hematológicos.
Introdução
A interpretação de um exame hematológico requer uma avaliação do que é 
normal ou patológico. Nesse caso, “normal” significa que o resultado espe-
rado está dentro dos valores de referência de acordo, por exemplo, com a 
idade e o sexo do paciente ou até mesmo uma gestação. Esses valores são 
obtidos por meio de resultados de exames realizados em indivíduos sadios e 
estatisticamente dentro de limites que são estabelecidos por média, mediana 
e moda. A mediana revela, numa curva de distribuição, os resultados dos 
valores acima e abaixo da média. A moda indica os valores mais frequentes 
da distribuição celular. Desses cálculos, obtém-se os valores normais, que 
se distribuem numa faixa de normalidade e são estabelecidos por valores 
normais mínimos e máximos. É importante destacar que, para cada índice 
quantitativo avaliado no hemograma, como, por exemplo, a contagem de 
eritrócitos (RBC), a dosagem de hemoglobina (HGB), o hematócrito (HCT), 
o volume corpuscular médio (VCM), entre outros, há unidades de medidas 
específicas, que indicam a sua referência em relação ao espaço ocupado.
Neste capítulo, você vai aprender que, além da avaliação desses parâme-
tros quantitativos citados e que são obtidos por contadores hematológicos 
eletrônicos, é importante a comparação dos mesmos com os parâmetros 
qualitativos, que são visualizados na microscopia hematológica, tais como 
anormalidades morfológicas relevantes à clínica. Para isso, vai ver como rea-
lizar a interpretação dos parâmetros hematológicos liberados pelo contador 
celular, comparar os parâmetros liberados com a microscopia hematológica 
e ilustrar a correlação clínico-laboratorial dos dados hematológicos.
Interpretação de parâmetros hematológicos 
liberados por contadores celulares
De acordo com Silva et al. (2016), dentre os exames laboratoriais atualmente 
solicitados por médicos de qualquer especialidade, o hemograma é o mais 
requerido. Por esse motivo, existe uma grande necessidade de evitar conclusões 
dúbias e/ou erros nesse teste. Sem a velocidade e a habilidade que os modernos 
contadores automáticos hematológicos oferecem, os laboratórios clínicos seriam 
incapazes de entregar uma grande quantidade de laudos corretos com segurança 
e qualidade. Desde 1980, com o advento da contagem diferencial automatizada 
de leucócitos, esse processo tem tornado-se um evento comum nos laboratórios.
Os contadores eletrônicos contam e medem uma série de dados objetivos 
acerca das células examinadas e utilizam diferentes canais com impedâncias 
específicas, permitindo a contagem de leucócitos, eritrócitos e plaquetas ao 
mesmo tempo. A partir desses dados primários, um computador deriva, por 
meio de cálculos, uma série de valores matemáticos, estatísticos e gráficos. Os 
conjuntos desses resultados são considerados “parâmetros”, e esses compõem 
o hemograma.
O hemograma é composto por determinações básicas, que incluem as 
avaliações dos eritrócitos (eritrograma), dos leucócitos (leucograma) e das 
plaquetas (contagem de plaquetas ou plaquetograma). A Figura 1 ilustra um 
exemplo de resultado de hemograma emitido por um contador eletrônico. Note 
que o resultado fornecido pelo analisador hematológico contém resultados 
numéricos (A) e gráficos (histogramas e citogramas). Para a identificação de 
subtipos de leucócitos (B e C), os principais fatores utilizados pelos contado-
res são o tamanho e a complexidade da estrutura celular interna, ou seja, os 
linfócitos são identificados pelo seu tamanho, e os granulócitos, pelas suas 
estruturas internas — e cada um fica distribuído em um local específico do 
citograma de acordo com esses parâmetros. Para identificar se há presença 
de reticulócitos pelo citograma (D), o contador avalia a fluorescência lateral 
(eixo x do gráfico) em relação à dispersão frontal de luz (eixo y); sendo assim, 
há um ponto específico do gráfico em que há os eritrócitos (RBC) e fração de 
células mais jovens, que são os reticulócitos (RET). A dispersão das plaquetas 
(D e E) é observada no mesmo citograma dos RBC e RET, mas mais abaixo 
do gráfico devido ao fato de que essas são estruturas menores.
