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Indaial – 2020 Atendimento e PlAnejAmento de CAmPAnhA Profa . Heloisa Rosa 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Profa. Heloisa Rosa Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: R788a Rosa, Heloisa Atendimento e planejamento de campanha. / Heloisa Rosa. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 187 p.; il. ISBN 978-65-5663-113-4 ISBN Digital 978-65-5663-108-0 1. Estratégias de comunicação. – Brasil. 2. Estratégias de mídia. – Brasil. 3. Campanha publicitária. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 659.1 III APresentAção A comunicação é uma atividade complexa que envolve diversos aspectos para cumprir seu papel de transmitir uma mensagem. Ao abordarmos o ambiente organizacional, especificamente, devemos nos atentar ao conhecimento do cenário para estabelecimento das estratégias e às particularidades para implantação de campanhas. Desta forma, neste Livro Didático você aprenderá sobre esses processos analíticos e estratégicos da comunicação, por meio de discussões sobre as Estratégias de Comunicação e Mídia. Também, conhecerá os processos operacionais de uma campanha publicitária em um mercado publicitário composto por anunciantes, agências, fornecedores e veículos de comunicação. Na primeira unidade você compreenderá as particularidades de desenvolvimento das Estratégias de Comunicação, conhecendo os elementos básicos do cenário organização, como jornada de consumo do consumidor, stakeholders fundamentais da organização, particularidades da marca etc. Ainda tendo em vista estas questões, conhecerá as variadas estratégias que podem ser colocadas em prática considerando abordagens criativas que trazem maior impacto, ferramentas de comunicação e o planejamento de comunicação. Na segunda unidade, a Mídia é discutida, expondo a importância de análises de retorno sobre investimentos em comunicação e trazendo uma visão mais quantitativa ao campo comunicacional. Nesse momento, você conhecerá os meios de comunicação e suas particularidades, aprenderá sobre técnicas de distribuição de mídia e cálculos de retorno sobre investimentos em Mídia. A partir dos conhecimentos propostos nessa Unidade, você estará apto para ter uma visão muito mais analítica e estratégica das campanhas publicitárias focadas em resultados para o cliente. Por fim, na última unidade você conhecerá as dinâmicas do Mercado Publicitário e entenderá os processos de oferecimento de serviços em comunicação por uma agência de publicidade. Com o intuito de discutir os papéis dos profissionais das agências e suas entregas, essa unidade tem como proposta fazer você compreender como ocorre a operação de uma campanha publicitária em um cenário complexo percebido por anunciantes, veículos e agências. Esses elementos são propostos considerando refererências teóricas do campo da Comunicação e Publicidade. Espero que todos os conhecimentos apresentados contribuam para a ampliação de uma visão do profissional de comunicação, possibilitando que você, estudante, alcance sucesso em sua jornada profissional. Desejo a você uma boa leitura e sucesso na caminhada como profissional de Comunicação. Profª. Heloisa Rosa IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE VII UNIDADE 1 – PLANEJAMENTO DE CAMPANHA .........................................................................1 TÓPICO 1 – DIAGNÓSTICO DE COMUNICAÇÃO ........................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO ...................................................................................................4 2.1 NÍVEIS ESTRATÉGICOS DO PRODUTO .....................................................................................6 2.2 COMPORTAMENTO DE COMPRA DO PRODUTO ..................................................................7 3 ANÁLISE DA CONCORRÊNCIA .......................................................................................................9 4 PÚBLICOS DE INTERESSE ..............................................................................................................10 4.1 PERFIL DOS PÚBLICOS ................................................................................................................14 4.2 DA PERCEPÇÃO À AÇÃO ............................................................................................................15 5 MAPEAMENTO DA JORNADA DO CONSUMIDOR ...............................................................16 5.1 PERCEPÇÃO DE VALOR DE MARCA .......................................................................................17 5.2 JORNADA DOS 5 A’S .....................................................................................................................18 6 OBJETIVOS DE COMUNICAÇÃO ................................................................................................20 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................24 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................26TÓPICO 2 – ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO ........................................................................29 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................29 2 TIPOS DE CAMPANHAS .................................................................................................................30 2.1 COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL...........................................................................................31 2.2 COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA ......................................................................................31 3 ESTRATÉGIAS DE CAMPANHA ...................................................................................................33 3.1 ESTRATÉGIA DE CAMPANHA DE INFORMAÇÃO ...............................................................33 3.2 ESTRATÉGIA DE CAMPANHA DE TESTEMUNHO ...............................................................34 3.3 ESTRATÉGIA DE CAMPANHA DE COMPARAÇÃO ..............................................................35 3.4 ESTRATÉGIA DE CAMPANHA DE HUMOR ............................................................................36 3.5 ESTRATÉGIA DE CAMPANHA OFENSIVA ..............................................................................37 3.6 ESTRATÉGIA DE CAMPANHA DE DEFESA ............................................................................37 3.7 ESTRATÉGIA DE CAMPANHA DE POSICIONAMENTO/REPOSICIONAMENTO .........38 4 MIX DE COMUNICAÇÃO ...............................................................................................................39 4.1 PROPAGANDA ...............................................................................................................................40 4.2 MERCHANDISING .........................................................................................................................41 4.3 PROMOÇÕES DE VENDAS ..........................................................................................................42 4.4 PATROCÍNIOS DE EVENTOS E CAUSAS ..................................................................................43 4.5 RELAÇÕES PÚBLICAS .................................................................................................................44 4.6 ASSESSORIA DE IMPRENSA .......................................................................................................45 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................49 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................50 TÓPICO 3 – PLANO DE COMUNICAÇÃO ......................................................................................53 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................53 2 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE COMUNICAÇÃO .........................53 sumário VIII 3 ROTEIRO DE UM PLANO DE COMUNICAÇÃO ........................................................................59 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................61 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................64 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................65 UNIDADE 2 – PLANEJAMENTO DE MÍDIA ...................................................................................67 TÓPICO 1 – DIAGNÓSTICOS DE MÍDIA ........................................................................................69 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................69 2 A INFLUÊNCIA DO MIX DE MARKETING NO PLANEJAMENTO DE MÍDIA ..............70 2.1 MÍDIA E PRODUTO .......................................................................................................................71 2.2 MÍDIA E PREÇO ..............................................................................................................................72 2.3 MÍDIA E A PRAÇA .........................................................................................................................73 2.4 MÍDIA E A PROMOÇÃO ...............................................................................................................74 3 MAPEAMENTO DOS MERCADOS-ALVO ..................................................................................75 3.1 VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS .....................................................................................................76 3.2 VARIÁVEIS SOCIOPSICOLÓGICAS ..........................................................................................77 4 OBJETIVOS DE MÍDIA .....................................................................................................................78 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................82 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................83 TÓPICO 2 – CONCEITOS BÁSICOS DE MÍDIA..............................................................................85 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................85 2 MEIOS E VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO .................................................................................85 2.1 TV ABERTA ......................................................................................................................................89 2.2 RÁDIO ..............................................................................................................................................92 2.3 JORNAL ...........................................................................................................................................94 2.4 REVISTA ...........................................................................................................................................96 2.5 CINEMA ............................................................................................................................................99 2.6 MÍDIA DIGITAL ...........................................................................................................................101 3 VARIÁVEIS FUNDAMENTAIS EM MÍDIA ................................................................................105 3.1 ALCANCE, COBERTURA E FREQUÊNCIA ............................................................................105 3.2 AUDIÊNCIA E SHARE ................................................................................................................107 3.3 CPP, GRP E TRP ............................................................................................................................108 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................110 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................111 TÓPICO 3 – ESTRATÉGIAS DE MÍDIA ..........................................................................................113 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................113 2 DEFINIÇÃO DO TIMING DE UMA CAMPANHA.....................................................................113 3 ANÁLISE E ALOCAÇÃO DE INVESTIMENTOS EMMÍDIA ................................................115 4 ROTEIRO DE UM PLANO DE MÍDIA .........................................................................................116 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................120 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................124 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................125 UNIDADE 3 – ATENDIMENTO PUBLICITÁRIO .........................................................................127 TÓPICO 1 – MERCADO PUBLICITÁRIO .......................................................................................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129 2 DINÂMICAS DO MERCADO PUBLICITÁRIO .......................................................................130 IX 2.1 ANUNCIANTES ............................................................................................................................131 2.2 MEIOS E VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO .............................................................................132 2.3 FORNECEDORES ..........................................................................................................................134 3 ESTRUTURA DE UMA AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO .......................................................136 3.1 ATENDIMENTO ............................................................................................................................138 3.2 TRÁFEGO .......................................................................................................................................140 3.3 CRIAÇÃO .......................................................................................................................................140 3.4 PRODUÇÃO ...................................................................................................................................141 3.5 MÍDIA ..............................................................................................................................................142 3.6 PLANEJAMENTO .........................................................................................................................143 4 REMUNERAÇÃO DA AGÊNCIA ..................................................................................................143 4.1 COMISSÕES ESTABELECIDAS PELA LEI Nº 4.680 ................................................................144 4.2 COMISSÕES ESTABELECIDAS PELA LEI COM DESCONTOS PROGRESSIVOS ............145 4.3 FEE MENSAL FIXO .......................................................................................................................146 4.4 MARKUP ........................................................................................................................................146 4.5 REMUNERAÇÃO POR RESULTADOS .....................................................................................147 4.6 FEE MENSAL ACRESCIDO DE UM PERCENTUAL .............................................................147 SOBRE OS RESULTADOS ..................................................................................................................147 4.7 HONORÁRIOS DE CLÁUSULA DE RESULTADOS ...............................................................148 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................149 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................151 TÓPICO 2 – ATENDIMENTO AO CLIENTE ...................................................................................153 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................153 2 QUEM É O ATENDIMENTO? .......................................................................................................154 3 ATENDIMENTO X PROFISSIONAL DE NEGÓCIOS ...............................................................156 4 TIPOS DE CLIENTES ATENDIDOS ............................................................................................159 5 APRESENTAÇÃO DE CAMPANHAS ............................................................................................161 5.1 COMO CONDUZIR UMA REUNIÃO? .....................................................................................161 5.2 COMO PREPARAR A SALA? ......................................................................................................162 6 AVALIAÇÃO DA CAMPANHAS ....................................................................................................163 7 NEGOCIAÇÃO .................................................................................................................................164 8 PROSPECÇÃO DE CLIENTES ......................................................................................................167 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................169 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................171 TÓPICO 3 – BRIEFING .........................................................................................................................173 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................173 2 POR QUE O BRIEFING É FUNDAMENTAL? ..............................................................................173 3 O BRIEFING NO PROCESSO DE PLANEJAMENTO DE CAMPANHA ...............................174 4 ROTEIRO DE UM BRIEFING .........................................................................................................176 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................179 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................182 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................183 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................185 X 1 UNIDADE 1 PLANEJAMENTO DE CAMPANHA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • apresentar elementos fundamentais para o diagnóstico de comunicação; • conhecer as estratégias de comunicação em um planejamento de comunicação; • desenvolver um planejamento de comunicação; • realizar análises das melhores práticas de comunicação, de acordo com necessidades percebidas. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – DIAGNÓSTICO DE COMUNICAÇÃO TÓPICO 2 – ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO TÓPICO 3 – PLANO DE COMUNICAÇÃO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 DIAGNÓSTICO DE COMUNICAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Para que seja possível defi nir estratégias que entreguem resultados aos negócios, o Planejamento de Comunicação deve ser iniciado considerando uma avaliação geral da realidade de negócio. Este conhecimento é fundamental para a criação de estratégias coerentes e com baixo risco. Afinal, quanto mais conhecemos uma realidade, menores são os riscos de erro. O diagnóstico de comunicação é a primeira etapa de um bom planejamento e compreende etapas fundamentais de compreensão da realidade, avaliando importantes pontos conforme apresentado na fi gura a seguir. FIGURA 1 – ELEMENTOS DO DIAGNÓSTICO DE COMUNICAÇÃO FONTE: A autora Como você pode ver, um diagnóstico envolve a avaliação de diversos elementos. Todos estes elementos mapeados são fundamentais, pois contribuem diretamente para a defi nição da abordagem da comunicação, das estratégias e canais utilizados. Considerando essa importância, neste tópico você verá a defi nição de todos esses elementos, suas particularidades e importância na estratégia de comunicação. UNIDADE 1 | PLANEJAMENTO DE CAMPANHA 4 2 IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO Entender as características do produto e serviço de uma marca é um dos pontos fundamentais para entregar ações de comunicação de resultado. Afinal, atualmente, as marcas passam a entregar produtos cada vez mais semelhantes, gerando diferenciações em elementos intrínsecos como posicionamento, valores e experiência. Nesse cenário, o conhecimento das vantagens de um produto ou serviço precisa ir além de suas qualidades técnicas, passando por elementos estratégicos que geram vantagem competitiva no processo de escolha de um produto ou até à fidelização do cliente. Assim, precisamos saber, ao certo, o que é um produto para você? Acesse o link https://www.youtube.com/watch?v=-Xrdx8pDPj8 e assista ao vídeo da marca Starbucks e reflita: o que diferencia o produto desta marca com os produtos de outras cafeterias? DICAS Ao avaliar o vídeo apresentado anteriormente, vemos que um produto vai além de sua entrega técnica. No caso da marca Starbucks, por exemplo, a percepção de valor de seus produtos permeia toda a entrega de serviço do estabelecimento, gerando bem-estar ao consumidor que não busca apenas pelo café, mas também pela experiência que este produto causa. Na concepção clássica de produto, entendemos que “qualquer coisa”, como bicicleta, televisão, carro ou outro elemento tangível, seja um produto. Enquanto, “tarefas oferecidas” como consultoria, planejamento de comunicação, consertos de automóveis, cortes de cabelo, entre outros, são ditas como serviços. Essas concepções estão corretas, no entanto, precisam ser atualizadas, considerando, principalmente, os avanços da tecnologia e reformulações dos negócios. Por exemplo, reflita: você acha que um aplicativo para celular é um produto ou serviço? Para Kotler e Armstrong (2014, p. 244), produto é um elemento oferecido a um mercado para “apreciação, aquisição, uso ou consumo e que pode satisfazer um desejo ou uma necessidade”, incluindo fatores para além da tangibilidade. Dessa forma, produtos podem ser representados por elementos tangíveis ou intangíveis que demandam compreensões específicas sobre comportamento de compra para o estabelecimento de estratégias, como você pode ver no quadro a seguir. TÓPICO 1 | DIAGNÓSTICO DE COMUNICAÇÃO 5 Produto de Consumo São produtos que apresentam a finalidade de uso próprio, como celulares, automóveis, alimentos etc. Produto Organizacional São produtos comprados por organizações, que contribuem na gestão do negócio, como peças, suprimentos, serviços e bens de capital. Organizações É uma abordagem que reconhece a própria organização como produto, buscando evidenciar seus pontos positivos para construção de reputação positiva. Pessoas Indivíduos são reconhecidos como produtos para estabelecer estratégias relacionadas a visibilidade e reconhecimento. Ocorre em casos de figuras públicas, como celebridades e nomes políticos. Lugares Lugares, como pontos turísticos, cidades, estados ou países, são reconhecidos como produtos. As estratégias podem ter como objetivos a atração de turistas, moradores ou indústrias. Ideais Abordagem em que ideias relacionadas ao bem-estar da sociedade são reconhecidas como produtos, buscando sua valorização. Assim, ideias que visam ao não uso de tabaco, drogas ou alimentação inadequada são oferecidas por organizações para reduzir problemas evidentes da sociedade. QUADRO 1 – TIPOS DE PRODUTOS FONTE: Adaptado de Kotler e Armstrong (2014) Considerando as abordagens apresentadas no Quadro 1, perceba que os produtos se comportam de maneiras distintas. Assim, ao definir as estratégias de comunicação, é necessário compreender as características do produto oferecido, possibilitando, assim, maior coerência na ação estratégica e resultados alcançados. UNIDADE 1 | PLANEJAMENTO DE CAMPANHA 6 2.1 NÍVEIS ESTRATÉGICOS DO PRODUTO Ao analisar os pontos estratégicos de um produto, é necessário compreender quais valores este produto entrega ao seu consumidor. Pense no exemplo da Starbucks que você viu no vídeo anterior: quais elementos o café desta marca entrega a quem o consome? Seria somente a bebida? Ou há elementos adicionais que fazem com que este produto seja escolhido em comparação aos concorrentes? Ao fazer esses questionamentos, eu desafi o você a pensar sobre todos os elementos que fazem parte do escopo do produto e que muitas vezes não são pensados. Por exemplo, na fi gura a seguir, você pode encontrar diversas decisões estratégicas que compõem a caracterização de um produto que vai além de suas entregas técnicas. Como produto, vamos simular novamente a marca Starbucks. Perceba que, como benefício central temos o café, que passa a ser rodeado de outros elementos estratégicos que contribuem na valorização do produto pelo consumidor. FIGURA 2 – ELEMENTOS DE UM PRODUTO FONTE: Adaptado de Kotler e Armstrong (2014) Como você pode ver, o benefício central de um produto, ou seja, sua entrega funcional, é apenas um dos elementos que contribui para a valorização do produto, dependendendo de inúmeros outros fatores que agregam valor ao produto e tornam a experiência de compra mais efetiva. Esses elementos, classifi cados como níveis de produto por Kotler e Armstrong (2014), são denominados: produto ampliado, produto básico e produto núcleo. Eles representam características fundamentais que, ao serem adicionadas, agregam valor ao produto elevando seu patamar de entrega ao consumidor, como você pode ver na fi gura a seguir, simulada no exemplo da marca Starbucks. TÓPICO 1 | DIAGNÓSTICO DE COMUNICAÇÃO 7 FIGURA 3 – NÍVEIS DO PRODUTO FONTE: Adaptado de Kotler e Armstrong (2014) Esses níveis de produtos apontam os elementos que podem ser vistos como vantagens competitivas para as marcas no momento de desenvolver suas estratégias de comunicação. Dessa forma, no momento de levantar as características do produto na etapa de diagnóstico, levante todas as características do produto identifi cado e refl ita sobre quais são os elementos que, de fato, podem tornar o produto competitivo em relação aos seus concorrentes. 2.2 COMPORTAMENTO DE COMPRA DO PRODUTO Além de compreender o que é o produto e quais são seus elementos competitivos, durante o desenvolvimento das estratégias de comunicação é necessário compreender qual é o comportamento de compra do consumidor em relação ao produto. Entender como os indivíduos agem ao realizar determinada compra em determinado segmento e de determinado produto, contribui para que as estratégias sejam adequadas ao momento em que o consumidor tem algum objetivo para ser atendido em relação à busca pelo produto. Compreender como ocorre o comportamento de compra de um produto é uma tarefa complexa que envolve a percepção de como os indivíduos selecionam, compram, usam produtos, serviços ou experiências (SOLOMON, 2002). Nesse cenário deve ser considerado que indivíduos são seres individuais, específi cos e complexos de serem decifrados. Como no teatro, cada consumidor tem falas, acessórios e fi gurinos necessários para um bom desempenho na encenação. Como as pessoas representam muitos papéis diferentes, elas às vezes modifi camsuas decisões de consumo, dependendo da “peça” específi ca de que UNIDADE 1 | PLANEJAMENTO DE CAMPANHA 8 participam em um certo momento. Os critérios que usam para avaliar produtos e serviços em um papel pode ser bem diferente dos utilizados em um outro (SOLOMON, 2002, p. 24). Nós, enquanto comunicadores, precisamos entender o contexto em que o consumidor se encontra, para que este receba a mensagem adequada em um canal adequado, exatamente quando precisa. Existem alguns comportamentos de compra que direcionam as estratégias podendo ser definidas como compras mais frequentes e simples ou compras mais complexas e que exigem grande esforço do anunciante. Veja algumas classificações propostas por Kotler e Armstrong (2014) no quadro a seguir, como os quatro comportamentos de compra e estratégias pertinentes para cada realidade: compra por conveniência, compra comparada, especialidade, não procurado. Conveniência Compra comparada Especialidade Não procurado