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A dor é um fenômeno multidimensional influenciados por fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais. A dor é uma experiencia subjetiva, mas pode ser mensurada por meio de auto/heterrelato (relato próprio e sinais objetivos de alteração fisiológica e comportamental. A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) define a dor como uma sensação ou experiencia emocional desagradável causada por um dano tecidual real ou potencial e de descrita em termo de tal dano. A dor é um importante problema de saúde pública que afeta mais de 50 milhões de norte-americanos e custa mais de 100 bilhões de dólares por ano em despesas com tratamento médico (Lozito, 2004). Talvez mais do que qualquer outra experiencia cotidiana, a dor ilustra de forma clara o modelo Biopsicossocial. Esse modelo distingue entre os mecanismos biológicos pelos quais estímulos dolorosos são processados pelo corpo: a experiencia emocional e subjetiva da dor e os fatores sociais e comportamentais são compreendidos neste estudo. De modo geral, pesquisadores dividem a dor em três categorias amplas: Aguda, Recorrente e Dor Crônica. • Dor aguda: é cruciante e pungente e normalmente se localiza em uma área ferida do corpo. Embora esse tipo de dor possa durar de alguns segundos a vários meses, em geral diminui a medida que ocorre a cura. Ex: queimadura, fratura, fadiga muscular entre outros. • Dor Recorrente: Envolve episódios de desconforto intercalados com períodos nos quais o individuo está relativamente sem dor e que se repetem por mais de três meses. Ex: enxaquecas periódicas, cólica. • Dor Crônica: que de forma mais tradicional é definida como a dor que dura seis meses ou muito mais do que o período normal de cura. Pode ser contínua ou intermitente, moderada ou grave em intensidade e sentida em quase todos os tecidos do corpo. Essa dor reduz a qualidade de vida e aumenta sua vulnerabilidade a infecções e, assim, a uma variedade de doenças. A dor crônica também tem um custo psicológico devastador, desencadeando baixo auto estima, insônia, raiva, sensação de abandono entre sintomas. Hiperalgesia: Condições em que a pessoa que sofre de dor crônica se torna mais sensível a ela com o passar do tempo. A hiperalgesia também ocorre quando as pessoas estão doentes ou machucadas e pode facilitar comportamentos que estimulam a recuperação, como descansar mais e seguir uma dieta saudável. Mensurando a dor: Devido a sua natureza multidimensional e subjetiva, a dor não é facilmente mensurada. Entretanto, clínicos e pesquisadores desenvolveram diversas maneiras de avalia- la: Medidas Físicas, Medidas Comportamentais e Medidas de auto avaliação. Medidas físicas: uma forma de avaliar a dor é mensurar as mudanças fisiológicas especificas que a acompanham. Por exemplo, a eletromiografia, avalia a quantidade de tensão muscular apresentada por pacientes que sofrem cefaleias ou dores lombares. Os pesquisadores registraram de forma minuciosa, mudanças que ocorrem na frequência cardíaca, na velocidade da respiração, na pressão arterial, na temperatura e na condutividade da pele, que são indicadores da excitação autonômica que acompanha a dor. Medidas Comportamentais: outra técnica de avaliação é mensurar a dor no comportamento do paciente. Isso pode ser feito por amigos, parentes ou por profissionais da saúde em sessões clinicas estruturadas. Wilbert Fordyce ( 1976). Pioneiro da pesquisa sobre a dor, desenvolveu um programa de treinamento comportamental no qual um observador, como o colega de quarto do paciente, monitora de 5 a 10 comportamentos que costuma indicar o começo da dor. Em cénario clinico, enfermeiros e outros profissionais da saúde são treinados para observar sistematicamente os comportamentos do paciente durante procedimento de rotina. Um inventário bastante utilizado é a Pain Behavior Scale, que consiste em uma série de comportamentos – alvo, incluindo verbalizações de queixas, expressões faciais, posturas anormais e mobilidade. (Feuerstein e Beattie, 1995). Medidas de Autoavaliação – Uma forma simples