Os histogramas de eritrócitos (D) mostram uma distribuição dos volumes 
dessas células. Amostras com eritrócitos microcíticos (VCM diminuído) 
encontram-se desviadas para a esquerda do histograma devido a um aumento 
numérico dos eritrócitos de pequenas dimensões. Já amostras com eritrócitos 
Casos clínicos em hematologia2
macrocíticos (VCM aumentado) dão origem a histogramas com um desvio para 
a direita do gráfico. A mesma linha de raciocínio serve para o histograma que 
distribui o volume das plaquetas (G), em que plaquetas menores se posicionam 
mais à esquerda do gráfico e, conforme o tamanho aumenta, posicionam-se 
mais à direita do gráfico.
Figura 1. Exemplo de resultados obtidos a partir de contador hematológico eletrônico. 
Fonte: Adaptada de Silva et al. (2016, p. 24).
Quando os contadores julgam uma insegurança na identificação de um 
elemento celular, podem emitir um aviso, denominado flag ou alerta (SILVA 
et al., 2016). Esses flags devem ser respeitados e as normas do fabricante do 
equipamento precisam ser seguidas; nesses casos, é de suma importância a 
revisão do hemograma e a obrigatoriedade de análises microscópicas asso-
ciadas. Na Figura 2, há um exemplo de resultado de hemograma emitido por 
contador eletrônico e com a presença de flags.
Independentemente da existência de flags, apesar de o contador hemato-
lógico fornecer uma grande quantidade de informações numéricas e visuais, 
é importante verificar se há congruência entre o observado nos gráficos e os 
3Casos clínicos em hematologia
valores numéricos obtidos no hemograma. Além disso, dependendo da situa-
ção, há a necessidade de confirmar os dados por meio de dados qualitativos, 
obtidos pela microscopia.
Figura 2. Exemplo de resultados obtidos por meio de contador hematológico eletrônico 
com a presença de resultados considerados suspeitos — presença de flags.
Fonte: Silva et al. (2016, p. 25).
Resultados numéricos
Os resultados numéricos (quantitativos) obtidos pelo contador eletrônico estão 
divididos de acordo com a série celular: eritrocitária, leucocitária e plaque-
tária. A análise da série vermelha contempla a quantifi cação de eritrócitos, 
hematócritos, dosagem de hemoglobina e índices hematimétricos (VCM, 
HCM, CHCM, RDW). Já a análise da série branca avalia as contagens total e 
diferencial (valores relativo e absoluto) dos leucócitos. O Quadro 1, a seguir, 
resume quais são esses parâmetros e os seus respectivos signifi cados.
Casos clínicos em hematologia4
Parâmetro
numérico
Unidade de 
medida Interpretação
WBC 10 3̂/µl Contagem global de leucócitos. A eleva-
ção pode ser classificada em: 1) leucocitose 
fisiológica — geralmente de grau leve, é 
comum em gestantes, RN, lactantes, após 
exercícios físicos e em pessoas com febre; 2) 
leucocitose reativa — estão notadamente 
relacionadas com o aumento de neutrófilos 
e se devem a infecções bacterianas, infla-
mações, necrose tecidual; 3) leucocitose 
patológica — estão relacionadas a doenças 
mieloproliferativas (leucemias mielóides, po-
licitemia vera) e linfoproliferativas (leucemias 
linfóides e alguns linfomas). As leucopenias 
também podem ocorrer em situações de 
infecções, leucemias, pacientes com imunos-
supressão ou uso de quimioteráoicos.