C om po rt am en to d e C om pr a Compra frequente, pouco planejamento, pouca comparação ou esforço na compra, baixo envolvimento do cliente. Compra menos frequente, muito planejamento e esforço na compra, comparação de marcas quanto a preço, qualidade, estilo. Forte preferência e fidelidade de marca, esforço especial na compra, pouca comparação de marcas, baixa sensibilidade ao preço. Pouca conscientização ou conhecimento do produto (ou, quando há conscientização, pouco interesse ou até interesse negativo). Pr om oç ão Promoção em massa pelo fabricante. Propaganda e venda pessoal feitas tanto pelo fabricante quando pelos revendedores. Promoção mais cuidadosamente dirigida feita pelo fabricante quanto pelos revendedores. Propaganda agressiva e venda pessoal pelo fabricante e pelos revendedores. Pr eç o Preço baixo. Preço mais alto. Preço alto. Varia. D is tr ib ui çã o Distribuição ampla, localizações convenientes. Distribuição seletiva em menos ponto-de- venda. Distribuição exclusiva em um único ou poucos pontos-de-venda por área de mercado. Varia. Ex em pl os Creme dental, sabão em pó. Eletrodomésticos, televisão, vestuário. Bens de luxo. Seguros de vida, doação de sangue. QUADRO 2 – ESTRATÉGIAS E COMPORTAMENTO DE COMPRA FONTE: Adaptado de Kotler e Armstrong (2014) TÓPICO 1 | DIAGNÓSTICO DE COMUNICAÇÃO 9 Como você pode ver, as estratégias apresentadas são particulares às necessidades de cada abordagem de consumo. Uma compra por conveniência, por exemplo, exige um esforço de comunicação muito mais massivo do que a compra comparada, que, por sua vez, exige uma complexidade na escolha de canais mais específicos. Esse cenário demonstra que o tipo do produto e, principalmente, sua forma de consumo interfere diretamente nas estratégias de comunicação, preço e distribuição do produto. Assim, os profissionais desse campo devem compreender esses cenários, para que possam desenvolver estratégias adequadas para os momentos de compras (SOLOMON, 2002). Solomon (2002, p. 240) expõe um exemplo de um negócio norte-americano ao desenvolver estratégias no período anterior ao verão, considerando o comportamento de compra: “por exemplo, clubes de livros investem intensamente em campanhas promocionais em junho porque muitas pessoas procuram fazer estoque de ‘livros para a praia’, para ler durante o verão”. Perceba que, nesse caso, as estratégias são desenvolvidas de acordo com as demandas existentes e de maneira adequada às necessidades do consumidor. É importante que você compreenda que cada produto apresenta suas características e suas particularidades quanto ao comportamento do consumidor, exigindo, assim, estratégias específicas. 3 ANÁLISE DA CONCORRÊNCIA Um dos pontos importantes de um diagnóstico é o reconhecimento dos concorrentes. Nesse momento, são identificadas as marcas ou produtos que estão na competição pela liderança no mercado de atuação. É importante reconhecer os pontos fortes e fracos da concorrência, possibilitando, assim, a criação de estratégias competitivas. Como reconhecer os concorrentes? Bom, primeiramente precisamos compreender que os concorrentes podem ser divididos em dois perfis: concorrentes diretos e concorrentes indiretos. Os concorrentes diretos são definidos como os competidores que estão mais próximos a “roubar” os possíveis consumidores, enquanto os concorrentes indiretos apresentam risco, mas se colocam mais distantes das possibilidades de compra (CORREA, 2017), perceba que nem sempre os concorrentes diretos podem ser definidos como empresas de um mesmo segmento. Por exemplo, imagine uma marca de cosméticos que apresenta grande parte da sua fatia de vendas em “produtos para presente”. Essa marca identificou que seu foco de negócio se relaciona muito mais com o “ato de presentear” e consegue gerar grandes receitas em virtude do posicionamento adotado. Neste mesmo cenário de produtos para presente, a marca reconhece que determinados produtos podem roubar a fatia deste mercado de presentes, representados por produtos como chocolates finos ou sandálias de borracha. Assim, precisa estabelecer estratégias para ser competitiva no momento de escolha do consumidor sobre qual tipo de produto presentear. UNIDADE 1 | PLANEJAMENTO DE CAMPANHA 10 Esse caso representa um cenário de uma marca que apresenta concorrentes que fogem do seu segmento de atuação, no entanto, apresentam alto grau de risco à marca, se colocando, assim, como concorrentes diretos. Dessa forma, a partir da definição dos concorrentes claros, chega o momento de realizar análises específicas sobre os pontos competitivos presentes (YANAZE, 2013): • O produto tem maior qualidade? Apresenta embalagem mais competitiva? A marca apresenta maior valor? • O preço é reduzido e competitivo? As condições de pagamento são atrativas? • A distribuição do produto é ampla? Consegue atingir locais que não consigo alcançar? • A comunicação é altamente criativa? A exposição em mídia é massiva ou segmentada? • Apresenta ações de comunicação agressivas? Perceba que todas essas análises contribuem para definições estratégicas. Ao falarmos de comunicação mais especificamente, esses pontos contribuem para identificar pontos positivos que podem ser exaltados pela comunicação e pontos negativos que podem ser minimizados nos discursos da marca em seus variados canais de comunicação. 4 PÚBLICOS DE INTERESSE É comum, ao falar de ações de comunicação, termos em mente somente um público que deve ser considerado: os consumidores. Esta lógica considera que o consumidor é o único receptor que deve ser considerado pois somente ele trará resultados positivos às marcas. Devemos refletir: será que atualmente, considerando tantas possibilidades de informação, somente os consumidores impactam no negócio de uma empresa? Será que, a comunidade em que uma empresa está inserida, não contribui para o fortalecimento da reputação desta organização e, consequentemente, a venda de seu produto? Ainda, será que a opinião da imprensa sobre determinada marca não interfere na percepção dos consumidores desta marca? Quando levantamos todas estas questões, estamos levantando alertas sobre públicos que não consomem o produto, mas tem total impacto na formação de percepção do consumidor que irá consumir o produto. Estes públicos são chamados de stakeholders ou públicos de interesse. São representados por grupos que podem impactar as ações, decisões ou metas de uma organização e, por isso, devem ser considerados nas estratégias da organização (KUNSCH, 2003). Vamos a um exemplo prático? Imagine que uma marca do segmento automotivo precisa comunicar ao seu público consumidor sobre o lançamento de um novo carro. A marca desenvolve diversas ações de comunicação voltadas para esse público, como: propaganda em TV aberta e mídias sociais; outdoors nas regiões de venda do produto; website do produto e ações de conteúdo nas redes sociais comoTwitter, Instagram e Facebook. TÓPICO 1 | DIAGNÓSTICO DE COMUNICAÇÃO 11 Todas essas ações visam alcançar o consumidor, tornando o produto conhecido para o público de interesse. Paralelamente a isso, outros públicos precisam ser considerados com o intuito de garantir que essas ações com o consumidor ocorram de maneira positiva. Um público extremamente importante é o colaborador que irá atender possíveis consumidores nas lojas. Esse público precisa estar munido de informações sufi cientes para cumprir seu papel de garantir a venda do produto e garantir melhores condições, para o consumidor e marca. Assim, ações de comunicação que visam o conhecimento e engajamento deste colaborador com o produto são fundamentais para alcançar objetivos mercadológicos. Como exemplo de ações com este público, poderiam ser realizadas: • Ações que visam o conhecimento técnico do produto: ○ test drive; ○ manual informativo; • Ações que visam o engajamento do colaborador: ○ concursos internos; ○ planos de bonifi cações especiais. Nesse simples exemplo, com apenas dois públicos de interesse, vemos uma complexidade de ações que devem ser consideradas para garantir que objetivos mercadológicos sejam atendidos. Para entender essa complexidade, veja a fi gura a seguir, que apresenta as estratégias pertinentes para cada público (colaborador e consumidor). Perceba que para esses públicos, existem ações que visam objetivos específi cos relacionados ao engajamento e conhecimento do produto. FIGURA 4 – ESTRATÉGIAS PARA PÚBLICOS DE INTERESSE FONTE: A autora UNIDADE 1 | PLANEJAMENTO DE CAMPANHA 12 Esse exemplo apresenta um pequeno recorte das estratégias de comunicação de uma campanha mercadológica e não considera outros importantes públicos, para além dos consumidores e colaboradores. Imagine que, ao estabelecer estratégias de comunicação, outros importantíssimos públicos devem ser considerados e compreendidos para que, assim, sejam definidas ações de comunicação que contribuam para atingir objetivos de uma organização. Freeman (1984) defende que os públicos de interesse de uma organização podem ser definidos como primários, que apresentam grande influência ao negócio; e secundários, que apresentam pouca influência sobre o negócio. • Primários: acionistas, sócios, colaboradores, fornecedores, clientes, comunidade. • Secundários: imprensa e grupos de pressão (associações, ONGs). Perceba que, ao