de mensurar a dor é solicitar aos pacientes que respondam um questionário, atribuindo um valor numérico a seu nível de desconforto em determinada situação. As escalas de avaliação da dor também podem se basear em relatos verbais, nos quais a pessoa escolhe, a partir de uma lista a palavra que descreve a dor de forma mais precisa. Muitos clínicos consideram útil solicitar aos pacientes que confeccionam um diário da dor, no qual avaliem episódios de dor durante um período, com o registro de eventos cotidianos, medicamentos, etc. A fisiologia da dor Por mais de um século, pesquisadores mantem uma busca pelos receptores sensoriais definitivos para dor. Entre os candidatos, estão os terminais nervosos livres, que são encontrados por todo o corpo, na pele e os músculos. Os terminais nervosos livres são receptores sensoriais distribuídos pelo corpo que respondem a temperatura, pressão e estímulos dolorosos. Os pesquisadores referem-se aos terminais nervosos livres que são ativados por estímulos nocivos (dolorosos) como nociceptores. Nociceptores: São neurônios especializados que respondem a estímulos dolorosos. Principalmente dores físicas. Como funciona a dor? Neurônio nociceptor recebe as informações via nervosos periféricos que leva para a medula espinhal que propaga para o tálamo essa via de percepção de dor para interpretar que algo está dolorido e automaticamente ele propaga para áreas do córtex cerebral Teoria da Comporta A teoria da comporta introduziu a noção de que a experiencia de dor não é resultado de um canal sensorial direto que começa com a estimulação de um receptor na pele e termina com a percepção de dor pelo cérebro. Em vez disso, as sensações que potencialmente indicam a dor são moduladas na medula espinal a medida que são conduzidas ao cérebro também estão sujeitas a modificações sob a influencia de vias descendentes do cérebro • A teoria diz que a comporta aberta facilita a comunicação mais rápida e precisa e a comporta fechada dificulta o processo da sensibilização da dor no sujeito. A teoria propõe a existência de estruturas neurais na medula espinal e no tronco encefálico que funciona como uma comporta (abrindo para aumentar o fluxo de transmissão de fibras nervosas ou fechando para diminuir o fluxo). O mecanismo que faz essas comportas funcionarem é a dor. Se o indivíduo sente dor e usa um medicamento este pode influenciar na comporta, pode reduzir a dor do sujeito propagando um possível alívio, indivíduos que não usam intervenção medicamentosa passa a conviver muito mais com a dor. O papel do analgésico é favorecer que a comporta permaneça no fluxo (homeostase) mas principalmente que a comporta possa se fechar em algum momento para cessar um pouco a dor que o indivíduo possa apresentar, só não pode fechar totalmente pois não sentir dor é prejudicial neurologicamente. OBS: A comporta não pode fechar totalmente é necessária uma homeostase (equilíbrio). A dor do Membro Fantasma As vezes as pessoas sentem dor que não tem causa física aparente. Um exemplo é a dor do membro fantasma, que é a experiencia de dor em uma parte do corpo que foi amputada. Embora a maioria das pessoas, com membros amputados experimentem as sensações de toque, pressão, calor, frio, entre 65% e 85% dizem sentir dor fantasma suficientemente forte para atrapalhar atividades sociais e profissionais por períodos substancias de tempo (williamns, 196). Isso acontece, porque o cérebro ainda leva o comando como se aquela estrutura ainda tivesse preservada. Com a amputação o cérebro não interpreta automaticamenteque o membro foi retirado. • Tratamento: Entre os tratamentos que foram tentados, com diferentes níveis de sucesso, estão a implantação de membros protéticos, ultrassom, estimulação nervosa transcutânea (TENS), medicamentos anti- inflamatório, e anticonvulsivantes e bloqueadores nervosos, como injeções de anestésicos locais em pontos desencadeadores. Além de casos que são necessário acompanhamento psiquiátrico e psicológico A dor e a idade Certas dores tendem a aumentar em frequência com a idade, especialmente dores de cabeça, faciais