RBC 10^6/µl Contagem global de eritrócitos. Em 
casos de diminuição, chama-se eritrocito-
penia (anemia). A contagem de eritrócitos, 
normalmente, tem uma correlação inversa 
com o VCM, ou seja, indivíduos com VCMelevado têm contagem mais baixa de RBC e 
vice-versa.
HGB g/L Hemoglobina. Encontrada no sangue sob 
várias formas, como, por exemplo, oxihe-
moglobina e carboxihemoglobina. Sua 
diminuição também representa um quadro 
de anemia.
HCT % Hematócrito. Além de confirmar a conta-
gem de RBC, ajuda na estimativa de quadro 
de anemia. É um parâmetro preferido para 
técnicas de hemodiluição e se correlaciona 
bem com viscosidade sanguínea; logo, é um 
bom parâmetro para acompanhamento de 
policitemia.
Quadro 1. Parâmetros quantitivos obtidos por contadores eletrônicos hematológicos e 
seus significados
(Continua)
5Casos clínicos em hematologia
Parâmetro
numérico
Unidade de 
medida Interpretação
VCM fL Volume Corpuscular Médio. Quando o pa-
ciente apresenta anemia e o VCM diminuído, 
isso significa que as hemácias se apresentam 
com microcitose (tamanho diminuído), o 
que pode estar relacionado, por exemplo, à 
deficiência de ferro ou a anemias hemolíticas, 
como a talassemia.
Se o valor de VCM estiver acima do valor 
de referência, isso significa que as he-
mácias se apresentam com macrocitose, 
comum em anemia por deficiência de vita-
mina B12 e/ou ácido fólico. Essas alterações 
devem ser confirmadas na microscopia 
(análise qualitativa).
HCM pg Hemoglobina Corpuscular Média. 
Reflete a quantidade de hemoglobina de 
cada eritrócito; por isso, podemos dizer 
que um eritrócito de tamanho pequeno 
tem menos hemoglobina do que um 
eritrócito grande, o que não quer dizer que 
ele seja hipocrômico por essa razão, pois 
a quantidade de hemoglobina em seu in-
terior é proprocional ao seu tamanho. Essa 
situação pode ser vista em alguns tipos de 
anemias, tais como talassemias e anemias 
ferropênicas. 
CHCM g/L Concentração de Hemoglobina Corpus-
cular Média. Nem sempre está diminuído 
nas anemias, mas pode observar-se sua 
diminuição em casos graves de hipocromia, 
como na talassemia beta maior e na anemia 
ferropênica grave. Por outro lado, a elevação 
do CHCM quase sempre está relacionada 
com elevado número de eritrócitos esferó-
citos, como, por exemplo, na esferocitose 
hereditária.
Quadro 1. Parâmetros quantitivos obtidos por contadores eletrônicos hematológicos e 
seus significados
(Continuação)
(Continua)
Casos clínicos em hematologia6
Parâmetro
numérico
Unidade de 
medida Interpretação
PLT 10 3̂/µl Contagem de Plaquetas. A elevação 
relaciona-se com casos de trombocitose 
(trombose, infarto, acidente vascular ence-
fálico) e a diminuição está relacionada com 
trombocitopenia (hemorragias, dengue, 
anemia aplásica, quimioterapia).
VPM fL Volume Plaquetário Médio. Apresenta 
a média dos volumes de todas as plaque-
tas contadas e avaliadas volumetricamente 
em um número de 10.000 células.
PDW fL Amplitude de Distribuição de Plaquetas. 
Avalia o grau de variação de tamanho das 
plaquetas. Deve ser avaliado com o VPM.
RDW-SD fL Amplitude de Distribuição dos Eritrócitos 
medido como Desvio Padrão. Avalia o grau 
de anisocitose, que indica o grau de variação 
do tamanho dos eritrócitos. Junto ao VCM, 
auxilia no diagnóstico diferencial de patolo-
gias, em especial, alguns tipos de anemias.
RDW-CV % Amplitude de Distribuição dos Eritrócitos 
medido como Coeficiente de Variação. 