definir diversos públicos em uma campanha, as estratégias se tornam mais complexas e o profissional de comunicação precisa ter clareza, ao realizar o diagnóstico dos públicos, os quais stakeholders são fundamentais nas estratégias. Neste contexto, o gestor de comunicação deve primeiro identificar os stakeholders, para, em seguida, priorizá-los. Essa priorização é um assunto bastante controverso e polêmico. A quem vamos atender primeiro? Aos acionistas ou aos clientes? O ideal seria atender a todos os grupos de interesses a um só tempo, mas isto é utopia. É sabido que os executivos das organizações precisam encantar o cliente - que sempre quer melhor preço -, sem se esquecer de proporcionar o máximo de lucro aos acionistas (LUPETTI, 2012, p. 57). Definir públicos prioritários para a comunicação não é uma tarefa fácil que possa ser definida por meio de regras. Não existem, por exemplo, regras que delimitam o grau de importância de determinados públicos, sendo que cada marca, em cada situação, deverá analisar quais são suas prioridades em relação aos públicos mapeados. É papel do comunicador no momento do diagnóstico do público, compreender quais stakeholders afetarão de maneira mais incisiva os objetivos de marketing e comunicação identificados. No quadro a seguir, você pode acompanhar alguns públicos de interesse importantes. Lembre-se de que, cada situação deve ser avaliada para que os públicos sejam selecionados no momento do diagnóstico. TÓPICO 1 | DIAGNÓSTICO DE COMUNICAÇÃO 13 Público Descrição Exemplos Força de Vendas É composta por todos os indivíduos, ligado ou não diretamente à empresa, que realizam a venda dos produtos. Pode-se definir como força de vendas todos os colaboradores que vendem o produto da organização, sejam eles externos ou internos. Vendedores, representantes, suporte técnico, assistentes de vendas, telemarketing. Intermediários Todos os players existentes entre a empresa produtora e o consumidor final. Em outras palavras, intermediário é aquele que compra para revender. Atacados, varejo, corretores. Influenciadores São influenciadores os indivíduos que mencionam favoravelmente uma marca, sem receber vantagens financeiras. Também são chamados como formadores de opinião. Especialistas na área do negócio, imprensa. Consumidores finais A identificação do público- alvo compreende possíveis compradores dos produtos, os usuários atuais, as pessoas ou grupos que têm poder de decisão nas compras, ou, ainda, públicos específicos. Consumidores. QUADRO 3 – PÚBLICOS DE INTERESSE FONTE: Adaptado de Lupetti (2012) Além destes públicos mapeados, ao realizar o diagnóstico sobre os stakeholders de uma campanha, o profissional de comunicação deve compreender quais públicos são mais pertinentes ao negócio para, assim, estabelecer estratégias que tragam resultados ao negócio. Em casos específicos, dependendo do segmento do negócio, por exemplo, públicos não mencionados no quadro anterior, como acionistas, são tão importantes quanto os consumidores. Portanto, entenda que além de conhecer todos os possíveis públicos no momento de estabelecer as estratégias, o comunicador precisa analisar o cenário e ser coerente na escolha dos públicos. UNIDADE 1 | PLANEJAMENTO DE CAMPANHA 14 4.1 PERFIL DOS PÚBLICOS No campo da definição de públicos, ainda precisa ser claro de que maneira estes públicos se portam. Afinal, qual é o perfil dos públicos prioritários da marca? Reconhecer o real perfil do consumidor contribui de maneira efetiva para a proposição da ideia criativa da campanha, bem como seleção das estratégias e veículos de comunicação. Diversos estudos no campo de Marketing e Comunicação propõem que os perfis de públicos podem ser definidos partindo de alguns critérios. Correa (2017) expõe estes critérios em sete categorias, conforme você pode ver a seguir: Dados Características Demográficos Sexo, idade, grau de instrução, estado civil, grupo étnico, local de residência. Socioculturais Classe social, grupos profissionais, artísticos, esportivos, tradições, folclores. Econômicos Classe econômica e demais dados relativos à situação econômico-financeira. Religiosos Religião a que pertence, seitas e crenças. Psicológicos Relativos a atitudes, opiniões, reações e motivações de cada grupo. Hábitos de compra, uso, consumo, estilo de vida Procedimentos usuais, diferenças de comportamento entre os diversos públicos. Atitudinais Referentes à atitude ou postura de pessoas perante determinadas situações, conceitos ou filosofias de vida. QUADRO 4 – DETERMINAÇÃO DO PERFIL CONSUMIDOR FONTE: Adaptado de Correa (2017) Todas estas definições são importantes para compreender qual é o perfil do público, que muitas vezes, pode ser representado por diversos grupos de perfis diferenciados, que precisam ser atendidos de maneiras pontuais de acordo com suas necessidades. E, para que seja possível reconhecer esses perfis é necessário realizar uma série de pesquisas de mercado, seja por meios digitais ou não digitais. TÓPICO 1 | DIAGNÓSTICO DE COMUNICAÇÃO 15 Neste cenário de definição do perfil dos públicos, podemos ir à frente e definir um personagem para esse público. Esse personagem é definido no Marketing como Persona, pois ajuda personificar o público trazendo mais clareza na construção das estratégias. Quer saber mais sobre Persona? Veja o vídeo que a Rock Content preparou: https://www.youtube.com/watch?v=TzlVl6qY_JA DICAS 4.2 DA PERCEPÇÃO À AÇÃO Belch (2004 apud GALINDO, 2009) traz umadiscussão sobre as dimensões comportamentais do indivíduo, reforçando que existem três momentos essenciais que devem ser considerados ao determinar as estratégias: conativo, afetivo e cognitivo. Para cada dimensão proposta, existem ações específicas de comunicação que contribuem para atender movimentos de compra específicos, desde a consciência até a compra, conforme você pode ver no quadro a seguir. DIMENSÃO COMPORTAMENTAL MOVIMENTO PARA COMPRA DEMANDA DA COMUNICAÇÃO PROMOCIONAL EM VÁRIOS ESTÁGIOS Conativo (O reino dos motivos) Ações que estimulem e dirijam os desejos. Compra Convicção Preferência Envolvimento Conhecimento Consciência Ações no PDV e transações com o varejo. Comunicação objetiva e oferta de “última-chance”. Apelo de preço e venda pessoal. Afetivo (O reino das emoções) Ações que mudem atitudes e sentimentos. Comunicação argumentativa e competitiva. Trabalhar a imagem. Apelo de status, glamour. Cognitivo (O reino dos sentimentos) Ações que apresentem informações e fatos. Ações de comunicação mais descritivas – uso de formas chamativas e marcantes. Campanhas de sinalização da chegada do produto/ serviço. QUADRO 5 – O EFEITO DA COMUNICAÇÃO: DA CONSCIÊNCIA À AÇÃO FONTE: Belch (2004 apud GALINDO, 2009, p. 200) UNIDADE 1 | PLANEJAMENTO DE CAMPANHA 16 Quando falamos de mapeamento da jornada do consumidor, entramos no campo da identificação do momento em que o consumidor se encontra, com o intuito de estabelecer uma comunicação pertinente para aquele momento. Devemos compreender que o consumidor, ou outro stakeholder foco de uma campanha, é um indivíduo complexo que analisa suas escolhas e determina suas ações após uma série de informações e análises. Daniel Galindo (2009) traz uma ótima analogia sobre esta situação, ao evidenciar que nenhum ser humano se torna adulto em 24 horas. Então, podemos compreender, também, que nenhuma marca conseguirá atingir a lealdade de seus consumidores em pouco tempo e com poucas ações de comunicação. Uma maneira bem simples de compreendermos esta relação é a constatação de que ninguém nunca presenciou uma criança tornar- se jovem ou adulta em 24 horas, ou seja, somos surpreendidos pela força e poder de algumas marcas, acreditamos ou confiamos em determinadas organizações, compramos com maior segurança e aceitamos novas abordagens, pois reconhecemos uma série de atributos e de experiências relacionais que contribuem efetivamente para a adoção e até a propagação através de nossos testemunhos, esquecendo-se de que estas organizações e suas marcas receberam um investimento constante por longo tempo (GALINDO, 2009, p. 201). Este cenário aponta que as marcas devem estabelecer ações constantemente com base no grau de envolvimento de um consumidor, que apresenta características e dúvidas específicas para cada grau de envolvimento com a marca. Por exemplo, ao analisarmos marcas bem posicionadas no mercado, percebemos que estas apresentam altos índices de aceitação do público. No entanto, o grau de aceitação dificilmente será homogêneo em diversos stakeholders, podendo, cada stakeholder se portar de maneira específica em relação a uma marca. Por exemplo, olhe para as duas marcas a seguir e reflita: o seu grau de envolvimento com estas duas marcas é igual? Perceba que este cenário, proposto em 2004, prevê um crescimento no envolvimento do consumidor desde a consciência até à efetiva compra. No entanto, é importante percebermos que, considerando cenários atuais, o processo de compra continua ocorrendo após a venda, demandando ações de relacionamento e fidelização com o consumidor. Considerando essa necessidade, as demais abordagens apresentadas neste subtópico trazem uma visão para além da compra, compreendendo os momentos do consumidor desde a consciência da existência da marca até a garantia da lealdade do consumidor. 