e abdominais. Em uma pesquisa com adultos de 25 a 74 anos, aqueles que tinham idade acima de 56 anos eram duas vezes mais propensos que os de 25 a 45 anos a ter experimentado dois ou mais episódios de dor durante o último mês. Antes que se conclua que o envelhecimento é inevitavelmente acompanhado pela dor, seria bom questionar se outros fatores como a saúde geral e diferenças em socialização e em recursos de enfrentamento podem explicar as distinções entre a idade e a tolerância a dor . A dor e o Gênero Mulheres parecem sofrer mais do que os homens de enxaquecas e cefaleia, além de dores pélvicas, faciais e lombares. As diferenças de gênero também são visíveis na maneira como a comunidade medica responde a certas síndromes de dor. Estudos revelam que as mulheres recebem de 5 a 10% mais receitas de remédios para queixas comuns do que os homens. Pesquisas apontas que o fator hormonal pode ser um forte previsor do sentimento de dor. Fatores Socioculturais É importante observar que as diferenças culturais em reações a dor provavelmente se relacionem com distinções na tolerância a dor e não com diferenças no limiar de dor • Limiar de dor: definido como a intensidade mínima de um estimulo nocivo percebida como dor, tende a ser mais afetado por fatores fisiológicos; • Tolerância a dor: é mais influenciada por fatores psicológicos como expectativas com relação a uma experiencia iminente ou o significado ligado a determinado tipo de dor. Subtipos de paciente de dor: • Pacientes disfuncionais: relatam níveis altos de dor e perturbação psicológica, sentem que tem controle sobre suas vidas e são extremamente inativos. • Pacientes perturbados do ponto de vista interpessoal: Sentem que tem pouco apoio social e que as outras pessoas em suas vidas não levam sua dor a sério • Paciente com enfrentamento adaptativo: Relatam níveis bem mais baixos de dor e perturbação psicológica ou social do que aqueles nos outros dois grupos e continuam a funcionar em nível elevado. Cirurgia, estimulação elétrica e terapias físicas Durante séculos, cirurgias foram utilizadas na tentativa de aliviar dores graves. Entretanto, mais eficaz que a cirurgia é a contrairritação, que envolve estimular uma área do corpo para reduzir a dor em outra. Por exemplo, a estimulação espinal mostrou- se eficaz para reduzir a dor lombar de muitos pacientes. Para dores mais graves e disseminadas (como as associadas a alguns tipos de avançados de câncer) há outra fora elétrica de analgesia chamada de analgesia produzida por estimulação, que envolve administrar pulsos elétricos moderados por meio de eletrodos implantados no cérebro. Pessoas que estão com dor, assim como aquelas que sofrem de alguma invalidez, também podem ser indicados a um fisioterapeuta para assistência. TCC – Programa multidisciplinar de controle da dor que combina com intervenções cognitivas, físicas e emocionais • Caráter Psicoeducativo; • Aumenta a eficácia e controle sobre a dor; • Desenvolve técnicas para responder aos fatores que desencadeiam a dor; • Intervenções cognitivas voltadas aos erros cognitivos dos pensamentos dos pacientes, tais como: catastrofização, generalização exagerada, vitimização, autoculpa, ênfase na dor, entre outros. • Técnicas: distração cognitiva – desviar a atenção do paciente a partir da área desejada de foco • Visualização guiada: promove mudanças nas percepções das pessoas; • O tratamento envolve mudar contingências entre respostas e reforços para aumentar a frequência de formas mais adaptativas de enfrentar o desconforto Considerações finais: A dor, como um fenômeno complexo e multidimensional exige, tanto do pesquisador, quanto do profissional de saúde, a compreensão adequada de tópicos tais como os aspectos: biológicos, comportamentais, afetivos, cognitivos e culturais da dor. Os objetivos de programas de manejo da dor vão além do controle da dor para restaurar a qualidade de vida geral do paciente, reduzindo o uso de medicamentos, restaurando os níveis de atividade e promovendo o bem estar psicológico e social
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