Avalia o grau de anisocitose, que indica o grau 
de variação do tamanho dos eritrócitos. Com o 
VCM, auxilia no diagnóstico diferencial de pato-
logias, em especial, alguns tipos de anemias.
NEUT 10 3̂/µl Contagem de Neutrófilos. Elevação: neu-
trofilia; diminuição: neutropenia.
LYMPH 10 3̂/µl Contagem de Linfócitos. Elevação: linfoci-
tose; diminuição: linfopenia.
MONO 10 3̂/µl Contagem de Monócitos. Elevação: mono-
citose; diminuição: monocitopenia.
EO 10 3̂/µl Contagem de Eosinófilos. Elevação: eosino-
filia; diminuição: eosinopenia.
Quadro 1. Parâmetros quantitivos obtidos por contadores eletrônicos hematológicos e 
seus significados
(Continuação)
(Continua)
7Casos clínicos em hematologia
Apesar de os elementos numéricos fornecerem uma grande quantidade de 
informações acerca do estado clínico do paciente, cabe salientar que esses dados 
devem ser confrontados com a análise microscópica sempre que necessária, 
pois é por meio da microscopia, com dados qualitativos, que se pode validar 
as informações que estão fora do valor de referência na análise quantitativa.
Nem sempre quando o paciente possui níveis de hemoglobina (HGB) abaixo do valor 
de referência, indicando um quadro anêmico, o hemograma irá apresentar elevação ou 
diminuição de VCM, HCM e CHCM. Nesses casos, em que o paciente tem HGB baixa e os 
índices hematimétricos normais, há um caso de anemia normocítica e normocrômica, 
que é muito comum em casos de doenças crônicas, como, por exemplo, um paciente 
com doença renal crônica ou um paciente com perda de sangue aguda.
Comparação dos parâmetros quantitativos 
com a microscopia
Apesar do grande progresso na automação, a análise microscópica ainda é 
insubstituível em uma série de situações.
Fonte: Adaptado de Failace e Fernandes (2016) e Silva et al. (2016).
Parâmetro
numérico
Unidade de 
medida Interpretação
BASO 10 3̂/µl Contagem de Basófilos. Elevação: basofilia; 
diminuição: basopenia.
RET % Percentual de Reticulócitos. Quando 
presentes na corrente circulatória, indicam 
grande atividade medular, com estímulo de 
produção de células eritrocitárias. É impor-
tante para acompanhamento de pacientes 
em tratamento de anemias.
Quadro 1. Parâmetros quantitivos obtidos por contadores eletrônicos hematológicos e 
seus significados
(Continuação)
Casos clínicos em hematologia8
A avaliação qualitativa do hemograma depende da confecção de uma 
adequada lâmina de extensão sanguínea (esfregaço sanguíneo) e de coloração 
apropriada, que, com o auxílio de um microscópio óptico, permitirá uma 
avaliação eficiente para a detecção de anormalidades sanguíneas. A contagem 
de leucócitos e plaquetas pode ser estimada e confrontada com os dados 
fornecidos pelo contador hematológico, e a contagem diferencial dos subtipos 
de leucócitos, a identificação de células imaturas, bem como a morfologia dos 
eritrócitos devem ser realizados por essa técnica. 
A indicação da microscopia vai além da presença de flags da automação. Alguns dos 
critérios para indicação de microscopia são:
Hemoglobina (g/dL) < 11 > 17
VCM (fL) < 78 > 105
CHCM (%) < 30 > 36,5
RDW (%) - > 18
Leucócitos (/µL) < 4.000 > 30.000
Neutrófilos (/µL) < 1.500 > 8.000
Linfócitos (/µL) < 1.000 >4.500 (adultos) 
>7.000(<12anos)
Monócitos (/µL) - >1.500
Eosinófilos (/µL) - > 2.000
Basófilos (%) - > 3
Plaquetas (/µL) < 120.000 > 500.000 (adultos)
VPM (fL) < 6,0 > 12,5
Reticulócitos (/µL) <10.000 > 100.000
Fonte: Adaptado de Failace e Fernandes (2016).