5 MAPEAMENTO DA JORNADA DO CONSUMIDOR TÓPICO 1 | DIAGNÓSTICO DE COMUNICAÇÃO 17 5.1 PERCEPÇÃO DE VALOR DE MARCA Sob uma perspectiva semelhante, Aaker (2007) aponta que existem cinco estágios de envolvimento com uma marca: consciência de marca, associação de marca, qualidade percebida, confi ança, lealdade de marca. Esses estágios apresentam os momentos em que o consumidor se encontra e contribui para indicar possíveis estratégias para determinado momento. FIGURA 5 – HAVAIANAS E IPANEMA FONTE: <https://bityli.com/C2bcn>; <https://bityli.com/q0qq8>. Acesso em: 13 abr. 2020. Provavelmente, o seu grau de envolvimento com essas duas marcas se diferencia de acordo com a sua vivência, podendo ser apenas um envolvimento superfi cial ou um envolvimento que atinja altos índices de lealdade. Para entender melhor como esses graus, ou etapas de envolvimento, se caracterizam, nos subtópicos a seguir você verá três abordagens distintas que categorizam o consumidor nessas etapas. COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR CONSCIÊNCIA DE MARCA Consumidor têm consciência sobre a existência da marca. ASSOCIAÇÃO DE MARCA Consumidor consegue associar elementos à marca, como identidade visual, garoto propaganda, jingle etc. QUALIDADE PERCEBIDA Consumidor avalia a marca de acordo com seu julgamento do que é bom. CONFIANÇA DE MARCA Consumidor confi a na marca e acredita em sua credibilidade. LEALDADE Consumidor prefere a marca em relação às concorrentes. QUADRO 6 – PERCEPÇÃO DE VALOR DA MARCA FONTE: A autora UNIDADE 1 | PLANEJAMENTO DE CAMPANHA 18 Como você pode ver nos estágios apresentados, os públicos (sendo consumidores ou outros stakeholders) se colocam de maneiras específicas. Em um primeiro estágio de consciência de marca, por exemplo, as marcas devem fazer grandes esforços de reconhecimento da marca que não é conhecida ou percebida por seus públicos. Enquanto em outros estágios, como o da lealdade, por exemplo, a marca compreende que os consumidores são leais e deve estabelecer estratégias de manutenção desta lealdade existente. Um ponto que deve ser compreendido em relação a esta jornada, é que uma marca nunca terá todos os seus stakeholders enquadrados em um estágio só. Dessa maneira, ela deve reconhecer que são inúmeros objetivos distintos de acordo com os momentos dos públicos, estabelecendo, assim, ações de comunicação que atinjam objetivos relacionados à consciência de marca, associação de marca, qualidade percebida, confiança de marca e lealdade. 5.2 JORNADA DOS 5 A’S Assim como Aaker (2007) que propõe os estágios de envolvimento em re- lação à marca, Kotler (2017) traz um olhar semelhante, considerando cinco impor- tantes estágios: assimilação, atração, arguição, ação, apologia. Alguns dos pontos defendidos por Kotler (2017) apresentam similaridade com os estágios vistos até aqui, representando envolvimentos gradativos dos públicos com as marcas. COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR POSSÍVEIS PONTOS DE CONTATO COM O CONSUMIDOR IMPRESSÃO- CHAVE DO CONSUMIDOR ASSIMILAÇÃO Os consumidores são passivamente expostos a uma longa lista de marcas em função de experiências passadas, comunicações de marketing e/ou defesa da marca por clientes. Aprender sobre a marca com seus pares. Ser exposto inadvertidamente à propaganda da marca. Lembrar-se de experiência passada. EU SEI ATRAÇÃO Os consumidores processam as mensagens que são expostas – criando memória de curto prazo ou ampliando a memória de longo prazo – são atraídas somente para uma lista curta de marcas. Ser atraídos pelas marcas. Criar um conjunto de marcas que serão levadas em consideração. EU GOSTO QUADRO 7 – MAPEAMENTO DA JORNADA DOS 5 A'S TÓPICO 1 | DIAGNÓSTICO DE COMUNICAÇÃO 19 FONTE: Kotler (2017, p. 96) ARGUIÇÃO Levados pela curiosidade, os consumidores pesquisam ativamente para obter informações adicionais dos amigos e da família, da mídia e/ ou direto das marcas. Pedir conselhos a amigos. Pesquisar avaliações on- line do produto. Contatar central de atendimento. Comparar preços. Testar o produto naslojas. ESTOU CONVENCIDO AÇÃO Reforçados pelas informações adicionais, os consumidores decidem comprar uma marca específica e interagem de forma mais profunda por meio de processos de compra, consumo e/ou serviço. Comprar na loja física ou on-line. Usar o produto pela primeira vez. Reclamar de um problema. Obter atendimento. ESTOU COMPRANDO APOLOGIA Com o tempo, os consumidores podem desenvolver uma sensação de forte fidelidade à marca, refletida em retenção, recompra e defesa da marca perante seus pares. Continuar usando a marca. Recomprar a marca. Recomendar a marca a outros. EU RECOMENDO Observe que estágio apresenta impressões-chave, ou seja, ações essenciais de cada momento. Ainda, para cada momento, existem possíveis pontos de contato com o consumidor, que devem ser compreendidos, para delimitação das estratégias coerentes de comunicação. Perceba que, no estágio representado pela ação, as estratégias de comunicação podem explorar ações de envolvimento no ponto de venda do produto ou em oportunidades de atendimento ao cliente. 6 OBJETIVOS DE COMUNICAÇÃO Um dos pontos essenciais para definir as estratégias de Comunicação é a definição clara dos objetivos. Muitas campanhas, por vezes, acabam não trazendo resultados positivos por não haver clareza pela organização sobre qual de fato é o objetivo a ser alcançado. Ainda nesse contexto, existe uma simplificação de UNIDADE 1 | PLANEJAMENTO DE CAMPANHA 20 que as ações de comunicação cumprem exclusivamente papéis mercadológicos de realizar a compra (YANAZE, 2013). Neste tópico, vimos dois elementos importantes que ajudam a contestar esta mentalidade de objetivos exclusivamente atrelados à compra de um produto: 1. Existem diversos públicos de interesse que precisam ser atendidos, que contribuem para resultados mercadológicos. No entanto, tais públicos não se portam como públicos mercadológicos (acionistas, sócios, colaboradores, fornecedores, comunidade, imprensa e grupos de pressão). Desta forma, a comunicação não deve considerar apenas a finalidade de compra em suas estratégias. 2. A própria jornada do consumidor, exposta especialmente por Aaker (2007) e Kotler (2017), evidencia estágios para além da compra, como a manutenção da lealdade do consumidor após a compra. Considerando essas duas realidades, é extremamente importante que os comunicadores atentos às necessidades atuais compreendam que definir objetivos de comunicação deve estar altamente relacionado com os resultados esperados da organização, considerando ambientes complexos. Para contribuir em uma delimitação clara dos objetivos de comunicação, Yanaze, Freire e Senise (2010) propõem uma lista de 14 possíveis objetivos que podem ser considerados antes das definições das estratégias de comunicação. TÓPICO 1 | DIAGNÓSTICO DE COMUNICAÇÃO 21 OBJETIVO DESCRIÇÃO Despertar a consciência Despertar certo grau de consciência das necessidades e carências, relacionadas ao objeto da comunicação, deve ser a primeira etapa do processo de comunicação. Chamar a atenção A pessoa que já tenha certo grau de consciência de suas necessidades e carências, certamente terá sua atenção despertada com maior facilidade. Obviamente, mensagens repletas de elementos criativos, exóticos, engraçados e até grotescos tendem a chamar atenção. No entanto, se o receptor não tiver nenhuma consciência da relevância da mensagem para ele, o processo de extinguir a atenção. Suscitar o interesse A consciência prévia direciona a atenção do indivíduo, despertando o interesse. Para isso, é importante que os elementos utilizados na chamada de atenção para a mensagem estejam relacionados com despertar da consciência. Proporcionar conhecimento O receptor interessado está pronto para receber uma informação mais detalhada e obter ou ampliar seus conhecimentos sobre o objeto da comunicação. Nesta etapa, a mensagem de ser mais informativa e consistente, a fim de facilitar a compreensão. Garantir Identificação, Empatia As informações devem ser elaboradas e transmitidas levando- se em consideração as características e as possibilidades de percepção do receptor – seu vocabulário literário e gráfico e perfil psicossociodemográfico – para que ele se identifique com o objeto da comunicação e estabeleça uma relação de empatia. Criar Desejo e/ou suscitar Expectativa Uma vez que o indivíduo se identifique com as propostas, mensagens e produtos apresentados, o processo de comunicação deve lançar mão de elementos que criem desejo de compra ou suscitem expectativa favorável à efetiva aquisição, posse e uso do bem, serviço, ideia ou conceito oferecido. Conseguir a preferência Como a empresa emissora da comunicação não está sozinha no mercado, o próximo passo do processo exige argumentos que garantam a preferência do indivíduo, a despeito das ofertas dos concorrentes. Algumas empresas conseguem levar os receptores até a fase anterior, do desejo ou expectativa, mas não conseguem evitar que os potenciais clientes comprem produtos de seus concorrentes. Levar à decisão Depois de conseguir a preferência do receptor, a comunicação deverá levá-lo a se decidir pela compra ou a realizar aquilo que o objeto de comunicação preconiza. QUADRO 8 – OBJETIVOS A SEREM CONSIDERADOS ANTES DAS DEFINIÇÕES DAS ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO UNIDADE 1 | PLANEJAMENTO DE CAMPANHA 22 Efetivar a ação Muitas vezes a tomada de decisão não é imediatamente seguida da ação objetivada pela comunicação. São vários os fatores que podem interferir no prosseguimento da sequência: ausência de recursos financeiros para consumar a aquisição; falta de tempo para se dirigir ao local de vendas; surgimento de outras prioridades etc. A comunicação deve identificá-los previamente e procurar minimizar seus efeitos ou valorizar outros fatores que levem seu público-alvo à ação. Trata-se da principal consagração de todo esforço de marketing, mas não é a única, nem a reta final. Garantir e manter a Satisfação pós- ação Os Serviços de Atendimento ao Cliente (SAC) e os serviços de treinamento e orientação ao cliente são alguns dos aparatos à disposição das empresas para manter uma relação positiva com os compradores, mesmo depois da realização da venda. Anúncios e mensagens diretas, que elogiam a decisão de compra (ou da ação) e que ratificam o bom gosto e a inteligência da preferência pela marca (ou da realização), geralmente contribuem para a redução da dissonância cognitiva (FESTINGER, 1957), ajudando na manutenção de certo nível de satisfação, mesmo que o produto em si (ou a ação em si) não o proporcione. Estabelecer interação As novas tecnologias, principalmente as relacionadas com a internet, possibilitam às empresas estabelecer um fluxo contínuo, de duas mãos, com seus interlocutores. As reclamações e as sugestões, se bem recebidas e processadas, podem se transformar em elogios e em desenvolvimento efetivo dos negócios da empresa em um processo constante e consistente de melhoria de relações com seus públicos. Obter fidelidade Manter o cliente constitui um grande desafio para as empresas. Muitas são as razões que podem levar um comprador de determinado produto de uma empresa a passar a adquirir mercadoria de outra. A empresa deverá identificar as razões e estudar como revertê-las. E, caso haja argumentos, fazer com que o público se conscientize deles e tenha respaldo – racional ou emocional para se manter fiel à organização. Gerar disseminação O último estágio pressupõe a formação de agentes geradores e disseminadores de comunicação positiva, a partir dos públicos- alvo. A empresa deverá estabelecer estratégias de comunicação específicas para incentivar seus clientes satisfeitos a emitir seus sentimentos e compartilhar suas experiências positivas com outras pessoas e suas relações. Assim procedendo, a empresa conseguirá ampliar seus canais de comunicação. FONTE: Yanaze, Freire e Senize (2010, p. 74-77)TÓPICO 1 | DIAGNÓSTICO DE COMUNICAÇÃO 23 Todas os objetivos propostos por Yanaze, Freire e Senise (2010) apresentam fortes relações com os elementos da jornada do consumidor apresentado no tópico anterior. Isto somente demostra a importância de se reconhecer o comportamento do consumidor, buscando identificar quais objetivos de comunicação precisam ser atendidos a cada momento. Nesse caso, além de reconhecer que os objetivos podem ser divididos em momentos específicos, é importante que você compreenda que uma campanha de comunicação pode ser definida a partir de diversos objetivos que, consequentemente, são atendidos por estratégias específicas de comunicação. Uma campanha promocional de lançamento de produto, por exemplo, pode trazer em seu escopo alguns objetivos a serem atendidos: • Despertar a consciência com propaganda e promoção de vendas. • Suscitar o interesse com venda pessoal e feiras. • Criar desejo e/ou suscitar expectativa com assessoria de imprensa e merchandising em televisão aberta. • Gerar disseminação com concurso cultural em redes sociais. Nesse contexto, o reconhecimento dos objetivos de uma campanha da maneira adequada contribui para a construção de estratégias coerentes, seja na definição dos canais e da ideia criativa por trás da campanha. Ao definir o objetivo claro, toda as ações passam a ser norteadas para resolver determinado problema de comunicação (objetivos), seja no direcionamento dos públicos de interesse, investimento da campanha, estratégias de comunicação, abordagem da mensagem e ideia criativa. 24 Neste tópico, você aprendeu que: RESUMO DO TÓPICO 1 • O diagnóstico de comunicação compreende uma série de levantamentos e análises de informações que contribuem para a definição das estratégias, relacionando: conhecimento do produto, conhecimento da concorrência, conhecimento dos públicos de interesse e público consumidor, conhecimento da jornada do consumidor e definição dos objetivos de comunicação. • Produto é um elemento oferecido a um mercado para apreciação, aquisição, uso ou consumo e que pode satisfazer um desejo ou uma necessidade. • Produtos podem ser definidos como: produtos de consumo, organizacionais, organizações, pessoas, lugares, ideias. • Um produto não é representado apenas por suas entregas funcionais e sim, um composto complexo de elementos que trazem valorização. • Um produto pode ser considerado em diversos níveis, como produto ampliado, produto básico e produto núcleo. • Os produtos podem se diferenciar pelo comportamento de compra, como: conveniência, compra comparada, especialidade e produtos não procurados. • A concorrência é caracterizada por marcas que competem em uma realidade, podendo ser classificadas como concorrentes diretas e indiretas. • Os públicos de interesse, ou stakeholders, são ditos como públicos essenciais e que impactam no negócio, como: acionistas, colaboradores, comunidade, imprensa e grupos de pressão. São públicos que devem ser considerados, junto ao público consumidor nas estratégias da marca. • As ações mercadológicas tendem a ter alguns públicos prioritários, como força de vendas, públicos intermediários, públicos influenciadores e consumidores finais. • O perfil dos públicos pode ser definido considerando algumas características, como dados: demográficos, socioculturais, econômicos, religiosos, psicológicos, hábitos de compra e atitudinais. • A jornada do consumidor evidencia estágios de envolvimento com a marca, desde o conhecimento prévio da marca até a lealdade. 25 • O reconhecimento dos estágios de uma jornada contribui para o oferecimento de ações pertinentes às necessidades de cada etapa de envolvimento com a marca pelo consumidor. • Os objetivos de comunicação norteiam as estratégias, trazendo coerência para obtenção de resultados no negócio. • Os objetivos de comunicação não podem ser reduzidos a proporcionar a compra, pois os indivíduos são seres complexos que permeiam vários estágios de comportamento em relação à marca. • Os objetivos podem ser representados desde momentos iniciais de conhecimento da marca, como "proporcionar o conhecimento" a estágios em que o público já apresenta relacionamento com a marca, como "gerar disseminação". 26 1 Os produtos podem ter características específicas que os diferenciam de outros grupos de produtos. Essas características contribuem para a definição estratégica de produto, distribuição, preço e promoção. Quando falamos de estratégias de promoção, qual estratégia, das citadas a seguir, garantem melhores resultados para os produtos de conveniência? a) ( ) Propaganda e venda pessoal feitas tanto pelo fabricante quando pelos revendedores. b) ( ) Promoção mais cuidadosamente dirigida feita pelo fabricante quanto pelos revendedores. c) ( ) Promoção em massa pelo fabricante. d) ( ) Propaganda agressiva e venda pessoal pelo fabricante e pelos revendedores. 2 Um dos elementos fundamentais ao se trabalhar a comunicação de maneira estratégica é reconhecer o receptor da mensagem. Somente assim será possível traçar ações adequadas e dialogar de maneira assertiva com este público. Dessa forma, muitas marcas erram ao estabelecer ações de comunicação apenas com o consumidor e esquecem de outros públicos que sejam importantes. Considerando essa realidade, disserte sobre o que são os Stakeholders de uma organização. 3 Para que uma marca tenha força no mercado é necessário que estabeleça ações de comunicação constantemente, buscando atingir diversos objetivos distintos de acordo com necessidades específicas. Um consumidor, por exemplo, apresenta etapas de envolvimento com a marca, que denominamos como jornada do consumidor. Assim sendo, sinalize as etapas corretas para cada situação apresentada: (A) Assimilação. (B) Atração. (C) Arguição. (D) Ação. (E) Apologia. AUTOATIVIDADE 27 ( ) Levados pela curiosidade, os consumidores pesquisam ativamente para obter informações adicionais dos amigos e da família, da mídia e/ou direto das marcas. ( ) Os consumidores são passivamente expostos a uma longa lista de marcas em função de experiências passadas, comunicações de marketing e/ou defesa da marca por clientes. ( ) Com o tempo, os consumidores podem desenvolver uma sensação de forte fidelidade à marca, refletida em retenção, recompra e defesa da marca perante seus pares. ( ) Reforçados pelas informações adicionais, os consumidores decidem comprar uma marca específica e interagem de forma mais profunda por meio de processos de compra, consumo e/ou serviço. ( ) Os consumidores processam as mensagens que são expostos - criando memória de curto prazo ou ampliando a memória de longo prazo - são atraídos somente para uma lista curta de marcas. 