Além de valores numéricos abaixo ou acima dos valores de referên-
cia, outros parâmetros devem ser observados na microscopia, pois, em 
equipamentos eletrônicos, passam desapercebidos, tanto no eritrograma 
9Casos clínicos em hematologia
quanto no leucograma e no plaquetograma, tais como: policromatofilia, 
pecilocitose, esferocitose (CHCM elevado pode subentender-se, mas devem 
ser visualizados), inclusões eritrocitárias, <5% de eritoblastos, drepanóci-
tos, inclusões neutrofílicas (granulações tóxicas, vacúolos, corpúsculo de 
Döhle), Pelger-Hüet, linfócitos atípicos, hairy cells (que podem aparecer 
como monócitos na leitura do equipamentos), plasmócitos, satelitismo 
plaquetário e agregação plaquetária discreta.
  Pecilocitose: eritrócitos com vários formatos em grande quantidade, encontrados 
em vários distúrbios hematológicos.
  Granulações tóxicas: excesso de granulações neutrofílicas, ficando com tonalidade 
azurofílica, características de processos infecciosos.
  Vacúolos: presença de vacúolos no citoplasma de neutrófilos, associada a infec-
ções, tratamento com G-CSF e GM-CSF (fatores estimuladores da leucopoiese) e 
alcoolismo agudo.
  Corpúsculo de Döhle: corpúsculo basofílico em forma de inclusão citoplasmática 
devido a LMA, SMD e infecçõese processos inflamatórios.
  Pelger-Hüet: núcleo hipossegmentados de neutrófilos. Doença rara congênita, 
denominada anomalia de Pelger-Hüet.
  Hairy Cells: linfócitos com projeções citoplasmáticas, característica atribuída em 
casos de tricoleucemia.
  Satelitismo plaquetário: plaquetas que se aderem in vitro ao redor de neutró-
filos. Não tem significado clínico, pois, in vivo, as plaquetas não se comportam 
dessa forma.
Outro parâmetro quantitativo importante para ser utilizado em associa-
ção com a microscopia é o RDW, pelo fato de avaliar o grau de anisocitose. 
Esse parâmetro deve ser observado com o VCM, HCM, CHCM e histo-
gramas (BAIN, 2017). A Figura 3 mostra hemácias normais e, também, 
com microcitose e hipocromia (VCM e CHCM baixos) e com macrocitose 
(VCM elevado).
Casos clínicos em hematologia10
Figura 3. a) Hemácias normais. b) Hemácias microcríticas. c) Hemácias macrocríticas.
Fonte: Adaptada de Bain (2017, p. 72–74).
De acordo com um estudo realizado no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, o RDW-CV 
é o mais sensível indicador de anisocitose em casos em que o VCM está diminuído 
(microcitose), enquanto o RDW-SD é mais sensível para indicar macrocitose (VCM 
elevado); sendo assim, é melhor avaliar os RDW em conjunto, com o intuito de elevar 
a sensibilidade de detecção de anisocitose na lâmina.
https://goo.gl/bAQaJD
Relação clínico-laboratorial com os dados 
hematológicos
Segundo Failace e Fernandes (2016), “[...] o hemograma é a semiologia das 
células do sangue”. De fato, o hemograma é o exame complementar mais 
solicitado, fazendo parte da triagem de saúde, além de ser indispensável no 
diagnóstico e controle evolutivo de diferentes doenças. Porém, ele deve ser 
interpretado levando em consideração características clínicas do paciente 
somadas aos dados hematológicos. A seguir, você verá exemplos de correlações 
clínicas e laboratoriais de determinadas patologias.
11Casos clínicos em hematologia
Anemias
Os sinais e sintomas das anemias agudas podem ser: hipovolemia, queda da 
pressão arterial, taquicardia, oligúria e sede; e, em casos de anemia crônica, 
volemia normal. Porém, se a HGB for inferior entre 6 a 9g/dL, há cansaço aos 
menores esforços e palidez. De acordo com Stefani e Barros (2013), a anemia 
pode ser um sinal de presença de doença subjacente e as principais causas são:
  Anemia pós-hemorrágica: o hemograma apresenta-se inicialmente 
normal e, em torno de 7 a 10 dias, há sinais de regeneração medular, 
ou seja, aparecerá achados como policromatofilia e reticulócitos na 
análise qualitativa.
  Anemia por deficiência de ferro: a HGB está diminuída, juntamente 
com VCM (microcitose) e CHCM (hipocromia). Pode haver anisocitose 
(verificar o RDW). As causas podem estar relacionadas à perda crônica 
de sangue (pelo tratogastrointestinal ou geniturinário, por exemplo), 
má absorção, ingesta de ferro deficiente e gestação, devido ao aumento 
da demanda de ferro.
  Anemia hemolítica: podem ser hereditárias (eliptocitose, esferocitose, 
anemia falciforme (HbSS), talassemias, deficiências enzimáticas) ou 
adquiridas (imunomediadas, microangiopática, por agentes infecciosos). 
Na avaliação clínica, é importante diferenciar as causas congênitas a 
partir das adquiridas, bem como considerar o histórico de icterícia 
(crises hemolíticas) e hemoglobinúrias. Ao exame físico, pode haver 
esplenomegalia leve e icterícia. A nível laboratorial, além da análise do 
hemograma (HGB, índices hematimétricos e microscopia: fragmentação 
de eritrócitos, drepanócitos, células em alvo, esferócitos, eliptócitos, 
pontilhado basofílico e hipocromia), é importante avaliar reticulócitos, 
LDH, coombs direto e dosagem de bilirrubinas.
  Anemia megaloblástica: causada pela deficiência de vitamina B12, 
deficiência de ácido fólico ou induzida por drogas, como quimioterá-
picos. Na anamnese, pode-se observar pele e/ou mucosas amareladas e 
alterações neurológicas. Em relação ao hemograma, observa-se VCM 
e RDW elevados. A plaquetopenia e a neutropenia podem coexistir. 
Além do hemograma, pode-se avaliar LDH, que estará elevada, e é 
importante a dosagem de folato e de B12.
  Anemia de doenças crônicas: ocasionada por tuberculose, endocardite, 
doenças hepáticas crônica, doença renal crônica, insuficiência cardíaca 
Casos clínicos em hematologia12
congestiva, patologias reumáticas, hipotireoidismo, entre outras. A 
investigação da doença de base ocorre pela anamnese e por exame físico. 
Quanto à avaliação laboratorial, do ponto de vista do hemograma, a 
anemia geralmente não é grave e o VCM pode estar normal (normo-
citose) ou diminuído (microcitose). Como exames complementares, 
cita-se a ferritina, que pode estar normal ou elevada.
Policitemias
A policitemia ou eritrocitose é a elevação dos níveis de HGB. As causas 
podem ser: hipóxia, tabagismo, terapia com androgênios, policitemia vera e 
hemococentração secundária à desidratação. Além do hemograma contendo 
elevação de HGB, a dosagem de eritropoetina sérica é importante (HOFF-
BRAND; MOSS, 2018).
Alterações leucocitárias
As alterações leucocitárias podem ser a elevação do número total de leucóctios 
>11.000/mm3 (leucocitoses) ou a sua diminuição <4.000/mm3 (leucopenias). 
Os aumentos recebem sufi xo “fi lia” ou “oses” e a diminuição no número de 
um tipo leucocitário específi co, o sufi xo “penias”. Veja alguns exemplos:
  Neutrofilia: causada, principalmente, em quadros infecciosos, mas 
também pode ocorrer devido a infarto agudo no miocárdio, doenças 
mieloproliferativas e induzidas por drogas. No hemograma, ocorre 
elevação de neutrófilos >8.000/mm3.