28 29 TÓPICO 2 ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Você já viu até aqui que existem particularidades no diagnóstico e que elas infl uenciam na determinação das estratégias, considerando objetivos claros das marcas. Neste tópico, você verá como as estratégias de comunicação podem ser defi nidas considerando diversos aspectos antes da defi nição dos canais de comunicação. Questões como tipo de campanha oferecida, estratégia de campanha e defi nição do mix de comunicação são fundamentais antes mesmo de defi nir se uma campanha veiculará em televisão aberta ou internet. Essas defi nições compreendem a primeira etapa da estratégia de comunicação, podendo ser organizada conforme os elementos apresentados na fi gura a seguir. FIGURA 6 – ESTRATÉGIAS DE UMA CAMPANHA PUBLICITÁRIA FONTE: A autora UNIDADE 1 | PLANEJAMENTO DE CAMPANHA 30 Essas estratégias representam posicionamentos específi cos da estratégia relacionados aos objetivos e à abordagem mais adequada para garantir a atenção do público da campanha. E os elementos representam o primeiro passo da campanha, sendo essencial ter defi nições claras antes mesmo da defi nição dos canais de contato, que são classifi cadoscomo táticas. 2 TIPOS DE CAMPANHAS Um dos primeiros pontos a serem considerados na defi nição da estratégia é a delimitação do tipo de campanha. Essa defi nição está altamente relacionada aos objetivos de comunicação e deve ser responsável por nortear as demais estratégias de abordagem na mensagem e escolha dos canais de comunicação. Uma campanha pode ser enquadrada em diversos tipos. Lupett i (2012) defende que as campanhas podem ser enquadradas em características institucionais e mercadológicas. Para compreender a grande diferença entre estas duas abordagens, observa os anúncios a seguir. FIGURA 7 – CAMPANHAS MERCADOLÓGICA (A) E INSTITUCIONAL (B) FONTE: <https://bityli.com/6bRxU>; <https://bityli.com/uqxqz>. Acesso em: 13 abr. 2020. Perceba que as duas campanhas trazem o fortalecimento da marca, mas são associadas a objetivos distintos. A campanha mercadológica Fan Feat tem como objetivo fortalecer o produto, utilizando como estratégia a associação a celebridades de reconhecimento popular no país. Desta maneira, esta estratégia visa o relacionamento com o público, garantindo que o produto atinja um patamar de vendas no mercado. Por outro lado, a campanha institucional evidenciada tem como objetivo associar a marca a questões sociais, como reciclagem. Essa abordagem contribui para a associações positivas do consumidor à marca, valorizando a reputação da organização e não do produto. No entanto, é válido reforçar que esta abordagem institucional traz retorno positivo à organização e, consequentemente, ao produto que passa a ser valorizado em razão da valorização da instituição. Para trazer essa discussão a uma abordagem conceitual, podemos trazer alguns argumentos sobre as seguintes abordagens de Comunicação. TÓPICO 2 | ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO 31 2.1 COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL Considerando que as organizações são responsáveis pelo desenvolvimento das regiões em que estão inseridas, é necessário que as marcas estejam presentes e utilizem a comunicação como eixo central de negociação de interesses, capacitando as vozes envolvidas para as situações vividas pela organização (PEREIRA et al., 2009). Nesse contexto, as ações de comunicação de cunho institucional contribuem para a fixação de imagem das organizações, estando relacionada com o segmento de atuação (LUPETTI, 2012). Essa abordagem de comunicação é considerada como responsável pelo diálogo com todos os públicos não considerados consumidores, contribuindo, desta maneira, para influenciar a identidade e imagem corporativa da organização perante a sociedade na qual está inserida (KUNSCH, 2003). A comunicação, então, cumpre papéis de garantir relevância com públicos como comunidade, imprensa, investidores, entre outros. Geralmente tais campanhas ocorrem em grandes organizações que tenham como objetivo o fortalecimento de sua reputação, mas podem trazer outros objetivos, conforme as situações elencadas a seguir: • Campanha institucional de serviço público, com o intuito de divulgar e orientar o público geral sobre serviços prestados pelo governo. • Campanhas de ONGs ou fundações, com o intuído de promover conhecimento sobre causas específicas, como: aleitamento materno, prevenção de câncer de mama, prevenção de DST etc. • Aumentar nível de admiração e de empatia com opinião pública. • Difundir uma identidade corporativa positiva. • Promover boa vontade dos públicos, evitando ou minimizando conflitos. • Atrair talentos, tornando a empresa um local desejado para se trabalhar. Perceba que, nestes casos de campanhas institucionais, os objetivos não se relacionam apenas com públicos-consumidores ou à compra de um determinado produto. Desta maneira, é comum, nos casos de campanhas institucionais, terem como públicos de interesse diversos, como imprensa, comunidade, parceiros estratégicos etc. 2.2 COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA Por outro lado, as campanhas mercadológicas apresentam em sua essência o atendimento a objetivos mercadológicos de uma organização, seja no fortalecimento da marca ou na venda de um produto. Essa abordagem, se comparada às demais interfaces da comunicação integrada, é a ferramenta que melhor se relaciona com produtos ou serviços fornecido pela organização (FARIAS, 2002). No entanto, é importante compreender que elementos institucionais podem influenciar diretamente em resultados mercadológicos, conforme evidencia Galindo (2009, p. 228). UNIDADE 1 | PLANEJAMENTO DE CAMPANHA 32 Acreditamos ou confiamos em determinadas organizações, compramos com maior segurança e aceitamos novas abordagens. Isso porque reconhecemos uma série de atributos e de experiências relacionadas que contribuem efetivamente para a adoção e até a propagação mediante nossos testemunhos. Dessa forma, entenda que nenhuma abordagem de comunicação (institucional ou mercadológica) ocorre de maneira isolada, mas sim, totalmente integrada. Podemos citar três tipos de campanhas mercadológicas: campanhas de propaganda, campanhas guarda-chuva, campanhas de promoção e campanhas de promoção de vendas (LUPETTI, 2012). Tipo de Campanha Descrição Campanha de Propaganda As campanhas de propaganda, ou publicidade, tem como característica a divulgação de um produto, informando seus benefícios e atributos, objetivando tornar a marca conhecida e levar o consumidor à compra. É também utilizada para sustentar as vendas de um produto, mantendo sua imagem de marca em evidência. É comum ocorrer em indústrias que fabricam bens de consumo, como xampu, sabão em pó etc. Campanha Guarda- Chuva – ou de linha de produtos Caracteriza-se por conceituar a empresa, fixar sua imagem e informar sua linha de produtos, com o objetivo de estabelecer e reconhecer a marca da empresa e de seus produtos. Em geral, apresenta toda a linha de produtos, evidenciando a marca. É utilizada por empresas de eletrodomésticos, como TVs, geladeiras, fogões. Campanha de Promoção Além de divulgar o produto, objetivando tornar a marca conhecida e levar o consumidor à ação de compra, caracteriza-se, também, por acelerar as vendas, manter contato direto com o público, bloquear a ação da concorrência e reativar um produto. Neste tipo de campanha, as vendas são imediatas, o retorno é rápido e o contato com o consumidor mais estreito e direto. Em geral, campanha de promoção solicita algo ao consumidor, oferecendo algo em troca, como “recorte o selo, coloque seu nome e endereço, envie para... e concorra à...”. Campanha de Promoção de Vendas Enquanto a campanha de promoção divulga o produto, torna a marca conhecida e interage com o público, solicitando algo e oferecendo alguma coisa em troca, a campanha de promoção de vendas é voltada à redução de preços de diversas formas, como liquidação por exemplo. QUADRO 9 – TIPOS DE CAMPANHAS FONTE: Lupetti (2012, p. 108-110) TÓPICO 2 | ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO 33 Até aqui vimos que existem diversos tipos de campanhas que podem ser considerados em um planejamento. Nessa realidade, devemos compreender que, considerando as demandas atuais de mercado e a complexidade dos negócios, uma marca dificilmente trabalhará em uma campanha isoladamente, como já afirmamos. A realidade que temos hoje demanda que uma marca trabalhe simultaneamente para garantir o atendimento de diversos objetivos, para diversos públicos e, principalmente, considerando tipos de campanha diferenciados. Diferentemente da época de comunicação de massa, focada em produtos e comunicação unidirecional, as organizações atuais precisam atender diversos objetivos simultâneos, como: fortalecer sua reputação, garantir reconhecimento de marca, proporcionar a venda de produtos, queimar estoques, lançar novas linhas etc. E, nesse caso, a definição do tipo de campanha que irá atender cada objetivo é fundamental. 3 ESTRATÉGIAS DE CAMPANHA Após definir o tipo da campanha necessário, de acordo com os objetivos do negócio, é hora de definir as estratégias que nortearão a campanha. Essas estratégias
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