  Neutropenia: quando a contagem absoluta de neutrófilos segmentados 
e bastões encontra-se abaixo de 1.500/mm3. Causas: infecções bacteria-
nas, indução por drogas, distúrbios imunológicos (por exemplo, lupus), 
pós-quimioterapia e hemodiálise.
  Linfocitose: contagem absoluta >4.000/mm3 devido a infecções virais 
e bacterianas (coqueluche, tuberculose, sífilis, etc.), reação de hiper-
sensibilidade induzida por drogas e leucemias.
  Linfopenias: contagem absoluta de linfócitos <1.500/mc. Causas: 
infecções virais e bacterianas (por exemplo, tuberculose, febre tifoide), 
malária, uso de imunossupressores, radioterapia, etilismo, estresse, 
trauma, neoplasias.
13Casos clínicos em hematologia
Os linfócitos que apresentam alterações morfológicas não tão específicas (relativamente 
inespecíficas) são denominados linfócitos atípicos. Veja o vídeo a seguir, que ilustra as 
principais patologias em que se pode observar a presença de linfócitos atípicos com 
mais de 5% no esfregaço sanguíneo.
https://goo.gl/MUZQQZ
Além de alterações quantitativas na série branca, pode haver presença de células 
imaturas na corrente periférica. Quando há presença de blastos, o quadro clínico 
pode tratar-se de um caso de leucemia, que pode ser classificada, basicamente, em 
aguda e crônica. Avaliando-se essas combinações, há 4 tipos principais. Acesse o link 
do Instituto Nacional do Câncer e saiba mais sobre os tipos de leucemias.
https://goo.gl/WPhoKu
Alterações plaquetárias
As alterações quantitativas plaquetárias podem estar relacionadas a um quadro 
de trombocitopenia (<150.000/µL). As causas são diversas, mas é importante 
verifi car se houve formação de grumos, caso positivo, deve-se realizar nova coleta 
sanguínea, acondicionando o sangue num tubo contendo o anticoagulantecitrato 
de sódio. Descartada essa causa, outras opções são: hipoplasia de megacarió-
citos, trombocitopoiese inefi caz, trombocitopenias hereditárias, defi ciência de 
vitamina B12, aumento da destruição plaquetária devido a processos imunes, 
coagulação intravascular disseminada (CIVD), púrpura trombocitopênica trom-
bótica (PTT), síndrome hemolítico-urêmica associada à hipertensão na gestação 
(síndrome HELLP), válvulas cardíacas estenosadas, queimadura, doenças com 
acometimento da baço, neoplasias, quimioterapia (STEFANI; BARROS, 2013).
O aumento das contagens (>450.000/µL) está relacionadoa uma trombocite-
mia. As causas são: infecção grave; doença mieloproliferativas, como leucemia 
mielóide crônica (LMC); policitemia vera e mielofibrose; doenças cardíacas; 
insuficiência renal; pós-esplenectomia, entre outras. Além do hemograma 
Casos clínicos em hematologia14
completo, são importantes dosagens da função renal, exames de imagem, 
ferritina, provas de coagulação.
Pancitopenia
A pancitopenia é um quadro de diminuição nos três tipos celulares (eritrócitos, 
leucócitos e plaquetas). A aplasia de medula, anemia de Fanconi, mielodispla-
sia, leucemias, mielofi brose e desnutrição severa podem levar a esse quadro. 
Além de anamnese, exame físico e hemograma, é importante a biópsia de 
medula óssea.
1. Em consulta médica devido à inter-
nação, um paciente adulto de 40 
anos, alcoólatra apresenta quadro clí-
nico de palidez acentuada, cansaço 
e fraqueza. Relata, ainda, episódios 
de sangramento intestinal e nasal 
com certa frequência. Não faz uso 
de nenhuma medicação e aparenta 
desnutrição. A seguir, estão relacio-
nados os exames solicitados para 
avaliação clínica do paciente.
Resultados de exames laboratoriais:
Hemograma: Leucócitos: 3.200/µL; N. 
Segmentados: 52% Bastonetes: 2% 
Eosinófilos: 2% Linfócitos: 38% Mo-
nócitos: 6%. Hemoglobina: 10,3g/dL; 
Hematócrito: 34%; Hemácias: 3,0mi-
lhões/µL; VCM: 113 fL; HCM: 34,1,5pg; 
CHCM: 31,0%; Plaquetas: 110.000/µL.
Considerando que o paciente em 
questão é portador de anemia 
megaloblástica, que alterações no 
hemograma permitem suspeitar de tal 
patologia?
a) Microcitose, hipocromia, hiper-
segmentação neutrofílica.
b) Leucopenia, macrocitose, hiper-
segmentação neutrofílica.
c) Plaquetopenia, microcitose e 
hipocromia.
d) Desvio à esquerda e leucopenia.
e) Esferocitose, macrocitose e 
hipocromia.
2. Linfócitos reacionais (“atípicos”) no 
sangue periférico, com núcleo um 
pouco maior, cromatina mais frouxa 
e citoplasma abundante e irregular 
são achados importantes em esfre-
gaço de sangue em:
a) mieloma múltiplo.
b) leucemia linfocítica aguda.
c) monocleose infecciosa.
d) leucemia mieloide crônica.
e) anemia aplásica.
3. Observe os histogramas contendo o 
RBC a seguir e marque a alternativa 
correta.
15Casos clínicos em hematologia
a) No histograma 2, está apontando 
um quadro de microcitose e 
a análise quantitativa do VCM, 
nesse caso, deve estar < 80fL.
b) No histograma 3, está apontando 
um quadro de microcitose e 
a análise quantitativa do VCM, 
nesse caso, deve estar >100fL.
c) No histograma 1, está apontando 
um quadro de normocitose e 
a análise quantitativa do VCM, 
nesse caso, deve estar 89±9 fL.
d) No histograma 2, está apontando 
um quadro de normocitose e 
a análise quantitativa do VCM, 
nesse caso, deve estar 89±9 fL.
4. Observe o resultado a seguir, emitido por um contador hematológico, e marque 
a alternativa correta.
a) O histograma apresentado mostra que há presença de células microcíticas, 
nesse caso, corroborando o resultado do VCM e RDW elevados.
b) O histograma apresentado mostra que há presença de células microcíticas 
puras, nesse caso, corroborando o resultado do VCM diminuído.
c) O histograma apresentado mostra que há presença de células macrocíticas, 
nesse caso, corroborando o resultado do VCM e RDW elevados.
d) O histograma apresentado mostra que há presença de células microcíticas e 
normocíticas, uma vez que o RDW revela presença de anisocitose.
e) O histograma apresentado mostra que há presença de células de dupla 
população eritrocitária, corroborando o resultado do VCM diminuído e do 
RDW elevado.
5. Leia o texto a seguir: 
“[...] esta anemia é causada pela 
deficiência de vitamina B12, ácido 
fólico ou induzida por drogas, como 
quimioterápicos. Na anamnese do 
paciente pode-se observar pele 
amarelada. Em relação ao hemograma 
observa VCM e RDW elevados e na 
microscopia observa-se hemácias 
macrocíticas e pode haver neutrófilos 
hipersegmentados. A plaquetopenia 
e neutropenia podem coexistir”. 
O texto acima refere-se a um 
quadro típico de qual anemia?
a) Anemia megaloblástica.
b) Anemia ferropênica.
c) Anemia hemolítica.
d) Anemia de doença crônica.
e) Anemia Falciforme.
Casos clínicos em hematologia16
BAIN, B. J. Células Sanguíneas: um guia prático. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
FAILACE, R.; FERNARDES, F. Hemograma: manual de interpretação. 6. ed. Porto Alegre: 
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HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em Hematologia de Hoffbrand. 7. ed. 
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STEFANI, S.; BARROS, E. (Org.). Clínica Médica – Consulta Rápida. 4. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2013.
17Casos clínicos em hematologia
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